Confusões Adolescentes



Enfim, já tinham se passada uma semana do que havia acontecido entre Sarah e James, e este nem se quer tinha dado sinal de vida. Na verdade, a última vez que Sarah havia visto um dos marotos fora Lupin na aula de Defesa contra Artes das Trevas, e um Peter sorrateiro saindo da cozinha enquanto voltava da aula de poções. Se ela não tivesse preocupações maiores (no caso Olivia), bem ela até que acharia estranho esse sumiço do quarteto, mas como a mente de uma jovem de 17 anos é mais complicada do que um trasgo com dor de dente, ela estava mais preocupada em falar com Olivia (e convencê-la) de que o que tinha acontecido entre ela e o Maroto Mor não tinha sido nada que mal vira passar a semana.


— Até quando você vai ficar com essa tromba? – perguntara ela finalmente em uma tarde enquanto estavam sentadas na sala comunal. Olivia como sempre, fingindo que as coisas estavam super bem embora não ligasse para o que ela falava. – Pelas ceroulas de Godric Olivia... foi só um beijo!


Olivia dera um profundo suspiro, fechara o livro que fazia mais de meia hora que estava na mesma página, colocou-o sobre a mesa de centro em frente a lareira e só então encarou Sarah.


— Um beijo? – então se aproximou mais da garota por sobre a mesinha, afinal, fizera a garota prometer que não contaria isso a ninguém – Sarah, você beijou... – então Sarah a corrigiu – ELE me beijou – e Oliva continuou – Ok... ele te beijou... James Potter, o senhor Maroto, Líder e capitão da Grifinória, te dá a honra de ser escolhida e você faz o que? Mete uma joelhada nele?


— E o que queria que eu fizesse? – perguntou Sarah se levantando, e andando até ela sentando-se ao seu lado – Ele me pegou de surpresa!


— Hummm – pronunciou Olivia cerrando os olhos e cruzando os braços e lhe encarando – Então... se ele não tivesse feito “surpresa” você...


Sarah então arregalou os olhos, não tinha pensado nisso. Aliás nem se quer isso tinha passado por sua cabeça. Fora basicamente uma “ação e reação”, o mesmo que te faz levantar a varinha assim que um sonserino lhe olhava torto nos corredores.


— Ahhhh para com isso... – e então começou a rir como se tivesse ouvido a piada mais engraçada do mundo – Você acha que se eu... – então riu mais um pouco enquanto Olivia apenas a observava - ... você pensa que eu... – e novamente caiu na gargalhada.


— Está bancando a idiota maluca – ouviu Olivia e então Sarah pigarreou tentando parar de rir, na verdade, ela estava era rindo de nervosa e não porque achava que Olivia tinha feito uma piada com o que tinha dito. – Olha Sah... o que minha experiência me diz...


— Olivia... você é “tão experiente no assunto” quanto eu...  – disse Sarah para a garota e então se aproximou mais - ... ou vai me dizer que você e Remus...


— Não mude de assunto... – ouviu Olivia um pouco alterada e então a garota percebeu que havia falado demais.


— Olha Olivia... – começou Sarah, mas Olivia não lhe deu ouvidos, apenas continuou seu discurso.


— Sabem quantas meninas queriam ter sua sorte? – Sarah tentou argumentar mas não conseguiu e Olivia continuou – Você é uma pessoa difícil, eu sei disso e adoro sua companhia pois conheço você a anos... – então Olivia tocara em seu ombro - ... você está careca de saber que Potter não é de dar confiança para qualquer um...


— Exatamente! – respondeu Sarah – Então porque... pelas longas barbas de Dumbledore... praticamente 6 anos depois ele descobriu que eu.... – então fez sinal na frente de si mesma – Euzinha aqui... Sarah Leah Perks, a pavio curto.... existo?


— Talvez porque você... – Olivia então começou a dizer levantando-se e indo de encontro a Sarah - ... seja exatamente o oposto do que a maioria das garotas que chegam perto dele são...


— Mas Olivia... – começou a dizer ela, e a jovem amiga a cortou.


— Mas nada... eu se fosse você o procuraria e pediria desculpas... afinal, ele é o capitão do nosso time de quadribol... – Olivia agora pegava o livro e encarava a garota - ... e não acho que estar brigada com o nosso capitão seja bom para o time.


Dando um profundo suspiro de resignação, Sarah acabou concordando. Amava a Grifinória, e não ia prejudicar o time ou seu desempenho por conta de uma coisinha tosca dessas. Durante toda a aula de Feitiços, Sarah ficara matutando em sua mente como poderia chegar ao garoto e conversar. Não queria ser grossa, ou até mesmo indelicada.


