Coisas estranhas estão acontec

Coisas estranhas estão acontec



A hora da janta em Hogwarts era quase sempre fantástica. Quando o sol estava se pondo, lançava o Salão inteiro sob uma luz laranja e rosa, e o teto encantado imitava a imagem real de forma quase perfeita. No jantar do dia 2 de setembro, James passou a maior parte do tempo apenas observando o teto. Ele comia e assistia ao pôr-do-sol, desejando que todos apenas calassem a boca, embora a probabilidade daquilo acontecer fosse quase zero. Entre a tentativa de suicídio de Carlotta Meloni, a briga no Hall de Entrada, e o novo Professor Black (cuja popularidade já se espalhara para as outras turmas), havia coisas demais para se discutir.


No entanto, James teria preferido escutar a menos inteligente e mais enfadonha das fofoqueiras divagar sobre quão sonhador ela achava o Professor Black, a ter seu jantar interrompido da maneira que foi, poucos minutos depois de começar a refeição.


"Sr. Potter," disse a voz da bruxa do Ministério, Drake, ao se aproximar de onde ele estava à mesa da Grifinória.


"Sim, Senhorita, Drake?" respondeu ele, intencionalmente frio.


"Sr. Potter, vou precisar de sua assinatura na declaração que deu." Seu tom de voz era igualmente frio, sem dúvida como resultado da abrupta saída do rapaz naquela manhã.


"Eu farei isso quando terminar o jantar."


"Eu não estarei aqui quando você terminar o jantar." James virou a cabeça o suficiente para encará-la.


"Você já está partindo?"


Ela assentiu e em seguida disse presunçosa: "E achei que pudesse se interessar em ouvir que o Curandeiro Holloway me informou que não encontrou qualquer sinal de que Carlotta tenha sido atacada – além das marcas que seu feitiço deixou – ou que tenha sido azarada."


"Então você está simplesmente partindo?" exigiu James. "Apenas largando tudo e partindo sem sequer interrogar Carlotta ou..."


"Eu interroguei a Senhorita Meloni," interrompeu Drake. "A memória dela sobre o caso está um pouco vaga, mas ela afirmou que definitivamente não foi atacada. Ela consegue responder por cada um de seus movimentos até o instante em que você a abordou na sala comunal."


"E ela te disse que queria se matar, não é?" indagou James.


Drake hesitou em sua resposta. "Esses assuntos são muito complicados de explicar, e eu não tenho obrigação de me explicar a você, Sr. Potter. Agora, sua assinatura." Ela empurrou o papel diante dele. James o ignorou.


"Se foi apenas uma jovem tola emotiva tentando chamar atenção, e ninguém está prestando queixa," disse ele, "não vejo porque tenho que assinar qualquer coisa. Se quer isso assinado, falsifique."


Enfurecida, a Senhorita Drake saiu do Salão um minuto depois, a indignação ressoando a cada pisada de seus sapatos de sola de borracha.


"Que vadia," ponderou Sirius, que sentou ao lado do amigo. "Embora eu não veja por que não assinou, Prongs."


"Principalmente para irritá-la," confessou James. "Ei, eu terminei. Vou sair para uma rápida... hum... caminhada." Ele olhou para o quartanista à sua esquerda, que evidentemente estava entreouvindo a conversa.


"Sutil," foi tudo que Sirius disse.


"Te vejo daqui a pouco."


James saiu rapidamente do salão, tocando a embalagem nova de cigarros em seu bolso. Alcançou o Hall de Entrada quase deserto e, estranhamente, se viu hesitante antes de sair do castelo. De repente, não sentiu tanta vontade de fumar. Ele apenas se sentiu... bem… ele não se sentiu bem.


"Potter?"


James olhou e seu estômago embrulhou. Deus, como odiava aquilo. O rapaz imediatamente decidiu que devia ser pelo fato de ter devorado o jantar de forma rápida e não tinha absolutamente nada a ver com a bela ruiva à sua frente. Donna, Marlene e Mary, que tinham entrado no Hall com Lily, precipitaram-se para o Salão Principal, mas a monitora ficou para trás.


