CAPÍTULO 18 - FIM... E INÍCIO



CAPÍTULO 18



 



FIM... E INÍCIO



 



 



 



 



 



 



 



 



Incrivelmente, haviam passado-se mais de dois meses, embora parecesse que havia sido ontem que Harry e Nereida haviam destruído a Pedra Filosofal e o bruxinho impedira que Voldemort recuperasse plenamente os seus poderes. Os acontecimentos daquela noite ainda estavam frescos em sua memória, principalmente a habilidade do Lorde das Trevas em combate. Os exames já haviam sido realizados e todos eles sabiam que tinham ido bem, apenas aguardavam as corujas que entregariam os resultados, durante as férias. Os colegas, em sua quase totalidade, cumprimentavam Harry pelo que fizera (“Jamais teria conseguido sozinho, gente. Todos os Inseparáveis merecem o crédito pelo que aconteceu”, respondia o bruxinho). Mas o pior daqueles dias era o fato de não conseguir livrar-se de uma pontada de culpa pelo último lugar na competição pela Taça das Casas, para o qual a Grifinória havia sido lançada, depois do incidente com o dragão. Infelizmente, não puderam contar nem mesmo com o resultado do Quadribol, já que a Lufa-Lufa havia vencido, ainda que o pomo de ouro tivesse sido capturado por Vandenberg.



 



Harry estava no dormitório, terminando a última atualização no “Dossiê Voldemort”. Após escrever, aguardou a tinta secar e deu uma olhada no resultado:



 



Confirmou-se a suspeita de que Voldemort tenha sido discípulo em um Ryu Ninja de artes negras, ligado à Sociedade de Kuji-Kiri, Ninjas que perverteram o Caminho dos Nove Passos do Conhecimento, transformando-o em uma forma maléfica de Arte Ninja, denominada ‘Kan-Aku-Na-Ninjutsu’, buscando o poder dos mais baixos níveis espirituais. Em contraposição a essa arte, a Linhagem Bruxa de Togakure, da qual o Prof. Mason é o atual Sucessor e Guardião das Tradições, desenvolveu a única forma de Arte Ninja capaz de derrotá-los, denominada ‘Aka-I-Ninjutsu’, desde os tempos de seu avô adotivo, Ryusaku Komori. Essa arte foi aprimorada por Renata, a mãe do Prof. Mason, dando início à Linhagem Bruxa, paralela à Linhagem Trouxa, cujo atual Sucessor e Guardião das Tradições é Masaaki Hatsumi, Mestre Ninja e Médico Ortopedista.



 



Outro fator é a confirmação de que Voldemort tem seu esconderijo principal nas florestas da Albânia, provavelmente perto do Monte Korab. Infelizmente, os feitiços defensivos são extremamente potentes, impedindo sua localização e, mesmo que isso seja possível, não é garantido que ele esteja lá, podendo estar em outro lugar do mundo. Um ponto que permanece obscuro é como o lenço contendo um pouco do meu sangue seco chegou às mãos de Quirrell, para ser levado a Voldemort. A dedução mais lógica é que haja um espião dele aqui em Hogwarts, embora me pareça bastante difícil identificá-lo. Por enquanto, esses são os dados dos quais dispomos. Não é muita coisa além do que já tínhamos, mas representa um pequeno avanço, cuja meta é identificar de forma segura quem é Lord Voldemort e, conseqüentemente, quais seus pontos fortes e fracos, a fim de estabelecer a estratégia para derrotá-lo. Uma de suas fraquezas já foi descoberta: ele não pode me tocar (e, provavelmente, nem ao meu irmão, Algie), sem que receba terríveis danos físicos. E este é um ponto que teremos de explorar, caso ele ponha em prática um novo plano de retorno. Não importa o quanto ele tente, os Inseparáveis estarão aqui, para impedir que ele vença.



 



Ouvindo leves passos e uma respiração próxima, Harry voltou-se e deu de cara com Dumbledore, que olhava para ele, a sorrir.



 



_Prof. Dumbledore, quase que eu não o ouvi.



_Aprendi com Derek e, antes, com os pais dele, a mover-me de maneira silenciosa, Harry. _ disse o velho bruxo _ Se você não tivesse treinamento Ninja, eu poderia ficar aqui por horas, sem ser percebido.



