A Dama do Lago



"Eu sigo você aonde você for
Eu preciso de você para aliviar a minha dor
Te incomoda que eu fale assim?
O que mais você quer mudar em mim?
Você me quer incondicionalmente ou me quer mais um pouco diferente?"
(Incondicionalmente - Capital Inicial)




Harry já estava se preparando para o incômodo que era viajar usando uma chave de portal. Mas, numa sucessão de momentos difusos, várias coisas aconteceram ao mesmo tempo: primeiro aquele perfume que lhe entorpecia os sentidos, perfume este que não poderia ser definido, pois não vinha de uma fragrância, mas do corpo de Gina, o seu perfume natural. Depois, braços que o enlaçaram fortemente pelas costas o impedindo de racionar, o mesmo toque firme que o enlouquecia. E, por último, o tão conhecido e desconfortável puxão no umbigo, o impulsionando para a frente. Com os olhos fechados para evitar o enjôo, sentiu os pés deixarem o chão e o uivo do vento sussurrando em seus ouvidos.

Quando sentiu os seus pés tocarem o chão novamente cambaleou atordoado e acabou se desequilibrando. Confuso, apoiou-se em alguém, sem nem ao menos se dar ao trabalho de ver quem era. Sacudiu a cabeça tentando afastar o mal-estar e quando abriu os olhos deu de cara com ninguém menos do que Gina Weasley.

-Gina?! - Rony bradou num misto de ira e surpresa - O que você pensa que tá fazendo? - Ele se aproximou ameaçador da irmã, as orelhas tão rubras quanto os cabelos e, se Hermione não o tivesse puxado para trás ele teria simplesmente esganado a garota.

-Rony, calma - Hermione pediu.

-Calma o caramba, Mione! Isso aqui não é nenhuma excursão! - ele berrou - Você tem o que na cabeça, Gina? A essas alturas a mamãe deve estar tendo gatinhas de nervoso!

-Pode deixar Hermione, eu sei me defender sozinha! - ela tinha o mesmo tom de voz alterado do irmão e o olhou em desafio - Eu não sei se você já percebeu, Ronald Billius Weasley, mas eu deixei de ser criança já faz algum tempo.

Harry, totalmente sem ação, observava a cena sem conseguir pensar em nada sensato a dizer. Dentro dele uma guerra era travada: o seu lado racional lhe dizia para levar Gina para a Toca imediatamente, agora o seu outro lado, aquele que surgia instintivamente toda vez que estava perto dela, estava radiante de felicidade, afinal, ela estava ali e se importava.

Os irmãos Weasley discutiam furiosamente, enquanto Hermione e Tonks tentavam em vão apartá-los. Quando no ápice do nervosismo, os irmãos já estavam com a varinha em mãos prontos para duelar, Harry acordando de seu torpor, entrou no meio da briga.

-VOCÊS DOIS QUEREM PARAR COM ISSO! - Harry gritou e amenizando o tom da voz, disse entre dentes - Já não basta o tanto de problemas que nós temos e vocês ainda pensam em duelar?

Harry arrastou uma Gina absolutamente furiosa pelo braço e lhe deu um olhar tão cortante que fez ela congelar por dentro.

-Gina o que significa isso? - tentou manter o tom de voz calmo.

-Eu tô cansada, Harry. Eu tô cansada de ser sempre deixada pra trás, de ser tratada como criança, de ser considerada uma inútil. Você sabe muito bem que eu sou tão capaz quanto o Rony e que...

-Você ainda é menor de idade, nem pode fazer magia fora da escola! - ele a interrompeu - Assim que nós chegarmos à Sede da Ordem, vamos dar um jeito de te mandar de volta pra casa!

-Como se o Ministério fosse se importar com alunos fazendo magia fora da escola quando se tem Comensais da Morte matando e torturando pessoas! - desdenhou ela - E olha só quem fala, o "Senhor sim-eu-sou-impulsivo-e-daí". Você não deveria ficar falando de mim, sendo que no meu lugar você faria a mesma coisa. Duvido que você ficaria quietinho em casa, vendo os seus amigos indo embora pra guerra.

-Gina, sabia que essa sua teimosia às vezes me irrita?

