CAPÍTULO 16 - AS FASES DO JOGO



CAPÍTULO 16



 



AS FASES DO JOGO



 



 



 



 



_Hoje à noite, então? _ perguntou Nereida _ Podem contar comigo. A que horas iremos?



_Terá de ser depois do jantar, talvez até mesmo depois do horário de recolher, pois quem quer que seja o espião, ele não irá circular por aí enquanto houver pessoas pelos corredores com as quais ele possa esbarrar. _ disse Harry.



_Certo, então a gente se encontra na área das estátuas dos Fundadores e de lá vai para o corredor do terceiro andar. _ disse Hermione.



_E o que levaremos? _ perguntou Soraya.



_Creio que teremos de levar equipamento Ninja, além das varinhas. Será um trunfo contra algum adversário. _ disse Rony _ Afinal, ele não esperaria tal reação de crianças de onze anos. Como não temos espadas nem bastões, deveremos nos limitar a Shuriken e Kemuridama ou, no máximo, uma corrente fina.



_A não ser que seja o meu pai. _ disse Nereida _ Sendo amigo do Prof. Mason desde os dias de alunos, ele já sabe sobre o nosso treinamento Ninja.



_Espero que não seja ele, Nereida. Há grandes chances de que seu pai seja inocente. Sem contar que meu próprio pai, que foi o maior desafeto dele nos tempos de alunos, disse que não havia sido ele o autor do feitiço que quase me derrubou da vassoura, durante o jogo contra a Sonserina. _ disse Harry.



_Embora sempre pairem suspeitas  sobre ele. _ comentou Neville.



_O passado acaba por reaparecer, quer a gente queira ou não, eu sei muito bem disso. _ disse Nereida, com um suspiro _ Não foi a primeira vez que isso aconteceu, lembrarem-se dos dias de Death Eater do meu pai. Bem, até depois, OK?



_Até, Nereida. _ e a garota foi para as masmorras da Sonserina.



 



Depois do jantar, os Inseparáveis foram para a Biblioteca, a pretexto de estudarem para os testes, dali a três semanas. Ao terminarem, saíram em direção às Casas, para depois encontrarem-se junto às estátuas dos Fundadores. No caminho, Harry encontrou-se com Oliver Wood.



 



_Ei, Harry, não se esqueça de que o jogo contra a Lufa-Lufa será daqui a três dias. Lembre-se de que teremos de vencê-los por uma grande diferença.



_Tem razão, Oliver. Mas eu acho que dá. Fomos bem nos treinos. Se os Artilheiros fizerem a sua parte garantindo os pontos necessários, eu capturarei o pomo antes que Diggory o faça.



 



Harry e Oliver despediram-se e o bruxinho correu para a Torre da Grifinória. Disfarçadamente, junto a Rony e Neville, começou a recolher o material que seria necessário para a missão que teriam, dali a pouco. No dormitório feminino, Hermione e Soraya faziam o mesmo. Com tudo o que poderiam precisar, bem escondido nas vestes, além da Capa de Invisibilidade, ficaram matando o tempo na Sala Comunal, até que todos saíssem e eles pudessem ir ao esconderijo, tentando defender a Pedra Filosofal do espião de Voldemort, da maneira que pudessem.



 



À medida que os colegas iam recolhendo-se, Harry consultava seu relógio e quando, finalmente, os últimos grifinórios saíram, eles levantaram-se e prepararam-se para sair pelo quadro da Mulher Gorda quando, de trás das cortinas, saíram Seamus Finnigan e Dean Thomas, com suas varinhas em punho.



 



_Eu sabia! _ disse Seamus _ Vocês já estão prontos para sair em mais uma aventura maluca, para tirarem pontos de nossa Casa, não é?



_Seamus, você não entende... _ Harry tentou explicar, mas Finnigan o interrompeu.



_Não me venha com explicações furadas, Harry! Pode se ferrar, mas não leve a Grifinória com você, cara!



_Nós temos de sair, Seamus. _ disse Soraya _ E eu sinto muito, mas não serão vocês quem irão nos impedir.



_O que está havendo, Soraya? _ perguntou Dean Thomas _ Vocês estão agindo de forma meio estranha.



_Não podemos dizer agora, Dean, mas vocês podem acreditar que será muito perigoso para todos se vocês não deixarem passar. _ disse Rony.



_Tem certeza? _ disse o jovem, começando a baixar sua varinha.