_Acabei de atualizar o “Dossiê Voldemort”, Prof. Dumbledore. Veja as últimas anotações e diga-me se falta algo, por favor._Está excelente, Harry. _ disse Dumbledore _ E creio que novos dados virão com o tempo. Sabe, existem muitos bruxos das Trevas, bastante poderosos, que estão sumidos e que podem ser fortes suspeitos de ser Voldemort, vários deles, infelizmente, ex-alunos de Hogwarts, grande parte deles com faixa etária compatível com primeiras ações depois da II Guerra. Farei uma lista e passarei às suas mãos, no próximo ano letivo. Até lá, aproveite as férias de verão. Ah, vejo que há algo que você deseja me perguntar. O que é?



_Sim, Prof. Dumbledore. Primeiro, agradeço antecipadamente pela lista de suspeitos. O que eu queria perguntar é por que Voldemort dedica, especialmente à mim e à minha família, tanto ódio e perseguição? Meus avós paternos, Igraine e Norman Potter, foram mortos por Death Eaters. Voldemort, em pessoa, quase matou meus pais, a mim e a Algie, ainda não nascido. E, por último, o que poderia ter tanto poder para defletir a “Avada Kedavra” de volta para ele?



_São duas perguntas que eu ainda não posso lhe responder, Harry, uma delas porque ainda não é a hora certa e a outra porque eu mesmo não sei com certeza a razão. Mas, o que posso lhe dizer, é que a família Potter sempre foi inimiga jurada da Ordem das Trevas, desde há muito tempo atrás, mesmo antes de seu ancestral, Odisseus Potter, haver salvo populações inteiras de várias catástrofes, tanto naturais quanto provocadas. Mas fique certo de que saberá de tudo, quando chegar o momento certo. Até lá, viva a sua vida e aproveite seus momentos felizes, com aqueles de quem você gosta e, especialmente, com AQUELA de quem você gosta bastante.



_Obrigado, Prof. Dumbledore. _ disse Harry, corando como um pimentão maduro _ Sabe, mesmo com tudo o que aconteceu, achei que foi um excelente ano. Quero lhe dizer, Prof. Dumbledore, que eu me comprometo, desde agora, a sempre lutar contra as Trevas e ajudar no que eu puder para que Voldemort encontre a derrota.



_Excelentes pensamentos, Harry. Mostram bem de quem você é filho. Como eu já disse, se continuarmos impedindo que Voldemort retorne, creio que poderemos impedi-lo de retornar, de forma definitiva. Agora, trate de arrumar-se e descer, pois a cerimônia de encerramento do ano vai começar e o banquete logo será servido. Você não quer fazer essa desfeita para os elfos domésticos, quer?



_De forma alguma, Prof. Dumbledore. _ Harry riu e guardou o material, preparando-se para tomar banho e descer ao Salão Principal para o encerramento, embora lhe doesse ver a Sonserina receber a Taça.



 



No Salão Principal, decorado com bandeiras, faixas e estandartes em verde-e-prata, as cores da Sonserina, a alegria era visível em todas as mesas, mas principalmente na mesa das Serpentes, onde cânticos de vitória eram entoados e brindes eram feitos, com as taças de suco de abóbora. Na mesa dos professores, mesmo o rosto habitualmente sisudo de Severo Snape esboçava um leve sorriso. Na mesa da Grifinória, todos procuravam conformar-se com o resultado e aproveitar o máximo da noite. Após a sobremesa, Alvo Dumbledore dirigiu-se ao parlatório e fez uso da palavra:



 



_Alunos, professores e funcionários de Hogwarts, mais um ano chega ao final e a tristeza das despedidas mescla-se à esperança dos reencontros. Porém, é chegado o momento de realizarmos a entrega da Taça das Casas, o merecido prêmio pelos méritos de seus membros. Ao término deste ano letivo, temos a seguinte classificação: em quarto lugar, a Grifinória, com cento e noventa pontos. Em terceiro, a Lufa-Lufa, com duzentos e oitenta e cinco pontos. Em segundo, a Corvinal, com trezentos e setenta pontos e, em primeiro lugar, a Sonserina, com quatrocentos e cinqüenta pontos.



 



Um troar de gritos e aplausos da Sonserina seguiu-se às palavras de Dumbledore, que aproveitou para fazer uma pausa. Quando, novamente, fez-se silêncio, o Diretor de Hogwarts continuou a falar.



