Capítulo 18



DESTINOS ENTRELAÇADOS


Autora: Rosana
Revisora: Marjarie

Capítulo 18



Cassie abriu os olhos lentamente, tentando formar uma imagem nítida do lugar onde estava. Deparou-se com um teto e paredes de pedras. Uma porta de madeira com uma pequena grade na parte de cima, indicavam que estava presa. Mas onde?
Levantou-se devagar, firmando-se nas pernas bambas, tateou as paredes até chegar à porta, ficou nas pontas dos pés para alcançar a grade, e viu um corredor mal iluminado, com tochas a alguma distância uma da outra. Um arrepio de medo passou pelo seu corpo.
Quem a levara? E por quê? Tinha medo de saber. Nisso, o som de uma porta rangendo ao ser aberta a colocou em alerta. Procurou a varinha no bolso do jeans, mas era óbvio que ela não estava ali. Vasculhou sua cela, tentando encontrar algum objeto que pudesse usar como arma, mas foi em vão, estava limpa. Será que alguns golpes de karatê poderiam funcionar contra magia? Duvidava.
A porta foi aberta com violência, e por ela passou Bellatriz de varinha em punho, com seu eterno sorriso irônico.
- Então a priminha acordou. – ela falou encarando Cassie que ficou em silêncio. – Ora, ora... Nenhuma ironia? Nenhuma bravata? Acredito que você saiba que está numa situação muito, mas muito ruim. – Bellatriz soltou uma risada de arrepiar. Cassie pensou que ela fazia mesmo as vezes de uma bruxa dos contos infantis trouxas.
- Onde estou? – Cassie perguntou enfim.
- Num lugar aonde ninguém irá encontrá-la. – mais uma risada escandalosa.
- Se ninguém irá me encontrar, por que você não me diz que lugar é esse? – Cassie perguntou ao mesmo tempo em que dava um passo a frente.
- Você está certa. – a mulher falou levando um dedo ao queixo pensando na pergunta de Cassie. Com esse gesto não percebeu que a garota aproximara-se mais um pouco. – Você está nas masmorras que há embaixo da Travessa do Tranco, a entrada fica na Borgin & Burkes. – ela disse em tom de triunfo. – Tolos idiotas, nem imaginam que aos pés deles há um de nossos esconderijos. – ela falou olhando para cima, referindo-se aos bruxos e bruxas que zanzavam pelo Beco Diagonal.
Cassie não poderia ter uma melhor chance, enquanto Bellatriz se vangloriava, ficara por um segundo desatenta, com um chute certeiro, Cassie desarmou a mulher, jogando a varinha longe, antes que ela se recuperasse, outro chute, dessa vez no estômago fê-la cair ao chão, e não contente Cassie ainda lhe deu um soco no pescoço, não esperou para ver se a bruxa reagiria, saiu correndo, chegava à porta aberta no final do corredor, quando teve a corrida interceptada por um vulto vestido com uma capa, que apontou a varinha, dizendo uma palavra que Cassie não ouviu, mas nem precisava, pois seu corpo paralisou imediatamente.
Seu último pensamento foi para Harry. Sabia que ele tentaria encontrá-la, como era certo que ela faria o mesmo por ele. Rezou fervorosamente para seu santo preferido, Miguel. Não venha, Harry. Não venha.

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Harry que andava de um lado a outro na Sala Comunal da Grifinória parou de repente, olhando dos lados. Tivera a nítida impressão de Cassie sussurrando-lhe ao ouvido. As palavras eram as mesmas de seu sonho. Imaginação? Ou ouvira mesmo a voz dela? Será que os sonhos que se repetiam durante todos esses meses estava se realizando?
- Como vamos descobrir para onde a levaram? – Rony perguntou ao amigo, tirando-o dos seus pensamentos. – Ao menos sabemos quem a levou.
- Voldemort. Disso não há a menor dúvida. Se não foi ele mesmo, seus capangas. – Harry respondeu voltando a andar. Perdeu o estremecimento do amigo, pelo jeito Rony nunca se acostumaria em ouvir o nome do bruxo das trevas mais temido.
Depois que Harry saíra da enfermaria fora direto para seu quarto pegando capa, varinha e tudo mais que achou que fosse precisar, enfiando em uma mochila, mas fora barrado pela professora McGonagall no salão Comunal, que o impedira de sair, dizendo-lhe para esperar Dumbledore. Harry até tentara desobedecer, mas o quadro da mulher gorda recebera ordens explícitas para que não o deixasse sair. Em um rompante de fúria Harry seguira para as janelas, sairia voando, mas percebera que a professora já pensara nisso, elas estavam encantadas, impedindo-o de abri-las.
Sua vontade era esmurrar tudo que encontrasse pela frente, mas fechou os olhos, tentando encontrar alguma paz interior e pensar com sensatez. Rony e Hermione fitavam o amigo esperando por alguma grande idéia, quando ouviram o retrato da mulher gorda girando, ambos viraram-se para a entrada do Salão Comunal, para ver a professora Minerva passar.
- Onde está Potter? – ela perguntou aos dois que voltaram o olhar para onde o amigo estava, vendo apenas o vazio.
Trocaram um olhar arregalado e surpreso.
- No quarto. – Mione disse rápida.
- No banheiro. – Rony falou ao mesmo tempo.
- Decidam-se, no quarto ou no banheiro? – a professora perguntou exasperada.
- Vou olhar. – falaram de novo ao mesmo tempo dirigindo-se ambos para o quarto.
- Onde ele está? – Rony sussurrou.
- Eu não sei. – Mione choramingou de volta.
Harry não ficou ali para ouvir a troca de palavras, quando percebeu alguém entrando no salão, mais que depressa, enfiou-se debaixo da capa da Invisibilidade e correu para a passagem antes que esta se fechasse. Subiu as escadas, chegando à gárgula que guardava a entrada para a sala do diretor que estava afastada de lado deixando-o ver a escada em espiral. Harry subiu os degraus de dois em dois, parou antes de entrar, mesmo sob a capa sabia que Dumbledore o sentiria, então remexendo na mochila pegou as orelhas extensíveis e colou-as à porta, e rezou para que não estivesse protegida. Não estava.
- ... vários lugares. – ouviu a voz de Snape dizer.
- Teremos que investigar todos. – Lupin falou.
- Demorará demais. – Dumbledore soltou um suspiro, pensando que já tinham demorado demais.
- Deixe-me ir. – Snape falou, surpreendendo Harry.
A sala ficou em silêncio.
- Eu posso ao menos tentar saber a exata localização dela. – ele continuou.
Depois de alguns momentos que pareceram horas a Harry, Dumbledore se pronunciou.
- Para qual esconderijo você iria primeiro?
- Há um castelo, de um dos comensais, onde é a base principal dele. Posso começar dali.
- E Londres? – Dumbledore perguntou, aparentando já saber de algum outro esconderijo.
- Minha segunda tentativa.
- Vá. – Dumbledore falou decidido.
Harry afastou-se da porta no exato momento que esta se abriu para deixar passar um Snape como Harry nunca viu, alterado e de expressão preocupada. E o mais intrigante, era essa preocupação ser por um Grifinório. Cassie ainda por cima.
- Ele ainda a ama, não é? – ouviu Lupin perguntar.
- Talvez nunca a tenha esquecido.
Harry não ficou para descobrir sobre quem eles falavam. Se Snape iria a esse tal castelo, ele então seguiria para Londres. Uma idéia desenhando-se em sua mente. Tão distraído estava em seus pensamentos que quase chocou-se com a professora McGonagall que agitada e aflita dirigia-se para o escritório de Dumbledore. Harry sorriu com tristeza. Sabia que eles queriam seu bem, mas acima dele agora, estava Cassie. Mesmo depois de tudo que ela havia dito, dele ter que ficar em segurança para um bem maior, ele ainda acreditava que ela era seu bem maior.
Chegou no hall e ao tentar passar pela porta, bateu em uma barreira, seguia tão apressado que o choque foi violento, jogando-o no chão, a capa saindo de cima dele, deixando cabeça e pernas descobertos. Num degrau acima viu dois pares de pernas.
- Não pensou que o deixaríamos ir sozinho não é? – Rony perguntou com Hermione ao lado com a varinha na mão e expressão decidida. Pelo jeito, os dois o esperavam, e haviam lançado um feitiço de proteção na porta para que ele não passasse.
- Tem certeza? – ele perguntou ainda deitado no chão.
Recebeu acenos dos dois amigos. Um som alto aproximando-se deles assustou-os. Harry ergueu-se, virando para o alto das escadas pronto a duelar com quem o impedisse de partir, mas foi surpreendido pelo vulto negro que o jogou de novo no chão. Uma lambida no rosto o fez perceber que não teria que procurar Black para fazer o que tinha de ser feito.
- Vamos. – falou levantando-se e fazendo os amigos entrarem debaixo da capa.
Black trotou ao lado deles para fora do castelo.

