CAPÍTULO 12 - O MELHOR DOS PRE



CAPÍTULO 12



 



O MELHOR DOS PRESENTES



 



 



 



 



 



 



 



 



Os dias que antecederam a Véspera de Natal foram bastante aproveitados e apreciados por Harry Potter. Ele conheceu a pequena cidade de Ottery St. Catchpole, inclusive os lugares bruxos e travou conhecimento com vários habitantes, tanto bruxos quanto trouxas com acesso de vários níveis. Em cidades menores, eles possuíam entradas secretas em diversos estabelecimentos. A Estação de Transportes Mágicos, por exemplo, tinha sua entrada nos fundos de uma estalagem, como já sabemos. O supermercado ocultava a Agência de Corujas Postais e outros locais espalhavam-se pela cidade.



 



_E em cidades maiores, tipo Londres, temos outros locais, como o Beco Diagonal, a Plataforma 9 ½, a Biblioteca e o Museu Bruxo, etc. Mas eu gostei bastante dos lugares bruxos do Brasil. _ comentou um bruxo que estava conversando com eles, enquanto tomavam um chá, bem protegidos do frio, chamado Leonard Graves, que também trabalhava no Ministério da Magia e era primo de Merton Graves, violoncelista da banda As Esquisitonas _ Além disso, eles tiveram uma iniciativa pioneira, a dos Shoppings Bruxos.



_Pensei que havia sido invenção dos bruxos americanos, que não perdem tempo ao verem uma oportunidade de lucro. _ comentou Harry.



_Não, foram os brasileiros, assim como foram eles que inventaram o Buffet de sorvete. Os gaúchos, especificamente, pois o primeiro buffet de sorvetes surgiu lá no Rio Grande do Sul, por iniciativa da sorveteria Gelf’s. Bem, vamos parar de falar de coisas geladas, não é a época mais adequada. _ disse o bruxo, sorrindo _ Bem, já que estamos falando do Rio Grande do Sul, a capital possui três shoppings bruxos, além de outros locais pela cidade. Coincidentemente, cheguei de lá há poucos dias.



_A capital chama-se Porto Alegre, não é? _ perguntou Harry, lembrando-se das aulas de Geografia.



_Exato. Um deles fica no Centro, com entrada pela Galeria Pedro Chaves Barcellos, por baixo da escada ao lado da banca de revistas. Chama-se “Shopping Bruxo Andradas”. Um outro fica no bairro Bom Fim, com várias entradas: pelo canto do lado da estante de clássicos da locadora Espaço Vídeo, pelos banheiros da Estação Café, pela cozinha do Bar João... não, essa última não existe mais. Quando demoliram o Cine Baltimore, a estrutura do Bar João ficou abalada e ele também teve de ser demolido. O terceiro shopping bruxo fica no bairro Moinhos de Vento, com entrada pelo subsolo do próprio Moinhos Shopping, no último nível do estacionamento subterrâneo. Mas o mais interessante é que os três Shopping Centers bruxos são interligados, formando um enorme complexo de comércio, gastronomia e lazer, por debaixo da capital gaúcha. Vocês deveriam conhecer o lugar, algum dia.



_E por que os habitantes do Rio Grande do Sul são chamados de “Gaúchos”? O senhor conhece a origem, Sr. Graves? _ perguntou Arthur.



_Bem, existem várias suposições e lendas, sendo uma das mais aceitas a de que um branco, capturado pelos índios Charruas, uma tribo de exímios cavaleiros, estava para ser sacrificado em um dia especial. Enquanto esse dia não chegava, ele talhou uma guitarra artesanal e começou a tocar, atraindo a admiração dos índios e fazendo com que a filha do cacique, chamada Imembuhy, se apaixonasse por ele, que acabou sendo poupado e casou-se com ela, ficando conhecido como “O Primeiro Gaúcho”, palavra que vem da fusão de duas palavras do idioma Guarani, “Gaú-Tchê”, que significa “Gente-Que-Canta-Triste”, por causa do tom melancólico que as canções européias pareciam ter para os índios.



_Interessante. _ comentou Harry _ Pelo que eu me lembro de ter estudado em História, aquele estado sempre teve uma tradição guerreira, com fronteiras demarcadas “A pata de cavalo e ponteira de lança”. E quem é o atual Ministro da Magia do Brasil, Sr. Graves?



_É Otávio Marins, bruxo formado pela Escola de Magia Bênção de Oxalá, que fica em Salvador. Mas ele já indicou seu sucessor na chapa de orientação. As eleições já foram realizadas e ele venceu. Será empossado no Equinócio de Outono, que equivale ao de Primavera, aqui no Hemisfério Norte. Seu nome é Leonardo Mafra e ele é formado pela Escola de Magia Sepé Tiaraju, que fica no Rio Grande do Sul. Bem, eu já vou indo. Harry, foi um prazer conhecê-lo. Já cruzei com seu pai algumas vezes, lá no Ministério e ele sempre me pareceu boa gente. Até mais.



 



Harry e Arthur despediram-se de Graves e retornaram para a Toca.



 



As tardes eram ocupadas com batalhas de bolas de neve, nas quais as crianças dividiam-se em dois times e construíam castelos para sua defesa. Em uma delas, Harry não participou, pois o Sr. Weasley levou-o para conhecer a propriedade.



