HOGWARTS, FINALMENTE



CAPÍTULO 6



 



HOGWARTS, FINALMENTE



 



 



 



 



 



 



 



Olhando para o castelo de Hogwarts, iluminado contra o céu noturno, não havia como não concordar.



 



_Realmente, é uma vista maravilhosa. – concordei – O senhor é Hagrid, não é? O Ministro Shacklebolt me falou do senhor. Guarda-Caça e professor de Trato das Criaturas Mágicas, um homem que sempre contou com a total confiança de Dumbledore, que Deus e Merlin o tenham em bom lugar.



_Obrigado. Sim, Dumbledore me ajudou muito em minha vida e eu sempre procurei corresponder a essa confiança. – disse Hagrid – Você é o jovem brasileiro, cujo pai está colaborando com o Ministério no desenvolvimento da Tecnomagia, não é?



_Eu mesmo. Carlos Eduardo Kapplebaum, “Kadu”. Vim para Hogwarts, transferido da Sepé Tiaraju, do Brasil. Espero ter um bom sétimo ano.



_Você está em vantagem, eu acho. – disse Hagrid – Pelo que sei, o ano letivo no Brasil começa mais cedo, ali por fevereiro ou março.



_É verdade. – concordei – Mas precisarei assimilar as novidades, afinal de contas, é outro país, um cotidiano diferente. Acho que vai dar certo.



 



A flotilha entrou por uma passagem e atracou no ancoradouro subterrâneo. Desembarcamos e subimos as escadas que conduziam ao saguão, ornado pelas estátuas gêmeas dos javalis e pelas dos quatro Fundadores da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, Godric Gryffindor, Salazar Slytherin, Rowena Ravenclaw e Helga Hufflepuff. Subimos pela escadaria que conduzia às portas do Salão Principal, as quais abriram-se magicamente à nossa aproximação. Seguimos pelo corredor entre as mesas das Casas, notando que o número de alunos era maior do que o usual, fato que eu já notara no trem e paramos em frente à parte mais elevada do salão, onde se encontrava a mesa dos professores, os alunos transferidos um pouco atrás dos calouros, com os capuzes das capas cobrindo as cabeças, ocultando os rostos. Ao fundo, um grande estandarte com o brasão de Hogwarts, um escudo esquartelado em quatro partes, cada uma com o animal-símbolo de cada Casa. Ali estavam o leão da Grifinória, a águia da Corvinal, a serpente da Sonserina e o texugo da Lufa-Lufa, tendo ao centro a letra “H” e abaixo do escudo o motto da Escola: “Draco Dormiens Nunquam Titilandus”, “Jamais Perturbe um Dragão Adormecido”.



À frente da mesa, um parlatório com a forma de uma coruja e ao lado dele um busto de Alvo Percival Wulfric Brian Dumbledore, um dos maiores Diretores que a escola já tivera. Hagrid levantou-se de sua cadeira e foi a uma sala anexa, retornando com um banquinho e um velho chapéu, chamuscado e com vários rasgos. O chapéu foi colocado sobre o banquinho e um dos rasgos se abriu, permitindo que ele falasse com voz firme e clara.



 



“_Ora, não se espantem com a minha aparência/



Pois o que importa é o que tenho para contar./



Se vocês soubessem do que tenho ciência/



Certamente cada um iria se arrepiar./



O que aconteceu nos últimos anos/



Entre aventuras, perigos e batalhas,/



Quer publicamente, quer debaixo dos panos,/



Certamente não poupou nem mesmo as palhas./



A verdadeira face de cada um foi mostrada,/



Muitos feridos, vidas perdidas às levas,/



Valorosos bruxos tiveram sua coragem revelada,/



Naquela violenta guerra contra as forças das Trevas./



Mas, depois da tempestade, vem a bonança/



E surgiu para todos uma nova e grande luz./



O prenúncio de tempos onde a esperança/



Tornará mais leve de cada um a cruz./



Selecionado, portanto, será cada um dos senhores,/



Para a Casa na qual residir sua vocação./



Podem até perguntar quais serão os necessários valores,/



Mas a resposta para cada um está no seu coração./



Pois será preciso ter amor, inteligência, astúcia e coragem,/



Tanto no tempo atual quanto nos que estão por vir/



Para curar as feridas e empreender a viagem/



Em direção à harmonia que todos precisaremos reconstruir.”



 



Os aplausos que ecoaram por todo o Salão Principal não deixaram a menor dúvida de que a mensagem do chapéu havia sido compreendida. Uma bruxa idosa, porém de aspecto forte e um olhar que parecia de aço, levantou-se e parou ao lado do banquinho.