“Como se já não tivesse sido... você acertou  ele com o joelho, quer mais indelicadeza que isso?” – ouvia sua voz interior e isso a deixava muito mais nervosa.


— Se não se concentrar vai explodir novamente sua pena Srta. Perks... – ouviu a voz do professor Flitwick e então após se desculpar com ele respirou fundo. Passou seu olhar por toda a sala e não viu nem sinal de James ou de qualquer outro maroto. Isso realmente era muito estranho. Meneou a cabeça tentando não pensar no assunto. Precisava se concentrar ou iria levar bomba no feitiço de invisibilidade. – Evanesco... – disse ela e a pena apenas tremeu mas nada aconteceu. – Evanesco – mais uma vez e nada, fizera o movimento da varinha corretamente mas infelizmente sua cabeça não estava na aula de feitiços.


— Porque não procura... – então Olivia se aproximou mais dela e cochicou - ... você sabe quem... e conversa com ele. Não vai querer levar bomba em poções também, o professor Slughorn pode até ser bonzinho, mas não vai gostar se você explodir o caldeirão na sala dele. Mesmo contrariada, Sarah teve de dar razão a Olivia, assim que terminasse o almoço, se não encontrasse James ou um dos marotos mandaria uma coruja a ele. Essa situação estava a deixando de cabelo em pé. Se ele queria fingir que nada tinha acontecido, ou evitar ela, tudo bem, mas que isso não prejudicasse o time da grifinória. Olhou para Lily, ela devia saber onde é que estariam os Marotos, ou pelo menos Remus afinal ele era o monitor. Aproveitando que o professor Flitwick havia ido em direção ao fundo da sala para falar com um outro aluno virou-se para traz.


— Ei Evans? – disse ela em tom baixo e então a ruiva levantou o olhar. – Por acaso você viu Remus? Preciso falar com ele.


— Não Perks... – respondeu ela um tanto evasiva - ... posso te ajudar em algo?


— Creio que não... é um assunto que diz respeito ao time de Quadribol... – mentiu Sarah -... como não vejo Potter ou Sírius, pensei que Remus fosse mais fácil de encontrar.


Então Lily baixou a pena e a encarou com seu olhar analisador. Provavelmente tentando avaliar se lhe respondia ou não. Por fim, respirou fundo e cruzou os braços abaixando-se um pouco.


— Quanto a Remus, ele está indisposto essa semana... – disse ela em voz baixa fazendo Olivia ficar um tanto preocupada. - ... pelo menos foi o que a professora McGonagall me disse. Já Potter e Sírius... – ela encarou Sarah e então deu de ombros - ... esses não me interessa, já tentou olhar em algum armário de vassoura?


Sarah ficara sem resposta, o motivo da monitora da sua casa ter sido tão grossa a esse ponto só podia ser o fato dela ter “interrompido” sua concentração. Mas cá entre nós até mesmo Olivia olhou para a monitora a reprovando. Contudo, assim que a aula acabou, Olivia saiu rumo a Ala hospitalar na esperança de saber mais sobre a indisposição de Remus. Sarah então foi direto ao salão principal, estava morrendo de fome.


Estava sentada na mesa da Grifinória quando viu James adentrando no salão com Sírius. Não soube dizer o que sentiu ao vê-lo depois de tanto tempo, e é óbvio depois de ter fugido da sua detenção e praticamente agredido ele. Ok, não vamos exagerar, afinal, ele lhe dera um beijo e o que uma garota faria se fosse pega de surpresa? OBVIO reagiria. E foi o que ela fez. Contudo, quando ele e Sírius foram entrar no salão, a professora McGonagall bloqueou a sua entrada. Sarah não queria parecer interessada no assunto, nem mesmo queria que ele achasse que ela estava arrependida do que tinha feito, muito pelo contrário (ok, ela estava um pouco arrependida) afinal o que acontecera não era pra todo esse alarde né, mas enfim, fingira falar com Melanie, uma primeiranista que havia sentado ao seu lado na mesa e furtivamente olhava para a porta do salão. James não parecia exatamente contente, seu olhar parecia preocupado e nem mesmo Sírius sorria exuberante como ele sempre fazia, também notou o braço de Sírius com uma faixa e ficara se perguntando o que ele havia aprontado para estar com o braço daquele jeito. James então desviara os olhos para a mesa e sim, olhara para ela. Levara a mão até a nuca e massageara o pescoço esboçando um meio sorriso, mas Sarah apressou-se em desviar os olhos e fingir não notar. Fora então que uma segunda pessoa, um homem alto, careca e parecia muito com alguém do Ministério da Magia.


— Interessada no que está acontecendo com ele? – ouviu uma voz atrás de si e levara um susto. Alice estava se sentando ao seu lado com uma fisionomia também nada boa.


