Caminhos Tortuosos



- Você enlouqueceu? – agora era Olivia quem começava com as costumeiras repreensões. – Você devia ter vindo direto para a sala comunal... porque... pelas ceroulas da McGonagall você mudou o caminho?



- Eu já te disse Oli... – Sarah então fez uma careta quando se mexeu.



- Você precisa ir ver isso com a Madame Ponfrey... – agora a voz de Olivia já havia voltado ao normal. Já era de manhã, o sol começava a despontar embora todas as manhãs no castelo fossem cinzentas. Estavam agora sentados no costumeiro canto próximo a janela. Remus, Peter e Sírius haviam se juntado a elas assim que desceram.



- Não posso... se for ao Hospital, vão falar para a McGonagall, ela vai querer saber como me machuquei – respondeu Sarah - ... e ai vão saber que eu não estava onde devia estar...



- Sem mencionar que pelo que nos contou... vão colocar você sob suspeita de assassinato... – respondeu Remus.



- Madame Ponfrey pode não contar as coisas para o novo diretor mas para a McGonagall ela conta... – disse Sarah confirmando para Remus e fazendo novamente uma careta.



- Deixa eu ver isso... – disse Sírius.



- O quê? – perguntou Sarah e Olivia Surpresa.



- Levante a camisa e me deixe ver. – falou novamente o garoto.



Sarah ficou o encarando assim como Olivia com expressões de espanto em seu rosto.



- Vamos lá Sah... eu juro que não tenho segunda intenção nenhuma... – disse Sírius e então olhou para Remus - ... me ajuda aqui Moony.



- Eu detesto ter de admitir... mas Sírius é o mais próximo de um curandeiro que você vai ter se não quer mesmo ir a um hospital... – disse o garoto.



- Eu e Prongs já quebramos tantos ossos que perdi a conta de quantas vezes recorremos a opções.... “nada ortodoxas” se é que você me entende... – falou Sírius se aproximando – anda levanta já essa camisa... vou saber dizer se vai precisar de cuidados mais sérios ou não.



Sentindo o rosto corar violentamente e sentindo as costelas doloridas Sarah não teve escolha. Lentamente foi levantando a camisa tomando cuidado para não mostrar mais do que devia. Olivia fizera uma careta assim como Remus e Peter deixou escapar um gemido.



- Está tão ruim assim? – perguntou Sarah preocupada.



- Yep... sinto informar mas pela cor que está... – disse Sírius tocando de leve e estreitando os olhos - ... eu aposto que tem duas ou três costelas quebradas...



- Pelo tombo que eu caí... isso foi razoável... – respondeu Sarah baixando novamente a camisa. -  A elfa que me trouxe para a torre me disse que voltaria com remédios, mas me trouxe tanta poção que não sei como não estou flutuando por ai...



- Elfa? – perguntaram Remus e Sírius ao mesmo tempo.



- Sim... ela disse que me ajudaria e traria o que eu precisasse... – respondeu Sarah novamente - ... agora sei o que pedir a ela, poções para costelas quebradas.



- Não lembro de alguma vez ter visto uma “Elfa” perambulando aqui pelo castelo... – disse Peter pensativo.



- Bem... ultimamente não tem se visto muitos elfos... – disse Remus e Olivia confirmou com a cabeça.



- Estão todos escondidos com medo do Carrow e sua trupe... – respondeu Olivia.



- Twingle disse que não faz muito tempo que está aqui... não conversei muito com ela, e bem, ela parecia diferente dos elfos do castelo.  – disse Sarah.



- Twingle? -  perguntou Sírius e então trocou olhares com Remus. Sarah notou e encarou os garotos.



- É... foi esse o nome que ela me disse... – então cruzou os braços e encarou os meninos - ... porque essa troca de olhares? Vocês a conhecem?



- O nome me pareceu familiar... só isso... – disse Sírius dando de ombros e então se esticou alongando os músculos - ... não esqueça de quando ela aparecer, você dizer exatamente o que sente, assim ela deve achar a poção certa... sabe muito bem que Carrow é bem capaz de fazer uma inspeção sanitária fazendo a gente tirar a roupa... sabe que isso seria até interessante... – agora examinava Sarah dos pés a cabeça. A garota então pegou a almofada e jogou no garoto que gargalhou.



- Veja pelo lado bom... – disse Remus - ... pelo menos ele não pode atribuir o que houve ao James...



- Não sei se existe um lado bom no assassinato de alguém... – falou Olivia.



- Eh... eu me expressei mal... me desculpem... – respondeu Remus.



- O que meu caro Moony quer dizer... é que ele vai ficar tão ocupado em achar uma desculpa para a morte da Lufana que com certeza vai nos dar tempo para achar aquele galhudo metido a besta. – disse Sírius - ... e anotem o que eu digo, se ele aparecer aqui vou ser o primeiro a acertar um soco naquele focinho!



- Entre na fila... – disse Remus em tom sério - ... só pelo fato de sair pelo mundo as cegas atrás de justiça...



- Vingança... – falou Sarah séria, o que chamou atenção dos garotos que a encararam e então ela continuou - ... o que James quer é vingança... não justiça...



- Não faz diferença ou faz? – disse Peter coçando a cabeça.



- Faz... – respondeu Sarah - ... para mim faz muita diferença... eu sei o que ele está passando, sei da dor que é perder sua família, ser “o único” no mundo... a sensação de que... ninguém se importa... – a garota mantinha o olhar fixo na lareira e então voltou a encarar os amigos - ... mas vocês não me viram bancando a dona da razão ou me fazendo de imbecil... ou viram?



- Aí é que está a diferença... – disse Sírius com um sorriso - ... garotas são mais inteligentes que os garotos...  digo... nesse lance de emoções... nós... – então ele foi e sentou-se ao lado de Sarah e passou o braço por seu ombro - ... não sabemos lidar muito bem com a dor da perda...