 



_Pois então, Harry, a Toca foi uma das poucas coisas que nos restaram, depois que meu avô veio da Irlanda para a Inglaterra. Ele perdeu quase tudo tentando provar que a sua fazenda, no Condado de Dublin, havia sido alvo de uma apropriação fraudulenta. Perdeu a “Emerald Lough” e foi para Dublin, com a esposa e os dois filhos. Minha tia, Marilyn, morreu de tuberculose e eles ficaram apenas com meu pai, Septimus Ronald Weasley. Algum tempo depois, vieram para a Inglaterra e ele adquiriu esta propriedade, por um preço bastante baixo. Parece que diziam que o lugar era azarado, que nada crescia aqui.



_E era? _ perguntou Harry.



_Não sei se era, mas o fato é que meu avô conseguiu transformar o local em uma fazenda razoavelmente produtiva. Temos umas trinta cabeças de gado, que nos fornecem leite e produzimos manteiga e queijo, que comercializamos na feira da cidade. Também criamos ovelhas, porcos e galinhas, além de plantarmos e colhermos frutas e grãos. Isso nos garante uma fonte de renda que nos permite levar uma vida digna. Juntamente com meus vencimentos do Ministério, temos um poder aquisitivo modesto para padrões bruxos e não muito alto mesmo para padrões trouxas, embora a cotação dos galeões em relação às moedas trouxas nos seja favorável. Mas nada nos falta, pelo que você pôde ver.



_E a casa, Sr. Weasley?



_Ela já existia, quando meu avô comprou a fazenda. Era um antigo abrigo de pastores que foi sendo ampliado até chegar à sua forma atual. Creio que poucos arquitetos iriam arriscar-se a projetar algo assim. _ riu-se Arthur.



_Tudo aqui é muito bonito, Sr. Weasley.



_Você precisa ver quando tudo está verde.



_E aquela colina, Sr. Weasley? _ perguntou Harry, apontando para um local, onde uma colina elevava-se, com um bosque no seu sopé e uma bela vegetação, agora coberta de neve, em sua encosta _ Acredito que de lá deve ser possível ver a casa, a cidade e o Monte Stoatshead.



_Com certeza, Harry. Mas aquele é o único lugar ao qual não poderei levá-lo. Apesar de ele estar dentro da propriedade, ele não pertence a mim. E é tudo o que posso lhe dizer, por enquanto.



_Está bem, Sr. Weasley. _ disse Harry, aceitando a explicação. E retornaram para a casa.



 



À noite, depois do jantar, Harry estava dando uma olhada no livro de Feitiços, revisando tópicos para um teste que iria realizar-se depois dos feriados. Então, Gina sentou-se ao lado dele.



 



_Estudando em pleno feriado, Harry?



_Preciso, Gina. Teremos um teste depois das férias de Natal e pretendo estar afiado.



_Eu não vi o Rony tocar nos livros.



_Você não viu, mas ele estudou bastante. Aquela pose de “Aluno Folgado” é pura fachada, seu irmão estuda bastante.



_Mas você não foi para Hogwarts totalmente inexperiente, não é?



_Claro que não. A lei proíbe o uso de magia por menores, mas permite treino sob supervisão dos pais e usando varinhas com potência limitada em casa, desde que haja um ou mais cômodos com Feitiços de Segurança. Então, acabei aprendendo bastante sobre feitiços defensivos e medicinais.



_Sim, o fato de seu pai ser Auror e sua mãe Medi-Bruxa deve ter ajudado bastante. Meus pais também me ensinaram o que puderam, mas eu ainda tenho um pouco de dificuldade com o “Wingardium Leviosa”, o Feitiço de Levitação.



_É porque você está pronunciando errado. Rony cometia o mesmo engano, mas Hermione corrigiu a pronúncia dele. A sílaba tônica de “Wingardium” é o “gar” e a de “Leviosa” é “o”, mas com pronúncia de vogal fechada, “ô”. E a sílaba final é curta. O movimento de varinha é um giro em sentido horário e uma pequena sacudida ao final, em posição de 12 horas.



_Exato. _ disse Gui, que acabara de chegar _ E é assim. “Wingardium Leviosa!”



 



Um bolinho que estava sobre a mesa começou a flutuar e Gui aproveitou para continuar a explicação de Harry.



 



_Outro feitiço que pode ser usado em associação com esse é o convocatório, mas vocês só vão vê-lo no terceiro ou quarto ano.



 



_Já cheguei a treiná-lo com meu pai. _ disse Harry.



_Então, não há novidade. Vejam só. “Accio!” _ o bolinho voou direto para as mãos de Gui, que o dividiu em três partes e ofereceu duas para Harry e Gina, ficando com uma para si. Depois, saiu da sala.



_Nem parece que foi Monitor-Chefe em Hogwarts. Não aparenta o perfil severo que seria esperado, tipo...



_...Percy? _ perguntou Gina _ Pois é. E ele sempre foi assim, desde a escola. Mas não se engane. Gui sabia ser duro quando era preciso. Acho que vou me dar bem em Hogwarts, tendo lá os meus irmãos e... você.



 



Como que sublinhando suas palavras, Gina segurou as mãos de Harry. Este sorriu e beijou-as de leve, sentindo o perfume floral da garota. Após alguns segundos, soltaram as mãos e continuaram a ler o livro, até que chegou a hora de irem dormir. A família de Harry chegaria no dia seguinte.



Gina subiu para seu quarto e Harry foi para o de Rony, depois de escovar os dentes. A decoração com predomínio do laranja não o chocava mais. Afinal, assim como Rony, ele também era torcedor dos Chudley Cannons, mesmo que o time não estivesse nas primeiras posições do campeonato, nos últimos anos. Harry tirou os óculos e deitou-se, pronto para dormir.



 



_Harry?



_Sim, Rony?



_Cara, me desculpe se eu fico parecendo um irmão ciumento...



