Acerto de contas



Quando seu pai lhe chamara para uma conversa, James logo notou que o assunto era mais sério do que sua mãe pintava. Sempre fora o “bebê” espevitado da família e para ser sincero gostava de ter toda essa atenção voltada só para ele. Charlus Potter sempre fora uma inspiração, um verdadeiro chefe de família e também muito ligado e devotado ao trabalho. Tomava para si a responsabilidade de expurgar o mundo dos bruxos das trevas, tanto que como aprendiz de Alastor Moody, seguia seus passos a risca. Tinha uma intuição aguçada e uma capacidade de ver os pequenos detalhes que não eram visíveis a olhos desatentos. E como todo bom filho, James não era diferente. Sabia da responsabilidade que seu pai assumira como Chefe dos Aurores, e tinha a mais absoluta certeza de que o que a imagem que estavam pintando de seu pai não era verdade. Mas como provar ao mundo que o Ministério, mais especificamente o próprio Ministro da Magia estava mentindo?


James na verdade tinha várias suspeitas e também teorias mirabolantes sobre o que estava acontecendo. É CLARO que também tinha meios de descobrir as coisas pois tanto ele quanto Sírius Black, que agora estava morando com sua família conseguiam se esgueirar pelas sombras e ouvir conversas as quais não lhe permitiam ouvir.  Em meio a algumas dessas conversas, ouviu que seu pai  estava suspeitando de algo dentro do ministério. E quando o questionou, mesmo sabendo dos riscos, e também por achar que era melhor seu filho manter-se atento do que ser pego de surpresa, lhe contou suas suspeitas. Claro, não com detalhes, mas lhe contou, mesmo antes de toda essa confusão envolvendo seu nome. Lembrava-se de certa vez o vê-lo chegar em casa com um semblante muito preocupado. Trocara olhares com Sírius afinal os dois estavam no jardim de inverno jogando xadrez de bruxo. Mais que depressa apuraram mais os ouvidos e ouvira-o contando a sua mãe sobre achar que realmente havia alguma coisa errada acontecendo com o Ministro.  Disse que um de seus colegas de trabalho saíra para uma ronda e voltara um tanto estranho. Suspeitara que talvez ele tivesse sido exposto a algum feitiço ou poção, mas quando questionado o bruxo sempre negava. Contudo, uma semana depois, James se lembrava dele ser convocado para uma reunião as pressas pois esse mesmo bruxo tinha desaparecido. Também se recordava de ver sua mãe dando instruções para Twingle, sua elfa doméstica particular para mandar flores para a família. Quando jovem Dorea Lana Potter, tinha sido auror, fora designada para o Ministério assim que saiu da academia e claro, conhecera seu pai Charlus Alex Potter o qual dizem ambos foi um romance meio conturbado no inicio mas no fim, tudo acabou se resolvendo. Contudo com o nascimento de James, Dorea abriu mão de seu cargo no ministério para dedicar-se a família, já Charlus, queria um mundo melhor para seu filho e então continuou fazendo seu trabalho. O que o fez muito bem, pois se tornou chefe dos Aurores quando James entrara para Hogwarts. Mesmo Dorea não sendo mais auror, ainda assim ajudava seu marido em alguns casos, pois sua genialidade e capacidade de dedução rápida era uma arma muito poderosa contra os bruxos das trevas, principalmente para Dorea, que vinha de uma família assim. Embora não pertencesse aqueles que adoravam as trevas, sua mãe ainda assim sofria com certos bruxos, e agora com o marido sendo acusado e procurado por traição, foi advertida por Williamson, que faz parte do Conselho de Wizengamot para que se escondesse também, afinal seria acusada de ser cúmplice do marido. Por esse motivo, tanto ela quanto o seu pai estavam sobre a proteção de feitiços assim como o castelo dos Potters também. Tecnicamente ele e Sírius estavam sem nenhuma notícia ou novidade sobre a família, e “legalmente” estavam sobre a tutela de um tio de Sírius, Alfaro Black. O qual era muito bem de vida, e tecnicamente tinham do bom e do melhor.


Bem, não era a mesma coisa do que estar em seu quarto, com suas coisas, e com sua família. Mas já era um teto, o que doía mesmo era não poder nem se quer ter notícias. Mas desde que essas mentiras começaram a sair, James ainda não tinha tido contato com seus pais a não ser por bilhetes que sua mãe mandava por sua diretora de Casa ou pelo diretor Dumbledore. Mas mesmo assim, não lhe davam notícias sobre onde estavam e quanto menos soubesse melhor. Pois como o velho barba branca havia lhe dito:


“Quanto menos souber, mais segura estará sua família”


Detestava admitir, mas Dumbledore tinha toda a razão, podia saber feitiços mais avançados do que muitos de sua idade, podia até mesmo ser mais forte do que eles até, mas o ministério tinha outras armas que poderiam “legalizar” para usá-las nele e tirar-lhe até seus mais profundos segredos.


Segredos esses que ele jamais contaria a alguém, somente seus melhores amigos é que sabiam de suas fraquezas e até mesmo eles não as contariam. Estava estirado na poltrona próximo a lareira naquela tarde após o almoço o qual ele nem se quer tinha participado. Na verdade fazia dias que preferia comer na companhia de seus amigos ao invés de encarar todo aquele grupo de alunos.


“ Não quer encarar os alunos ou uma certa pessoa?” – ouviu a voz em sua cabeça e então sem perceber bagunçou seus cabelos. Sempre fazia isso, era uma mania da qual nem ele mesmo sabia o significado. Bem, o significado de bagunçar os cabelos talvez ele não soubesse, mas o fato de não querer encarar uma certa pessoa, ele sabia bem.


Desde que beijara Sarah na sala de troféus e tomara uma bela joelhada, não tinha tido coragem de encarar a garota. Na verdade estava tão confuso que tinha certeza de que se sua mãe soubesse o que ele tinha feito, lhe daria uns belos cascudos. Mas tinha metido os pés pelas mãos e sabia, aliás tinha certeza de que a garota não ia querer vê-lo nem pintado. Não havia falado a ninguém, aliás apenas Sírius e Remus o que havia acontecido e demorou para se dar conta do porque tinha feito.