- Alguns garotos... – corrigiu Remus e Sarah riu. – Não me coloque no meio das suas teorias malucas...



- ENFIM... garotos nem sempre usam o cérebro... – respondeu ele fazendo cara de quem era o maior pensador do mundo - ... somos mais o lance do improviso, por isso na maior parte das vezes agimos sem pensar...



- E incontáveis vezes eu tenho de tirar vocês do aperto... – acrescentou Remus com um sorriso maroto.



- Vai dizer que não sente prazer em fazer isso Moony? – retrucou Sírius e os dois caíram na gargalhada. – Que saudades eu tenho da época que minha vida era só se preocupar com garotas e vassouras.



- E desde quando você se preocupava com isso? – agora era Peter quem dava um sorrisinho.



- Qual é... meu caro Wormitail... o que as damas irão pensar de mim ao ver você me descrever dessa forma... – comentou Sírius pomposamente.



- Nada além do que elas já tem certeza... pode apostar. – respondeu Remus com uma gargalhada.



- Pela alegria de vocês... creio que não estão sabendo sobre a Hookum ou estão? – agora era a voz extremamente séria de Lily Evans que entrava pelo buraco do retrato. Seus cabelos ruivos agora alinhados, os olhos um tanto vermelhos, como se tivesse chorado.



- Não... – mentiu Sarah sem expressar emoção alguma, viu Remus apertar a mão de Olivia que cerrara os olhos pra cima da ruiva. - ... não saímos da torre...



- E com o péssimo serviço que essa “nova direção” está prestando aos alunos... prefiro matar minha fome com meu estoque particular... – disse Peter enfiando uma bala na boca.



- Hum... bem, Daisy foi.... – Sarah pode notar que Lily fechara os olhos e depois de respirar fundo prosseguiu - ... ela foi assassinada ontem a noite.



Sarah então trocou olhares com os garotos mas nenhum pareceu se comover com o que a monitora tinha dito. O que fez com que Lily Evans cerrasse os olhos a espera de alguma palavra.



- Eu estava me perguntando quando é que Carrow iria perder o controle a ponto de matar um aluno... – comentou acidamente Olivia o que fez com que Lily ficasse vermelha.



- Vocês não tem um pingo de sensibilidade? – reclamou Lily e então Olivia mais uma vez a encarou.



- Olha quem fala? A Senhora perfeitinha que não pensou duas vezes em lançar uma maldição que nunca tinha visto na vida em uma colega de casa! – ralhou Olivia.



- Oli... – tentou advertir Sarah mas Olivia a interrompeu.



- Não venha com Oli... – então ela se levantou e encarou a ruiva - ... Estou até aqui – ela fez sinal com a mão sobre a cabeça - ... com essa mania que você tem de dar mais valor aos outros do que aos seus companheiros de casa! Remus e Peter quase morreram por conta de um dedo duro...



- Eles desobedeceram as regras e foram pegos! – tentou argumentar Lily mas Olivia a interrompeu.



- Ahhh e o seu grande amigo Ranhoso não desobedeceu nenhuma ao se juntar a corja do Carrow! – disse Olivia.



- Ele não teve escolha! – tentou justificar Lily mas Olivia a interrompeu mais uma vez.



- Claro... assim como não teve escolha no salão principal e fez eu e James perdermos nossas varinhas... – disse Sírius sarcástico.



- Sabe Evans...  sempre achei você um exemplo de integridade, respeito... alguém realmente em quem eu podia me espelhar... mas pelo que vejo é tão imperfeita se não mais... do que a gente. – ela então olhou para Sarah, Remus, Peter e Sírius.



- ... E para seu governo... – disse Sarah agora ficando em pé ignorando a dor nas costelas - ... os meninos estavam tentando alertar os bruxos sobre o que realmente esta acontecendo aqui no castelo... já que a situação é encoberta pelo ministério, jornais e até mesmo as correspondências passam por vistorias ...sinto muito... aliás... sentimos muito que alguém mais teve de morrer para que finalmente algo seja feito. – então ela olhou para todos ali por alguns segundos - ... espero que você escolha sabiamente da próxima vez...



Sarah então se dirigiu para o buraco do retrato seguida por Sírius, Remus, Peter e por fim Olivia deixando a monitora sozinha com seus pensamentos.



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Um anúncio feito naquela manhã dizia que Carrow estava reunido com a familia Hookum, deixamdo-os a par do que teria acontecido com a garota. Sarah decidida a não querer saber qual seria a desculpa esfarrapada que haviam dado, ignorou os comentários de Juliet Tramp e sua colega saíndo do banheiro feminino no quarto andar e seguindo rumo a biblioteca. Fazia meses que não olhava os jornais nem informativos, pois sabia que estavam sendo manipulados pelo ministério, mas James havia sumido e ela tinha a mais absoluta certeza de que ele tinha ido atrás do Lord das trevas. Então como sabia que Madame Pince tinha um estoque bem “razoável” de folhetins, decidiu ir até la, quem sabe visse alguma coisa que ninguém mais tivesse visto?



- O que a trás tão cedo a biblioteca Srta. Perks? – ouviu uma voz masculina e então virou-se antes mesmo de  adentrar na biblioteca. Carrow estava parado próximo a escadaria mais a frente. Era a primeira vez, em todos esses meses que tinha contato “direto” por assim dizer. Realmente preferia que não tivesse tido essa primeira vez.



- Bom dia Sr. Diretor... creio que está a par que os NIEMs estão chegando... e bem, e pretendo estar preparada. – disse ela educadamente, embora tivesse vontade de aplicar um belo feitiço e bem dolorido no homem.



- Ótimo... ótimo... – disse ele com um sorriso que mais parecia diabólico do que acolhedor - ... que pena que somente a senhorita esteja empenhada em passar nos seus exames... – então Sarah viu um brilho no olhar de Amycus quando ele continuou - ... onde estão seus colegas de casa, não tenho os tenho visto muito... e a julgar pela proximidade dos exames pensei que eles teriam o seu bom senso.



