Niems



O dia amanheceu com um nevoeiro cobrindo a rua principal de Londres,  muitos ainda sem entender por completo, via apenas uma nuvem suspeita no céu. Era negra e vez ou outra algum trovão a fazia brilhar e aos poucos ia cobrindo toda a extensão da rua principal. Uma rajada de vento açoitou as árvores, e com sua força ergueu uma das barraquinhas que vendia salgados na rua. As pessoas iam e vinham apenas tentando se proteger do mal tempo que começava a dar sinais de que se tornaria uma dor de cabeça aos transeuntes e todos aqueles que tentavam ganhar a vida ao ar livre.



- Não acredito que o tempo vai virar do avesso... – reclamava Guimelda, a dona da barraca de flores no fim da rua - ... justamente hoje...



- Pois é Guild....- agora era a sua colega de trabalho, Enrieta, dona da loja de doces ao lado - ... eu me certifiquei de ver a previsão do tempo, não dizia que teríamos chuva...



- Nem uma ameaça de tornado.... – Completou Guimelda já começando a recolher seus pequenos vasos que tremelicavam sobre o carrinho - ... acho melhor encerrar por aqui, antes que eu tenha mais prejuízos do que lucros...



- Concordo... – falou Enrieta segurando a porta de vidro. – Depois que terminar... pode entrar para se proteger... não é seguro ficar na sua barraca com um tempo desses.



Guimelda concordou com um aceno de cabeça e então olhou para o lado, não era a única que estava com medo. Muitos começavam a correr procurando abrigar-se nos locais fechados, os quais nem haviam começado a funcionar ainda. Olhara para o relógio, não eram nem oito horas da manhã.  Mesmo sendo uma mulher corpulenta, o vento a fez estremecer. Sentiu um arrepio em sua nuca e olhou rapidamente para trás, não havia sinal de que o tempo melhoraria, pelo contrário, ele parecia ainda pior.  Mais depressa que pode, trancou o cadeado de seu pequeno estabelecimento e correu para a doceria ao lado para proteger-se. Quando entrou na confeitaria da colega, viu dois homens estranhamente vestidos sentados em uma pequena mesa a um canto apenas olhando pela vitrine a fora. A mulher andou mais alguns passos e foi até a bancada onde a amiga fazia atendimento e a chamou fazendo um sinal com a cabeça para mostrar os dois homens do outro lado da sala. Enrieta apenas deu de ombros e entregou a ela um copo de chá e um pedaço de bolo.



Alheios a conversa entre as duas mulheres os dois homens apenas observavam o movimento do lado de fora. O mais alto e com uma barba levemente por fazer encarou o outro a sua frente com certa preocupação.



- Isso não é normal Gill – disse o mais novo, seus cabelos ruivos chamavam muito a atenção em meio aquele estabelecimento singular.



- Eu lhe disse Fabian... – respondeu o outro, seu semblante era sério, mas não passava preocupação - ... Dumbledore nos disse para ficarmos atentos a qualquer movimento, quer algo mais suspeito do que uma interferência no tempo?



- Eu sei... eu sei... – agora Fabian, o mais novo olhava para fora, as nuvens corriam feito aspirais sem parar retorcendo as árvores do lado de fora - ... achei que já a essa altura o Ministério já estivesse em ordem...



- Também achei meu caro... mas sabíamos que isso podia vir a acontecer... – respondeu Gildeon juntando as ponta dos dedos sobre o tampo da mesa. – Estamos sem recursos, estamos sendo caçados feito moscas, e bem...



- Tenho saudades da Molly... – falou Fabian agora - ... sabe como ela fica quando não vamos para casa.



- Sim... mas é por Molly... que temos de fazer alguma coisa.... – disse agora Gideon olhando em volta. Apenas haviam duas mulheres conversando sobre o balcão de atendimento.  O homem então parou no meio da frase fazendo com que Fabian ficasse alerta. As luzes do estabelecimento começaram a piscar porém as duas mulheres pareciam não notar.



- Fique alerta Fabian... – disse Gideon já segurando a varinha. As luzes começaram a piscar ainda mais rápido e então com um estampido, as vidraças da loja estouraram com uma rajada de vento. Instintivamente os dois homens se abaixaram procurando proteção embaixo da mesa do lugar.



Cinco vultos cobertos por máscaras entraram fazendo uma atmosfera negra tomar conta do lugar. Enquanto uma das figuras empunhava a varinha para as duas mulheres que praticamente estavam paralisadas a outra ia de encontro aos dois. Com um movimento rápido da varinha Gideon lançara um feitiço jogando a figura pela janela recém destruída.



- Ora... então nossas fontes estavam corretas... – disse uma das figuras por trás da máscara.



- Estupefaça! – gritou Fabian. Um raio branco perolado saiu de sua varinha ricocheteando o espelho atrás da figura encapuzada e acertando mais um. – Fontes? Isso quer dizer...



- Que temos espiões... – completou Gideon fazendo mais um movimento rápido, e defendendo-se de duas saraivadas lançadas contra eles. – Depulso!



Dois dos encapuzados foram arremessados para fora do estabelecimento. Gideon e Fabian saltaram vitrine a fora tomando a rua e começando a correr. Fabian voltou-se para trás e lançou contra os bruxos duas caçambas de lixo que estavam na calçada. Os comensais da morte as bloquearam lançando-as contra as paredes das lojas. Rapidamente Gideon fizera um movimento com a varinha.



- Precisamos avisar Dumbledore.... – disse ele. Com um movimento rápido pegara uma pena vermelha escrevera em um pedaço de papel poucas palavras que ateara fogo no papel. A pena logo se desfez em chamas.  - ... Se temos um espião na ordem, é melhor eles ficarem de olhos abertos.



Nesse instante um dos bruxos encapuzados cruzou o ar com a varinha em um movimento feito chicote. Gideon fora jogado para longe de Fabian dando contra um automóvel parado na rua.



- Gideon!!! – gritou o rapaz – Depulso! Estupefaça... – começou novamente Fabian fazendo rapidamente os movimentos com a varinha. Uma chuva de raios coloridos começou a cortar o ar em direção aos três comensais que ainda restavam.



- Não percam seu tempo... – disse uma voz vinda de trás de Fabian - ... só irá adiar o inevitável.



- Dolohov... – murmurou Gideon agora tentando por se em pé - ... eu devia saber...



- Se soubesse não cairiam na armadilha meu caro Gideon... – disse Dolohov com a varinha em punho – AVADA KEDAVRA!



- NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!! – Gritou Fabian vendo a luz se esvair dos olhos do seu irmão.



- Não se preocupe... irá se encontrar com ele... – disse agora um dos encapuzados. Quando este fizera um movimento com a varinha Fabian defendeu-se com rapidez jogando-o para longe em meio a rua. E assim sucessivamente o bruxo fora tomado por uma enorme fúria. Lançara feitiços a esmo não importando a quem atingia. Fabian queria levar seu irmão até sua família. Não podia deixa-lo ali daquele jeito. Estava fazendo de tudo para chegar ao corpo de Gideon quando Dolohov o atingiu. Fabian então caíra de joelhos ao lado do corpo de Gideon. Ele até podia ter perdido aquela batalha, mas também dera muitas baixas ao lorde das trevas.



***



“O vento açoitava a copa das arvores cada vez mais forte. James tinha de lutar para conseguir que seus pés finalmente tocaram no chão de terra agora coberto por folhas.  Ele então se desvencilhou furiosamente dos braços de Lorigan que o fulminava com o seu olhar, com os olhos muito abertos e muito negros.