— Não esquente tanto os miolos ou todo o seu cérebro galhudo, vai escorrer pelo nariz... – ouviu a voz de Sírius e então levou a mão na nuca e bagunçou os cabelos.


— Não sou galhudo... berço de pulgas! – dizendo isso jogou uma almofada na cara de Sírius que caiu na gargalhada. – Onde é que você se meteu a manhã toda? Já estava quase saindo para a aula de poções sozinho.


— Para sua informação... estava em uma conversa muito agradável com a Srta Perks no corujal. E antes que me dê um avada, eu já lhe digo, que graças a mim, ela irá te dar uma chance para explicar o que aconteceu. – James ficara sem reação diante o que o seu melhor amigo estava falando.


— Você... você... como é que é? – começou James um tanto alterado. Em toda sua preciosa vida em Hogwarts jamais pensou que ouviria ou melhor que teria de esperar um amigo ir resolver um problema com uma garota. – Você quer morrer Padfoot!


— Ae... Ae... Ae... essa situação entre você e a Perks já passou do tempo de ser resolvida... – dizia Sírius se esquivando novamente de uma almofada – Ahhh qual é Prongs! Você está caidinho pela boneca lá... por que simplesmente não reconhece isso e admite que a beijou por isso!


Até aquele momento, James não sabia dizer ao certo o motivo de realmente ter feito o que fez. Sentia-se diferente quando estava com Sarah isso era fato, sempre riam das mesmas piadas por mais toscas que fossem. Falavam sobre quadribol e entendiam um ao outro. Adorava falar galanteios para ver a garota ficar rubra, achava isso lindo. Mas daí a admitir que realmente estava afim de alguém, isso era outra história.


— Eu nem sei porque a beijei Padfoot... – respondeu ele coçando novamente a nuca. E realmente não sabia - ... mas admito que sinto falta de conversar com ela... até mesmo do sorriso dela.


— Aham... – agora era Sirius quem o encarava com certo sarcasmo e cruzava os braços em sua frente - ... sei... e isso não quer dizer nada não é?


— Não... – respondeu James o encarando com a melhor cara de seriedade que conseguiu - ... não acho que isso signifique algo.


— Bem... – respondeu Sírius - ... então se eu te dissesse que estou tentado a chamar a bela leoa para sair, o que você diria.


— Você não se atreveria... – respondeu James mais rápido do que tinha intenção.


— Oras Prongs... – vendo a cara que James fizera, Sirius realmente se aproveitou da situação - ... se ela realmente não significa nada para você... não vai se importar afinal, passei meia hora conversando com ela no corujal...e.. Ca entre nós... não me importaria em passar o resto da minha vida ao lado de alguém assim... – então fez a maior cara de safado que conseguiu.


Em um minuto James estava sentado no sofá e no minuto seguinte, havia atravessado a sala e estava praticamente segurando Sirius pela gola da camisa.


— Aham... -  respondeu Sírius com um sorrisinho sapeca no rosto - ... e ainda tem coragem para dizer que não sente nada pela leoa... – Sírius então caíra na gargalhada tirando as mãos de James de sua camisa - ... Deixa de ser besta galhudo... mas uma coisa é certa... se você ficar muito tempo nessa coisa de “eu não estou apaixonado por ela” alguém pode muito bem tomar o seu posto. Pense nisso.


Então Sírius arrumou a sua camisa do uniforme no reflexo do espelho que estava sobre a lareira e pegou sua capa. Voltou então sua atenção a James que continuava no mesmo lugar.


— Se te serve de consolo Prongs... – disse Sírius dando umas palmadinhas no ombro do amigo - ... já me senti assim antes, mas não faça como seu amigo aqui de deixar essa leoa escapar.  


O capitão tinha de admitir que não tinha pensado nessa possibilidade,  e isso o deixava até bem desconfortável. Mas meneou a cabeça,  pegou sua capa e a mochila e acompanhou Sírius para fora da sala comunal ainda com a cabeça martelando o que o seu irmão de todas as horas tinha lhe dito.


— Por onde é que você andou? – perguntava Olivia na porta das escadas que levava as masmorras – Vamos chegar atrasadas.


— Eu te disse... – respondeu a garota - ... fui até o corujal. Queria mandar uma carta para meus avós... e não exagera nem estamos atrasadas...


— Só isso? Teve que esperar uma coruja aparecer para poder enviar? – retorquiu Olivia. Sarah sabia que se tinha algo que deixava Olivia piradinha era o fato de chegar tarde em compromissos. Então a puxou para um canto e decidiu contar exatamente o motivo de seu atraso antes de entrar na sala de aula.  Desde o encontro com Sírius e é claro, sobre o que conversaram.


— Nisso eu tenho que concordar com Sírius... – falou Olivia algum tempo depois enquanto acomodava suas coisas  no armário próximo a porta. Sarah então a acompanhou guardando sua mochila e pegando o livro de poções pena e tinteiro, tinha mania de usar o livro para fazer anotações. Então foram até a mesa mais próxima onde estavam Emmeline e Alice e se posicionaram na frente de seus caldeirões. A sala do professor Slughorn era totalmente escura e esfumaçada. Havia mesas espalhadas pela sala e vários caldeirões borbulhantes e cheio vapores e aromas os quais era difícil de se distinguir. Vidros de vários tipos e tamanhos, também se podia dizer ligados por canos minúsculos e líquidos coloridos.


— Com respeito a estarem interceptando as corujas? – perguntou Sarah e então levantara a cabeça e viu mais ao fundo da sala James conversando com Peter e Sírius distraidamente, e sentiu como se uma pedra de gelo caísse em seu estomago.


