Capítulo 19




DESTINOS ENTRELAÇADOS


Autora: Rosana (Rô)


Revisora: Marjarie


Capítulo 19


Harry, sentado em uma das camas da enfermaria em Hogwarts, observava o sono agitado de Cassie na cama ao lado. Ela já estava dormindo por dois dias, remexendo-se e falando seu nome algumas vezes, em evidente agonia. Dumbledore tentara acordá-la, mas a garota não abrira os olhos. O velho bruxo estava a um canto conversando com Madame Pomfrey, ambos discutindo a melhor maneira de proceder.


- Harry! – Mione aproximou-se do amigo torcendo ambas as mãos. – Por que você não vem com a gente comer alguma coisa?


- Isso. – Rony falou. – Seria melhor você descansar um pouco. Dumbledore chama você caso a Cassie acorde.


- Caso ela acorde? – Harry fitou o amigo, que ficou sem graça pela péssima escolha de palavras. – Ela vai acordar. – continuou, voltando a olhar a garota. Aproximou-se dela segurando sua mão. – Por favor, Cassie. Abra os olhos! – implorou.


Black, deitado no chão, ganiu baixinho.


HPHPHP


Gritos! Destruição! Sangue!


Para onde olhasse, era somente o que via. Pessoas andando desoladas. Os olhos vazios. Vazios de esperança. Vazios de sentimentos. O terror chegara e não iria embora, pois a esperança morrera. Junto com Harry Potter.


Era isso que a mente de Cassie lhe projetava, por mais que ela não quisesse ver, por mais que tentasse barrar, não conseguia.


Quando seus olhos encontraram os de Lord Voldemort, ela levara um choque. Tudo o que sabia sobre Oclumência parecia ter se evaporado naquele simples segundo.


Sua mente viajara para o futuro, ela queria acreditar que fosse um impossível futuro, mas não conseguia sair dele. Ouvia Harry chamá-la, pedindo que abrisse seus olhos, ela tentava, forçava, mas sua mente voltava para esse mundo de destruição e terror.


Era um lugar escuro e cinzento. Feio, com névoa e sombras. Não conseguiria sair dali. Não conseguiria, pensou agoniada.


- Harry! – sua voz saiu baixa, trêmula, com medo. Estava com tanto medo.


Encolheu-se, abraçando-se.


Foi quando sentiu alguém tocar seu ombro. Lentamente virou-se, dando com a sombra de um homem alto, moreno, num primeiro momento não o reconheceu.


- Cassie! – Sirius falou estendendo a mão para ela.


Ela não deu a mão para ele, nem se levantou, ficou apenas ali, olhando-o.


- Ele morreu. – falou baixinho, lágrimas deslizando por seu rosto.


- Não. Não, Cassie. – ele disse abaixando-se ao lado dela. – Harry está vivo.


- Mas morrerá. E eu não poderei fazer nada! – ela gritou agoniada.


- Nós fazemos nosso próprio destino. Não é porque você está vendo este futuro que ele já está escrito. Você pode mudá-lo. Reescrevê-lo.


Cassie olhou para o pai. Entendia o que ele lhe dizia. Mas não via como poderia ser possível mudar este futuro, seu otimismo abandonara-a completamente. Estava sem esperanças.


Acenou que não com a cabeça. Engoliu em seco, tentando falar.


- Nunca foi assim. – disse olhando dos lados. – Tão nítido. Tão intenso. Não vejo no que eu possa mudar algo.


- Presta atenção. – Sirius segurou-a pelos braços. – Isto só se tornará real se você quiser, se deixar que seu coração carregue esse mundo de destruição. Você é forte. É decidida. Pode fazer o que quiser. Afinal... – Sirius sorriu de lado. – Você é uma Black. É a filha de Sirius Black.


Cassie ficou encarando o pai nos olhos, agora já chorava copiosamente. Jogou os braços ao redor do pescoço de Sirius.


- Pai! – falou pela primeira vez. – Perdão por não ter ido conhecê-lo. Eu queria tanto... tanto...


- Eu sei. Eu sei. – ele disse baixinho, engolindo em seco.


Ficaram abraçados por longos minutos, até que Sirius afastou-a. Olhou-a, secou-lhe as lágrimas e ergueu-se, trazendo-a junto.


- Agora você tem que acordar Cassie. Não pode deixar aquele garoto no desespero em que ele está.


- Você vem junto? – ela perguntou.


- Essa é nossa despedida.


