Govannon



“E então eles uniram suas mãos e dançaram
Movendo-se em círculos e em filas
E então a jornada da noite termina
Quando todas as sombras partiram”
(The Mummers Dancer - Loreena McKennitt)




Naqueles pequenos momentos de solidão, onde ficava compenetrada em suas simples tarefas, Morrigan deixava que os pensamentos fluíssem livremente e, novamente, ela voltava a se sentir a Sacerdotisa que era. Na verdade, ela nunca havia deixado de ser, mas abandonara sua vida em Avalon por causa de um sonho. Às vezes custava a acreditar o quanto havia sido ousada ao tomar essa decisão. Era tudo muito novo, muito intenso... como um sonho mesmo!

Mas logo os pensamentos foram interrompidos ao sentir uma mão de dedos longos e finos tocar o seu ombro e se insinuar por dentro do decote de seu vestido, enquanto a outra afastava a cortina negra de seus cabelos para o lado, deixando o seu pescoço exposto. Um arrepio atravessou o seu corpo, ao sentir uma respiração morna e compassada se aproximar de seu ouvido e aspirar o perfume doce que se desprendia de seus cabelos negros. As pernas fraquejaram, mas ela não deixou transparecer isso. Manteve-se impassível.

-Agora não, Severus, estou terminando a poção.

Talvez se Morrigan estivesse de frente para Snape, teria visto que um meio sorriso havia se formado em seus lábios. Ele achava extremamente interessante o modo como Morrigan tentava disfarçar o seu estado de rendição, toda vez que era tocada por ele. Simplesmente sabia que exercia um certo poder sobre ela, assim como ela também exercia sobre ele, mesmo que ele se recusasse a admitir.

Snape se afastou e foi em direção ao seu estoque de poções, apenas verificar se não havia nada em falta. Como sempre, estava tudo cuidadosamente organizado e etiquetado. Gostava de ser assim, ter tudo sob seu controle, sem imprevistos ou surpresas. Mas quando esticou o braço para alcançar uma das prateleiras que ficavam no alto de um armário, soltou uma interjeição de dor, massageando o ombro.

A moça se assustou e se voltou para ele rapidamente.

-O que foi, Severus, se machucou? - Morrigan o analisava com seu olhar preciso, mas sua voz denotava preocupação.

Ele praguejou algumas vezes, logo voltando a mexer na prateleira.

-Não é nada, estou bem...

-Deixe de ser tão orgulhoso e me deixe ver isso! - Agora o tom de preocupação foi deixado de lado e ela falava com voz imperiosa, como quem não quer ser contestada.

Ele bufou e estreitou os olhos para Morrigan.

-Mandona. - Ele sibilou, voltando a fazer uma careta de dor.

-Teimoso. - Ela respondeu, se aproximando dele e afastando a camisa para poder observar o ombro machucado pelo ataque que Snape sofrera do hipogrifo. Snape tentou dar um jeito sozinho em seu ombro, mas não era muito habilidoso com feitiços curativos e apesar da ferida estar fechada, ele ainda sentia dores no local.

Morrigan viu que havia um ferimento mal cicatrizado e que ao seu redor uma mancha verde-arroxeada a cercava. Ela tocou levemente a cicatriz e Snape praguejou novamente.

-Vocês homens são muito fracos mesmo... - Ela sorriu brevemente, voltando a cobrir o ombro dele. - Suba, que daqui a pouco vou fazer um emplastro. Logo, logo isso vai melhorar.

Ele parou por um momento e ficou encarando Morrigan nos olhos. Aquele olhar queria dizer várias coisas, que ele próprio não era capaz de dizer com palavras. Queria dizer o quanto ele ficava surpreso por ela se preocupar com ele, o quanto aquilo lhe fazia bem, o quanto ele ficava agradecido. Mas o seu jeito de ser não permitia. Vivendo tantos anos camuflando suas emoções e dissimulando os seus sentimentos, ele simplesmente se achava incapaz de demonstrar isso. Não tendo outra alternativa, ele sustentou o olhar por mais alguns segundos e saiu, deixando Morrigan sozinha no recinto, visivelmente confusa, mas com um sorriso compreensivo bailando em seus lábios.

Ela havia compreendido o olhar.

Terminou de fazer a poção relaxante que ela vinha preparando todos os dias para Snape e a engarrafou, guardando-a no estoque dele. Saiu, subiu em direção aos aposentos e em poucos minutos estava chegando no quarto que ela agora dividia com Snape. Isso ainda era estranho para ela, não havia se acostumado com o fato de que estava se relacionando com um homem, principalmente um homem como Snape. Na verdade, ela nem sabia definir que tipo de relacionamento era aquele. Mas, talvez, aquilo não fosse importante para ela.

Quando entrou no quarto, viu Snape sentado em uma poltrona puída que ficava próxima a janela. Ele tinha uma expressão indiferente no rosto, parecendo entediado e os braços cruzados em frente ao corpo. Morrigan balançou a cabeça, inconformada. “Esse aí não tem jeito mesmo”

Para a Sacerdotisa, Snape era como o metal. Como bem sabemos, o metal quando aquecido pode ser modelado e remodelado à vontade, podendo se transformar em uma infinidade de coisas. Tanto o punhal frio e traiçoeiro, quanto uma bela jóia de imensa riqueza. Era assim que Morrigan o via: um homem que havia sido modelado pela vida de modo frio e injusto. Ela realmente não sabia nada sobre a vida dele, sobre o seu passado; mas tinha a plena convicção de que ele havia sofrido um bocado e tivera experiências frustrantes na vida. E assim como o metal aquecido poderia se transformar em algo bom, Morrigan achava que Snape também poderia ser melhor, apenas se deixasse os seus sentimentos positivos desabrocharem.