— Não... – respondeu Olivia mais próxima agora para que nem Emmeline e Alice a ouvissem - ... que já passa da hora de você e Potter resolverem esse assunto...


Sarah então disfarçadamente olhou pela sala e seus olhos pousaram em James que estava com a capa aberta assim como alguns botões de sua camisa branca. A gravata praticamente frouxa caída sobre o peito. Sarah praticamente se perdera por alguns segundos até que levantara os olhos e encontrara os dele, não tinha se dado conta de que encarava o garoto e desviou os olhos para seu caldeirão o mais rápido que conseguiu tentando disfarçar.


Mandy como sempre entrara na sala com um humor maior do que o normal, Sarah tinha a mais absoluta certeza que isso devia ser por causa do seu desentendimento com James mas a bem da verdade, estava pouco interessada no que a garota falava ou fazia. Tinha mais coisas com que se preocupar, como por exemplo, não explodir seu caldeirão. Percebia que Alice e Emme cochichavam e olhavam para ela, e tinha certeza de que estavam falando sobre o fato dela não falar com James, embora ela tenha dito que apenas não tivesse tido tempo para conversar, sabia que as meninas também sabiam que havia acontecido algo entre os dois. Mas como contar? Odiava literalmente não poder contar o verdadeiro motivo, simplesmente por que era dar razão a elas desde o primeiro momento. E isso ela não ia fazer, era problema dela e ela mesmo resolveria, nem que pra isso precisasse ficar enfurnada no fundo do lago negro. Foi então que sentiu suas costelas doerem e virou-se para Olivia.


— Potter está de olho em você? – a ouviu dizer mas embora estivesse tentada a olhar para o garoto, fingiu não ligar para o comentário de Olivia. Nisso a voz esganiçada de Bellatrix ecoou pela sala. Parecia verberar em toda aquela sala esfumaçada e cheia de aromas, a prima de Sírius então se sentou elegantemente próximo a mesa onde Mandy e sua trupe estavam sentadas e as cumprimentou como se fossem amigas de longa data.  Logo em seguida, Malfoy, Mayfair e Carter apareceram e os quatro sentaram-se juntos.


— Isso não vai prestar... – murmurou Sarah olhando para a mesa dos sonserinos e então Olivia concordou. Desde sempre conhecia aquelas cobrinhas e sabia de suas posições, era fácil saber que estavam ali por darem ao seu professor Slughorn algum tipo de “compensação” por assim dizer. Assim como a torcida imbecilizada de Mandy e sua trupe. Eram poucos os que estavam ali por merecimento, e isso, ela podia contar nos dedos. Ela mesmo era boa em poções, na verdade era até bem esforçada e conseguia reproduzir com êxito qualquer uma. Seu avô mesmo havia parado de comprar polidores pois os que ela fazia eram até mais eficientes. Mas não ficava por aí se gabando por isso. Por vezes Olivia tinha lhe dito para patentear sua poção para lavar os cabelos, mas ela achava isso idiotice. Era apenas um tônico de lavanda que os deixava perfumados por mais tempo. Não era algo para sair se vangloriando. Enfim, o fato de Vacatrix estar tão íntima assim de Mandy só queria dizer uma coisa. Ou Mandy tinha algo que Bellatrix queria muito, OU o mais provável, é que haveria uma troca de favores ali no qual Bellatrix iria se dar MUITO bem. Era evidente que tinha alguma coisa rolando, e quando Sarah achava isso, com certeza acontecia algo, tanto que Olivia se aproximou ainda mais dela chamando atenção também para os marotos.


— Não foi só você que percebeu... – disse ela e indicou a mesa mais a frente onde Peter, Sírius e James estavam. Ao todo eram 4 sonserinos no meio de 8 alunos da Grifinória, e dois alunos corvinais e mais dois texugos. Sarah ainda olhou para os lados para ver as mesas Mandy estava sentada com as duas alunas da Corvinal, que faziam parte de sua trupe de imbecilizadas. E somado aos dois “Texugos bonitões”, que estavam com elas bem, com certeza não estavam ali por méritos próprios. Olhou então para a mesa onde estavam os marotos, James encarava a mesa sonserina e falava algo com Sírius que concordava. Assim como ela, eles também achavam aquilo muito suspeito.


Por fim, a porta da masmorra se abriu e então a figura de seu professor de poções apareceu.  Slughorn tinha um bigode saliente e em formato de leão marinho e tão grande assim como sua barriga começava a ficar. Abriu um sorriso ao ver seus pupilos da sonserina. Cumprimentou alegremente Mandy e perguntou como estava sua mãe, ela dera uma resposta pomposa e o que Sarah apenas trocou olhares com Olivia. Mandy só estava na aula de poções porque sua mãe era curadora do Museu Bruxo em Oxford. Girou os olhos meneando a cabeça e pôde notar o professor trazendo para mais perto os caldeirões borbulhantes. Sarah então sentiu um aroma estranho tomando conta de sua mente quando um borbulhante e perolado líquido apareceu assim que o professor o colocou próximo a mesa onde ela estava. Não era ruim, era uma mistura de madeira como o do cabo de uma vassoura nova e algo que lembrava alcaçuz... Também tinha um perfume que não conseguia distinguir, na verdade tinha a mais absoluta certeza de que já havia sentido aquele perfume antes mas não lembrava onde.


— Você não está sentindo esse perfume? – perguntou ela a Olivia que esticou um pouco o pescoço empinando o nariz para sentir o aroma também.


— Bem...  – disse ela inspirando mais um pouco do ar - ... estou sentindo o cheiro de pergaminho novo... e também de torta de maçã...


Sarah então meneou a cabeça, ela não estava sentindo nenhum desses cheiros. Virou um pouco mais a cabeça rumo ao caldeirão e o perfume singular pareceu ficar mais forte. Contudo sua atenção voltou-se a voz do professor que  tomou conta da sala.


— Ora meninos... – disse ele voltando-se para o grupo de marotos que estavam na última mesa mais ao fundo -  ... não sejam tão tímidos, podem dividir a mesa com as senhoritas aqui...