_Não caia na deles, Dean. _ disse Finnigan, apontando sua varinha para Harry, que já estava começando a perder sua paciência com o colega. Havia seis modos de desarmá-lo naquela situação, o problema é que três matavam, um aleijava e os outros dois machucavam severamente. Mas, enquanto Harry decidia-se pela alternativa menos dolorosa, Hermione começava a tirar, disfarçadamente, a varinha do bolso das vestes. Mas Neville Longbottom foi mais rápido e cuidou de Seamus Finnigan, antes que qualquer um pudesse esboçar uma reação.



_ “MORPHEUS!!” _ e Finnigan caiu, adormecido, com o Feitiço de Sono de Neville. Colocaram-no em um sofá e Dean Thomas guardou sua varinha.



_Vocês têm certeza de que a coisa é séria, Harry?



_Com certeza, Dean. Disse Harry _ inclusive, temos algo a lhe pedir. Ainda dá tempo de descer conosco e ir ao Corujal. Então você poderia nos fazer um favor, mandando uma coruja para o Prof. Dumbledore, em Londres, pedindo para que ele retorne imediatamente a Hogwarts, pois “AQUILO ESTÁ EM PERIGO”. Escreva exatamente assim.



_OK. E quanto a vocês? _ perguntou Dean Thomas.



_Ora, nós vamos salvar “AQUILO”, Dean. _ disse Hermione.



_Podemos contar com você, Dean? _ perguntou Rony.



_Com certeza. Nasci trouxa, mas nunca me senti tão à vontade como aqui em Hogwarts. Qualquer coisa que ameace a escola, eu lutarei contra, podem estar certos.



 



Todos saíram pelo buraco do retrato, cobertos pela capa e, em frente às estátuas de Gryffindor, Slytherin, Hufflepuff e Ravenclaw, Nereida juntou-se a eles e Dean Thomas separou-se, indo em direção ao Corujal.



 



Debaixo da Capa de Invisibilidade, os seis Inseparáveis subiram as escadas e entraram no corredor do terceiro andar, parando em frente à porta da sala onde estava Fofo. Harry trazia uma flauta, para tentar fazer com que o Cérbero dormisse, caso fosse necessário.



 



_ “Alorromora”. _ sussurrou Hermione, abrindo a porta com o Feitiço da Chave Mágica. A flauta que Harry trazia não era necessária, pois o som da música de Billie Holiday vinha de um gramofone, em um canto da sala. Fofo estava totalmente adormecido e o alçapão que ele guardava estava aberto.



_Merlin! Alguém já esteve por aqui! _ disse Harry _ O que houve, Nereida?



_Papai sempre gostou de Jazz e Blues. E Billie Holiday era uma de suas preferidas.



_Isso não significa nada, Nereida. _ disse Soraya _ Vamos logo descer pelo alçapão... ei, acho que a música parou.



 



De fato, o gramofone estava silencioso e, conseqüentemente...



 



_O FOFO ACORDOU!!! _ Hermione e Rony gritaram.



_Rápido, pelo alçapão! _ exclamou Neville.



_Não precisa dizer duas vezes! _ disse Harry, empurrando os amigos pela abertura e jogando-se através dela, por último, antes que uma pata de mais de meio metro de diâmetro o atingisse.



 



Enquanto caía, Harry preparou-se para o impacto com o solo, pronto para flexionar as pernas e rolar. Qual não foi a sua surpresa quando caiu em algo macio, junto aos outros Inseparáveis.



 



_Que esquisito. _ disse Nereida.



_Parece aqueles colchões de ar de parques de diversões trouxas, lembro-me de já ter ido a um, certa vez. _ disse Rony.



_Pois é, é macio e... se move?! _ espantou-se Hermione.



_Sim, se move. _ disse Harry _ E, se isso se move e ainda não nos mordeu, deve ser vegetal.



_Se isso se move... _ disse Rony.



_... E é vegetal... _ continuou Soraya.



_... E está começando a apertar... _ disse Nereida.



_... Então, só pode ser... _ disse Harry.



_... VISGO-DO-DIABO!!! _ exclamaram Neville e Hermione, enquanto ramos flexíveis e fortes como jibóias enlaçavam-se em seus corpos. Os pés de todos balançavam, evidenciando que ainda não haviam alcançado o chão. Por uma momentânea abertura entre os ramos, Harry percebeu que estavam a cerca de três metros dele.