— Não... digo... porque o que acontece com Potter me diria respeito? – perguntou ela então disfarçando um engasgo e bebendo um gole do suco de laranja.


— Oras Sah... – disse ela colocando um bocado de macarrão no seu prato - ... ele é o capitão do time né, se ele não estiver apto para o jogo contra a corvinal mês que vem, quem você acha que vai assumir a vaga?


Tecnicamente seria isso mesmo, tinham um novo jogo contra Corvinal no final do próximo mês, e se James não fosse o capitão, quem é que seria? Sírius?


— Quem você acha que é a pessoa que está junto com a professora Minerva? – perguntou Sarah despreocupadamente tentando disfarçar – Ele me parece familiar .


— Parece ser do Ministério da Magia... – agora era Olivia quem chegava, pedia licença para a primeiranista e sentava-se no lugar dela - ... o vi na Ala hospitalar mais cedo quando fui procurar Remus.


— E como ele está? – perguntou Sarah tentando mudar de assunto. Seus olhos disfarçadamente voltaram a olhar para a porta tanto Potter quanto Sírius saíram com acompanhados da professora Minerva e do Homem misterioso.


— Não sei... não o vi... – respondeu Olivia com um suspiro - ... pra ser honesta, nem Madame Ponfrey soube me dizer onde ele estava. Ela disse que ele não apareceu na Ala hospitalar, e cá entre nós não fui me certificar se ele estava na torre da Grifinória, embora Peter tenha dito que ele estava bem, só com uma “catapora contagiosa” e que Dumbledore achou melhor ele passar uns dias em casa.


— Gozado... sempre achei que não havia doença que Madame Ponfrey não pudesse dar conta.... – falou Alice e todas concordaram.  Desde seu primeiro ano Madame Ponfrey assumira o cargo de Medibruxa do castelo. Primeiramente como estagiaria mas depois do seu quinto ano como Medibruxa de verdade. Sempre achou que ela sabia e conhecia vários tipos de doenças e coisas do tipo, jamais pensou que talvez pudesse existir uma a qual não conseguisse lidar. Mas não dera tanta importância se bem que o fato de ter alguém do Ministério na escola a deixou com a pulga atrás da orelha.


— Acho melhor escrever para os meus avós... – disse ela séria e então Olivia a encarou. Não queria preocupar sua amiga mas estava um tanto preocupada com o que estaria acontecendo fora da escola e pelo menos aquele mês ainda não tinha escrito a eles.  – E se fosse você, Olivia... também escreveria.


Emmeline então chegara com uma pilha de livros e largara sobre a mesa fazendo saltar os bolinhos de abóbora por todo canto.


— Vocês viram?


— Vimos o que? – perguntaram Olivia e Alice juntas. Emme então tirou um pedaço de jornal de dentro de um dos livros o qual dizia que o Ministro da magia havia colocado a cabeça de Alex Potter a prêmio.


— É exatamente isso que vocês tão pensando... – disse ela pegando o pedaço de jornal de volta assim que elas terminaram de ler.  - ... o coitado do Potter nem se quer sabe onde é que a família está já que o pai sumiu sem deixar pistas, aposto que aquele homem que estava com a McGonagall veio interroga-lo.


— E vocês acham que ele sabe onde o pai esta? – perguntou Alice agora interessada na conversa.


— Qual é Alice...  – falou Emme - ... se coloca no lugar dele, você acha que ele falaria?


— Exato... -  concordou Olivia – por pior que o pai dele possa ser... ainda é o pai dele né?


— Não quero tirar minhas próprias conclusões... até porque não conheço os Potter, embora meus avós sempre disseram que são um exemplo de bruxos... – começou a dizer Sarah coçando a nuca e então viu as garotas lhe encararem - ... Pelas cuecas de Merlin, querem parar de me olhar assim!


— Não dissemos nada... – respondeu Emme com seu sorrisinho sapeca  o que fez Sarah girar os olhos nas órbitas.


— Eu só quis dizer que... se fosse o Potter Pai e estivesse sendo procurado... a primeira pessoa que eu deixaria no escuro seria meu filho – agora as meninas lhe encararam curiosas - ... deixem de ser besta, com certeza meu filho seria o primeiro que iria ser posto na lista de cúmplices, se ele estivesse no escuro, não sabendo onde eu estou, obviamente não conseguiriam tirar nada dele nem com veritasserum.


— É... – disse Emme coçando o queixo pensativa - ... até que a Perks tem razão. É o meio mais seguro de manter o garoto fora do alvo. E cá entre nós, ele estando debaixo das asas de Dumbledore e de McGonagall, o ministério não tem como tocá-lo nem se quisessem.