Os garotos então pegaram suas coisas e se aproximaram da mesa. James estava um tanto sem graça quando parou ao lado de Peter praticamente ficando de frente a ela. A Jovem não sabia exatamente como agir então quando encontrou os olhos do garoto apenas dera um sorriso tímido o qual ele correspondera um tanto sem jeito. Sírius no entanto passara por suas costas e se colocou entre ela e Olivia.


— Espero que não se incomode...- disse ele com um sorrisinho maroto - ... mas o Sr. Monitor pediu se pode pegar as anotações com você Olivia, quando voltar.


— Claro... – disse Olivia com um sorriso o qual Sarah não via a dias. Não conseguiu evitar e sorriu também enquanto o seu professor começava a aula.  


— Ora, Ora... meus nobres alunos... – dizia ele entre as 3 mesas, seu corpo tremeluzindo entre os vapores que saía dos três caldeirões. Um posto na frente de cada mesa formando assim um triângulo esfumaçado – Peguem seus kits de poções e balanças de latão e seus livros de Estudos avançados pois hoje, iremos fazer arte!


— Arte... é comigo mesmo... – disse Sirius agora ao lado de James. No entanto o garoto podia ver que o amigo estava um tanto estranho - ... Está com algum problema galhudo?


James no entanto parecia até um tanto entorpecido. Sua mente estava tentando se lembrar de onde vinha aquele perfume que tanto lhe fazia bem. Não conseguia distinguir os cheiros mas um deles se destacava, talvez fosse o perfume das flores que sua mãe sempre tinha espalhadas pelo castelo. Também conseguia sentir o cheiro da torta de caramelo que ela fazia todos os dias frios, obviamente que o aroma que mais se destacava era esse o qual ele não conseguia distinguir de onde vinha, mas que de certa forma lhe deixava contente.


— Não... – disse ele com um sorriso - ... apenas sentindo um perfume diferente no ar. – então virou-se para Sírius e sorriu bobamente – Não está sentindo?


Sírius por sua vez também esticara bem o nariz para ver se conseguia sentir alguma coisa. No entanto apenas sorriu para o amigo enquanto Peter meneava a cabeça.


— Muito bem... muito bem... – disse Slughorn agora com um sorriso enorme e o peito estufado de orgulho – Como podem ver, preparei algumas poções para que pudessem ver do que serão capazes de fazer no final de seus N.I.E.N.s. Creio que já devem ter ouvido falar de algumas delas.


Slughorn então apontou para o caldeirão borbulhante que estava próximo a mesa onde Mandy estava. Parecia água cristalina em embulição,  então ele olhara para os alunos seus pupilos sonserinos e perguntou – Alguém sabe reconhecer essa belezinha aqui?


— É Veritasserum... – Sarah pode ouvir a voz esganiçada de Bellatrix sorridente ganhando palmas de Mandy e sua trupe. Sarah trocou olhares com Olivia como se perguntando o que é que estava acontecendo então a voz do professor ribombou novamente.


— Muito bem Srta Black... devo dizer que a Srta também saiba o que ela causa não?


— Sei sim professor... – disse ela levantando-se de sua cadeira e encarando James e a mesa onde estavam os alunos - ... é uma poção a qual quem a bebe conta seus mais profundos segredos... por não ter cor nem odor... pode-se colocar em qualquer comida ou bebida que a pessoa nem se quer vai notar...  – então metralhara o capitão com os olhos e os estreitara - ... acho que o Ministério devia usar ela em certos casos, talvez encontrariam certos criminosos mais rápido.


Sarah pode ver os nós dos dedos de James ficarem brancos devido a força com que ele os apertou. Sírius porém o cutucou e ele então novamente respirou fundo. Slughorn notando o certo desconforto sorriu docemente para a aluna.


— Muito bem Srta. Black... – disse ele amavelmente como se nada tivesse acontecido - ... mas creio que a Srta saiba também, que é terminantemente proibido o uso dessa poção em um aluno não é?  Enfim... e essa outra aqui? – perguntou ele apontando para um outro caldeirão o qual estava próximo a mesa dos sonserinos. Prontamente Mayfair levantou a mão, e seguidamente se levantou.


— É a poção Polissuco professor... – Sarah pode notar ser uma poção bem nojenta. Era como se tivesse lodo sendo fervido e não era nem um pouco agradável de ver. – Obviamente para que ela tenha o efeito desejado, é necessário um pedacinho da pessoa em questão, a qual se queira transformar.


— Ora, ora Sr. Mayfair... muito bela a sua resposta... – respondeu o professor orgulhoso de seus discípulos. Sarah porém pode notar que Peter também havia levantado a mão o que o professor logo o notou.


— Mas obviamente também é sabido que não se pode usar para se transformar em animais... – disse Peter e então o professor Slughorn sorriu ainda mais - ... ou esses efeitos podem ser catastróficos...


Tanto Sarah quanto os outros na mesa encararam Peter com certo espanto, não sabia que ele entendia tanto assim de poções ou teria lhe pedido algumas aulas extras. E pelo que a garota também pode notar, nem mesmo Sírius ou James sabiam desse interesse do amigo.


— Exatamente Sr. Pettigrew... – confirmou o professor sorridente – Jamais... ouçam bem, JAMAIS se pode usar essa poção para se transformar em animais, a última vez que se teve notícias de um bruxo que tentou se passar por um tigre... – ele então fez uma careta e sorriu docemente - ... não foi muito agradável de se ver... – Mais uma vez ele então voltou-se para o caldeirão prateado borbulhante próximo a mesa de Sarah e dos Marotos. O brilho perolado que emanava da poção era muito atraente sem mencionar o aroma que ela soltava.  – E essa belezinha aqui... alguém sabe me dizer o que é?


— Acho que devia perguntar para a Perks... – ouviu-se a voz de Bellatrix fazendo com que Sarah desse um salto por ouvir seu nome. O professor então procurou por ela que o encarou sem entender.  Então Emmeline levantou a mão.