_Como vamos sair desta? _ perguntou Soraya.



_Teremos de manter o corpo relaxado, tentar não fazer nenhum movimento brusco. _ disse Neville _ Então, os ramos afrouxam o aperto e a gente cai para baixo deles.



_Parece difícil. _ disse Harry.



_Nem tanto, Harry. _ disse Hermione _ Vejam só como eu faço.



 



Com efeito, a garota ficou imóvel e, em um instante, deslizou para baixo, por entre os ramos da perigosíssima planta constritora. Seguindo o seu exemplo, os outros também o fizeram, com maior ou menor dificuldade, alcançando o chão, flexionando as pernas e rolando, a fim de amortecer o impacto.



 



Menos Ronald Bilius Weasley.



 



Sem um ponto de apoio para os pés, não conseguia relaxar o suficiente para escapar do aperto do Visgo-do-Diabo, debatendo-se e atraindo mais e mais a atenção da planta.



 



_Ele não está conseguindo relaxar. _ disse Nereida.



_Temos de livrá-lo do aperto. _ disse Harry _ Mas, como?



_Visgo-do-Diabo é uma planta de lugares escuros, frios e úmidos. Ela não gosta de luz e calor. _ disse Neville.



_Teremos de usar um feitiço que crie luz e calor. E eu acho que o “Lumus Solaris” é o mais indicado. _ disse Hermione.



_Mas não temos poder para fazê-lo muito forte. _ disse Soraya.



_Isoladamente, não. _ disse Hermione _ Mas, todos juntos, é outra conversa.



_Seja lá o que for, poderiam fazê-lo depressa, por gentileza?! A coisa aqui está meio apertada! _ a voz de Rony tirou-os da discussão.



_Tem razão, Rony. Vamos todos, então. _ disse Neville.



_ “LUMUS SOLARIS!!!!” _ os cinco bradaram juntos, apontando suas varinhas para os ramos acima, a combinação dos cinco feitiços simultâneos resultando em um largo facho luminoso e quente, que fez com que os ramos rapidamente murchassem e definhassem, antes que pudessem estrangular Rony. O ruivo caiu ao solo e logo levantou-se, massageando os membros doloridos.



_Obrigado, gente. Desculpem, eu não consegui manter a calma, não sei o que aconteceu comigo._Deixa para lá, Rony. _ disse Hermione _ Poderia acontecer com qualquer um. Vamos em frente... Neville, o que houve?



 



_Torci o tornozelo, quando caímos da planta. Devo tê-lo luxado, eu acho.



_Deixa que eu reparo isso para você. _ disse Nereida _ “Ferula”! Acho que será suficiente, por enquanto.



 



O tornozelo de Neville havia sido primorosamente imobilizado pela amiga. Todos perceberam que, além de tudo, Nereida Snape ainda estava preocupada com a possibilidade de seu pai ser o espião de Voldemort em Hogwarts.



 



Caminhando com menos dificuldade, ele acompanhou os amigos, em direção à porta aberta que encontrava-se à frente deles, aproveitando para comentar:



 



_Vocês não acham que isso está meio parecido com um Videogame trouxa?



_Como assim, Neville? _ perguntou Harry.



_É verdade. _ disse Rony _ E já passamos por duas fases, com seus respectivos chefes.



_Você conhece Videogames, Rony? _ perguntou Hermione.



_Papai adora coisas trouxas, vocês sabem. E eu acabei jogando, algumas vezes. Só que isso tem um problema.



_Qual? _ perguntou Soraya.



_O grau de dificuldade vai aumentando após cada fase, como devem ter notado. _ disse o ruivo.



_Então, podemos nos preparar para maiores perigos, daqui para a frente.



Com efeito, ao passarem para a outra sala, viram que havia uma boa quantidade de espadas, bastões e outras armas Ninja em estantes, logo depois da entrada.



_O que vocês acham? _ perguntou Hermione.



_Que é bom pegarmos algumas armas, pois creio que vamos precisar delas nesta fase. _ disse Harry.



_Boa idéia. _ disse Soraya, enquanto todos muniam-se de espadas, bastões, Nunchakus e outros, complementando o material menor que levavam nos compartimentos dos cintos, tipo Shuriken e Kemuridama.