— Bom... eu não sei vocês mas vou escrever para meus avós... – disse Sarah levantando-se  - Vejo vocês depois.


A jovem então pegou suas coisas e seguiu caminho rumo a sala comunal. Não podia negar que ainda estava chateada com o garoto, mas depois do que soube que estava acontecendo com ele. Bem, ter o pai como exemplo e depois tê-lo com a cabeça a prêmio não era fácil pra ninguém.


“E você também não colaborou nem um pouco não é...” – pensava ela enquanto subia para a torre da grifinória. Não que estivesse achando que sua atitude fosse errada, achava que o garoto fez por merecer a joelhada afinal, quem ele pensou que era pra lhe dar um beijo sem permissão?


“Hummm então quer dizer que se ele pedisse você daria?” – novamente uma vozinha na sua cabeça a deixava ainda mais confusa.


— A pela Santa Morgana Sarah... pare de pensar besteiras... – disse ela baixinho enquanto subia o último lance de escadas. Ouviu um grito ensurdecedor e Mandy correndo adoidada escadaria abaixo com um pirraça, o poltergeist lhe jogando todo tipo de meleca que tinha num saco. De onde ele tinha tirado o saco e de onde ele tinha tirado a meleca ela não queria nem imaginar. Ele então passou voando por sua cabeça e antes de atirar em Mandy mais uma bexiga com gosma, fez um tchauzinho sapeca para a garota. Isso meio que a fez sorrir e a fez esquecer por alguns instantes a “conversa” que estava tendo consigo mesma.


Assim que chegou a torre da Grifinória estava até muito silenciosa, sentou-se em uma mesa mais ao canto, sua favorita, onde ficava longe de pessoas curiosas e então começou a escrever. Não sabia exatamente o que escreveria, afinal, não acreditava muito nas fofocas do profeta diário, e mesmo que estivesse acontecendo alguma coisa grave do lado de fora, seus avós não iriam lhe contar, iriam achar que ficaria preocupada com eles (o que com certeza aconteceria) e pegaria o primeiro hipogrifo ou testrálio da escola e voltaria pra casa. Então optou por algo mais normal, a carta de uma jovem bruxa contando o quanto estava difícil conviver com pessoas ignorantes e preconceituosas, o quão chato eram as aulas de História da Magia, e por fim, uma novidade, estava no time de Quadribol da Grifinória.


— ISSO.... vovô vai ficar orgulhoso ... – disse para ela mesma. Pegou o pedaço de pergaminho e releu, não havia nada de estranho ou comprometedor, e também nada do tipo que os deixassem preocupados com ela. Mas frisou no final da carta que lhe deixassem “a par” de tudo que acontecia em Falmonth e no resto do país pois não confiava nas fofocas e sensacionalismos do Profeta diário. Seu avô com certeza iria entender a mensagem. Se tivesse alguma coisa, lhe avisaria. Mais rápido do que pretendia, subiu as escadas até o dormitório, deixou suas coisas, passaria no corujal e depois iria para as masmorras ter aula de Poções. No caminho mesmo encontrou um dos irmãos Dumas, e o cumprimentou afinal não sabia se era o Erick ou o Derick então na dúvida, não quis ser mal educada. Lá pelo terceiro andar novamente viu Pirraça de prontidão em frente o banheiro feminino, muito provavelmente Mandy deveria estar por perto ou ele não estaria apenas esperando. Mais que depressa desceu as escadas e passou pelo saguão, agora estava vindo um som de pratos e talheres vindo do salão principal, provavelmente todos agora estavam almoçando. Viu ainda Olivia e Emme conversando com Alice, e um Longbottom meio que tentando participar da conversa. Virou a direita do saguão e correu para o pátio externo, de lá seguiu caminho pela ponte até chegar ao campo onde podia ver a pequena torre de pedra erguida no ponto mais alto da parte externa das terras da escola. Subiu os degraus sem pressa afinal, tinha mais ou menos uma hora de bobeira até ter de ir para a aula então podia ficar com Edward, sua coruja por algum tempo. Mas assim que chegou a torre dera de cara com um Sírius Black barrando a porta.


— Oh... Olá... – disse ela um tanto sem graça, logo pensou que ele havia cansado dos armários de vassouras e achado um novo esconderijo.


— Olá minha doce leoa Perks... – respondeu ele com um sorriso - ... não tenho lhe visto muito pelo castelo ultimamente...


— E nem eu a você... – disse ela, realmente ela tinha meio que “se ocupando” para não ter muito tempo livre, mas não poderia evitar os garotos por muito tempo afinal, teriam os treinos de quadribol e precisava encarar James mais cedo ou mais tarde. – Mas creio que anda muito ocupado esses dias...