_... Correção, você É um irmão ciumento. _ brincou Harry.



_Tá, eu visto a carapuça. Acontece que tem razão de ser. Afinal, Gina é a primeira garota Weasley em várias gerações. Bem, há a minha prima, Mafalda, mas ela é filha adotiva do irmão de meu pai, Brandon. Mudou-se para a Austrália, no final do ano passado. Com isso, transferiu-se de Hogwarts para a Ayers Rock, a escola de magia da Austrália. Ela está no terceiro ano e o mais interessante é que também é minha prima pelo lado de minha mãe, os Prewett. Depois te conto essa história. O fato é que com isso Gina é, bem merecidamente, a princesinha da família. Mas não se engane, ela está longe de ser uma garota mimada, afinal de contas é uma Weasley, teimosa, determinada, com um gênio e uma personalidade bem marcantes.



_Eu pude perceber. Ela não é do tipo que manda recado. Mas, por que essa confissão?



_Desde o início, notei que Gina sentia algo por você, mesmo sem saber quem você era. E, pode crer, o fato de você ser famoso na Bruxidade não muda nada, eu conheço minha irmã.



_Onde você quer chegar? _ perguntou Harry.



_Tornamo-nos amigos desde o Expresso de Hogwarts, portanto eu sei o que estou dizendo. Harry, por mais ciumento que eu possa parecer, quero que saiba que, se Gina gosta de alguém, estou feliz que seja de você e não de outro qualquer, não por você ser Harry Potter, “O-Menino-Que-Sobreviveu”, membro da “Família-Que-Sobreviveu”, celebridade do mundo bruxo, mas por ser Harry Potter, aluno de Hogwarts, meu colega e amigo, o cara mais do bem que eu já conheci até hoje.



_Obrigado pela consideração que você tem por mim, Rony. Sabe, devo reconhecer que Gina mexe bastante comigo e eu a quero muito bem. Se algo vai acontecer entre nós, somente o tempo dirá, mas eu gostaria muito que acontecesse, pois ela é bastante especial, deu para sentir no Ki dela.



_Sondando a energia espiritual da minha irmã, Harry?



_Não dá para evitar, cara. Acho que você deve ter percebido a força que ela tem. Gina será uma grande bruxa, pode acreditar.



_Estou certo que sim. Bem, vamos dormir, então. Amanhã sua família vai chegar e eu estou curioso para conhecê-los um pouco mais, já que só nos vimos no jogo contra a Sonserina.



_OK. Boa noite, Rony.



_Boa noite, Harry. _ o ruivo soprou a vela e os dois logo pegaram no sono.



 



Manhã da Véspera de Natal. O sol surgiu, brilhante, proporcionando um belo contraste entre o branco dos campos nevados e o puríssimo azul do céu. Todos acordaram cedo, para cuidarem das tarefas da fazenda. Depois de ordenharem as vacas, recolherem os ovos e alimentarem os animais, estavam todos na sala, aguardando os convidados que iriam chegar pela lareira. Dali a pouco, as chamas ficaram verdes e ouviu-se a voz de Tiago.



 



_Tudo pronto, Arthur? Podemos ir?



_Sim, Tiago. Estamos à sua espera. Podem vir.



 



As chamas aumentaram e, no instante seguinte, três pessoas chegaram, com bagagens leves. Tiago cumprimentou Arthur e abraçou Harry. Em seguida,cumprimentou a todos os demais. Lílian e Algie fizeram o mesmo.



 



_Algie poderia passar por nosso irmão. _ comentou Jorge.



_Pode crer. _ disse Fred _ Puxou bem o lado da mãe. Quem é que tinha cabelos acaju na família, Dra. Potter?



_Era minha mãe, Eglentine Falworth Evans. E podem me chamar de “Lílian”, somos todos amigos. Meu pai, Harold Algernon Evans, tinha cabelos loiros, que Petúnia herdou. E então, Molly, vamos preparar uma ceia especial para esse batalhão?



_Com certeza, Lílian. Rapazes, vocês podem ficar com o trabalho pesado, tipo cuidarem da lenha, acenderem o fogo, carregarem água, etc. Mas, quando começarmos a cozinhar, não quero ver um fio de bigode na cozinha, OK?



_OK, Molly. _ disse Arthur, que sabia o quanto a esposa detestava interrupções e distrações quando cozinhava. Muito sabiamente, todos os homens trataram de ficar afastados da cozinha, depois que todas as tarefas de apoio foram concluídas.



 



Mais tarde, enquanto um aroma tentador podia ser sentido no ar, Tiago e Arthur estavam conversando na sala. Gui e Carlinhos faziam companhia aos dois, já que eram bruxos maiores de idade e, cada um a seu modo, lutavam contra as Trevas, dentro de suas profissões.



 



_Sei que a Véspera de Natal não é a melhor data para levantar este assunto, mas preciso lhe dizer algo. Temos um grande problema, Arthur. _ disse Tiago.



-É, eu sei. O Ministro continua a querer negar a possibilidade de que Você-Sabe-Quem esteja vivo. E isso não é nada bom.



_Dá para deduzir, papai. _ disse Gui _ Ele prefere viver uma mentira do que encarar a realidade.



_Exato, Gui. _ disse Tiago _ Ele acha que admitir o retorno de Voldemort... desculpem, sei que não são todos que não têm medo de dizer o nome dele. Ele acha que admitir o seu retorno iria destruir tudo pelo que ele lutou, seu mundinho de paz ilusória. Arthur, gostei de conhecer seus filhos, são bastante parecidos com você. Determinados, leais à Luz... A Ordem da Fênix só teve a ganhar.



