O Cervo, o Lobo e a Serpente



Conforme a lua cheia chegava, Remus ficava ainda mais instável. Sarah lembrava-se claramente de Olivia ter mencionado ele ter perdido a calma em um cumprimento de suas detenções e levar mais uma nova detenção. Ela não entendia mas Sarah sabia exatamente do que se tratava. Isso queria dizer que teriam que tira-lo do castelo. Tudo bem, os marotos faziam isso a anos e nunca tinham sido pegos mas, agora que os ânimos estavam alterados, e que o novo diretor estava literalmente colocando as manguinhas de fora, não podiam se dar ao luxo de Amycus requisitar sua presença em algum lugar como fizera na época do torneio de duelos. Obviamente que ela estava disposta a ajudar, e foi por isso que levantou cedo, queria falar com o monitor sem Olivia estar por perto, e bem, descobrir o que realmente estava acontecendo entre os dois afinal, sua amiga não podia ficar sem saber sobre o “probleminha peludo” do garoto a vida toda. Se conhecia bem ele, provavelmente estaria na sala comunal, era passada das sete horas da manhã e só teria dois períodos de Herbologia depois do café as nove. Então aproveitaria esse tempo para falar com o garoto. Ajeitou o uniforme e movimentou o ombro fazendo uma careta, embora o exterior estivesse cicatrizado, ainda sentia como se a ferida em seu ombro estivesse aberta. Observou sua mão esquerda mas não havia sinal de sangue, então talvez fosse apenas impressão. Ou orgulho ferido afinal, não conseguia entender como tinha sido tão descuidada. Abriu a porta do dormitório e a fechou silenciosamente para não acordar ninguém.  Para sua surpresa, Remus estava na poltrona de sempre lendo um livro em frente a lareira, mas virou o rosto em sua direção quando a viu chegando e abriu um enorme sorriso.



- Vejo que algo lhe tirou o sono cedo... – disse o garoto colocando o livro sobre a mesa de centro.



- Sim... – disse ela – e imagino que foi o mesmo assunto que o fez cair da cama...



- No meu caso... – respondeu ele esticando os braços para alongar-se - ... foi o ronco do Peter...



- Aham... sei... – disse ela com um sorriso sentando-se na mesinha de centro para que não precisasse falar em voz alta. - ... nós sabemos o que anda acontecendo e o que precisamos fazer sobre seu assunto peludo...



- Como sempre... se preocupando comigo... – disse ele com pesar - ... você é quem precisa de cuidados... eu consigo me virar...



- Remus... – Sarah começou dando um suspiro - ... vocês são a minha única família agora... como não vou me preocupar? Além disso, você sabe que Carrow I está com os olhos de falcão virados para a Gryffindor... qualquer passo em falso pode mandar vocês para o conselho mágico isso se não sentenciá-los a morte.



- O que realmente me preocupa é o outro... – disse ele sem perceber a expressão no rosto da garota.



- Outro? – perguntou ela e então ele lhe explicou detalhadamente o que tinha ouvido na passagem. – E o pior, eles o estão escondendo nas catacumbas embaixo das masmorras...



- Então é por isso que estão dizendo que há um novo fantasma que geme... – disse ela - ... quando questionei Pirraça ele apenas deu de ombros e disse “nada é o que parece...” agora isso faz muito sentido...



- Conversei com James sobre isso... não consigo parar de pensar que... bem... – começou ele um tanto nervoso - ... se realmente estão trabalhando em uma poção que nos ajude...



- Isso seria fabuloso... e nos tempos de hoje... bem... você deve conhecer Cavendish e Hardy melhor que eu... – disse ela com dúvidas - ... sabemos muito bem como é proteger um amigo, eles não vão falar nada... a não ser...



- A não ser... que eu mesmo conte a eles sobre meu caso... – disse o garoto deitando a cabeça no encosto do sofá .



- Era isso que eu ia lhe dizer... você e os marotos vem convivendo com isso a anos... tem mais experiência nisso do que qualquer um... – disse a garota e então Remus levantou a cabeça e lhe encarou.



- Então não estou totalmente maluco ao pensar nisso... – falou ele encarando a garota.



- Não... e a essa altura, creio que devia contar também para mais duas pessoas se é que me entende... – respondeu ela e ele dera um profundo suspiro - ... qual é Remus... Oli não vai ligar para isso... estou cansada de te dizer... e se a professora Minerva já não desconfia do seu “probleminha”...  – então ela mordeu os lábios em duvida - ... bem, eu acredito que ela já tenha certeza sobre isso... mas, eu contaria a ela também... ela poderia ajudar a professora Sprout e ambas se ajudarem a ajudar vocês...  – então ela se aproximou ainda mais e segurou a mão do garoto sorrindo – se quiser... posso falar com a Professora Minerva...



- Agradeço... – disse ele depositando um beijo nas costas da mão da garota - ... mas isso é algo que eu mesmo tenho que fazer... mas obrigado... – então ele sorriu. – Ainda não consegue lembrar do que houve?



- Não sei... - então olhou para o fogo por alguns segundos e voltou sua atenção novamente para o garoto - ... as vezes tenho lampejos sabe... do que bem... do que eu acho que aconteceu mas... outras vezes parece que isso é apenas imagens sem sentido...



- O que a enfermeira disse? – perguntou novamente Remus.



- Que por conta da perda de sangue e... o galo na minha cabeça.. provavelmente de quando eu caí... a memória pode voltar de repente ou ... – ela deu um suspiro - ... gradativamente.



- Não se preocupe... – disse ele por fim com um sorriso - ... eu se fosse você... com certeza iria preferir que continuasse esquecido...



- Talvez... – respondeu ela incerta - ... mas sei lá Remus... é como se... bem... não sei explicar a sensação de um imenso vazio... digo... – foi então que flashes de sua discussão com Lily voltaram a sua mente e ela ficou em silêncio por alguns minutos - ... eu... eu lembro de ter discutido com a Evans...



- Bem... tenho de admitir que ela tem sido um tanto escorregadia... – respondeu o garoto. - ... desde aquela noite... mal a vejo. Ok que Olivia diz que ela está preocupada com os Niems mas...



- Acho que tenho um pouco de culpa nisso... – admitiu a garota - ... dissemos coisas muito pesadas Remus... eu mesmo admito que descontei todas minhas frustrações em cima da ruiva...



- Temos opções nas nossas vidas Sah... – disse o garoto com um sorriso - ... a única coisa que conseguimos fazer é aceitar a opção que nossos amigos escolheram... aprová-las... bem... talvez não... mas não podemos mudá-los... e se Lily decidiu seguir por um caminho sem volta... e não quer permitir que a ajudemos... não podemos obrigá-la.



Nesse caso, Lupin estava coberto de razão. Não poderia ajudar quem não queria ser ajudado. Ainda mais alguém orgulhosa como Lily Evans. Remus então se despediu e saiu em direção ao buraco do retrato. Sarah ainda ficou mais algum tempo sentada olhando o fogo crepitar na lareira. Tinha alguma coisa que não estava se encaixando. Mas o que é que seria?