-É mesmo, Potter?

"Potter? Como assim, Potter?! Ela nunca me chama de Potter!", ele pensou confuso, mas preferiu não dizer nada a respeito disso. Respirou fundo e tentou manter o tom de voz baixo.

-Gina, eu já tenho coisas demais com que me preocupar...

-Então, eu suponho - olhando de uma maneira dura para Harry - que eu seja um problema para você... Vamos, Harry, diga isso. É isso que você quer dizer, não é?

Ele empalideceu e notou que ela esfregava o braço que ele havia apertado quando a arrastou para longe do irmão.

- Pois, fique sabendo, Harry James Potter - e apontou o dedo ameaçador em direção ao peito dele - de que eu não estou nem aí para o que você pensa. Eu vou ajudar vocês, sendo da sua vontade ou não.

-Ok, crianças, já chega por hoje - Tonks se aproximava do casal e os olhava divertida - mais tarde vocês terminam de discutir a relação. A Gina já está aqui mesmo e agora não podemos mandar ela de volta pra casa. E, de qualquer forma, ela acabaria indo pra lá mesmo. Molly só não foi ainda para a Sede por causa do casamento do Gui. Então, vamo parar com esse drama, viu...

Depois de toda aquela discussão e confusão, Harry nem havia se dado ao trabalho de ver onde a chave do portal os havia levado.

Eles estavam na clareira de um bosque com árvores que pareciam ser tão antigas quanto o próprio tempo. Os galhos retorcidos, estavam carregados de um número grande de folhas e formavam um teto acima de suas cabeças, mal deixando os raios de sol penetrarem ali.

Rony, que vinha acompanhado de Hermione, perguntou intrigado - Aonde, exatamente, nós estamos?

-Nós estamos próximos a Glastonbury - Lupin explicou, num tom de voz que lembrava muito o tempo em que ele deu aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas em Hogwarts.

Hermione, de repente, pareceu excitada perante a idéia de estar tão próxima a um lugar histórico - Eu li num livro que o Rei Arthur havia sido enterrado lá, mas não consigo acreditar nisso. Bem, isso pode ser só uma lenda, não pode? Não existem fatos realmente concretos para provar...

- Francamente Hermione, - Rony a interrompeu, revirando os olhos impaciente - até aqui você vem falar dos seus livros?!

-Ronald, eu tô começando a achar que você tem ciúmes dos meus livros...-ela alfinetou.

"Não é só dos seus livros que eu sinto ciúmes, não..." o ruivo pensou contrariado.

Lupin tomou a dianteira do grupo e indicou uma trilha semi oculta pelo mato - Seguindo essa trilha aqui, nós vamos chegar a um pequeno castelo onde a Ordem está se reunindo. Era de propriedade de Dumbledore e ele deixou no testamento dele sob os cuidados de Moody.

De repente, Harry se deu conta de que Dumbledore não estaria lá, esperando por eles, ou, aparecendo do nada com seu jeito sempre divertido e descontraído e isso o deixou levemente chateado. Ainda era difícil aceitar o fato de que ele havia partido e, mesmo ele tendo sido testemunha, a idéia lhe parecia demasiado absurda. Não ter mais aquela conversa esclarecedora, o olhar protetor e compreensivo, não ter mais a certeza de que teria um porto seguro onde ele sempre pudesse buscar refúgio.

Afastou esses pensamentos e tentou manter toda a sua concentração no caminho a ser seguido. Não poderia se dar ao luxo de ter pensamentos nostálgicos quando tantas outras coisas ocupavam a sua cabeça.

Todos estavam de sobreaviso de que era importante estarem com as varinhas guardadas em um lugar acessível. Em tempos de guerra eles deveriam desconfiar de tudo e de todos. Harry, que já estava acostumado à essas 'excursões' perigosas, mantinha no bolso interno da jaqueta a sua varinha e a capa de invisibilidade.

A "comitiva" seguiu uma trilha larga o suficiente para passarem duas pessoas. Lupin ia na frente, seguido por Rony e Harry - que andavam lado a lado - Hermione e Gina (que ainda estava transtornada e lançando olhares mortais aos dois jovens que andavam à sua frente) e, por último e não menos importante, Tonks, que ficou na retaguarda.