- Creio que não tenha sido um bom exemplo a eles... – disse Sarah por fim.



- A julgar pela reputação do Sr. Potter... eu acho que é bem o oposto de sua afirmação... Srta Perks... – começou dizer Carrow sem desviar seus olhos cerrados de Sarah - ...pensei que tivessem uma relação mais próxima, sendo assim...



- Bem, jovens tem tendencia a exagerar um pouco em suas afirmações Sr.Diretor... – cortou-lhe Sarah - ... nem tudo o que afirmam ser verdade... realmente é, e tanto Potter, quanto os outros amigos dele, apesar de sim, eu realmente ter uma amizade muito boa com Lupin, são considerados “exclusivos” apenas de seu círculo seleto. O qual apesar dos comentários maldosos de certas garotas por ai, não seja da minha conta assim como não é da conta delas. Então se... realmente deseja falar com Potter, ele deve estar na torre como os outros garotos... ou talvez jogando snap explosivo na sala de estudos...



-  ... Bem, tenho assuntos pendentes a tratar com alguns alunos e, o Sr. Potter tem se mostrado um tanto... – disse ele com um sorriso maligno – escorregadio.



- Ele é um exímio jogador de quadribol... se esquivar de obstáculos é sua especialidade... – disse Sarah fazendo cara de inocente - ... mas ele não foge de um bom desafio, disso o Senhor pode ter certeza.



- Realmente... espero que ele encontre tempo para termos uma conversa. Alguém com um talento como o dele seria muito apreciado... – então ele olhou para Sarah novamente de cima a baixo - ... bem, tenha uma boa manhã Srta Perks... – Dizendo isso Amycus começou a andar lentamente em direção oposta a biblioteca. Sarah ficou parada na entrada da biblioteca enquanto o via virar a curva.



- Que papo mais sinistro foi esse? – ela ouviu vindo de trás de si e dera um salto.



- Que susto Pettigrew! – esclamou ela mais alto do que pretendia fazendo com que Madame Pince largasse um sonoro “PSSIIITTTT”. – O que você está fazendo aqui? Achei que estivesse com Lupin ou o Black...



- Estava de olho nele... – disse o garoto indicando Carrow com o queixo - ... Black achou por bem ficar de olho nele enquanto estamos de folga... além disso, o que ele quis dizer com toda essa conversa?



- Oras Peter... primeiro... ele está absolutamente convencido de que um de nós sabe onde realmente esta James Potter – disse ela baixinho entrando na biblioteca e rapidamente puxando o garoto para trás da estante mais distante que conseguiu - ... em segundo, tem certeza de que Potter não está na escola. Terceiro, veio até mim pois infelizmente a tarja “garota de Potter” ainda está bem estampada na minha testa. MESMO não tendo mais nada entre a gente...



E quarto...



- Ele meio que deu a entender que está de olho na gente... e pronto pra dar o bote assim que vacilarmos... – disse Peter.



- Exatamente... – respondeu Sarah – e não me espantaria se mandasse alguém nos seguir da nossa própria casa.



- Está dizendo que ele pode ter colocado algum espião dentro da Gryffindor? – perguntou Peter.



- Não sei se isso seria possível... – disse Sarah incerta, só de pensar que poderiam ter algum duas caras dentro da própria toca dos leões a deixou muito nervosa - ... mas como disse antes, isso não me espantaria.



- O que realmente você veio fazer na biblioteca? – perguntou Peter agora seguindo Sarah até a preteleira onde ficavam os jornais.



- Bem... – disse ela - ... James está desaparecido não é? Achei que poderia ter alguma pista nos jornais...



- Eu não sei bem se entendi seu raciocínio... – disse ele e então viu a jovem ir até Madame Pince.



- Desculpe Madame Pince... poderia me dizer se, a escola mantém um acervo dos jornais publicados desse ano? – perguntou educadamente Sarah.



A mulher parou o que estava fazendo, descansou sua pena sobre o pergaminho ao qual escrevia e então encarou Sarah de cima a baixo.



- Bem, a biblioteca de Hogwarts tem um acervo... se não o maior acervo depois do próprio profeta diário, se é a esse o jornal que está se referindo Srta. Perks. Posso saber o motivo pelo qual está tão interessada em jornais velhos?



- Oh... com toda certeza... – disse Sarah pomposamente - ... os Niems estão chegando e gostaria de me manter atualizada sobre os fatos marcantes que nossa comunidade mágica tem passado... não quero zerar minha prova caso apareça alguma pergunta sobre a nova Ministra da Magia.. ou seu trabalho...



Novamente a bibliotecária olhou para Sarah de cima a baixo desconfiada, e então olhou para Peter mais atrás – E o Sr?



- Peter irá me ajudar... – disse Sarah rapidamente.



- Muito bem... nos fundos da biblioteca, ao lado das inciclopédias mágicas. Mostruário 12, lá irão encontrar todas as edições do Profeta, Foguetim e também as edições do Semanário das Bruxas. – disse a Bibliotecária e então cerrou os olhos para os dois – Devo alerta-la de que se tira-los de ordem, rabiscarem, ou destruirem algum dos exemplares sofrerão as consequencias.



- Não se preocupe... iremos cuidar muito bem deles...  – garantiu Sarah praticamente empurrando Peter para as prateleiras finais da longa sala da biblioteca. Sarah então procurou o mostruário 12 e rapidamente tentou achar o ano, e as edições correspondentes.



- O quê você está procurando? – perguntou Peter então Sarah olhou novamente de uma pilha a outra, havia as dos anos de 1975, 1976, e 1977. Mas não havia o do ano corrente de 1978.



- Não está aqui... – disse ela soltando alguns impropérios o que fez com que Peter a encarasse - ... porque está me olhando assim?



