Amantes?



Capítulo 15: Amantes?

N/A: Olá queridos leitores! Desculpem pela demora, mas eu realmente tive meus motivos. Bem, vocês não podem reclamar que eu demorei e escrevi pouco. Esse capítulo é o mais longo até agora. Deu 36 pags no meu PC. À primeira vista, esse poema pode parecer um pouco deslocado, mas ele tem haver afinal hehe. Espero que gostem do cap e a espera tenha valido a pena. E plz, não esqueçam de comentar. Bjuss

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvour hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinicius de Moraes –Soneto de Fidelidade



Virginia Weasley estava deitada numa suntuosa cama de casal de uma Suíte Penthouse localizada na cobertura (36º andar). A ruiva já ouvira Hermione comentando o quanto gostaria de se hospedar ali. Agora Gina estava e mal podia acreditar. Nunca fora uma pessoa que ligava para luxos excessivos, mas definitivamente, dessa vez ao menos, tinha que dar o braço a torcer e assumir que estava maravilhada com tamanha opulência. Para ela, Las Vegas tinha sido sempre um sonho distante e se hospedar no Bellagio algo impossível. No entanto, a despeito de seus mais altos devaneios, estava realmente ali.
Sorriu, espreguiçando-se na confortável cama. Então sentiu uma mão em sua cintura. Assustou-se e virou-se, dando de cara com os olhos cinzentos de Malfoy.
“É, pelo visto não foi um sonho. Ai, como eu queria que tivesse sido. O que eu faço agora?” perguntou-se, enquanto corava imensamente com vontade de se esconder no Ártico e nunca mais voltar. Porém, continuava a encarar Draco.
-Bom dia, Virgínia. –ele disse tentando soar normal, mas era evidente a sua satisfação.
“Mas é claro que o safado está satisfeito depois da última noite...Como eu pude fazer isso? Só por que fiquei alegrinha com a bebida? Eu sou mesmo uma fraca e estúpida, não deve haver outra explicação para isso.” Pensou com raiva de si mesma e respondeu:
-Bom dia, Draco. –no tom mais impessoal que conseguiu.
Os dois encontravam-se nus e debaixo das mesmas cobertas com a direfença de que Gina se cobria o mais que podia e Draco apenas até pouco acima da cintura. Ele parecia muito à vontade com a situação, ao contrário da ruiva. O loiro então se aproximou dela, puxando-a contra si e ela engoliu em seco:
-Será que pode me soltar, Draco? E será que depois disso pode fazer o favor de sair dessa cama e ir se trocar no banheiro? –perguntou, tentando aparentar calma, o que era difícil com ele estando tão perto de si.
-Não se faça de difícil, ruivinha. –ele provocou-a e colou seus lábios nos de Gina.
A advobruxa tentou resistir, mas Malfoy ficou por cima dela e a impedia de sair de debaixo dele. O beijo dele era cheio de volúpia e desejo. A língua dele invadia sua boca de uma forma profana, mas ela já não conseguia pensar. Ele possuía o poder de fazer com que a emoção prevalecesse sobre a razão da ruiva. Ela abraçou-o, uma de suas mãos passeando pelas costas e outra pelos cabelos loiro platinados. As mãos do loiro percorriam livremente o corpo dela, fazendo-a suspirar com os toques dele. Gina tentava reunir o que ainda restava de sua sanidade para convencer-se que tinha que acabar com aquilo, mas quando ele passou a estimulá-la de forma íntima enquanto a beijava, fez com que a ruiva perdesse a noção de tudo e apenas sentisse o prazer espalhando-se por seu corpo. Draco sabia exatamente onde, como e quando tocá-la. Decerto que ele possuía muita experiência nisso, mas com Virginia era diferente. Malfoy não sentia apenas prazer quando estava dentro dela. Não, ele sentia prazer em fazê-la sentir prazer. E não era apenas prazer sexual que ele sentia ao lado dela. Draco apreciava o sorriso dela, a inteligência, o olhar profundo, as conversas, o modo de tratá-lo como um igual e até a teimosia dela. O fato é que Draco sentia que tinha mudado nem que fosse um pouco a opinião dela sobre ele para melhor e isso o deixava imensamente...feliz, ele percebeu. O Malfoy simplesmente adorava conversar com ela, eram conversas de alto nível e até mesmo confissões. Ele vinha já há algum tempo negligenciando o fato de que ela já o tinha quase mandado para a cadeia. Para ele parecia que fora em outra vida. No fundo Draco sabia que Virginia Weasley era uma mulher especial e ele a queria somente para si.
