VISITA A HOGSMEADE



CAPÍTULO 13



 



VISITA A HOGSMEADE



 



 



 



 



 



Conforme o Dia das Bruxas ia se aproximando, também aumentava a ansiedade dos alunos pela primeira visita do ano a Hogsmeade. Eu já havia ouvido falar do povoado e dos lugares especiais. A Casa dos Gritos, que depois veio a público ser o local onde Remus Lupin ficava quando se transformava em Lobisomem, antes que os Marotos adquirissem a habilidade da Animagia. A Casa de Chá de Madame Pudifoot, local preferido dos casais apaixonados. O Três Vassouras, Pub de propriedade de Madame Rosmerta, frequentado pela maioria dos bruxos, quer jovens quer adultos. A doceria Dedosdemel, com doces que os trouxas sequer imaginariam existir. E também o outro Pub, frequentado por um pessoal mais... “alternativo” e, muitas vezes, meio suspeito, o Cabeça de Javali,de propriedade de Aberforth Dumbledore, irmão de Alvo e bruxo bastante poderoso, com relevante papel na Batalha de Hogwarts.



No dia da visita, Argus Filch e a Diretora McGonnagall estavam na saída para a ponte (reconstruída, depois da sua destruição durante a batalha), conferindo se os alunos menores de idade estavam com as autorizações de seus responsáveis todas em ordem. Era um problema que já não nos preocupava, pois todos nós, inclusive Gina e Luna, já havíamos passado dos dezessete anos. Então chegou a nossa vez.



 



_Vejamos, parece que está tudo em ordem. – disse Filch – Todos já maiores de idade. Granger, Kapplebaum, Longbottom, Lovegood, Malfoy... que novidade, você em companhia dessa turma... Parkinson... você também? Ora essa, mas isso também é uma surpresa para mim. Potter, Weasley e Weasley. Cheiro de confusão a caminho.



_Deixe de ser chato e libere a passagem deles, Argus. – disse a Diretora, tomando a frente – Preocupe-se em conferir as autorizações dos menores.



_Está bem, Diretora. – disse Filch, enquanto íamos passando.



 



A estrada que levava a Hogsmeade estava movimentada, devido ao maior número de alunos que iria ao povoado. O tempo estava começando a ficar mais fresco, afinal de contas já era 31 de outubro e logo o frio começaria a pegar. Embora acostumado com as temperaturas do Sul do Brasil, acabei recorrendo a uma jaqueta um pouco mais impermeável, uma tática camuflada leve e quente, em um material que estava começando a ser utilizado por várias forças armadas e que era conhecido pelo nome de “Sharkskin”. O fato não passou despercebido aos colegas.



 



_Que jaqueta diferente, Kadu. – comentou Pansy – Eu nunca havia visto algo assim.



_É uma jaqueta militar, Pansy. – expliquei – Vários países estão adotando e ela é bastante confortável e quente.



_Acho que já cheguei a ver alguns dos Royal Marines utilizando-as no último inverno, quando estivemos procurando as Horcruxes. Havia uma tropa acampada na Dean Forest quando estivemos lá nos escondendo dos Death Eaters, depois que fugimos da Mansão Black. – disse Hermione.



_Sim, eu os vi depois que deixei vocês, quando estava no surto de raiva pela influência da Horcrux. – disse Rony – Ela parece ser mesmo bem confortável, Kadu.



_E bem leve também, Rony. Vejam, estamos chegando. – para eles era comum, mas para mim era uma novidade.



_Já estava com saudades de Hogsmeade, depois de todo aquele stress do ano passado. – disse Harry.



_Você até pode chamar de stress, mas passar o ano procurando pelas últimas Horcruxes, fugindo de Death Eaters e lutando com Voldemort no final certamente foi muito mais do que isso. – comentei.



_Termos vencido, sobrevivido e agora procurarmos ajudar a Bruxidade a seguir um caminho novo certamente fará a vida valer a pena. – Hermione estava contente, pois havia tido notícias dos pais, que haviam sido localizados na Austrália depois dela ter apagado suas memórias. Em breve, agentes do Ministério iriam desobliviá-los.