- Caraminholas na cabeça Perks? – ouviu então a voz de Sírius e sorriu.



- Na verdade... sim... – respondeu ela - ... não lembro do que houve depois da discussão com a Evans, e isso está me tirando o sono...



- Oras mas isso é fácil de resolver... – respondeu ele sentando-se na frente dela com ar de psiquiatra e um sorriso encantador - ... bem, vocês discutiram... até aí tudo bem, pois você mesmo confirmou isso não? -  A garota meneou a cabeça afirmando. – Então, você disse que sentiu um baque nas suas costas e como se várias facas entrassem e com a dor você perdeu os sentidos... – novamente ela confirmou - ... pois então minha cara... quando encontrei você no chão encharcado de sangue, o Ceboso estava debruçado sobre você, devia estar se certificando se o feitiço havia surtido efeito...



Embora Sírius afirmasse isso, algo dentro dela dizia que havia muito mais coisas aí, mas suas lembranças não estavam em ordem e isso a deixava nervosa mas não sabia dizer o que era. A sensação era de que havia sido “traída” mas, isso não fazia sentido algum... se Snape fora quem lhe havia azarado...



- Deixa de rodeios Padfooth... – agora era Peter quem estava bem nervoso - ... você está fazendo mistério a dias... e aliás eu estou com fome... o que acha de irmos até a cozinha procurar uns petiscos?



- Você e seu buraco negro que chama de estomago... -  disse o garoto girando os olhos. - Mas não se preocupe Leoa... – continuava Sírius agora em pé com um belo sorriso - ... ele se arrependerá amargamente por ter se metido com alguém da casa dos leões...



Dizendo isso o garoto fez uma enorme reverencia a garota. Sarah apenas se despediu dos meninos, tinha muita coisa para fazer. Os NIEMs estavam batendo a porta e com a confusão que estava a escola, bem... vai se saber como iriam se sair.



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O fato de Potter e seus comparsas estarem sob vigilância constante fez com que os planos de Bella não saíssem como o esperado. Sim, estava se aproveitando de um “suposto ataque” a sua pessoa para continuar alimentando a “pequena mentira” que contara aos professores sobre Potter ter lhe deixado inconsciente a alguns meses. Isso só deixara os alunos ainda mais nervosos, pois com o pai sendo caçado, o garoto estava literalmente fora de controle. Sim, ela seria uma tonta se não se aproveitasse desse desleixo do garoto para usar a fúria dele a seu favor.



Isso levava ao plano, um plano absolutamente minucioso e cuidadoso para que tudo, todas as pistas levassem aos leões e então a Potter. Estava tudo correndo bem a princípio. Afinal, Amycus I havia lhe incumbido de manter os Gryffindors ocupados, e podia até mesmo fazer uso das maldições se quisesse. Porém, não tivera esse prazer já que McGonagall e Bruce perceberam suas reais intenções e, por fim fora ela quem ficara com alguém nos seus calcanhares.



Talvez estivesse tão preocupada em despistar seus perseguidores que o mais insignificante, mais primordial detalhe de seu plano passou desapercebido. Se certificar de que James estivesse ocupado em outro lugar para poder culpá-lo por atacar aquelas ratazanas da casa dos perdedores.



- Como você pode ser tão irresponsável! – dizia Lucius Malfoy andando de um lado para o outro em uma das salas vazias do terceiro andar.



- Olha quem está falando... – retorquiu a garota com azedume - ... se você não tivesse bancado o “bonzão”, não teria levado a pior...



- Não mude de assunto Black! – disse o garoto visivelmente alterado -... temos ordens a cumprir, e você não conseguiu nem ao menos verificar se tinham prendido Potter?



- E você? Podia tê-lo pego rapidamente se não quisesse se mostrar para a Cissy! – retorquiu ela com os olhos faiscando – Acha que não sei que carrega uma corja de hipogrifos pela minha irmã? Se toca Malfoy, ela com certeza prefere algo melhor que você!



Malfoy rapidamente ergueu a varinha o que fez Bellatrix reagir automaticamente da mesma forma.



- Não acho que brigar uns com os outros vá trazer melhores resultados do que os trágicos que já obtemos... – disse Severo Snape que parecia tão entediado com aquela briga quanto a calmaria no lago negro do lado de fora. – isso só faz com que nossos inimigos gargalhem de nossa cara.



- E o que sugere então? – falou rapidamente Narcisa que encarava a todos com a mesma antipatia de sempre – Não lembro de tê-lo visto nos corredores quando mais precisamos...



- Tinha coisas mais importantes para fazer do que simplesmente brincar de mocinho e bandido com alguns impertinentes... – respondeu ele - ... e meus assuntos particulares não lhes dizem respeito algum até onde sei Narcisa...



- Ora, ora... – começou Bellatrix com um semblante debochado e desafiador - ... nossa cobrinha colocando suas presas de fora...  – seus olhos então encararam o garoto com extrema concentração - ... está cansado de saber que não existe assuntos particulares no nosso círculo...



- Talvez não os seus... – respondeu Snape a encarando de volta impassível e sem mover um músculo  de sua face - ... ao contrário de você Bella, meus assuntos não dizem respeito a mais ninguém além de mim. E o fato de mante-los em segredo, é o que me fez ter êxito e não ter sido pego como vocês foram.



Embora fosse terrível de admitir,  Severo Snape estava certo. Bella sabia que tinha colocado os pés pelas mãos. Mas sempre fora tão impulsiva que era difícil controlar. Quando foi abrir a boca para falar Malfoy a interrompeu.



- Severus está certo! – disse o garoto, ela, mais do que ninguém sabia o quanto o jovem loiro e de olhos azuis não gostava de ter de admitir isso. Sempre desde seu primeiro ano disputava com Severus, embora essa disputa não fosse “bem uma disputa” já que Severus estava pouco ligando para a concorrência. Mas ela, Bella sabia que embora Malfoy o tratasse bem, era pelo mais puro interesse. “Mantenha seus amigos por perto e inimigos mais perto ainda”. Era essa a frase que sua mãe mais gostava de repetir.



- Agora não tem mais jeito... – continuou Malfoy – o fato de ter “dois Potters” aprontando e se rebelando na escola só deixou claro que havia um impostor azarando os colegas fingindo ser ele... não podemos mais nos arriscar...



Um tanto a contra gosto, Bellatrix teve que concordar. Não poderiam mais usar essa desculpa para sair azarando os alunos por aí. Mas isso não tirava sua curiosidade de “quem” era a pessoa que os estava ajudando?



- Enfim... seja lá quem for que estava azarando os imbecis dos sangue ruins... ainda assim estava nos fazendo um favor... – disse ela - ... e ele ainda está a solta...



- Porque é que você tem tanta certeza... – ouviu Narcisa lhe perguntar.



- Oras minha cara irmã... – disse ela sorrindo abertamente para a garota - ... quem mais poderia ter atacado aquele trio de fofoqueiras daquele jornaleco da escola? Ou vai me dizer que foi um dos nossos?