- O que você acha que você está fazendo? Isto é magia antiga! Magia como você nunca imaginou! – disse Lorigan, fazendo com que James ficasse ainda mais furioso.



- EU POSSO ACABAR COM ELE! – bradou novamente o garoto. Sentia-se furioso, aquele bruxo tinha exterminado praticamente toda sua família. Ele era o único Potter na face da terra agora, era sua responsabilidade. Como Lorigan não entendia isso?  - SOU EU QUEM ELE QUER! ENTÃO QUE VENHA! PORQUE ADIAR ISSO?



- VOCÊ ESTÁ QUERENDO MORRER? É ISSO??? – a voz de Lorigan agora era firme e forte que fez com que James mesmo contrariado sentisse a urgência. – BELA MANEIRA DE AGRADECER AOS SEUS PAIS! ELES MORRERAM TENTANDO FAZER DESSE MUNDO UM LUGAR MELHOR PARA O FILHO VIVER, E É ASSIM QUE VOCÊ AGRADECE? SE JOGANDO PARA A MORTE TÃO FACILMENTE?



- Eu posso mata-lo! – retorquiu James, mas vira Lorigan então respirar fundo.



- Não... – respondeu Lorigan agora mais calmamente - ... Você não pode. Voldemort não é um bruxo comum. E até descobrirmos como acabar com ele, ninguém... – agora Lorigan ficara a sua frente e o encarou – Esta me ouvindo NINGUÉM além de Dumbledore, consegue detê-lo.



Pela primeira vez em meses James Potter caíra de joelhos, todas as suas frustrações pareceram transbordar e não conseguira segurar. Sua vontade era de gritar, estraçalhar, dilacerar, causar tamanha dor em Lorigan que sua mente acabara ficando confusa. Lorigan não era o alvo de sua fúria, seus pensamentos voltaram a seus pais, a saudade e amparo que sempre lhe davam e pela primeira vez James Potter se via como um simples garoto adolescente.



- Você não é o culpado James... – ouviu por fim Lorigan ajoelhando diante de si - ... todos, todos os bruxos que perderam a vida nessa batalha, ou que ainda lutam nela, estão aqui por eles mesmos... estão aqui pelas pessoas que amam... não tome a responsabilidade para si pelas decisões dos outros...



James então erguera os olhos e agora Albus Dumbledore estava atrás de Lorigan, e lhe encarava por detrás dos óculos de meia lua. Sempre achara que sua vida se resumia a batalha com o Lord das Trevas, pensou que talvez, se desse o que ele queria deixasse os outros em paz. Talvez ele mesmo teria paz.



- O mundo não gira em torno de um único bruxo garoto...  – Disse novamente Lorigan - ... seria muita arrogância pensar assim... seria pensar como ele...



- Tenho certeza de que seus pais não lhe criaram para ser um bruxo como ele – agora era a voz de Albus Dumbledore, calma e serena como sempre fora.



- É isso que eles querem, não é? – Perguntou James encarando Lorigan e logo após Dumbledore – Querem uma guerra com o mundo trouxa.



- Isso é o que sempre quiseram... – concordou Lorigan – A luta nunca se detém... apenas tem diferentes capítulos...



- Há sempre conspirações e revoluções em andamento. – Falou Dumbledore encarando James o que fez o garoto encara-lo de volta – A batalha é sempre a mesma, só que com diferentes capítulos.... A sua missão não é salvar o mundo, filho... e mesmo quando o fizer, ele volta a se pôr em perigo outra vez... é a natureza das coisas...



- É o famoso orgulho de bruxo? - perguntou James hesitantemente.



- Como já eu disse - respondeu Dumbledore, virando-se para seguir James com seu passo longo e lento. - Noventa por cento da magia acontece na mente. Os dez por cento restantes, Sr. Potter, é pura e autêntico capricho. Tome nota disso e lhe servirá muito bem.”



- Mas que... – James se levantara de um susto quando algo o acertara por cima da poltrona.



- Já te disse, se continuar a ficar pensando na Perks e não falar com ela descentemente e decidir o que vocês têm, eu vou rouba-la de você! – disse Sírius se jogando em uma poltrona na frente da lareira.



- E digo mais... – agora era Remus – Esses dois tem andado muito juntos se quer saber... eu já não me arriscaria a deixar ela escapar não...



James apenas meneou a cabeça, havia realmente passado a noite junto com a Leoa mais feroz da Gryffindor, embora nada tenha acontecido (e quando eu digo, nada, é nada mesmo). Ok, bem tecnicamente fizeram as pazes, mas dai dizer que haviam voltado, era um passo muito importante e complicado para se dizer. O garoto apenas arremessou a almofada de volta a Sírius com o mesmo sorriso maroto nos lábios.



- Vai sonhando com isso Padfoot... – respondeu ele - ... aquela leoa tem meu nome tatuado no coração e eu não acho que cão algum além do cervo aqui tenha chances...



- Acho bom você estar preparado... – disse Remus sentando-se juntamente com Sírius na poltrona enquanto Peter entrava na torre. - ... tem algo aqui no castelo além da Sarah que você vai ter de proteger...



- Do que é que você está falando? – respondeu James sentando-se apoiando os cotovelos nos joelhos e encarando os amigos.



Peter fizera sinal para os elfos saírem de seus esconderijos e irem até o meio da sala próximo a lareira. James encarara os seus dois elfos com um semblante um tanto sério.



- Twingle? – ouviu-se a voz de Sarah que entrava pelo buraco do retrato com Olivia atrás de si – O que esses dois Elfos estão fazendo aqui?



- Acho melhor vocês duas se sentarem... – disse Remus - ... temos muito o que conversar.



Remus então resumiu o que havia acontecido na noite anterior. Sobre o fato de Twingle estar nas cozinhas. E de Hooch ajudando Hagrid com os serviços externos. Obviamente longe dos olhos de Carrow II.



- Meus pais mandaram vocês dois para cá? – perguntou James encarando os dois. Sabia que de alguma forma, seus pais deviam saber o que estaria acontecendo em Hogwarts e colocaram seus fieis servos para informa-los.



- Mestre Charlus mandou Hook senhor... – disse o elfo torcendo as vestes e encarando James. – Ele disse para ficar de olho no jovem mestre e ajudar no que fosse necessário para sua segurança. Mas Twingle... – ele então voltou-se seus olhos azuis elétrico para a elfa que estava ao seu lado fungando tentando conter as lágrimas. - ... ela foi incumbida de cuidar da jovem senhorita Perks.



- Hein? – perguntou Sarah involuntariamente – Cuidar de mim?



- Sim senhora... – começou soluçando Twingle - ... Senhora Dorea -... mais soluços da pequena elfa. Sarah sem saber exatamente o que fazer, fora até ela para lhe confortar.



- Não tem problema Twingle... – disse a jovem enquanto secava os olhos da elfa com um lenço - ... pode me contar quando estiver realmente preparada...



A elfa apenas sorriu sem graça e continuou a soluçar. Remus então olhou para James com certa urgência.



- Carrow está suspeitando sobre os Elfos... – disse ele olhando para Sírius - ... ele os está perseguindo.



- Eu não sei o que aquele ser tem na cabeça... – agora era Sírius se ajeitando na poltrona e encarando James - ... nada de bom com certeza. Mas minhas fontes dizem que Hagrid e Minerva acharam ossada de elfos domésticos no meio da floresta proibida.



- Que horror... – falou Olivia levando a mão aos lábios.



- Então se eles souberem que Hogwarts tem os elfos do seu maior inimigo... – Remus acrescentou. – Vai fazer de tudo para conseguir tirar segredos deles.