Ela sacudiu a cabeça levemente, afastando aqueles pensamentos de si. Ela notou que Snape a olhava com interesse, talvez tentando compreender o que ela estava pensando.

-Tire a camisa para eu cuidar disso, certo? - Ela falou, colocando uma pequena bacia contendo água quente encima da mesinha de cabeceira. Abriu um pequeno saquinho que estava atado à sua cintura e de lá tirou um punhado de folhas verdes e vistosas que ela logo despejou dentro da bacia.

A essa altura, Snape estava sentado na cama, com o peito nu, apenas esperando o que quer que Morrigan estivesse prestes a fazer. Ele gostava de observá-la. Gostava do modo como ela mudava de atitude. Como às vezes ela parecia uma jovem ingênua, que se entrega plenamente quando é tocada por ele, ou então, uma feiticeira poderosa que utiliza o seu poder e magia para encantá-lo. Às vezes na mente dele surgia uma dúvida irritante: ele a amava? Com determinação ele dizia a si mesmo que não. Que os momentos íntimos que os dois viviam eram apenas uma distração para ele, que na verdade ele estava apenas se divertindo e que Morrigan era apenas uma mulher inteligente e sensual que partilhava de seu leito.

Ele não queria amá-la. Amor é para os fracos e tolos. Ele não queria repetir a experiência frustrante de sua adolescência. Não, ele realmente não podia se dar ao luxo de ter esse sentimento. Era insano. E Snape ainda achava que amor era um sentimento egoísta, que faz com que o outro exija mais e mais de nós mesmos. “Não amamos o outro pelo o que o outro é. Mas amamos o que o outro representa para nós”.

Snape reclamou outra vez, quando sentiu Morrigan comprimir algumas daquelas folhas que ela colocara na água em seu ombro dolorido e depois cobri-las com um pedaço de pano. Ela sentou-se ao lado de Snape na cama e segurou uma das mãos dele, afagando os seus dedos longos e finos delicadamente. O olhar perdido logo se deteve encima da marca que ele carregava no seu antebraço esquerdo. Snape percebeu isso.

-Você sabe o que isso significa não sabe, Morrigan? - Ele perguntou, a voz endurecida, mas sem a habitual nota de sarcasmo. Ela apenas afirmou com a cabeça. - E isso não te assusta? Você não tem medo que eu possa fazer algo contra você?

Morrigan encarou Snape assustada. “Não creio... Ele só pode estar querendo me testar”

-E o que você poderia fazer comigo para que eu tenha medo de você? - Por dentro ela estava no mais absoluto estado de confusão, mas sua voz era serena e segura. - Severus, se você fosse me ferir, poderia ter feito isso a algum tempo, você não acha? Isso é o que eu chamo de confiança. Eu confio em você, ouviu bem?!

Confiança. Aquela palavra fez uma parte de Snape se remoer em remorsos, em culpa. O que ele tinha feito para merecer a confiança daquela moça? Absolutamente nada. E ainda assim, ela dizia que confiava nele, mesmo sabendo que ele não era tão inocente assim.

-Assim, como você também confiou em mim, me dizendo o seu nome e me deixando ficar em sua casa. - Ela completou, diante do silêncio de Snape. - Olha, sei que nos conhecemos a pouco tempo, que não sabemos nada a respeito um do outro. A única coisa que sei sobre você é o que está relacionado a essa marca em seu braço. Estou ciente de que é algo sério!

-Morrigan, eu não sou nenhum anjinho. Já fiz coisas horríveis na minha vida. Coisas da qual me arrependo, mas isso não muda o fato de que não sou uma pessoa totalmente honesta - Snape sacudiu a cabeça irritado. - Nem sei porque estou falando isso pra você.

-Olha, pode parecer besteira, mas eu sinto que você não é uma pessoa má. - Morrigan insistiu, apertando a mão dele com mais firmeza.

Snape soltou uma gargalhada desdenhosa.

-Como você pode ter tanta certeza? Será que estou diante de uma bruxa com poderes excepcionais, capaz de ler a alma humana e eu não sabia? - Ele gracejou, passando o braço livre ao redor da cintura da moça.

-Tem muita coisa sobre mim que você não sabe, Severus. Muita coisa mesmo... -Ela respondeu com voz misteriosa.

-Nada que eu não descubra com o tempo...

Mas antes que os dois prosseguissem naquele diálogo que poderia ser muito esclarecedor, ouviram batidas fortes na porta da frente da casa de Snape. O ex-professor parecia surpreso e voltando a fechar a cara, levantou-se rapidamente e vestiu sua camisa. Saiu do quarto, sem dizer nenhuma palavra à Morrigan, deixando a Sacerdotisa um pouco confusa e preocupada.