 



Todos concordamos e logo estávamos entrando em Hogsmeade. O primeiro lugar que me levaram para conhecer foi a Zonko’s, a loja de logros e brincadeiras. Como todos os estabelecimentos comerciais, tiveram uma baixa no movimento no ano anterior, durante o período de domínio da Ordem das Trevas. Mas graças a uma parceria com Jorge Weasley os negócios estavam melhorando. Eu me diverti muito com a variedade de objetos e acabei comprando alguns (mal sabia como seriam úteis). Em seguida, fomos à Dedosdemel e de lá para o Pub Três Vassouras. Madame Rosmerta estava ao balcão e nos cumprimentou, enquanto nos dirigíamos à mesa que Harry e os amigos costumavam ocupar. De uma mesa vizinha, uma bela garota de cabelos escuros e um tanto pálida, fez um sinal para Draco e ele foi ver o que ela queria. Pansy permaneceu em nossa mesa, sentada ao meu lado.



 



_Estranho. – comentou Neville – Eu não sabia que Draco conhecia Astoria.



_Quem? – perguntou Gina.



_Astoria Greengrass. – respondeu Neville – Irmã mais nova de Daphne Greengrass, do nosso ano, ambas da Sonserina. Astoria entrou dois anos depois de nós.



_De onde você a conhece, Neville? – perguntou Luna.



_Do St. Mungus. – respondeu Neville – Algumas vezes, quando ia ver meus pais, eu a encontrava, em companhia de sua família.



_Os Greengrass são uma das vinte e oito famílias que possuem linhagem de sangue puro há muitas gerações, praticamente a perder de conta. – Rony comentou.



_Assim como a sua, não é, Pansy? – perguntou Gina.



_Sim, mas eu já não penso muito nisso, de um tempo para cá. E olha que eu me sinto bem melhor assim, Gina. – disse ela. Sem que percebêssemos, nossas mãos se tocaram por baixo da mesa e os dedos se entrelaçaram – Repensei minha vida e cheguei à conclusão que muitas coisas não tinham significado, principalmente a obsessão por pureza de sangue. Mas, quanto a Astoria, há uma razão para ela ir frequentemente ao St. Mungus.



_E qual seria, Pansy? – perguntou Harry.



_Há rumores de que, em algumas gerações, uma ou mais mulheres da família Greengrass manifestam uma doença do sangue, tipo uma anemia profunda, devido a uma ancestral que foi amaldiçoada. – respondeu Pansy.



_E nesta geração Astoria é portadora, ao que parece. – comentei.



_Isso mesmo. – concordou Pansy – Por isso as frequentes consultas e internações.



_Draco parece gostar muito da companhia dela. – comentou Luna.



_Parece que eles andaram se encontrando com certa frequência, depois da derrota de Voldemort. – disse Pansy, sem tremer ao mencionar o nome do bruxo, como muitos ainda faziam – Estranho, no começo eu cheguei a pensar que isso me incomodaria, mas não me incomoda nem um pouco. Aprendi a superar aquela paixão obsessiva e hoje ele é um bom amigo.



_Sim, eu soube que ela deu um grande apoio a ele, depois que Lucius foi preso. – disse Gina – E isso deve tê-los tornado bem próximos.



_Acho isso ótimo. – disse Harry – Mesmo depois de todos esses anos de rivalidade e, creio eu, até mesmo um pouco de ódio mútuo, a reconstrução de nossas vidas é algo que todos nós merecemos.



_Todos nós. – concordou Gina, beijando Harry enquanto todos riam do olhar de “irmão mais velho ciumento” de Rony.



 



Naquele momento, Madame Rosmerta chegou com os pedidos. Após um brinde, tomamos um gole da deliciosa cerveja amanteigada.



 



_Se você estivesse no Brasil, o que estaria fazendo agora, Kadu?



_Olha, Neville, como é fim de outubro, estaríamos nos preparando para as provas finais. Nosso ano letivo começa em março. Depois das provas, mais ou menos perto do final de novembro, quem não pegasse recuperação já estaria em férias. Eu, pessoalmente, pegaria uma Chave de Portal para Porto Alegre e de lá sairia para um passeio pelo Uruguai.