— Sim jovem Vance... – respondeu o professor com um sorriso confuso.


— É a Amormentia... – Sarah sabia exatamente o que isso queria dizer. Não por já ter feito uso dessa poção MAS por se tratar de poção do amor. Tinha a mais absoluta certeza de que Mandy já tentara fazer a mesma e só não usara em James ou em um dos marotos ainda porque eles eram espertos demais pra cair nessa pegadinha – Nada mais e nada menos do que a poção do amor mais poderosa do mundo.


— Correto Srta. – falou o professor e então agora com um tom mais sério – Essa poção tem um cheiro diferente para cada um de nós, embora o que essa pequena e sedutora poção cause não seja amor e sim... – ele então olhou para o grupinho de meninas onde Mandy estava que davam risinhos debochados - ... creio eu que esta seja a poção mais perigosa nessa sala... não crianças... – disse ele em tom sério – Amormentia não gera o amor se é o que me entendem... é impossível... – então ele olhou para Mandy e sua trupe – veja bem.... IMPOSSÍVEL reproduzir ou imitar o amor... – agora andava lentamente entre os caldeirões borbulhantes - ..Não... essa poção causa uma forte paixonite... me atreveria dizer... uma forte obsessão... – então coçou o queixo pensativo - ... sim... essa seria a palavra. A pessoa em questão pode sentir uma forte obsessão por quem a fez uso e isso pode ser catastrófico... – dessa vez olhara então para a Sarah que parecia bem desconfortável pela insinuação de Bella.


— Não creio que uma bela garota como a nossa Leoa Perks precise de tal poção professor... – disse Sírius com um sorriso maroto piscando para a garota que sorriu - ... mas aposto que existem algumas que nem com isso poderiam chamar atenção de alguém. – agora o garoto olhara para sua prima que o metralhara com o olhar. Sírius no entanto apenas deu uma gargalhada que mais parecia um rosnado e então o professor continuou.


— Vejam meus caros...  não subestimem o poder de uma poção... – agora seu semblante era sério - ... mesmo parecendo insignificante, seus efeitos podem causar sérios problemas... – agora o professor estava até muito sério, pegou o livro de Emmeline e deu algumas folheadas – Ah, bem... como preciso avaliar o seu desempenho vamos optar por uma poção moderadamente fácil, mas que requer muito da sua atenção. Vejamos... aqui... acho que ninguém irá se sair tão mal a ponto de não conseguir fazer uma poção morto vivo concordam? – Ele então olhou em sua ampulheta e sorriu – Temos uma hora e meia para fazer a poção... e ganhará 50 pontos para sua casa. Agora comecem!


James tinha todo seu kit de poções sobre a bancada mas não podia negar que aquele aroma vindo da poção o estava deixando meio inquieto. Não que não estivesse gostando do perfume, longe disso MAS algo lhe dizia, seu instinto maroto estava ressonando que alguma coisa aqueles sonsinhos iriam aprontar. Mesmo depois de dias terem se passado do que houve em Hogsmade, o Maroto conhecia bem Mayfair para saber que ele guardava ressentimentos, isso queria dizer que estava só esperando a chance para se vingar do que havia acontecido no vilarejo e estava esperando por ele. Foi então que Peter segurou sua mão.


— Cê tá maluco James? Se colocar ararambóia junto com as raízes de valeriana vai deixar não só a sala com um fedor de gambá como a gente também.


Não só James mas Sírius e as meninas encararam Pettigrew com curiosidade. Ele nunca fora um aluno brilhante, ou pelo menos não parecia ser. Principalmente porque vivia na sombra dos outros garotos. O que teria acontecido com o Jovem Peter? Contudo Sirius então olhou em volta da sala curioso fazendo os outros notarem um pequeno detalhe que até então tinha passado desapercebido.


— Porque a ruiva e o ceboso não estão aqui também? – perguntou ele e só então Sarah e Olivia também se deram conta de que Lily nem Snape estavam na sala.


— Bem... – começou Emmeline mas então ouviu-se um “puff” e os cabelos de Mandy ficaram rosa chiclete. Ao contrario do que todos pensavam, Mandy não ligou para o cabelo, até mesmo fez charminho para as meninas que disseram que seu pequeno erro na poção tinha sido um verdadeiro acerto fashion. Sarah e Olivia trocaram olhares indagadores e menearam a cabeça. Aquilo já estava virando uma palhaçada.


Sarah então terminou de picar suas raízes de Valeriana e então fora até os fundos da sala para pegar o que estava faltando.  James ficara tentado a ir atrás da garota e puxar algum assunto mas seus olhos pararam na mesa das cobrinhas. Malfoy cochichou  algo com Carter e este com Mayfair. Foi então que James viu que o garoto estava com a varinha apontada para a garota que voltava agora com um punhado de vagem soporífera. O maroto então cutucara Sírius que o olhou e ele indicou a mesa dos sonserinos.


— Mayfair estava com a varinha apontada para a Sarah... – disse ele baixo para que só Sírius ouvisse.


— Você não acha que ele iria fazer algo embaixo dos bigodes de leão marinho do professor ou acha? – respondeu Sírius agora olhando também para a mesa da sonserina. – AIIIIIIIIII.


— Desculpa... – disse Sarah agora com o rosto rubro, uma de suas vagens simplesmente saltou quando tentou cortá-la voando bem do lado direito da testa do maroto. James se segurou para não rir mas Sírius fizera uma cara charmosa.


— Nada que um beijo depois não cure... – e riu do olhar que James lhe dera.


— Tente amassar... – disse Peter e então Sarah o olhou. Ele então usou a parte plana da adaga e amassou a vagem. Isso fez com que ela se partisse e realmente mais resina dela. – Viu?


— Obrigado pela dica Peter... – respondeu Olivia sorrindo. Sarah realmente estava impressionada como o pequeno maroto estava se saindo.