- Twingle... – disse Sarah - ... pra sua segurança eu quero que você fique nessa torre e faça todas as tarefas que foi designada pela diretora aqui.



- Hook... seu mestre também pede que fique nessa torre e não saia em hipótese alguma... – disse James encarando os olhos azuis elétricos do elfo - ... antes de qualquer coisa, peça a mim ou a Sarah – ele então olhou para a garota e sorriu - ... não quero colocar os dois em perigo. São tudo o que sobrou do castelo Potter.



Hook concordou com a cabeça. Twingle apenas assoou o nariz nas vestes, mas meneou a cabeça concordando.  – O que os senhores gostariam que Twingle fizesse?



James olhou para Sarah que piscou algumas vezes sem entender. Remus então fizera sinal com os olhos para a elfa.



- Ah... bem...  er... – começou a dizer Sarah e então James tomou a palavra.



- Poderiam dar uma faxina geral nessa torre...  – Disse ele olhando ao redor - ... e depois, podem limpar os dormitórios... Hook fica com o dos garotos e a Twingle o das garotas. Ele duvidava que alguém da torre os veria. Hook e Twingle eram muito discretos no castelo Potter, então dificilmente seriam pegos se não saíssem da torre da grifinória.



Os dois elfos piscaram felizes com as novas ordens e praticamente desapareceram segundos depois. James então encarou Sarah por alguns segundos assim como os outros.



- O que foi? – disse ela balançando os braços – Eu nunca tive um elfo na vida! Não sei como dar ordens a um...



- Uma coisa que você tem de saber... – falou Olivia sorrindo - ... quanto mais tarefas você dar a ele, mais contente e realizados eles ficam.



- A primeira ordem que você deu... – agora era James quem falava - ... já foi a mais importante. Proibir eles de saírem da torre da Gryffindor já é um jeito de os manter a salvo de Carrow.



A jovem apenas sorriu brevemente enquanto James voltava sua atenção a Peter.



- Ok, agora temos elfos domésticos exclusivos na torre da Gryffindor... – começou ele - ... mas isso não nos ajuda a comer melhor... vocês tem noção da porcariada que está a cozinha? Os elfos estão morrendo de medo.



- Bem... isso eu posso dar um jeito... – disse James olhando para Sírius- ... podemos ensinar a Hook o caminho pelo retrato da sala da AG. Ele pode pegar suprimentos em Hogsmeade.



- Ótima ideia... – disse Sírius com um sorriso maroto - ... nossa torre será a única a ter alguma coisa descente para comer.



- Espero que pelo menos... possamos estar mais nutridos até a hora do exame – disse Olivia agora encarando Sarah - ... O de Defesa contra as Artes das trevas já é hoje à tarde depois do almoço e eu não vi ninguém do Ministério por aqui ainda.



- Não se preocupe... – disse Remus passando o braço pelo ombro de Olivia e depositando um beijo em sua testa - ... aposto que seja lá quem for que te avalie... você vai se sair muito bem.



- Ok... ok... porque vocês não vão para um quarto? – falou o Sírius girando os olhos nas órbitas.



- Porque eu o divido com você... – respondeu Remo conduzindo Olivia para o buraco no retrato - ... e acredite, minha intimidade e de Olivia só diz respeito a nós...



- Ei... Moony! O que você exatamente está querendo dizer com isso???? – dizia Sírius se levantando e seguindo o amigo para fora do salão.



Sarah então notando que ficaria ali somente ela, James e Peter decidiu se levantar. Embora tivesse passado a noite com James (isso quer dizer, que pegara no sono ao lado do garoto em meio a uma conversa), estava se sentindo confusa. Porém James fora mais rápido e segurou-a pela mão.



- Ok... essa é minha deixa para sair... – disse Peter levantando-se - ... não perco a coça que Moony vai dar no Black nem por dúzias de sapo de chocolate...



A garota então ficara sem reação por alguns segundos intermináveis. A vozinha em sua mente dizia para deixar de ser boba e encarar o garoto, mas seu coração sabia que se olhasse para ele, suas pernas ficariam bambas. E já tinha tomado a decisão de que a “leoa da Gryffindor” tinha voltado.



- Não me diga que está com medo de ficar sozinha comigo? – gracejou James o que fez com que ela o encarasse com os olhos cerrados.



- Dá um tempo James... – respondeu ela meneando a cabeça ouvindo o garoto dar uma boa gargalhada em seguida gemer.



- Você mereceu... – disse ela agora sentando-se na poltrona onde antes estava Sírius - ... eu disse que você precisaria repousar para que a poção fizesse efeito, mas quem disse que você me dá ouvidos?



O garoto se levantou e charmosamente sentou-se na mesa no centro da sala, em frente a poltrona onde a jovem estava sentada. Sarah embora sentisse seu estomago dar voltas, continuou o encarando até que ele se sentou na mesa e apoiara os braços sobre os joelhos ficando a centímetros do seu rosto.



- Eu escuto você até nos meus sonhos... – respondeu ele galante com um sorriso maroto.



- O que foi que combinamos no esconderijo hein? Senhor Potter? – disse ela agora apoiando os braços nos próprios joelhos e ficando mais próximo do rosto do garoto.



- Ok... eu sei... – respondeu ele acariciando o rosto dela delicadamente contornando seu maxilar - ... não me condene se por algum momento eu esquecer e te roubar e levar para longe disso tudo...



- Humm...  – Disse ela segurando a mão dele com a sua - ... talvez depois de dedetizarmos esses gremilins do castelo... mas enquanto isso... – ela então colocou a mão dele de volta nos joelhos do garoto - ...você realmente não sabia sobre seus Elfos?



Dessa vez Sarah pode perceber que suas feições ficaram sérias. Ele então chegara mais perto, pegara na sua mão e a encarou.



- Não... eu não tinha ideia... – respondeu ele - ...Mas se minha mãe deu ordens a Twingle para que servisse somente a você, ela tinha plena consciência do que estava prestes a acontecer. E... caso você não saiba... a família dela descende de uma antiga sacerdotisa de Avalon.



Sarah então encarou o garoto, por alguns segundos sua mente ficara entorpecida pelo que ele havia lhe dito. Obviamente sabia sobre as histórias, mas sempre pensou que fossem lendas.



- Quer dizer que sua mãe tem o sangue das sacerdotisas? – perguntou ela e ele sorriu orgulhoso.



- Tecnicamente... ela sempre teve o poder de ver as coisas antes que acontecessem... – disse ele - ... e por algum motivo ela queria muito conhece-la..., mas... infelizmente não teve chance...



A garota lhe encarou um tanto confusa, mas ao ver o olhar de James sentiu vontade de abraça-lo.



- Me desculpe eu não quis... – começou a dizer, mas James apenas dera um sorriso triste.



- Se Hook e Twingle estão aqui... é porque minha mãe viu algo que inevitavelmente pode vir a acontecer. Então prometa para mim... que não vai facilitar as coisas... – e então rapidamente acrescentou quando ela abriu sua boca - ... não estou querendo dizer que você não possa se defender..., mas eu ouvi coisas... e vi coisas... eu sei muito bem do que eles são capazes de fazer...



- Tudo bem... eu não vou dar bobeira pelos corredores... se é isso que quer saber... – respondeu Sarah o encarando - ..., mas você também tem que parar com essa mania de dar chance ao azar... acha que foi fácil te dar cobertura por tanto tempo?



- Eu sei... não vou fazer de novo. Acredite... – disse ele se aproximando mais de seu rosto, mas ao ouvir conversas passando pelo buraco do retrato Sarah rapidamente se afastou. Um grupo de garotas do segundo ano passou direto rumo a escada dos dormitórios. – De quem foi a ideia?