Quando não faltava muito para Virginia ter um orgasmo Draco parou e saiu de cima dela. Draco adorava deixá-la quetendo mais e sempre conseguia. Em parte a advobruxa sentia-se aliviada por ele ter parado, mas por outro lado...
Ela abriu os olhos e respirava descompassadamente. Draco a olhava fixamente, admirando a mulher ruiva que estava nua e deitada ao seu lado na mesma cama. As bochechas dela estavam vermelhas, o que poderia indicar vergonha ou raiva ou até mesmo os dois. Encarou o Malfoy de volta:
-Draco Malfoy, eu já te disse que não quero e não vou ser sua amante. Isso está completamente errado. Eu não sou uma mulher que faz o tipo de “a outra do patrão”. Será que você não entende isso? –perguntou, séria.
-Você tem razão e agora eu entendo. –Draco disse e Virginia sorriu –Você é a mulher mais fantástica que eu já conheci. Você é linda e é brilhante, Virginia. Não merece ser usada, não merece ser a outra.
-Fico muito feliz que você tenha entendido. –ela falou, com um grande sorriso pelos elogios que ele tinha feito, mas com uma pontada incômoda pelo que pensava que viria a seguir.
“Você deve estar louca, Virginia! Você não vai sentir falta, você não deve sentir falta...A quem eu estou querendo enganar?” pensou derrotada.
Draco levantou-se da cama, sem se preocupar em cobrir o corpo e andou até o outro lado da cama. Gina ao mesmo tempo perguntava-se o que ele iria fazer e tentava olhar para o rosto dele e não para baixo...
-O que está fazendo?!? –ela perguntou, indignada quando ele pegou-a no colo.
-Vamos tomar banho, Virginia. –e rolou os olhos como se fosse óbvio.
-Juntos? –perguntou, abismada.
-E por que não? –ele questionou-a, abrindo um daqueles seus sorrisos sexy, enquanto levantava uma sobrancelha.
-Você não ouviu nada do que eu disse? –perguntou, tentando soar paciente.
-Claro que ouvi. –ele respondeu, começando a andar com ela nos braços.
-Pois não parece. –ela reclamou –Não ser sua amante inclui não tomar banho com você, sabia?
Eles chegaram ao banheiro e Draco empurrou a porta com um de seus pés:
-Virginia. E se eu disser que me separo da Parvati?
Ela fez um muxoxo:
-Haha, você espera que eu acredite nisso? É isso o que promete para todas as suas amantes? –perguntou acidamente.
-Você sabe, Virginia. Eu sei que você sabe que nunca prometi nada para aquelas mulheres. Por elas eu não faria isso, mas por você sim.
-Mas a Parvati te ama. Ela vai ficar muito chateada. Ainda mais por eu ter me comprometido a dizer quem eram suas amantes. Como posso roubar o marido dela após ela mostrar que confia em mim?
-Como é que é, Virginia? –perguntou, colocando-a no chão e olhando-a seriamente –Eu não amo a Parvati, nunca amei e ela sabe disso. Sabe também que sempre tive amantes, ela não pode querer que você ou alguém investigue a minha vida pessoal. –disse aborrecido –O que você disse a ela?
-Eu disse que não tínhamos esse tipo de conversa, mas que eu podia tentar prestar atenção. –ela disse e ele então pareceu mais aliviado –Mas será que você tem idéia de como me senti? Aposto que não. Eu me senti tão culpada por ter dormido com você. Eu não quero magoar a Parvati, ela foi minha colega de escola.
Draco respirou profundamente:
-Não acha que está na hora de aprender a ser um pouco egoísta, um pouco sonserina? O Potter foi mais que seu amigo e veja o que ele fez com você. Eu pelo menos não escondo que sou casado e ele escondeu que estava noivo pra ir pra cama com você. O que é que você vai ganhar negando-se a ficar comigo?
-Paz na consciência? –perguntou com cinismo –Mas aposto que você nunca ouviu falar disso, não é mesmo, Draco?
-Você diz que não quer magoar a Parvati. Mas e magoar a mim você quer? Quer também enganar a si mesma dizendo que não me quer?
-Você é mesmo muito convencido, Malfoy. Quem disse que eu te quero? No máximo estou magoando o seu ego. –ela respondeu, encarando-o com decisão.