Sarah pode notar que embora o livro mencionasse que a poção teria de ficar num tom lilás claro, a sua estava na cor púrpura. Não que ela não soubesse fazer realmente a poção mas só o fato de ter James de frente a ela isso a tirava dos trilhos. Internamente ficava brigando consigo mesma do porque estava agindo feito uma tonta, mas nem ela mesmo sabia a resposta. Novamente Peter pegou em sua mão a impedindo de mexer mais uma vez. Ela então olhou para ele sem entender.


— Você não pode simplesmente mexer a poção quantas vezes quiser... – disse ele sorrindo - ... Se quer um conselho de amigo? Mexa 7 vezes no sentido anti-horário, e depois uma no sentido horário... faça isso umas 3 vezes e você vai ver o resultado.


Sarah até pensou em perguntar de onde ele tinha tirado aquilo. Pode notar que James a estava olhando até que o professor Slughorn decidiu passar por eles.


— Espero que esteja tudo bem com o senhor... senhor Potter... – disse ele com um largo sorriso - ... sabe devido as circunstâncias...


— Não vou dizer que estou confortável com isso professor... – respondeu James, e embora Sarah estivesse esmagando suas Vagens, bem, ela estava atenta a voz do garoto. - ... mas creio que a verdade sempre vai aparecer no final das contas não é?


— Sim... sim... é claro... – respondeu o velho professor com um largo sorriso - ... você é tão brilhante quanto seu pai... prossiga...


James então voltou a olhar para a mesa da sonserina o qual novamente Mayfair conversava com Ken Carter e Bellatrix. Nada tirava de sua cabeça que eles estavam tramando alguma coisa. Decidiu então terminar sua poção que agora estava em um tom púrpura característico embora ele achasse que estava faltando alguma coisa.


— Cadê a raiz de asfotelo? – ouviu a voz de Sarah e então olhou a sua volta. Pelo visto as dele haviam acabado ou poderia pelo menos puxar assunto com a garota. Olivia então dissera que havia pego a última então Sarah sorriu dizendo que iria até o armário pegar mais. Aquilo soou para o maroto como uma chance de poder falar com ela sozinho, sem interrupções, mas o fato de Mandy também se levantar e ir direto na direção de Sarah fez com que os cabelos de sua nuca se oriçassem.


— Padfoot... – disse ele – fique de olho...


Mandy então trombou com Sarah a fazendo derrubar as raízes, e prontamente se dispôs a ajudar, algo que LITERALMENTE estava longe de fazer parte do perfil da garota. Ele pode notar que Mandy falara algo para Sarah que simplesmente juntou as raízes e meneando a cabeça.


— O que foi que ela te disse? – perguntou Olivia e Sarah apenas meneou a cabeça. James pode notar que suas bochechas estavam róseas e isso queria dizer que não tinha sido nada agradável. Sarah apenas meneou a cabeça novamente, respirou fundo e começou a macerar suas raízes. Trocara então olhares com Sírius e então um som de explosão tomou conta da masmorra e uma nuvem de fumaça cercou todo o lugar.


— Rápido... – disse Slughorn empurrando os alunos para fora da sala, Sarah sentiu alguém pegar em sua mão e a puxar para o ar puro mas não soube dizer quem foi, talvez tivesse sido Olivia, e então ouviu a voz do professor na porta - ... venham, vamos sair daqui.


Um cheiro de podre tomou conta do ar e então, todos saíram para fora da sala. Um a um os alunos foram saindo e então Slughorn começou a contá-los.  Mandy e Mayfair foram os últimos a sair. – Bem... Carter, Mayfair... Willson... sim sim... todos estão aqui...


Sarah estava próximo a porta, não sabia direito  o que havia acontecido com seu caldeirão, a não ser o fato dele ter praticamente explodido feito uma bomba de bosta e praticamente a impregnado com cheiro de gambá. Sem falar que suas vestes estavam chamuscadas e isso queria dizer que teria de mandar outra coruja para seus avós e pedir para que lhe mandassem vestes novas de uniforme e isso não sairia barato. Não conseguia levantar o olhar nem mesmo para Olivia que fingia não estar incomodada com o “perfume” o qual ela estava empesteando o ar agora. Olhara de esguelha para o lado e vira James conversando com Peter que falava alguma coisa. A garota tinha certeza de que algo havia saído errado. Ouvira quando Peter dissera a James para não usar raízes de ararambóia, ela tinha certeza de que não tinha pego. Então...


A garota ergueu os olhos e Mandy jogava o cabelo para trás enquanto conversava e fingia estar incomodada com o cheiro. Sarah chegou a cravar as unhas na palma das mãos tentando se segurar. Tinha certeza de que fora Mandy quem misturara araramboia com suas raízes, tinha certeza disso. Mas como iria provar?


— Srta Perks? – ouviu então a voz do seu professor que fizera uma careta assim que se aproximou dela. -  Devo presumir que tenha pego uma raiz por engano para causar tamanho estrago durante a aula. – Sarah até  tentou argumentar mas iria dizer o quê em sua defesa? Por fim apenas respirou fundo fingindo não ouvir os rizinhos que não só Mandy mas os outros sonserinos davam por ver Slughorn tirar 20 pontos da Grifinória.  Assim que o professor a dispensou, a jovem começou a andar rumo as escadarias e Olivia então a alcançou.


— Quer que eu pegue suas coisas? – perguntou ela prontamente enquanto Sarah andava.


