SURPRESAS DO LIVRO



CAPÍTULO 9



 



SURPRESAS DO LIVRO



 



 



 



 



 



 



Depois de um rápido banho quente para relaxar os músculos doloridos, descemos para a aula de Poções. O Prof. Slughorn já estava aguardando a turma, sorrindo ao ver que os velhos companheiros da batalha final contra Voldemort estavam todos ali.



 



_Olá, Harry. Você me parece muito bem.



_Na medida do possível, Prof. Slughorn. – disse Harry – Afinal de contas. ninguém passa pelo que passamos sem carregar algumas cicatrizes de lembrança. E nem todas elas visíveis como a da minha testa.



_Vejo que este jovem recém-chegado já travou amizade com vocês. Jovem Sr. Kapplebaum, pode acreditar que não poderiam existir melhores amigos em todo este mundo. Harry Potter não é apenas “O Menino que Sobreviveu”, mas também é uma pessoa de excelente índole e um bruxo totalmente do bem. Dumbledore, que Deus e Merlin o tenham em bom lugar, não teria tanta estima por ele se assim não fosse.



_Já tive provas disso, Prof. Slughorn. – disse – Além de que eu acredito que os últimos acontecimentos serviram para expor o melhor de cada um.



_Sim, é verdade. Mas eu também soube o quanto o senhor é especial.



_Nem tanto. Apenas faço o que deve ser feito e não gosto de injustiças nem de arrogância ou “bullying”. Draco pode ter feito muitas coisas, mas nunca colocou a vida de ninguém em risco e não e responsável pelos atos do pai dele.



_Concordo. – disse oProf. Slughorn – Bem, vamos tentar retomar a sequência do curso, que foi interrompido pelas ações da Ordem das Trevas. Pelo que eu me lembro, Harry estava surpreendendo no preparo de poções.



_Acho que não tenho todo o mérito, Prof. Slughorn. – disse Harry, meio sem jeito – Grande parte do meu desempenho veio do que aprendi no livro que utilizei no sexto ano. Ele pertenceu ao Prof. Snape e tinha várias anotações de macetes que ele descobriu ou desenvolveu para melhorar o rendimento do preparo das poções, além de feitiços de sua própria criação.



_Acho que eu me lembro desse livro. – disse Slughorn – Severo vivia mesmo fazendo anotações nele durante todo o curso. Ele era parceiro de caldeirão de sua mãe, nas aulas. Já Tiago vivia aprontando pegadinhas e logros, com seu parceiro de caldeirão...



_... Sirius. – disse Harry – Os dois eram terríveis, pelo que já me contaram.



_Exato. – concordou Slughorn – Nunca mais vi o livro, depois que Severo se formou. Não imaginava que ele o tivesse deixado e que acabasse indo parar com você. E o que aconteceu?



_Meio complicado. – disse Harry – o livro trouxe muitos problemas, então Gina o escondeu na Sala Precisa e ele acabou se queimando, quando Crabbe invocou aquele “Fiendfire”. Alguma coisa eu memorizei, então acho que dá para desempenhar bem.



_Então, vamos começar a aula de hoje preparando uma coisa meio complicada, “Veritaserum”. Os ingredientes estão no armário. A fórmula e as instruções de preparo (e Slughorn fez um movimento de varinha) estão no quadro. Ao final de sua maturação, testaremos.



 



Ao final da aula, o Prof. Slughorn inspecionou os caldeirões e conferiu quais aqueles que tinham mais possibilidade de terem a poção corretamente preparada. Então, separou sete caldeirões e transferiu seu conteúdo para frascos, com os nomes das duplas.



 



_Bem, estes oito estão com a aparência de água pura que o Veritaserum deve ter. Vejamos as duplas... Harry e Rony, Hermione e Neville, Parvati e Padma, Anna e Theo, Seamus e Dean, Pansy e Millicent, Blaise e Goyle e Kadu e Draco. Os frascos têm proteção mágica contra adulteração, portanto não tenham ideias estranhas. Agora, vamos falar sobre outras poções. Lembram-se das que eu lhes mostrei, quando vocês estavam no sexto ano?