_Obrigado, Sr. Potter. _ disse Carlinhos.



_Me chamem de “Tiago”, por favor. Sabe, Carlinhos, seu pai sempre foi membro da Ordem da Fênix mas, por segurança, ninguém sabia, somente Dumbledore. Era para não chamar a atenção para ele, já que o Departamento de Controle do Mau Uso dos Artefatos dos Trouxas nunca foi muito visado, por não ser considerado de importância estratégica. Nós não nos cruzávamos muito porque eu estava sempre em missões e, também, para não despertar suspeitas que pudessem comprometer sua posição.



_E aquilo me permitia circular pelo Ministério sem que ninguém suspeitasse e aí pude descobrir diversos espiões de V-Voldemort... Vejam! Estou falando o nome dele sem gaguejar muito! _ todos riram _ Agora, falando sério, um dos mais importantes foi Lucius.



_Malfoy? _ perguntou Gui.



_Isso. Depois ele foi submetido a um inquérito, usaram até Veritaserum, mas apuraram que ele foi obrigado, através de Maldição Imperius, a ser um Death Eater, matando uma antiga namorada como cordeiro de sacrifício. _ disse Tiago.



_E passou todos aqueles anos sob domínio de Voldemort? _ Gui ficou surpreso com aquilo _ Como é que alguém pode ficar tanto tempo assim sob o efeito de uma Maldição Imperius?



_Segundo o depoimento de Lucius, ele sempre recebia a maldição quando Voldemort julgava que ela estava perdendo a força. _ disse Arthur, já não mais gaguejando ao dizer o nome do bruxo das Trevas.



_Agora, gente, a coisa está ficando mais séria. Principalmente porque há informes, praticamente informações, de que Voldemort está vivo e que pretende voltar à Inglaterra. Talvez esteja com mais um plano em mente. _ disse Tiago _ E eu tenho razões para acreditar que ele esteja atrás... daquilo.



_Você quer dizer... _ comentou Arthur.



_... Exatamente, Arthur. _ confirmou Tiago – Por isso, Dumbledore mandou que Hagrid fosse buscar o pacote no Gringotes e levá-lo para o único lugar mais seguro do que o banco dos bruxos: Hogwarts.



_E já está no castelo? _ perguntou Arthur Weasley.



_Já. Dumbledore confirmou a entrega. Agora, o pacote está em segurança, protegido por diversas defesas mágicas.



_Ainda fico meio com o pé atrás pelo envolvimento do Snape.



_Dumbledore confia nele, Arthur. Mesmo com todos os atritos que eu e ele tivemos no passado, isso basta para mim. _ disse Tiago.



_Mas o que foi que Hagrid levou para Hogwarts, papai? O que há de especial nesse tal pacote? _ perguntou Gui.



_Bem, acho que eu é que devo dizer, rapazes. Mas, antes de qualquer coisa... crianças, se mandem! Não pensem que eu não percebi a presença de vocês todos: Percy, Fred, Jorge, Gina, Rony, Algie e Harry. _ disse Tiago, olhando para trás de um sofá, do outro lado da sala _ Acho que vocês já escutaram até mais do que deviam. A conversa aqui agora vai ser sigilosa.



Sete crianças que apertavam-se, escondidas atrás do sofá, saíram de onde estavam, bastante contrafeitas.



_Como foi que nos descobriu, papai? – perguntou Algie.



_Não ouvi o barulho de vocês lá fora. Gina saiu da cozinha há pouco, mas não a vi voltar. Somando dois mais dois...



_Então, deduziu que estaríamos ouvindo a conversa? Os instintos de Auror manifestaram-se, novamente? _ perguntou Harry.



_Nem foi preciso tanto. Conheço meus filhos, assim como Arthur conhece os dele. Não é verdade, Arthur? _ e Tiago piscou o olho para o amigo.



_Com certeza. Sinto muito, mas a conversa é só para maiores, a partir de agora.



As crianças saíram dali, ainda meio contrariadas, vestiram os casacos e foram para a varanda. Ao sentarem-se em um banco, Rony perguntou a Harry:



_Tem idéia do que seu pai estava falando, Harry?



_Não sei o que é, mas se ele disse que estava no Gringotes e foi levado para Hogwarts, deve ser muito importante.



_Algum livro raro, com feitiços poderosos? _ Gina sugeriu.



_Ou, talvez, algum objeto místico, algo de grande poder, que Voldemort esteja cobiçando. _ comentou Algie.



_Pode ser. Mas é certo de que deve ser algo bem precioso, para ter sido levado para Hogwarts. _ disse Percy _ Bem, vou aproveitar e colocar os estudos em dia. Com licença.



 



 



Percy voltou para dentro de casa e subiu para seu quarto. Harry era quem estava mais perto da porta, então escutou seu pai dizer, em voz baixa, algumas palavras a Arthur, das quais ele pôde identificar apenas três, todas elas nomes próprios.



Dumbledore”, “Flamel” e “Grindelwald”.



 



Tentou ouvir mais alguma coisa, mas seu pai lançara um Feitiço de Privacidade na sala, depois que Percy subira para o quarto. Meio frustrado, retornou para junto dos outros (“O que poderiam ter em comum Dumbledore, Grindelwald e Flamel? Afinal, qual Flamel pode ser aquele de quem falavam? A família Flamel é francesa, mas espalhou-se por todos os continentes. Dumbledore viajou bastante quando era jovem, portanto pode ter conhecido um Flamel em qualquer lugar do mundo. A mesma coisa de Grindelwald, o bruxo das Trevas que matou-se na frente de Dumbledore, em 1945, para não ser entregue aos Aliados. Ele também viajou bastante pelo mundo, aumentando seus poderes. Bem, vamos esperar pelo fim das férias e falar com a Mione. Certamente ela terá uma resposta... ou pesquisará sobre uma, em um livro. Bem, depois eu falo com o pessoal, é melhor não atrapalhar o Natal da galera”, pensou o bruxinho).