- Bem... acho que foi algo em conjunto... – respondeu Sarah - ... os meninos eram as vítimas e eu, fiquei responsável pelo estoque de poções...



- Você as fez? – perguntou ele com tom de espanto.



- Eu hein? Porque o espanto? – disse Sarah cruzando os braços em tom de ofensa – Sou muito boa em poções se quer saber...



- Eu não disse que não era... – respondeu ele e ela então dera uma gostosa gargalhada o que o fez a encarar parecendo confuso.



- Ok.. ok.. eu as surrupiei do Slughorn... satisfeito? – James então dera uma gargalhada seguida de um gemido. Podia notar que seu corpo ainda pedia cuidados e então Sarah sorriu – Não tínhamos um mês para esperar nossa poção ficar pronta...



- Quem diria... – e então James olhara no fundo dos olhos de Sarah - ... que a Srta. Sarah Leah Perks percorreria o submundo dos larápios para livrar minha cara...



- Tecnicamente usei o que aprendi com você... – respondeu ela - ... ok... mais com Peter e Sírius...  – A jovem então se levantou – Acho melhor eu ir, tenho que falar com a professora Minerva antes de mais uma sessão de estudos com Olivia.



James novamente se levantou e segurou sua mão, seus olhos embora tivessem aquele costumeiro brilho maroto, pareciam muito mais tristes. O garoto então abrira a boca para falar algo, mas novamente um grupo de alunos entrou na sala comunal e diferente do outro, não foi para os dormitórios. Sarah apenas sorriu e disfarçadamente soltou sua mão se dirigindo para o buraco no retrato. Ele realmente ficara frustrado com isso. Meneara a cabeça e decidira subir para o dormitório. Precisava de um banho frio.



***



Enquanto ela se aproximava do castelo, o silêncio parecia gerar uma estranha inércia. No começo, Hellen apenas sentiu que não havia nada nem ninguém na casa de barcos. Mas assim que entrou sentiu uma fragilidade no ar, uma tensão que girava no ambiente como uma teia de aranha, que Hellen estava relutante em quebrar. Quando ela finalmente se aproximou da beira sobre a qual ficava as cavernas embaixo do castelo, Hellen finalmente percebeu a verdade por que tinha subido tão quieta:  temia que realmente houvesse alguém dentro da casa de barcos, alguém que assim como ela não devia estar ali. Quando ela estava diante dos pequenos mastros da passagem de madeira, no entanto, tornou-se necessário que ela ascendesse a varinha. Uma estranha sensação tomou conta da garota enquanto ela subia rumo a passagem para dentro do castelo - “Alguém está me observando” Hellen quase gemeu, espiando nas varandas salientes. Hellen foi para o lado, a casa de barcos estava praticamente vazia. Com um salão alongando em direção a arcos pilares do outro lado. Os seus passos ecoavam alto na escuridão, tornando impossível a discrição. O piso de pedra estava coberto com décadas de areia soprada e folhas de grama morta. À medida que Hellen foi entrando pelas passarelas, movendo-se em um amontoado de nervos, Hellen percebeu um movimento na parede distante. Ela olhou para a escuridão, com seus olhos semicerrados e viu uma grande forma emoldurada. Ela parecia muito maior do que um cervo e cheia de sombras que se moviam: Uma cortina esvoaçando levemente ou pelo menos era essa a impressão que passava...



“Eu tenho um mau pressentimento sobre isso”, pensou a menina olhando nessa direção.



A garota com o canto dos olhos, reparou que haviam mais delas ao redor do lugar, a sombra não estava sozinha. Pelo menos parecia que haviam mais de uma pessoa ali.



Nervosamente, Hellen perguntou: - Quem está ai?



- Ora, ora... o que temos aqui... – disse uma voz nasalada saindo das sombras. Uma pessoa coberta por uma capa desceu alguns degraus da escadaria a direita - ... uma ovelhinha perdida?



Hellen tentou voltar, mas quando deu por si, estava cercada. As sombras de cinco pessoas encapuzadas a cercaram em meio ao corredor da caverna.



- Não estava perdida... – respondeu a garota - ... tenho permissão para ir a floresta proibida com Hagrid caso precise de ingredientes para poções...



- Aham... sei... – respondeu outra figura agora atrás dela passando lentamente por suas costas e alisando seus cabelos. - ... Anda ajudando Potter é isso?



- Quem? Potter? – perguntou ela nervosa – Não, são para os estudos de poções para os NIEMs...



- Não está mentindo para mim está? – novamente a voz feminina falou a sua direita – Sabe, eu não gosto que mintam para mim... e... se olhar bem... meus amigos aqui... eu teria cuidado com eles se fosse você... eles estão sob minha influencia e vão fazer o que tiverem que fazer...



- Bom conselho, concordo - uma voz de homem disse brilhantemente. O som ecoou de todos os lados em volta, deixando-a assustada e sem direção.  Hellen assustou-se. Seus olhos examinavam o espaço escuro, buscando a origem da voz, mas ninguém ficou evidente.



-  Quem é você? – Hellen perguntou - E por que você está fazendo isso?



- Porque estão entediados e eu preciso de respostas... - disse a voz, ainda ecoando, em volta da sala cavernosa. - ... respostas estas, que possivelmente você pode me dar.



 - Que respostas... – falou Hellen apavorada, mas foi interrompida. Algo dentro dela sabia o que viria a seguir.



- Oras... - respondeu a voz do homem, sorrindo embora a menina não o visse sentia em sua voz que o estava fazendo - ... o motim? O grupo de rebeldes a que você pertence... ou vai me dizer que não conhece as façanhas da Armada Gryffindor?



- Motim? Rebeldes? – o tom de voz da garota já mostrava seu desespero, ela não sabia nada sobre o assunto aliás ela nem se quer havia ouvido falar sobre tal coisa. – Sério... eu apenas estava pegando ingredientes na floresta proibida... podem pedir ao Hagrid...



- Não se faça de sonsa... – a garota com voz estridente que estava com o capuz em seu rosto desferira a mão em um tapa no rosto de Hellen que a empurrou praticamente contra a parede. - ... sabemos muito bem que existe esse grupinho medíocre de sabotadores...



- Eu juro... eu não tenho ideia do que vocês estão falando... – disse a menina desesperada. Sua voz embargada pelas lagrimas. Em desespero, ela puxara a varinha para se defender.  Se enchendo de força, ela apontou sua varinha, mas sua mão congelou. Sentiu as veias de seus dedos ficarem frágeis um momento antes, sua carne crepitava tornando branco todo o caminho até ao seu pulso. Tentáculos de vapor gelado se enrolando pelo antebraço, ela puxou a mão e abraçou-a em seu peito, gritando em estado de choque e medo.



- Isso foi imprudente... - a voz do homem disse presunçosamente divertido - Mas instrutivo, tenho certeza.



- Por que vocês estão fazendo isso? - Hellen choramingou conforme a circulação voltava para ela.



- Eu não estou fazendo nada disso... - respondeu o homem, e Hellen finalmente pensou que a viu. A figura estava disfarçada nas sombras. Mesmo na escuridão, ela reconheceu a forma dele - a túnica com capuz, emoldurando o rosto bonito, arrogante. Era quem ela sempre via no alto do patamar no salão principal, durante todas as refeições. Era Carrow II, o diretor de Hogwarts.



- Você está certa, Hellen Bloomberth - disse o homem, como se lesse seus pensamentos. Ele adiantou-se ligeiramente de modo que a pequena claridade da lua refletia parcialmente sobre seu rosto. – Sou Amycus Carrow II... o diretor dessa escola nomeado pelo Ministro da Magia em pessoa.