_Claro, professor. – disse Hermione – O senhor nos mostrou a “Felix Felicis”, a “Amortentia” e outras mais.



_A “Felix Felicis” foi muito útil. – disse Rony – Harry fez com que eu pensasse ter tomado um pouco, antes do jogo de Quadribol. Só depois que eles me contaram que meu desempenho no jogo foi legítimo.



_E ainda bem que foi um truque, pois sobrou o suficiente para as garotas tomarem, quando Bellatrix e os outros invadiram Hogwarts. – disse Harry.



_Já a “Amortentia” quase me matou. – disse Rony.



_Eu me lembro. – disse Slughorn – A jovem Romilda Vane carregou uma caixa de bombons com ela e mandou de presente para Harry. Você acabou experimentando alguns e sofreu os efeitos.



_Mas como isso pode quase ter matado Rony? – perguntei.



_Essa eu respondo, Kadu. – Draco falou, bem sem jeito – Voldemort ameaçou meus pais e me mandou dar um jeito de matar Dumbledore e eu tentei, mas sempre de modo a deixar alguma falha, mas eu não esperava e não queria que ninguém mais fosse atingido.



_Mas infelizmente foram. – disse Hermione.



_É verdade. – disse Draco – Katie Bell quase morreu ao tocar naquele colar de opalas amaldiçoado. Eu usei uma Maldição Imperius nela, para que levasse o colar para Dumbledore mas, ao mesmo tempo, mandei um bilhete anônimo para ele. Graças ao preparo em Oclumência, nenhum Death Eater soube de nada, mas a sacola tinha um pequeno furo, através do qual ela acabou tendo contato com a joia.



_E quanto a Rony Weasley? O que a “Amortentia” teve a ver para que ele quase tivesse morrido? – perguntou Goyle, que se aproximara, curioso com o assunto.



_Rony estava sob efeito da poção, apaixonado por Romilda Vane, então eu o levei até o Prof. Slughorn, para tomar um antídoto – disse Harry – E em seguida, como Rony não estava se sentindo muito bem, o Prof. Slughorn abriu uma garrafa de Hidromel e nos serviu um cálice. Rony tomou um gole e quase morreu, envenenado.



_Mais uma das missões de Voldemort. – disse Draco – Mandei um Hidromel envenenado para Dumbledore, como um presente anônimo. Mas também mandei um aviso, só que não precisou. De alguma forma, a garrafa foi parar no bar do Prof. Slughorn. Soube depois que você o salvou, Harry. Como foi?



_Procurei por um bezoar no armário do Prof. Slughorn e, quando encontrei, forcei Rony a engolir. Ele logo se recuperou, felizmente. Ainda bem que me lembrei da dica que havia no livro de Snape.



_É, pena que o livro se perdeu. – disse Rony.



_Que nada, Rony. – disse Hermione – O “Sectumsempra”, com que Harry quase matou Draco sem querer, também era dica do livro.



_Se não fosse por Snape, Draco teria morrido. – disse Harry – E teria sido por minha culpa.



_Considerando que eu lancei meus feitiços com intensidade total, eu é que poderia ter acabado te matando, Harry. – disse Draco, envergonhado.



_Já passou, Draco. – disse Harry – Se ficarmos pensando assim, vamos acabar meio que dando a vitória a Voldemort, mesmo que ele tenha morrido.



 



Slughorn encerrou a aula e dispensou os alunos. Ao final do turno, enquanto aguardavam a hora do jantar, deixamo-nos ficar no pórtico, conversando sobre vários assuntos, o pessoal bastante curioso com os costumes e tradições gaúchos. Aos poucos estavam começando a tolerar e logo mais, a aceitar a companhia de Draco, compreendendo que o que ele havia feito tinha sido através de coação, chantagem e ameaça.