Snape desceu às escadas estreitas do sobrado de dois em dois degraus e se aproximou da janela que dava para a rua, tentando enxergar através das cortinas esfarrapadas, quem estava ali fora. Dois vultos usando vestes negras e encapuzados estavam parados ali. Ele nem precisou se esforçar muito para poder notar que eram Comensais da Morte. Tirou a varinha de dentro do bolso das vestes e abriu a porta cautelosamente. Sem esperar por convite, as duas figuras encapuzadas entraram na casa. Snape ainda deu uma olhada furtiva na rua para ter certeza de que eles não haviam sido espionados, mas Spinner’s End estava no habitual estado de negligência e abandono.

Quando fechou a porta e voltou-se para os seus convidados, não pôde deixar de abrir um sorrisinho cínico no canto dos lábios.

-Bellatriz, quanta honra recebê-la em minha humilde casa outra vez. - Os olhos negros dele faiscaram de divertimento ao ver a expressão enojada da Comensal. - E Goyle também? Puxa, o que traz vocês aqui?

Bellatriz estreitou os olhos, encarando Snape com ódio. Goyle apenas os observava, parecendo mais um guarda-costas da mulher do que qualquer outra coisa.

-Vim a mando do Mestre, Snape. - Ela falou e aguardou alguns segundos, saboreando o impacto que aquelas palavras teriam sobre Snape.

-Sim, e o que seria? - Ele perguntou indiferente, conjurando uma garrafa de Fire whiskey até suas mãos.

-Milorde deseja Veritasserum. Os outros comensais andam ocupados demais para preparem a poção, então, já que você está de férias, o Mestre achou que você ainda poderia ser útil.

Snape estava servindo-se de uma taça da bebida, mas o comentário feito por Bellatriz fez com que um tremor quase imperceptível passasse por sua mão.

-Sirva-se, Bellatriz!

Bellatriz sorriu ironicamente e recusou com um gesto. - Não, não Severus. Não pretendo me demorar aqui. Tenho muito que fazer ao invés de ficar parada aqui, totalmente ociosa, sabe. - E vendo que o outro Comensal estava se empolgando para pegar a taça, ela bufou. - Você também não, Goyle.

-Mas por que Milorde deseja Veritasserum, Bellatriz? - Snape perguntou desinteressado, sorvendo um curto gole de sua bebida.

-Você realmente acha que o Mestre vai vasculhar a mente de todas as pessoas de quem ele deseja obter informação? Francamente, Snape. Nem todos os Comensais são bons Legilimentes quanto Milorde, então acho que não preciso explicar mais nada... - Bellatriz bufou impaciente - Então, você tem ou não tem o que preciso?

-Eu tenho uma quantidade razoável de Veritasserum aqui. Acho que é o suficiente para Milorde...

E Bellatriz desviou sua atenção de Snape, para o ruído irritante da escada rangendo. Um sorriso distorcido se estampou em seu rosto ao ver uma moça de cabelos compridos descer a escada e chegar na sala. Morrigan ficou preocupada com o modo como Snape saíra do quarto e fora ver o que tinha acontecido. Escutou o som de conversas e foi ver do que se tratava.

Agora ela e Bellatriz se encaravam firmemente.

-Ora, ora. E não é que o Sevie conseguiu arrumar uma namoradinha?

Snape lançou um olhar irritado tanto para Morrigan quanto para Bellatriz que ria gostosamente.

-O que foi que você fez para conquistar a moça, hein, Snape? Prometo que não falo pra ninguém. -Vendo que Morrigan e Snape continuavam calados, ela continuou falando com sua voz irritante. - Hmm, Maldição Imperius não foi, porque a moça não está com aquela cara abobada de quem está preso nessa maldição, não é?

-Ele pode ter pagado pra ela, não é Bella? - Goyle perguntou, praticamente comendo Morrigan com os olhos.

-Pagar? Não, não...o Sevie aqui não faz o tipo... - E fazendo-se de pensativa, Bellatriz acrescentou. - Ah, mas como pude me esquecer disso. Só pode ter sido Amortentia! Claro. Snape é Mestre de Poções.

-Chega, Bellatriz! - Snape sibilou, lançando um olhar letal para ela e Goyle, que soltava gargalhadas grotescas. - Morrigan, busque a poção no meu estoque. Você sabe qual é, não sabe?

-Sei sim, Severus... - Morrigan respondeu calmamente, encarando Bellatriz mais uma vez. Involuntariamente pôs uma mão na sua cintura, onde o seu punhal de Sacerdotisa estava escondido. “Poderia cravar o meu punhal no pescoço dessa infeliz, que ela nem iria saber o que a atingiu”

Quando Morrigan já havia sumido para o interior da casa Bellatriz voltou a falar.

-Ai, ai, Snape, fazia tempo que eu não ria tanto, viu.

Snape respirou fundo. A vontade dele era amaldiçoar Bellatriz, mas se fizesse isso só iria piorar a sua situação, afinal, ela ainda era a Comensal favorita do Lorde Negro. Preferiu desviar o assunto.

-E Narcisa, como vai?

O sorriso provocante de Bellatriz desapareceu, dando lugar a uma expressão indecifrável em seu rosto. Ela endureceu as feições e encarou Severus nos olhos.

-Desde a morte de Draco, Narcisa passa os dias trancada em um quarto, escovando os cabelos e tentando se embelezar. Praticamente não come e não fala. E quando resolve dizer alguma coisa, só diz que precisa ficar bela para quando o marido e o filho chegarem.