Malfoy encarou Snape que continuava impassível. Narcisa olhou para Carter que meneou a cabeça negativamente o que fez com que Bella abrisse ainda mais o sorriso.



- Eu não disse? – Então se levantou elegantemente e andou até a lareira virando-se em seguida – Se não é um de nós... está claro que alguém das outras casas simpatiza com nossos objetivos... sendo assim... – seus olhos cintilaram ainda mais - ... e se esse bruxo ou bruxa simpatiza com nossos objetivos...



- Também teríamos um aliado... – disse Malfoy coçando o queixo.



- E quem garante que ele queira ser nosso aliado? – perguntou Snape encarando todos ali – Só porque anda azarando alguns bruxos sem noção por aí não quer dizer que queira se unir a nossa causa.



- E porque mais seria então? – perguntou Bella cruzando os braços. – Um mundo onde os bruxos não precisem se esconder não é tão mal assim.



- Ele só está assim porque sua “protegida ruiva” não está tão protegida assim... – retorquiu Carter que logo viu a mão de Severus ir rumo a sua garganta e começar a apertar.



- Sugiro escolher melhor as palavras se ainda quiser respirar Carter... – disse Severus encarando o garoto enquanto apertava sua garganta.



- Rapazes... – disse Bella se interpondo entre eles - ... sabemos o que Evans tem tentado fazer... e cá entre nós... ela não leva jeito para isso... por mais que tente... então ... não acho que ela seja quem esteja por traz disso. O bruxo que me atacou aquela vez sabia ser cruel, ou não teria conseguido executar aquela azaração...



- Mas então... – começou Akira cruzando os braços e encarando a garota - ... quem pode ser?



- Eu não sei... – disse Malfoy cerrando os olhos - ... mas não vou descansar até descobrir qual é a desse justiceiro...



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Falar abertamente sobre sua condição não era nada fácil para o jovem monitor dos leões. Primeiro porque nem todos tinham a mentalidade aberta de Sarah, Lily, James, e os marotos. Muitos dos quais não vale a pena comentar, o achavam uma aberração. Tecnicamente sua licantropia apesar de não ser contagiosa, era vista pela maioria dos bruxos como algo do gênero, o que dificultava (E muito) ter um relacionamento saudável ou uma vida normal. Remus até que tentava, realmente depois que seus amigos descobriram sua condição, sua qualidade de vida realmente havia melhorado. Mas e depois da escola? Como tudo seria? Não tinha família, não tinha bens por assim dizer, e também não tinha como se sustentar, pois duvidava que alguém, algum dia lhe daria algum emprego.



“Talvez saia pelo mundo em peregrinação...” pensou ele consigo mesmo enquanto andava em direção a sala da sua professora de transfiguração. Em sua mente tentava achar uma maneira de contar tudo, mas por mais que tentasse, ele sabia que não havia um “jeitinho certo” de fazer isso. Parou em frente a porta do escritório de sua professora e respirou fundo. Erguia a mão para bater na porta quando ela se abriu.



- Oh... Sr. Lupin... – disse a professora McGonagall surpresa ao vê-lo. – Não esperava vê-lo tão cedo em minha porta.



- Acredite professora... – respondeu ele tentando acalmar-se, podia não parecer mas estava mais nervoso do que de costume - ... não queria ter de chegar a esse ponto.



- Muito bem... – respondeu ela lhe dando passagem - ... pela hora suponho que deva ser algo realmente sério. Vamos... entre.



Geralmente Remus não freqüentava os escritórios dos professores, e realmente não ficava muito a vontade com isso. Mas devido as circunstâncias...



- Espero que não tenha acontecido nada... – começou ela a dizer mas o garoto meneou a cabeça em negação.



- Bem professora McGonagall... – começou ele - ... eu realmente não queria ter de lhe preocupar com isso... na atual situação maluca que esta essa escola...



- Deixe de rodeios Sr. Lupin... – dessa vez sua voz saíra tão séria e ríspida que ele decidiu que devia contar até seus maiores segredos.



- Desculpe-me... mas não é algo fácil para mim... digo... isso irá implicar muitas pessoas... além é claro de vários processos ministeriais... – ele pode ver a sua professora cerrando os olhos desconfiada.



- Do quê exatamente o Senhor está falando? – perguntou ela.



- De que... bem, da minha real situação professora... – respondeu ele sem conseguir encará-la - ... não sou exatamente um santo... e bem, posso ser um bom exemplo como monitor...



- Se for por conta dos atuais acontecimentos, devo lhe assegurar que nem o mais pacato dos lufanos iria conseguir se segurar... – respondeu ela mas ele então a interrompeu.



- Sou um lobisomem...  – disse ele rapidamente e praticamente sem pensar muito. Sabia das conseqüências que isso iria requerer, da confusão que colocaria seus amigos por serem animagos sem registros, enfim, estava até se acostumando com a idéia de viver no exílio.



- E o que tem isso? – perguntou ela sem expressar surpresa alguma.



O garoto levantou os olhos e a encarou estupefato, como ela perguntava isso? Isso realmente era um ENORME problema, principalmente agora com ministeriais andando livremente pelo castelo.



- Isso não lhe impediu alguma vez de sair do castelo com seus amigos ou impediu? – perguntou a professora o deixando praticamente sem palavras.



- Como...é... – então meneou a cabeça tentando fazer seu cérebro voltar a funcionar - ... Digo...a senhora já sabia?



Ela então se sentou ao lado do garoto.



- Eu tinha minhas desconfianças... – disse ela calma e docemente enquanto o encarava - ... mas com a ausência de Dumbledore, seu professor Bruce acabou confirmando. Mas se está preocupado em como sair do castelo, posso conversar com Madame Ponfrey, ela não faz perguntas e também não nega ajuda.



- Gostaria que fosse tão simples... – disse ele - ... não tenho problemas com minha licantropia... afinal cresci com ela, e bem, embora não seja algo agradável, tenho apoio dos marotos... e como a senhora disse, consegui lidar com isso... mas existe outro lobisomen... mais novo...



- Outro? – disse ela com espanto. – Dumbledore não mencionou nada...



- Acho que isso ocorreu depois de Dumbledore ter saído professora... – Remus então respirou fundo e continuou - ... na noite em que tocamos o terror... – então viu o olhar estreitar-se para ele que logo se corrigiu - ... digo, na noite em que saímos pelos corredores... nos deparamos com um grupo de Lufanos nas saídas das estufas, a monitora, Cavendish nos disse... James e para mim, que a professora Sprout tinha lhes dado permissão para usarem as estufas para créditos extras...



- Sem rodeios Remus... – pediu a professora McGonagall.



- Enfim... Hardy.. o monitor estava nos braços de Amos Diggory... disse Amy que ele tinha sido pego por uma planta da estufa mas eu vi cicatrizes nas mãos e pescoço dele... são feitas por garras assim.... – então o garoto mostrou as suas em uma das mãos. - ... reconheço a marca quando vejo uma...



- Mas não era lua cheia... – falou a professora confusa.