"Sim?" indagou James, perguntando-se se uma garota podia ouvir quando o estômago de um cara estava na garganta.


"Eu… hum… eu sinto muito."


Ela estava se desculpando. Ela estava se desculpando, caramba. Ele não fora nada além de horrível com ela, e ela estava se desculpando.


"Do que… do que é que você está falando?"


Lily não o encarou, e ele ficou agradecido por isso. "Eu apenas... sinto muito. Não começamos bem esse ano, e... bem, você estava errado ontem à noite, o que disse, mas eu... eu acho que consigo entender porque talvez possa pensar o que... o que pensou. Erroneamente."


James a encarou. "Isso é por causa de Carlotta, não é?"


"Hum... não, na verdade não."


"É sim. Está se sentindo culpada."


"Por que eu me sentiria culpada?"


Era como assistir um par de vassouras colidir no céu enquanto se estava no chão. James podia enxergar o que estava vindo; sabia o que estava prestes a acontecer, mas não podia evitar.


"Todas as garotas estão sempre falando besteira sobre Carlotta por ciúmes... chamando-a de vadia e... eu acho que está apenas se sentindo desconfortável porque costumava dizer esse tipo de coisas, e já que não pode pedir desculpa a ela, está aliviando sua consciência pesada comigo."


Colisão.


"Eu nunca disse nada sobre Carlotta Meloni!" respondeu Lily, claramente chocada. James se perguntou como podia ser tão conscientemente horrível, e ela, mesmo assim, sempre se surpreendia com isso. "Eu nunca... e você... você não pode..." Lily mordeu o lábio (ela era adorável). "Você é um babaca." (Como se tivesse acabado de perceber isso). Ela entrou correndo no Salão Principal.


James a observou partir, e toda a malícia do mundo não eliminara aquela estúpida agitação em seu estômago. Ele de repente se lembrou do motivo pelo qual necessitava fumar.


As bochechas de Lily queimavam em vermelho ao correr para longe de James Potter e do Saguão de Entrada. A ironia da localização não lhe escapou. Como era possível que o comportamento horrível dele sempre a surpreendesse? Fazendo cara feia, Lily se sentou ao lado de Donna e em frente a Marlene.


"Então," começou a última lentamente, "como foi…?"


"Eu não quero falar sobre isso."


"Maravilha."


Donna revirou os olhos. "Ruiva, eu não sei como é que apesar de Potter ser sempre horrível com você, você está sempre..."


"Eu sei, Don. Obrigada."


"Está tudo bem, Lily," disse Mary, confortando-a. "Eu entendo. James consegue ser simplesmente fantástico às vezes."


"No ano bissexto," sugeriu Marlene.


"Esporadicamente," disse Donna.


Lily suspirou. "Obrigada. Sério, mas eu não quero falar sobre isso."


As outras concordaram silenciosamente, já que a refeição forneceu uma ampla distração. "Ei," começou Marlene. "Escutem, têm certeza que não viram Adam depois do almoço? Eu podia jurar que ele disse estar cursando Trato de Criaturas Mágicas, mas não o vi lá, e não o vejo desde então. Vocês não o viram em Runas Antigas, viram?"


"McKinnon não cursa Runas Antigas," apontou Donna. "Deus, você é pegajosa."


"Cuidado, Don," murmurou Lily. Marlene não ouviu a ruiva, mas fez careta para Donna.


"Eu achei estranho, só isso. E ele nunca perde o jantar."


Esse era o pensamento que predominava no ar quando Alice Griffiths sentou-se à mesa da Grifinória, bem ao lado de Lily.


Cabelos cacheados, rosto redondo e temperamento dócil, Alice era uma setimanista, mas também membro da Grifinória e razoavelmente próxima a Lily. No entanto, em mais de cinco anos de convivência, a ruiva nunca vira a garota parecer tão perturbada.