- Eu não sei o que vocês estão procurando... não faço ideia de que grupo vocês estão caçando... só me deixem voltar para a torre da Ravenclaw... eu imploro... – choramingou novamente a menina já sem um pingo de esperança na voz.



- mimimimimi.... – resmungou novamente a bruxa de voz estridente encapuzada imitando a menina - ... claro que você sabe... anda com aquelas meninas do informativo para cima e para baixo, e EU SEI que elas fazem parte daquele grupinho do Potter!



- Seja paciente minha cara discípula... – disse a voz do homem, levantando as sobrancelhas em um sorriso surpreso. – Não vê que nossa pequena informante está assustada...



- É sério... – repetiu Hellen em meio a soluços de desespero - ... eu não sei do que vocês estão falando....



- Ainda não é a resposta que eu preciso... – Carrow II a repreendeu sorrindo levemente. - Logo eu vou ficar impaciente com você. Pare de desperdiçar nosso precioso tempo. Nós temos trabalho a fazer.



Silenciosamente, Hellen sentiu como se algo a estivesse sufocando. Minutos depois, milhões de agulhas pareciam perfurar seu corpo dolorosamente e ela começou a gritar de dor.



- Por favor ... parem... – choramingou a menina mais uma vez.



 - Isso é uma exigência, não a resposta que procuro... – Carrow II zombou ligeiramente, transformando seu rosto bonito por um momento. - E não posso conceder a sua exigência em todo o caso, a não ser que diga o que eu quero saber...



Hellen tentou chegar a varinha que agora jazia no chão de pedra, mas Carrow II a advertiu do perigo.



- Eu não seria tão ousada, querida. – disse Carrow II em tom de falsa bondade.



- O que você... quer que eu faça? – disse a menina agora encarando-o com raiva.



- Essa é a pergunta que eu estava esperando! - Carrow gritou, batendo palmas com alegria. - E eu tenho uma resposta para você minha jovem... sei que é inteligente o suficiente para entender que... alunos rebeldes, tem de ser punidos... e para isso, preciso que me conte o que sabe sobre esse grupinho infeliz que tem causado tantos transtornos na escola...



- Eu já disse... – respondeu a menina sentindo algo prender sua garganta - ... eu não sei nada sobre grupos... eu mal tenho amigos... passo a maior parte do tempo sozinha na biblioteca...



Nesse momento, ela então percebeu um movimento por trás de si e algo puxou seu cabelo para trás a fazendo erguer o pescoço e uma varinha foi posta em sua garganta.



- Garotinha tola... -  a voz estridente respirava triunfantemente, olhando a jovem que agora estava – com a varinha no pescoço - ... sabemos que você faz parte do círculo de amigos das fuxiqueiras do Informativo, deve saber de algo...



Hellen estava sem palavras. Ela olhou em volta, incapaz de tirar os olhos das sombras encapuzadas que a cercava e pensou de repente e entendeu. Ela estreitou os olhos com raiva.



- Você! -  Ela exclamou, apontando. – Você é quem tem deixado os elfos assustados... – e então olhou para a dona da voz estridente -  Você mandou eles matarem aquela aluna da Lufa-Lufa!



- Oh, não -  Carrow II riu de novo, alegremente. - Não, não, não, você é uma garota boba. Eu não os mando eliminarem ninguém... – Carrow II fez um gesto carinhosamente na direção de seus pupilos. - Eles. Eles é que mataram. Francamente, eles estavam fazendo um favor aquela jovem perdida. E mais importante, eles são meu grupo de correção disciplinar... se posso chamar assim... e essa equipe pode ser bastante persuasiva. Ele gargalhou como se tivesse feito uma pequena brincadeira em uma festa.



E então, com rapidez horrível, Carrow II fez um movimento acenando com a mão direita. A varinha de Hellen flutuou para longe dela. Carrow II a pegou e imediatamente passou para o encapuzado que estava a sua direita.



- Sinto muito Srta Bloomberth  - disse Carrow II – mas caso não tenha as respostas que eu quero, não vou poder deixa-la ir...



Carrow então usara a própria varinha de Hellen para lhe causar dor. Ela tinha a mais absoluta certeza de que se tratava da maldição Cruciatus, era como se dezenas de facas entrassem em seu corpo, afiadas e quentes sendo torcidas ao ponto de fazê-la quase perder a consciência.



- Pare com isso! - Hellen gritou entre meio aos gemidos de dor.



- Me diga o que eu quero saber menina... – repetiu Carrow fazendo novamente um floreio com a varinha.



- EU NÃO SEI!!! – gritou Hellen desesperada. Foi quando o bruxo agiu.



- Morra, pequenina... -  Carrow riu e balançou a varinha para Hellen, como se ela fosse apenas uma mosca. Um raio verde explodiu contra o lado da garota. Sua cabeça sacudiu para o lado e seu corpo voou pelo ar, virando-se quase graciosamente. Hellen voou para fora da luz da lua, morta em pleno ar. Sua mão e tombou no chão de pedra, sem fazer barulho. Houve um baque rolando quando a própria menina caiu no chão de pedra sombria a quinze metros de distância.



Os olhos cheios de fúria o bruxo então pegou a varinha da menina e a guardou consigo, a jovem encapuzada com voz estridente pulava feliz como se estivesse ganho um prêmio de melhor bruxa do ano. Os outros que estavam acompanhando não expressaram nenhum som ou era possível ver seu rosto.



- Vocês! – disse ele dando as costas ao corpo já sem vida da jovem – Se não me trouxerem alguém que definitivamente comprove a existência daquele maldito grupo do Potter... um de vocês fará companhia ao corpo da Srta Bloomberth. Estou sendo claro?



- SIM! – responderam os encapuzados.



- O que faremos com ela? – perguntou uma voz mais grossa e melodiosa.



- Joguem-na no lago... – respondeu ele – Inventarei uma desculpa depois...



Dizendo isso, Carrow II virou-se em um balançar de capa deixando-a esvoaçando atrás de si. Um a um os encapuzados rolaram o corpo da menina para o lago e a jogaram lá. Sem questionamentos, nem dúvidas, apenas fizeram o que lhes fora ordenado. O corpo de Hellen afundou com o impacto, mas tornou a subir minutos depois boiando conforme o vento a levava.



***



Aquela manhã apareceu nebulosa. Os alunos não entendiam direito o que isso queria dizer, mas pelo que Sarah sentia, não era nada bom. A dias ela estava com uma sensação de impotência que ficava cada dia mais urgente. O professor Flitwick que era o grande mestre de feitiços, fora meio que “excluído” quando uma nova professora começara o ajudar nas aulas algumas semanas antes dos NIEMs, na verdade, todas as outras disciplinas (pelo menos as que Carrow II achava que os professores não eram “solícitos” com sua maneira de dirigir a escola) eram colocados com um supervisor. Naquela manhã, uma bruxa um tanto quanto “excêntrica” estava ali sentada enquanto o professor dava as orientações sobre “feitiços domésticos”. Contudo muitos dos alunos não estavam gostando muito dessas “interrupções”. Ao que tudo indicava, Carrow estava realmente tentando fazer com que os alunos não prestassem seus NIEMs ou que fracassassem neles miseravelmente. Sarah estava sentada ao lado de Olivia, quando a aula do professor mais uma vez fora interrompida pela sua “supervisora”.