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Cassie abriu os olhos, achando-se novamente deitada no chão frio de pedra. Rolou de costas fitando o teto, e uma dor terrível varreu seu corpo. Seja lá que feitiço o Comensal havia lhe jogado, doía pra diabo. Tentou erguer-se sobre os joelhos, arfando e quase chorou de dor, mordeu os lábios para não fazer barulho. Um som na cela ao lado assustou-a, paralisando-a. Ouviu um sussurro.
- Cassandra...
- Quem...? – ela ia perguntar quem era quando calou-se. Poderia ser uma armadilha.
- Cassandra...
A voz chamou novamente e Cassie franziu o cenho, reconhecendo-a. Arrastou-se de gatinhas até a porta, erguendo-se com esforço, segurou-se nas grades da janelinha tentando visualizar a porta ao lado.
- Vovó? – chamou e ouviu um soluço de choro.
- Depois de tudo, você ainda me chama de avó... – ouviu a mulher dizer.
- Desculpa... Força do hábito. – Cassie desculpou-se suspirando, sentando no chão com as costas apoiadas na porta.
- Não precisa se desculpar, não estava me queixando. – a mulher falou surpreendendo Cassie.
- Por que a senhora está aqui? – Cassie perguntou. – Achei que lutava ao lado de Voldemort.
A resposta demorou alguns segundos.
- Seu avô... Seu avô foi um tolo. Acreditou que o Lord das Trevas poderia restaurar a ordem onde bruxos puros não teriam mais que conviver com trouxas e sangues ruins. Ele foi inocente. Acreditou que o Lord deixaria a todos vivos. Quando se deu conta de que não seria do jeito que ele imaginava... Já era tarde demais.
- A família do Sirius era de sangue puro. Por que Petre não gostava dele? – Cassie perguntou.
- Seu avô sabia que ele trabalhava contra o Lord das Trevas, e descobriu que Sirius investigava sobre ele. – Sonja soltou um profundo suspiro. – Entenda, seu avô acreditava que as famílias bruxas não deveriam se misturar, mas não falava disso abertamente.
- Em resumo ele não queria ser associado com Voldemort.
Sonja ficou em silêncio, e Cassie entendeu isso como um consentimento.
- No castelo... – Cassie perguntou depois de alguns minutos. – Os elfos. Quem foi?
Sonja soluçou alto.
- Ele estava sob a maldição Imperius. Não foi culpa dele... - ela chorou agoniada. – Não foi culpa dele.
- Queriam me atrair não é? – Cassie disse tentando não amolecer com o choro da mulher mais velha. – Você o matou? – perguntou de repente.
O choro aumentou, e Cassie soube a verdade.
- Eu não podia deixá-lo continuar... Nada que eu fizesse... Ele tentou... Tentou...
- Matá-la? – Cassie completou quando a outra se calou. Não precisava de confirmação. - Quem mandou Dudu a Hogwarts?
- Eles me obrigaram... Perdão. Perdão. – ela implorou. – Eu não sabia... Tinha certeza que você não viria. Tinha certeza que você nos odiava. Perdão.
Cassie fechou os olhos com força. A avó nunca a havia conhecido de fato. Mesmo depois de tudo que eles fizeram ou deixaram de fazer, como deixá-los morrer pelas mãos de Voldemort?
- Ah vovó, nós duas poderíamos ter tido uma boa vida, se você e meu avô não tivessem o coração voltado para coisas supérfluas e aparências. Nós poderíamos ser uma família. Eu teria perdoado você, sabe, por me fazer esquecer oito anos da minha vida com a minha mãe. O vovô seria diferente não é? Afinal ele matou a minha mãe.
Cassie pôde sentir a surpresa sem ver o rosto da avó.
- Mesmo assim... Mesmo sabendo... Você veio.
- É. – Cassie disse numa risada sem alegria. – Sou mesmo uma idiota não é?
A pergunta ficou sem resposta, porque nesse momento alguém se aproximava pelo corredor. A cela de Cassie foi aberta segundos depois dela ter se afastado da porta ficando em pé, com dificuldade, no meio da cela.
- Em pé? – Bella perguntou espantada. – Você está perdendo a mão Lúcio. – ela ironizou.
- E pelo jeito você precisa de um guarda-costas para não ser pega de surpresa, não é? – Cassie falou não resistindo em provocar a bruxa.
A cabeça de Cassie virou rápido, seu pescoço estalando, pelo sonoro tapa que recebeu de Bellatriz, mas ela pensou que tinha valido a pena, a mulher ao menos usara magia, sinal de que Cassie a irritara demais.
- Cala a boca. – Bella disse pegando Cassie pelo braço e quase encostando seu nariz com o da menina. – Não abra mais a sua boca. Vamos. – e saiu arrastando Cassie pela porta.
- Não... – Sonja gritou agarrada às grades da janela de sua cela. – Não a minha neta. Leve a mim. Leve a mim. – ela gritou desesperada, e Cassie teve um vislumbre da avó e surpreendeu-se com o que viu. Ela estava com os cabelos desgrenhados, seu rosto envelhecido, como ela nunca havia visto. Sua avó era uma mulher empertigada, mais até do que a professora Minerva, sempre mantinha seus cabelos sem um fio fora do lugar, suas roupas refinadas e seu estilo elegante. Agora, mostrava a mulher por baixo da máscara. Uma mulher amargurada que perdera a filha e apagara a memória da neta apenas pelo fato de demonstrar as aparências de uma família tradicional, uma família que à vista de todos seria considerada perfeita, mas que na realidade, era formada por membros sem afeição, sem amor algum. Cassie teve pena dela. Não soube de onde veio, mas estava ali, em seu coração. Poderia ter sido diferente. Poderia ter sido tão diferente. Deu um sorriso para a avó, um sorriso que a Sonja pareceu que tudo ficaria bem, um sorriso de otimismo. A garota ainda ergueu o polegar, antes de sumir pela porta que saía das masmorras.