 



_Este é o Chapéu Seletor, que pertencia ao próprio Godric Gryffindor e que foi por ele dotado de inteligência depois que Salazar Slytherin voltou-se para as Trevas e abandonou a escola. Bastará que ele seja colocado sobre suas cabeças e ele saberá para qual Casa enviá-los. Meu nome é Minerva McGonnagall e eu sou a atual Diretora da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Queiram, por gentileza, sentar-se no banquinho à medida que seus nomes forem sendo chamados. Primeiramente os alunos do primeiro ano e por último os transferidos.



 



Os alunos do primeiro ano foram sendo selecionados. Daqueles que viajaram comigo na mesma cabine, Fauntleroy foi selecionado para a Lufa-Lufa e Prince para a Sonserina. Então, chegou a vez dos transferidos. À medida que éramos chamados, descobríamos as cabeças e sentávamos no banquinho. Então, chegou a minha vez.



 



_Da Escola de Magia Sepé Tiaraju, Brasil, o Sr. Kapplebaum, Carlos Eduardo. – disse a Diretora.



 



Sentei no banquinho e o chapéu de Godric Gryffindor foi colocado sobre a minha cabeça. A voz dele foi então ouvida.



 



_Jovem Sr. Kapplebaum, que prazer tê-lo em Hogwarts. Seu pai está sendo de grande ajuda para fazer com que a Bruxidade aceite a Tecnomagia. Meus parabéns.



_Obrigado, chapéu. Como pretende me selecionar?



_Ora, eu já disse durante a canção. A resposta está no coração de cada um. No seu caso, por exemplo, qualquer uma das quatro Casas poderia ser a extensão do seu lar, aqui na escola. Para onde gostaria de ir?



_Bem, a minha vontade, desde que tomei conhecimento de Hogwarts e estudei sobre a escola, foi ir para a Grifinória. Li muito sobre Godric Gryffindor e, sem desmerecer as outras Casas, é para lá que eu gostaria de ir. Mas só se você me julgar digno.



_Quanto a isso, não paira a menor dúvida. – disse o chapéu – Então, que seu destino seja a GRIFINÓRIA!



 



Os colegas me receberam calorosamente na mesa dos Leões e logo em seguida a Diretora McGonnagall fez uso da palavra.



 



_Como vocês já devem ter percebido, o número de alunos está maior do que o normal. – disse ela – Devido aos acontecimentos do último ano, a batalha contra os Death Eaters e o fim de Lord Voldemort, os estudos sofreram um grande desvio curricular (“Incluindo Amycus e Alecto Carrow, ensinando os alunos a lançarem Maldições Imperdoáveis”, sussurrou uma garota de cabelos castanhos ao ouvido do namorado, um ruivo, na mesa da Grifinória). Então, foi feita a proposta aos alunos, para novamente cursarem o ano em que estavam. Nem preciso dizer que todos aceitaram, de todas as Casas. E isso me deixa feliz e honrada, pois espero que todos tenham um excelente ano e que os sonserinos tenham aprendido a lição, depois que Lord Voldemort foi derrotado por Harry Potter. Aliás, bem-vindos de volta, todos vocês, Inseparáveis. Seu esforço foi fundamental para a vitória.



 



O grupo que estava perto de mim na mesa e que foi apontado pela Diretora, do qual faziam parte a garota de cabelos castanhos e o ruivo, agradeceu a ela pela lembrança; Foi então que eu prestei atenção e vi quem eram. Como ele estava com a cabeça abaixada, falando ao ouvido da namorada, não havia percebido que Harry Potter e Gina Weasley estavam bem ao meu lado.



 



_Não podemos nos esquecer daqueles que deram a vida nos combates contra a Ordem das Trevas, quer nos Dias Negros, quer na Segunda Ascenção de Voldemort. Citar todos pelo nome seria impossível e é certo que eu acabaria por cometer alguma injustiça, me esquecendo de alguém. Porém, há dois nomes que de forma alguma podem deixar de ser mencionados. Um deles é Alvo Dumbledore, cujo papel é conhecido por todos. O outro é um homem que muitos poderão lembrar como o homem que o matou, revelando grande desconhecimento dos fatos. Sim, Severo Snape matou Alvo Dumbledore, mas na verdade o fez seguindo instruções do próprio Dumbledore. Na verdade, poucos bruxos foram tão fiéis a Dumbledore quanto Severo Snape, que passou anos colocando sua vida em risco como agente infiltrado entre os Death Eaters. Na verdade, posso dizer que de todos os que possuíam a Marca Negra, a de Severo devia ser a mais dolorida. Seu verdadeiro papel será citado em um dos próximos volumes de “Hogwarts, uma História” e a justiça lhe será feita.



 



Tomou um gole de água e concluiu.



 



_E, por último, queria ressaltar que a Bruxidade está entrando em uma nova era, com o advento da Tecnomagia. Minha opinião pessoal é de que ela é uma coisa muito boa, uma novidade que vai ajudar a nos inserir no mundo contemporâneo, facilitar o nosso cotidiano e, quem sabe, um dia nos aproximar dos trouxas ao ponto de recuperar a harmonia que se perdeu. Mas muitos segmentos não compartilham deste ponto de vista e poderão se opor, alguns até de maneira radical, como já tem acontecido e o jovem Sr. Kapplebaum já chegou a protagonizar algumas situações. O fato é que ela veio para ficar. Muito obrigado pela paciência e, sem mais delongas, vamos ao nosso jantar. A grade de horários está afixada nos murais das Casas. Bom apetite.