- Acho que fomos uma péssima influencia para você... – disse ele mas Sarah o ignorou olhando em volta, era impossivel justamente o ano que precisava mais não estar ali, foi então que viu uma pilha do lado de fora do armário, era enorme e anormal que bailava ameaçadoramente de um lado para o outro como se fosse cair a qualquer lufada de vento que entrasse pela sala. Abaixo havia uma observação dizendo que haviam edições demais para um único ano.



- Rápido Peter... preciso de todas as edições que saíram dos últimos dois meses... – disse ela. Rapidamente os dois começaram a separar as últimas edições.



Pouco a pouco uma nova pilha foi se formando, Sarah não contava que haviam saído tantas edições assim do jornal bruxo, sem contar as “edições extras” que possivelmente deveriam estar no meio daquela pilha. Contudo depois do que se passou incontáveis minutos finalmente parecia que haviam separado material suficiente.



- Acho que isso é tudo. – disse a menina mais para si mesma do que para o goroto – Mas não vamos dar conta de examinar tudo sozinhos...



- O que vocês dois estão fazendo ai? – Sarah ouviu uma voz atrás de si e um Sírius Black com cara amassada, desalinhado e com os cabelos tecnicamente bagunçados.



- Eu não sei... – disse Peter – mas já você eu tenho uma certa idéia...



- Não seja inconveniente meu amigo... – disse ele ajeitando os cabelos mais longos enquanto via seu reflexo no mostruário. - ... Estão querendo trocar os jornais do corujal?



- Material de pesquisa... – disse Sarah pegando um maço de jornais e dando a ele.



- Material de pesquisa? – perguntou ele agora curioso – Desde quando isso aqui pode ser considerado material de pesquisa?



- Desde que podem ter deixado escapar alguma coisa sobre o lord das trevas ou seus capangas... – disse Sarah mais baixo.



- Ok... – disse ele colocando a sua pilha na mesa – e... isso é uma espécie de punição por eu ter deixando o galhudo sumir?



- Não... – respondeu a garota com um sorrisinho maroto - ... mas por você ficar dando uns amassos atrás das prateleiras enquanto a gente está se matando para defender o castelo.



- Ei... eu não estava dando uns amassos... – então o garoto viu Sarah cruzar os braços e cerrar os olhos.



- Você está com um borrão enorme de batom vermelho no pescoço...  – disse Peter e Sarah então pegara um espelho e mostrara a ele.



- Tá bem... touché... – respondeu o garoto pegando a manga da camisa tentando limpar o borrão rubro em seu pescoço.



- Essa garota é sangue suga por acaso? – perguntou Peter e Sírius apenas o encarou para que se calasse.



- Deixem isso pra lá e me ajudem com isso... – disse Sara jogando um exemplar do jornal para cada um dos garotos. Depois do que se passou mais ou menos uma hora, sem tirarem proveito Sarah finalmente admitiu que precisavam de ajuda – Peter ache Remus e Olivia, não vamos conseguir nada sozinhos...



O garoto então confirmou com a cabeça e, saiu o mais rápido que conseguiu da biblioteca. Sarah perdera a noção do tempo enquanto mergulhava nas noticias fantasiosas e inacreditáveis que estavam ali estampadas no jornal bruxo. Rostos de bruxos e bruxas estampavam o jornal, assim como histórias sobre Charlus e Dorea Potter. Sarah não tinha idéia de como haviam depreciado tanto a história da familia de James. Parou por uns segundos olhando a imagem do Sr. e da Sra. Potter, realmente a mãe de James era muito elegante, seu rosto fino e altivo, mostrava bem a personalidade forte de uma bruxa dona de si.



- Ela era realmente uma mulher impressionante... – ouviu a voz de Sírius e então o encarou - ... a Sra. Potter.



- Conhecia bem ela? – perguntou Sarah a Sírius que sorriu galante.



- Não tinha quem não gostasse da Sra. Potter. Na verdade... acho que a arrogância de James vem dela... ela era da sonserina até onde eu sei... – disse ele coçando o queixo - ... me lembro de ouvir o Sr. Potter contar sobre como eles discutiam...



- Bem... a encrenca entre sonserinos e grifinórios é histórica...  – comentou Sarah novamente olhando para a imagem - ... não tive o praser de conhece-la mas... bem, parecia ser uma pessoa boa e honrada.



- E como... os dois eram...  – respondeu o garoto com um suspiro - ... e você me lembra muito ela na verdade... tem certeza de que não eram parentes?



- Não até onde sei... – disse Sarah com um sorriso tímido - ... Sr. Potter comentou algo do gênero quando nos conhecemos. Mesmo que brevemente.



- É... James me contou sobre isso... e eu juro para você... daria minha vida para ter visto a cara que ele fez... – Sírius deu uma gostosa gargalhada. – A Sra. Potter podia não lhe conhecer, mas era como se conhecesse... – a garota então o encarou interrogativa e ele então sentou-se ao seu lado - ... não me pergunte como, mas a Sra. Potter tinha um “dom” por assim dizer, descobri isso da pior maneira possível aliás, mas, ela SEMPRE sabia das coisas antes mesmo de acontecer... até mesmo antes de James fazer alguma besteira...



- Ela era uma espécie de vidente? – perguntou Sarah curiosa.



- Não não... acho que isso tinha haver com a familia dela... digo, James sempre me disse que a mãe dele tinha um dom especial, era algo relacionado a Avalon... – o garoto viu Sarah rir e rapidamente completou seu raciocínio - ... não ria, por mais que muitos achem que isso é mito... bem, Merlin e a ilha das maçãs também devem ter existido não? A Sra. Potter disse que seus ancestrais... por mais antigo que isso possa ser... vinham de lá.



Sarah então se mecheu sentindo uma fisgada nas costelas, não tinha visto mais a elfa desde a noite anterior e também tentou procura-la mas não a encontrou. Já começava a se perguntar se não fora adrenalina que a tinha feito ver coisas que não existiam.



- Ainda com dores? – perguntou o garoto.