HPHPHP

- Para onde? – Rony perguntou quando os três, mais Black, desceram das vassouras que haviam pego no armário do campo de quadribol. Harry até pensara em pegar a dele, mas seria melhor ninguém seguir o vôo de sua Firebolt e afinal, as Nimbus 2001 do time da Sonserina eram rápidas o suficiente.
- Black. – Harry se abaixou perto do cachorro que tinha sido transportado por correias presas abaixo de sua vassoura. – Nós precisamos achar a Cassie. Você pode encontrá-la?
O enorme cão negro balançou a cauda, deu um latido, lambeu o rosto de Harry e começou a farejar o chão.
- Esse é seu plano? – Hermione perguntou espantada.
- Ele a encontrará. – Harry disse com firmeza, demonstrando uma certeza que os outros dois não tinham.
Nisso Black latiu, olhou para frente e saiu correndo, com os três adolescentes atrás dele. Harry resolvera descer perto do Caldeirão Furado, fora uma aposta. Sabia que Voldemort poderia estar baseado em qualquer lugar em Londres, mas o instinto lhe dizia que o Beco Diagonal seria um lugar tão bom quanto qualquer outro para começar. E foi bem em frente ao Caldeirão Furado que o cachorro parou ganindo baixinho.
- E agora? – Rony perguntou.
- Entrem debaixo da capa. – Harry falou a eles. – Black pode nos dar uma distração.
Era incrível, mas o cachorro parecia entender exatamente o que Harry queria. Este abriu a porta deixando Black passar, e assim que os três ouviram gritos, pratos se quebrando, cadeiras caindo, e o cachorro latindo e rosnando, entraram também, deslizando rentes à parede, em direção ao pátio murado que daria acesso ao Beco Diagonal. Harry esperou Black e fechou a porta assim que ele passou, ainda ouvindo a gritaria dentro do bar, sendo os xingamentos do velho Tom, os mais altos.
Hermione bateu nos tijolos fazendo a parede se abrir, e rapidamente eles passaram. O Beco Diagonal estava em silêncio, sob a noite estrelada.
- Para onde? – foi Mione quem perguntou dessa vez, num sussurro.
Black farejou o ar, e soltou um ganido baixo, deu alguns passos cheirando o chão, e tomou a direção da Travessa do Tranco. Harry sentiu o coração dar um salto, ansioso e temeroso do que poderiam encontrar.