Sarah então entrou assim que ele lhe dera passagem e ele sorriu um tanto sem graça. - Bem... não com a ocupação de que gostaria... - respondeu ele.


— Ah entendo... – disse ela – Remus está bem? Olivia foi a procura dele na Ala hospitalar mas Madame Ponfrey disse que o professor Dumbledore o havia mandado para casa.


— Ele está se recuperando... – Sarah pode notar que ele ficara um pouco preocupado quando disse isso, talvez não soubesse o real estado do garoto afinal era uma doença contagiosa não? – Digo, como o professor lhe disse, só sabemos o que o professor nos conta. Mas creio que semana que vem ele esteja de volta.


— Acho bom... ou Olivia vai arrancar cada unha dele com uma pinça. – e então sorriu. Olivia e Remus não estavam namorando, embora Sarah soubesse que a amiga era apaixonada por ele desde o quarto ano, mas só agora parecia que finalmente Remus começara a dar sinais de que também tinha interesse. Ouviu a risada do garoto que mais parecia um latido.


— Qual delas é a sua? – perguntou ele curioso olhando as inúmeras corujas que estavam empoleiradas e então ela levou dois dedos aos lábios e assoviou. Uma coruja branca das neves entrou pela janela e pousou no braço de Sara que estava estendido. – Ótimo truque, vai ter que me ensinar como consigo fazer Arnaldo fazer algo assim.


— Edward era do meu pai... – respondeu ela – Não fui eu quem ensinei isso a ele.


— Vai mandar carta para seus avós? – perguntou ele.


— Vou sim... estou preocupada com o que esta sendo noticiado... – começou ela a dizer enquanto Edward dava umas bicadinhas carinhosas em sua mão, mas então parou de falar e encarou o garoto - ... como sabia que era para os meus avós?


— Digamos que James me contou... – respondeu ele com um sorriso meio sem graça. Sarah então arqueou uma sobrancelha, queria dizer que James falava dela para o melhor amigo? Isso ela ia ter de descobrir, viu ele então ir até uma das outras corujas da escola - ... sabe, se está realmente preocupada com o que anda acontecendo... acho melhor mandar uma coruja comum. Edward é singular, pode ser interceptada facilmente.


— E por que alguém interceptaria a minha coruja? – disse ela agora sorrindo sem entender, então Sírius pegou a carta de suas mãos e começou a prender em uma das patas de uma coruja das torres. O jovem maroto então depois que prendeu a carta da colega, e soltando a coruja. Por incrível que pareça, as corujas sempre sabiam onde e para quem entregar as correspondências. Eram literalmente criaturas fascinantes, Sarah no entanto ficara intrigada com o que Sírius dissera e então foi até ele.


— Acho que já deve ter lido os jornais hoje não? – disse isso sem olhar para a garota, apenas encarando a imensidão do lago do lado de fora.


— Depende... – disse Sarah recostando-se no peitoril da janela - ... se for o profeta... bem, nem eu ou minha família acredita naquelas bobagens. Então viu o garoto apoiando-se também no peitoril e com um sorriso lhe encarando.


— Isso é bom, nem todos tem inteligência suficiente para formar opiniões próprias... – respondeu ele com um sorriso - ... a maioria dos bruxos que eu conheço sempre sofrem influências, bem... digo isso pois venho de uma família inteirinha de bruxos nada confiáveis.


Sarah então ficara um tanto quanto curiosa. Sírius não era de falar muito sobre sua família e o pouco que ela conhecia na verdade era que era primo de Bellatrix, bruxa a qual sempre tivera uma rixa mortal desde seu primeiro ano, tanto que ficara muito espantada quando descobrira que ele, pertencia a mesma linhagem.


— Bom... – começou ela com um sorriso – meu avô sempre diz que “basta uma maçã podre para estragar o cesto” - imitando o jeito de falar do seu avô na última parte - ... eu já acho que se o cesto tiver pelo menos uma maçã forte e robusta pote ser o suficiente para salvar o resto que quiser ser salvo.


— É uma ótima linha de pensamento... – disse ele e então dera um suspiro - ... pena que no caso, na minha “cesta”, o único que quis se salvar fui eu.


Nunca tinha visto o Sr. Maroto Don Juan sem aquele sorrisão estampado na cara, Sarah realmente não sabia como lidar com a situação. E por mais incrível que isso possa parecer, os marotos em si estavam passando uma visão diferente do que ela tinha deles, principalmente depois que começara a conhecê-los melhor.


— Pelo seu silêncio... – começou Sírius com um meio sorriso - ... devo presumir que está matutando alguma teoria, James me disse que é boa nisso.


— Não... é que... fico me perguntando como você e a Vacatrix podem em algum momento pertencer a mesma família... -  então se tocara do que ele acabara de dizer - ... ei... desde quando o Sr. Potter, “O todo poderoso” fala de alguém como eu em seu círculo de amigos.