Snape ficou chocado. Narcisa parecia uma mulher fria e indiferente, mas era evidente que amava o filho. Entretanto, nunca imaginou que ela chegaria a tal ponto de insanidade. Sentiu pena da mulher.

-Eu fiz o que pude para proteger o Draco. Cumpri a minha promessa e realmente lamento o que aconteceu com ele e com sua irmã, Bellatriz.

Bellatriz parecia cética. Mas antes que pudesse lançar mais uma de suas investidas venenosas, viu Morrigan voltar ao recinto, com uma garrafa pequena nas mãos.

A Sacerdotisa entregou a garrafinha para Bellatriz e a Comensal deteve o seu olhar na testa da outra, mais precisamente no crescente em azul que estava um pouco escondido por causa do cabelo escuro que lhe caía em fios graciosos sobre o rosto.

-Agora que já tem o que queria, acho que não tem mais nada o que fazer aqui, certo Bellatriz... - Snape interrompeu o contato visual entre a Comensal e a Sacerdotisa se colocando à frente de Morrigan.

-Tudo bem, Snape, não precisa nos expulsar, viu. Venha, Goyle, o Mestre nos espera.

E os dois Comensais viraram as costas, saindo pela porta que Snape abria. Ele e Morrigan ficaram observando os dois caminharem mais alguns metros até que com dois estalos semelhantes, desaparataram.



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Após passar por aqueles momentos de tensão, onde o seu corpo parecia estar totalmente entorpecido, Harry se sentia cansado, mas satisfeito. Seus pés estavam doloridos e tinha alguns arranhões espalhados ao longo de seu peito e de suas costas, mas já não se importava com eles.

Quando finalmente saiu do bosque de Carvalhos, Dagda guiou o jovem até um rio, para que ele pudesse se banhar e retirar toda a tinta e sujeira que estava em seu corpo. Era bom sentir-se limpo outra vez. Mas os dragões pintados em seus pulsos permaneceram ali. Mais uma marca em sua vida. A cicatriz em sua testa, era a lembrança de que a Maldição fatal lançada pelo Lorde das Trevas foi neutralizada pelo amor que sua mãe lhe dedicara. E agora, os dragões em seus pulsos, eram para confirmar quem ele era, as escolhas feitas por ele em sua vida adulta.

Adulto. Era assim que Harry se sentia agora. Quando entrou no bosque, ele era apenas um moleque magricela, com um punhado de dúvidas na cabeça. Mas agora, ele se sentia um homem, confiante em seus poderes e consciente de seu caminho.

Depois de estar limpo, vestes novas foram entregues a ele. Eram brancas de um tecido leve e macio, extremamente confortáveis.

Dagda o esperava no caminho, e agora parecia que voltara a ser o homem sereno que Harry conhecera ao chegar em Avalon. O Sacerdote lhe sorriu paternalmente e indicou o caminho que o levaria ao Tor.

Ao longe, podia escutar o som alegre de uma harpa, acompanhada de uma voz doce.

-A Senhora o aguarda lá para que recebas a tua Insígnia! -Dagda falou.

Quando Harry chegou no princípio da trilha em espiral, viu que havia um casal parado ali, o esperando. A jovem não era muito alta e usava um belo vestido azul. O cabelo castanho descia em ondas suaves até suas costas e na cabeça usava uma coroa de flores silvestres. Já o rapaz era ruivo e usava vestes verdes, que fazia um belo contraste com o seu cabelo flamejante.

Só quando estava a poucos metros do casal, Harry foi capaz de ver que se tratava de Rony e Hermione.

Hermione sorriu, trocando um olhar orgulhoso com Rony.

Finalmente o trio estava reunido. Os três se olharam por um tempo, sem saber o que dizer, até que Rony, finalmente, quebrou o silêncio.

-Mais um desafio vencido, hein, companheiro! - O ruivo brincou, passando o braço pelos ombros do amigo.

-Oh, Harry, nós ficamos tão preocupados com você - Hermione abraçou os dois rapazes ao mesmo tempo. - Mas ficamos realmente orgulhosos de você.

-É Harry, mas o que aconteceu na floresta? - Rony perguntou, depois de se afastar do abraço dos amigos.

-Não, Rony, agora, não... - Hermione sussurrou, apontando para os Sacerdotes que os observavam ao longo do caminho. - Depois o Harry nos conta o que aconteceu, viu...

Harry tinha um sorriso largo no rosto. Depois do que aconteceu na floresta, das visões e provações pelo qual passara, era extremamente reconfortante ver os seus amigos bem, tão alegres e tranqüilos. Ele sentiu que Rony colocava a mão sobre seu ombro direito, enquanto Hermione fazia o mesmo do seu lado esquerdo. E andando lado a lado, os três subiram lentamente o caminho espiral até poderem chegar às pedras circulares do Tor.

O som da música ficava cada vez mais suave e aos poucos se tornou um murmúrio longínquo. Aquele clima místico que Harry experimentara quando estava na floresta e que Rony e Hermione sentiram enquanto preparavam a Arma Sagrada, os invadiu novamente. Eles se sentiam respeitáveis e nobres, como os grandes heróis dos antepassados.