 



Com o cair da noite, o preparo da ceia estava terminado. Aos homens, coube uma última tarefa, a de prepararem a mesa e levarem os pratos prontos para ela. Depois daquilo, já de banho tomado e com vestes a rigor, todos estavam na sala, ouvindo a RRB, que dedicara especialmente sua programação ao Natal. Dali a pouco, começaram a chegar cartões de Natal, endereçados aos Weasley e aos Potter, prontamente lidos e colocados na árvore. Uma batida à porta e Arthur foi atender, recepcionando animadamente os recém-chegados.



 



_Nigel! Luna! Que bom que vocês vieram!



_Não poderíamos deixar de atender ao seu convite, Arthur. Assim que fechei a edição de Fim de Ano, tratamos de nos preparar e viemos. Aqui está um exemplar de cortesia.



 



Os recém-chegados eram um senhor de cabelos longos, onde entremeavam-se fios loiros e brancos. Trajava vestes a rigor cinza-azuladas, com um cravo vermelho na lapela. Acompanhava-o uma garota, de cerca de dez anos, loira, com os cabelos longos e meio mal cortados, embora bem lavados. Suas vestes eram prateadas, quase no tom de seus olhos, meio saltados, nos quais o azul claro lançava reflexos cor de luar. Tinha um aspecto meio sonhador, como se estivesse em outro mundo. Mas, quando Gina chamou por ela, todo o ar sonhador desapareceu e ela abriu um enorme sorriso.



 



_LUNA!



_GINA!



 



As amigas abraçaram-se. Estudavam na mesma escola trouxa, em Ottery St. Catchpole. Luna também já havia manifestado dons de magia e aguardava receber as cartas de Hogwarts, para o ano letivo seguinte.



 



_Harry, venha conhecer minha amiga, Luna Lovegood. Luna, este é o amigo do meu irmão, de quem eu falei. Luna, Harry. Harry, Luna.



_Muito prazer, Luna. Então, você é filha de Nigel Xenophillus Lovegood, o proprietário e Editor do “Pasquim”?



_Exato. _ disse Luna, sorrindo _ E você é Harry Potter, membro da “Família-Que-Sobreviveu”, o único grupo de pessoas que escapou da Maldição da Morte. Gina me falou de você, que vocês se correspondem desde o início do ano letivo.



_Sim, é verdade. _ disse Harry, notando a expressão do rosto de Luna, demonstrando que ela e Gina eram confidentes, além de amigas _ Conhecemo-nos na Plataforma 9 ½ e começamos a nos corresponder.



_Ora, seus pais também vieram. E aquele, é seu irmão?



_Sim, aquele é Algie. Também está aguardando as cartas de Hogwarts. Será da mesma turma que vocês.



_Ele parece ter uma grande força interior. _ disse Luna, olhando para Algie e depois para Harry, fixamente _ Assim como você.



_Como é, Luna? _ perguntou Harry.



_É bom que você saiba, Harry. _ disse Gina _ Luna é meio sensitiva, praticamente uma ESPer. Ela consegue, às vezes, até ler pensamentos.



_Menos, menos, Gina. Na verdade eu consigo, às vezes, sentir a índole de alguém.



 



Imaginando que ela podia sentir seu Ki, Harry tentou rebaixá-lo. Luna percebeu e piscou para ele. Aquela garota não tinha nada de maluca, como já lhe haviam dito. Quando ele mencionara que os Weasley viviam em Ottery St. Catchpole, Seamus Finnigan comentara sobre os Lovegood, dizendo que a revista era fantasiosa e sensacionalista, que Nigel era maluco e que Luna não ficava atrás, sendo conhecida como “Loony” ou “Di-Lua”, sinônimos de “Louca”.



 



A impressão que Harry tivera de Luna havia sido bem diferente. Bem, ele já lera algumas edições do “Pasquim” e vira que era uma revista bastante incomum, com uma linha pouco ortodoxa e bastante questionadora, que explorava coisas nas quais bem poucos bruxos acreditavam, mas provava o que dizia. Soubera que a revista havia sido muito importante nos Dias Negros, publicando artigos que exortavam a Bruxidade a não ter mais medo de Voldemort do que de outro criminoso qualquer, caricaturas que ridicularizavam o Lorde das Trevas, muitas delas desenhadas por Dumbledore. Seu pai dissera que as páginas traziam ainda mensagens cifradas para as várias frentes da Ordem da Fênix, códigos que os Death Eaters jamais haviam conseguido quebrar, por mais que tentassem. A redação da revista fora atacada pela Ordem das Trevas repetidas vezes, mas sempre voltava a funcionar, em outro local. A edição cuja capa trazia a foto dos Potter e a reportagem sobre a derrota e desaparecimento de Voldemort estava bem guardada em sua casa, assim como nas de muitos outros bruxos. Quanto a Luna, a primeira impressão que tivera dela era a de uma garota inteligente e de boa índole, cujo Ki vibrava em uma freqüência bastante positiva. A aparência de sonhadora e meio maluca era apenas para esconder uma bruxinha de grande potencial, que teria muito sucesso no futuro. Estava contente em tê-la como amiga e ela sabia disso. Sua audição privilegiada percebera o que ela havia sussurrado ao ouvido de Gina e ele agradeceu silenciosamente por elas não terem visto seu rosto enrubescer.