— Pode me fazer esse favor, vou ver se consigo tirar esse fedor de cima de mim ou vou estragar o jantar da grifinória. – Dizendo isso Sarah seguiu rumo as escadarias. O Trajeto todo ecoando as palavras de Mandy em seu ouvido. Ela sempre a tirou do sério,  ok que depois de sua amizade com James ela ficara ainda mais insuportável, mas daí a dizer que ela, Sarah, teria o que merecia por ter cruzado seu caminho não era uma “simples ameaça”. Entrou na sala comunal agora com vários alunos saindo para o jantar e subiu as escadas e ouviu muitos comentários maldosos e narizes torcendo. Ignorou todos eles e enfim chegou ao dormitório, pegou seus apetrechos, uma outra roupa e foi direto para debaixo do chuveiro. Enquanto a água caía sobre seus ombros sentia como se o peso de todo o mundo caía sobre si. Porque fora dar importância a algo como James Potter! Porque ele lhe afetava tanto? Relutava em admitir isso mas se preocupava com ele. O modo como ele fingiu que as coisas estavam bem enquanto respondia ao professor, era a confirmação de o que Sírius lhe contara era verdade.


“E porque raios você está preocupada com ele oras...” – murmurava para si mesmo no banheiro. Pegou então uma boa e generosa dose da poção de lavanda que tinha no seu estoque pessoal e praticamente jogara da cabeça aos pés massageando e ensaboando bem para que nem um vestigiosinho daquela poção errada ficasse impregnada nela. Decidiu aguardar alguns minutos, afinal queria que seu corpo ficasse cheirosinho e não fedendo como um trasgo chafurdado na lama.


Mais ou menos uns quinze minutos depois, decidiu que já estava na hora de descer e comer alguma coisa. Podia até estar de mal humor afinal as coisas tinham dado errado o dia todo, então não custava nada pelo menos comer um pouco de bolos ou até mesmo tortinhas de caramelo para adoçar um pouco não é? Vestiu um Jeans, colocou uma blusinha, uma camisa fina sobre ela. Calçou os tênis e então desceu rumo ao salão principal.  Desde que colocara o pé para fora da torre, uma sensação esquisita tomou conta de seu corpo. Era como se algo fosse acontecer. Mas assim que chegou ao salão principal Olivia fez sinal para que ela sentasse com ela e Alice. E foi o que ela fez.


— Você demorou... – disse Olivia servindo-se de empadão de carne - ... achei que não ia descer para o jantar.


— Eu não queria ficar fedendo... – respondeu Sara bebendo um gole generoso de suco - ... aliás, você não sente mais nenhum cheiro ruim em mim não é? Digo... aquele fedor impregnou tanto na minha pele que ainda sinto cheiro.


— Fica tranqüila... – agora era Alice que sorria - ... não estou sentindo cheiro ruim algum.


— Pode até ser pra você Bounce... – ouviu-se uma voz esganiçada e Sarah sentiu o cheiro do perfume enjoado de Mandy - ... mas para mim... Perks ainda fede a bicho morto.


— Engraçado... – respondeu Sarah virando-se no banco – pensei que fosse esse seu perfume de quinta que estava emanando esse fedor... mas  acabei de perceber que esta vindo da sua boca...


— Ora... ora...  -  agora era a voz de Bellatrix que saía de trás das mesas da Sonserina - ... pensei que depois de tantas detenções, você tivesse tomado juízo Perks... a professora McGonagall não lhe ensinou boa educação?


— Ela até que me ensinou Belinha... – disse Sarah respirando mais rapidamente do que pretendia - ... mas sabe... só para usar com quem merece... o que não é o seu caso... e aliás, não tem nada melhor pra fazer do que estragar o jantar de pessoas descentes?


— A única que está estragando alguma coisa nesse castelo é você... – falou Mandy jogando o cabelo rosa chiclete para os lados.


— Bom...- respondeu Sarah cruzando os braços e encarando as garotas- ... acho que temos opiniões bem diferentes de quem REALMENTE estraga alguma coisa nesse castelo não é? Ou vai me dizer que foi sua intenção ficar parecida com um pufoso? – Pode ver que a maioria do grupo de grifinórios que estava na mesa da Grifinória começou a rir e Sarah ouviu alguém chamar Mandy de “Pufoso Wilson” isso deixou a garota fervilhando de raiva. Mas como Sarah não tinha a menor vontade de ficar batendo boca com ela tratou logo de se retirar – Se me derem licença... prefiro comer em outro lugar...  


— Fugindo da briga Perks... – agora Sarah ouvira a voz de um garoto, conhecia e MUITO Julien Mayfair e sabia de sua má índole. Não como os professores afinal, ele era o típico sonserino que vinha de uma família de adoradores das trevas e o deixavam brincar com isso desde pequeno, MAS aos olhos dos outros, era um menino prodígio o qual em hipótese alguma se levantava suspeitas. Sarah então virou-se com um sorrisinho maroto nos lábios.


— Muito pelo contrário Mayfair... – disse o encarando -... apenas evitando a tentação de deixar  sua cara cheia de furúnculos...


Quando Sarah virou-se novamente para a porta do salão ficara praticamente paralisada. Uma cobra gigantesca feita de pedras dançava e sibilava a sua frente. A garota não tivera nem mesmo tempo para pegar a varinha, pois o monte de pedras a abocanhara e ela praticamente deslizou para dentro do animal.


Na hora em que ouviram a explosão dentro da sala o que o jovem capitão da Grifinória pensou em fazer foi puxar as meninas para fora do local. Instruiu Sírius e Peter e tratou de pegar a mão de Sarah e Olivia e praticamente jogar elas para fora da sala. O cheiro estava tão insuportável que sentiu os olhos lacrimejarem e tratou de pegar um ar antes que ficasse com os olhos inchados. Assim que Pettigrew saiu puxou-o para o canto e com Sírius ouviram o professor repreendendo Sarah por ter explodido praticamente uma “bomba de bosta” dentro da sala de poções. Depois de perder 20 pontos para sua casa, era óbvio que ela estaria a ponto de azarar alguém. A viu sair sozinha provavelmente rumo a torre da grifinória e mais que depressa mandara Sírius a seguir. Enquanto ele e Peter seguiam rumo ao salão principal.


— Eu estou dizendo... -  dizia Peter algum tempo depois enquanto estavam sentados na mesa da Grifinória. - ... na confusão, Sarah jogou ararambóia dentro do caldeirão... isso foi coisa feita...