_Meios mágicos? – perguntou Pansy.



_Não, eu iria de carro, pois já tenho habilitação. É um passeio muito bonito, ir pela rodovia até Chuí, entrar no Uruguai e ir até Montevidéu, Colônia de Sacramento e Punta del Este. Passar uns dias e atravessar o Uruguai, saindo por Rivera e passando mais alguns dias em Santana do Livramento. Depois voltar para Porto Alegre e, no auge do verão, ir surfar em Santa Catarina, mais especificamente em Garopaba. De lá dá para sair para várias praias.



_Claro que na fronteira não dá para não fazer uma visitinha às Zonas Francas de Chuy e Rivera, não é? – perguntou Hermione.



_Me pegou, Mione. – concordei, rindo – Ninguém resiste a uma comprinha, principalmente com o dólar em uma cotação favorável. Se for até Jaguarão, também tem a Zona Franca de Rio Branco. E fora isso ainda tem a Serra, com o Vale dos Vinhedos, bonito em qualquer época, mas muito mais gostoso no nosso inverno, principalmente em junho e julho. Visitas às vinícolas, com degustação orientada por enólogos e Sommeliers, a gastronomia da Serra, herança dos imigrantes, principalmente italianos... vale a pena.



_Acredito que a vida vai ficar bem mais leve, agora que Voldemort se foi e a Ordem das Trevas está sendo desmantelada. – comentou Luna – Com isso, será possível viajar mais e conhecer outros lugares. Isso se não surgir algum outro que se ache no direito de reivindicar o lugar dele.



_Espero que não, Luna. – disse Neville – Já tivemos problemas demais, desde os dias da primeira ascensão de Voldemort, os Dias Negros.



_Chega de tristeza, gente. – falei – Considerem-se meus convidados para conhecerem o Rio Grande do Sul nos feriados de Natal e Ano Novo, para fugirem um pouco do frio.



_Como assim? – perguntou Gina.



_Hemisfério Sul, Gina. – disse Pansy – Lá vai ser verão e é bem quente, mesmo que esteja mais próximo do Círculo Antártico do que da linha do Equador.



_Pansy tem razão. – concordei – Mas o inverno também é intenso.



_Eu li que há lugares onde chega a nevar. – disse Hermione.



_São José dos Ausentes, Urupema e São Joaquim são exemplos. Cambará do Sul, com os canyons, também é um lugar bem frio. E então, conto com vocês?



_Para Porto Alegre? – perguntou Harry – Sem dúvida. Depois de tanta tensão e tantos perigos, será ótimo.



_Está certo. Assim que chegarmos a Londres, utilizaremos uma Chave de Portal.



_Papai poderá dar uma palavrinha ao Ministro Shacklebolt, para reduzir um pouco a burocracia. Afinal de contas, seremos muitos. – disse Rony.



 



De acordo com o que Borges me contou...



 



Enquanto resolvíamos o nosso roteiro de férias, os acontecimentos se desdobravam. Em Londres, Borges e Fletcher estavam tendo uma conversa amigável. Era a pura verdade pois, conhecendo a fama do Auror e com o medo que tinha de Molly Weasley, o bruxo vigarista achou melhor não sonegar nenhuma informação.



 



_Tem certeza de que é isso mesmo, Sr. Fletcher? – perguntou Borges.



_Pode me chamar de “Mundungus” ou de “Dunga”. Creio que já passamos do estágio das formalidades. – disse Fletcher – Esses tais “Anti-Techs” estão planejando coisa grande e os alvos são vários, todos eles relacionados com diversos aspectos da Tecnomagia. Dois deles eu nem preciso dizer quem são.



_Sim, nem precisa. – disse Borges – Arthur Weasley, que é um dos pioneiros nessa área, desde que começou a enfeitiçar objetos trouxas por curiosidade. E o outro é o engenheiro trouxa que colabora com o Ministério, o Sr. Kapplebaum. O filho dele chegou a ser meu aluno, na Sepé Tiaraju. Ainda bem que Kadu sabe se defender.