 



_Este é o placar, até o momento. Porém, depois das circunstâncias dos últimos meses, existem alguns pontos que deixaram de ser computados. Como todos sabem, Lord Voldemort está vivo e tentou recuperar seus poderes, através da Pedra Filosofal, mas não obteve êxito, graças a um valoroso grupo de crianças que, mesmo com sua pouca idade, não tiveram dúvidas em envidar todos os seus esforços para tentar derrotar o Lorde das Trevas. Então, é um dever de justiça conceder a todos eles, pela iniciativa e destreza em lutas e a cada um deles, por suas habilidades pessoais, os seguintes méritos: para o Sr. Neville Longbottom, pelo seu conhecimento em Herbologia, que possibilitou a todos escaparem quase que totalmente ilesos de um perigosíssimo pé de Visgo-do-Diabo, cinqüenta pontos. Para a Srta. Soraya Black, pela solidariedade a um companheiro contundido, também concedemos cinqüenta pontos. Para o Sr. Ronald Weasley, pela sua habilidade em Xadrez de Bruxo Modalidade “Battle”, tendo sido o primeiro a vencer as pedras pretas de Minerva McGonnagall, mais cinqüenta pontos. Para a Srta. Hermione Granger, pela inteligência e excelente aplicação da lógica, resolvendo o enigma das garrafas de Severo Snape, cinqüenta pontos.



_Uau! Ganhamos duzentos pontos! _ exclamou Rony _ Estamos com trezentos e noventa!



_Mas ainda estamos atrás da Sonserina. E é certo que Nereida também ganhará cinqüenta pontos. _ disse Dean Thomas.



_Para a Srta. Nereida Snape, pela valentia e grande esforço, utilizando o máximo de poder que possui, a fim de evitar que a Pedra caísse nas mãos de Voldemort, cinqüenta pontos.



_Eu não disse? _ comentou Dean _ Agora a Sonserina tem quinhentos pontos.



_Vamos ver quantos pontos ele dará a Harry. _ disse Parvati _ Ele vai anunciar agora.



_Prosseguindo, ao Sr. Harry Potter, pela sua perícia em vôo, que possibilitou a ele capturar a chave alada e fugir das chaves-vespas da defesa de Madame Hooch e do Prof. Flitwick (“Vespas? Se eu tomasse aquelas ‘picadas’, estava feito o estrago”, sussurrou Harry para Soraya), acrescida pela sua coragem frente a um perigo mortal, raciocínio rápido para, juntamente com Nereida Snape, destruir a Pedra Filosofal com um Feitiço Reducto de admirável potência, enfrentar Lord Voldemort em pessoa e derrotá-lo, impedindo que recuperasse a plenitude dos seus poderes, com o real espírito de um bruxo da Luz, é com satisfação que concedemos cem pontos.



_Ainda estamos em segundo lugar. _ murmurou Rony _ Mais um ano em que as Serpentes levam a melhor.



_Dumbledore ainda não terminou. _ disse Hermione, baixinho, enquanto o Diretor revisava suas anotações.



_Também é digna de menção a atitude do Sr. Dean Thomas que, acreditando nos motivos de seus colegas, enviou a coruja com o aviso, a qual me alcançou no Ministério e fez com que eu retornasse a tempo. Por isso, concedemos a ele dez pontos.



_Empatamos com a Sonserina! _ exclamou Neville _ O que será que vai acontecer agora?



_Sei lá, Neville. _ disse Lilá Brown _ Isso jamais aconteceu antes.



 



Então, Dumbledore continuou a falar e todos fizeram silêncio.



 



_Por último, porém não menos importante, temos de reconhecer que uma iniciativa pode não ser reconhecida no momento, mas sua intenção não é mesquinha ou egoísta. Por isso, para o Sr. Seamus Finnigan, que tentou deter Harry e seu grupo, felizmente sem sucesso, mas com a intenção de evitar que mais pontos fossem perdidos, portanto visando preservar sua Casa, mostrando que é mais difícil colocar-se como antagonista de um amigo do que de um inimigo concedemos, também, dez pontos.



_Merlin! _ exclamou Jorge _ Passamos a Sonserina!



_Caracas! E por apenas dez pontos! _ exclamou Fred.



_Olha a cara do Snape! _ exclamou Linus Jordan _ Parece calmo, mas quem o conhece sabe que está fervendo por dentro!



_Face a estes últimos fatos, creio que a conseqüência natural será a mudança das cores de nossa decoração. _ e, a um gesto de Alvo Dumbledore, as cores presentes foram substituídas pelo vermelho-e-dourado da Grifinória. Na mesa da Sonserina, Draco Malfoy deu de ombros, com um suspiro conformado e uma cara de “fazer-o-quê”. Na mesa dos professores, Snape olhava para Dumbledore com a expressão de uma criança para a qual disseram que o Natal havia sido cancelado.