James apenas meneou a cabeça concordando. Já tinha visto o desempenho de Sarah nos Noms, afinal antes de Potter, vinha o Perks na lista de exames e lembrava-se dela ter se saído muito bem com sua poção. E para estar na classe de NIEMs sem ter “contribuído” com Slug...


— E aquela cabeça quente... – disse ele baixinho - ... provavelmente não viu que havia araramboias no meio das raízes que ela pegou.


— Exatamente... – respondeu Pettigrew - ... ela é realmente boa em poções... devia estar muito zangada para não ter visto a diferença entre as raízes.


Foi mais ou menos nessa hora que James viu Sarah chegando e conversando com as meninas. Disfarçadamente olhou para os lados a espera de Padfoot, mas cadê Sírius? Tinha pedido para que ele ficasse no encalço da garota para evitar que as cobrinhas armassem alguma coisa para ela no entanto  a garota entrara no salão sozinha.


— Vou matar você cachorrão... – murmurou ele então Peter o encarou.


— Ela não corre perigo Prongs... – disse ele mostrando com os olhos a mesa da sonserina – As cobrinhas estão todas ali... incluindo a priminha de Sírius.


Fora mais ou menos nessa hora que ouvira a confusão com Mandy. Mais que prontamente ele levantou-se com Peter ao seu encalço. Viu toda a agitação de longe mas já estava com a varinha em punho quando finalmente Mayfair se manifestou. Sarah no entanto tentou se manter longe de encrencas mas algo rochoso tomar forma de uma cobra materializou-se na frente dele. Não só dele mas ela rastejou para dentro do salão principal fazendo todos entrarem em pânico. Mas o pânico que brotara em seu coração fora ainda maior do que o dos outros. Sarah estava diante daquela serpente tão grande quanto um basilisco.


— Mas que... -  ouviu Peter dizer e mais que depressa olhou para a mesa dos professores. Mas não havia um se quer, a muito já haviam jantado e por esse motivo a mesa estava vazia. Então dera um sorrisinho maroto e encarou Peter -  .,, É meu amigo, vai ter que ser com a gente...


James tomara a frente com Peter em seu encalço, tinha certeza de que essa pequena brincadeirinha tinha partido das cobrinhas. Especificamente de Mayfair mas como é que poderia provar. Lucius Malfoy, Ken Carter e até mesmo Snape estavam rindo adoidados do que estava acontecendo. A única coisa que ele estava pensando era em como estaria Perks, apontou a varinha tentava lembrar-se de algum feitiço que não pusesse a vida da garota em perigo afinal ela estava dentro daquele monte de rochas. Se usasse um bombarda acabaria a esmagando. Foi então que lembrou-se de um feitiço, algo que ouviu seu pai dizer ser muito eficiente numa situação de extremo de deslizamento. Nunca em sua vida tinha tido vontade de “brincar” com feitiços inventados mas agora não era hora para brincar.


— Precisamos pulverizar essa serpente... – ouviu Peter dizer e então isso lhe veio a mente. O Feitiço de pulverização que tanto se divertia quando mais novo. James então apontou a varinha para a serpente e praticamente Urrou o feitiço - Serpens Pulveris!


Um raio verde azulado saiu tremeluzindo de sua varinha e envolveu o enorme basilisco de pedra. A Serpente toda tremeu e em segundos como se levasse um choque virou pó e Sarah caiu de joelhos sobre um monte de areia. Sírius estava com a varinha apontada do outro lado de onde instantes estava a Serpente.


James não teve tempo para pensar, correu em direção a garota que estava de joelhos em meio a toda aquela areia, praticamente na hora em que Filch chegava acompanhado de McGonagall, Flitwick e Slughorn. O professor de poções ainda bateu no ombro de Sírius lhe parabenizando por ter lançado um belo feitiço de pulverização.


— Mas que raios em nome de Morgana está acontecendo aqui... – começou a dizer a vice diretora e então houve uma seqüência absurda de argumentos disparados de todas as direções.


O garoto se ajoelhou ao lado de Sarah que ofegava. Provavelmente seja lá quem tivesse conjurado aquele basilisco de pedra, o tivesse feito para matá-la pois não havia jeito algum de alguém respirar dentro de uma tumba de pedras.


— Você está bem? – perguntou ele sério. Estava pouco ligando o que acontecia ao seu redor.  Só queria ter certeza de que a garota que estava ali, a sua frente não tinha um único arranhão porque se ela tivesse...


Sarah então meneou a cabeça afirmando, estava coberta de pó. A jovem então sacudiu a cabeça e pequenas nuvens de poeira se formaram ao seu redor. Apenas sorriu sem jeito, afinal praticamente toda a escola estava ali incluindo professores agora. James então a puxou para junto do corpo e a abraçou. Nunca pensou que poderia sentir tanto medo por alguém. Temer pela vida de alguém, e só de pensar que poderia não vê-la mais...


— Consegue se levantar? – disse baixinho e então a garota o encarou -  Vou levar você até a ala hospitalar.


— Estou bem... – murmurou a garota e tentou se levantar, no entanto cambaleou e James a segurou firme.


— Aham... sei... – falou ele mais baixo como um sussurro - ... não precisa fingir para mim.


Pode perceber que a garota sorriu por alguns segundos antes de desmaiar em seus braços e sua cabeça apoiar em seu ombro.  James sentiu seu coração disparar no peito, não pelo fato de ter se assustado com o desmaio de Sarah, ou de McGonagall e Slughorn estarem em cima dele acudindo a garota. Ou até mesmo por Peter estar narrando para Sírius o que tinha acontecido e este estar ao seu lado o enchendo de perguntas. Mas sim,  pelo fato de novamente ter sentido o perfume que o fizera se sentir tão bem e feliz, o mesmo que sentira enquanto estava ao lado da poção do amor na sala de Slughorn. O aroma era o perfume floral dos cabelos de Sarah.

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