 



_Eu não podia evitar, gente. – disse Draco – O tempo todo ele me lembrava que poderia matar meus pais quando quisesse. E com aquilo ele me manipulava de todas as maneiras. Tia Bella deixou bem claro que, se ele ordenasse, ela daria um fim na própria irmã. Meu pai é um bruxo relativamente poderoso, mas não tinha como reagir, a diferença de nível era muito grande.



_Mas agora acabou. – disse Neville – Nossa principal tarefa será reconstruir o que foi estragado por eles, recolocar as coisas no lugar.



_E para isso, precisaremos da ajuda e do esforço de todos. Não vai dar para fazer nada sozinhos. – disse Luna – Cada um deverá descobrir qual é a sua parte e fazer o possível.



_Creio que a nossa, por enquanto, deverá ser concluirmos os estudos e depois colaborarmos com o Ministério, dentro de nossas áreas. – disse Gina, abraçada a Harry, pensativa – Bons profissionais e bruxos de bem.



 



Naquele momento, Harry respirou fundo e ajeitou os óculos no rosto.



 



_Amigos, eu não fui completamente sincero quando disse que o livro se perdeu no incêncio da Sala Precisa. – disse ele.



_Acho melhor providenciar algo para fazer a conversa fluir com mais facilidade, gente. “Illex! Thermo!” – eu disse e, em um instante, um chimarrão conjurado estava no meio da roda e a cuia passava de mão em mão.



_No meio daquela confusão que aconteceu depois que Crabbe invocou o Fiendfire, acabei tropeçando em uma caixa e vi que foi nela que Gina havia escondido o livro de Snape. Sem me dar por conta, guardei o livro dentro da jaqueta e depois que tudo terminou, coloquei no meu malão.



_Mas aquele livro é perigoso se não souber como usá-lo. – Hermione observou, com cara séria.



_Por isso eu conto com vocês, para que utilizemos com critério aquele “Grimório do Príncipe Mestiço”. – disse Harry – Eu não li todo o livro, mas tenho certeza de que o Prof. Snape deixou muito mais do que pode parecer. E vamos descobrir juntos, todos nós.



_Oi, gente. Não pude deixar de ouvir a conversa e queria saber se posso me juntar, nem que seja para tomar o chimarrão do Kadu. – ouviu-se uma voz e uma garota do primeiro ano aproximou-se.



_Seja bem-vinda, Nereida. – disse, oferecendo a cuia – Gente, para quem não conhece, esta é Nereida Prince, do primeiro ano. Viajamos na mesma cabine, no Expresso de Hogwarts e tivemos uma conversa bem interessante, junto com outros alunos.



_Sabem, os bruxos que são contra a Tecnomagia já criaram um nome para si próprios. – disse ela, fazendo a cuia roncar e devolvendo para mim.



_E qual é ele, Nereida? – perguntei.



_Saiu na edição de hoje do “Profeta”. – disse ela, pegando o jornal e estendendo-o para nós – Eles se auto-intitularam “Anti-Techs” e utilizaram esse nome no manifesto que enviaram ao Ministério.



_Vamos realizar uma sessão de estudos após o jantar, para revisar as aulas do dia. – disse Luna – Está a fim de participar, com mais alguns colegasdo primeiro ano?



_Eu gostaria muito, poder estudar com vocês, bruxos mais experientes e que tiveram seus talentos provados em batalha... ei, você é Luna Lovegood, filha do dono e Editor do “Pasquim”! Adoro aquela revista. – disse Nereida, ao ver com quem é que estava conversando – Algumas verdades precisam ser procuradas em meios de comunicação pouco convencionais, pois a maioria das pessoas não está preparada para elas.



_Já comecei a gostar de você. – disse Luna, sorrindo – De onde você é, Nereida?



_Minha família é de Yorkshire. – respondeu Nereida – A gente se vê na Biblioteca, após o jantar. Obrigada pelo chimarrão, Kadu.