Cassie entendeu que Sirius não voltaria mais em seus sonhos nem nos do Harry.


- Encontrou o seu lugar?


- Encontrei. – ele respondeu e olhou por cima da cabeça da garota.


Cassie seguiu seu olhar, observando três vultos se aproximando. O coração deu um salto no peito, ao reconhecer uma das mulheres. Sua mãe. Não disse nada, apenas aproximou-se dela abraçando-a fortemente.


- Obrigada! – disse baixinho, com voz abafada pelo forte abraço da mãe.


- Eu faria tudo de novo. – a mãe sussurrou em seu ouvido.


Cassie olhou do lado, vendo Thiago e Lílian Potter.


- Prometo cuidar dele. – disse. A Cassie decidida aos poucos de volta.


- Eu sei querida, confio em você. – Lílian falou. – Pode dizer a ele que o amamos? – pediu segurando a mão de Thiago.


- E que estaremos sempre com ele. – Thiago completou.


Cassie acenou que sim com a cabeça.


De repente, percebeu tudo ao seu redor mudar, tornar-se mais claro, nítido. Um gramado muito verde se estendia em todas as direções. Já não via pessoas sem expressão, e sim rostos felizes. Ao longe uma criança corria sorridente. Cassie tinha a nítida impressão de conhecê-la. Virou-se para perguntar aos pais quem era a criança, mas eles já não estavam mais ali. Sorriu, a esperança já brotando de novo em seu coração.


- Adeus!


HPHPHP


Harry, depois de dizer aos amigos que não sairia dali, ficara sozinho no quarto com Cassie. Percebeu a mudança no sono dela, ficara mais tranqüilo, ouviu quando ela disse adeus baixinho, e isso o assustou mais do que tudo. Estava perdendo-a. Cassie estava morrendo.


- Cassie! Não faça isso. Cassie! – gritou alto.


- O que foi? – ela perguntou com a voz fraca, quase um gemido.


Harry olhou-a surpreso. Cassie abrira os olhos e encarava os verdes de Harry, que estavam angustiados.


- Que foi? – repetiu a pergunta agora preocupada. – Que aconteceu? Alguém morreu?


Harry fechou os olhos agradecendo em silêncio. Num rompante, ergueu-a da cama, abraçando-a forte. Cassie retribuiu o abraço sufocante, mas bem vindo.


- Nunca mais me assuste assim. Pensei que ia perder você. – ele disse baixinho.


- Desculpa.


- Você disse adeus... Pensei... – não conseguiu completar a frase.


- Foi para meus pais.


Harry afastou-se, segurando-a pelos ombros.


- Viu Sirius? E sua mãe? – Harry perguntou aterrorizado.


- Foi. – ela concordou, não percebendo o horror dele ao imaginá-la no plano do além.


- Na sua visão Cassie? – Dumbledore, parecendo ter se materializado do nada, se fez presente nesse momento.


- É. – ela falou desviando os olhos dos dois. Não queria falar sobre sua visão.


- O que você viu? – Harry perguntou.


Cassie acenou que não com a cabeça. Engoliu em seco e encarou Harry. Abraçou-o, escondendo o rosto na curva do pescoço dele, e disse:


- Não quero falar nisso.


- Está bem. – Dumbledore disse trocando um olhar com Harry. – Você nos conta quando achar que pode.


Ela acenou que sim, ainda nos braços de Harry. Um ganido a fez olhar de lado, dando com os olhos castanhos e meigos de Black.


- Ei garoto. Vem aqui. – falou batendo na cama ao seu lado, sendo prontamente atendida. O canzarrão deu um salto, pulando em cima da cama de Cassie, derrubando-a sobre o travesseiro e cobrindo-a de lambidas.


Harry percebeu a sutil mudança na menina. Antes ela teria gargalhado com a afobação do cachorro, mas agora somente sorriu.


Seja lá por onde Cassie andara em seu mundo de sonhos, o que ela vira a mudara de tal maneira que parecia ter levado uma parte da alegria sempre presente nela.


Nesse momento, Madame Pomfrey ralhou com Black, mandando-o descer da cama. Cassie deu um tapinha carinhoso na cabeça do cachorro e o fez descer, mas agora ele parecia estar mais alegre por ter a dona de volta.


- E minha avó? – ela perguntou olhando para Dumbledore.


- Cuidei do enterro dela.


Cassie franziu o cenho, tentando não chorar.


- Dormi muito tempo? – perguntou.


- Dois dias. – Harry disse.