— Acredite Srta... – respondeu Sírius com um largo sorriso - ... você é o assunto mais comentado entre nós do que imagina ultimamente.


— E eu devo me preocupar com isso? – Agora Sarah realmente estava com certa preocupação, mas Sírius sorriu abertamente agora.


— Bom...  – começou ele agora parecendo mais relaxado - ... são só coisas boas, acredite... a maior parte vem do Pontas... digo James. Você não sabe o quanto ele pode ser irritante quando está afim de alguém.


Sarah meio que ficara em estado de choque ao ouvir isso. Primeiro porque não era de ficar conversando com Sírius Black, o maroto mais popular do colégio, e ainda mais sobre relacionamentos. E nesse caso, ele praticamente falando que James Potter, estava interessado nela, Sarah Leah Perks. Ele porém continuou a conversa como se não tivesse dito nada demais. – James pode ser infantil, arrogante e até parecer um cara que não está nem aí para o resto do mundo... – mas então ele olhou para ela com um sorriso - ... mas ele é um ser humano, é o ser humano mais “humano” que eu conheço – então ele se aproximou - ... só não deixe ele saber que eu disse isso. – e então caiu na gargalhada, Sarah não conseguiu segurar o riso também. Fazia dias que não se sentia tão a vontade e muito menos que conseguisse sorrir com sinceridade. Então ele novamente começou a falar - .... Sabe Srta Perks – começou ele e então ela o corrigiu - ... Ok, Sarah... minha família por mais “tradicional” que seja, não é uma família pra mim... os Potter, sim. Por toda minha vida fui tratado como a escória, uma pulga atrás da orelha de minha “adorável mãe”. A ovelha “branca” da família... somente a um ano decidi dar um basta. Sr e Sra Potter me acolheram como a um filho... – disse por fim, Sarah então o encarou, não sabia que estava morando com os Potter e nem que a situação do garoto havia piorado tanto. Pensou até em dizer algo mas preferiu deixá-lo falar - ... eles me acolheram ano passado quando a situação em minha casa ficou insuportável... James tem sido para mim mais que um amigo, tem sido para mim, assim como Remus um verdadeiro irmão. – então ele respirou fundo e afundara suas mãos nos bolsos - ... talvez seja por conta disso, que ando meio nervoso e soltando os cachorros por ai... – dera novamente uma risada que mais parecia um latido - ... ver toda essa mentirada que o ministério tem dito sobre o Sr. Potter me deixa furioso... ver meu amigo perder a vontade de lutar pelos seus sonhos também...


— Também não acredito no que está sendo publicado... – disse ela finalmente, não conhecia Potter tão bem quanto Sírius, e na verdade também não conhecia tão bem assim Sírius, embora sua história que acabara de contar mostrava que ele não era o garoto que aparentava ser. - ... meu avô conhecia o Sr. Potter, disse que meu pai trabalhou com ele e quando jovem freqüentava os jogos de quadribol do Time do vovô. E se meu pai confiava nele, com certeza nossa família também e também tem o Sr. Moody.


Sarah pode ver um sorriso sincero no rosto do garoto, lembrava-se certa vez, logo no final do ano anterior quando uma sombra começou a se formar no ministério, que ouviu sua avó expressando preocupação e seu avô a tranqüilizando, dizendo que Charlus Potter era o novo chefe dos aurores, e se ele era tão bom quanto antes, pelo menos o Ministério não estava de todo perdido. Sem falar que Moody era o melhor amigo do seu avô, com certeza ele era um Auror respeitado.


— Conhece o “olho tonto” então? – ouviu Sirius dizer e sorriu.


— Conheço desde que me conheço por gente... – respondeu divertida, de fato o conhecia basicamente desde que nascera. Alastor era chefe do seu pai e seu mentor quando era mais novo. Sem mencionar que era amigo de infância de seu avô. - ... Moody nasceu no mesmo condado de meu avô, cresceram juntos assim como você e Potter... vovô sempre diz que enquanto Moody queria viver caçando bandidos ele preferia era caçar um pomo. E foi o que aconteceu... Alastor virou um Auror condecorado e meu avô um Jogador de Quadribol. Obviamente não como um apanhador não é? Não tinha estrutura física pra isso... - Sarah então caiu na gargalhada e Sírius também.  -  Se você conhece a estrutura física de Moody, posso dizer que meu avô é um pouco mais alto... só isso.


— Aquele olho dele sempre me deixa tonto... – respondeu o garoto.