_Guardando esses pontos na manga até o último momento, apenas para fazer suspense, não é, Diretor? _ perguntou Snape, enquanto Derek Mason ria discretamente, ao seu lado.



_Talvez eu não passe de um velho safado, que possui um estranho senso de humor, Severo. _ disse Dumbledore, sorrindo.



_OK. Ninguém pode dizer que eles não mereceram e, afinal de contas, minha filha estava metida no meio da história. _ rendeu-se Snape, levantando os braços e disfarçando um sorriso contrariado.



_Esta é a última noite deste ano letivo, para a maioria de vocês. Amanhã, permanecerão em Hogwarts somente os envolvidos na formatura deste ano. O horário de recolher será estendido até a meia-noite. Podem passear pelo castelo, mas não abusem e não extrapolem o horário. Uma boa noite a todos e até o próximo dia primeiro de setembro. Saúde e viva os Fundadores.



_ “VIVA OS FUNDADORES!!!” _ Aplausos e um último brinde seguiram-se às palavras de Dumbledore. Os professores levantaram-se e os alunos seguiram-nos, já com saudades daquele lugar que era como que uma extensão de seus lares.



 



Consultando seu relógio, Hermione Granger dirigiu-se a um local dos jardins, com a esperança de encontrar uma certa pessoa, mas espantou-se quando chegou ao local combinado e, em lugar da pessoa que estava pensando, lá encontrou, esperando por ela...



 



_... Malfoy?



_Para que todo esse espanto, Granger? Até parece que estava esperando outra pessoa.



_Realmente eu estava. Pensei que encontraria aqui...



_... Rony Weasley? Calma, ele virá, mas somente daqui a uns vinte minutos, de acordo com o que está escrito no bilhete que mandei a ele, em seu nome.



_Em meu nome? Então, o bilhete que recebi de Rony, pedindo que eu viesse encontrá-lo aqui, foi escrito por...



_... Por mim, com uma diferença de vinte minutos antes do dele em relação à hora de chegada.



_Por que, Malfoy?



_Eu precisava conversar com você, Granger. Dizer algumas coisas que não estão me deixando em paz, desde o início do ano letivo.



Tipo o que, por exemplo, Malfoy?



_Primeiro, agradecer por você ter confiado em mim.



_Quando?



_A cara que você fez, primeiro quando Filch pegou vocês, naquele incidente do dragão, quando todos pensaram que eu os havia dedurado e a que você fez quando eu afirmei que estava indo avisar vocês. De alguma forma, que não consigo entender, você conseguiu sentir que eu estava sendo sincero. E ainda há mais. Desde a nossa primeira viagem, senti algo estranho, que eu jamais pensaria sentir por uma nascida trouxa.



_Ora, Malfoy. Você não usou a expressão “Sangue-Ruim”.



_Granger, há muita coisa que pensam errado sobre mim e há outras que não é o momento de saberem. Eu não sou tão ruim quanto dizem.



_E o que você sentiu, Malfoy? _ perguntou Hermione.



_No trem, quando Crabbe e Goyle te ofenderam, senti uma enorme vontade de abraçá-la e dizer que não precisava preocupar-se. Na Biblioteca, não conseguia tirar os olhos de você e quase que a Pansy me azarou por aquilo. Acho que, por mais estranho que pareça para um Malfoy dizer isso, eu gosto muito de você, Hermione Granger. Mesmo que eu não possa ter a menor esperança e, principalmente, que isso não deva acontecer. Eu sei que seu coração pertence a outra pessoa, embora você não tenha ou não queira ter percebido.



_Como assim? _ perguntou Hermione, embora soubesse a resposta.



_Hermione, permita-me que, pelo menos, por enquanto, eu possa chamá-la assim, o que você tem de inteligente, tem de cabeça-dura. O que é preciso para fazê-la admitir que gosta de Rony Weasley tanto quanto ele de você?



_Draco! _ exclamou Hermione, vermelha e chamando Draco Malfoy pelo primeiro nome.



_Acertei! _ disse o loiro, dando um sorriso meio maroto e meio angelical, que deixava-o bastante bonito (“Diabos! Deve ser por isso que a Pansy Parkinson é caidinha por ele”, pensou Hermione). Foi por isso que eu planejei esse encontro, Hermione. Para tentar fazer com que vocês dois, finalmente, declarem-se um para o outro e parem com essa lengalenga que não vai fazer bem para nenhum de vocês.



_Com... com que direito você está forçando a barra dessa maneira, Malfoy?