-Você não me engana, Virginia. Eu sei que você quer. Eu já disse que me separo da Parvati pra você não ser a outra.
-Você me quer tanto assim? Acha que eu sou tão boa na cama a ponto de você desistir do seu casamento de aparências? –indagou, olhando-o atentamente.
-Olha, não é apenas pelo sexo, está bem? –disse e pareceu tão espontâneo que a ruiva acreditou nele –Eu posso nunca ter amado uma mulher no sentido dos livros de romances água com açúcar, mas eu tenho sentimentos. Eu não quero te perder, Virginia. Mas agradeço ao Potter por ter sido suficientemente burro pra te deixar escapar. Eu não te amo e você não me ama, mas nós podemos ter algo juntos. Eu admiro você e gosto de estar ao seu lado. Acredite, eu não costumo ser tão sincero assim. Mas eu acho que só desse jeito para você entender. –falou, passando as mãos pelos cabelos dela, como a tentar penteá-los.
Gina ficou extremamente confusa com as palavras dele. Seu mundo estava começando a virar de ponta cabeça e ela tinha medo. Estava se aproximando demais de Draco, mais do que jamais imaginaria ou desejaria e isso a preocupava imensamente. Sua decisão mudaria tudo e ela não se sentia preparada para responder. Então disse:
-Eu não sei, Draco. Eu preciso pensar. –respondeu, não conseguindo dizer um não e também não tendo coragem de dizer um sim.
O loiro puxou-a para um beijo, o qual ela correspondeu. Porém ficou surpresa. Era um beijo que não deixava de conter desejo, mas era ao mesmo tempo carinhoso. Após algum tempo, que ela não conseguiu precisar, ele quebrou o beijou:
-Espero que isso te ajude a pensar. –falou e soltou-a.
Gina pegou uma das toalhas azuis do banheiro dele e enrolou-se nela, saindo em seguida sem dizer nada. Pôde logo escutar o barulho do chuveiro, indicando que o loiro entrara no chuveiro. Seguiu para o banheiro dela e preparou a banheira. Pensou que ali seria o melhor lugar para pensar. Quando já estava pronta, pendurou a contrastante toalha azul entre as rosas e entrou na banheira. Relaxou e começou a pensar em tudo o que havia acontecido desde que descobrira que Harry estava para casar com a americana, há cerca de quase dois meses atrás. Ela só não imaginava que debaixo do chuveiro do outro banheiro, Draco também pensava em como chegaram àquela situação.

***

Assim que Harry deixou o apartamento de Virginia, ela foi para o banheiro para tomar banho e assim apagar os últimos vestígios de Harry Potter de seu corpo. Estava muito chateada e de certa forma ainda não conseguia acreditar que o Harry que conhecia, seu namorado por anos, iria casar com outra.
“Foram apenas 3 meses e meio e ele já vai casar com ela. Nós namoramos por anos e ele nunca me pediu em casamento. É, talvez ele nunca tenha me amado de verdade...Como ele pôde? Como ele pôde transar comigo e depois dizer que vai casar? Nunca pensei que Harry Potter pudesse ser um canalha.”
Gina mordeu o lábio inferior, mas ainda assim algumas lágrimas rolaram por sua face.
“Eu prometo! Eu prometo a mim mesma que essa será a última vez em que chorarei por Harry Potter!” pensou, decidida.
A advobruxa tinha apenas 23 anos, mas já pensava em constituir família. E a escolha óbvia para marido sempre fora Harry Potter. Costumava dizer a si mesma que mais cedo ou mais tarde ele a pediria em casamento, mas agora ela vira essa certeza desmoronar e não sabia o que pensar. De certa forma ela percebia que no tempo em que esteve distante de Harry a sua paixão por ele esfriou e agora o amor que sentia por ele como mulher acabara de ser assassinado e sepultado. Não esqueceria das vezes em que ele a ajudou como amigo, mas enquanto homem ele estava morto para ela. Nem que ele suplicasse de joelhos ela conseguiria voltar a ter um relacionamento amoroso com ele. Eles tinham terminado antes que ele partisse, mas ficara subentendido que assim que pudessem, voltariam a ficar juntos. Gina sentia-se traída. A confiança se fora e a mágoa permanecera.
Pensou em Olívio e pensou que ele viria a ser um ótimo marido, mas então lembrou-se que ele sempre estava viajando com seu time de quadribol e principalmente lembrou-se que por mais atraente e agradável companhia que ele pudesse ser, ela não conseguia sentir algo mais que amizade por ele.