— Então nem pense em pedir para que ele te conte histórias... – Sarah recordava-se de que várias vezes quando pequena pedia para dormir de luz acesa depois que ouvia as histórias de Moody que por algum motivo sempre gostou dela. - .... acredite, se um dia tiver filhos, não os deixe pedir para que Moody lhes conte histórias antes de dormir... são assustadoras.


— Ahhh qual é... vai dizer que não gosta de ouvir histórias de terror -  perguntou o garoto.


— Acredite... histórias de Terror são uma coisa.... – advertiu ela - ... as histórias de Moody não. Moody conta histórias que você sabe que já aconteceram com ele. Talvez seja por esse motivo que penso em seguir os passos do meu pai e ser uma Auror.


— James me contou que tem estudado para isso... – novamente ela se surpreendera. Será que o Todo poderoso Maroto Mor tinha contado cada mínimo detalhe das suas conversas com ele? – É algo que James vem falando muito... sabe... em se tornar um Auror... isso vocês tem em comum. Até o ano passado ele queria ser jogador de quadribol. – então ele riu abertamente e então a encarou – eu posso dizer com certeza que você teve algo haver com essa mudança Srta Perks...


— Eu? -  então a garota dera uma gargalhada – Desde quando? Fala sério Sírius... até o mês passado vocês nem se quer sabiam que eu existia...


— Que é isso... eu sempre estou a par das beldades da casa do nosso querido Godric... – respondeu ele com um galanteio - ... e acredite, tínhamos inveja de Remus por sempre poder conversar com você e Olivia e não sair com o olho roxo.


— Vou repetir o que eu disse para Potter... – respondeu ela com um suspiro – um garoto tentar se me dar poção do amor em uma ida a Hogsmeade, depois tentou passar a mão em mim e ganhou um belo olho roxo... só isso...


— HÁ! Eu disse para Pontas que essa história de você gostar de meninas e de sair batendo nos meninos era fuxico de garotas... -  respondeu ele.


— Não que isso diz respeito a alguém mas não “gosto”... de garotas... – respondeu ela frisando bem a palavra “gosto” – aposto que foi Mandy e sua gangue que espalhou esse boato.


— Sabe que eu não tenho idéia de onde se formou... – disse ele pensativo coçando o queixo - ... eu ainda acho que ouvi isso na época que estava na casa da minha “adorável mãe”... devo ter ouvido Bella falando com Andy sobre isso...


— Andy parece ser diferente de Bella... – respondeu Sarah, não tinha contato com Andromeda, mas ela sempre pareceu ter tanto apreço por Bellatrix quanto Sarah. E olha que eram parentes.


— E como são... – respondeu Sírius coçando a cabeça - ... Andy está caidinha por Ted Tonks...


— O Lufano??? – perguntou Sarah curiosa e espantada ao mesmo tempo e viu Sirius confirmar com a cabeça. – E eu achando que tinha problemas...


— Ted é um cara legal... – disse Sírius – É um tanto porcalhão admito... mas é boa pessoa e a trata como uma verdadeira rainha, MAS se ela mostrar esse interesse lá em casa, vai ter seu nome queimado da árvore da família.


— Cá entre nós Black... quem tem uma família como a sua, não precisa de inimigos... – Não queria ofender mas depois que as palavras saíram é que ela deu por conta do que tinha acabado de dizer.


— Eu sei... – respondeu ele por fim - ... e admito que minha família faz juz ao sobrenome. E acredite, não me espantaria se não estivessem se esforçando para ajudar esse novo bruxo que vem dado dor de cabeça ao Ministério.


— Meu avô comentou alguma coisa de que ele anda recrutando bruxos... – respondeu Sarah - ... não me deu detalhes pois sempre que eu chegava ele mudava de assunto.


— Olha Sarah.... – disse ele sério agora, e isso fez uma pedra de gelo cair em seu estomago – Não sabemos muitos detalhes, mas tanto eu quanto James sabemos que o que está por vir e isso não vai demorar é muito maior do que imaginamos... e o fato do Sr. Potter ter sido acusado...


— Quer dizer que até mesmo o Ministério foi corrompido... – respondeu ela e ele então ele sorriu.


— Exato... e uma prova disso é mandar um ministerial de segundo escalão interrogar James em plena escola... o Sr. Potter está foragido, James e a mãe não tem contato com ele por segurança...acho que por esse motivo James não tem sido mais o  mesmo... isso ou ...– então ele virou-se para ela e a encarou. Sarah apenas o encarou de volta esperando uma resposta. – Ou o que? – perguntou ela.


— Ou é o fato de você praticamente ter acabado com o orgulho dele na sala de troféus... – e novamente dera um sorrisinho maroto que fez com que ela sentisse o rosto corar.