- Não... não era... eles deviam estar procurando alguma coisa para ajudar ele nas estufas, e algo deve ter saído errado.  – contou o garoto – Ouvi uma conversa entre eles dias atrás... Hardy estava nervoso com a próxima lua cheia, pois... tenho certeza de que a senhora ouviu falar do “novo fantasma” das masmorras não?



- Ouvi esse disparate sim... – comentou ela fazendo sinal para que ele continuasse.



- Não é exatamente um disparate... os lufanos estão trancando Hardy nas masmorras... estão o acorrentando para que não machuque ninguém.



- Mas que absurdo! E ele? Com certeza deve se ferir horrores! – agora Minerva tinha se levantado preocupada. – Quem mais sabe disso?



- Sobre meu caso...nós professora... – disse ele – Eu, James, Sírius, Peter, Lily e a Sarah. Já pela parte dos lufanos... não posso dizer...



- Como a Srta Perks soube... – perguntou ela curiosa.



- Digamos que ela notou minhas “doenças” coincidiam com a Lua cheia... – disse Remus. - ... mas o mais interessante nessa história toda, é o empenho dos lufanos em achar uma cura... Ouvi Cavendish dizer que Kibum está muito perto de conseguir uma poção.



- Mas isso é perigoso... ainda mais o Sr. Kim! Tenho que falar urgentemente com Pomona sobre isso!  - disse a professora visivelmente nervosa. 



- A Senhora vai impedir ele continuar suas pesquisas? – perguntou ele visivelmente decepcionado.



- Não seja tolo Sr. Lupin... – disse ela juntando as mãos e o encarando – Se o Sr. Kim está tão próximo assim de algo grandioso, ele precisa ser orientado para conseguir sucesso! – então sorriu levemente – E com toda certeza, deve ser protegido assim como o Senhor e Hardy. Lobisomens não fazem mal a outros seres vivos a não ser humanos... então acho que você e o Sr. Hardy poderão dividir a casa dos Gritos, pelo menos dessa vez.



- Os marotos conseguem dar conta de um lobisomen... – começou dizer ele mas então ela o interrompeu.



- Creio que dessa vez... os marotos possam ter ajuda de pessoas mais responsáveis... – disse ela pegando uma pena vermelho vivo, que mais parecia uma pequena chama e começou a escrever em um pedaço de pergaminho. – Amycus tem como interceptar mensagens ou corujas que entram ou saem desse castelo... -  Quando tocou o pergaminho com a varinha ele levitou no ar, e incendiou-se rapidamente desaparecendo não deixando cinza alguma para contar a história. – mas eu também tenho meus meios para burlar esse sistema de segurança.



- É a pena de Fawlkes? – perguntou ele e ela confirmou com a cabeça.



- Um lindo e singelo presente de natal... – ela então pegou a pena e guardou-a novamente dentro da gaveta. – Agora Sr. Lupin... quero que faça exatamente o que eu lhe disser...



Alguns minutos depois, Remus percorria rapidamente o corredor do quinto andar passando rapidamente os olhos pelas salas e pessoas. Não que estivesse apressado, a sua professora pediu discrição e era isso que ele tentava fazer. Desviou uma ou duas vezes de alguns alunos desatentos, sem mencionar também os olhares atentos dos lacaios de Carrow para onde quer que ele fosse. Estava prestes a virar a direita no final do corredor quando viu Justin e Amos descendo a escadaria. Não podia chamar a atenção do garoto em pleno corredor ou despertaria curiosidade dos comparsas de Amycus e por isso seguiu-os escadaria abaixo até que o garoto entrou em um dos banheiros do quarto andar. Amos até podia ser um cara legal, e Remus nunca tivera nenhum tipo de desentendimento com ele, mas talvez por conta da condição de Justin, o capitão lufano desconfiava até mesmo das sombras.



Naquela ocasião, Remus soube que teria de tornar esse encontro casual. Esperou que Amos entrasse em um dos lavabos e esbarrou “sem querer” em Justin.



- Poxa... desculpa ai Hardy... – disse Remus depois de abrir a porta e quase acertar o garoto. – Não vi você...



- Normal... – respondeu o garoto - ... é difícil se acostumar com essas portas...



- E como você está? – perguntou Remus lavando as mãos – Você não parecia nada bem aquela noite nas estufas...



- Nada que uma poção revigorante não desse conta... – respondeu o garoto secando as mãos.



Remus sabia que tinha de falar com o garoto antes que aquele banheiro enchesse com o intervalo das aulas daquela tarde, sem mencionar que tinha extrema urgência. Pois teriam de bolar algum plano para desaparecerem da escola sem levantar suspeitas. Quando Justin levantou os olhos Remus estava a sua frente. A manga de sua camisa branca dobrada e o antebraço esticado mostrando uma cicatriz.



- Estou certo de que consegue reconhecer o padrão... – disse o garoto e então Justin arregalara os olhos preocupado. Era visível que ele não sabia o que fazer exatamente.



- Não sei do que é que você está falando... – respondeu Justin esquivando-se de Remus e andando apressado em direção da porta.



- Você sabe Hardy... e eu sou uma das poucas pessoas que poderá te ajudar... – disse o monitor fazendo o garoto parar com a mão prestes a abrir a porta. O monitor sabia que devia ser cauteloso, mas não tinham muito tempo, e nem ali era um lugar seguro para terem uma conversa sobre licantropia. Se aproximou dele para que pudesse falar mais baixo e que somente ele pudesse ouvir – Sei o que está passando, passo por isso desde de que tinha cinco anos... posso te ajudar se quiser...



Isso pareceu a Remus, despertar atenção de Justin. O fato de estar com seus 17 anos e durante todo esse tempo, Remus ter escondido sua licantropia de todos e melhor, tê-lo os mantido em segurança, bem... Sarah tinha razão em dizer que era um feito e tanto!



- Mas como... – gaguejou o garoto o encarando. - ... como você... consegue...



- Como pode ver... não é NADA fácil... e por isso não é algo que possa fazer sozinho... – disse Remus o encarando sério - ... mas não posso obrigar você se não quiser...



Quando Remus foi passar pela porta, Justin praticamente pulou em sua frente e o encarou.



- Eu... eu... – começou o garoto.



- Tudo bem... não é fácil admitir que  a gente precisa de ajuda.. – respondeu Remus - ... converse com seus amigos, e me encontre no pátio do salgueiro lutador hoje após o último período da tarde... se alguém perguntar, estamos revendo anotações para os NIEMs.



O monitor dos leões então saiu do banheiro, precisava conversar com os garotos para que estivessem preparados. Tinham muito o que planejar.



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- Ventus! – disse Olivia fazendo um movimento imitando um redemoinho e o lançando contra Alice. Sarah já não sabia mais quanto tempo tinha se passado dentro daquela sala vazia. Era o terceiro dia seguido que haviam se juntado para rever suas anotações e feitiços para o NIEMs que não tardariam a chegar.



Alice foi empurrada para o outro lado da sala enquanto tentava inutilmente lutar contra ele.



- Ótimo feitiço de impedimento... – falou Emme que estava atirada nas almofadas.



- Não acha melhor treinar também? – perguntou Olivia encarando a garota – Seu futuro todo depende do que a comissão de avaliadores disser.