HPHPHP

Cassie foi levada a uma sala circular, cercada a toda a sua volta por várias mesas de diversas alturas, atulhadas de objetos, que à ela pareceram ser objetos das trevas. As mesas pareciam ter sido afastadas para que o centro da sala ficasse livre. Viu também, sobre umas das mesas, sua varinha, que nesse momento gostaria enormemente de tê-la em mãos.
Engoliu em seco quando olhou para cima vendo correntes que saíam do teto, com argolas nas suas pontas, que chegavam até uma certa altura. Apertou as mãos em punho, já sabendo os pulsos de quem seriam colocados ali. Mas o que mais a fez temer, foram dois vultos enormes, no fundo da sala, meio escondidos na penumbra. Dementadores. Sentiu um frio súbito passar pelo seu corpo. Harry já tinha lhe contado como era encontrar esses seres, mas ela nunca tinha ficado cara a cara com um, e esperava que essa fosse a maior distância que ficaria dos dois.
- Saiam. – Bellatriz ordenou aos dois, que deslizaram pelo chão, suas capas flutuando a volta deles, viraram suas cabeças na direção de Cassie como se lamentassem a perda de sua presa.
Depois da saída dos dois dementadores, Bellatriz empurrou Cassie para frente, derrubando-a no chão de joelhos. A mulher parecia se comprazer com esses pequenos gestos de bruteza, não queria nem pensar no que ainda estava por vir.
- Prenda-a. – ela ordenou a Lucius que cruzou os braços, não se mexendo. – Você ouviu? Eu mandei prendê-la.
- E desde quando você está no comando? Ou você está com medo de se aproximar da sua prima? Talvez com medo de ser novamente abatida com algum golpe. – ele zombou.
Bellatriz sacou a varinha virando-a para Lucius que apontou a dele para o nariz dela.
Cassie, de olhos arregalados, fitava ora um, ora outro, torcendo para que eles se matassem.
- Pois muito bem. – Bellatriz baixou sua varinha parecendo pensar melhor. Aproximou-se de Cassie erguendo-a. – Tire a jaqueta. – ordenou.
- O quê? – Cassie espantou-se com o pedido, erguendo a sobrancelha esquerda com ironia. – Agora você curte roupas trouxas? É, de fato eu devo concordar que essa jaqueta é bem legal, custou uma fortuna, afinal é couro legítimo, mas eu me certifiquei de que o bicho já tinha morrido de causas naturais, afinal... – mais um tapa fez Cassie interromper seu monólogo. – Um simples cala a boca serviria. – ela ainda disse baixinho.
Bellatriz apontou a varinha para uma mesa baixa que arrancou de seu lugar derrubando os vários pequenos objetos que havia em cima.
- Suba. – ordenou à Cassie, que ficou parada no lugar. – Eu mandei subir. – ela gritou cutucando a menina com a ponta da varinha. Cassie chegou a erguer uma perna, mas não completou o gesto. – Imperio. – Bellatriz estava tão alterada que o berro mais feriu os tímpanos de Cassie do que exatamente a fez obedecer. Com uma força de vontade que não soube de onde veio, em vez de subir na mesinha, Cassie dobrou os joelhos caindo no chão.
- Acho que você não sabe dar ordens. – ofegou Cassie, no esforço de se controlar, para impedir-se de obedecer a maldição.
Lucius deu um passo na direção das duas, surpreso pela garota ter conseguido resistir à ordem.
Bellatriz gritou de raiva, faltou bater os pés. Agarrou o braço de Cassie empurrando-a para subir na mesinha, pegou as mãos da menina erguendo-as para prender as argolas em seus pulsos. Bateu o pé na mesa deixando Cassie, pequenina como era, ficar a uns bons centímetros do chão, os pulsos dilacerando pelas argolas de ferro. – Confortável? – a mulher perguntou com expressão de vitória.
- Na verdade, seria melhor se você estivesse aqui, mas já que não é possível. – Cassie respondeu tentando dar de ombros, a expressão tranqüila. Quase riu da cara de Bellatriz, mas no momento seguinte deu um grito de dor, contorcendo-se no ar, subindo mais alguns centímetros. Bellatriz perdera de vez a paciência, usando a maldição da dor mais terrível que Cassie poderia imaginar. Cruciatus.

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Próximo à Travessa do Tranco, Harry arquejou parando, caiu de joelhos apertando os braços ao redor do corpo. Não gritou porque simplesmente ficou sem fôlego.
- Harry! – Hermione e Rony ajoelharam-se ao lado dele, os três com as cabeças fora da Capa de Invisibilidade.
- Vamos. – Rony foi o que se recuperou mais rápido percebendo o quanto estavam desprotegidos. Ergueu o amigo pelo braço arrastando-o em direção a um beco escuro, sentou-o no chão. Harry suava e arfava procurando ar.
- Harry! O que houve? Sua cicatriz doeu? – Hermione perguntou assustada. – Ele está aqui? – sua voz saiu fraca, esganiçada, enquanto olhava dos lados como se Voldemort fosse aparecer a qualquer instante.
- Cassie... – Harry conseguiu dizer. – Cruciatus.
- O quê? – os amigos não compreenderam o que ele queria dizer.
Black deitou-se no chão, apoiando a cabeça nas pernas de Harry, os olhos castanhos fixos em seu rosto. Harry acariciou-o, respirando mais calmamente.
- Alguém usou Cruciatus em Cassie. – disse baixinho.
- Como...? – Rony espantou-se tanto que nem conseguiu completar a frase.
- Harry. Voldemort está fazendo isso com... – Hermione começou, mas Harry não a deixou terminar.
- Não. Estou sentindo algo vago a noite toda, como se Cassie estivesse ao meu lado pedindo para que eu não vá resgatá-la. Eu sinto a dor dela, e agora... Agora foi mais forte. Como se eu estivesse muito perto.
- Talvez a conexão entre vocês dois esteja agora funcionando dos dois lados. – Rony falou. – A Cassie sempre sonhou com você, não é? Talvez agora que vocês tenham se conhecido você também passe a ter sonhos com ela.
Hermione ficou pensativa durante alguns segundos, e depois concordou com Rony.
- É possível.
- Mas agora não é hora de ficarmos discutindo sobre isso. – Harry falou erguendo-se com dificuldade. – Cassie está em perigo. Vamos.
E Black novamente liderou o trio em direção onde sua dona estava.