 



Mal deram alguns passos para dentro da sala, seus temores foram confirmados. As luzes diminuíram e seis vultos aproximaram-se, atacando os Inseparáveis, todos eles vestindo trajes Ninja completos, com seus rostos ocultos pelos capuzes.



 



Harry bloqueou o golpe do seu adversário e contra-atacou, surpreendendo-se com a rapidez dele em bloquear o seu contragolpe. Notou, então, que o mesmo acontecia com os outros Inseparáveis. Achando aquilo esquisito, procurou averiguar a razão e, em um golpe de sorte, conseguiu retirar o capuz do seu adversário, surpreendendo-se ao encontrar o seu próprio rosto, só que parecendo modelado, como se fosse um boneco de cera.



 



_São duplos nossos, gente! _ gritou Harry _ Deve ser a proteção criada pelo Prof. Mason.



_É verdade! _ exclamou Nereida, também conseguindo tirar o capuz de sua adversária, seguida por todos os outros _ Mas, como vamos detê-los? Pois eles parecem não se cansar, ao contrário de nós.



_Tem de haver um jeito! _ exclamou Neville, bloqueando um golpe de bastão.



_Já sei, gente! _ exclamou Hermione _ Se eles conhecem nossos golpes e estilos de luta, a solução deve ser...



_TROCARMOS DE ADVERSÁRIOS!!! _ exclamaram, ao mesmo tempo, Rony e Harry. E foi o que fizeram.



 



Em pouco tempo, Soraya conseguiu atingir o duplo de Hermione com um golpe de espada e ele simplesmente se desfez. Logo os outros também fizeram o mesmo com os seus adversários trocados.



 



_Esse é o espírito desta defesa. Lutar contra si mesmo, mas incansável, é uma batalha que não pode ser sustentada indefinidamente. Agora vamos indo, gente... Neville, o que houve? _ perguntou Harry, vendo que Neville Longbottom mancava, apesar da imobilização no seu tornozelo.



_Acho que aquele tornozelo não estava somente luxado, Harry. Ele devia estar fissurado e acabou de fraturar, durante a luta com nossos duplos.



_Acha que dá para seguir adiante? _ perguntou Rony.



_Eu iria mais atrapalhar o grupo do que qualquer outra coisa, Rony.



_Consegue voltar para cima, Neville? _ perguntou Nereida.



_Ele vai precisar de ajuda. Eu voltarei com ele, gente. _ disse Soraya.



_OK. Tomem cuidado e vão direto procurar por McGonnagall. Digam a ela que a Pedra Filosofal está em perigo e que estamos tentando impedir que o espião de Voldemort ponha as mãos nela.



_Deixem conosco. _ disse Soraya, amparando Neville e os dois tomando o caminho de volta para o corredor do terceiro andar.



_Ao chegarmos à sala do Fofo, deixe que eu começo a tocar a flauta, Soraya. Aí ele cai no sono e a gente se manda para procurar McGonnagall. _ disse Neville.



 



Avançando pela sala, levando as armas do combate, os quatro remanescentes do grupo passaram pela porta e viram-se em uma outra dependência, com um teto altíssimo e, lá em cima, um bando de pequenas formas aladas.



 



_Aquela porta é a saída da sala. _ disse Hermione _ Vou tentar abri-la com um Feitiço de Chave Mágica. “Alorromora!!



 



Nada aconteceu.



 



_A fechadura deve ter um bloqueio contra esse feitiço e a porta deve ter alguma proteção contra impactos. Tentar arrebentar a porta com uma “Bombarda”, um “Reducto” ou mesmo um “Destructo” não daria certo. _ disse Harry _ Se tivesse sido o caso, o espião já o teria feito.



_Então, precisaremos da chave, mas onde ela está? E o que são aquelas coisas voando lá em cima? Pássaros? _ perguntou Nereida.



_Não, Nereida. _ disse Rony _ São... são chaves aladas!



_E vejam! Ali está a chave desta fechadura, grande, velha e com uma das asas meio danificada, como se já tivesse sido agarrada. _ disse Harry _ Mas, como vamos pegá-la?



_Ali tem uma vassoura, Harry. _ disse Hermione _ E eu acho que esta fase é mais indicada para você, Harry, pois está parecendo que vai virar uma caçada ao pomo de ouro.