- E eu lá estou ligando para o que uma tropa de ministeriais caducos irão dizer de mim? – disse Emme -  Além disso, o que eu aprendi foi em combate, e acredite, aprendi mais com os treinos com os marotos do que com qualquer um que tenha me dado alguma aula... tirando a McGonagall e Lorigan... é claro...



Sarah viu Olivia menear a cabeça em negação, mas Emme de certa forma tinha razão. Havia aprendido mais durante todo esse seu último ano do que em todos os outros, ok que se metera em mais confusões do que gostaria, e bem, ela não tinha perdido as esperanças ainda de encontrar seus avós, ou de pelo menos saber o que havia acontecido com eles. Não, ela não havia desistido disso, mas também sabia que para encontrar alguma resposta, primeiro, teria de ter meios de procurá-las, e para isso, precisava antes de tudo, se formar, depois, poderia fazer o que precisasse ser feito. Isso sim era um plano.



- Anda logo Emme... – dizia Alice puxando a garota da pilha de almofadas - ... eu preciso treinar, ou não vou me dar bem com os feitiços reversivos...



- Eu não vou deixar você me lançar um furunculus só pra desfazer depois! – dizia Emme incomodada – da última vez que fez isso, fiquei com um doído por dois dias até a enfermeira me dar um ungüento!



- Deixa disso Emm – continuava Alice. Sarah levantou-se da pilha de almofadas e tentou se esticar sentindo uma fisgada no ombro direito. Isso despertou um “alerta” em Olivia que deixou a dupla de lado e foi ver o que acontecia.



- Ainda está doendo? – ouviu a voz de Olivia e apenas fez uma careta – Não me engana Sah... o que você passou não é algo que se cura do dia para a noite...



- Madame Ponfrey disse que estava cicatrizado... – respondeu a garota mas Olivia não parecia muito convencida.



- Pode até ser, mas foram feridas feitas com feitiços... – disse ela cruzando os braços - ... e a julgar quem lhe lançou eles, com certeza não foi algo bom.



- Não sei não... – respondeu Sarah dando um profundo suspiro - ... sabe aquela sensação estranha de que você “perdeu” alguma coisa?



- Como assim? – perguntou Olivia pegando a mochila e guardando dois livros que estavam sobre uma mesa.



- Eu não sei muito bem como explicar... – disse Sarah se esquivando de uma Emme que duelava com Alice enquanto pegava mais pergaminhos e entregava a Olivia  - ... é como se você tivesse... sonhado... digo... você sabe que algo aconteceu mas...



- Você só está confusa... – respondeu Olivia pegando os pergaminhos e colocando dentro da mochila. – Você bateu com a cabeça... perdeu muito sangue e claro, sabe-se lá que tipo de feitiço aquele seboso lançou em você.



- AIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII- ouviu-se a voz de Emme, e ela começar a praguejar.



- Desculpe Emme.... – dizia Alice bastante arrependida - ... Eu não devia ter lançado esse feitiço sem saber fazer isso direito... mas não tem problema... eu posso desfazê-lo...  SURGITO!



- Nem pensar! – respondeu Emme desviando o corpo rapidamente.



- CUIDADO SARAH!



Foi a única coisa que Sarah conseguiu ouvir antes de ser atingida pelo feitiço de Alice. Foi basicamente como levar um choque, uma corrente de energia pareceu passar por seu corpo e a garota caiu sobre as almofadas atordoada.



- Olha só o que você fez Bounce! – ralhou Olivia ajoelhando-se do lado de Sarah a abanando com um pedaço de pergaminho.



- Aieeee foi sem querer viu...  – disse a menina visivelmente preocupada. – Eu não tinha a intenção....



- Está tudo bem... – murmurou Sarah coçando os olhos e sentando-se com dificuldade - ... pelo menos eu acho.



- Desculpa Sarah... eu... eu.. – tentava dizer Alice mas Sarah a interrompeu.



- Estou bem Ali... – e então com a ajuda de Olivia ela se levantou - ... não foi nada demais... – então olhou para Emme que parecia estar sentindo muita dor – Já não posso dizer o mesmo da Emme...



- Eu disse que era boa em desfazer feitiços... – disse Alice fazendo novamente o feitiço, desfazendo o anterior em Emmeline.



- Tem certeza de que você está bem? – perguntou Olivia mais uma vez e Sarah confirmou com a cabeça.



- Então vamos... – disse a garota pegando a mochila e jogando no ombro - ... temos uma detenção para cumprir e mais uma revisão pra fazer hoje a noite. Embora Sarah sentia-se estranha, não comentou nada com Olivia e as meninas, Alice já estava encabulada e envergonhada demais por tê-la acertado com um feitiço por engano, por mais inofensivo que ele fosse. Ainda assim era um feitiço. Chegaram a torre da Gryffindor poucos minutos depois. Lily parecia absorta em um livro mas ao vê-las chegando tratou de recolher suas coisas e sair pelo buraco no retrato assim que as viu sentarem em frente a lareira. Sarah tinha quase certeza de que o motivo era ela, mas não conseguia saber o porque, e pior, sempre que pensava nisso, seu cérebro parecia que iria explodir. Não podia inventar uma desculpa para não ir a sua detenção ou isso iria acarretar logicamente em mais detenções. Deixara suas coisas no seu dormitório e assim, com Olivia percorreu os corredores até chegar aos porões. Dessa vez teria de lavar toda a louça do jantar. Haviam murmúrios de que os coitados dos elfos estavam sendo ainda mais maltratados do que os nascidos trouxas, e isso se confirmou quando ela entrou na cozinha e pode vê-los com correntes nos seus pés.



- Que coisa mais absurda! – disse para Olivia que fez sinal para que ela não abrisse a boca. Já estavam encrencadas mas, achava aquilo tudo um exagero já que os elfos sempre obedeceram cegamente o diretor da escola. Não precisavam ficar acorrentados.



- Sugiro que comece logo com seu trabalho Perks...  – ouviu a voz de Severo Snape atrás de si e virou-se rapidamente- ... ou poderá ter tornozeleiras iguaizinhas as dos elfos.



A garota não soube dizer exatamente o que sentiu na hora, mas parecia que sua cabeça iria explodir. Uma susseção de coisas pareciam ter voltado a sua cabeça, tudo de uma única vez. Como se tivesse ficado presa debaixo da água e ressurgido a superfície de repente. Ela então apoiou-se sobre o tampo da mesa e encarou-o, sua respiração era ofegante. Severus por outro lado, apenas a encarava com seu inigualável desprezo.



- Deixem de moleza e voltem ao trabalho... – agora era voz de Akira, outro sonserino soltando estampidos com a varinha.



Ainda ofegante, Sarah foi em direção a uma das pias e começou a lavar os pratos. Sua cabeça parecia girar mas não falou absolutamente nada. Suas lembranças tinham voltado, ela tinha lembrado de cada segundo daquela noite em que discutira com Lily Evans. A única explicação plausível era de que Severus havia mexido em sua cabeça além de ter... meneou a cabeça tentando colocar os pensamentos em ordem, então não tinha batido realmente com a cabeça, ele tinha alterado sua mente para que não lembrasse do que havia acontecido de verdade. Ele estava... – Protegendo a Evans... – disse baixinho. Novamente lançou um olhar para o garoto que cruzou os braços e dera-lhe as costas. Algumas horas mais tarde, depois de sua detenção. Sarah já andava pelo corredor quando encontrou Remus.