- Você, por outro lado, parece não ter dormido nada. – ela falou preocupada, reparando nas olheiras de Harry.


- Não muito. – ele disse sorrindo para ela.


- Por que não vai descansar?


- Daqui a pouco. – ele disse segurando a mão dela. Agora que ela acordara, não queria mesmo sair do seu lado.


- Preciso ficar na enfermaria ainda? – Cassie perguntou olhando de Dumbledore para Madame Pomfrey.


- Sim querida. – Madame Pomfrey disse. – Você está fraca, depois desses dois dias.


- Amanhã nós veremos como você estará. – Dumbledore disse. – Descansem. – falou olhando para os dois garotos e saiu da enfermaria.


Madame Pomfrey virou-se para Harry para dizer que ele teria que sair, mas ele foi mais rápido.


- Nem perca tempo, não saio daqui. – ele disse.


À enfermeira só restou engolir o que iria dizer. Foi para sua sala resmungando contra garotos teimosos.


Cassie deitou-se na cama observando o teto da enfermaria. Harry apenas esperava, sentia que ela ia começar a falar, e não precisou esperar muito, mas ficou surpreso com o que ela disse.


- Vi seus pais.


- Cassie...


- Não se preocupe. Eu não estava morta quando os vi. – ela falou entendendo a preocupação dele. – Eles apareceram na visão do meu mundo futuro. Pediram que eu lhe dissesse que o amam. – olhou-o, dando um leve sorriso. - O Sirius sabia. – suspirou triste.


Ela não precisou dizer o quê Sirius sabia, Harry entendeu.


- Eu sei. – ele não queria perguntar, mas acabou não resistindo. – Que mundo era esse Cassie?


Ela sentou-se na cama de supetão. Passou as mãos pelos cabelos e deitou a cabeça nos joelhos, parecia angustiada.


- Cassie! – Harry sentou-se na cama atrás dela e tocou-a no ombro.


- Não quero falar Harry... Não quero lembrar do que vi. – engoliu em seco. – Não quero que aconteça, se eu não pensar, não vai acontecer. Meu pai disse que nosso futuro não está escrito. Que eu posso mudar o que vi. Que ele se tornará real somente se eu não fizer nada.


Ela virou-se para ele segurando-o pelo rosto.


- Não me peça para contar o que eu vi, Harry. Não foi bonito. – Cassie sentiu sem querer, que seus olhos se encheram de água. – Eu tive medo. Estava sozinha. E fiquei com muito medo.


Harry abraçou-a apertado. Nem imaginava o que Cassie tinha visto, pois nunca a vira reagir dessa maneira, mas se ela não queria falar sobre o assunto, ele não insistiria.


- Esqueça. Pense em outro futuro, um que você queira construir. Um em que você esteja feliz, e de preferência que eu esteja junto. – ele brincou.


Cassie sorriu e lembrou-se da criança e das mudanças que ocorrera na sua visão.


- Sabe. Acho que meu pai estava certo. Depois que eu o vi, e seus pais, tudo foi mudando, e vi uma criança correndo ao longe, ela parecia feliz. O que será que quer dizer?


- Uma criança correndo feliz talvez seja sinal de que tudo ficará bem, não?


- É um bom motivo.


- Tenha isso em mente.


Os dois ficaram muito tempo abraçados, até que Harry sentiu-a relaxando. Cassie dormira em seus braços. Harry a deitou lentamente, e ficou observando o sono dela agora mais calmo. Pensativo, sentou-se em uma cadeira ao lado. Tinha a impressão de que tudo mudaria. Seja lá o que Cassie vira num futuro não muito distante, coisas terríveis poderiam acontecer. Não queria e não ficaria nem mais um minuto longe dela. Tinha que pensar muito bem no que faria de agora em diante, mas tinha uma certeza. Os dois ficariam juntos, e isso era uma promessa.


HPHPHP


Cassie ainda ficou mais um dia inteiro na enfermaria. Se fosse em uma outra época, ela faria da vida de todos um inferno, para poder sair o mais rápido dali, mas fora algumas poucas perguntas de quando poderia sair, ela ficara calma e tranqüila, era quase como se estivesse com receio de enfrentar o mundo fora daquelas paredes.


Harry não saiu de seu lado, Dobby sempre trazia as refeições dele. Dudu recuperado, graças à incrível resistência física dos elfos, saíra da enfermaria um dia depois que Cassie chegara, Dobby tivera que arrastá-lo, pois ele não queria sair dali.