— Bem... -  disse ela respirando fundo. Não sabia ao certo como se justificar sobre o ocorrido e muito menos iria se defender. Mas não era o tipo de garota com quem ele podia fazer o que estava acostumado e queria deixar isso claro.  - ... não vou me desculpar se é isso que quer ouvir...


— Não... – respondeu ele sorrindo - ... e nem pediria que fizesse isso, você tinha todo o direito de se defender. Mas confesso que meu amigo ficou com o orgulho ferido.


— Acredite... não mais que o meu... – balbuciou ela e então quando ele perguntou o que ela tinha dito apenas sorriu e disse - ... Eu não sou como Mandy, ou Kemmy, ou como Joen ou sei lá mais quantas que ele tem levado para o armário de vassouras...


— Oras, eu sou o que leva as meninas para algumas instruções nesses locais.... – respondeu ele e a garota o encarou por alguns segundos e ele sorriu docemente – James pode querer parecer fazer isso mas ele é o típico “dragão que bufa mas não solta fogo”... na verdade, sei que ele também sabe disso. Mas não dá para culpar alguém bobo e apaixonado ou dá?


A garota o encarou e ele sorriu novamente. Espreguiçou-se e respirou fundo mais uma vez. Era óbvio que queria dizer-lhe algo mas não estava certo se podia fazer.


— Ok Black... – disse ela finalmente - ... desembucha... sei que ele deve ter mandado você o defender... e tentar livrar a cara dele de um belo sopapo.


O garoto dera uma profunda gargalhada se levantara e então parou na frente dela com um sorriso maroto nos lábios. Era difícil decifrar aqueles olhos acinzentados, principalmente quando eles se cerravam na frente dos dela.


— Engana-se minha querida Srta. Perks... – respondeu ele com um sorriso - ... ele arrancaria meus pelos se soubesse que estou aqui tendo uma conversa agradável com você. Confesso que acho que deveriam conversar e esclarecer as coisas, sabe... temos um jogo contra uns corvinhos aí... e ter um clima estranho não ajudaria... – então ele respirou fundo mais uma vez - ... James já tá uma pilha por conta dessas acusações contra o pai dele... provavelmente irão acabar com a reputação da Sra. Potter afinal ela trabalhava no Ministério da Magia...


— E você quer que eu vá e resolva as coisas com ele para pelo menos “tentar” impedi-lo de fazer alguma burrice sem tamanho? – respondeu ela arqueando uma das sobrancelhas e cruzando os  braços.


— Bom... – respondeu ele fazendo cara de inocente e colocando as mãos nos bolsos - ... você não me quer ajoelhado aqui no meio dessa titica de coruja toda ou quer?


— Olha... seria até muito engraçado ver o Sr. Sírius Black, ajoelhado em minha frente me pedindo um favor... – agora era Sarah que dera um sorrisinho maroto o que fez o garoto cair na gargalhada.


— É Sério? – respondeu Sírius agora começando a se abaixar e então Sarah o empediu. - Deixa de Drama... não levo muito jeito pra esse tipo de coisa... mas vai ter que me fazer um favor também... - disse ela


— Tudo que minha nobre e bela leoa quiser... – respondeu ele e ela então respirou fundo. Sabia que Olivia estava louca para saber sobre Remus e então não perdeu a chance.


— Se ver Remus, poderia pedir a ele para mandar uma coruja para Olivia? – Sírius então sorriu com o canto da boca e ela começou a rir – Ok, você mais do que eu já deve ter percebido que ela combateria até dragões por ele... então se ele esta doente, poderia sei lá... mandar alguma coruja.. sinal de fumaça... alguma coisa para que ela fique mais “suportável”?


— E lobisomens? – perguntou ele com um sorriso matreiro que a Leoa não conseguiu decifrar.


— Como? – perguntou ela e ele riu


— Se ela enfrentaria dragões... perguntei se ela enfrentaria também lobisomens.


— Pode apostar que enfrentaria... – respondeu Sarah e ele riu.


— Quem diria... a adorável Hornby caindo de amores pelo nosso monitor.... – então coçou o queixo - ... Ele não está em Hogwarts, mas posso tentar entrar em contato com ele, James pode até estar sendo monitorado mas eu posso usar uma coruja.


— E não era o que você estava fazendo aqui? – perguntou ela e ele então sorriu.


— Na verdade minha intenção era mandar uma para você... – respondeu ele - ... mas o destino quis que eu falasse pessoalmente então... creio que minha vinda até aqui não foi em vão.


Tanto Sarah quando o garoto caíram na gargalhada e começaram a descer as escadarias que levavam ao corujal. Se realmente o Ministério estava perdido, isso queria dizer que teriam de começar a tomar partido por si mesmos. Ou não só o Ministério cairia nas garras das trevas como Hogwarts também podia cair.

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