Foi pela grifinoria



A Cerimônia de Seleção – que, com os esforços dos estragos de Peeves combinados à briga no Hall de Entrada, foi atrasada por quase uma hora – estava mais barulhenta do que Lily se lembrava. Ela, junto com os outros sextanistas grifinórios, chegaram tarde devido ao sermão da Professora McGonagall; seus adversários sonserinos entraram no Salão alguns minutos depois, visivelmente contrariados pelo Professor Slughorn ousar punir todos eles. Severus continuava sem fazer contato visual com ninguém.


O banquete de boas-vindas começou em seguida, mas não antes de o diretor de cabelos grisalhos, Professor Dumbledore, levantar-se na mesa dos professores, na parte da frente do Salão Principal, e fazer um breve discurso.


"Eu compreendo," disse ele, o brilho de diversão sempre presente em seus olhos azuis um pouco menos evidente naquela noite, "que esta tenha sido uma noite um pouco dramática; Só posso torcer que o resto do ano passe de uma forma muito mais monótona." E Dumbledore poderia muito bem ter ordenado aquilo. Mais seriamente, ele continuou: "Essas brigas não devem continuar esse ano. Quando o mundo está em crise, é dever de Hogwarts manter-se unida. Agora, comam."


E os pratos das quatro casas imediatamente se encheram.


"Unida, de fato," comentou Donna, quinze minutos depois, ao se servir de uma segunda porção de batatas. "Quando é que Hogwarts  esteve unida? Quando é que os grifinórios não rivalizaram com os sonserinos?"


"Quando é que os sonserinos não foram maldosos?" acrescentou Marlene sombriamente. "Sem ofensas, Lily. Sabemos que Severus costumava ser o.k."


"Fale por si mesma," murmurou Donna. Mary manteve-se estranhamente quieta a maior parte da refeição.


"Você está bem, Mare?" indagou Lily. "Não parece bem. Precisa ir à enfermaria?"


"Eu estou bem," suspirou Mary. Seu jeito confiante e tagarela estava um tanto esmorecido – algo raro, quase inexistente. "Acho que estive pensando no que Colista disse... e no ano passado, quando Avery me azarou na sala de Transfiguração." A franqueza dela pegou Lily de surpresa. Marlene passou um braço sobre os ombros da morena.


"Foi uma emboscada, Mary," disse a loira calmamente. "São apenas covardes horrorosos, todos eles, que ficam enraivados porque uma garota como você jamais sairia com eles." Mary sorriu agradecida, e então olhou para Lily.


"Então, por que você fez aquilo, Ruiva?"


Lily, bebericando seu suco de abóbora, arqueou uma sobrancelha. "Fiz o quê?"


"Assumiu a culpa," disse Mary em voz baixa. "Por que disse que acertou Mulciber?"


"Alguém tinha de fazê-lo," disse Lily, pensando ser óbvio. "Eu não queria que a Grifinória perdesse todos aqueles pontos, e ficou evidente que Potter não ia se entregar."


"Não vejo o sentido disso," admitiu Donna; "quer dizer, é claro que estou feliz por você ter feito isso, pois a Grifinória não perderá tantos pontos e eu não terei de cumprir detenção, mas, Lily, agora todo mundo vai culpar você por perder cinquenta pontos antes do ano letivo sequer começar. Pode ter sido nobre, mas não foi muito brilhante, foi?"


"Obrigada pelo apoio, Donna," respondeu a ruiva. "Escutem, eu não me importo. Eu tenho quatro detenções e cinquenta pontos a menos... se tivesse sido Potter a assumir a culpa, provavelmente teriam tirado cem pontos, só porque ele está sempre fazendo coisas desse tipo."


"É provável," concordou Marlene. "Bem, eu terminei – acho que vou subir para o dormitório. Você tem a senha, Lily?"


Como monitora, Lily tinha. "Feijões saltitantes," respondeu ela. "Você já terminou? Mal comeu."


"Estou de dieta," informou Marlene, olhando descontente para sua figura magricela. "Feijões saltitantes você disse?"


"De dieta?" zombou Mary. "Cai fora, Marlene, você é tão idiota com comida."


"Diz o esqueleto. Feijões saltitantes?"


Lily assentiu. "Você é linda, Mar."


"Hum, eu tenho que estar," disse Marlene alegremente. "Faz duas semanas que mal como."


"Você também já terminou, Mar?" perguntou um garoto também sentado à mesa da Grifinória. Ele tinha cabelo castanho claro, olhos azuis, uma expressão bondosa e um prato vazio. "Se estiver indo à sala comunal, eu vou junto."


"Claro, Adam," disse Marlene, sorrindo enquanto Adam McKinnon se levantava da mesa. Ele tinha algumas cicatrizes da briga, incluindo um suéter rasgado e uma mancha roxa na testa. "Vejo vocês mais tarde," ela acrescentou para as amigas, começando a se retirar.


"Não façam nada que eu não faria!" disse Mary sugestivamente para eles.


"Que inclui o quê exatamente?" indagou Donna. "Você é meio vadia, Mary."


"Não seja maldosa," interrompeu Lily.


Mary suspirou. "Sempre será um mistério para mim porque Marlene continua namorando aquele Milesidiota Stimpson, quando ela tem um cara perfeitamente adorável como Adam McKinnon."


"O que quer dizer com ‘ela tem‘?" indagou Donna, surpresa. "Você não acha que McKinnon gosta de Marlene, acha?"


Mary e Lily bufaram. "Eu acho que você é cega, é isso que eu acho, Donna, querida," respondeu Mary. Donna fez uma careta.


Quando os pratos do jantar foram limpos, a sobremesa foi servida. Quando os pratos da sobremesa foram limpos, chegou a hora de ir para cama.


"Grifinórios por aqui," chamou Lily; eles não precisavam realmente segui-la, mas, como monitora, ela era obrigada a mostrar aos primeiranistas por onde ir, e, é claro, ela tinha a senha. Assim, a ruiva obedientemente liderou o caminho até as escadas e pelos corredores em direção ao sétimo andar e à torre da Grifinória.


Ao longo do caminho, diversos alunos a pararam para parabenizá-la ou agradecê-la por ter acertado Mulciber – quão rápido as notícias se espalhavam. No quarto andar, porém, alguém que ela não estava particularmente satisfeita em ver a alcançou.

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