_Tem razão, Mione. Bem, lá vou eu. _ disse Harry, montando na vassoura e alçando vôo, em direção à chave que deveria pegar (“Mas onde está o perigo disso? Parece ser como uma partida de Quadribol comum”, pensou o bruxinho. Mas logo ele descobriu o perigo daquela fase do “Jogo” pela Pedra Filosofal).



 



Quando Harry Potter aproximou-se da chave e fechou seus dedos sobre ela, as centenas de outras chaves aladas agruparam-se e começaram a persegui-lo, com uma mudança em seus formatos. Suas extremidades anteriores deixaram de ficar achatadas e tornaram-se pontiagudas.



 



Harry percebeu aquilo e tratou de imprimir mais velocidade à vassoura. Quando passou perto de Hermione, jogou para ela a chave.



 



_Abra a porta, logo! Vou dar mais uma volta, para distrair essas coisas!



 



Hermione Granger agarrou a chave e abriu a porta, mantendo-a aberta por tempo suficiente para que Harry desse uma outra volta em alta velocidade, distanciando-se das chaves pontiagudas que perseguiam-no, tal como um bando de vespas furiosas. Passando em frente à porta, Harry saltou da vassoura e, usando as técnicas aprendidas com Derek Mason, executou um perfeito rolamento ao cair no chão, atravessando a porta aberta, que Hermione prontamente fechou, bem a tempo. Ouviram então as chaves cravando-se na porta fechada, algumas das pontas aflorando através da madeira.



 



_Foi por pouco. _ disse Harry, pensando que, depois daquilo, poderia até não saber quem era o espião, mas já imaginava quem ele não era _ Sabem, eu não imaginava que McGonnagall pudesse ser tão cruel em sua defesa.



_Por que você acha que era dela? _ perguntou Rony.



_Bem, é somente uma suposição, já que ela adora Quadribol.



_Certo, vamos ver o que nos espera do outro lado deste corredor.



 



O corredor terminava em uma sala na penumbra. Nereida notou figuras que pareciam estátuas.



 



_Parece um museu ou uma galeria de arte. _ disse ela.



_Mas esse piso quadriculado está estranho... tem a semelhança de um piso mosaico de uma loja maçônica. _ disse Hermione.



_Como você sabe? As lojas maçônicas não são fechadas aos de fora da Ordem? Pelo menos foi o que o Prof. Mason nos explicou, certa vez. _ perguntou Harry.



_Bem, algumas sessões são chamadas “Brancas” e são abertas a convidados de fora da Ordem. Eu já estive em algumas e, além disso, há algo que eu nunca mencionei a vocês. Papai é Maçom e eu sou “Lowton”, adotada e protegida pela Ordem, em uma cerimônia muito bonita e cheia de significados. _ disse a garota.



_Por isso o Prof. Mason parece estimá-la bastante, além do seu talento natural. Bem, vamos tentar descobrir o que é esta sala. _ disse Rony.



Mas eles não precisaram pensar muito para descobrirem. As tochas das paredes acenderam-se e eles viram onde estavam e o que eram as supostas estátuas.



_Isto ... isto é um tabuleiro gigante de Xadrez! _ exclamou Nereida, espantada com aquilo _ Deve ser um jogo de Xadrez de Bruxo!



_Então esta deve ser a defesa de McGonnagall e aquela outra a de Flitwick, pois ele também adora Quadribol. _ disse Harry _ Vamos ver como poderemos passar. Não dá para dar a volta, portanto, teremos de atravessar o tabuleiro.



 



Os quatro começaram a atravessar, mas os peões do outro lado sacaram seus sabres e fecharam a passagem aos bruxinhos.



 



_Acho que não nos deixarão passar livremente. Teremos de jogar para podermos sair daqui. _ disse Rony _ E, se o negócio é Xadrez de Bruxo, entrou na minha seara. Se não se importam, eu coordenarei esta fase. E parece que iniciaremos o jogo, pois nossas peças são as brancas.



_Não nos importamos nem um pouquinho, Rony. Sabemos que, de nós quatro, você é quem melhor joga. _ disse Hermione.



_OK. Bem, vamos ter de tomar a posição de quatro peças. Harry e Nereida, vocês serão dois bispos. Hermione, ocupe o lugar daquela torre e eu serei um cavalo.



Os bruxinhos ocuparam as posições das peças vivas, que saíram do tabuleiro. Rony preparou-se para iniciar a partida.



_Rony, você acha que será modalidade “Game” ou “Battle”?



