MAIOR O SORRISO...



CAPÍTULO 14



 



MAIOR O SORRISO...



 



 



 



 



 



_É um prazer conhecê-la, Sra. Lovatmoor. – disse Harry.



_Por favor, me chamem de Mildred. E mesmo que não precisassem, seria “senhorita”. Não me casei. – disse ela.



 



Mildred Lovatmoor aparentava uns vinte e poucos anos, era alta e bonita, com cabelos castanhos claros e sedutores olhos negros. Sua presença se impunha no ambiente, de forma bastante agradável e ela tratava a todos de forma educada e simpática.



 



_Seu sobrenome, parece que já o ouvi antes. – disse Hermione, puxando pela memória – Uma família bem antiga das Highlands, cheguei a pensar que o sobrenome tivesse desaparecido por casamentos.



_Como assim, Mione? – Rony perguntou e eu respondi.



_Quando uma família começa a ter várias gerações consecutivas sem filhos homens, as mulheres podem acabar adquirindo o sobrenome do esposo ao se casarem e tirarem o de solteira, para o nome não ficar muito longo. – expliquei, depois de um gole de cerveja amanteigada – Se isso se repete muito, o sobrenome pode se extinguir.



_E aí muitas desistem de resgatar os sobrenomes ancestrais por causa da burocracia, que não é pequena. – disse Mildred – Mas, como paciência e perseverança são qualidades que nunca me faltaram, consegui reunir toda a documentação que confirmava minha linhagem e depois a apresentei ao Ministério. Considerando que fiz a maior parte do trabalho duro, a análise até que não foi muito complicada, foi o que me disseram os responsáveis, antes de emitirem o parecer favorável. Isso foi no ano passado, pouco tempo antes de Voldemort... Rosmerta, por favor, pare de tremer. Ele já se foi, Harry Potter providenciou isso.



 



Enquanto dizia isso, Mildred pousou as mãos nos ombros de Harry e Gina, que coraram.



 



_Não havia alternativa, Mildred. – disse Harry – Tudo se encaminhava para um conflito final entre nós, devido à profecia de Sibila Trelawney, que já é de conhecimento geral.



_Você está dando a entender que lutou contra ele meio que por obrigação.



_Bem, sobrevivência não deixa de ser uma obrigação. Ele matou meus pais e tentou me matar quando eu tinha pouco mais que um ano. – continuou Harry, tomando outro gole – Além de que nós tivemos uma amostra do que seria a Bruxidade, sob o domínio das Trevas. Os fatos do ano passado foram o bastante para nos alertar.



_Fora que os trouxas também sofreriam. – eu disse – E não faltaria muito para que Voldemort resolvesse estender seus tentáculos para outros países, unificando a Ordem das Trevas em todo o mundo.



_Algo muito além dos sonhos mais loucos de tiranos e conquistadores do passado, quer fossem bruxos ou trouxas. – disse Luna.



_Nem me atrevo a pensar nessa possibilidade. – comentou Madame Rosmerta, tremendo como se tivesse tido um calafrio – Se bem que ainda há loucos por aí, tipo os tais “Anti-Techs”.



_Os mais radicais, talvez. – concordei – Mas vi outros, em Londres, que me pareceram bem moderados.



_Bem o contrário daquele que tentou te matar, não foi? – perguntou Mildred, com uma cara preocupada – Ainda bem que você se salvou.



_Aquele lá não era “Anti-Tech”, pelo menos não constava nos arquivos do Ministério. Estava mais com cara de assassino de aluguel. – comentou Rony.



_Seja como for, o sujeito ganhou passagem só de ida para Azkaban, foi o que soubemos. – disse Harry.



_Sim, Rony, o próprio líder daquele grupo de “Anti-Techs” me disse que ele não era membro. E você tem razão, Harry. A essa altura, ele já deve estar encarcerado.



 



_Quando eu penso que muita coisa assim poderia ter sido evitada, bastando que muitos bruxos não se deixassem cegar pela ambição. – Draco comentou, com uma expressão triste – E falo especificamente do meu pai. Ambição desmedida, orgulho, preconceito, sede de poder, de que adiantou tudo isso? Gerações de Malfoys se considerando superiores, achando que sangue puro nos tornava melhores do que os outros, aderindo a Voldemort por tais princípios, sem ao menos saberem que ele mesmo era mestiço. Vejam o paradoxo.



_Ao descobrirem que ele era descendente direto de Slytherin, por parte dos Gaunt e dos Peverell, sequer se preocuparam em saber mais detalhes. E assim tudo permaneceu oculto, até que ele mesmo me contou. – disse Harry – Isso foi quando eu estava no segundo ano.



_A história da Câmara Secreta? – perguntou Mildred.



_Exatamente. – concordou Harry – Uma Horcrux, personificando uma memória do seu tempo de estudante, que quase se tornou física.



_Brrr, nem me lembre disso, Harry. – disse Gina – Não se esqueçam que ele estava voltando à custa da minha energia vital.



_E você conseguiu evitar a volta dele, então. – disse Mildred.



