A marca queimada



"Ninguém vê aonde chegamos;
Os assassinos estão livres, nós não estamos"
(O teatro dos vampiros - Legião Urbana)




Dois dias se passaram desde a chegada de Harry à Toca. Eles permaneceram com a mesma rotina de treinar no galpão de vassouras, só que com uma pequena diferença: Gina também estava com eles.

Harry pôde notar que Rony tinha motivos pra se orgulhar da irmã. Gina tinha estilo, tinha graça em suas azarações, e ela realmente era difícil de derrubar.

-Rony, presta atenção no que você tá fazendo!

-Que é garota?! Eu to prestando atenção, sim!

-Então por que você não para de olhar pra fora?

-Eu? É impressão sua...

-Sei... - Ela olha divertida pro irmão e cochicha para Harry - Ele tá assim por que a Mione chega hoje.

-Hei, Gina. De onde você tirou isso?

-O que foi irmãozinho? Eu não falei nada... - E faz a cara mais cínica que conhecia.

Nisso a Sra. Weasley dá um berro da porta da cozinha: - Crianças, Venham! A Hermione chegou!

Rony, como de costume sentiu as orelhas queimarem e ficarem tão vermelhas quanto o seu cabelo. Gina e Harry se entreolham divertidos.

Rony ao passar do lado da mãe, murmura mal-humorado - Crianças, mamãe?! Francamente, viu!

Ao chegarem na sala se deparam com uma Hermione triste, abatida, completamente diferente da Hermione de antes, sempre empinada com o seu jeitão mandão e astuto.

Harry se vê sufocado num abraço apertado e saudoso da amiga de tantos anos. Após alguns instantes ela se separa dele e dá um longo olhar ao ruivo que a fitava sem jeito.
Ela se aproximou lentamente e lhe deu um abraço demorado. Os dois ficaram um bom tempo ali, abraçados. Rony acariciava os cabelos de Hermione, murmurando algo que os demais não puderam ouvir.

Se separaram um tanto envergonhados, enquanto ela ia falar com Gina.

-Mione o que aconteceu contigo?

-Nada, Gina.

-Mione, eu te conheço a tempo suficiente pra saber que você não tá bem.

Os garotos olham preocupados pra amiga ao verem uma lágrima solitária passear em seu rosto. Ela afunda o rosto entre as mãos e cai num choro angustiado.

-Mione você tá deixando a gente assustado...

Harry a abraça carinhosamente - Mione, você sabe que nós somos amigos, não sabe? Você pode contar com a gente sempre, ouviu? - Segurando o queixo da amiga com ternura perguntou novamente - O que foi que aconteceu?

-M-meus pais...

-Atacaram os seus pais, Mione?!

-N-não... Eles não queriam me deixar vir pra cá... Depois que souberam da morte de Dumbledore, eles não queriam me deixar partir... Ai, eu disse que se eles não me deixassem sair, eu fugiria de casa e eles não me veriam nunca mais...

Rony conjurou um copo d'água e entregou a Hermione. Olhou apreensiva pra irmã e depois para Harry.

-Você fugiu de casa, Mione? -ela faz um sinal negativo com a cabeça enquanto tentava beber a água. Tomou fôlego e explicou a situação.

-Eles ficaram assustados quando eu disse isso e me deixaram partir. Eu nunca imaginei na minha vida esse tipo de situação.

A Sra. Weasley retorna à sala e vê a seguinte cena: Mione chorando convulsivamente e Harry, Rony e Gina ao redor dela tentando conforta-la.

-Oh, minha querida... o que foi que te aconteceu, hein?!

Vendo que a garota não conseguia falar, Gina explicou tudo à sua mãe.

-Mas querida... isso é muito sério... - a abraçou maternalmente e murmurou ao seu ouvido - vai ficar tudo bem! Eu e Arthur vamos conversar com eles, sim?

Hermione suspira e olha agradecida à Sra. Weasley.



~~//~~//~~//~~


Os três passaram boa parte da manhã no quarto de Rony trocando informações.

-Então, Harry, você já tem alguma pista sobre... bem, você sabe... sobre os horcrux?

-Não, nada. Estando preso aquele tempo todo na casa dos meus tios, não consegui descobrir nada - Harry suspira cansado e tira a jaqueta. A corrente que pertencera à sua mãe cai do bolso interno.

-Ué Harry, agora deu pra usar jóias? - Rony ergue a corrente curioso e a entrega ao olhar inquisidor de Hermione.

-Ah...isso foi realmente estranho...