_Só estou fazendo o que vocês estão se enrolando para fazer. Por isso, mandei bilhetes para vocês dois, fazendo com que pensassem que um havia chamado o outro. E, para poder conversar com você, planejei um intervalo de uns vinte minutos entre a sua chegada e a dele. Admita, garota, vocês se gostam. Diga isso a ele, antes que seja tarde demais.



_Eu esperava que ele tomasse a iniciativa, Malfoy. Gostei dele desde que viajamos para Hogwarts, no trem. Acho que devo agradecer ao “Bullying” de vocês, pois fez com que eu acabasse conhecendo Rony e Harry.



_De nada. _ disse Malfoy, com um sorriso, consultando o relógio e vendo que horas eram _ Bem, já vou indo. Daqui a pouco, Rony Weasley estará aqui e, se ele me encontrar, entenderá tudo errado e todo o nosso esforço terá sido em vão. Mas, antes de ir, há algo que eu gostaria de fazer, uma pequena lembrança que eu gostaria de ter de você, Hermione Jane Granger.



_E qual é? _ perguntou Hermione.



_Isto. _ e, antes que Hermione pudesse esboçar qualquer reação, Draco Malfoy beijou seus lábios, de forma doce e carinhosa _ Uma pequena amostra de algo que eu jamais poderei ter, Hermione. Mas a certeza de que você e Rony, finalmente, irão se acertar, será o bastante para me deixar satisfeito. Não me decepcione, garota.



 



E Draco Malfoy saiu, acenando e deixando uma perplexa Hermione parada no mesmo lugar, começando a ter uma impressão do sonserino totalmente diversa daquela que tinha antes. Virando em uma curva do corredor, ele cruzou com Rony.



 



_Ah, Weasley, cruzei com a Granger e ela me perguntou se eu havia visto você. Eu disse que não e ele me pediu para que, se eu o visse, dissesse que ela está nos jardins, perto da fonte do unicórnio. Parece que ela quer lhe falar e, se eu fosse você, iria rápido para saber o que ela quer.



_Obrigado, Malfoy. _ disse Rony, estranhando a atitude de Draco e indo na direção que o loiro lhe indicara. Feliz por ver que o estratagema que criara para tentar, finalmente, unir os dois teimosos, parecia estar dando certo.



_Foi uma coisa muito nobre, essa que você fez há pouco, Sr. Malfoy.



_Prof. Mason? O senhor viu tudo?



_Tudo, não. _ disse Derek, saindo de trás de uma coluna e ficando cara a cara com Draco _ Afinal de contas, sou um cavalheiro e não iria bisbilhotar sua conversa com a Srta. Granger. Mas, levando em consideração várias coisas que vi ocorrerem neste ano, posso supor que você desistiu de uma luta para sair vencedor.



_Como disse Sting, em uma de suas músicas, “Se você ama alguém, deixe que seja livre”. Eu me recupero, Prof. Mason. Para mim é mais importante que aqueles dois acabem se entendendo, pois eles se gostam de verdade.



_Mas ainda há outras coisas, Sr. Malfoy. Coisas que poucos puderam deduzir.



_Por exemplo?



_A denúncia anônima sobre a tentativa de seqüestro de Harry seria um bom exemplo. Fiquei pensando sobre quem poderia ter nos avisado, embora tivesse uma ligeira suspeita, que confirmou-se quando vi você rezando em uma réplica da Capela Rosslyn, na Sala Precisa.



_O senhor me viu? Por favor, guarde segredo sobre isso. Poderia representar perigo para algumas pessoas.



_Conte com a minha discrição, Sr. Malfoy. Tanto sobre isso quanto sobre outras coisas, tais como quem nocauteou o Death Eater que quase atingiu Harry Potter e a Srta. Chang, durante a partida de Quadribol da Grifinória contra a Corvinal. Ninguém suspeitaria que um garoto do primeiro ano pudesse estuporar um Death Eater.



_A não ser que o pegasse distraído ou que ele subestimasse o poder do garoto, não é o que o senhor queria dizer? _ perguntou Draco, sorrindo.



_Sim, Sr. Malfoy. E, para finalizar, a segunda coruja que o Prof. Dumbledore recebeu no Ministério. Aquelas dez esmeraldas não caíram na ampulheta da Sonserina por acaso.



_Me pegou, Prof. Mason. Realmente, fui eu. Mas não diga a ninguém.



_Calma, Sr. Malfoy. Eu já disse que guardarei segredo. Aliás, também sei que você quer esclarecer algumas coisas com Harry.