Então, sem que controlasse seus pensamentos, a imagem de Draco Malfoy surgiu em sua mente e a ruiva rapidamente sacudiu a cabeça, balançando suas madeixas ruivas que estavam molhadas e tentando espantá-lo de seus pensamentos.
“Ficou louca, Gina? O Malfoy não! Ele é casado, sua estúpida! Além do mais, já esqueceu quem ele é e do que é capaz? Não se deixe enganar por ele.” Censurou-se.
Cada vez mais o dossiê sobre Draco Malfoy ia ficando mais detalhado. Gina queria ter a certeza de que quando o apresentasse no Ministério aquilo garantiria uma passagem para Draco, só de ida e para Azkaban.
Assim que terminou o banho, resolveu que iria conversar com sua cunhada e melhor amiga, Hermione. Vestiu o que viu primeiro. Uma calça jeans azul e uma blusinha vermelha e por cima uma jaqueta e calçou tênis pretos. Quem a visse pensaria que estava pronta para correr pelo parque. A ruiva materializou-se na frente da porta de entrada da casa da amiga e do irmão. Tocou a campainha e após alguns segundos Rony apareceu:
-Hey, maninha. Que surpresa! Nós acabamos de nos ver na casa da Fleur e do Gui e você já está aqui. Sabia que não conseguiria ficar muito tempo longe do seu querido irmão. –ele disse, divertido, enquanto dava-lhe um beijo na bochecha.
-Oi, Rony. Posso entrar?
-Ah, claro. –e deu espaço para que ela passasse –Mas que bom que você chegou, a Mione estava meio abatida. Dizendo que viu você e as nossas cunhadas magras e que ela estava gorda e feia. –ele rolou os olhos –E não estava adiantando muito eu tentar convencê-la do contrário e dizer que a amo. Será que o Harry passará por isso também quando você estiver grávida? –fez cara de pensativo, como se imaginasse a cena.
-Bem, é certo que ele passará por isso, mas não quando eu estiver grávida e sim a noiva dele. –Gina respondeu, tirando o irmão de seus pensamentos.
-O quê?!? –o ruivo perguntou com todo espanto que pôde demonstrar.
-O Harry vai se casar com uma americana. Achei que você já soubesse.
-Não, Gin. Eu não sabia. –e colocou a mão sobre os ombros dela, olhando nos olhos castanhos bem profundamente –Você tá bem? –ele perguntou e a ruiva fez que sim –Como o Harry pode fazer isso com você, Gin-Gin?
Gina deu um leve sorriso ao se ver refletida nos preocupados olhos azuis do irmão e ao ouvi-lo chamando-a por um apelido de infância.
“Você não sabe de tudo, querido irmão. E é melhor não saber, ou sairá nos jornais por ter batido em Harry Potter.”
-Não se preocupe com isso, Rony. Eu apenas preciso ter uma conversa de mulher pra mulher com a Mione.
Nesse instante ouviram a voz de Hermine gritando de outro cômodo:
-RONALD!!!!!!!! QUEM É? É ALGUMA AMANTE SUA MAGRA E BELA? EU SABIA QUE VOCÊ NÃO ME AMAVA!!!!!!!!!! – e em seguida ouviram soluços acompanhados de um choro alto e desesperado.
-Eu acho que você DEVE falar com a Mione. –disse convicto –E tente convencê-la do meu amor por ela, sim?
Os dois foram até a sala e Hermione estava lá, sentada no sofá e tombada sobre o braço do mesmo, chorando de se acabar:
-Amor, não é nada do que você tá pensando. Não chore. –Rony disse.
-CALE A BOCA RONALD, SEU GRANDE IDIO... –gritou e então, levantou a acabeça avistando Gina ao lado do ruivo –Gina!
Imediatamente a morena limpou as lágrimas e sorriu:
-Que bom que você chegou, amiga. O seu querido irmãozinho não me entende. –ela reclamou, lançando um olhar duro para o ruivo, que bufou.
A ruiva sentou-se ao lado de Hermione no sofá:
-Calma, Mione. Você tem que entender que o Rony sempre teve a sensibilidade de uma colher de chá e você casou com ele sabendo disso. –e abraçou a amiga, piscando para o irmão –Além do mais, o que importa é que vocês se amam. E não me venha dizer que o meu irmão não te ama, porque por mais cabeça-dura que ele seja eu o conheço e posso dizer isso com certeza.