Conforme caminhavam, pouco a pouco a luz do dia ia sumindo, enquanto o céu começava a escurecer e a lua minguante despontava, lançando raios fracos no céu.

Quando os três chegaram no cume do monte coroado por pedras cinzentas, foram capazes de ver que havia Sacerdotisas espalhadas ao longo do círculo. Seus rostos estavam obscurecidos e o único que parecia resplandecer em meio à penumbra que se formava era o da Grã-Sacerdotisa. Ela estava no centro do círculo e trajava vestes cor de açafrão. O cabelo acobreado estava preso ao redor da cabeça como se fosse uma coroa e o crescente em sua testa estava mais evidente, pois fora retocado com tinta azul.

Rony e Hermione ocuparam um lugar no círculo, junto às Sacerdotisas e Harry se aproximou de Eriu. O rapaz, não sendo capaz de encarar Eriu nos olhos, apenas abaixou a cabeça, aguardando por alguma palavra dela.

A Grã-Sacerdotisa fez um gesto e Harry se aproximou mais um pouco.

-Harry, tu que fostes marcado pelas mãos da própria Deusa, mostrou ser merecedor de receber uma Insígnia Sagrada de Avalon. -A voz de Eriu estava alta e solene, e ela parecia diferente, como se fosse uma entidade divina - Juras que usarás esta Arma em favor daqueles que não podem se defender?

Harry ergueu o rosto e seus olhos verde-esmeralda irradiaram um brilho determinado.

-Sim, Senhora, eu juro.

-Juras, que se manterá leal aos teus ideais e que serás justo em tuas decisões?

-Sim, Senhora, eu juro. - Harry tornou a repetir.

-E ainda mais uma vez, Harry, serás capaz de jurar que irás viver segundo os ensinamentos que seus mestres lhe passaram, não deixando que o ódio e o rancor o possuam, se mantendo puro de coração?

Silêncio. Até mesmo a brisa fresca que passeava sobre Avalon parou. Todas as respirações estavam suspensas e as pessoas ao longo do círculo pareciam estátuas, mal ousando pensar.

-Sim, Senhora, eu juro!

E o momento de tensão cessou dando lugar à um clima de alívio. Eriu ergueu a mão direita e uma jovem com o rosto coberto por um véu se aproximou deles. Na penumbra, Harry não era capaz de distinguir o rosto das pessoas que estavam ao longo do círculo, mas a jovem que se aproximava era diferente. Ele a conhecia profundamente, como se já tivessem partilhado outras vidas juntos. Nas mãos, a jovem carregava algo embrulhado em linho branco, e brancas também eram suas vestes.

Eriu tomou o embrulho da mão da jovem e retirou o linho branco que o envolvia. Ali estava a Adaga, representante do elemento Ar. E uma brisa suave voltou a passear por entre as pedras cinzentas do Tor, e parecia que trazia a voz dos antepassados, aprovando o seu novo escolhido.

-Contemple uma das maravilhas de Avalon, Harry. - A voz suave de Eriu parecia se misturar ao ruído do vento passando sobre a relva. - Pegue, ela é sua por direito. Você a merece!

Harry piscou confuso. A Grã-Sacerdotisa lhe sorriu ternamente, o incentivando a prosseguir. O rapaz respirou fundo e esticou a mão direita, enquanto a jovem estendia a Arma em sua direção. O brilho prateado da lua que a cada momento se tornava mais forte, incidiu sobre a Adaga, fazendo com que um brilho azulado refulgisse. Tocou levemente a lamina brilhante e finamente trabalhada com suas runas antigas e depois o cabo com suas pedras Jades.

-Ela é linda, Senhora... - Ele murmurou, enquanto a pegava em suas próprias mãos. Um formigamento atravessou o seu braço e parecia que a Arma em suas mãos irradiava poder.

-Esta, Harry, é Govannon! - A Grã-Sacerdotisa explicou. - Foi forjada de tal modo, que sempre irá atingir o seu alvo e todas as feridas provocadas por ela serão fatais.

Quando Harry conseguiu desprender o seu olhar de Govannon, viu que no meio das Sacerdotisas, o sorriso orgulhoso de Hermione havia aumentado - Fora ela quem escolhera o nome da Insígnia Sagrada - e Harry retribuiu o sorriso. O rapaz também viu, que ao longo da Ilha várias fogueiras eram acesas, dando uma luz aconchegante à Ilha e dissipando a penumbra.

-O tempo das Trevas está chegando ao fim. - Vozes masculinas entoaram.
-E o Filho da Luz trará novos tempos de paz.­ - E vozes femininas responderam.

E todos juntos, disseram. - E assim o ciclo se renova. Noite e dia. Trevas e Luz...

Harry sentiu uma mão pousar em seu ombro, enquanto ele observava maravilhado, os Sacerdotes e Sacerdotisas cantando. - Venha, vamos descer e celebrar. - Eriu sorriu e caminhou à frente do grupo e logo, todos estavam descendo o caminho processional.

Enquanto desciam, Harry procurava com o olhar a jovem que entregara Govannon à ele. Obviamente era Gina e ele estava ansioso por vê-la novamente, abraçar o seu corpo, beijar-lhe os lábios macios. Sentia falta dela.