_Exatamente, Prof. Mason. Preciso dizer algumas coisas a ele, para que não venha a ter uma impressão errada de mim, devido às coisas que poderão vir a acontecer.



_Sabe, Sr. Malfoy, eu fui contemporâneo de seus pais, quando alunos, mas em Casas diferentes, eu na Grifinória e eles na Sonserina, sua mãe umas duas turmas mais moderna do que nós. Lucius era um típico “Malfoy-Sonserino-Padrão”, arrogante, preconceituoso e inclinado para as Trevas. Não sei se seu envolvimento com os Death Eaters deu-se por vontade própria ou sob ameaça, isso não é o mais importante. E, vendo o senhor agindo dessa maneira, fico contente em ver que sua única semelhança com Lucius Abraxas DeGiscard Malfoy limita-se à aparência física.



_Como pode ter certeza, Prof. Mason? _ perguntou Draco.



_Eu posso sentir a índole de uma pessoa, através de sua energia espiritual. Isso não é magia, é Arte Ninja, aprendida e desenvolvida durante anos.



_Gostaria de aprender, um dia. Nas atuais circunstâncias tenho um pouco de medo, por não saber em quem confiar.



_Quem sabe, um dia eu te ensino. Ah, se você vai conversar com Harry, leve isto aqui. _ e Mason entregou uma caixa a Draco _ Cortesia da “Komori Ltd.”, para ajudar a conversa a fluir um pouco mais solta.



_Obrigado, Prof. Mason. _ e, sobraçando a caixa, Draco Malfoy saiu, à procura de Harry Potter.



 



Encontrou Harry, em um ponto do pórtico, olhando para as montanhas, banhadas pelo luar.



 



_Ei, Harry, eu estava à sua procura.



_Ah, olá, Draco. Puxa, eu não esperava que a Grifinória desse aquela virada.



_Nem eu. _ disse Draco, sorrindo , meio sem jeito _ Mas era certo que vocês receberiam aqueles pontos, depois do que fizeram.



_Pois é. Mas que ano, hein?



_Sem dúvida. Harry, há algumas coisas que eu preciso dizer, mas não sei muito bem por onde começar.



_Primeiro, fique tranqüilo. O que há nessa caixa?



_Algo que o Prof. Mason me deu. Ele disse que ajudaria a conversa a fluir.



_Abra, vamos ver o que tem nela.



 



Draco abriu a caixa. Nela, havia uma garrafa e dois copos.



 



_O que é isso? Saquê? _ perguntou Harry.



_Ele disse que era da fábrica da família, mas um professor não daria álcool forte para alunos do primeiro ano. _ disse Draco _ A não ser que seja...



_... “Amazake”. _ disse Harry, abrindo a garrafa e sentindo o cheiro do que havia dentro _ Uma bebida de arroz fermentado, mas de baixíssimo teor alcoólico, que até mesmo as crianças japonesas apreciam.



 



Serviram-se e brindaram.



 



_ “Kampai”! _ disse Harry, tomando um gole.



_ “Kampai”! _ respondeu Draco, fazendo o mesmo _ Excelente qualidade.



_Sem dúvida. O Prof. Mason tem muito bom gosto e a fábrica de saquê que ele herdou tem ótima reputação. O que você ia me dizer, Draco?



_Harry, ele estava mesmo tentando voltar, não é? Lord Voldemort?



_Sim, Draco. Estou notando que você está falando o nome dele. Não tinha medo?



_Eu sempre fingi ter, para não parecer diferente e para que não desconfiassem do principal.



_E o que é?



_Não acredito em submissão, Harry. Principalmente a uma criatura que irá, com certeza, fazer de tudo para tornar o mundo um lugar mais triste para se viver.



_E quanto aos seus pais?



_Meu pai é o que é, Harry. Ele sempre diz que aderiu a Voldemort sob ameaça, mas sempre irão pairar dúvidas. Só o que sei é que até mesmo muitos Death Eaters ficaram aliviados quando Voldemort desapareceu, depois de ter tentado matar sua família. Mesmo em relação aos mais leais, sua lealdade era mesclada ao medo.



_E o que você acha que vai ser, agora? Crê que seus liderados irão tentar ajudá-lo a voltar ao poder?



_É bem possível, Harry. _ disse Draco, servindo-se de uma nova dose de “Amazake” e tomando um gole _ Com certeza, irão acontecer coisas nesse sentido. E eu tenho muito medo de que minha família sofra ameaças, tanto da parte de Death Eaters, querendo que meu pai reassuma seu lugar, no primeiro escalão, quanto do restante da Bruxidade, que voltará a olhar os Malfoy com desconfiança.