 



Nereida saiu e nós terminamos a térmica. Depois de fazer o material desaparecer, fomos para nossas Casas, a fim de guardarmos os livros e depois irmos ao jantar. Depois, estávamos todos na Biblioteca, prontos para fazer a revisão das aulas do dia e bastante motivados, principalmente em Defesa Contra as Artes das Trevas. Vimos que poucos tiveram a mesma ideia.



 



_Nem quero ver quando eles se derem por conta de que estarão deixando a matéria acumular. – disse Rony, em voz baixa.



 



Cumprimentamos Madame Pince e fomos para uma mesa em um canto bem tranquilo, onde ninguém nos perturbaria. Dali a pouco, chegaram Nereida e Fauntleroy.



 



_Boa noite. – disse Fauntleroy – Nereida me disse que vocês a convidaram para um grupo de estudos e gostaria de participar, se vocês não se importarem.



_Sejam bem-vindos. – disse Hermione – Vamos começar, então? Bem, eu soube que a Profª McGonnagall começou com transfiguração básica. Palitos de fósforos em alfinetes, besouros em botões, coisas assim. Não tem muita dificuldade, o “Vera verto” tem que ser pronunciado com clareza e o movimento de pulso da varinha tem que ser assim...



 



Depois de revisarmos as matérias de nossos anos, demo-nos ao luxo de um período de folga, conversando sobre vários assuntos. Certa hora...



 



_Lembram-se do livro de que eu falei? – Harry levantou a questão.



_O que você salvou de virar cinzas? – perguntou Draco.



_O próprio. – concordou Harry – Aqui está ele.



_Parece que já foi bastante manuseado. – disse Fauntleroy – O que ele tem de especial?



_Ah, sim, você não estava conosco hoje à tarde, quando falamos dele. Este livro pertenceu ao Prof. Snape e está cheio de anotações e macetes para facilitar o preparo de poções e potencializar seus efeitos – disse Rony.



_Severo Snape? – perguntou Fauntleroy – Uau! Esse livro deve ser uma baita fonte de informações.



_Realmente é. – disse Harry – Só que eu não soube usar direito e quase matei Draco. Mas agora que consegui recuperá-lo, quero utilizá-lo com mais critério e sabedoria. Para isso, sei que posso contar com todos, principalmente Hermione, que tem a cabeça mais no lugar.



_Sem problemas. – disse Hermione – Vamos estudá-lo com cuidado e descobrir o que ele pode nos trazer de bom. O Prof. Snape era muito inteligente, deve ter encriptado muitas informações.



 



Nereida aproximou-se para ver melhor o livro e Harry o estendeu para ela.



 



_Aparentemente é um livro de Poções comum e bem manuseado, mas as anotações que o Prof. Snape deixou me ajudaram muito no preparo. – disse Harry, enquanto Nereida pegava o livro.



 



O que aconteceu em seguida foi algo de surpreendente e mais que depressa, Hermione lançou vários Feitiços de Privacidade ao redor da mesa que ocupavam, para não chamar a atenção de Madame Pince e dos outros poucos alunos que estavam na Biblioteca.



O livro começou a brilhar e uma pequena abertura surgiu entre as páginas, fazendo com que Harry se lembrasse do diário de Tom Riddle, no qual entrara para ver as lembranças dele, antes de saber que era Lord Voldemort, mas aquilo foi diferente. Em vez da abertura se tornar uma janela para o interior de lembranças, ela foi se ampliando e deu passagem a uma figura em princípio diáfana, mas que foi se tornando translúcida, até tornar-se semi-sólida. Um homem alto e magro, de pele pálida, nariz adunco e com cabelos negros e oleosos. Todos os alunos olhavam para aquilo, boquiabertos.



 



_Prof. Snape! – exclamou Rony.



_P-papai. – disse Nereida em voz tão baixa, que era quase inaudível.



 



Foi a vez da jovem sonserina do primeiro ano ser o alvo de todos os olhares.


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