-Sério?
-Mas é claro. –Gina disse e soltou a morena.
-Desculpa, Ron. –ela falou, lançando a ele um olhar arrependido.
-Ok. –ele respondeu, indo até ela e beijando-a após abaixar-se.
-Ixi, acho que estou sobrando por aqui. –Virginia comentou e os dois se soltaram um pouco envergonhados –Eu posso voltar outra hora, se tiver incomodando.
-Você nunca incomoda, Gina. –os dois disseram ao mesmo tempo, como se tivessem ensaiado.
-Amor, eu tô com vontade de comer aquele bolo de cenoura com cobertura de chocolate que você faz. –Hermione disse.
Rony suspirou:
-Ok, eu faço pra você.
-Nossa, não sabia que você cozinhava. –Gina ficou surpresa.
-Ás vezes é interessante ser um homem que sabe cozinhar. –ele piscou um olho para Gina e sorriu marotamente –Qualquer coisa estarei na cozinha, fazendo minha obra-prima. –falou antes de se retirar.
-Vocês são realmente um casal fofo. –Gina declarou –Apesar de que pelo que presenciei as brigas ainda continuam.
-Ah, mas as reconciliações são as melhores. –Hermione disse com ar de sabe-tudo.
-Só você mesmo, Mione. –ela deu um risinho.
-Hum...mas eu vi como você e o Harry estavam no churrasco. Ele não se desgrudou de você nem um minuto e parecia estar com ciúmes do Malfoy. Eu não esperava que você viesse aqui hoje, pensei que estaria ocupada demais na sua cama, matando as saudades do Harry. –ela disse maliciosamente –Aliás, o Malfoy também não pareceu muito satisfeito ao ver o Harry por lá. Como você se sentiu ao estar presente num lugar com os homens que já partilharam sua cama?
-Você ainda me mata de vergonha um dia desses Hermione. –ela reclamou –Do jeito que você fala até parece que eu sou uma mulher que abre as pernas pra qualquer um. –disse horrorizada.
-Não faça drama, Gina. Sabemos que você não é assim. Mas ainda não respondeu a minha pergunta.
A ruiva rolou os olhos:
-Faltava pouco para aqueles dois brigarem. Um provocava o outro. Foi realmente desconfortável. Mas então, Mione, eu e o Harry não temos mais nada e nem vamos ter.
-Como é que é? Como pode dizer isso depois do que vi hoje?
Gina respirou fundo:
-Sinto-lhe informar, mas Harry James Potter, o menino-que-sobreviveu, também pode ser um canalha.
-Nossa, o que o Harry fez? –ela perguntou, curiosa e preocupada.
-Vai casar com uma americana e me disse isso depois de me levar pra cama. Como ele pôde esconder de mim que estava noivo?
Hermione abriu a boca, claramente espantada:
-Tenho que dizer que dessa vez fui surpreendida. Não esperava uma coisa dessas. O que eu esperava é que um dia vocês casariam e eu seria a madrinha. Oh, Gina, eu sinto tanto por você, minha amiga. –falou sinceramente e abraçou-a do jeito que sua grande barriga permitia.
-Não sinta, Mione. Eu acho que já nem amava tanto o Harry assim. Não senti meu coração acelerar quando o vi e não me senti como me sentia antes quando nos beijávamos. No entanto, não posso negar que não esteja magoada. Eu também sempre imaginei que casaria com ele e teríamos crianças ruivas de olhos verdes e morenas de olhos castanhos. –deu um sorriso triste –Mas pelo visto, o destino não quis que isso acontecesse. –e soltou-se da morena.
-Olha, Gina, não se preocupe. –Hermione deu um grande sorriso de quem ia aprontar algo –Eu posso te apresentar alguns medibruxos do St. Mungus. –acrescentou e olhou para os lados –Que o Rony não ouça, mas tem uns que são de babar com aqueles jalecos.
Gina riu:
-Ok, eu vou deixar você me apresentar. Mas duvido que passe disso, você sabe como sou exigente e...
-Gosta de homens problemáticos. –a morena completou.
-Não é bem assim... –Gina falou, colocando mexas de seu cabelo para trás das orelhas.
-Se você diz. –retrucou, não parecendo acreditar na amiga –Mas então, você não me contou como foi o jantar na casa do Malfoy.