- Sim... não encontrei a elfa que me ajudou outro dia... nem mesmo a conhecem na cozinha... – Sarah massageou as costas fazendo novamente uma careta. – Mas estou bem... temos que encontrar alguma coisa relevante nesses jornais que nos ajude a ter uma idéia de por onde James anda.



- E o que exatamente você espera encontrar? – perguntou Sírius puxando mais um exemplar do jornal.



- Vou saber quando achar ... – disse ela, ele então a encarou com os braços cruzados. – Sinto dizer isso, mas não foi uma resposta... – respondeu ele. – poderia me explicar melhor?



- Bem... James obviamente está seguindo o Lord das trevas... achei que se soubesse onde ele está... ou por onde passou... provavelmente James estaria... – respondeu a menina dando de ombros - ... eu sei, é maluquice...



- Não totalmente... – disse Sírius outra vez - ... ok que eu acho que o lord das trevas não seria tão besta para deixar rastros... mas.... seus comensais sim... que tal começarmos por ai?



- É uma ótima idéia... – disse Sarah abrindo um sorriso. E mais uma vez mergulharam nos jornais velhos. 



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Quando finalmente Minerva chegou aos limítes da floresta proíbida, o coração estava aos saltos. A muito não tinha noticias da Ordem, e por precaução, mantinha-se longe de muitas coisas referente a administração do castelo. Por isso ao receber o chamado do Guarda caças, o jovem meio gigante Hagrid, ela ficara surpresa e realmente preocupada. Hagrid tinha sido expulso de Hogwarts por ter um gosto “nada comum” e apreciar todo e qualquer tipo de animal. Por mais ameaçador, venenoso ou perigoso que fosse. A frase que muito ele usava “São criaturas incompreendidas” realmente não fazia muito sentido a ela, pois quem é que conseguia ficar tanto tempo ao lado de um dragão? Por fim, Hagrid havia mandado lhe chamar, não, ele não estava na escola, havia se refudiado na floresta nos arredores do castelo já que infelizmente sua cabeça também estava a premio.



- Que péssima hora para a Ordem não ter mais componentes... – disse ela meneando a cabeça enquanto desviava de um dos galhos que quase lhe arranhara o rosto. Obviamente teve de se livrar de alguns olhos curiosos, afinal até mesmo Hagrid havia sido perseguido pela política desenfreada e insana de Carrow, e com isso conseguiu com ajuda de alguns centauros um lugar para se esconder. Até ela sabia o quanto era perigoso adentrar na floresta devido as várias criaturas que ali habitavam. Somente Alvo Dumbledore conseguia fazer um passeio despreocupado. Passou pela cabana do guarda caças que estava vazia, por uma plantação mal cuidada de abóboras e então se dirigiu para a Orla da floresta, a noite estava prestes a cair, e depois dos ultimos acontecimentos e a desculpa esfarrapada de Carrow sobre a aluna ter se “explodido” experimentando feitiços só fazia seu sangue ferver mais do que devia. Podia sentir suas bochechas queimarem com isso. Cautelosamente seguiu por um caminho com chão coberta de galhos e folhas secas que estralavam a cada passo. Alguns vários minutos depois de ter andado alguns metros floresta adentro ouviu um ruido e rapidamente sacou a varinha, a Lua já estava alta o suficiente para iluminar o descampado mais a frente. O vulto de um ser enorme apareceu por detrás das árvores.



- Professora McGonagall... er.. que bom que posso revê-la... – disse a sombra e então ela baixou a varinha.



- É bom vê-lo também Hagrid... – disse ela em um tom mais calmo - ... espero que não tenha mais que andar mata a dentro, não estou vestida adequadamente para a ocasião.



- Bem professora... infelizmente são mais alguns metros a dentro, creio que uns 20 minutos de caminhada até a próxima clareira.  – disse o gigante cuja a barba expeça e dessalinhada emoldurava o rosto bochechudo.



- O que não tem remédio... remediado está.... – respondeu ela o encarando - ... acho melhor andarmos logo, não sei por quanto tempo os membros do ministério perceberão que não estou a vista.



- Claro... eu entendo... – disse Hagrid - ... também não queria alarma-la professora mas, os centauros estão ficando muito nervosos com o que anda acontecendo. Sem o professor Dumbledore para apasiguar... enfim... eles estão ficando incontroláveis.



- São tempos difíceis Hagrid... nem eu mesmo sei quanto tempo poderei proteger nossos alunos... – respondeu ela com pesar.



- É verdade o que ouvi? De que... bem... mais uma aluna morreu dentro do castelo? – perguntou ele um tanto nervoso.



- Lamento dizer que sim... mas não exatamente como nosso diretor descreveu devo dizer... – respondeu Minerva – Pomona conhecia muito bem sua aluna para ouvir dizerem que ela perdeu o controle com um feitiço ou poção...



- Que os deuses consolem sua pobre alma... – resmungou o gigante enquanto contornavam uma enorme pedra que estava em seu caminho. – Não estamos muito longe professora... – e então apontou para alguns vultos mais a frente. – Aquele é Rowan, foi quem... bem, o encontrou...



Hagrid então levantou a mão e o centauro levantou seu arco em resposta. Minerva então se aproximou com seu rosto impassível porém não moveu um músculo facial se quer assim que se aproximaram. Mais dois centauros um com a pelagem castanha muito clara e outro negro se juntaram a Rowan.



- Desculpe a demora Rowan... mas temos de tomar certas precauções nos dias de hoje... – começou Hagrid - ... acho que já ouviu falar sobre a Professora Minerva McGonagall.



- Dumbledore sempre mencionava seu carater e talento... por isso com a ausência dele, decidi informa-la do que vem acontecendo em nossas florestas... – disse o centauro agora começando a andar e então olhando para Hagrid perguntou - ... não contou os detalhes para ela contou?



- Não... achei melhor que a professora visse... – respondeu o meio gigante enquanto acompanhava mais atrás. Minerva por sua vez lançou um olhar para o guarda caça e depois para o Centauro. Não estava com tempo para brincadeiras mas Centauros eram realmente orgulhosos e ela não queria ser indelicada.