- O que é isso? — A bruxa com cabelos longos e negros feito a noite perguntou de repente, interrompendo-se na frente da sala de aula. Ela levantou o queixo e olhou sobre as cabeças dos estudantes. Seu olhar negro encontrou Sírius e ela mostrou-lhe um sorriso bastante encantador. — Alguma pergunta Sr. Black?



- Não, não — respondeu Sírius, sorrindo meio desengonçado.  - Não é nada.



Sírius claramente estava armando alguma coisa com James, mas fora pego de surpresa. O que ocasionou no fracasso do plano antes mesmo de ser executado.



- Alguém aí atrás deixou a entender o que Feitiço Doméstico é... Desculpe- me — ela disse, franzindo o cenho levemente. - Minha pobre escuta não é mais o que costumava ser. O que disse ao seu amigo?



- Er... — murmurou Peter, seu rosto ficando vermelho-escuro. — Er, er... Eu só estava perguntando.  Bem...



A professora assentiu, confortando-o, e fechou os olhos.



- Sim, sim. Sr. Pettigrew. Ouvi falar muito sobre você e seus amigos. O que estava perguntando, querido? Não se intimide com a sua velha professora Newt.



- Bem — ele disse, olhando em volta animado ajeitou-se um pouco na cadeira. Os olhos do resto da classe estavam todos virados para ele, a maioria atenta e séria. Remus e James sacudiram a cabeça muito fracamente, tentando alertá-lo para não dizer o que havia perguntado. No entanto Peter engoliu em seco e continuou. — Eu,  er...  Sempre pensei... Desculpe por dizer isso... Que economias domésticas era um estudo de garotas.



Sarah observou que tanto James quanto Remus levaram suas mãos a testa num movimento sincronizado. Eles sabiam de alguma coisa que ela e Olivia não sabiam?



- Ah, não – A professora respondeu calmamente, sorrindo novamente. — Um conceito errado e comum, querido, lhe garanto. Não, entenda, a verdade é... — agora, a professora afastou-se da mesa, voltando para as sombras dos altos armários que alinhavam a parede frontal da sala — ... A verdade é que Feitiços Domésticos não é de jeito  algum um estudo de garotas... é, na verdade, um estudo de mulheres.



Nas sombras, a professora levantou suas mãos rapidamente, e as mangas dos seus robes caíram para trás, revelando surpreendentemente braços fortes e magros.



- Feitiços domésticos é mais do que uma mera aula. É a caça de vida apenas das mulheres mais raras e poderosas. Uma mulher feroz e astuta, uma bruxa cuja astúcia não tem profundidade, cujos motivos são infinitamente intraçáveis, e cujo potencial sem limites é mantido sob controle somente pela sua própria disciplina de determinação...



Um raio estalou da varinha erguida da professora e da ponta dos seus dedos, roçando ao longo da altura das estantes. Sua voz ficou baixa, mas voltou ficando mais alta ainda, ecoando.



- O tipo de bruxa cujos subordinados apenas existem à sua tolerância, apenas para servi-la de caprichos irreconhecíveis, movidos por simultaneamente medo dela ou amor a ela, para sempre iludido e fascinado, sabendo disso... ou não!



Um trovão ribombou subitamente no espaço fechado da sala e uma rajada fria de vento redemoinhou em volta do local, batendo as portas dos armários e sugando velas dos candeeiros das paredes. Nas suas mesas, os alunos seguraram os pergaminhos e penas enquanto o vento acelerava sobre eles, fluindo através do cabelo das garotas e agitando as gravatas dos garotos. Um esqueleto numa estante de metal no canto gritava e se balançava. Sua mandíbula estalou como se estivesse rindo. Um momento depois, tão rápido quanto começou, o vento cessou. A iluminação da sala voltou ao normal. Com uma série de pequenos estalos, as velas apagadas se reacenderam.



- Isso responde a sua pergunta, meu querido? — perguntou a professora docilmente, sorrindo na frente da sua mesa mais uma vez, como se não tivesse se movido um centímetro sequer.



- S-sim, madame — respondeu Peter com rapidez, ajeitando-se no assento amedrontado. - Claro como cristal.



- Muito bem - falou a professora calorosamente, seus olhos cintilando. - Agora, onde estávamos? Ah, sim, o essencial básico para qualquer cozinha mágica, começando com conchas. Prestem atenção, alunos. Isso pode ser um pouco confuso.



Momentos mais tarde, o grupo se reunia no salão comunal para conversar exatamente sobre a interrupção da “professora Newt”



- Ah qual é Lene... – disse Sírius cruzando os braços - ... desde quando “Feitiços domésticos” é melhor que transformar o inimigo num bufador?



- Você viu do que essa Newt foi capaz de fazer só porque o Peter falou demais! – respondeu a garota – Eu é que não vou me meter a besta com ela.



- Marlene tem razão... – disse Remus agora enquanto estavam sentados em volta da mesa. – Vocês viram do que ela é capaz de fazer, a impressão que eu tenho é a mesma de antes, Carrow nos quer vulneráveis e incapazes de fazer qualquer tipo de movimento. Isso inclui os professores.



- E como passaremos nos NIEMs assim... – Resmungou Olivia.



- Como sempre fazemos Oli... – disse Sarah que estava com a cara enfiada nos livros. – Sozinhos... eu não vou deixar aquele comensal da morte me impedir de chutar uns traseiros das trevas...



- Essa é minha Leoa... – disse Sírius tomando um peteleco na cabeça de Lene que saíra com a cara emburrada. – Qual é Leneeeeeee..... -  Mais que depressa o garoto se levantou e foi atrás de Marlene.



- Bom... – disse Olivia meneando a cabeça - ... então é melhor começarmos a revisão, para o primeiro. Qual é?



- Defesa contra as Artes das Trevas... – respondeu Remus - ... e sei que se for o instrutor do ano passado, se souberem conjurar um patrono... com certeza vão se sair bem...



- É fácil pra você falar... – disse Olivia - ... vocês conseguem conjurar um com facilidade...



- Você também pode conseguir... – respondeu Sarah - ... é só pensar no que te faz mais feliz...



Dizendo isso ela olhou para Remus e sorriu ao ver o rosto de Olivia se tornar de rosado a rubro com uma rapidez enorme. Remus apenas fingiu não ver ou ouvir pegou na mão da garota e começou a conduzi-la rumo a sala precisa para praticarem o feitiço do patrono. A manhã passou voando assim como o horário do almoço. Por incrível que possa parecer, dessa vez a comida a ser servida tinha sido até que satisfatória. Sarah não sabia dizer se era realmente os elfos que haviam feito ou o diretor havia contratado alguém para faze-la. Pois além dos costumeiros professores sentados diante do patamar, agora haviam no mínimo mais três bruxos. Uma senhora rechonchuda com bochechas rosadas e cabelo ruivo como fogo, e mais dois bruxos. Um magro e bastante alto com o nariz pontiagudo, e o outro mais encorpado e com o rosto muito redondo. A impressão de que com a manta que usava não tinha pescoço. Mas seu sorriso era simpático e ele falava alegremente com o professor Flitwick.



Sarah sentou-se ao lado de Alice que parecia anormalmente sem fome. Trocou olhares com Emmeline que apenas deu de ombros. E então tentou puxar assunto com a garota.



- Algum problema Alice? – perguntou ela se servindo de suco e examinando o que ela poderia comer sem que seu estomago revirasse. – Não está parecendo com fome...



- Não estou conseguindo engolir nada... – disse a menina com o rosto apreensivo.



- Está sentindo alguma dor? Você não é de ficar sem comer... ainda mais com um banquete desses que faz meses não temos... – respondeu Sarah e Alice apenas deu de ombros.