 



À meia-noite, os sinos da cidade puderam ser ouvidos e Arthur trouxe uma novidade para a sala. Um aparelho de TV de tela plana, tecnomagizado para funcionar até mesmo sem eletricidade, se fosse o caso.



 



_De onde você tirou isso, Arthur? _ perguntou Molly, olhando severamente para o marido.



_Quis fazer surpresa, Molly. Trouxe lá do departamento, para uma experiência. Vamos assistir à transmissão, diretamente de Roma.



 



Arthur Weasley acionou o botão e o aparelho de TV tecnomagizado trouxe imagens da Missa do Galo, rezada pelo Papa João Paulo II, em Roma.



 



Brindaram e a ceia foi servida, não faltando elogios a Molly, Lílian e Gina. Reuniram-se depois, em frente à TV (algo pouco comum em residências bruxas) e continuaram a assistir à programação. Depois, foram dormir. Arthur guardou o aparelho de TV.



 



_Devo levá-lo de volta para o Ministério, depois de amanhã. Tive uma permissão especial para testes, apenas. _ disse ele _ Estou propondo novas leis, autorizando mais artefatos trouxas tecnomagizados e parece que o Ministro está bastante inclinado a aprová-las.



_Os mais radicais não reclamaram? _ perguntou Tiago.



_Muitos torceram o nariz, mas a aproximação entre os dois mundos é inevitável. Eu só estou adiantando um pouquinho as coisas, fazendo com que os bruxos percam o medo de equipamentos eletrônicos.



 



Na manhã seguinte, todos acordaram e foram para perto da árvore, a fim de abrirem os presentes. Entre eles, alguns mereciam destaque: uma pulseira que Gina ganhara de Harry, na qual era possível armazenar uma imagem à escolha. Uma jaqueta dos Chudley Cannons, de Harry para Rony. Novos tênis de corrida para Rony e Harry, que também ganharam um kit de logros de Fred e Jorge, que já sinalizavam que era com aquilo que eles queriam trabalhar, no futuro (A Zonko’s que se cuidasse). Os garotos também haviam ganho agendas enfeitiçadas para o ano seguinte (trazidas por corujas naquela manhã, da parte de Hermione) e camisas do Chelsea, uma novidade para Rony, que pouco conhecia do Futebol trouxa. Mas um dos presentes que Harry mais apreciara havia sido o que recebera de Gina: um cachecol negro, no qual ela bordara à mão o brasão dos Potter, um escudo inglês de fundo vermelho, no qual figurava um leão, com as patas dianteiras pousadas em um grande vaso de argila com a letra “P” e o lema “Diferenças Não Importam”, juntamente com o brasão da Grifinória.



 



_Pensei em bordar os brasões Potter e Weasley lado a lado, para que os três formassem um triângulo, mas não estava certa se você gostaria ou se iria achar precipitação da minha parte. _ disse Gina, ao ver Harry, logo depois na varanda da casa, apenas os dois, sentados em um sofá.



_De maneira alguma. Cada vez mais eu sinto que é ao seu lado que quero estar, Gina. Não sei se é cedo para dizer, mas eu realmente gosto de você e sinto-me bem ao seu lado.



_Sinto a mesma coisa, Harry. E agora tenho certeza de que você sente o mesmo. Se é realmente amor, descobriremos.



_Desde que possamos fazê-lo juntos. _ disse Harry, segurando as mãos de Gina nas suas.



_Eu não gostaria que fosse de outra maneira. _ e, ao dizer essas palavras, Gina aproximou-se e uniu seus lábios aos de Harry, em um suave e rápido beijo, depois do qual os dois separaram-se, vermelhos como tomates _ Muito obrigada pelo presente, Harry. E não me refiro apenas à pulseira.



_Na verdade, Gina, fui eu quem ganhou o melhor dos presentes, que é poder estar aqui, com você.



 



Os dois permaneceram de mãos dadas, até que Algie aproximou-se.



 



_Ei, casalzinho bonito! Está frio aqui fora e já estão chamando por vocês, para o almoço.



_OK, mano. Já vamos. _ disse Harry _ Gina, acho que teremos de contar a novidade à sua mãe.



_Confirmar, você quer dizer, mano. _ disse Algie, olhando para Harry e Gina, com um sorriso nos lábios _ Eu já estava quase iniciando um banco de apostas sobre se vocês iriam se declarar hoje ou não.



_ALGIE!! _ Gina e Harry exclamaram juntos, olhando feio para o garoto. Depois os três foram para dentro, aos risos.



 



Durante o almoço, ouviu-se um estalido de Aparatação e, em seguida, uma batida à porta. Molly foi atender e o recém-chegado adentrou a sala.



 



_Ministro Fudge! _ exclamou Harry.



_Oh, Harry Potter! Você por aqui? Tiago, Lílian e Algie, também? Mas é claro! Harry e Rony são colegas em Hogwarts, não é mesmo? Feliz Natal a todos. Parece que foi ontem que eu vi vocês e mais Lupin, Sirius e a família, jogando Quadribol em Godric’s Hollow, as crianças com aquelas vassouras de brinquedo e o pomo de treino. Lembro-me de que foi Harry quem o capturou. Desde pequeno já mostrava habilidades de Apanhador. E olha que Algie estava com cinco anos e Harry seis.



_O Ministro sempre visita os Chefes de Departamento, no Natal. Já faz isso há vários anos. _ disse Molly.



_Exatamente, Molly. _ disse Fudge _ Arthur, boas notícias. Suas novas propostas de leis sobre Tecnomagização de Artefatos Trouxas foi votada e aprovada. Será publicada logo depois do Ano Novo.