- Bem... espero que não fique chocada Mestre McGonagall mas... achamos pedaços de elfo doméstico por praticamente toda essa área... – disse Rowan e Minerva o encarou.



- Pedaços? – disse ela e então olhou para Hagrid que pigarreou.



- Sim, mãos... pés... dedos... orelhas... cabeça... – enquanto dizia Rowan ia indicando com o arco as direções. – E não é a primeira vez... também não sabemos se pertencem a um único elfo...



- Entendo... – disse ela com pesar - ... eu mesma dei permissão para os elfos do castelo procurarem abrigo em outros locais... mas não pensei que tivessem vindo para cá...



- A Mestre não entendeu... – disse Rowan educadamente - ... nenhum animal da floresta, por mais faminto ou violento que seja trataria um Elfo dessa maneira... isso foi causado por um bruxo...



Minerva McGonagall deixara a boca cair com a noticia, mas dizer que estava espantada com isso, realmente não estava. Espremeu os lábios praticamente formando uma fenda em seu rosto e então olhara para Hagrid e depois novamente para Rowan.



- Poderia me mostrar... – então pensou por alguns segundos em “como” chamar o que havia sobrado do pobre elfo - ... digo, conheço os elfos do castelo...



- Claro...  – disse ele levando Minerva até uma parte mais adiante onde mais dois centauros estavam - ... para acalmar seu espírito, decidimos unir os pedaços, assim sua alma descansaria nas estrelas intacta.



- Fez bem Rowan... e agradeço a consideração pelo que restou dessa pequena vida... – Minerva relutou um pouco até que decidiu olhar para a pequena vala que estava sendo feita. Ao lado, havia um pequeno embrulho de pano, poderia passar facilmente por um bebê enrolado em um cobertor, O pequeno rosto descoberto dava-lhe a impressão de que dormia profundamente. O reconheceu sendo o Tigor, um dos ajudantes de Dorgon na cozinha.



- Pobre Tigor... – disse baixinho enquanto ouvia Hagrid fungando mais atrás - ... Tigor e Orn eram os que cuidavam da torre da diretoria quando Alvo estava na escola. Depois que ele saiu, a torre toda da diretoria se trancou magicamente como um cofre e desde então, Carrow e seus comparsas tem inutilmente tentado entrar. E não acho que seja apenas por “orgulho”.



- Dumbledore tinha vários itens poderosos em sua sala creio eu... – disse Rowan mas minerva meneou a cabeça negativamente.



- Os itens de Dumbledore somente ele sabia onde estavam... mesmo que alguém soubesse da existencia de alguma coisa, se Dumbledore decidisse esconder, ninguém encontraria... – respondeu Minerva.



- Nós sabemos disso... – Rowan agora dera um sorriso - ... mas os bruxos das trevas não... e... tenho a mais absoluta certeza de que irão erguer pedra por pedra até encontrar seja lá o que estão procurando.



Rowan então inclinou a cabeça para trás olhando as estrelas, McGonagall sabia que ele estaria lendo o futuro, embora ela não acreditasse muito nesse tipo de coisa, seria desrespeitoso não deixa-lo pelo menos falar sobre o que via. Porém o centauro apenas respirou fundo, e sem olhar para ela continuou a falar.



- Como disse a Hagrid, esse não foi o primeiro... encontramos um outro elfo mas ao norte, não em pedaços é claro... mas havia sinais de profunda tortura em seu pequeno corpo



- Também encontramos animais... – disse o outro centauro de pelagem mais clara - ... Unicórnios principalmente...



Hagrid dera um profundo soluço ao ouvir isso, entendia como o gigante se sentia, mas ninguém tinha controle sobre o que aqueles bárbaros faziam na surdina.



- Que Merlin nos ajude... – disse Minerva por fim enquanto via o pobre elfo ser colocado gentilmente na pequena sepultura. Com a varinha em punho, a bruxa fez um floreio, transfigurou uma pedra em elfo. Hagrid meio desajeitadamente colocara um ramo de folhes ao lado. Os tempos estavam cada vez mais difíceis, e Hogwarts cada vez mais coberta pelas nuvens negras das trevas.



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A noite era bem convidativa para um passeio, a capa esvoaçando entre os gravetos e folhas fazia com que parecesse que flutuasse sobre a névoa. Embora todos até então pensassem que ele, o Senhor das trevas estava escondido em algum canto escuro. Lord Voldemort estava bem embaixo de seus bigodes. As terras de Hogwarts não eram mais protegidas pelo velhote caquético e se seus homens juntamente com os mercenários e ministeriais que agora estavam sob seus domínios. Sim, haviam falhas as quais muitos estavam pagando por seus erros, mas em meio a tantos empecilhos, pelo menos um dos seus incompetentes servos conseguiu recuperar o pedaço de pergaminho o qual havia caído nas mãos de Potter e Dumbledore.



- Um grande avanço em meio a esses dias turbulentos não é Nagini? – disse o bruxo a sua fiel cobra que se enrolava aos seus pés.  Podia estar cercado de servos mas a única que tinha o privilégio de ter sua confiança era Nagini. A prateada luz da lua penetrava pelas pequenas fissuras entre as árvores deixando sua pele extremamente clara fantasmagoricamente assustadora.  Os olhos astutos vasculhando cada mínimo movimento da floresta. Em sua mente relembrava um por um dos pergaminhos que seus pupilos haviam trazido, juntamente com o que sua “mais nova aquisição”, quando finalmente adentrou na pequena caverna a qual usava para o encontro com seus pupilos, com a varinha floreando fizera os papéis se levantarem como se estivessem presos a uma linha invisível suspensa do teto.