 



As travessas se encheram com as deliciosas realizações dos elfos domésticos e todos trataram de prestigiá-los. Então, Harry falou:



 



_Estou te reconhecendo. Você estava no Ministério, no dia do julgamento de Lucius Malfoy. Cruzamos no corredor e nos cumprimentamos. Então você é Kapplebaum, seu pai está colaborando com o Ministério, ajudando o Sr. Weasley no desenvolvimento da Tecnomagia.



_Sim, sou eu mesmo. – disse – Todos os meus amigos me chamam de “Kadu” e gostaria de incluir vocês nesse grupo.



_Ficaria honrado com isso. – disse ele – Meu nome é...



_... Harry Potter. – completei – Estudamos os fatos da Segunda Ascensão de Voldemort, no Brasil e posso dizer que o que vocês fizeram não é para qualquer um. Eu o reconheci, lá no Ministério e tive a sorte de conversar com vários que o conheceram. A honra é toda minha, Harry.



_Conheça a nossa turma, Kadu. Gina Weasley, minha namorada, que você também viu no Ministério. Rony Weasley, irmão dela e sua namorada, Hermione Granger. – e Harry me apresentou o casal que eu havia visto fazer comentários aos sussurros, ainda há pouco – Neville Longbottom e sua namorada, Luna Lovegood, que está ali na mesa da Corvinal.



 



Cumprimentei aos que estavam na mesa da Grifinória e acenei para Luna, que respondeu. Depois do jantar, quando estávamos indo para a Torre da Grifinória...



 



_Então seu pai está trabalhando com o meu, no Ministério. Espero que tenham sucesso. – disse Rony.



_Mas alguns radicais anti-Tecnomagia já tentaram pegar você, não foi? Eu soube do que aconteceu no Beco Diagonal. – disse Gina.



_Ouvimos uma explosão, durante a viagem. – disse Hermione – Não teria sido algum tipo de atentado contra o Expresso de Hogwarts ou uma tentativa de pegar você?



_Acho que um pouco de cada, Hermione – disse – Mas, para todos os efeitos, foram alguns malucos pescando com bombas. Espero que engulam essa.



_Como é o currículo na Sepé Tiaraju, Kadu? – perguntou Neville.



_A maior parte das disciplinas coincide com Hogwarts, mas há algumas peculiaridades, Neville. Por exemplo, temos algumas que têm a ver com o Rio Grande do Sul e suas tradições, tipo História, Danças de Salão, Doma de Montarias e também outras para Segurança e Defesa, como Artes Marciais e Manejo de Armas. Além disso, também jogamos Futebol, além do Quadribol.



_Parece ser bem legal. – disse Rony – Eu aprendi a gostar de Futebol com Dean Thomas, outro de nossos colegas. Embora seja uma criação inglesa, o Brasil transformou esse esporte em um estado de arte... ei, Kadu, o que houve?



 



Um alvoroço em um ponto do corredor chamou a minha atenção. Quatro alunos, um de cada Casa, encurralaram um sonserino. Draco Malfoy. Um filete de sangue escorria do canto de sua boca, onde fora atingido por um soco que deixara seus lábios inchados.



 



_Por que foi que você voltou? – perguntou Tim Whigfield, do quarto ano da Grifinória, apontando a varinha para Draco.



_E por sua causa, Vince está morto. – disse Gregory Goyle – Eu não poderia deixar isso passar em branco. Você nos convenceu a embarcar naquela baita furada.



_Nem vem, Greg. – disse Draco, com firmeza – Você, Vince e todos os outros entraram naquilo pelas mesmas razões. Voldemort (os outros ainda tremiam à menção do nome do bruxo) nos obrigou a todos. Ameaça, chantagem, Maldição Imperius, ele usou de todos os meios.



_Mas você franqueou a entrada dos Death Eaters em Hogwarts, através do Armário Sumidouro, que estava na Sala Precisa. – disse Frakes, do quinto ano, da Corvinal, com um olhar de ódio – Graças à sua ajuda, Dumbledore acabou sendo morto.



_Seu pai torturou minha mãe, pessoalmente. – disse o jovem Pasternak, da Lufa-Lufa – Descobri isso remexendo anotações do meu pai, que é Auror.



_Chega de pegar leve. – disse Whigfield – Posso ser expulso, mas Draco Malfoy vai sofrer pelo menos um pouco daquilo que o pai dele fez os outros passarem... AAAAAIIIIII!!!!!



 



Uma dor lancinante na mão fez com que Whigfield soltasse a varinha.


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