_Mas que bom, Ministro. _ disse Arthur _ Foi bastante rápido, desta vez.



_Mais e mais pessoas querem restabelecer a antiga harmonia entre bruxos e trouxas, ainda que hajam os radicais, que não apreciam isso. _ disse Tiago.



 



Cornelius Oswald Fudge era um homem alto e corpulento, de seus cinqüenta e poucos anos, tendo sido contemporâneo de Arthur e Molly na escola. Vestia-se, quase sempre, em estilo vitoriano, com terno e capa risca-de-giz e um chapéu-coco verde. Quando ele tinha de vestir-se como trouxa, gostava de usar ternos da marca brasileira Ricardo Almeida.



 



_Concordo, Tiago. _ disse Fudge _ Mas fora isso temos outros problemas. Alguns bruxos das Trevas foragidos andaram praticando atentados. Uma família de trouxas foi torturada ontem, em Southampton. Os Death Eaters têm andado meio ouriçados.



_Deve ser porque aguardam um próximo retorno de Lord Voldemort, quem sabe? _ sugeriu Harry.



_Não diga esse nome, Harry. _ disse Fudge, tremendo _ Mesmo desaparecido ele ainda assusta.



_Não a mim, Ministro. Nunca tive medo de dizer o nome dele.



_Nem todos são como você, Harry. Lembro-me dos Dias Negros, quando ele estava mais poderoso do que nunca. Graças a vocês, ele se foi.



_Mas não para sempre, Ministro. _ comentou Tiago.



_Ele não pode estar vivo, Tiago. Nem mesmo aquele demônio sobreviveria àquela explosão, quando o atentado dele fracassou.



_É, mas onde está o corpo? _ perguntou Carlinhos.



_E a varinha dele não foi encontrada. _ disse Lílian.



_Sim, eis duas grandes incógnitas. _ disse Fudge _ Essas perguntas me atormentam desde que assumi o Ministério, algum tempo depois do desaparecimento dele.



_E além do senhor também havia outros dois prováveis candidatos, não é, Ministro? _ perguntou Nigel.



_Exatamente, Nigel. Você deve lembrar-se, já que o “Pasquim” foi bem ativo, durante os Dias Negros. Quando Millicent Bagnold aposentou-se, indicou três nomes para sua sucessão: Dumbledore, Crouch e eu. Algum tempo depois do Lorde das Trevas desaparecer, um grupo de quatro Death Eaters foi preso, devido a terem torturado um casal de Aurores para tentarem extrair informações sobre o seu paradeiro.



_Os Longbottom. _ comentou Rony _ Neville é nosso colega em Hogwarts e nos contou a história, Ministro.



_Eles mesmos, Rony. _ confirmou Fudge _ Os quatro eram Bellatrix Lestrange, prima de Sirius Black, seu marido, Rudolph, o irmão gêmeo dele, Rabastan e o quarto era... o filho de Bart Crouch.



_Ele deve ter ficado arrasado. _ comentou Jorge.



_Sim. Ele era o chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia e era cotadíssimo para o Ministério. Logicamente, não havia clima para que ele continuasse no processo eleitoral. Renunciou e pediu transferência da chefia, indo para o Departamento de Cooperação Internacional em Magia. Seu último ato no Departamento de Execução das Leis da Magia foi presidir o julgamento dos quatro e sentenciá-los à prisão perpétua, em Azkaban.



_O próprio filho! Que terrível! _ exclamou Gina.



_Bart nunca mais foi o mesmo, depois daquilo. Hoje é um homem amargurado e que raramente sorri. Principalmente porque o rapaz morreu, cerca de um ano depois e a esposa não durou dois meses, havia rumores de que ela já estava muito doente.



_Sem contar que o desgosto pode ter agravado a doença, Ministro.



_Creio que sim, Molly. _ disse Fudge _ E, com aquilo, ficamos Dumbledore e eu no processo eleitoral. Foi aí que, para surpresa de todos, Dumbledore retirou-se da disputa, deixando-me como único indicado. Está certo que ele já havia sinalizado que não queria, que só aceitara participar por consideração a Millicent, mas que preferia continuar dedicando-se à Direção de Hogwarts... é, eu ainda acho que Alvo queria brincar comigo. Mas ele me disse que me ajudaria, sempre que eu precisasse. E não foram poucas as vezes nas quais pedi conselhos a ele. E ainda peço. Mas, voltando ao assunto, Tiago, eu não acredito que ele possa ter voltado.



_Ministro, não adianta tentar tapar o sol com a peneira. Há razões mais do que suficientes para crermos que ele continua vivo e preparando seu retorno. Infelizmente, não podemos revelar mais detalhes.



_Vocês, Aurores. Sempre sonegando informações ao Ministério.



_Ministro, fazemos isso até mesmo para sua própria segurança.



_Sempre dizem isso. Gostaria de poder obrigá-los a dividirem as informações, mas não posso.



_Sim, porque ficou decidido pela Confederação Internacional dos Bruxos que a Corporação dos Aurores seria internacional, colaborando com os Ministérios da Magia ao redor do mundo, mas sem ser subordinada a eles ou seja, trabalharia COM eles mas não PARA eles.



_E o fato de Rufus Scrimgeour ser chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia, Ministro? _ perguntou Algie.



_É que Scrimgeour aposentou-se como Auror. Ele não poderia assumir a chefia de um Departamento Ministerial enquanto estivesse na ativa, Algie. Derek Mason está lecionando em Hogwarts, mas licenciou-se por tempo indeterminado, parece que está querendo aposentar-se em um futuro próximo, embora seja jovem. Mas a verdade é que sempre fico com um pouco de ciúmes. _ brincou Fudge _ Dá a impressão de que estou sendo meio que deixado no escuro.