Avalon estava em festa. Havia música e comida à vontade: Bolos doces, guloseimas, vinho e hidromel... Harry ficou espantado em ver como tudo aquilo havia sido arranjado tão rapidamente. O rapaz aproveitou e deu uma corrida rápida até a casa de Dagda, para poder guardar Govannon em segurança no meio de suas coisas. Fazia muito tempo que ele não se sentia tão bem e seguro.

Quando voltou, viu que uma enorme fogueira, muito maior do que as outras, havia sido acesa.

As pessoas estavam alegres. Cantavam e dançavam animadamente em volta da fogueira. Desde as crianças mais jovens, até as pessoas mais velhas.

Harry sorriu ao ver Rony e Hermione, com passos desajeitados, dançando de mãos dadas. E um pouco mais distante Lupin, que tentava se desvencilhar dos braços de Tonks, que insistia em trazê-lo para a roda para que eles dançassem, ambos sorrindo muito.

-Seria bom se eles ficassem assim, sem brigar, não é, Harry?

O rapaz se virou e viu Gina parada ao lado dele, observando o irmão e a amiga dançando. Parecia que todo o ar havia sido expulso de seus pulmões de uma única vez. Ela estava simplesmente linda. Agora, sem o véu, o seu cabelo flamejante descia graciosamente até as costas e ela tinha pequenos miosótis enroscados em suas mechas rubras.

Ele não sabia o que fazer. Lembrou-se da maneira como fora testado no bosque e de como aquilo havia afetado o seu autocontrole. Faltou muito pouco para que ele não resistisse, mas... Era realmente Gina que havia estado no bosque com ele? Parece que a garota viu que o rapaz estava desconcertado e o puxou para que se sentassem sobre um banco.

-Hmm... você ainda está chateada comigo? - Harry perguntou, sem ousar fitar os olhos castanhos de Gina.

-Mas do que você está falando? - Ela franziu a sobrancelha, mas sua voz estava risonha.

-Sabe, antes de Eriu ter falado comigo... Eu falei aquelas coisas, fui bruto com você. Depois nem nos falamos direito, e eu...

-Harry, deixa de ser ridículo - A garota o interrompeu, gargalhando. - Se eu fosse ficar chateada toda vez que você tivesse as suas crises de “Eu-sou-o-menino-que-sofreu” não faria mais nada a não ser brigar com você. Ai, desculpe, estava só brincando, viu... - Ela sorriu. - Mas é sério, nem me lembrava mais disso.

-Sério mesmo?

-Seríssimo! - Gina respondeu, perigosamente próxima à Harry. Ela tocou o rosto dele gentilmente, acariciando cada contorno de suas feições. Os dedos brincavam preguiçosamente, enquanto se enroscavam no cabelo escuro do rapaz.

-Ginevra Molly Weasley, pare de me provocar! - Harry protestou, enlaçando a cintura de Gina. Mas antes que o rapaz a abraçasse, ela viu algo que lhe chamou a atenção. Puxou um dos braços do rapaz e viu os dragões azuis que haviam sido tatuados recentemente. - E então, o que você achou deles?

A garota passou a mão sobre o pulso do rapaz levemente, com um olhar interessado.

-Eu sonhei que você usava essa tatuagem nos pulsos. - Deixou que o rapaz voltasse a abraçá-la e sussurrou em seu ouvido. -E apesar de não ser um Rabo Córneo Húngaro, eu acho que ficou muito bem em você.

Os dois riram juntos, mas logo depois voltaram a ficar sérios, se olhando nos olhos.

-Eu te amo, sabia? - Gina sussurrou próxima aos lábios de Harry.

-Eu sempre soube disso. Até porque isso é recíproco.

Oh, Merlin, agora é você quem está me provocando”, a vozinha no peito de Harry protestou. O rapaz não tinha outra escolha. Teve de calar aquela vozinha irritante. E não havia modo melhor do que fazer isso beijando Gina.

Eles nunca tiveram tempo o suficiente para aproveitarem aquele namoro, mas Harry já tinha a certeza de que não haveria outra garota em sua vida. Sim, agora não havia dúvidas de que ele a amava e de que esse amor poderia ser forte o suficiente para ultrapassar as barreiras da vida e da morte.


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-Ai, Rony, eu não agüento mais... - Hermione ofegou, risonha, indo se sentar em um banco próximo aonde estavam.

-Espera aqui, que vou buscar alguma coisa pra gente beber, ok? - O ruivo perguntou gentilmente.

Rony estava com o coração leve. Passara o dia inteiro com Hermione e eles não haviam discutido uma única vez. Apesar de que ele já estava sentindo falta disso. Não que ele gostasse de brigar com ela. Não, não era nada disso. Mas era uma questão de hábito e ele realmente gostava de vê-la irritadinha. Ela ficava mais bonita. Sorriu bobamente diante de tal pensamento. Ele sempre achara a garota esperta e inteligente, mas nunca bonita. Bem, como Gina costumava afirmar, Rony não era a pessoa mais atenta desse mundo. É, ele tinha que dar o braço a torcer, estava perdendo muita coisa em ser tão cabeça dura.

Quando estava voltando com duas taças de hidromel, uma para ele e outra para Hermione, viu que Dylan estava tentando puxar assunto com a garota e que já havia levado algo para ela beber.