Rony e Hermione iam e vinham, até que chegou o dia do retorno para casa.


E assim estavam os quatro na enfermaria discutindo sobre onde Cassie ficaria nas férias de verão. Na verdade, quem discutia o assunto eram Harry, Rony e Hermione. Cassie sentada na cama, já trocada para sair da enfermaria, fitava, pensativa, o dia claro e ensolarado que via pela janela, passando a mão na cabeça de Black que estava deitado ao seu lado.


- Ela pode ficar em casa. – Rony disse. – Mamãe ficou se martirizando depois do Natal. Está louca para mimar a Cassie.


- Não Rony. Ela vai lá para casa. – Mione o contradisse. – Já falei com meus pais, e essa é a melhor solução.


- Eu não sei por que eu não posso escondê-la debaixo da minha capa. Ela pode ficar na casa dos Dursley. Só eu sei em como seria o máximo ter companhia. – Harry falou pela terceira vez, cruzando os braços, emburrado.


Recebeu dois olhares diversos. De Hermione como a dizer que ele estava ficando maluco. E de Rony, em como ele era esperto em querer a namorada em seu quarto, mas que não iria rolar.


Dumbledore entrou na enfermaria interrompendo o reinício da discussão.


- Prontos para irem?


- Na verdade, não decidimos ainda onde Cassie vai passar o verão.


- Já perguntaram a ela? – Dumbledore olhou-os de cenho franzido.


Os três se viraram para Cassie surpresos.


- O quê? – ela perguntou, somente nesse momento percebendo que a enfermaria ficara silenciosa e esperavam uma resposta sua.


- Você quer ficar lá em casa, não? Mamãe ordenou que eu a levasse. – Rony foi o primeiro a dizer.


- Não Cassie, você vai lá para casa, daqui um tempo nós duas iremos para a Toca.


Chamando-se de obtuso por não levar em conta o que Cassie gostaria de fazer, Harry ficou em silêncio.


Cassandra olhou os amigos e Harry que evitava encará-la. Por dentro deu um de seus sorrisinhos marotos, e Harry percebeu os olhos brilhantes da namorada.


- Eu vou para o meu apartamento. – disse enfim.


- O quê? – Rony e Mione perguntaram ao mesmo tempo. – Que apartamento? – perguntaram de novo espantados, e olharam-se com irritação. Isso estava virando rotina.


- Minha mãe me deixou um apartamento em Londres. Eu vou pra lá. Fica perto do Beco Diagonal.


- Sozinha? – Mione se preocupou.


- Acho que não tem problema, ninguém conhece o lugar.


- Há também outro assunto. Você precisa ir para a Romênia, resolver sobre sua herança, já que seus avós faleceram. – Dumbledore disse a ela.


- Que herança professor? Meu avô me tirou do testamento, lembra? Não sou mais Colomano.


- Sua avó não pensava assim. A parte dela coube a você. E como seu avô morreu antes, isso quer dizer, tudo. O castelo, os elfos, as propriedades... Tudo é seu.


Essa informação deixou Cassie sem palavras.


- Mas a Cassie não pode ir sozinha, professor. – Hermione tinha medo do que poderia acontecer com a amiga zanzando pela Europa.


Cassie olhou para Harry, esperando que ele se pronunciasse, seus olhos se encontraram, os dois pensando a mesma coisa.


- Posso falar com a Cassie? – Harry perguntou, sem tirar os olhos dela.


Dumbledore olhou os dois adolescentes, e percebeu que eles já sabiam o que fazer.


- Você vai é tentar convencer a Cassie a ficar no seu... – Rony foi interrompido pelo forte pisão no pé que levou de Mione, que apontava para Dumbledore, que o fitava curioso. Começou a tossir engasgado, acenando que não conseguiria falar, correu a tomar água.


Cassie pulou da cama, com Black seguindo-a.


- Fica Black. Eu já volto. – disse a ele. Andou até Harry segurando-o pela mão e ambos saíram da enfermaria.


Em silêncio percorreram as escadas, encontrando vários estudantes que paravam para cumprimentá-los, mas Harry continuou puxando-a pela mão e seguiu em frente. Tinha um lugar em mente. Um lugar que tinha certeza, ninguém os interromperia. Ele subiu as escadas, rumo ao sétimo andar. Num dos corredores, deram de cara com Snape. Cassie parou de repente, encarando o professor.


- Parece que tenho que agradecê-lo. – ela disse depois de algum tempo.