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Cassie estava no limite, entre a dor e a consciência. Ouvia as vozes de Lucius e Bellatriz, mas não compreendia o que eles diziam.
- Se ele chegar aqui e encontrar a garota morta, eu vou rir muito quando ele matar você. – Lucius disse a Bellatriz.
- Calado. Ela não vai morrer, e ninguém disse que eu não poderia perguntar a ela o que sabe da profecia.
- Acho que você passou dos limites. – ele falou apontando para a garota que parecia ter desmaiado.
Bellatriz aproximou-se dela novamente erguendo-a pelos cabelos, dando de cara com Cassie de olhos semi abertos e com um sorrisinho nos lábios.
Cassie tinha corpo e mente, extenuados, mas não daria o braço a torcer de jeito nenhum, mostraria à Bellatriz do que Cassandra Cassiopéia Black era feita.
- Mais uma sessão? – sussurrou debochada.
- Se é o que quer. – Bella disse já apontando a varinha para Cassie, mas foi segura no pulso por Lucius.
- Você está caindo na conversa dessa garota. Não percebe sua idiota, que se matá-la o Lord não conseguirá arrancar nada dela? Que seus planos durante esse ano para agarrá-la terão sido em vão? É isso que essa menina quer, e você está fazendo seu papel direitinho. – Lucius rosnou para a cunhada que nesse momento pareceu conseguir se conter.
- Não me chame de idiota. – ainda disse, soltando-se do aperto de Lucius. Deu uma última olhada em Cassie e saiu da sala.
Cassie ficou encarando Lucius por alguns segundos até que ele também se virou afastando-se. Ela suspirou fechando os olhos, que bom se pudesse ficar desse jeito, estava cansada, com dor, e fraca, não sabia se agüentaria muito mais. Olhou para cima, o atrito com ar argolas havia causado feridas em seus pulsos, que estavam em carne viva, o sangue escorria por seus braços, mesmo assim tentou mexes os pulsos para tentar se soltar. Quase chorou com a dor, mas as argolas estavam bem apertadas. Parou um segundo pensando em uma nova estratégia. Uma idéia lhe ocorreu, e como não tinha mais nada para fazer mesmo, tentar se soltar pelo menos a faria não pensar.
Mordendo os lábios para não gritar, girou os pulsos dentro das argolas até conseguir agarrar as correntes, ergueu-se um pouco e deixou o corpo cair, puxando as correntes junto, testando o gancho onde elas estavam presas no teto. Ele balançou? Perguntou-se olhando para cima. Novamente fez o mesmo movimento. Sabia não ter muito tempo, depois de quatro tentativas, parou para descansar, frustrada. A dor já atingira patamares inimagináveis. Fechou os olhos controlando os tremores que passavam por seu corpo, estava esgotada. Não conseguiria, e não estava sendo pessimista. Se por acaso ela fosse um Goyle, já poderia estar no chão, mas era muito pequena e leve, o gancho nunca sairia do teto.
Nisso a porta se abriu e por ela passou Bellatriz arrastando Sonja Colomano consigo, Lucius parou à entrada balançando a cabeça. Não queria admitir, mas também estava curioso quanto à profecia, se Bella conseguisse fazer a garota falar ele também queria ouvir.
Sonja olhou a neta, pendurada nas correntes e deu um passo em sua direção, mas foi segura por Bellatriz.
- Não. Nada de sentimentalismos. – a comensal falou. – Agora priminha, que tal começar a falar? Ou sua querida vovozinha poderá sofrer muito mais do que você.
Cassie ia abrir a boca, quando Sonja deu uma risada de escárnio.
- Você é uma bruxa estúpida. Se tivesse feito seu dever saberia que Cassandra nunca falaria para me salvar.
- Ela foi até o castelo salvar os avós. – Bellatriz disse altiva.
- Ela foi ao castelo salvar os elfos. – Sonja falou encarando a outra como se ela fosse idiota.
- Mentira. – Bella sibilou.
- Tente. – Sonja a desafiou.
Cassie ofegou. O que a avó estava fazendo? Ia se pronunciar quando o olhar dela a fez calar. O que era isso? A avó estava se punindo por Cassie ter ido ao castelo? Cassie teria que vê-la ser torturada por Bellatriz e ficar quieta?
Bellatriz lançou um olhar a Cassie que tentou manter a expressão vazia, mas por dentro ela fervilhava. Então a maldição Cruciatus foi lançada em sua avó, e Cassie fechou os olhos com força, mas os gritos de dor da avó machucaram mais do que os seus ferimentos.
- Pare. – sussurrou.
- O quê? - Bellatriz virou-se para ela, e até Lucius desencostou-se da parede, atento.
- Eu disse para parar. – Cassie falou derrotada.
- Não. – Sonja deitada no chão olhou para sua neta. – Não. Deixe-me fazer isso. Deixe-me...
- Calada. – Bellatriz gritou dando um pontapé na mulher. – Fale. – ela exigiu parecendo em êxtase.
- A profecia... A profecia dizia... – Cassie começou.
- É a única coisa que posso fazer por você. – Sonja disse. - Não o traia. – conseguiu ainda falar antes de ser calada com o feitiço da língua presa.
Cassie olhou a avó no chão que suplicava com os olhos. Ela não iria trair Harry, é claro, mas ver a avó em agonia a fez dizer qualquer coisa.
- Fale. – Bella gritou.
- Harry lança um feitiço...
- Sim...
- E o Lord das Trevas...
- O Lord...
- Essas correntes estão muito apertadas, não consigo pensar direito. – Cassie falou com voz cansada.
- Você está brincando comigo? – Bellatriz urrou de raiva.
- De jeito nenhum. – Cassie fez cara de espanto, que convenceu até Lucius. – Vamos fazer o seguinte, você leva a minha avó lá para a cela dela, e eu te conto tudo.
- Não. Façamos melhor, você me conta tudo e eu deixo a sua avó viver.
Cassie encarou Bellatriz, e depois Sonja, que fez um aceno negativo para a neta.
- Tá. Eu posso beber água pelo menos?
- NÃO.
- Não precisa gritar.
Bella aproximou-se de Cassie pronta para matar a garota quando a porta foi aberta de supetão. Cassie que estava de frente foi a primeira a vê-lo.

HPHPHP

Black levou, Harry, Rony e Hermione diretamente para a loja da Borgin e Burkes.
- Aqui? – Rony sussurrou.
Os três, mais o cachorro, pararam num beco próximo olhando para a loja que estava em completa escuridão.
- Tem certeza? – Rony voltou a perguntar, e Black latiu parecendo confirmar.
- Eu vou entrar. – Harry não chegou a dar um passo, sua cicatriz doeu, cegando-o por alguns instantes, ele dobrou os joelhos apertando a cabeça, bateu-a no chão, tentando parar a dor, rolou de lado com lágrimas de dor deslizando de seus olhos fechados.
Hermione e Rony ficaram paralisados durante alguns segundos, mas logo se ajoelhavam ao lado de Harry erguendo-o.
- Ele... Está perto. – Harry conseguiu falar agoniado.
Rony agiu rapidamente pegando a capa e cobrindo-os. Black pareceu se fundir à noite escondendo-se o mais possível dentro do beco. Ficaram em silêncio. Logo viram um vulto escuro em frente à loja, ele ao menos olhou dos lados, entrou, sumindo em seu interior.
- Era ele? – Rony sussurrou assustado.
- Não. – Harry conseguiu dizer, mais controlado. – Pettigrew.
- Como você sabe?
- O brilho prateado em sua mão direita.
- Se o rato está aqui, isso significa... – Hermione começou a dizer.
- Que o gato está perto. – Rony completou. - Precisamos de ajuda. – ele disse com voz estremecida.
- De quem? – Mione perguntou.
- Esqueceu de quem está morando aqui no beco?
- Não. – Harry falou tentando se controlar. – Eu vou entrar sozinho.
- De jeito nenhum. – Mione e Rony disseram ao mesmo tempo assustados.
- Não posso colocá-los mais em perigo do que já estão.
- Nós vamos juntos, e não se fala mais nisso. – Hermione estava irredutível. – Mas sua idéia é boa Rony. Fred e Jorge podem ficar na retaguarda. Harry, tente se controlar, se você pode sentir Voldemort ele também pode sentir você. Tente fechar sua mente.
Harry sabia que Hermione estava certa. Tinha que se concentrar pelo bem de Cassie, e resgatá-la antes que ele chegasse.