_E quanto a você? O que pensa em fazer?



_Como eu te disse, Harry, irão acontecer coisas, de agora em diante. E eu temo, principalmente, por minha mãe.



_Narcisa? Por que?



_Porque ela, além de ser casada com meu pai, também é uma Black, família que sempre teve ligação com as Trevas, à exceção de Sirius. Ela poderá ser a mais atingida ou usada para atingir a família como um todo. É possível que queiram me obrigar a fazer coisas, coisas ruins, inclusive coisas contra você, Harry. E talvez eu tenha de fazê-las, para que minha mãe não sofra. Mas eu procurarei falhar em todas elas, sempre cometerei algum erro que irá melar qualquer plano que eles possam estar bolando contra você, pois é claro que Voldemort tem uma espécie de vendeta contra Harry Potter, por alguma razão que ainda nos é desconhecida.



_Obrigado pela sua sinceridade, Draco. _ disse Harry, também servindo-se de uma nova dose de “Amazake” _ Isso significa que eu não me enganei na primeira impressão que tive de você, lá na Plataforma 9 ½.



_Sou eu quem deve agradecer por você confiar em mim, Harry. Pode ter certeza de que, haja o que houver, ainda que eu tenha de parecer mau, mesquinho, arrogante e preconceituoso, como costuma parecer-se um filho de trevosos, mas de uma coisa você pode ter certeza: EU NÃO SOU SEU INIMIGO. O Prof. Mason disse que há uma arte Ninja que permite sentir a índole das pessoas, através da energia espiritual e eu quero sair latindo e abanando a cauda feito um crupe se você não tiver aprendido com ele. Por isso você sempre confiou em mim e eu espero continuar sendo digno dessa confiança. Aliás, ele prometeu me ensinar essa técnica, qualquer dia desses. _ e Draco serviu-se de mais uma dose, acompanhado por Harry. Continuaram conversando e saboreando o delicioso “Amazake” da “Komori Ltd.”, até que...



_... Xi, secamos a garrafa. _ disse Harry _ E é como dizem, o “Amazake” é suave, mas não se deve abusar.



_Pode crer. _ disse Draco _ Está começando a bater uma tonteirinha. E o Prof. Mason estava certo, a conversa fluiu bem descontraída.



_É melhor irmos, Draco. Está ficando tarde e logo chegará o horário de recolher.



_OK. Ah, Harry, vamos manter em segredo a nossa conversa, tá? Creio que será melhor assim.



_Concordo com você, Draco. Quanto menos gente souber que nós não somos inimigos de verdade, melhor. E quanto à garrafa? Pode pegar mal ela ficar por aí.



_Pois é. Vamos dar um jeito nela.



 



Os dois sacaram as varinhas e disseram: “Evanesco”, fazendo com que a garrafa e os copos desaparecessem. Em seguida, cada um deles tomou seu caminho. Harry foi para a Torre da Grifinória e Draco seguiu em direção às masmorras, onde ficava a entrada para a Sala Comunal da Sonserina. As bagagens de todos já estavam prontas e, na manhã seguinte, seriam despachadas e embarcadas no Expresso de Hogwarts. Edwiges já fora enviada a Londres, confirmando o horário da chegada. Uma boa noite de sono também ajudaria a refletir sobre os últimos acontecimentos.



 



Plataforma da estação de Hogsmeade. Os alunos preparavam-se para embarcar no Expresso de Hogwarts, a fim de retornarem para casa. Harry e os Inseparáveis estavam a despedir-se de Hagrid.



 



_Hagrid, já dissemos que você não teve culpa de nada. Aquele demônio do Quirrell enganou todo mundo. _ disse Harry.



_Eu sei, Harry. Mas, se eu não fosse assim, tão língua-solta, ele não teria descoberto os segredos das defesas e vocês não teriam corrido todos aqueles riscos, para deterem o desgraçado. _ disse o enorme Guarda-Caça, com lágrimas nos seus olhos, cintilantes como besouros negros.



_Foi necessário, Hagrid. E, afinal de contas, evitamos que a Pedra Filosofal caísse nas mãos de Voldemort. _ disse Nereida, enquanto Rúbeo Hagrid tremia ao ouvir o nome do bruxo das Trevas _ Ah, Hagrid! Eu não vim aqui para embarcar com os meus amigos para ver você assim, tremendo ao ouvir o nome do Cara-de-Cobra.



_Desculpe, Nereida. _ disse Hagrid _ Eu ainda não me acostumei a ouvir o nome dele.