- As vezes é preciso ter uma visão ampla das coisas para que façam sentido... – murmurou ele enquanto examinava os papéis. Havia conseguido o pergaminho com o caminho, o qual tirara pessoalmente de um inútil bruxo o qual Dumbledore havia mandado levar em segurança para algum lugar. Geralmente ele não fazia o trabalho sujo mas não admitiria mais nenhuma falha em pega-lo. E por sua vez, foi pessoalmente. Isso obviamente causou-lhe problemas já que mostrou sua localização. Mas tinha de admitir que tinha valido e muito a pena. Mal conseguia segurar a excitação de novamente causar dor e tormento a alguém. Havia sim tentado usar o pergaminho mas sem sucesso, suas investidas para chegar a ilha das maçãs fora em vão. O feitiço das brumas era algo que nem mesmo ele, detestando admitir, sendo talentoso conseguia quebrar. Isso realmente o deixava frustrado. Sem mencionar que membros do Ministério começavam a resistir as artimanhas da nova Ministra que a muito custo ele tinha colocado sob a maldição Imperius. Mesmo afastando o primeiro ministro que havia praticamente sucumbido devido a feitiços de seus leais seguidores, ainda assim muitos estavam questionando o Ministério, e o fato da Confederação Internacional de Magia começar a se intrometer, bem isso estava lhe deixando ainda mais nervoso. Sentiu seu mais fiel, embora incompetente servo se aproximar.



- Mi lord... estou aqui como ordenou... – ouviu Amycus Carrow e sentiu o temor em sua voz.



- Sim... senti o cheiro da sua incompetência assim que cruzou a orla da floresta... – disse Voldemort sem rodeios, com uma girada rápida e sem nem mesmo pronunciar uma palavra atingira seu servidor como com uma chicotada o fazendo cair de joelhos. Sentiu o ar sumir dos pulmões dos seus pupilos que estavam mais atrás e os encarou com olhos como fendas. – Eu pedi... o mínimo de sutileza... e o que vocês me conseguem??? A morte de uma aluna...



- Ela não significava... – começou dizer Amycus mas recebera novamente outro feitiço chicote que o jogou para o outro lado.



- OBVIO que ela não significava nada... era uma sangue ruim imunda... mas o avisei que não queria que chamassem atenção! Agora a Confederação Internacional está disposta a interferir no Ministério se uma atitude não for tomada!! – Então seu olhar diabólico se estreitou enquanto aumentava seu tom de voz – ERA ISSO QUE EU QUERIA??? ERA ESSE O PLANO QUE EU TINHA LHES INSTRUÍDO?? CRUCCIOOOO!



O homem a sua frente começou a se contorcer como um verme dentro de um caldeirão em óleo quente. Ahhhh como lhe dava prazer em ouvir os gritos e gemidos dos que estavam presentes. Torturar alguém realmente lhe fazia melhorar. Não estava contente com tantas falhas, e a frustração de não conseguir usar o mapa para chegar a ilha das maçãs deixava seu mau humor ainda pior. Mais mais ou menos nessa hora que um de seus pupilos foi tentar dizer alguma coisa. O jovem Lucius Malfoy, o que lhe despertou ainda mais a vontade de lhes causar dor. Seu feitiço então passou para o jovem de cabelos claros que não conseguiu pronunciar nenhuma palavra, mesmo ele não estava com vontade alguma de saber o que ele tinha a dizer. Sua mente estava uma bagunça literalmente, tinha esquecido de o quão patético são os jovens. Com sua mente invadiu as lembranças do jovem Malfoy e viu a discussão que tivera com outro aluno. Claramente este estava insatisfeito por ter sido excluído de alguma coisa a qual ele não tinha o mínimo de interesse. Mas tudo indicava que era alguém cujos talentos estavam sendo postos a prova. O outro jovem lhe informava que um grupo de alunos tinham suspeitas sobre a morte do seu professor de história da magia, algo que parecia terem ouvido nos corredores por alguém.



- Curioso... – disse ele agora - ... alguém da minha mais estimada confiança andou falando demais... – então cerrou os olhos em direção a bela porém imprevisível Bellatrix e a encarou - ... acho que será de seu interesse ensiná-la a ficar de boca fechada não?



- Sim Mi lord... – disse Bellatrix com um sorriso sádico em seus lábios. Era uma garota a qual ele mesmo tinha de se cuidar. Sua devoção doentia e sua crueldade, apesar de boa para seus interesses, poderia ser também um empecilho para seus planos.



- NÃO ADMITO MAIS ERROS... ESTÃO ENTENDENDO? – disse ele agora mais lentamente porém firme. – Então voltou sua atenção novamente para os pergaminhos suspensos. Dera dois passos para trás, a imagem de Merlin evocando que as Brumas se esvaíssem revelando assim a passagem para a ilha das Maçãs se movia lentamente em um movimento repetitivo. Ele sabia que para chegar a ilha precisava afastar as brumas, e para tanto precisaria do feitiço certo, mas qual? Seus olhos então mais uma vez partiram para essa imagem, o detalhe dos movimentos que ele fazia, tentava manter o foco nos lábios do bruxo mas esses não se moviam. Mais uma vez a frustração estava começando a tomar conta de sua mente, e foi então que ele viu... até então ele não havia notado esse pequeno detalhe...



- Mi Lord... – disse a voz de Amycus.



Voldemort a ignorou, sua mente trabalhando rapidamente enquanto ele com um movimento rápido de varinha aumentava o pergaminho e a imagem de Merlin ampliou-se consideravelmente. Com os olhos cerrados ele encarou por alguns segundos. Como havia deixado passar tal detalhe? Em meio ao movimento, o que parecia ser um adorno comum no bruxo, estava estampado ao lado naquela figura. Um pendente, em forma de quarto crescente. Até então ele pensara ser apenas um símbolo de sua magia, um selo colocado como assinatura. No entanto algo ainda maior apareceu em sua mente. O olhar de Severo fora lançado a imagem como um lampejo. Havia uma espécie de observação nele.



- Pelo que vejo... algo tomou sua atenção meu leal servo... – disse ele tão suavemente que sua voz saiu como um sibilar de cobra.