_Consegui. Graças a uma presa de basilisco eu consegui neutralizar a Horcrux, quase morrendo no processo. Se não fosse pelas lágrimas de Fawkes, a Fênix de Dumbledore, eu não estaria aqui, contando a história. Bem, falemos de coisas mais alegres.



_É verdade. – disse Astoria – De tristes, já bastam os acontecimentos dos últimos anos. O retorno de Voldemort, as perdas que tivemos...



_... Cedric, Sirius, Remus, Dora, Fred, Snape... – disse Neville.



_... Dumbledore, Lilá, Dobby, até mesmo Wormtail. – disse Harry.



_???



_Quando estávamos presos na masmorra da Malfoy Manor, ele tentou me ajudar, por conta da dívida de vida que tinha comigo. – disse Harry.



_Ah, sim. – Rony se lembrou do ocorrido – O fato de você ter insistido para que Remus e Sirius o entregassem vivo o colocou em dívida com você.



_E isso certamente teve consequências. – comentei.



_Exato. – concordou Harry – Bastou que ele esboçasse uma tentativa de nos ajudar para que aquela mão de metal que Voldemort havia dado a ele assumisse vontade própria e o estrangulasse.



_Deve ter sido duro ver aquilo acontecer e não ter conseguido fazer nada. – disse Pansy.



_Muito, Pansy. Muito. – disse Harry – Mesmo que ele tenha sido o traidor dos meus pais. Ei, não deveríamos estar falando de coisas mais alegres?



_Realmente. – concordou Hermione – Mas é difícil não pensar no que já aconteceu.



_Acredito que a festa do Dia das Bruxas irá nos deixar mais animados, eu vi que Hagrid estava caprichando na decoração. – comentei.



_O dia de hoje é cheio de significados para mim. – disse Harry, pensativo, tomando mais um gole – Marca o atentado à minha família, a morte de meus pais, o desaparecimento de Voldemort até a sua Segunda Ascensão, coisas assim. Eu me lembro vagamente, afinal eu tinha pouco mais de um ano. Somente com as memórias do Prof. Snape foi que eu visualizei os detalhes.



_Deve ter sido marcante. – disse Mildred.



_Sim, foi. Mas, por incrível que pareça, não é uma lembrança que me traz tristeza profunda, talvez porque fizesse parte de coisas que deveriam acontecer. Basta lembrar a profecia da Profª Trelawney.



_Bem, já vou indo. – disse Mildred – Preciso retornar à loja. Boa tarde a todos e aguardo sua visita, sempre que quiserem roupas novas, sejam bruxas ou trouxas. Boa tarde.



_Boa tarde, Mildred. – respondemos, em coro.



 



Ela saiu do Pub e foi para sua loja. Nós continuamos a conversar.



 



_Bastante simpática. – comentou Hermione.



_E tem um sorriso encantador. – disse Luna.



_E trabalha com roupas bruxas e trouxas. – disse Luna – Acredito que ela chegue mesmo a prestar consultoria.



_???



_Ora, todos nós sabemos que os bruxos pagam micos colossais, quando tentam combinar roupas trouxas.



_É verdade. – comentou Draco – Lá em casa, só não passamos vexame porque meu pai, muito a contragosto, contratou um “Personal Stylist” trouxa.



_Difícil acreditar. – disse Astoria, sorrindo.



_Realmente. – disse Pansy – Então, agora sabemos o segredo de Lucius Malfoy, para circular no meio trouxa sem dar na vista.



_É, meu pai não era muito chegado a interagir com trouxas, mas os negócios meio que o obrigavam. – disse Draco, com um suspiro – Se bem que agora, seu guarda-roupa está restrito aos uniformes de Azkaban.



_Espero que ele possa obter uma condicional, em breve. – disse Harry, dando um tapinha no ombro de Draco.



_Seu depoimento ajudou bastante, Harry. Muito obrigado.



_Justiça, Draco. – disse Harry – Dificilmente alguém seguia Voldemort de livre e espontânea vontade.



_Creio que um dia ainda o veremos retornar, com sua dívida para com a Bruxidade totalmente paga. – disse Hermione.



_Vindo de você, a quem tanto hostilizei durante todos os nossos anos de escola, Hermione, isso me deixa com esperanças. – disse Draco. – Obrigado.



 



A tarde avançava e, consultando os relógios, vimos que já era hora de retornar a Hogwarts para a festa do Dia das Bruxas. Pagamos as despesas e saímos do Três Vassouras, rumo ao castelo. Atravessando o bosque antes da estrada, uma vibração desagradável no Ki sinalizou problemas a acontecer. Imediatamente, levei a mão ao bolso do casaco e saquei a varinha, fazendo sinal para que os outros também o fizessem.



Da orla da Floresta Proibida, uns dez sujeitos mal-encarados alcançaram a estrada e vinham em nossa direção, com as varinhas apontadas. Mas eles já haviam perdido a vantagem do elemento-surpresa.



 



_ “ESTUPEFAÇA!” – bradou um deles, na esperança de que seu Feitiço Estuporante atingisse pelo menos um de nós. Em vão.