- Não é necessário. – o homem falou.


- Tá bem. – Cassie não insistiria no assunto.


Harry fitou o professor que mais odiava no mundo, mas no fundo, se não fosse por ele, não saberia por onde começar a procurar Cassie.


- Mesmo que você não queira... – Harry disse fitando-o. – Obrigado.


Snape fitou os dois jovens, e sem dizer mais nada, seguiu caminho.


Harry e Cassie observaram o professor amargo virar na esquina do corredor.


- Você sabia que ele amava sua mãe? – Harry perguntou.


- Desconfiava. – ela falou dando de ombros. – Você acha que foi por ela que ele me ajudou?


- Com certeza.


Cassie acenou com a cabeça, e os dois chegaram até um corredor do sétimo andar, mais precisamente no trecho onde havia uma parede lisa em frente a uma enorme tapeçaria.


Harry passou três vezes pela parede, mentalizando exatamente o que queria. Cassie observava-o confusa, quando na parede lisa começou a aparecer uma porta, só então se deu conta de onde estavam. Na Sala Precisa.


Quando Harry abriu a porta para Cassie passar, ela entrou e ficou abismada com o que ele imaginara. As paredes da sala estavam revestidas com tecidos leves e coloridos. Vários sofás com almofadas de diversas cores estavam espalhados pelo lugar.


- É perigoso ficar sozinha. – Harry disse depois de alguns minutos de silêncio, como se continuasse uma conversa interrompida.


- Não creio que ele vá atrás de mim novamente.


- Por que acha isso?


- Tenho a impressão de que ele tem coisas malignas mais importantes nesse momento, do que descobrir como vai ser o futuro. Não me peça para explicar. É só uma sensação. Além do quê...


- Além do que...?


Cassie olhou Harry nos olhos.


- Seu aniversário está próximo e não será mais necessário ficar sob a guarda da sua tia.


- É verdade. – ambos pensando o mesmo. Voldemort teria outro alvo em mente.


Cassie esperou, mas Harry não disse mais nada. E agora? Convidava-o para ficar no apartamento em Londres? Estranhamente estava tímida.


- Sabe... – Harry começou. – Enquanto você dormia, eu pensei em muitas coisas. A primeira foi em me separar de você.


Cassie virou-se rapidamente para ele, assustada.


- Mas assim que a idéia me veio eu já a descartei. – ele disse rapidamente ao ver a reação dela.


- Sorte sua. – Cassie disse baixinho.


Harry sorriu ao ouvi-la.


- Então... – ele continuou agora meio sem graça. – Bom... Então pensei que... – definitivamente não sabia como continuar.


Cassie fitava Harry confusa. Ele estava meio sem jeito ou era impressão sua?


- O que foi? – ela perguntou.


Harry desviou os olhos dos dela.


- Harry! – Cassie chamou-o tocando-lhe o braço.


Ele a encarou, sério.


Cassie deu uma risadinha, e resolveu ajudá-lo.


- Você quer que eu fique na casa de seus tios? E eu viveria debaixo da sua capa de invisibilidade? Como eu iria ao banheiro? Só quando você fosse... Hum, não daria certo. E se eu fosse sozinha, seria estranho a porta estar trancada... Isso seria um problema, fora que viver num quarto me deixaria maluca. E já pensou no Black? A compensação seria que eu ficaria com você o tempo todo e... – ela não conseguiu terminar, pois Harry segurou-a pelos ombros, puxando-a para si e beijando-a com um toque de desespero.


Cassie ficou surpresa, mas somente por alguns segundos, logo estava retribuindo quase com o mesmo desespero dele.


Harry foi inclinando o corpo de Cassie, até que ela deitasse em um dos sofás, o beijo ficando cada vez mais quente. Ele deixou a mão deslizar pela cintura dela, acariciando a pele que a camiseta deixara a mostra. Ela não reclamaria, pois estava ficando cada vez melhor. Mas nesse momento Harry pareceu se dar conta de que as coisas estavam avançando muito rápido, e tentou afastar-se, mas Cassie segurou-o pelo pescoço.


- Fazia tempo que você não me beijava. – ela disse baixinho.


- Concordo. – ele retrucou ofegante, enquanto Cassie lhe dava vários beijinhos pelo rosto. Harry não tentou se afastar de novo, acariciou o rosto dela beijando-lhe de novo nos lábios, descendo pelo pescoço que ela deixou à mostra dando-lhe livre acesso.


- Cassie... – ele começou, mas sem parar de beijá-la.