“Esse mané não perde tempo mesmo”

Sentindo as orelhas esquentarem, o ruivo se aproximou de onde Hermione estava.

“Se ele me provocar outra vez, juro que azaro ele”

Mas antes que fizesse tal coisa, parou para observar. Dylan falava, ostentando o seu sorriso mais charmoso para cima de Hermione. A garota apenas ouvia, às vezes acenando negativamente com a cabeça, e sempre bebendo mais de sua taça. Rony queria ser um besourinho, assim como Rita Skeeter, só para saber o que o ”seboso do Dylan” estava falando para Hermione. Mas como viu que a garota não estava apreciando muito a conversa do rapaz, Rony resolveu voltar para lá.

-Hermione, eu trouxe a sua bebida. - Falou suavemente, ficando ao lado da garota e passando um braço possessivo sobre seus ombros. - Tudo bem, Dylan?

Hermione arregalou os olhos, espantada. Rony não tinha falado nenhuma grosseria, estava sendo gentil com ela e educado com Dylan. “Será que ele bebeu alguma coisa estranha?”

-O Dylan já estava de saída, não estava, Dylan? - Hermione falou cautelosamente, lançando um olhar significativo para o jovem druida.

Dylan parecia frustrado e deu um olhar desdenhoso para Rony. O que ele e Hermione haviam conversado, Rony não ficou sabendo, mas o ruivo ficou extremamente feliz em ver o modo como Hermione havia dispensado o outro rapaz.

“Afinal de contas, a Rainha ainda pode ser minha”

-Esse cara estava te incomodando, Mione? - Rony perguntou preocupado, segurando uma das mãos da garota. - Se quiser, ainda dá tempo de eu azarar ele, sabe...

Hermione sorriu nervosamente e terminou de beber o vinho que estava em sua taça, e pegando a que Rony trouxera para ela.

-Não, não, tá tudo bem. Ele não ficou me perturbando. - Sorriu outra vez, e deu mais um gole em sua bebida.

-Você quer...hm...dar uma volta por aí? - O ruivo parecia hesitante, corando até a raiz dos cabelos. Hermione concordou e logo os dois estavam caminhando por Avalon e distraidamente Rony ainda estava segurando a mão da garota.

Caminharam calados e pela primeira vez na vida, Hermione não sabia o que falar. Ela que sempre sabia tudo e tinha uma resposta para todas as dúvidas, agora simplesmente não sabia o que dizer. E para tentar espantar o nervosismo, a garota acabou apelando para o copo de hidromel que estava em sua mão. Certo, isso não era muito correto, mas não é todo dia que ela tinha um Rony Weasley totalmente gentil e prestativo andando de mãos dadas com ela. Hermione estava tão feliz!

-Uuuuhhh, eu acho que não estou legal. - Hermione falou, soltando uma risadinha.

-O que aconteceu, Mione?

-Eu acho que bebi demais. -Piscou confusa, colocando uma das mãos na cabeça. - Minha cabeça está rodando.

-Vem, vamos sentar aqui. - Rony puxou Hermione pela mão e os dois se sentaram na relva. Engraçado era que eles foram parar perto da árvore onde costumavam sentar, juntamente com Harry. Passaram tão pouco tempo em Avalon, mas aquela árvore já trazia algumas recordações para os dois. - Você está se sentindo melhor?

-Estou, já estou bem melhor. - Hermione sorriu e deitou-se sobre a relva. Rony a acompanhou e os dois ficaram observando o céu estrelado e a lua, que apesar de minguante, lançava raios intensos e luminosos sobre a Ilha.

De repente viram uma estrela de brilho incandescente rasgar os céus de Avalon, deixando um brilho prateado para trás.

-Veja, Rony, uma estrela cadente. - Hermione sussurrou, como se sua voz fosse capaz de quebrar aquele encanto. - Faça um pedido.

O ruivo desviou sua atenção do céu e começou a olhar para Hermione. A garota estava com os olhos fechados, com uma expressão sonhadora no rosto. Ela estava tão bonita. O rosto imaculadamente branco, banhado pela luz da lua, os cabelos que antes era volumosos, repousavam em ondas suaves sobre a relva e enfeitados com flores.

-Você já fez o seu pedido, Rony? - Ela perguntou docemente, ainda de olhos fechados.

-Sim, e ele já se realizou. - O rapaz murmurou em resposta e antes que Hermione pudesse perguntar alguma coisa, sentiu os lábios de Rony tocando os seus gentilmente.

A mão dele pousou delicadamente na barriga de Hermione, e ele se inclinou mais um pouco sobre ela. Mione abriu os olhos lentamente e viu o rapaz a encarando com expectativa. Ambos sorriram timidamente. A garota passou a mão levemente sobre os cabelos ruivos do rapaz e o encarou nos olhos.

-Pensei que você nunca fosse fazer isso. Já estava perdendo as esperanças...

-Odeio admitir isso, mas... - Rony soltou as palavras rapidamente, como se elas queimassem sua língua. - Só tive certeza do que sentia depois do bab..ops, do Dylan ter aparecido, sabia?

-É, eu sempre soube que você não reparava em sutilezas. Até o Harry é mais rápido do que você. - E vendo que Rony iria protestar, ela logo emendou. - Mas não tem problema. A gente não escolhe por quem se apaixona...