_Já disse que é para sua própria segurança, Ministro. Veja bem, os EUA são uma potência militar, política e econômica e, mesmo assim, há coisas que a CIA e a NSA não revelam ao Presidente trouxa, até mesmo para que ele não venha a tornar-se um alvo mais tentador do que já é para quaisquer inimigos. _ disse Tiago.



_Eu sei. E, mesmo assim, ainda bem que vocês existem.



_Já almoçou, Ministro? _ perguntou Molly.



_Já, Molly, obrigado.



_Mas aceita um cálice de vinho do Porto, não é? _ perguntou Arthur.



_Com certeza, Arthur. Será um excelente prelúdio para o charuto que pretendo acender... mas, obviamente, não aqui dentro. _ disse Fudge, ante o olhar feio de todos.



 



Molly trouxe o vinho, um excelente “Lágrima Encantada” da região do Douro.



 



_É um vinho delicioso, Molly. Pena que há tempos não o vejo no mercado.



 



Harry olhou o rótulo e viu o nome do produtor: “Vinícolas Malfoy”.



 



_É produzido pelo tio de Draco, Jacques Malfoy! Ele chegou a comentar que tinha dois tios vinicultores.



_Sim, Jacques em Portugal e René na França. _ disse Fudge _ A fama deles como enólogos é internacional.



 



Saíram para a varanda, para que Fudge pudesse acender seu charuto sem incomodar ninguém. O Ministro da Magia cortou a ponta, acendeu-o com a varinha e deu uma baforada.



 



_E agora, Ministro? Para onde vai? _ perguntou Percy.



_Tenho de retornar a Londres, Percy. Depois dos feriados haverá muito o que fazer, ainda que eu não esteja querendo acreditar que o Você-Sabe-Quem retornou. Espero, sinceramente, que vocês estejam errados, Tiago. Não sei se a Bruxidade estaria preparada para uma Segunda Ascenção daquele demônio. Tiago, Arthur, vejo-os no trabalho. Até mais, gente.



_Até mais, Ministro. _ os outros despediram-se.



 



Cornelius Fudge deu alguns passos e desaparatou, rumo a Londres.



 



 



Harry voltou para Londres com sua família e Rony foi com eles, a fim de passar os últimos dias de férias em Chelsea. O ruivo apreciou bastante conhecer o elegante bairro londrino e mais ainda o estádio do clube de Futebol que ficava no bairro vizinho, Fulham, vendo como todos ainda se lembravam de Harry e gostavam dele.



 



_E aí, Harry? Já reconsiderou quanto a vir treinar conosco?



_Não vai ser possível, Bedford. Estou estudando no Norte, só vim para os feriados de Natal.



_Que pena. Sabe, o presidente do clube está sondando um novo técnico para o time principal.



_Quem?



_Talvez aquele brasileiro, que foi campeão com a Seleção deles, em 1994. Mas eu acho que é capaz dele não querer, por enquanto.



_Quem sabe, no futuro e se a proposta for boa... _ comentou Rony. Ele começara a apreciar o Futebol.



 



Alguns dias depois, estavam na Plataforma 9 ½, prontos para embarcarem no Expresso de Hogwarts. Novamente os amigos dividiam a mesma cabine: Harry, Rony, Hermione, Neville e Soraya divertiam-se, compartilhando as novidades das férias e cumprimentando os amigos que passavam. Mesmo Draco Malfoy deu um discreto aceno de cabeça, percebido apenas por Harry. Nereida já estava em Hogsmeade, aguardando pelo retorno de todos. Ainda haveria muitas coisas a serem feitas, aulas, deveres, Quadribol e a retomada do “Dossiê Voldemort”. Além disso, todos queriam descobrir o que era o tal pacote que Hagrid levara para Hogwarts. E Harry ainda tinha de estabelecer a relação entre “Grindelwald”, “Dumbledore” e “Flamel”.



 



Outra pessoa também estava retornando à Inglaterra, mas por meios trouxas, a fim de passar despercebido para a Bruxidade. No Aeroporto de Heathrow, um homem desembarcou de um vôo vindo de Frankfurt, embora a cidade alemã tivesse sido apenas uma conexão. Seu ponto de partida havia sido a cidade de Tirana.



 



_Fez uma boa viagem, Sr. Partridge? _ perguntou o agente da Alfândega, ao carimbar seu passaporte.



_Sim, fiz. O vôo foi excelente, obrigado.



_Algo a declarar?



_Não, nada. Somente fotos. _ ambos riram.



 



Depois de pegar a bagagem, foi ao banheiro, lavar o rosto. Embora o vôo tivesse sido tranqüilo e suave, ele não estava acostumado a viajar daquela forma.



 



_Como está, Mestre?



_Um pouco tonto, jamais havia viajado de avião na minha vida. Não pretendo repetir, pelo menos não com freqüência.



_Bem, agora já está de volta à Inglaterra. O feitiço que o senhor criou foi bastante eficaz.



_Sim. Agora, vamos para o lugar onde ficaremos, até colocarmos o plano em execução. Segundo os nossos informantes, o que procuramos está mesmo em Hogwarts.



_Sim, Mestre. _ disse o bruxo, olhando-se no espelho e julgando ver a face viperina de seu mestre, sobreposta à sua.



 



O Lorde das Trevas, o Mestre das Serpentes, Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado, o terrível Lord Voldemort estava de volta à Inglaterra para espalhar o terror e o caos.


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