- Ela está nervosa com o NIEMs ... – respondeu Emmeline bebendo um gole do seu suco - ... eu já disse a ela que não podemos fazer milagres, mas ela vai se sair bem, o próprio Flitwick disse isso a ela...



- Eu já falei para ela que o examinador é o Sr. Osvald Shenp... - então Frank espichou o pescoço dele olhando para a mesa dos professores - ...Ali... aquele com o Flitwick... não se preocupe, você vai se sair bem Ali...



Assim como a manhã, o almoço passara muito rápido. Os exames estavam marcados para o primeiro horário assim depois que todos já tinham feito suas refeições o salão principal fora esvaziado e deixado sob comando do Sr. Osvald Shenp. Obviamente todos os alunos (os que iriam prestar seus NIEMs) estavam esperando do lado de fora das enormes portas de entrada para o salão principal. Sarah desceu as escadas com Olivia sentindo seu estomago dar voltas. Não que ela não soubesse os encantamentos. Tinha uma vaga ideia do que iriam pedir, a professora McGonagall fizera um favor ao lhe “indicar” uma lista dos “possíveis feitiços” na ultima vez que se reunira com ela, e a fez garantir espalhar a lista por todos os alunos do sétimo ano da Gryffindor. A professora McGonagall estava um tanto abatida, mas Sarah não quis perguntar nada afinal já havia sido avisada de que sua relação com a professora, apesar de ser sua tutora legal, não podia interferir no seu desempenho acadêmico. Então, dentro do castelo desde que Carrow II assumiu o posto, evitavam demonstrações de afeto.



- Aqui alunos do sétimo ano... – disse Minerva com um pergaminho na mão - ... Os alunos do sétimo ano que prestaram exames entraram por essa sala por ordem alfabética, vocês executaram o exame prático, e seguiram para o sexto andar na sala de feitiços onde faram o teste escrito. Espero que todos estejam preparados. - Ela então abriu o pergaminho e começou a chamada.  – Black, Bounce e Evans...



Sírius Black apenas dera um sorrisinho para os amigos, ajeitou os cabelos e entrou na sala. Alice dera um pulo quando ouviu seu sobrenome e ao contrario dela, Lilly Evans se dirigiu para as portas de carvalho rapidamente sem olhar para ninguém. Fazia semanas que Sarah não tinha visto a ruiva. Remus apenas segurou o braço de Olivia quando ela virou a cara para a monitora. A jovem podia notar que Evans não parecia muito bem. Estava bastante abatida e seus cabelos geralmente cor de fogo brilhantes estavam bem opacos e despenteados. Muito provavelmente Lily devia estar fazendo alguma coisa com Snape, disso ela tinha a mais absoluta certeza, mas não ia mais se meter nos negócios da ruiva, mesmo que fossem algo perigoso. Já tinha tido demonstrações demais por parte dela. Alguns minutos depois a professora novamente saiu pela porta. E Olivia, Frank e Remus foram os próximos. Sarah sorriu para a amiga que visivelmente estava nervosa e fez sinal de positivo. Olivia não era ruim, aliás Sarah achava a garota muito mais talentosa do que ela. Contudo o nervosismo sempre a sabotava. Passaram-se novamente alguns minutos, Sarah olhou para o lado e a fila dos alunos das outras casas começara a se formar. Amos Diggory, e a monitora da HufflePuff que ela não se lembrava o nome já estavam esperando atrás de Emmeline.



- Perks, Pettigrew e Potter… - disse a professora Minerva assim que abriu a porta do salão principal. O salão estava totalmente vazio a não ser por três mesas distribuídas e alinhadas verticalmente. Cada uma com um examinador. Amycus Carrow II estava sentado no patamar mais alto do salão. Seus olhos fixos em James assim que o garoto entrou. Ele por sua vez correspondeu o olhar. A prova não fora exatamente difícil, algumas azarações e o feitiço de alto defesa para congelar acabou derrubando o examinador o que fez ganhar pontos extras pela criatividade. Não pode prestar muita atenção em James já que estava ocupada demais fazendo o próprio exame.



- Muito bem Senhorita... – disse o senhor gordinho e bochechudo que ela havia visto conversando com o professor Flitwick mais cedo. - ... poderia me mostrar o feitiço do patrono?



- Cla... Claro... – disse ela sem ter muita certeza. Fora pega de surpresa na verdade, pois depois da última vez que mostrara a James a forma do seu patrono nunca mais havia precisado conjura-lo novamente. O bonito alazão que se formava sempre que o conjurava agora dava lugar para um cervo prateado. Ela então postou-se no centro da linha marcada. Fechara os olhos e tentara pensar em algo realmente bom, e mesmo contrariada, a única coisa realmente boa a qual conseguiu lembrar fora da noite passada com James. – Especto Patronum!



Um raio prateado saiu da ponta da varinha da garota formando um cervo altivo e prateado que começou a trotar pela sala elegantemente. O examinador começou a bater levemente as mãos em alegria o que deixou a garota com o rosto completamente rubro. Evitou ao máximo olhar para James nessa hora e estava decidida a sair de lá antes que ele saísse.



- Muito bem Srta Perks, creio que sua tutora ficará muito orgulhosa por seus resultados... – disse ele anotando algo na sua prancheta.



- Obrigado... – disse ela com um sorriso um tanto sem graça. Agradeceu ao seu examinador e quando foi passar pela porta dera de cara com James que apenas dera-lhe um sorrisinho maroto. Ela então fingiu não ver, girou os olhos nas órbitas e saiu pela porta, James logo saiu atrás dela seguido por um Peter muito nervoso.



- Você não vai comprometer seus NIEMs só porque pronunciou errado um contra feitiço... - disse James ao garoto enquanto andavam pelo corredor em direção a prova escrita.



- O pior é que eu sabia como se pronunciava... – respondeu o garoto ainda revoltado - ... eu e essa minha cabeça de rato.



- Qual é Peter... – disse Sarah - ... qualquer um ficaria nervoso... está pensando em seguir carreira no ministério?



- Nahhh... – respondeu o garoto - ... só prestei esse exame para contentar meus velhos em casa. Não tenho talento para auror, e muito menos para algo burocrático naquele lugar.



- Porque não tenta algo relacionado a comida? – disse James em tom zombeteiro – Você passa mais tempo nas cozinhas élficas do castelo, é impossível não ter aprendido nada.



- Não é má ideia... – respondeu Sarah - ... pode abrir um pequeno restaurante mágico, não é? Um que não seja tão sujo quanto ao caldeirão furado...



Ela acabou estremecendo depois de dizer isso. Não que não gostasse do lugar, mas achava ele além de sujo muito, mas muito esquisito. Principalmente a culinária que deixava e muito a desejar. Em poucos minutos estavam em frente a sala onde realizariam a prova escrita. Peter entrou e quando Sarah foi entrar James segurou em seu braço o que a fez com que a garota parasse e o encarasse.



- Eu nunca tive a chance de dizer... – disse ele quase em um sussurro - ...mas fico impressionado sempre que vejo o seu patrono... é tão incrível quanto você...



- Deixa disso Potter... – respondeu a garota tentando disfarçar - ... não tem como voltar a ser o mesmo depois que ele muda... ou vai dizer que esqueceu do que o professor Lorigan disse sobre o patrono.



- Não esqueci... não vou ganhar nem um beijo de boa sorte? – respondeu ele se aproximando ainda mais.



Sarah então olhou por sobre o ombro do garoto Carrow II aparecer no final do corredor e se afastou tão rápido quanto pode.