 



Ronald Weasley comandou um peão para uma casa e logo um peão preto alcançou-o. Ambos começaram a lutar e, com algum esforço, o branco conquistou a casa, destroçando o preto.



 



_Respondendo à sua pergunta, Harry, será modalidade “Battle”. Ainda bem que estamos todos armados e sabemos lutar. _ respondeu Rony _ Vamos continuar.



 



Rony continuou a comandar o movimento das peças que, ao disputarem uma casa, digladiavam-se ferozmente. Nem sempre o ruivo vencia, pois aquela defesa havia sido preparada por Minerva McGonnagall, outra exímia jogadora de Xadrez de Bruxo, em ambas as modalidades. Devido ao treinamento Ninja, os bruxinhos conseguiam vencer as peças adversárias, quando tinham de disputar a posse da casa, ainda que saíssem meio arranhados. Ao cabo de vários lances, todos eles apresentavam escoriações e contusões, em maior ou menor grau. Certa hora, após Rony estudar a configuração do jogo, suspirou e disse aos amigos:



 



_Gente, dá para terminarmos a partida, dando um xeque-mate após o próximo lance. _ disse o ruivo _ Mas tem uma coisa, meio desagradável.



_Qual? _ perguntou Nereida.



_Terei de sacrificar minha peça, a fim de proporcionar a abertura necessária para que Harry dê o xeque-mate.



_NÃO!! _ exclamou Hermione.



_É necessário. Mas não se preocupem, tentarei diminuir o impacto do golpe o mais que eu puder e saltarei do cavalo, prometo. _ disse Rony, comandando o movimento do cavalo no qual estava montado.



 



Assim que Rony e seu cavalo chegaram à casa de destino, um bispo adversário aproximou-se e levantou seu báculo, cravando-o no peito do cavalo. Naquele exato momento, Rony saltou para o lado, procurando amortecer a queda, mas bateu com a cabeça em um destroço de outra peça abatida. O ruivo ficou deitado no tabuleiro, imóvel.



 



_RONY!!! _ Hermione Granger e Nereida Snape exclamaram e fizeram menção de alcançar o bruxinho.



_Não, Mione! Não saia do lugar! O jogo ainda não acabou! Espere, que eu vou fazer meu movimento e encerrar a partida! _ Harry Potter executou seu movimento de bispo, deslocando-se em diagonal, postando-se em frente ao rei das peças pretas e encarando-o firmemente _ XEQUE-MATE!



 



O rei adversário abriu as mãos, deixando que sua espada caísse no tabuleiro e levantou-as, colocando-as na cabeça e rendendo-se ao vencedor. As outras peças começaram a mover-se, retirando os destroços das que foram abatidas e remontando-as, para que retornassem às suas posições, aguardando por uma nova partida. Harry Rony e Nereida foram até onde Rony Weasley estava deitado, pálido, mas respirando normalmente e recobrando os sentidos, logo em seguida.



 



_Rony! Rony! _ exclamou Hermione, enquanto amparavam o amigo até um lugar fora do tabuleiro, próximo à porta de saída _ Como está se sentindo? Pode falar?



_Posso, sim. Mas estou com uma dor de cabeça dos diabos e enxergando três de cada um de vocês. Avancem vocês três e me deixem aqui, até que a tontura e a dor passem. Vão, não percam tempo comigo!



_Mas, Rony... _ Hermione ainda tentou argumentar.



_VÃO!!! O espião de Voldemort não vai esperar até que eu me recupere!



 



Diante das palavras de Rony, nada mais havia a dizer. Harry, Hermione e Nereida atravessaram a porta e entraram em outro corredor, em direção à porta do seu final. Ao passarem por ela, chamas roxas bloquearam-na.



 



_Bem, não dá para voltar. _ disse Nereida _ Vamos tentar avançar...



 



Interrompendo as palavras da jovem sonserina, a porta do outro lado da sala foi bloqueada por chamas negras.



 



_É, parece que estamos encurralados. _ disse Harry.



_E só sairemos daqui se vencermos o “chefe” desta fase, que eu creio estar naquela mesa. _ disse Hermione.



_Aquelas garrafas? _ perguntou Harry, apontando para sete garrafas, de diferentes tamanhos, todas elas opacas, enfileiradas sobre a mesa.