Começaram a caminhar, no começo um pouco silenciosos e tensos, mas logo depois, conversas paralelas foram iniciadas. Gina e Hermione cochichavam entre si e a ruiva ainda tinha um tom de voz irritado.

-Gina, sinceramente, eu não entendo porque você fez isso. Não tinha necessidade de você ter agido daquela forma. O Rony tem razão. A essas horas sua mãe deve estar uma fera - disse pensativa.- Eu não gostaria de estar na sua pele.

-Hermione, por mais que eu tente te explicar, você nunca iria compreender - disse com a voz cansada - você nunca iria entender que eu não poderia deixar o Harry ir embora mais uma vez e não fazer nada que pudesse aliviar o peso que ele tem nas costas.

-Por que você acha que eu não iria compreender? - Hermione perguntou confusa - Desde o início eu tentei te ajudar nesse seu "rolo" com o Harry, por que eu não iria entender?

-Por que eu estou falando do que eu sinto - e diminuiu o tom de voz mais um pouco - por que eu falo do amor que sinto por ele e não sei se você seria capaz de compreender isso.

-O que você está querendo dizer com isso?

-Ai, Mione, eu já nem sei o que digo. Só sei que não consigo explicar o que fiz. Quando me dei conta já tinha feito a besteira...

Harry e Rony que estavam a uns 10 metros de distância conversavam com Lupin sobre as coisas relacionadas à Ordem.

-Por Merlin, Lupin, não tinha um lugar mais acessível para instalar a Ordem? - Rony disse desanimado, enquanto secava com as costas das mãos as pequenas gotas de suor que brotavam em seu rosto sardento - Toda vez que vocês vêm pra cá é assim?

-Para falar a verdade, Rony - Lupin disse tentando segurar o riso - nós aparatamos muito mais perto do castelo, mas como era para levar vocês pra lá, Moody achou que ir pela trilha ia ser... hmmm, como eu posso dizer... interessante, para o começo do treinamento de vocês...

Harry sorriu ao ver a cara desconsolada do amigo.

De, repente eles escutaram uns gritinhos histéricos seguidos por um gemido alto. Quando Lupin, Harry e Rony se viraram, com as varinhas em punho, para ver do que se tratava, viram a seguinte cena: Tonks, Gina e Hermione tentando se desvencilhar de umas abelhas que tentavam atacá-las. O gemido que eles tinham escutado era de
Hermione que alisava o pescoço com uma mão e com a outra tentava acertar um feitiço nos insetinhos terroristas.

Os rapazes voltaram correndo e auxiliaram as garotas naquela 'missão impossível'. Imaginem só a dificuldade que era acertar um feitiço num insetinho minúsculo usando uma varinha? Não? Mas foi realmente difícil...

Depois de algum tempo e depois de muitas picadas, eles conseguiram se livrar das abelhas, transfigurando-as em pétalas de rosas e continuaram o seu caminho pela trilha.

Já estavam caminhando à quase duas horas. As roupas já começavam a ficar pegajosas por causa do suor e a barra das calças estavam sujas pela poeira e terra da trilha.

Tonks se afastou das meninas e acelerou o passo, indo ao encontro de Lupin.

-Remus... - ofegou e o puxou para longe de Rony e Harry.

-O que foi Nympha? - a olhou preocupado enquanto segurava uma de suas mãos.

Ela olhou para trás para ver se estavam longe o suficiente dos demais e murmurou - Eu não consigo reconhecer esse lugar.

Ele franziu a testa confuso - O que você disse, Nympha? Eu não entendi...

Tonks se aproximou mais dele e falou, ainda mais baixo - Eu não sei onde estamos...

-Falando desse jeito, eu nunca vou conseguir entender. Fale mais alto, Tonks.

-EU TÔ DIZENDO QUE EU NÃO SEI ONDE ESTAMOS. EU ACHO QUE NOS PERDEMOS NA TRILHA! ENTENDEU AGORA? - ela bufou irritada e quando se deu conta os quatro jovens a olhavam com expressões assombradas no rosto.