_Se ele foi seu aluno, certamente sabe. – disse Jorge, que acabara de chegar com um pequeno lanche – Não dá para conversar coisas importantes de barriga vazia, é o que minha mãe sempre diz.



_Eu já estava com saudades da comida de Molly Weasley. A última vez que provei foi... – e Mundungus Fletcher deixou a frase incompleta.



_... Antes de saírem para aquela operação de resgate de Harry, com os sósias. – completou Molly, que acabara de entrar – Você é um pilantra, Dunga. Mas sempre foi contra as Trevas. Por isso Arthur gosta de você.



_Vindo de você, Molly, é o maior elogio que eu poderia receber. Bem, como eu dizia, a identidade do tal “Toco de Vela” é um segredo fortemente guardado, assim como a do líder dos “Anti-Techs” radicais, que não são mais do que uma fachada para um ressurgimento da Ordem das Trevas. E o tal descendente do Você-Sabe-Quem...



_Voldemort. – disse Molly – O desgraçado já morreu e mesmo antes de morrer a língua não caía se alguém dissesse o nome dele.



_Certo, certo. – concordou Mundungus – Esse é outro segredo guardado a sete chaves. Quase ninguém sabe da sua existência e mesmo entre esses, ninguém sabe se é filho ou filha.



_Pelo que descobrimos, a mãe era Bellatrix. – disse Borges.



_E aquela lá não volta para contar. – disse Jorge – Mamãe se encarregou disso.



_Não me orgulho daquilo, gente. – disse Molly – Fiz porque precisava, mas não posso negar que me deu certa satisfação em livrar o mundo daquela praga. Acho que agora Sirius poderá descansar em paz.



_Mas parece que esse descendente misterioso também teria um papel importante na nova Ordem das Trevas. – disse Dunga.



_Então são dois mistérios a resolver. – disse Jorge – O “Toco de Vela” e o descendente misterioso. Dunga, continuaremos a precisar de você e de seus contatos no submundo.



_OK. Além de não ter alternativa (e Mundungus Fletcher olhou para Borges e Molly), a última coisa que eu quero é ter a Ordem das Trevas de volta.



 



Alheios a esse diálogo, nós continuávamos a nos divertir no Três Vassouras. Draco e Astoria vieram para a nossa mesa e ele a apresentou a mim.



 



_Fico contente em conhecer o colega que evitou que Draco fosse agredido sem merecer. – disse Astoria, com voz suave – Muito grata por isso.



_Como todos aqui já sabem, odeio injustiças. – comentei – E agora, com o fim de Voldemort, é a hora da Bruxidade se unir para uma futura aproximação com os trouxas.



_Tem razão, Kadu. Nosso maior inimigo agora é, sem dúvida alguma, a intolerância. – disse Draco, enquanto todos aqueles que o haviam conhecido no passado ficaram admirados com suas palavras – Bem, mudando de assunto para algo muito importante, gostaria que vocês soubessem antes de quaisquer outros. Vocês sabem que Astoria e eu nos tornamos bem próximos, nos tempos que se seguiram ao fim da Ordem das Trevas, principalmente durante o julgamento do meu pai. E nossa amizade acabou se tornando algo mais.



 



Como que sublinhando as palavras do loiro os dois se beijaram, diante dos sorrisos e aplausos dos colegas. Madame Rosmerta veio à mesa, curiosa com o barulho, ficando satisfeita com o que vira.



 



_Parabéns, meus jovens. – disse ela – Eu os conheço desde quando começaram a vir a Hogsmeade e sei que merecem toda a felicidade que puderem... Oh, lá vem Mildred. Ela é a proprietária da nova loja de vestuário, que abriu depois que a Trapobelo fechou, durante os tempos em que a Ordem das Trevas esteve no poder. Vou apresentá-la a vocês. Mildred, venha cá! Quero que conheça alguns amigos.



 



A mulher veio até nossa mesa e apresentou-se.



 



_Muito prazer. Meu nome é Mildred Lovatmoor.


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