HPHPHP

Em Hogwarts, a professora Minerva já tinha colocado os membros da Ordem presentes a par da fuga de Harry.
- O que faremos? – ela perguntou torcendo as mãos, aflita.
- Será que ele ouviu a nossa conversa? – Tonks perguntou aos outros.
- Se ouviu, não foi muito. Nem nós podemos saber onde é o esconderijo de Voldemort. – Lupin disse preocupado.
- Minerva, onde está Black, o cachorro de Cassandra? – Dumbledore perguntou depois de alguns segundos de silêncio.
- Ele não saiu do lado de Potter. Por quê Alvo?
- Acredito que o nosso garoto tenha sido mais esperto do que todos nós juntos. – Dumbledore falou e não pode deixar de sorrir, apesar de toda sua preocupação. – Vamos.

HPHPHP

Cassie por um momento estremeceu de medo, de que à entrada pudesse estar Voldemort, mas aquele era um homenzinho baixo, com uma cara parecendo um rato e uma mão direita prateada. Não demorou um segundo para identificá-lo. Pettigrew. O ser rastejante que traíra os Potter. O roedor culpado por seu pai ter ido para Azkaban. O canalha que ousara ferir Harry. Uma raiva absurda fez Cassie ver tudo em vermelho, esqueceu até das dores que sentia, se estivesse com sua varinha, varreria a terra desse ser abjeto.
Pedro Pettigrew ficou paralisado quando deu com os olhos escuros da garota, eram iguaizinhos aos de Sirius e olhavam-no da mesma maneira quando o encontrara da última vez. Cheios de ódio e vingança. Engoliu em seco desviando seus olhos.
- Ele está chegando. Ordenou que a mantivessem trancada. – ele falou não olhando ninguém em particular.
- O Lord está chegando? – Bellatriz perguntou assustada.
- Acho melhor você levar a garota e a velha para baixo. – Lucius disse como quem não quer nada.
- O que você está fazendo com ela? – Pettigrew perguntou afinal.
- Eu estava interrogando-a. – Bellatriz disse arrogante,
- E tirando toda a diversão do Lord? – o rato se assustou. – Ele não vai gostar, não vai gostar mesmo.
- O que o está atrasando? – Lucius perguntou, porque Bellatriz ficou estranhamente silenciosa.
- Severus está em reunião com o Lord.
- Severus? O que Severus pode ter a dizer ao Lord? – Bella exigiu saber.
- Se o Lord quisesse que eu soubesse não teria me mandado na frente, não é? – Pettigrew respondeu. – Agora acho que é melhor fazer o que ele mandou.
- Faça você mesmo. Essa garota me cansou. – e a mulher saiu da sala não esperando para ver se Pettigrew obedeceria.
- Lucius. – o homenzinho guinchou num pedido de ajuda.
- Tenho mais o que fazer. – e virou-se saindo dali também.
Pettigrew olhou para todos os lados, menos para Cassie que não havia tirado os olhos de cima dele. Primeiro ele pegou o braço da velha mulher que ainda estava deitada no chão e levou-a dali, arrastando-a. Voltou alguns minutos depois se aproximando de Cassie, mas parou ante a força do olhar dela.
- Quando eu descobri sobre você... – ela começou a dizer baixinho, quase num sussurro. – Lancei uma maldição cigana. – a voz de Cassie fez o homenzinho estremecer de medo.
- Não parece ter funcionado. – ele falou, sem encará-la.
- Você perdeu uma mão não é? Eu não diria que não funcionou. – ela ironizou. – Mas terá mais, não se preocupe. Não é uma maldição de morte, é uma maldição de dor e sofrimentos infinitos. – ela falou encarando-o com os olhos semi-cerrados.
Pedro Pettigrew arrepiou-se, e torceu as mãos nervosamente. Sabia da família da garota, repleta de ciganos assustadores, e descendentes do primeiro vampiro, o mais sanguinolento de todos, que tinha prazer em torturar suas vítimas.
- É isso mesmo, seu verme. Eu sou descendente daquele que empalava suas vítimas, bebia seu sangue e se comprazia em vê-los se contorcer em agonia. – ela disse parecendo ler seus pensamentos. Era tão fácil assustá-lo, se sua situação não fosse tão ruim, estaria se divertindo.
Pettigrew deu um passo atrás, aterrorizado, olhou-a nos olhos e foi a sua perdição. Não conseguia desviá-los.
- O... O que você... Fez comigo? – ele esganiçou.
Mas Cassie não conseguiu terminar de aterrorizar sua pequena vítima. Gritos próximos, a fizeram olhar a porta que foi aberta com um estrondo e por ela passou Harry de costas lançando feitiços para todas as direções.
- Harry! – ele virou-se dando com Cassie pendurada por correntes e Pettigrew em frente a ela. O cara de rato pareceu se mover lentamente, até chegou a erguer a varinha, mas Harry foi mais rápido desarmando-o e em seguida paralisando-o.
Harry ergueu a varinha abrindo as argolas que prendiam os pulsos de Cassie e pegou-a pela cintura antes que caísse.
- Você está bem? – ele perguntou olhando-a preocupado.
Cassie bateu no braço dele, de leve.
- O que, por Vlad, você está fazendo aqui?
- Ei, é assim que me agradece pelo seu salvamento? – ele brincou, aliviado por vê-la viva.
Cassie encarou-o por segundos e jogou os braços em volta do pescoço dele.
- Fiquei com medo de não vê-lo nunca mais. – sussurrou.
Harry apertou-a nos braços engolindo em seco. Se ela ficara com medo, ele ficara aterrorizado.
- Vamos sair daqui. – ele disse, dando um passo para frente, mas Cassie deu uma vacilada sobre as pernas. – Tudo bem? – Harry perguntou segurando-a pela cintura.
- Acho que sim. – ela falou respirando várias vezes, tentando controlar as dores.
- Deixe-me ver isso. – Harry falou pegando as mãos dela. – Está feio. – estava horrível na verdade. A pele lascada, dava a Harry a impressão de ter chegado no osso do pulso, ele não sabia como ela estava se controlando. – Temos que cuidar disso.
- Depois. – ela falou. Não queria olhar os ferimentos, vê-los parecia que fazia com que doessem mais ainda.
- Agora. – Harry foi irredutível. Rasgou as mangas da camiseta que usava, usando-as como curativos para os pulsos de Cassie. – Vai ter que servir por enquanto. – falou terminando de enfaixar.
- Você não deveria ter vindo. – ela falou preocupada.
- Você não viria?
Os dois encaram-se por alguns segundos, ambos sabendo a resposta àquela pergunta.
- Vamos. – disse ele puxando-a em direção à porta.
- Minha varinha. – ela falou apontando a mesinha.
- Accio varinha da Cassie. – Harry disse entregando a ela a varinha quando esta voou direto para sua mão.
No corredor Cassie viu Hermione enfrentando Lucius, feitiços voavam de todas as direções.
- Bellatriz. Ela está aqui. – Cassie disse procurando a bruxa.
- Eu a tranquei numa sala. – Hermione falou a ela.
- Minha avó. – Cassie gritou lembrando-se da velha senhora presa nas masmorras. – Harry, eles prenderam a minha avó. - ela disse olhando-o, assustada.
- Onde?
- Lá em baixo.
- Hermione...
- Eu posso cuidar de tudo. – ela gritou. – Vão.
- Não. – Cassie barrou Harry. – Você ajuda Hermione, eu busco minha avó.
- Cassie... – Harry não queria que ela ficasse longe de suas vistas de novo, além de que ela estava fraca, mas também não podia abandonar a amiga. Olhou de uma para a outra, indeciso.
- Fica. Não tem mais nenhum comensal aqui. – Cassie decidiu por ele e saiu correndo.
Arrebentou a porta entrando no corredor.
- Vovó. – gritou.
- Cassandra. – a velha senhora assustou-se ao ouvir a voz da neta.