-Como assim, você não sabe onde estamos? - Hermione olhou o casal de um jeito ríspido que lembrou muito a profª McGonagall quando ralhava com os alunos.

-Você tem certeza, Tonks? - Lupin perguntou ignorando o olhar frio de Hermione.

-Claro que sim, Remus. O Moody trazia os aurores em treinamento para cá, parecia até treinamento de exército. Cansei de andar por esses lados. Mas acho que nos distraímos e acabamos nos perdendo... eu não acredito nisso, Droga!

Gina se aproximou da Auror e lhe deu um sorriso amável - Calma, Tonks, não precisa ficar assim. Nós voltamos um pouco e tentamos achar a trilha de novo, ok?

O grupo voltou para a trilha até o ponto onde tinham sido atacados pelas abelhas. A essa altura, o cansaço já estavam deixando rastros de nervosismo em todos. Rony praguejava baixo coisas como "nós somos bruxos pra quê, se ficamos nos matando de andar que nem os troxas" ou "Por que cargas d'água eles não nos deram uma chave do Portal decente". Harry, olhava de esguelha e tentava ignorar as reclamações do amigo, tentando não entrar no embalo dele.

Vagaram durante muito tempo pelo bosque e parecia que sempre retornavam ao mesmo local, como se estivessem andando em círculos.

Harry olhou no seu relógio de pulso e viu que já passava das duas horas da tarde. O desespero começou a tomar conta dele, afinal, quando tinham saído da Toca não eram nem nove horas da manhã.

Quando voltavam pela terceira vez ao ponto onde as garotas haviam sido atacadas pelas abelhas, viram um vulto usando vestes escuras. A pessoa, que não pôde ser identificada, se era homem ou mulher, estava agachada, próximo a uma moita de ervas que estavam plantadas no chão. O rosto semi oculto pelo capuz da capa, lhe conferia um ar misterioso.

Harry retirou disfarçadamente a varinha da jaqueta e observou que os outros faziam a mesma coisa. "Será que não é uma emboscada? Podem ter usado algum tipo de feitiço ilusório para nos perdermos na trilha", Harry pensou enquanto se aproximava de Lupin.

Tonks e Rony olhavam para todos os lados como se a qualquer momento, aparecesse um exército de comensais prontos para atacá-los.

Harry e Lupin caminharam lentamente em direção a estranha pessoa. Quando estavam a menos de cinco metros, a pessoa levantou e retirou o capuz que ocultava o seu rosto.

Era uma jovem mulher de estatura mediana, cabelos longos e negros que estavam soltos e caiam de um modo selvagem pelas costas. Acima de suas sombrancelhas retas - que lhe davam um olhar sisudo - ela carregava uma tatuagem, o quarto crescente em azul. A marca da Deusa.

Morrigan, por um pedido de sua Senhora, havia se retirado de Avalon, - o que era realmente raro naqueles tempos - sob o pretexto de buscar um tipo de ervas nos arredores da Ilha Sagrada. Não compreendia por que a Senhora havia mandado justamente ela, mas, como sempre ocorria, ela não discutiu e seguiu as ordens da Senhora, como se tivesse sido a própria Deusa que houvesse ordenado.

Quando levantou e retirou o capuz do seu manto escuro, seus olhos se encontraram com os de um homem. "Deusa, será que é ele? Será que a Senhora fez com que nossos caminhos se encontrassem aqui?".

"Um homem de duas faces..."

Será realmente ele?

Vendo que a jovem olhava de um modo estranho para Lupin, Tonks se aproximou e segurou a mão dele possessivamente. A Auror sentiu-se incomodada ante aquele olhar e notou que Morrigan olhava de um jeito quase zombeteiro para ela. Só então notou que deveria ser por causa dos seus cabelos rosa-chiclete.

Morrigan sorriu de um modo enigmático para eles, que pareciam petrificados ante aquela mulher. Ela parecia irreal, como se não fosse humana e analisava todos, um a um, os estudando meticulosamente. Seus olhos se demoraram um pouco em Harry e ele sentiu sua cicatriz formigar enquanto a mulher olhava para ela.