_Exatamente. _ disse a garota, lendo o pergaminho que estava sobre a mesa, junto às garrafas _ Bem, pelo que li, uma delas permite voltar, outra avançar, três contêm vinho e duas veneno. Eis uma charada a resolver.



_E essa parece ter o dedo de papai. _ disse Nereida _ Ele é um dos poucos bruxos que raciocinam com uma certa lógica, semelhante aos trouxas. Um bruxo comum não resolveria a charada que ele propôs.



_E eu já resolvi, Nereida. _ disse Hermione, segurando duas das garrafas da charada _ Já sei quais as garrafas de que precisaremos. Esta aqui permite voltar e esta avançar.



_Então, vocês duas tomem o conteúdo dela e voltem. Eu avançarei.



_Não, Harry. Você não pode ir sozinho. _ disse Hermione. _ Teremos de ir com você!



_Mas não há o suficiente para nós três, Mione. Dá para um e sobra um pouco.



_Então vão você e Nereida. _ disse Hermione.



_Por que, Mione? _ perguntou Nereida.



_Porque ninguém mais do que você tem o direito de acompanhar Harry, Nereida. Você tem o direito de saber se o Prof. Snape é ou não é o espião de Voldemort na escola.



_Tem razão, Mione. Esta dúvida está me corroendo.



_É perigoso, Nereida. _ disse Harry.



_Mais perigoso para um do que para dois, Harry. _ respondeu a garota, pegando a garrafa _ Vamos indo.



_Boa sorte para vocês dois. _ disse Hermione, abraçando Harry Potter e Nereida Snape _ Harry, você é um grande bruxo e tenho orgulho de ser sua amiga.



_Você é que é uma grande bruxa, Mione. _ disse Harry _ Muito melhor em magia e muito mais inteligente.



_Ela tem razão, Harry. _ disse Nereida _ Embora Hermione seja a mais inteligente de nós todos, existem qualidades que são exclusividade sua.



_Sim, tais como coragem, lealdade e amizade. _ disse Hermione, novamente abraçando os dois _ E isso vale muito mais do que livros e inteligência. Vou indo, então.



_Sim, Mione. Vá ajudar o Rony, tenho certeza de que ele está precisando e que vai gostar bastante de estar com você. _ disse Harry.



_O que você quer dizer com isso, Harry? _ perguntou Hermione, corando como um tomate.



_Quando é que você vai admitir que gosta dele, Mione? Ele tem muitas qualidades que você já deve ter percebido. _ disse Harry _ E depois dizem que eu é que sou tímido.



_Eu... eu gostaria que ele se manifestasse, Harry. Normalmente, uma garota gosta que o rapaz tome a iniciativa.



_Então, dê alguma pista para ele, ora! _ disse Nereida _ Deixe que ele perceba que não será rejeitado.



_Farei isso, gente. Até. _ Hermione tomou o conteúdo do frasco, sentindo-se como se tivesse sido preenchida por gelo e então atravessou as chamas roxas, retornando para cuidar de Rony Weasley e ambos retornarem para cima.



 



_Agora nós, Nereida. Bem, acho que há o bastante para nós dois. Saúde.



 



Harry tomou um gole da garrafa, sentindo o corpo enregelar. Tomando da garrafa, Nereida fez o mesmo.



 



_À nossa. _ e o corpo da garota arrepiou-se, com a sensação de frio ao tomar o líquido. Dando-se as mãos, os bruxinhos atravessaram a parede de chamas negras, saindo em um novo corredor, com uma luz no seu final. Com as varinhas em punho, avançaram de maneira cautelosa, até chegarem a uma câmara, em cujo centro via-se um enorme espelho e, em frente a ele e de costas para Harry e Nereida, uma figura alta, vestindo um manto preto com capuz.



_O Espelho de Ojesed. _ sussurrou Nereida.



_Mas o que ele está fazendo aqui? _ sussurrou Harry, em resposta.



 



Então, a figura falou, ainda de costas para eles:



 



_Não pensem que eu não percebi que estão aqui, crianças. Aproximem-se, pois não há para onde fugirem.



 



Ainda com as varinhas em punho, Harry Potter e Nereida Snape aproximaram-se e, então, o encapuzado virou-se para eles e tirou o capuz, mostrando seu rosto para os dois bruxinhos, que olhavam para ele, espantados e boquiabertos.



 



_Você?!



 



O que aconteceu para deixar os jovens daquele jeito? Quem seria o estranho encapuzado?


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