- Afaste-se. Explodere. – usou um feitiço para explodir a fechadura. – Vamos. – falou pegando a mão da avó e levando-a para a porta.
Não deu tempo de chegarem até ela. As poucas luzes das tochas se apagaram, deixando ambas no escuro. Cassie sentiu o frio intenso. A respiração saindo em golfadas geladas. Arregalou os olhos, mas nada via, sentiu o aperto na mão que a avó segurava e isso lhe fez sair do torpor em que estava.
- Lumus. – acendeu a varinha em tempo de ver-se cara a cara com a forma sinistra de um dementador, as mãos em garras pousaram em seus ombros, e foram baixando-a lentamente. Cassie dobrou os joelhos, os olhos arregalados de terror, não se desviando do que via a sua frente, o capuz do dementador caiu para trás, ela gritaria se encontrasse sua voz.
- EXPECTO PATRONUM! – outra voz gritou e um cervo enorme galopou pelo ar na direção do dementador que quase encostava a boca em Cassie. O cervo colidiu com o dementador jogando-o longe, virou-se para o outro que saiu voando, eles passaram por Harry que corria na direção de Cassie e da avó.
- Você está bem? – perguntou ajoelhando-se ao lado dela.
A menina acenou que sim, ainda sem voz e olhou para a avó que tremia ao seu lado.
Harry ergueu-a segurando sua mão com firmeza. Cassie passou o braço livre pelos ombros da avó e os três subiram as escadas saindo das masmorras.
O caos imperava lá em cima. Lucius Malfoy agora duelava contra Hermione, de um lado e Rony, Fred e Jorge do outro, estava em desvantagem, mas o medo que sentia do Lord, caso perdesse, era maior, por isso ele estava particularmente ensandecido.
- Vamos sair daqui. – Harry gritou.
Nisso Bellatriz apareceu vinda de outro corredor, com Rabicho seguindo-a. Pelo jeito o rato acordara e libertara a bruxa.
- Vocês não vão escapar. Não deixe Lucius. Não deixe. – e gritando alucinada a bruxa começou a lançar feitiços em todas as direções.
Fred e Jorge que estavam mais perto da saída, retrocediam aos poucos. Rony voltou para ajudar Hermione que combatia contra Lucius.
- Expelliarmus. – Harry gritou para Bellatriz, mas ela conseguiu se proteger e lançando feitiços os fez recuar para a mesma sala onde Cassie havia ficado presa.
- Vibrare. – Cassie apontou a varinha para uma mesa cheia de objetos que começaram a trepidar. - Velocitatis. – ela gritou movendo a varinha na direção de Bellatriz, que entrava na sala nesse momento. Os objetos saíram voando velozes, chocando-se com ela que acenava com a varinha afastando um a um os pequenos torpedos.
- Paralysis. – Harry aproveitou a distração dela paralisando-a no lugar, ela ficou parada com a varinha erguida no ar.
Quando iam saindo, outra vez recuaram, pois Rabicho entrava com a varinha apontada para Harry, que ficou na frente de Cassie e da avó dela.
- Vai me matar Rabicho? – Harry perguntou em tom sério.
A mão de Pettigrew que segurava a varinha tremeu.
- Não podem sair daqui. Não podem sair... – ele esganiçou trêmulo.
Harry ia desarmá-lo quando Pettigrew em vez de prendê-los resolveu ajudar Bellatriz, livrando-a do feitiço que Harry lançara. Ela gritou raivosa, esquecendo-se das ordens do seu senhor:
- Avada Kedrava. – o feitiço foi direto na direção de Cassie, mas a avó colocou-se na sua frente recebendo no peito a maldição mortal.
Cassie gritou, e Harry conseguiu jogar-se por cima dela, lançando feitiços ao mesmo tempo, ouviu um grito de dor, e escapou de um jato verde que passou raspando por seus cabelos, ambos caíram no chão derrubando uma das mesas junto com os objetos que caiu por cima deles. Ele procurou rápido a posição de Bellatriz, mas eles estavam perdidos, a mulher aproximava-se rapidamente com a varinha apontada para eles, cobriu Cassie com o corpo e esperou o disparo, que não veio.
Black entrou na sala nesse momento e num salto incrível, atacou Bellatriz abocanhando o pulso da mão que ela segurava a varinha, deixando-a cair. Isso deu tempo a Harry de se levantar, e lançar um feitiço na mulher:
- Estupefaça. – Bellatriz saiu voando pela sala, bateu na parede e escorregando para o chão, lá ficou, em uma posição não muito digna.
- Não... Não pode ser. – eles ouviram Pettigrew murmurar olhando Black assustado. – Você morreu... Morreu. – e apontou a varinha na direção do cachorro, mas Cassie agiu rápido.
- Expelliarmus. – não deu tempo dele lançar o feitiço. – Idiota. – ela gritou aproximando-se dele e dando-lhe um soco que o derrubou no chão.
- Cassie. – Harry a segurou, pois ela estava pronta para continuar socando o homenzinho.
Cassie parou, respirando fundo para se controlar. Olhou do lado vendo a avó caída no chão, aproximou-se, ajoelhando-se ao lado dela, fechou seus olhos. Não havia lágrimas, somente a dor de ter perdido algo que nunca realmente teve.
- Vamos. – Harry a puxou, erguendo-a. – Black. – chamou o cachorro.
Os dois já estavam saindo da Borgin e Burkes, Rony e Hermione finalmente tinham estuporado Lucius que estava caído no corredor, os dois corriam na frente, quando Harry gritou de dor colocando a mão na cicatriz.
- Corre. – sussurrou para Cassie, tentando ficar consciente, tentando não cair, tentando fechar sua mente.
Cassie não correu, simplesmente porque ficou paralisada no lugar, observando a aproximação de um vulto alto, a respiração arfante, o olhar arregalado do mais puro terror, fixo nos olhos ofídicos de Lord Voldemort que mantinha sua mão, que carregava a varinha, erguida em direção aos dois.
Harry colocou-se à frente dela, pronto para lutar, tinha prometido a si mesmo tirar Cassie dali, mas não foi preciso nenhum ato extremo, nesse momento vários bruxos apareceram correndo vindos de diversas lugares, lançando feitiços em direção a Voldemort, que gritou de fúria, entrando na Borgin e Burkes, sendo seguido pelos bruxos.
Harry havia se jogado em cima de Cassie para que nenhum raio os atingisse.
- Cassie, você está bem? – ele perguntou apoiando as mãos no chão para olhar a garota.
Cassie tinha os olhos vidrados, arregalados de terror, presa dentro de si mesma.
- Cassie! – Harry gritou chacoalhando-a pelos ombros. – Cassie!
- Harry! – alguém tentava afastá-lo dela.
- Não. O que ele fez com ela? O que ele fez? – perguntou desesperado virando-se para a pessoa que o segurara pelos ombros.
- Ela está tendo uma visão. – Dumbledore disse colocando a mão na testa da garota. Falou algumas palavras que Harry não entendeu, mas que a ele não pareceram surtir efeito. De novo ele tentou e Cassie mexeu-se levemente.
- Não. – Cassie falou baixinho. – Não. Harry! – agora chorando com tanta agonia que Harry não agüentou, afastou o professor abraçando a garota.
- Tudo bem Cassie, tá tudo bem. Estou aqui e você está comigo. Ninguém vai feri-la, eu não vou deixar. Psiu. Tudo bem. – ele a consolava tentando acalmá-la.
Hermione, com lágrimas nos olhos e Rony abraçado a ela, fitavam o casal.
- Ele fugiu. – Lupin disse parando ao lado de Dumbledore. – Ela está bem? – perguntou observando Cassie que ainda chorava nos braços de Harry.
- Vai ficar. – Dumbledore, preocupado, esperava que estivesse com a razão. – Temos que sair daqui. – falou dando ordens aos bruxos ali presentes, e tomando controle da situação.