- Não pare.


- Se continuarmos...


- Pode continuar.


Harry deu uma risada rouca, tinha vontade mesmo de continuar, mas antes eles precisavam conversar.


- Preciso perguntar uma coisa...


Cassie resmungou algo enquanto deslizava as mãos pelas costas de Harry por dentro da camiseta. Ele sentiu-se arrepiar inteiro. Ainda mais quando ela ergueu a camiseta, agora passando as mãos delicadas pelo peito dele.


Harry a segurou, se não fizesse isso chegariam a um ponto sem volta. Pegando-a pelo pulso ergueu-se do sofá trazendo-a junto com ele.


Cassie o fitava com os olhos embaçados. Ambos respiravam pesadamente.


- Estava ficando bom demais. – ela disse meio lânguida ainda, passando a língua pelos lábios.


Harry não era de ferro, não resistiu ao apelo dela e deu-lhe outro beijo no que foi retribuído de imediato.


Cassie sabia que tinham que parar com os beijos para conversarem, mas realmente não tinha vontade nenhuma, pensou agarrando-se mais ao pescoço de Harry, que parou por um segundo com o beijo para ambos tomarem fôlego, mas continuou dando beijos na face lisa de Cassie, indo para a orelha ouvindo-a ronronar, ela parecia uma gatinha.


- Case comigo. – ele sussurrou ao ouvido dela.


- Sim. - foi a pronta resposta, mas um tanto quanto absorta.


De repente, Cassie congelou.


- O quê? – sussurrou afastando-se para encarar Harry com os olhos arregalados.


- Case comigo. – ele repetiu encarando-a, não mais sem jeito de fazer o pedido.


Cassie parecia ter perdido a voz.


- Você ainda está aí? – ele perguntou passando a mãos no rosto dela.


- Casar? Como... em casamento? – ela perguntou confusa.


Harry deu risada.


- É, como em casamento, duas pessoas juntas na frente de um padre. Ou bruxos padres, não sei bem como isso funciona, mas...


- Você está falando sério? – ela perguntou sem dar atenção na tagarelice dele. – Ou foi no calor do momento?


- Eu não estava no calor do momento.


- Ah estava sim. E ficou bem animado.


Harry ficou constrangido, no que ela deu uma risada alegre.


- Espere! – ela falou de repente. – Está me dizendo que você é um cara das antigas? Tipo, casar para... – e ela não continuou.


- Não é isso. – ele falou, afastando-se de repente e andando de um lado para outro. – Estou pensando nisso faz algum tempo. Não tem nada a ver com calor do momento ou da gente transar sem estar casado. – Harry parecia não ter receio de falar com todas as palavras. – Eu amo você. – ele falou segurando as mãos de Cassie e ajoelhando-se em frente a ela.


Cassie sorriu e acariciou a face de Harry.


- E sei que você me ama. – ele continuou. – E já que eu não vou tirar os olhos de você, eu não sei por que...


- Sim. – Cassie disse interrompendo-o.


- ... nós não podemos... – ele se interrompeu. - Você disse sim? – ele perguntou.


- Você acreditou que a minha resposta seria outra?


- Na verdade eu não pensei muito nisso. – ele respondeu agora sorrindo.


Cassie ajoelhou-se em frente a ele e jogou os braços enlaçando-o pelo pescoço.


- E realmente, eu amo mesmo você.


Harry riu. Uma risada alegre, a primeira em dias.


HPHPHPHPHP


Os dois voltaram a entrar na enfermaria, encontrando Hermione passeando de um lado para o outro, impaciente. Rony sentado em uma das camas, comendo o café da manhã que Cassie mal tocara. Dumbledore à janela, com as mãos cruzadas atrás das costas, em sua pose clássica.


Os três voltaram seus olhos para o casal que entrava sorridente, com sorrisos abertos e olhos brilhantes.


- Eu posso contar? - Cassie perguntou, sussurrando a Harry.


- Não. Eu conto. – ele falou não tão baixo.


- Mas eu queria contar. – ela falou agora mais alto.


- A idéia foi minha.


- E eu concordei.


- Eu conto. – ele disse resoluto, virando-se para os amigos e o professor que os fitavam curiosos.


Cassie rapidamente colocou a mão na boca de Harry e anunciou:


- Nós decidimos nos casar.


- Isso não foi justo. – Harry reclamou, sorrindo, enquanto beijava a palma da mão de Cassie.


- Casar? – Mione perguntou.