- Oras... a julgar pela sua cara... a detenção não foi nada bem... – disse ele começando a lhe acompanhar.



- Não foi exatamente a detenção que me deixou assim se quer saber... – respondeu Sarah



- Então o que foi exatamente? – perguntou ele mas ela apenas sorriu.



- Contarei mais tarde... – disse ela vendo os corredores começarem a se apinhar de alunos indo para suas aulas - ... quero ter certeza de uma coisa primeiro. A propósito... conversou com McGonagall?



- Sim... o que ela sugeriu é um tanto arriscado... – disse ele mais baixo – ela sugeriu que eu e Justin ficássemos na casa dos gritos...



- E como é que vocês irão para lá? – perguntou ela em tom baixo – Aqueles imbecis irão saber se saírem do castelo...



- Eu sei... mas não podemos arriscar de sermos pegos... já falei com Justin... – disse o garoto e então olhou em volta para ver se não estavam sendo ouvidos - ... vou falar com os garotos, a lua cheia é daqui a dois dias, vamos ter de ir amanhã a noite.



- Amycus está de olho na gente... – disse ela preocupada - ... ele vai notar não ter os marotos andando por aí... principalmente cumprindo detenção.



- Enganamos ele mais vezes do que eu mesmo posso contar... – respondeu o garoto - ... concordo que dessa vez vai ser mais difícil... mas sempre um de nós vai estar andando pelo castelo enquanto o outro fica de olho nos lobos...



- Não sei não... eu ia sugerir uma poção polissuco... – disse ela –... mas nosso ilustre diretor está monitorando até os ingredientes que usamos nas aulas...



- Não se preocupe tanto... vamos dar um jeito... – tranqüilizou o garoto.



Mas até mesmo Remus não tinha muita certeza do que aconteceria. Sabia que a sua professora obviamente teria chamado algum tipo de reforço. Mas mesmo assim a pessoa de confiança em si não se arriscaria a entrar na casa dos gritos, e muito menos colocaria os pés no terreno da escola. Teriam que se virar sozinhos pelo menos dentro das terras de Hogwarts. E foi assim que o plano então foi traçado. Optou por conversar com Justin isoladamente em uma estufa onde puderam combinar os detalhes de como sairiam do castelo. Remus por sua vez pode notar que o lufano não estava conseguindo esconder os efeitos da lua e quanto mais demorassem, mais perigoso poderia ficar. A casa dos gritos estava cheia de feitiços, isso era fato, afinal o próprio Dumbledore havia “protegido” por assim dizer mas mesmo assim não sabia como suportaria dois lobisomens.



- Deixa de bobagens Moony... – dizia Sírius jogando-se na cama enquanto Remus olhava suas coisas – Com certeza o barba branca deve ter protegido aquela casa mais do que nós pensamos... aliás... ele não é o Barba branca por acaso.



- Nisso tenho que concordar com o cachorrão... – disse James, seu olhar estava um tanto apreensivo a dias, mas Remus sabia que seu amigo estava escondendo coisas que bem, talvez não pudesse contar. Sabia que muita coisa estava acontecendo na ordem e os Potters estavam passando por uma fase muito complicada. Tirando Charlus e Dorea Potter, o resto dos Potters havia sido pego na emboscada feita pelo próprio irmão de Charlus, William o qual James tinha muito apresso. Era difícil ver o amigo lidar com tudo aquilo sem falar no fato de ter terminado com a única pessoa a qual o trazia um pouco de sanidade aquela mente marota. Mas seja lá quais fossem esse motivos, algo muito sombrio devia se passar pela cabeça de James. Vez ou outra o via acordado tarde da noite lendo anotações e coisas do gênero mas se ele não queria lhes contar, não podia obrigá-lo. - ... aposto que a Minerva andou chamando o Bruce para bancar nossa babá.



- Primeiro.., não irá bancar nossa babá... – disse Remus cruzando os braços e encarando os amigos - ... Minerva deixou bem claro que pode apenas manter os curiosos longe da casa dos gritos. Mas aqui dentro... naquela passagem vocês terão que se revezar...



- Molezinha... – disse Sírius levantando-se da cama e espreguiçando-se – a gente dá conta de mais um aluado peludo... pode deixar.



- Luy aprendeu rápido a apertar o nó da árvore... não teremos problemas depois de transformados... – afirmou James encarando os amigos - ... ninguém irá notar que saímos... ou que mal há em ter um cão perdido... ou um cervo inofensivo andando por aqui...



- Não sei, mas o seboso anda querendo e muito nossa cabeça... – respondeu Sírius agora parecendo aborrecido - ... em todo lugar que eu olho ele está por perto,  pronto para me delatar para o nosso ilustríssimo diretor.



- Não podemos nos arriscar cachorrão... – disse Remus - .. temos que ficar longe do radar de Carrow, pelo menos até passar a lua cheia.



Naquela mesma noite, Justin e Remus usaram uma das várias passagens secretas, incluindo a capa de invisibilidade de James para irem até o pátio e assim entrarem pela passagem do salgueiro. Embora tivessem tido um pequeno encontro com dois ministeriais, eles estavam tão ocupados tentando controlar o mal humor de Pirraça que nem se quer os viram abrir a porta que dava acesso ao corredor externo. Uma vez dentro do túnel embaixo do salgueiro, não seria possível voltar sem antes apertar o nó pelo lado de fora. Geralmente Peter é quem fazia as honras mas com Luy o gato danado de James aprendendo, seria até mais fácil caso não tivessem o amigo rato com eles.



Sarah por outro lado tentava não pensar nas conseqüências que teriam os marotos se fossem descobertos, por isso a AG estava empenhada em visitar “regularmente” Remus e Justin que haviam contraído uma espécie de alergia a verrugueira, uma planta extremamente atraente, mas quando tocada libera um pó extremamente fino que cobria a pele toda com verrugas. O tratamento é longo e exige vários dias de isolamento e administração de poções. Como ela, Sarah Perks sabia sobre isso? Fora a professora Sprout quem conseguiu a planta. Como? Bem isso nem a professora Sprout e muito menos Minerva McGonagall diziam, apenas informaram aos alunos sobre a atual situação dos dois monitores e por assim dizer, vez ou outra Sarah e Olivia iam a ala hospitalar, ficavam algum tempo e depois voltavam para seus estudos. Porém, o fato dos dois monitores estarem ausentes despertou o interesse de certos alunos os quais Sarah sabia estavam a procura somente de uma falha deles para Amycus se livrar de vez de suas pedras no sapato. Minerva McGonagall com tudo, podia estar ajudando os alunos e a escola, mas não demonstrava isso diante de Amycus. Estava realmente empenhada em fazer de tudo para permanecer na escola. E isso incomodava e muito os planos do diretor. Não só isso como o fato de alguns pais andarem enchendo a sala dele de berradores. Sarah e Olivia aproveitavam esses dez ou vinte minutos na ala Hospitalar para falar com madame Ponfrey, a qual estava utilizando dois manequins de madeira enfeitiçados para simular os meninos. Já era o terceiro dia de lua cheia e Olivia parecia até bem preocupada. Remus tivera de ter a tão franca conversa com a garota.