-Bem, a comida estava muito boa.
-E por acaso eu perguntei da comida. Gina, fale da parte interessante.
-Oh, espero que Merlim me devolva a minha amiga após o parto da criança.
-Pare de dizer besteiras e conte de uma vez.
-Ah, o Malfoy ficou passando o pé dele no meu quase o jantar inteiro. –falou de cara fechada.
-Que cara-de-pau! A mulher dele tava perto e ele tem a ousadia de fazer isso?
-Pois é, Mione. Teve uma hora que fiquei sozinha com o Malfoy e ele disse que queria conversar comigo. Que eu era a pessoa ideal para ajudá-lo em alguns dilemas. Eu sinto que ele está começando a se abrir comigo, Mione. Falta pouco para eu conseguir a confiança dele e você sabe que isso facilitaria o meu trabalho, não é?
-Sim. Eu sei. Mas é tão estranho imaginar você e o Malfoy juntos.
-Hey! Mas nós não estamos juntos! –reclamou, mostrando toda sua indignação.
-Ai, Gina, eu sei. –ela explicou, num tom de quem estava falando com alguém muito obtuso –Acontece que eu fiquei observando vocês dois no almoço do meu cunhado. Vi como você estava babando quando ele chegou...
Hermione foi cortada:
-Hey! Eu não estava babando!
-Haha, querida amiga, não se faça de rogada. Não vou implorar que me confesse, eu mesma vi como você olhou para ele. E se te consola, eu não posso te culpar. Mas quando ele pegou a Evelyn no colo seu encantamento pareceu ter dobrado. E por mais incrível que pareça, o Malfoy parecia estar sinceramente feliz ao ver a Eve. Mas também quem não estaria, ela é a coisa mais fofa do mundo depois do meu Ed. –a morena finalizou em tom sonhador de mãe coruja,enquanto acariciava a barriga.
-Você não está ajudando. Lembre-se que não vou constituir família tão cedo.
-Hum, desculpe. O que eu quis dizer é que vi vocês trocando alguns olhares. Por que você não se diverte um pouco com ele? Você precisa de uma distração, Gina. Vocês tem química.
Gina bufou:
-Dá vontade de fingir que eu não ouvi o que você acabou de dizer, Hermione Jane Granger Weasley. Já ouviu falar de Parvati Patil Malfoy? Você não pode estar pedindo que eu fique com o marido dela. Ela o ama e além do mais pediu que eu tentasse descobrir quem são as amantes dele. Isso sem contar o fato dele ser um criminoso.
A morena ficou vermelha:
-Desculpe, Gin. Eu tinha esquecido disso. –murmurou envergonhada e não deixou que Gina falasse –Espera! Pode estar pensando que é muito idiota da minha parte ter esquecido disso, mas é que ele parecia tão diferente hoje.
-Hermione, o Malfoy é ótimo ator. Por mais que... –e sua voz morreu –Por mais que...ele seja bom de cama, não vai acontecer mais. Não posso deixar meu corpo controlar minhas ações e pensamentos. Eu tenho algo a cumprir e devo levar isso até as últimas conseqüências. –a ruiva falou seriamente.

***

Após controlar seu acesso de fúria, Draco limpou a bagunça que havia feito e saiu do escritório. Ainda sentia-se frustrado, descontar a raiva jogando o copo na parede não tinha sido suficiente.
-JONES! –Draco gritou e a governanta apareceu instantes depois.
-O que deseja, Sr. Malfoy?
-Onde a Parvati está? –perguntou sem rodeios.
-Provavelmente na sala de estar, falando ao telefone.
-Obrigado. Mande preparar a mesa para o lanche da tarde. –falou, saindo dali e indo em direção a sala de estar.
Parvati realmente estava lá e falava ao telefone. Sua voz era animada:
-Ah, claro! Me lembro disso! Foi mesmo muito engraçado. Só você pra falar algo assim Padma e eu não conseguia parar de rir. –ela estava tão distraída com a conversa que nem percebeu a aproximação do marido.
Asssim que estava perto o suficiente, Draco pegou o telefone dela e colocou no gancho. Ganhou um olhar bravo da esposa:
-Draco! Por que fez isso? Eu estava apenas conversando com a minha irmã. Ela estava numa viagem de 2ª lua-de-mel pela Grécia e... –o loiro puxou-a, fazendo-a levantar-se do sofá e ficar junto a si –O que você quer? –deu um suspiro cansado e cruzaria os braços se não estivesse com o corpo tão colado ao dele.