- Ca-puff-sa-cof-cusp-mento? – esse foi o Rony que, mastigando um biscoito, tentou falar antes de engolir. E agora recebia tapinhas nas costas de Mione que fitava os amigos de olhos esbugalhados.


- Mas... - Mione tentou encontrar algum argumento. Não conseguiu. – Essa é uma ótima notícia. – e correu para abraçar os amigos.


- Professor? – Harry virou-se para Dumbledore.


- Acredito que isso ocorreria mais cedo ou mais tarde. – ele falou sorrindo, mas a preocupação brilhava nos fundo de seus olhos.


- Nós sabemos dos riscos. – Cassie falou séria. – Eu não vou deixar mesmo o Harry sozinho.


- E eu não vou me separar da Cassie. – Harry segurou a mão da namorada e puxou-a para perto dele, abraçando-a apertado.


- Nossa... A mamãe vai pirar quando souber. – Rony disse sorrindo abertamente.


- E como vai ser? – Hermione perguntou.


- No momento vamos continuar com o plano inicial. Eu vou para a casa dos meus tios até meu aniversário, e Cassie fica no apartamento. – Harry disse em um tom que não admitia ser contestado. - Vou pedir a Jorge e Fred que fiquem em contato diário com cassie, no caso de alguma necessidade, ou ataque. Será que eles concordam? – Harry perguntou olhando Rony.


- Com certeza. Eles vão adorar.


- Depois do meu aniversário, vou para o apartamento da Cassie, e... – virou-se para Dumbledore. – Eu não sei como isso funciona, mas o senhor nos casaria?


Dumbledore ficou surpreso com o pedido, e emocionado com a confiança e segurança dos dois jovens.


- Eu adoraria celebrar a união de vocês dois.


Cassie virou-se para os amigos.


- Gostaríamos que vocês fossem as testemunhas.


- Ah meu Deus. Acho que vou chorar. – Mione resmungou cobrindo o rosto com as mãos. Rony caiu na risada e abraçou a amiga.


- Nós não perderíamos isso por nada.


- Depois do casamento nós iremos para a Romênia cuidar da herança. – Cassie disse ficando levemente ruborizada.


- Herança. Sei. – Rony disse irônico.


Harry deu um soco no ombro do amigo para que ele se calasse, e todos acabaram dando risada.


Dumbledore olhou o jovem casal, e percebeu a esperança brilhando em seus olhos, e a confiança de que juntos poderiam vencer tudo e todos.


HPHPHPHP


A notícia do casamento próximo se espalhou como fogo em pólvora pelo castelo. Enquanto Harry e Cassie, com Mione e Ron, seguiam para o trem, iam sendo congratulados pelos amigos que se juntavam a eles.


- Ei Cassie! Uma música para celebrar o final do ano letivo e seu casamento com Harry, cairia bem, não? – Justino, eterno fã de Cassie, pediu, no que foi seguido por um coro de concordância pelos alunos que estavam acompanhando-os.


Cassie parou de andar, fechou os olhos, e suavemente começou a cantar Who Wants to live forever, uma das suas preferidas do Queen (qual não era?).


A música falava sobre a eternidade. Solidão. E quem se atreveria a viver eternamente?


Mione ficou com os olhos cheios de lágrimas, e Rony pegou uma solitária que desceu pelo rosto da garota. Olhos nos olhos.


Ao final, todos estavam em silêncio.


Harry abaixou-se e sussurrou ao ouvido de Cassie:


- Eu espero para sempre.


Ela pegou-o pelo pescoço, fazendo-o encarar seus olhos.


- Eu também. – e beijou-lhe os lábios suavemente.


- Cacetada, Cassie. Não era para você fazer todo mundo chorar. – Justino disse enxugando o canto dos olhos discretamente, o que arrancou algumas risadinhas meio afogadas.


Cassie deu um sorrisinho, daqueles marotos, que eram característica dela, e apertou suavemente a mão de Harry.


- Então vamos alegrar essa despedida. – ela falou, e recomeçou a andar.


Friends Will Be friends, foi a música escolhida para desanuviar o ambiente.


Amigos serão amigos. Sempre se pode contar com eles.


Aqui e ali se viam mãos dadas. Casas rivais, antigas rixas foram esquecidas, pelo menos nesse momento. Grifinória de mãos dadas com Lufa-Lufa e Corvinal, viam-se até mesmo alguns Sonserinos, não todos, talvez fosse pedir demais. Draco e sua trupe nem ao menos estavam à vista. Todos sabiam o que estava por vir, e a certeza de que poderiam contar uns com os outros, foi firmada, cantada pela voz de Cassie.