- Ainda zangada por eu não ter lhe dito nada? – perguntou Sarah enquanto entravam mais uma vez na Ala hospitalar.  Estava sentada ao lado da cama do “boneco Remus” e Olivia ao seu lado.



- No momento... – disse Olivia - ... estou mais zangada com ele por não ter confiado em mim...



- Estou é surpresa por você não ter notado... – respondeu Sarah - ... como nunca reparou nisso antes Oli?



- E eu lá fico cuidando a lua ou o sol... e suas posições? – disse ela – Com tudo que anda acontecendo é realmente surpreendente eu me lembrar dos meus deveres.



- Se coloque no lugar dele Oli... você conhece Remus melhor do que ninguém... sabe o quanto ele é uma pessoa maravilhosa...  – então se aproximou mais dela para que ninguém ouvisse - ... agora você sabe o motivo dele sempre ter sido um cavalheiro e nunca... bem... você sabe...



- Er... bem... nisso... eu tenho de concordar... – respondeu Olivia dando um suspiro. - ... é até fofo da parte dele.



Sarah sorriu em ver que pelo menos havia amenizado um pouco as preocupações de Olivia. Pelo menos no quesito coração. Foi quando ouviram a voz de Sírius praguejando.



- Aquele seboso não perde por esperar... – dizia ele abrindo a cortina que separava as camas – Oh... olá leoas... – Então bateu a palma da mão no pé do manequim sobre a cama – E aí Moony... melhor das verrugas? E não adianta dizer que por conta disso não vai fazer seus NIEMs, Mimi já disse que se precisar os avaliadores viram até aqui lhe dar o teste...



- O que foi que aconteceu? – perguntou Olivia e então Peter foi quem respondeu.



- O Ranhoso... – disse o garoto - ... ele anda cercando a gente onde é que vamos. James acha que ele está tentando “nos pegar no pulo”,



- Está querendo que expulsem vocês? – perguntou Sarah e o garoto confirmou com a cabeça. – Ué.. Amycus não expulsou a gente depois do Motim porque é que iria expulsar agora?



- E aquele cérebro de serpente lá tem inteligência para pensar em algo sobre isso? Ele só quer nos ver ferrados... mas eu tenho um plano... – disse Sírius em meio um meio sorriso e um latido - ... vou dar uma liçãozinha nele e vai ser ainda hoje a noite.



- Pensa bem Black.. – advertiu Olivia - ... você viu o que a McGonagall disse sobre arrumar encrenca...



- Oras minha doce Hornby... um ser tão bondoso como eu jamais faria algo que nos metesse em encrencas... apenas farei com que aquele narigudo não meta mais o nariz absurdamente grande no que não é da sua conta.



A garota não entendera a princípio, fosse o que fosse que Sírius Black estava tramando, com certeza humilharia e muito Severus Snape, mas ela já não sabia dizer se isso era uma boa coisa ou não.



_____________________________



 



A noite estava escura e com uma neblina muito densa. Sarah olhava pela janela a escuridão cobrindo as terras de Hogwarts e sentia um certo vazio. Estava realmente grata por ter Minerva McGonagall como sua tutora legal mas o fato de não ter notícias sobre seus avós, isso lhe corroia por dentro. Já tinham se passado meses e nada, nenhuma migalha se quer de seu paradeiro ou uma pista do que havia acontecido com eles.



“Sem drama Sarah... você mesmo vai obter respostas a essas perguntas...” – pensava ela. Iria passar nos NIEMs e estudaria para ser auror, custasse o que custasse. Virou-se para ir para o dormitório quando ouviu a voz de Sírius conversando com Frank enquanto desciam do dormitório, este quando a viu abriu o costumeiro sorriso de sempre.



- Olá minha leoa favorita... – disse ele fazendo uma enorme reverencia, elegantemente beijou a mão de Sarah e então jogou seus cabelos para trás. – O que está fazendo sozinha aqui?



- Tentando colocar meus pensamentos em ordem... – respondeu ela - ... está tão alegre hoje... andou passando por algum armário de vassouras?



O garoto então sorriu sedutoramente e cruzou os braços na frente do corpo arqueando uma das sobrancelhas.



- Está com ciúmes Srta Perks... devo avisá-la que se for o caso teremos sérios problemas... – disse o garoto e gargalhou em seguida.



- Engraçadinho... não tenho ciúmes do que não me pertence... – respondeu a garota sorrindo - ... anda, desembucha... andou azarando alguém pra ficar todo feliz assim?



- Digamos minha linda e poderosa leoa... que Ranhoso Snape, está prestes a aprender uma bela lição. – respondeu ele o que deixou a garota curiosa.



- O que você quer dizer? – perguntou Sarah mas o garoto esticou-se todo alongando o corpo e então sorriu enigmaticamente.



- Digamos que aquele seboso terá um encontro tão espetacular a luz do luar... que nunca mais vai meter aquele narigão onde não é da conta dele... agora minha leoa... sinto em ter de deixá-la mas tenho uma detenção para cumprir com Frank aqui... – então endireitou-se, dera-lhe uma piscadela saiu pelo buraco do retrato.



Por alguns minutos Sarah ficou pensativa, a resposta “enigmática” que Sírius lhe dera a deixara intrigada. Andou até a janela mais uma vez a escuridão e a neblina cobriam os terrenos da escola, Snape realmente estava determinado a entregar os marotos a qualquer custo. Sabia que ele os estava observando, sempre na espreita, esperando por algum deslize... e só aí pareceu entender o que a resposta de Sírius estava dizendo. O coração começou a saltitar apressado, Sírius não teria feito o que ela achava que ele tinha feito não é? Ele não mandaria Snape rumo a Remus em plena lua cheia? Precisava impedir Snape de cair naquela armadilha. Estava andando em direção ao buraco do retrato quando topou literalmente com James que entrava. Suas vestes estavam sujas e o cabelo ainda mais desgrenhado e empoeirado.



- Não devia sair com tanta pressa assim... está em recuperação não está? – perguntou ele a segurando por alguns segundos.



- Eu estou bem... – disse ela endireitando-se.



- Então onde é a emergência? – novamente perguntou o garoto.



- Black... eu acho que ele fez alguma coisa que pode acabar literalmente com o Snape.... – disse ela e então James deu de ombros e andou em direção as poltronas.



- Me lembre de dar um belo osso para o cachorrão como recompensa... – disse ele jogando-se em uma delas mas Sarah foi em seu encalço.



-  James... você não entendeu... Sírius mandou Snape de encontro ao Remus... – disse ela tentando manter a calma.



- Ele fez o quê? – disse o garoto levantando-se rapidamente.