_Só que eu acho que vamos ouvir bastante, Hagrid. _ disse Rony, aproximando-se e recebendo um tapinha nos ombros, que fez seus joelhos dobrarem.



_Rony tem razão. _ disse Hermione, também aproximando-se, ambos dando-se as mãos (“Ao que parece, meu pequeno plano deu certo”, pensou Draco, satisfeito, embarcando em um vagão a certa distância, com Pansy, Crabbe e Goyle).



_Sim, teremos de estar prontos para as novas investidas dele e, como se não fosse suficiente, os malucos dos Death Eaters, querendo ajudá-lo a recuperar seus poderes.



_E estaremos, Hagrid. _ disse Neville _ Primeiro, basta que estejamos vigilantes.



_Ninguém quer que os Dias Negros repitam-se. Pelo menos nenhum bruxo de bem. _ disse Soraya.



 



O apito do trem alertou a todos que já era hora de embarcarem, rumo a Londres. Os Inseparáveis entraram e trataram de ocupar sua cabine, enquanto a locomotiva a vapor resfolegava, a puxar a composição. Enquanto o trem afastava-se da estação de Hogsmeade, três figuras conversavam, semi-encobertas pelo vapor que levantou-se na plataforma.



 



_Eles conseguiram. _ disse Mason.



_Mas correram um grande perigo. _ disse Snape _ Principalmente o Potter. Sei que o senhor confia nele, Diretor, mas será que ele está à altura da missão que espera por ele?



_Tenho certeza que sim, Severo. _ disse Dumbledore _ Ele já demonstrou isso.



_Não seria melhor alertá-lo para o que poderá vir? _ perguntou Mason.



_Não, Derek. Dizer as coisas a ele antes da hora certa seria a melhor maneira de fazê-lo não reagir da maneira adequada. É melhor que ele saiba de cada coisa a seu tempo.



_E o tal dossiê? _ perguntou Snape.



_Eles avançaram até mais do que os Aurores. Creio que, logo, saberemos da real identidade de Lord Voldemort. E isso será um trunfo.



_Sim. _ disse Mason _ Conhecer o inimigo é importante para combatê-lo. E eu estou começando a acreditar que Harry será capaz de fazer tudo o que for preciso e na hora certa.



_E o melhor de tudo é que ele não estará sozinho. Com amigos como aqueles, sua vitória será algo praticamente certo. _ disse Dumbledore _ Inclusive contando com as qualidades sonserinas de sua filha, Severo. Astúcia, determinação e criatividade serão muito importantes.



_Obrigado. Diretor, temo por Draco Malfoy. Gostaria de continuar a protegê-lo, veladamente, assim como o senhor me pediu para fazer com o Potter. _ disse Snape.



_Sem dúvida, Severo. Draco pode representar o início do rompimento dos Malfoy com as Trevas. É fundamental que não o deixemos corromper-se.



_Creio que esse é o início de uma nova fase. _ disse Mason, sorrindo e consultando o relógio _ Bem, logo terei de viajar, para continuar aquela investigação. Vou desaparatar para Praga, onde houve rumores da presença dele.



_Mas ainda há tempo para irmos ao Três Vassouras. Rosmerta recebeu algumas caixas de um excelente hidromel. _ disse Snape _ Seria bom conferirmos.



_De acordo. _ disse Dumbledore.



_Bem, acho que Praga pode esperar um pouco. _ disse Mason.



_Então, vamos. _ disse Dumbledore _ Realmente, é o início de uma nova fase, na qual temos a Grifinória e a Sonserina trabalhando juntas, para um bem maior.



_Diretor, cuidado com essa expressão. _ disse Snape.



_Eu sei, Severo. Mas estou certo de que eles irão levá-la em seu melhor sentido. E tenho certeza de que estamos assistindo a algo que poderemos chamar de “A Aurora dos Inseparáveis”. O nascimento de um grupo dos mais valorosos bruxos de que já se teve notícia. Bem, vamos indo. Vamos conferir a qualidade do hidromel que o Três Vassouras acabou de receber.



 



E os três bruxos seguiram para Hogsmeade, a fim de realizarem uma pequena confraternização, antes da viagem de Derek Mason.



 



Enquanto isso, nas florestas da Albânia, protegido pelas defesas mágicas de seu esconderijo, Lord Voldemort planejava seu próximo passo para tentar recuperar seus poderes e restabelecer seu reinado de terror sobre a Bruxidade.



 



 



 



 



 



 



 



 



 



FIM... E INÍCIO


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