E narrou aos amigos as circunstancias onde obteve a corrente.

-Então isso era da sua mãe? Agora você tem a capa do seu pai e a corrente da sua mãe - Rony conclui.

-Mas isso não é o mais estranho, Rony - Hermione olha do ruivo para o moreno e continua - O mais estranho foi o que a Tia dele disse. Afinal, ela sempre tratou mal o Harry, e depois diz que amava a irmã e que não queria que ele tivesse o mesmo fim dela... ela deve saber mais do que imaginamos...

Harry simplesmente observava as conclusões dos amigos, sem dizer uma única palavra.

-Mione, eu acho que eu entendo o que aconteceu com a Tia do Harry.

Harry olha espantado pro amigo - O que você quer dizer com isso, Rony?

-Você não disse que a sua tia sentia um pouco de inveja quando os seus avós souberam que tinham uma bruxa na família?

-Sim, Rony, mas isso não justifica ela ter me tratado tão mal esses anos todos.

-Eu sei, Harry. Mas o que eu to tentando dizer, é que eu entendo um pouco essa inveja que ela sentia. Quando eu era mais novo eu também fui um pouco assim. Meus irmãos sempre se destacavam em algo e eu sempre ficava de canto. Mas isso não significava que eu não gostasse dos meus irmãos. Eu admirava tanto eles que acabava sentindo inveja.

Mione olha sensibilizada pro amigo -Mas hoje você não é mais assim. Você provou ser tão talentoso quanto os seus irmãos e tem a admiração dos seus amigos.

Rony sentindo que ia corar, se afasta e vai até a janela. Observa um ponto marrom se aproximando e pousar graciosamente no parapeito da janela. Tirou algumas moedas do bolso, pagou a coruja e retirou o jornal que ela trazia.

Como de hábito passa os olhos em busca de alguma notícia relacionada à Você-Sabe-Quem. Surpreso com o que vê, ele sente alguém por cima do seu ombro tentando ver o jornal.

-Olha só isso Hermione!

Hermione dá um grito horrorizado ao ver a foto estampada na primeira página do Profeta Diário.

Harry, toma bruscamente o jornal da mão da garota e lê a seguinte notícia:


JOVEM COMENSAL É ASSASSINADO


O jovem Draco Malfoy, 17 anos, foi encontrado na noite de ontem numa cena um tanto macabra. Filho de duas das famílias bruxas mais influentes de nosso tempo, passou para o lado das trevas ainda muito jovem.
Há rumores de que o jovem, por ter falhado numa missão à Você-Sabe-Quem, foi castigado severamente por seus companheiros.


Mais detalhes nas páginas 5 e 6.



Harry sentiu náuseas ao olhar a foto estampada no jornal: Draco deitado no chão de um parque, com o rosto totalmente transfigurado por picadas de serpentes que se enroscavam em seu corpo pálido e saindo de todos os orifícios de seu rosto. No braço onde se encontrava a marca negra, a carne de seu braço estava exposta e totalmente negra por causa de uma queimadura. Era como se não quisessem deixar vestígio de que ali jazia um ex-seguidor do Lorde das Trevas.

Draco se transformara num quadro bizarro da Marca Negra!

Durante todo o verão, Harry sentiu um ódio absurdo de Draco, querendo a qualquer custo se vingar dele. Mas agora, a única coisa que ele sentiu foi pena.

-Harry.. - Hermione o chama temerosa, com medo da reação do amigo. Ela notou que desde que pegara o jornal nas mãos, o olhar do moreno estava sombrio e indefinido - Harry?!

Despertando de seu estado entorpecido ele larga o jornal num canto e olha para os amigos - O que vocês acham que foi isso?

-Não sei Harry... Cara, isso me dá arrepios...

-Eu acho que Voldemort não gostou nem um pouco da incompetência do Malfoy - ao dizer o nome do Lorde das Trevas um arrepio involuntário passou pelo seu corpo, ao qual ele não deu importância - É como se ele estivesse nos dando um aviso: se com aliados ele faz isso, imagine com os inimigos?!

Hermione, que esteve calada durante todo esse tempo, se encolhe mais ainda na cadeira com uma expressão de medo no rosto.

-Harry, para de falar assim... você tá assustando a Mione!

Harry se aproxima dos amigos e abraça os dois ao mesmo tempo - Eu prometo pra vocês, que isso não vai durar muito tempo. Nem que eu tenha de dar o meu sangue pra isso, mas eu vou acabar com a raça desse imundo!

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