Ela e Harry no final da fila, o braço dele passado pelos ombros dela.


Os dois pararam e olharam para trás, para Hogwarts.


Será que a veriam de novo?


- Eu amo você. – Cassie sussurrou virando-se para encarar Harry.


- Eu que amo você. – ele disse sorrindo suavemente.


- Para sempre? – ela perguntou enlaçando o pescoço dele.


- Para sempre. – Harry passou os braços pela cintura dela, erguendo-a para trazê-la mais junto a si. Mais perto. Tão apertado, como se quisesse transformar os dois corpos em um só.


Juntos. Nada, nem ninguém, conseguiria detê-los.


 


FIM


 N.A.:


Deus do céu.... eu terminei....eu nem acredito que eu terminei.


Vocês podem estar pensando que eu deixei algumas coisas para uma seqüência. Não é minha intenção escrever uma continuação, não posso dizer que não tenha pensado nisso, mas por enquanto, não.


Séculos seria pouco para dizer o quanto demorei com esse final, milênios seria melhor....


Minha vida anda atribulada, tenho zilhões de coisas para fazer e 24h está sendo pouco. Fora que eu simplesmente bloqueei naquele pedido de casamento...ahahahah... que coisa...talvez nem tenha ficado da maneira que imaginei.


Esse começo, eu gostei do que fiz, foi um saco a J.K. ter feito quase a mesma coisa....ahahahah...mas o meu já estava escrito quando eu li o último livro, e realmente lendo de novo, não ficou igual....concordam?...


Deixei algumas coisas ainda no ar, não?... vocês podem preencher como sua imaginação desejar, podem mandar idéias também... eheheheh....


As músicas escolhidas foram: Who Wants to live forever e Friends Will Be friends. A primeira, se alguém é fã de Highlander, vai reconhecer, linda, amo essa música, me arrepia sempre quando a ouço, e a segunda, não encontrei outra que se encaixasse tão bem no que eu quis dizer nesse final, espero que tenham gostado, as letras como sempre vocês encontram no vagalume.


Eu agradeço quem leu a fic, quem começou a ler agora, e quem terminou de ler. Obrigada!


Muito obrigada por curtirem as minhas fics, eu também curto, e pretendo voltar à ativa, com certeza... preciso de uma válvula de escape e as fics sempre conseguiram me ajudar...


Eu amei escrever DE, eu ainda dou risada quando volto a ler o que escrevi, algumas risadas são do quanto ridícula eu consigo ser em algumas cenas...ahahaha...mas ainda assim, engraçado.


Espero que vocês continuem acompanhando o que quer que eu escreva, por que eu pretendo continuar escrevendo, espero.


Obrigada a todos.


Com vocês, minha sempre presente revisora e mana:


Notas da revisora:


Buaaa! Terminou... por quê? E que final é esse? Vai escrever uma continuação Rô! Senão... Senão... Buaaa.


Rô: hihihihih...ainda não Mar...você conhece todos meus projetos, se já tivesse algo escrito, saberia...eheheheh


Dramas e choros a parte, agradeço muito a mana por ter confiado a revisão dessa história a mim. E eu ainda atrasei horrores com a revisão, sou péssima, gomen nasai. Mas fiquei feliz por, mesmo sabendo que eu ia demorar, não ter me trocado. Brigada mana.


Rô: Não precisa agradecer, eu que tenho que dizer desculpa, por ainda ficar no seu pé....


É estranho estar vendo o final. A gente nunca quer que nossas histórias preferidas terminem. Por um lado, tem o sentimento de, que bom que tudo acabou bem, que a mana não foi maléfica e aprontou algo cruel, mas por outro, ai que saudades que terei. Principalmente da Cassie. Ela foi o perfeito caso de amor e ódio. Tinha vezes que eu sentia vontade de esganá-la, mas em outras eu me divertia tanto ou me sensibilizava de tal forma que era difícil segurar as lágrimas... coisas que a Rô apronta com a gente. E pensando assim, como seria bom que durasse para sempre...


Mana, tô muito feliz por você ter concluído DE, sei como é bom escrever o tão difícil fim. E nada melhor que um fim tão bonito como o seu. Se amarem e ser para sempre. Juntos assim nada será mais forte que os dois.


E que venham novos fics, com a força da primavera da juventude, yoshi!


Beijos


 


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