“Merlin, de onde saiu essas palavras. Hermione, definitivamente você não pode beber”. Mas Hermione não se importou com isso. Já estava mais do que na hora de ela e Rony resolverem aquela situação. E eles fizeram da melhor maneira possível. O ruivo voltou a se debruçar sobre o corpo de Hermione e agora não havia sido só um “encontro de lábios”. Não. Agora havia sido um beijo de verdade, cheio de ansiedade e expectativa, até mesmo um pouco desajeitado. Era nervosismo. Não é todo dia que a pessoa por quem se espera resolve se declarar. Não foram palavras românticas, cheias de poesia, mas um pequeno gesto que exprimiu todo o sentimento reprimido durante os anos, camuflado por brigas e desentendimentos.

È como dizem os mais antigos “quem desdenha quer comprar”.


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Harry estava feliz, como há muito tempo ele não se sentia. Estava bem com Gina, sem ter desentendimentos ou separações e mais ao longe, viu Rony e Hermione se afastando discretamente de mãos dadas. Tudo parecia estar perfeito. Até mesmo Lupin, parecia mais jovem e despreocupado, rindo alegremente, enquanto era abraçado por Tonks. Agora ele entendia um pouco de sua missão. Ele deveria trazer aquela paz e alegria para o seu próprio mundo. Se ele tivesse o poder de escolher, teria ficado em Avalon, mas essa seria uma atitude covarde e, afinal de contas, ele era ou não um Grifinório?

Foi por isso, quando as fogueiras já estavam começando a se apagar e as pessoas se afastarem, algumas dormindo ali mesmo, na relva, sob a luz cálida da lua, que Harry deixou Gina por um momento e foi falar com Eriu. A Grã-Sacerdotisa parecia uma verdadeira rainha, sentada em uma cadeira coberta com peles de carneiro e apenas observando a celebração em honra do novo Campeão de Avalon.

Parecia que durante todo aquele tempo, Eriu estava apenas esperando por aquela atitude de Harry, pois quando ele se aproximou, ela já sabia o que ele queria dizer.

-Senhora, podemos conversar um pouco?

-Claro, meu querido. - Ela sorriu. - Já até imagino qual seja o assunto.

-Sabe? - Harry parecia intrigado.

-Sim. Você deseja ir embora, não é? Compreendeu que não pode continuar aqui, sendo que lá fora, existe uma guerra e que sua presença pode ser decisiva nela.

-É. Era exatamente isso o que eu ia falar. - Harry pigarreou e ajeitou os óculos. - Tipo, foi muito, mas muito importante o que eu aprendi aqui, mas não posso ficar por mais tempo. Não tenho palavras para agradecer pelo o que você fez por mim, Senhora.

-Eriu, Harry, me chame de Eriu. - Ela replicou. - E não tem o que agradecer. Eu apenas fiz a vontade dos Deuses. Não sei se você acredita neles, mas pode ter certeza: eles acreditam em você. Nunca duvide da confiança que você recebeu, ouviu?!

-Não duvidarei, Eriu. - Um pouco hesitante, ele pegou a mão da Grã-Sacerdotisa e depositou um beijo suave ali. - Obrigado mais uma vez. Agora, eu tenho que avisar ou outros. Partiremos amanhã.

A Grã-Sacerdotisa ergueu as mãos em um gesto de benção e logo, Harry se afastou dela, indo de encontro à Gina, que o esperava logo adiante. Explicou rapidamente o que havia conversado com Eriu e em seguida os dois foram procurar Rony e Hermione.

O casal trocou um sorriso cúmplice ao ver Rony deitado na grama com Hermione aninhada em seus braços, cochilando preguiçosamente. Mas o ruivo estava bem acordado. Ele queria ter certeza de que não estava dormindo e nem sonhando. Quando viu Harry e sua irmã se aproximando, colocou um dedo sobre os lábios, pedindo silêncio.

-Finalmente, hein, Rony - Gina brincou, apontando a amiga. - Achei que você não fosse tomar uma atitude nunca!

-Não enche, Ginevra - O ruivo retrucou, mas com um sorrisão no rosto.

-Ok, ok, podem parar os dois. - Harry interveio, sorrindo também. - Rony, eu acho que já está mais do que na hora de irmos embora. Já falei com Eriu e ela também concorda. Já ficamos tempo demais aqui e nem quero imaginar a confusão que está lá fora depois que nós sumimos.

Rony concordou e com uma gentileza que surpreendeu Gina, “Afinal, o meu irmão não é esse legume insensível que eu imaginava”, ele despertou Hermione e os quatro caminharam juntos para a casa de Dagda.

O dia seguinte seria realmente longo.


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Sobre o capítulo: Ai, ai, o amor está no ar. Esse Rony é mesmo um fofo, né?
Bem, tenho que agradecer a vocês pelos comentários recebidos no último capítulo. Fiquei realmente impressionada com eles. Muuito obrigada mesmo! Capítulo relativamente light, mas o próximo não vai ser tanto assim. Fortes emoções estão por vir.
Tenho uma notícia chatinha pra vocês. A fic já está chegando nos seus momentos decisivos. Temos mais uns 4 capítulos pela frente. *snif, snif*
Acho que é isso...
Grande beijo e até o próximo.

ps: não esqueçam de aparatar na comunidade, vamo animar aquilo lá ;D


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