Continua...

N.A.:
Foi mal a demora, acabei esquecendo de postar no site..ehehe
Acho que é isso... Como sempre, nunca fica do jeito que eu quero... ahahaha... Mas tá bom, espero que vocês concordem comigo, caso aconteça o contrário, por favor digam.
Ah sim, e se vocês leram HP7 e perceberam alguma similaridade nas cenas, por favor, me falem, talvez eu esteja com o livro na mente e tenha sem querer plagiado algo... Na verdade eu precisei desistir de algumas cenas... kyakyakya... Não que seriam iguais, ou até mesmo parecidas, mas poderia lembrar... E vou ficar por aqui nesse assunto, para não deixar escapar nenhum spoiler.
Pessoal, estamos na reta final, se tudo sair como quero, o próximo capítulo será o último... Ufa... Sem dúvida nenhuma essa fic foi a mais complicada de escrever, apesar de eu saber como a queria, Harry Potter não é fácil. Eu sei que demorei e andei irritando alguns leitores, acredito que alguns tenham até desistido, mas eu fiz o meu melhor, e da melhor maneira possível. Espero que vocês tenham entendido, que eu tenho vida própria, e outros projetos em andamento.
Qualquer erro nos feitiços, nas cenas, nos personagens, comuniquem, OK?
Andei inventando alguns feitiços, sei lá se ficaram legais... em todo caso:-
Explodere – para explodir, como o próprio nome já diz.
Vibrare – faz os objetos vibrarem
Velocitatis – para dar velocidade a objetos.
Paralysis – uma versão de Petrificus Totalus.
E é isso aí.
Ah, eu sempre esqueço, valeu Mar, pela revisão... Você é um amor.
Beijos e até o cap. final.
“Rô”

Notas da Marjarie:-
Ai meu coração. A Rô sabe escrever cenas de ação de tirar o fôlego. Tô de olhos vidrados aqui, meio petrificada depois de tudo. Nossa, achei esse capítulo o máximo dos máximos. Cheio de emoção. A Cassie foi fantástica! Virei fã. O Black, uau, que cachorro inteligente, quero um desses prá mim. E o Harry tava aquela coisa fofa e preocupada que eu adoro.
E sério que o próximo capítulo é o último? Como assim? Já tô votando por um epílogo hahahahaha. Acho que a Rô me bate por um pedido desses hehehe. Mas é que já tô com saudades da fic. Ainda mais por eu ter me encantado tanto com o casal principal. A Cassie é mil vezes melhor que a Gina. E o Harry assim tão romântico dá vontade de pegar no colo e trazer para casa hihihihi.
Ah, nem sei o que falar. Tô toda boba aqui.
Beijão
Mar





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