- Isso mesmo que você ouviu... – falou a garota indo até ele - ... Sírius deu a entender que “Snape iria ter um encontro tão espetacular ao luar que nunca mais vai meter o nariz onde não deve”.



- Sírius não seria tão maluco a esse ponto.. – disse o garoto mas Sarah cruzou os braços e lhe encarou séria – ok... ok... ele seria... mas cá entre nós seria hilário ver aquele ranhoso se borrando todo.



- James... Snape pode ser o mais desprezível réptil da face da terra... mas mandar ele rumo a dois lobisomens? – respondeu Sarah – Eu não sei você, mas... eu vou fazer alguma coisa.



Quando Sarah dera-lhe as costas James saltou sobre o sofá e segurou em seu braço a impedindo de continuar.



- Porque está tão preocupada com ele? – perguntou o garoto e ela então o encarou.



- Não foi Snape quem lançou aquela azaração em mim... – disse ela finalmente – ele me salvou... – a garota pode ver nos olhos de Potter a surpresa. E então continuou - ... foi a Evans... foi ela quem me atacou... – então encarou o garoto mais uma vez – Detesto ter de dizer isso mas foi Snape quem salvou a minha vida. E mesmo não gostando dele... não vou deixar...



- Eu vou atrás do ranhoso... – disse James por fim - ... mas quero que fique aqui ouviu? Não sei o que farei se acontecer mais alguma coisa com você... – Ela então o encarou mas James apenas a encarou com um sorriso -  Quero que me conte tudo quando eu voltar.



- Não vou deixar você ir sozinho... – respondeu ela mas James segurou em seus ombros, curvou-se alguns centímetros e então a encarou - ... eu vou voltar... não se preocupe. – respondeu ele.



Seu rosto foi se aproximando do rosto de Sarah lentamente, mas a imagem que a meses lhe perseguia surgiu em sua mente. Sorriu meio sem graça enquanto deslizava suas mãos pelos braços da garota e segurava suas mãos firmemente. Delicadamente levou-as até seus lábios e depositou um beijo.



- Me espere aqui... – disse ele por fim, saindo rapidamente pela passagem do retrato. Pegou o pedaço de pergaminho que estava em seu bolso e com a varinha pronunciou as palavras mágicas.



- Juro solenemente não fazer nada de bom... – disse ele tocando o pergaminho com a varinha. Rapidamente o pergaminho tomou forma do mapa do maroto e ele pode ver onde estava Snape. Como Sarah havia lhe dito, o garoto seguia pelo saguão de entrada e saía pela porta lateral rumo ao salgueiro lutador. Mais que depressa ele dobrou o mapa e enfiou-o dentro do casaco. Desviou de vários curiosos e por fim despistou Mayfair ao sair por uma passagem lateral que levava a parte externa do castelo. Quando chegou ao salgueiro,  a planta estava imóvel. Snape já devia ter passado por ali. Mais que depressa ele precipitou-se pela passagem em suas raízes e deslizou para o túnel escuro.



- Lumus... – disse ele e a ponta de sua varinha iluminou-se. Não tinha nem sinal do garoto, então James precipitou-se ainda mais pelo corredor fracamente iluminado por sua varinha, o silêncio era incômodo, lentamente abriu o alçapão para ver em volta e só então ouviu luzes e urros vindos do andar de cima.



- ARGH... IMPEDIMENTA! – James ouviu a voz de Snape e um barulho de algo sendo derrubado. O urro de um dos lobisomens foi ouvido mais ao fundo provavelmente de outro cômodo. Então James não pensou duas vezes abriu o alçapão e pode ver Severus Snape rolando pela escada na pressa de fugir dos lobisomens.  



- DEPULSO! – disse o garoto atingindo um dos lobos que foi jogado contra a parede. Isso chamou atenção do outro lobisomen. James conhecia pela pelagem do amigo, embora sempre estivesse em sua forma animal quando estava diante dele. O outro parecia de uma pelagem mais escura, talvez por Hardy ser de origem espanica, era de uma colorização castanha quase preta. – ANDA LOGO E SAIA DAÍ!



- NÃO PRECISO DE SUA AJUDA POTTER! – vociferou Snape e recuou quando o lobisomem mais escuro voou sobre ele.



- IMPEDIMENTA! – disse James na hora em que Remus em sua forma lupina partia pra cima de Snape – UMA VEZ NA VIDA DEIXE DE SER IDIOTA E ESCUTE ALGUÉM... SAIA LOGO DAÍ! ESTUPEFAÇA – disse James novamente agora atingindo Hardy. Que voou sobre Remus parede adentro.



Meio a contra gosto o orgulhoso sonserino aproveitou que os dois lobisomens estavam se recuperando e aos trombolhões correu rumo ao alçapão. James no entanto ficou dando cobertura lançando feitiços atordoantes enquanto também descia pela passagem. Olhou uma última vez para os dois lobisomens que sacudiam a cabeça  - Foi mal aí amigo...  Bombarda! – disse mais uma vez o garoto lançando um feitiço contra o teto que desabou parcialmente sobre os dois. Isso lhe dera tempo para descer e fechar a passagem. Quando virou-se para seguir pelo corredor dera de cara com um Seboso com a varinha apontada para ele.



- Cara... você tem certeza de que é isso que você quer fazer? – disse James não acreditando no que ouvia. Mas o que esperar de um sonserino? – Não espero que me agradeça por ter livrado seu traseiro branquelo de dois lobisomens...



- Agradescer??? – perguntou Snape visivelmente nervoso – Isso tudo foi culpa sua... você e Black... vocês dois tramaram isso



- Não seja idiota! – ralhou James – Isso não foi idéia minha, e acredite sou devidamente capaz de derrotar você na hora em que me der vontade... não sou covarde...



- Não é isso que você vem mostrando Potter!  - disse Snape ainda com a varinha erguida. – Venho agüentando suas brincadeiras estúpidas durante anos... e não vou aturar mais...



- Não se faça de inocente Ranhoso porque isso você não é! – replicou James em momento algum tinha levantado sua varinha e apenas encarava o garoto - Você salvou a vida de alguém que é muito importante para mim... e foi somente por ela que estou aqui...



- Se fosse por mim, deixaria aquela sangue ruim morrer... – disse o garoto mas James rapidamente voou em seu pescoço, a varinha de Snape caiu no momento em que levara um soco.



- JAMAIS... – disse James entre os dentes – Jamais se dirija a ela assim outra vez está ouvindo? Não vim até aqui por você, minha admiração por você continua a mesma que você tem por mim ou os garotos... então faça o favor de voltar para o castelo com o rabinho entre as pernas e fingir que isso nunca aconteceu... porque a partir do momento que você sair por esse túnel... tudo vai ser como era antes. – James então empurrou Snape que saiu cambaleando tateando o chão em busca de sua varinha.



- Não vou permitir ficar devendo minha vida a você... – disse Snape ficando em pé encarando James.



- Você não me deve nada... e eu não devo mais nada a você... você desfez a azaração da Evans e salvou Sah... e eu salvei você. Estamos quites. 


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