- Você não precisa de sorte... tem talento para isso...  – indicando com os olhos o final do corredor. – Contudo acho que nós dois vamos precisar de sorte se você continuar agindo assim... – Ela então dera um peteleco na cabeça do garoto e entrando na sala.  James fingira indignação e automaticamente colocara as mãos nos bolsos da calça entrando pouco antes de Carrow passar diante a sala.



***



Mal podia acreditar que em suas mãos estava a chave finalmente para todo o conhecimento de Merlim. O Lord das trevas teria seus planos concretizados sem nenhuma interrupção. O único problema (que para ele não era problema algum) era passar desapercebido. Ninguém jamais havia visto seu rosto, então por enquanto a não ser por seus “associados” ninguém mais o reconheceria. Precisava chegar a Glastonbury. Os mitos eram reais, apesar de toda a história dizer o contrário. O vilarejo de Somerset finalmente estava ao seu alcance, não precisou viajar pelos meios mundanos, uma aparatação rápida seria o suficiente. Porém tinha suas dúvidas se “magicamente” viajar seria possível em uma terra tão poderosa e cheia de segredos. Mesmo a contra gosto, tivera de aparatar em Bristol, e depois dali seguir como todo e qualquer viajante para Glastonbury tor. O ponto mais alto e obviamente o “farol” que mostraria a direção para a tão sonhada Ilha de Avalon.  Ele esperava que funcionasse e mesmo assim, inclusive agora. A vizinhança estava bastante movimentada. De acordo com os estudos do professor idiota de História da Magia de Hogwarts, a ilha aparecia apenas para a pessoa em posse da chave e do mapa, ele já estava em posse dos dois. Sorrateiramente andou pelas sombras até chegar ao pequeno vilarejo de Glastonbury. Seus olhos esquadrinharam aquelas terras, ele podia sentir a magia. O poder era tão grande que o deixava excitado e completamente eufórico.



Afastou-se do vilarejo e seguiu pela floresta escura, a noite já havia caído e tinha certeza de que ninguém ou qualquer outro animal o interromperia. Pelos seus cálculos, estaria no topo do morro ao amanhecer e dali veria a entrada ou pelo menos o caminho para chegar a Avalon.  Parou mais uma vez, iluminou a ponta de sua varinha e examinou o pequeno livro com os olhos bem abertos e o coração ainda martelando. Ele ouvia o som do vento sussurrando nas árvores e alvorotando as folhas. Lentamente, se virou. A cena rapidamente veio a sua mente. Ele podia sentir a batalha, ouvir os gritos de terror dos aldeões causados pela fúria de Morgana.  Dera mais alguns passos em direção ao Tor,  encontrara um túmulo, coberto de hera e coroada por uma sorridente e bela estátua. A luz do dia começava a se filtrar através das árvores cinza e enevoadas. Agora que ele sabia o que procurava, podia ver a criatura de fumaça e cinza de pé em frente ao túmulo. Tal como antes, a esfarrapada borda do manto voava ao vento sem pés saindo dela.  Algo na figura desafiava o olho, o repelia, mas o Lord das trevas não tinha medo. Era esse o Guardião? O que era mencionado nas escrituras antigas e nas anotações do velho professor de História de Hogwarts? Ao igual que antes, parecia cada vez menos uma figura encoberta por um manto e mais um oco cortado no espaço, revelando uma terrível infinidade de negrura formigante e vertiginosa e um enxame de cinzas. O Lord das trevas, pacientemente aguardava e observava ansioso.  No alto do Tor, o vento parecia estar aumentando. Empurrava através das janelas inquietantemente, ondulando o pó que insistia em residir em suas pedras. Finalmente, enquanto Voldemort observava, o Guardião flutuou em direção ao pico do Tor, e o Lord das trevas o acompanhou como se fosse um mero companheiro sendo levado a presença de algo mais importante. Ao chegar ao topo a figura encapuzada esvaiu-se em fumaça assim que a luz do sol nascente atingiu o pico mais alto do Tor. O lord das trevas estava no alto da torre, então levantou o braço deixando que suas mangas se dobrassem. Sua mão era magra e pálida, já a muito não era mais parecida com uma mão humana embora ainda se parecesse com uma. Manteve-se levantada no alto por um longo tempo esperando.  Foi então que uma nova figura apareceu, do mesmo modo como a primeira. Parecia feita de fumaça. A figura girou a cabeça. O capuz da capa estava vazia, mas evidentemente, olhava para o longe, através do mar. O lord das Trevas fechou os olhos e concentrou-se, um forte vento vindo do mar pareceu transporta-lo diretamente para outro lugar, algo poderoso parecia o puxar para frente, ele mesmo sentiu o solavanco. Abrira os olhos e estava diante de uma parede de brumas.



Fora então que várias coisas aconteceram ao mesmo tempo: uma rajada de vento rugiu através das brumas que pareceu uivar em algum lugar, fazendo ondear cortinas de núvens e sacudindo as páginas do Livro aberto que o Lord das trevas tinha em uma das mãos, uma porta ao longe escancarou-se de supetão, golpeando obviamente contra a parede interior, e uma luz inundou a sua frente, revelando uma grande silhueta à espreita.  A imagem sucedia-se num piscar de olhos, alçando-se e desvanecendo-se na fumaça prateada.  A silhueta  parecia procurar algo, quem quer que fosse, iria vê-lo a qualquer momento. Houve uma horrível e desorientadora sensação de giro, como se todo seu o corpo tivesse sido colocado de cabeça para baixo. Estava ali quase antes de saber o que estava acontecendo. De repente, a cena já não era fumaça prateada, era o próprio tor no alto do morro, mas distante, de alguma forma. Voldemort podia ver claramente a sombra de um grande homem movendo-se sobre o solo no outro lado das brumas e então, o homem ficou à vista, muito perto. Era Merlim, com seus olhos muito abertos e penetrantes.



- Se estas diante dos portões de Avalon... – a figura de Merlim falou retumbante - ... deves ter a chave para sua entrada.



Sentindo-se intimidado pelo poder que a mera figura esfumaçada de Merlim emanava, o Lord das trevas mostrara o pequeno mapa. E o pendente em forma de lua que carregava consigo desde que o haviam lhe entregado. Uma pequena plataforma de pedra emergiu do chão. Era de pedra azul, assim como o pendente, e haviam gravadas todas as fases lunares. Faltava apenas o quarto crescente, a forma da qual ele tinha. Mas assim como ele a encaixou na pequena plataforma, um barulho ensurdecedor fora ouvido e a imagem de Merlim se transformara completamente. Haviam chamas saindo dos seus olhos.



- Como ousas tentar enganar o guardião? – a figura disse agora com a voz rimbombando entre as nuvens.



Um raio surgiu das nuvens que giravam em uma espiral descontrolada. Esse atingiu os pés do lord das trevas que caiu sentado ao chão e que até então não estava entendendo absolutamente nada.



- Mas como... – disse ele com uma voz fraca - ... Essa é a chave! Eu tenho certeza!



Ele então arrastou-se até o pequeno lugar onde depositara o pendente a tempo de vê-lo ser consumido e virar uma poeira enegrecida.



- Falso??? – disse ele baixinho, seus olhos tão vermelhos de fúria quanto as chamas ondulando dos olhos do guardião. Em um acesso de fúria incontrolável, o guardião começou a mover as brumas tão violentamente quanto era possível imaginar, jogando o lord das trevas para longe. Lord Voldemort não tivera tempo ou não tivera capacidade para aparatar, quando deu por si, estava deitado no chão húmido da floresta a vários quilômetros de distancia do Tor de Glastonbury, sob sua cabeça apenas árvores. Alguém iria pagar por faze-lo passar por aquela humilhação. Ah, isso iria!


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