- Sim... mi lord... – disse Severus Snape baixando os olhos.



- Ora vamos... não seja tímido... – novamente falou Voldemort soando falsamente agradável enquanto andava até o garoto - ... conte-me...



Por alguns segundos os outros dois alunos ficaram encarando Severus Snape que parecia incerto se falava alguma coisa ou não. O mapa em si era difícil de traduzir, apenas um estudioso nesse assunto poderia interpretá-lo como deveria, mas o que Voldemort pode entender das anotações feitas pelo caquético professor de história da magia, era que se precisava de uma “chave”. E essa chave... poderia muito bem ser a pequena jóia em forma de lua que pairava como assinatura para ele. E também era essa pequena jóia a que Severus Snape parecia atento. Rapidamente fazendo uso de sua legilimencia, invadiu a mente do garoto.



A imagem de uma jovem ruiva apareceu em sua mente, poderia ser alguma paixonite de adolescente. Via os dois andando pelos corredores enquanto falavam em voz baixa. Oras, ela estava interessada em Magia Negra... como isso seria possível?



A imagem então passou para os dois sentados em uma pequena sala, Severus explicando a ela um feitiço. Brilhantemente inventado pelo jovem que ele estava a invadir a mente. Isso se provava uma bela aquisição não é? Um aluno tão talentoso assim seria muito bem aproveitado. Foi então que algo chamou-lhe atenção na lembrança. Essa mesma jovem ruiva parecia confrontar uma outra jovem, da mesma idade que ela, cabelos escuros, elas discutiam e então a ruiva usa a varinha contra a outra a fazendo cair. No mesmo instante a roupa da jovem morena começa a se tingir de vermelho e rapidamente o jovem Severus vai de encontro a ela e começam a falar rapidamente. Voldemort então se aproximou do corpo da jovem que estava caída,  ele vislumbrara a imagem de uma jovem que ostentava em seu peito uma jóia idêntica a que estava no peito de Merlin.



- Pelo que vejo... – disse Lord das trevas agora encarando em sua frente um jovem Severus que correspondia ao olhar - ... sabe onde está esse novo artefato...



- Sim Mi Lord... – respondeu o garoto os olhos abertos e vidrados na figura de seu amo, sua voz sem expressão ou temor - ... vi a poucos dias com uma Gryffindor...



Amycus no entanto olhava de Severus a seu amo sem entender exatamente o que estava acontecendo. Voldemort dera então um pequeno sorriso macabro e encarou seu comensal.



- ... quero que fiquem de olho nessa pedra, e tragam-na a mim o mais rapidamente possível. E sem desculpas ou improvisos dessa vez. Não admito erros... acho que já devem saber disso. – agora olhava diretamente para Amycus Carrow. – Não me importa o que você faça, mas ache essa pedra e traga até mim...



- Sim mi Lord... – dizendo isso Amycus levantara-se, fizera mais uma longa reverencia e somente com o olhar seus alunos sabiam que teriam que segui-lo. Voldemort então andou lentamente de volta aos seus pergaminhos.



- Quer dizer que tal joia está ainda mais perto do que eu imaginava... - disse ele baixinho com um toque de varinha recolhendo os pergaminhos e os fazendo desaparecer, precisaria de tempo para vislumbrar cada anotação longe dos olhos de outros bruxos. Com um farfalhar e balançar de vestes sumiu em meio a uma fumaça negra. Tinha muito o que fazer e não havia mais tempo.



Enquanto Lord das trevas perdia-se nos seus devaneios Carrow agora tinha uma nova missão. Pegar a preciosa pedra do pescoço de uma adolescente. Ouviu o que seu amo lhe disse, não poderia mais haver falhas. E bem, ele tinha de fazer isso sem haver mais suspeitas. Já estava com problemas pela inexperiência de alguns de seus pupilos, e realmente já os havia punido por isso. Ele não tinha idéia de que controlar alunos era tão difícil, e dar poder a eles era pior ainda. Por esse motivo quando chegou ao castelo sua primeira providência era tentar por assim dizer apaziguar os ânimos. Sua devoção ao Lord das trevas era a coisa mais importante, porém, estava cansado de ter de se segurar e não usar seu poder com quem lhe desobedecia. Porque não podia usar de disciplina para com seus pupilos? Eles mataram uma aluna colocando seus planos em cheque. Agora ia ter de lidar com as conseqüências. Adentrou em sua sala praticamente batendo a porta ao passar. Nunca tivera muita paciência e agora ela já tinha se extinguido com tanta incompetência. Em um acesso de fúria destruíra praticamente a estante de livros que havia nos fundos de sua sala. Estava ainda ofegante quando ouviu alguém bater em sua porta.



- Senhor Carrow? – e novamente três batidas.



- Entre... – rosnou o bruxo agora um tanto impaciente.



- Desculpe Senhor... mas... alguns de nós gostariamos de saber quais são as ordens... – disse temerosamente o pobre homem quase se jogando aos pés de Carrow de pavor.



Carrow no entanto sabia que tinha de ser perspicaz, mais uma falha custaria-lhe a vida, com toda a certeza. Foi então que lhe ocorreu algo e então um sorriso sádico brotou em seus lábios. Sabia exatamente o que fazer, encarou o bruxo que estava em sua frente.



- Preciso que convoque alguns de nossos mais suscetíveis e influenciáveis servos de Hogsmeade... tenho um serviço para eles...



O bruxo então que estava com medo pareceu respirar aliviado quando seu chefe lhe fez o pedido, erguera os olhos e com o mesmo sorriso demoníaco confirmou com a cabeça girando nos calcanhares e desaparecendo de vista. Carrow então encarou sua imagem refletida em um dos vários espelhos que haviam no seu escritório. Provaria que não era apenas um servo para trabalhos pequenos, entregaria não só o artefato mas as cabeças de todos os inimigos de seu Lord de uma vez.


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