-Vocês tiveram sorte de me encontrar aqui - apesar da aparência estranha, a mulher tinha uma voz doce e melodiosa - Mais um pouco e vocês se perderiam eternamente e quem sabe, não iriam ao País das fadas...

-Quem é você? E do que você está falando? - Lupin disse apontando a varinha para a mulher.

-Calma - e levantou as mãos em sinal de rendição e sorriu - Não precisa apontar essa coisa para mim. E que falta de educação a minha, não? Nem me apresentei. Meu nome é Morrigan e se vocês quiserem eu posso ajudar.

Hermione estava com um brilho estranho no olhar e segurava a varinha frouxamente. Cambaleou um pouco e puxou Rony pela roupa.

-O que foi Mione? - olhou para a morena e passou a mão no rosto dela - Você está se sentindo bem?

Morrigan olhou para Hermione e se aproximou dela. Hermione recuou um pouco assustada, mas logo deixou de resistir. Morrigan pôs as mãos no rosto da garota e estudou o rosto dela - Ela está ardendo em febre e está com marcas pelo pescoço. Pelo jeito foi uma reação alérgica! Temos de levá-la logo daqui.

-Pra onde, então? - Rony, perguntou parecendo assustado.

-Para a minha casa.

-E como vamos saber se podemos confiar em você? - Tonks perguntou, levantando uma das sombrancelhas.

-Eu não devo nada a ninguém e a opção de confiar em mim é sua. Mas a saúde da garota está em jogo, então, acho que vocês não tem outra escolha, certo?

Gina, observava de longe, calada, tentando organizar os pensamentos. "A tatuagem. Era a mesma tatuagem. Mas aquilo foi só um sonho. Mas eu nunca tinha visto ninguém com aquela tatuagem a não ser no sonho e agora essa mulher aparece". Se virou para Harry, esquecendo do seu pequeno desentendimento da manhã - Harry, eu acho que devemos confiar nela. Pela Mione...

Como se um acordo silencioso tivesse sido feito entre o grupo, todos resolveram seguir Morrigan.

Hermione que a cada momento parecia mais fraca, teve o apoio de Rony, que vendo que ela não conseguiria caminhar por muito tempo, a carregou no colo.

Gina, andava ao lado do irmão, visivelmente preocupada com a amiga. Hermione estava acordada, mas aos poucos a febre a dominava. Afastou-se um pouco deles e tentou andar emparelhada com Morrigan.




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O sol se punha quando finalmente a comitiva chegou em frente a um lago. Morrigan, observou, que todos pareciam estar temerosos e ansiosos com o que estavam prestes a encontrar. Voltou sua atenção para o lago com suas águas cinzentas e opacas, concentrando-se no que deveria fazer. Levou as duas mãos ao rosto, cobrindo-o e fez o chamado silencioso. Alguns instantes depois, surgiram dois barcos baixos, idênticos. Revestidos num dos extremos de preto e prateado, pareciam deslizar sobre a superfície da água.

Harry não pôde deixar de observar, a sensação de dèja vu que aquela cena lhe proporcionava, lembrando o dia em que ele tinha ido junto com Dumbledore atrás de um dos supostos Horcrux. Espiou ansioso as águas tranquilas do lago, como que se certificando de que não encontraria nenhum Inferi ali.

Em cada uma das barcas, havia um homem para conduzi-las. Eles eram idênticos, pequenos com suas mãos calejadas e morenas, o corpo seminu pintado com símbolos em azul.

Morrigan fez um sinal para que Gina e Harry entrassem na primeira barca juntamente com ela. Na segunda barca, Tonks, Lupin, Rony e Hermione instalaram-se da melhor maneira possível.

A barca de Morrigan foi a primeira a se voltar para o interior do lago. Gina viu os muros de um mosteiro e de uma igreja e se perguntou se estariam indo para lá, mas algo em seu interior lhe dizia que algo muito mais misterioso e mais místico a esperava. Mesmo sob as circuntâncias em que haviam parado ali, ela não estava com medo, era a mesma sensação que teve quando sonhou com Harry a alguns dias atrás. E teve a absoluta certeza de que ambos os fatos estavam muito mais envolvidos do que suspeitava.