"Qual o problema?" indagou Lily enquanto Alice despejava um copo de suco de abóbora gelado na garganta, como se fosse álcool. "Alice, você está tão pálida. O que houve?"


"Você ouviu?" murmurou a setimanista. "Meu irmão mais novo acabou de me contar... foi um dos amigos dele que viu a coisa toda e... bem, impediu."


"Impediu o quê?" perguntou Marlene, inclinando-se sobre a mesa. "O que aconteceu?"


"Alguma quartanista... uma garota da Lufa-Lufa, eu acho, estava se afogando no lago. Uma de suas amigas a puxou, mas... quer dizer, eu nunca soube de ninguém que quase se afogou no lago. É horrível, e..."


"É a segunda pessoa a quase morrer nas últimas vinte e quatro horas," apontou a ruiva.


"Você não acha que a quartanista estava tentando se matar, Lily?" indagou Mary, praticamente sem fôlego. "O que levaria uma quartanista a se matar?"


"Nem todo mundo vive num conto de fadas, Mcdonald," disse Donna secamente.


"Alguém contou a Dumbledore?" questionou Marlene.


Alice deu de ombros. "Eu não sei. McGonagall está lidando com tudo no momento..." Ela olhou para a mesa dos professores. "Mas Dumbledore ainda está aqui." O velho diretor estava, de fato, ocupando seu assento usual no Salão.


"Estranho ele ter ficado," observou Mary, e enquanto o fazia, as bruxas notaram um recém-chegado no Salão. Frank Longbottom – monitor-chefe e, coincidentemente, namorado de Alice – correu em direção à Mesa Principal, uma expressão séria em seu rosto.


"Eu me pergunto o que..." começou Alice, mas parou enquanto as cinco observavam Frank se aproximar da cadeira de Dumbledore e murmurar alguma coisa para o diretor. O bruxo olhou para o monitor-chefe e uma breve troca de olhares se seguiu. Em seguida, o velho bruxo levantou-se de sua cadeira.


"Com licença," disse ele em voz alta, de modo que toda a escola ficou em silêncio. "Obrigado. Os monitores, por favor, levem os alunos de suas casas de volta às salas comunais, imediatamente." Houve uma algazarra confusa e generalizada, e Dumbledore mais uma vez pediu silêncio. "Por favor," continuou ele. "Por favor, façam isso com a maior eficiência e cuidado. Obrigado."


Sem observação irreverente ou despedida peculiar, o diretor se retirou do Salão e, antes que o Salão Principal virasse um caos, o Professor Slughorn – professor de Poções – levantou-se de sua cadeira. "Todos vocês, todos vocês fiquem calmos! Agora, vocês ouviram Dumbledore. Monitores, levem os alunos às salas comunais. Todos ficarão lá até nova ordem!" Mas estava claro pela confusão no rosto do próprio professor que ele não estava mais ciente da situação do que ninguém.


"Vocês acham que é por conta da quartanista?" perguntou Mary em voz alta, sobrepondo-se ao barulho das conversas preocupadas. Lily não teve tempo de especular; ela localizou Remus e pediu aos seus colegas de Casa para a seguirem até a torre da Grifinória. Frank Longbottom apareceu ao seu lado em seguida.


"Frank!" chamou Alice, alcançando-o. "Frank, o que aconteceu?"


O monitor-chefe parecia definitivamente doente. "É que... aconteceu uma coisa."


"O quê?" indagaram Lily e Remus em uníssono.


"É sobre a quartanista?" perguntou Donna.


Frank balançou a cabeça inquieto. Parecia não saber se a divulgação era ou não permitida. Com grande hesitação (e um olhar cauteloso na direção de Marlene Price), murmurou de modo que apenas aqueles que estavam mais perto pudessem ouvir: "Adam McKinnon. Ele... ele acabou de tentar pular da Torre de Astronomia

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Comentários (1)

  • Diênifer Santos Granger

    Adam McKinnon. Ele... ele acabou de tentar pular da Torre de AstronomiaContinuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa 

    2014-08-05
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