_ “PROTEGO! REVERSORTIA!” – o raio vermelho do feitiço chocou-se contra o meu Feitiço Escudo e reverteu diretamente para ele, que caiu no chão e lá ficou.



_Quem são esses caras? “EXPELLIARMUS!” – bradou Draco, desarmando outro, que vinha correndo na direção de Astoria.



_Duendes do Papai Noel é que não são. “REDUCTO!” – o feitiço de Gina (no qual ela era magnífica, aliás) transformou a varinha de um terceiro em pó.



_Ou são “Anti-Techs” radicais ou então devem fazer parte de algum grupo de remanescentes de Death Eaters. “EVERTE STATEM!” – disse Harry, fazendo com que outro rodopiasse no ar, caindo a uns três metros.



 



Mas eles estavam se aproximando perigosamente. Então, Hermione viu que um ia atacar Rony pelas costas e então não se conteve.



 



_ “СИБИРСКИЙ НОКАУТ!” – um enorme punho de gelo se materializou e quase fez o agressor afundar no chão – Cortesia de Viktor Krum que me ensinou o “Nocaute Siberiano”, seu cretino! Se ameaçar meu namorado de novo, eu te dobro a dose!



 



A raiva da garota era tanta, que ela não percebeu que ia ser agarrada por outro dos estranhos. Mas Rony não perdeu tempo e retribuiu o auxílio da namorada.



 



_ “TOSAITHE MÓR!” Experimente essa “Megabota”. – o sorrateiro voou uns cinco metros, graças ao chute que levou de uma bota gigante, resultado do feitiço de Rony Weasley.



_Valeu, Rony... CUIDADO, HARRY! – um dos estranhos se aproximou de Harry e Gina, fazendo o movimento que precedia a “Avada Kedavra”, apontando para a ruiva.



 



_ “SECTUMSEMPRA!” – vendo que o outro ia tentar matar Gina Weasley, Harry Potter não hesitou em lançar o potente feitiço de combate, mas não com potência total.



 



Mesmo assim, o agressor foi atingido e sofreu profundos e dolorosos cortes que o deixaram caído, sangrando copiosamente.



Ainda havia uns cinco, três dos quais eu neutralizei com logros que havia comprado na Zonko’s, precisamente lançados e que se enrolaram nos seus corpos, imobilizando-os.



 



_Novelos Constritores. Criação das “Gemialidades Weasley” e recentemente lançados e distribuídos pela Zonko’s. – comentei – Quanto mais você se mexer, mais ele aperta. Daqui a uns trinta minutos ele afrouxa sozinho...



 



Um grito me chamou a atenção. Restavam dois bandidos e um deles apontava a varinha para Pansy, que estava a certa distância de mim. Instintivamente eu me movi, mais rápido do que os olhos podiam acompanhar, em um perfeito Shundô. Executando um Noi Cun, eu o lancei a uns quatro metros, mas ele ainda não havia largado a varinha e continuava a apontá-la para a garota (“O {#@$%&*!!!} é duro na queda. Terei que pegar pesado”, pensei).



 



_ “Κενωτής αστραψάτο από τεμέτο... Διός Τούκος!” – o raio atingiu o bandido, não com intensidade letal, mas o suficiente para que ele ficasse estendido no chão, com a pele levemente dourada (lembrando um pouco um frango assado em uma “TV de cachorro”) e os cabelos meio chamuscados. O “Machado de Zeus” o atingira na intensidade desejada.



 



Mas, nesse meio tempo, o último fez algo que não era característico de um bruxo. Sacou uma velha Mauser C-96 de dentro das vestes e a apontou para mim. Eu não tinha certeza se poderia desaparatar ou usar um Shundô antes que o projétil de 7.63 mm me atingisse. Só que algo aconteceu e, quando eu vi, a pistola se pulverizou na mão do bruxo.



 



_ “REDUCTO!!!” – duas vozes bradaram o feitiço, tirando a vantagem do bruxo e me dando tempo suficiente para lançar uma Kemuridama no chão. Quando a fumaça se dissipou, eu estava ao lado do bruxo mau, pressionando um centro nervoso no seu pescoço e fazendo-o cair, inconsciente – Obrigado pelo Feitiço Reducto, Gina.



_Eu não o fiz sozinha, Kadu. – disse a ruiva, abraçada a Harry Potter, que conferia se a namorada não estava ferida – Olha só quem me ajudou.



_Bem que eu reconheci a voz, Prof. Borges. Muito obrigado a ambos.



_Não há de quê, Kadu. – disse o professor – Vejo que deram conta desses meliantes. Os Aurores irão adorar interrogá-los.



_Sei, sei. – disse Neville – Principalmente se houver um que seja versado nas técnicas do BOPE, não é, professor?



_Se for necessário e somente em último caso, Sr. Longbottom. Sr. Malfoy, precisaremos conversar, assim que chegarmos ao castelo.



_O que aconteceu, Prof. Borges? – perguntou Draco.



_Eu preferia não ter que dar esta notícia terrível ao senhor, mas não há outro jeito. – disse Borges – Acabei de chegar de Azkaban. Seu pai, Lucius Malfoy, foi assassinado.


Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.