A jovem sacerdotisa, fechou a mente para todos os sons exteriores e para todo tipo de pensamento. A magia que estava prestes a invocar era demasiado poderosa e necessitava de toda a sua concentração. Fechou os olhos sentindo as ondas de poder se agitarem em cada fibra de seu corpo, em cada fio de seu cabelo, e os braços rígidos na tensão do momento. Em pé, sobre a barca, levantou os braços acima de sua cabeça com as palmas das mãos viradas para cima em direção ao céu e a respiração suspensa. Num movimento brusco, abaixou os braços trazendo com eles as brumas que envolviam o lago, fazendo desaparecer o Tor que se erguia majestoso, o mosteiro e a igreja.

Hermione, observando a barca da frente, arregalou os olhos visivelmente apavorada. Sentiu a mão de Rony tocando de leve os seus dedos e, quando Morrigan fez as brumas baixarem sobre o lago, Rony entrelaçou sua mão na dela e fez uma leve pressão sobre eles como se dissesse que estava tudo bem, que ele estaria ali para protegê-la.

As barcas mergulharam numa névoa densa e impenetrável, as trevas os envolvendo como se estivessem numa noite sem lua. Um sentimento de superioridade se apoderou de Morrigan, ao notar a respiração entrecortada e o tremor de seus visitantes "Eu posso sentir o medo e a exitação daqui". Um frio úmido e intenso que penetrava em cada poro de sua pele fez com que Harry aconchegasse Gina em seus braços e notou que ela tiritava com o súbito frio, como se cem dementadores estivessem por perto.

Depois, de alguns momentos em que as barcas deslizaram velozes por sobre as águas mansas do lago, a névoa se dissipou como se fosse uma cortina que tinha sido aberta e, diante deles uma faixa de água iluminada pelo fraco sol do final de tarde apareceu juntamente com a grama verde da margem do lago.

Harry, soltou uma muda exclamação de surpresa ao ver que os muros da igreja e o mosteiro de Glastonbury haviam desaparecido mas o Tor estava novamente lá, com suas pedras circulares brilhando magnificamente.

Ao pé da colina onde se encontrava o Tor, estavam os edifícios onde moravam os sacerdotes e sacerdotisas e, nas encostas podia-se ver o Poço Sagrado com seu brilho prateado. Ao longo da margem do Lago, havia bosques com macieiras, aveleiras e carvalhos.

Os homenzinhos desceram da barca e a amarraram na margem do lago usando uma corda feita de juncos. Ajudaram Morrigan a descer da barca, mas os demais tiveram de sair sozinhos.

Todos estavam visivelmente impressionados com a paisagem. Parecia que eles haviam sido transportados para um outro mundo. Um mundo mágico, totalmente alheio à guerra vivida lá fora.

Morrigan, voltou-se para seus hóspedes e se envolvendo no manto da Deusa, disse - Sejam muito Bem-Vindos à Avalon!

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N/A:
Michele Black:
Oh, desculpe se escrevo capítulos muito curtos. Mas é que tento não cansar vocês... Fiquei feliz em ver seu comentário aqui, mesmo vc não gostando de comentar... Obrigado!

Victor Matheu: Também adorei ver seu comentário aqui. É sempre bom ver gente nova na minha fic. Espero ver mais comentários seus aqui, ok?

Anna Black: Ok, gostei da divisão do nosso esposo. Depois da bronca básica que você me deu ontem eu resolvi terminar o capítulo logo.. Espero que goste...

Sônia Sag: Menina, você sabe que eu sempre fico ansiosa pelo seu comentário, né? Então, espero que goste deste capítulo também, a Gina esteve bem "foguinho" aqui...rs. Você sabe que eu estava ansiosa para escrevê-lo, não é? Espero que você tenha guardado o nosso segredinho direito, viu...rs..

Pamela Sa: Jura que essa fic é uma das suas favoritas?? Poxa vida, isso já me deixa mais do que contente... Realmente obrigada...

Dany: Eu tentei postar o capítulo novo logo, mas tive uns contra tempos...foi mals...


bjos no coração de todos os que acompanham esta humilde fic.

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Comentários (1)

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