-Você sabe o que eu quero... –ele murmurou, puxando-a para fora da sala.
-Draco, mas eu estava falando no telefone. Custava você ter deixado eu me despedir?
-Cale a boca, Parvati ou você vai se arrepender. Eu não estou de bom-humor. –resmungou, entrando na biblioteca e trancando a porta.
-Não está de bom-humor por quê? Não tinha saído todo animadinho sabe-se lá pra onde? –ela provocou-o.
-Eu não estava animadinho. –retrucou –Fui a um almoço dos Weasleys.
-E a Virginia estava lá? –questionou-o.
-Sim. Com o Potter. –falou apararentemente indiferente.
-Será que eles voltaram? –perguntou animada –Eu sempre achei que eles formavam o casal perfeito! –sorriu.
-Não vamos falar disso. –Draco disse em tom definitivo e beijou-a com ferocidade.
Parvati ficou surpresa com aurgência dele, mas correspondeu. O loiro passou as mãos pelas coxas dela, levantando a saia e puxando para baixo a calcinha dela. Após livrá-la completamente da peça, Malfoy empurrou-a contra a estante de livros, a qual era embutida a parede. Em seguida ele abriu o zíper da calça e baixou a cueca. Ergueu a mulher pelas pernas e penetrou-a de uma só vez.
-Ai! -Parvati fez, sentindo uma certa dor pelo gesto repentino dele –Quanta pressa! –falou em tom reprovador.
O loiro não respondeu e passou a mover-se dentro dela, enquanto beijava-lhe o pescoço. Não queria olhar nos olhos castanhos da esposa, eles não eram os mesmos de Virginia. Só de pensar que Potter poderia estar transando com ela naquele mesmo instante o deixava com vontade de matá-lo dolorosamente.
A morena estava suspirando quando sentiu Draco apertar excessivamente suas coxas:
-O que há com você hoje? Eu não vou fugir, sabia? Não precisa... –sua fala foi interrompida por um gemido e então continuou -...apertar tanto.
Mais uma vez ele não respondeu, apenas movimentava-se cada vez mais rápido e com mais força, prensando completamente o corpo da mulher contra a prateleira de livros.
A tensão sexual crescia em ambos corpos. O loiro enterrou a cabeça no pescoço da morena e fechou os olhos, sem deixar de perceber que o perfume era diferente do da advobruxa. Parvati não continha sua satisfação, puxava-o o mais perto que podia de si:
-Isso, Draco! Não pára não...ah... –ela gemia languidamente.
O Malfoy sentiu a vinda do orgasmo, continuando a movimentar-se por mais alguns segundos, ouvindo a mulher gemer definitivamente mais alto. Então os corpos relaxaram. Parvati tirou do rosto dele algumas mechas loiras que estavam grudadas devido ao suor para assim olhar nos olhos dele.
-Eu amo você, Draco. –sorriu, encarando o olhar cinza metálico –Foi bom você ter me tirado daquele telefone...
Draco desencaixou-se dela, colocando os pés dela de volta ao chão:
-Eu sempre estou certo. –disse em tom divertido, mas Parvati o conhecia o suficiente para saber que ele realmente pensava isso.
Malfoy ajeitou a cueca e as calças, fechando o zíper destas e virando-se para ir embora:
-Vou tomar um banho e ir para a casa do Blás, não me espere para jantar. Eu pedi para que a governanta mandasse colocarem a mesa para o café-da-tarde. Já deve estar posta. –falou e saiu da biblioteca.
Cerca de 20 minutos depois, Draco estava aparatando em frente a porta de entrada da casa de Blás Zabini. Tocou a campainha e esperou. Após alguns instantes, uma mulher em seus vinte e tantos anos e com uniforme de empregada abriu a porta.
-Você é nova por aqui, certo? –o loiro perguntou, após vasculhar sua memória rapidamente e perceber que não se lembrava da jovem.
-Sim, Sr. Estou trabalhando aqui há apenas duas semanas. –explicou –É realmente um prazer conhecê-lo, Sr. Malfoy. Será que antes de ir embora poderia assinar a minha edição do Semanário das Bruxas?
Draco sabia que ela estava falando da última que saíra com ele na capa. Sorriu para a morena atraente a sua frente:
-Claro que posso.
“Minhas amigas vão morrer de inveja!” a empregada pensou, abrindo um sorriso maior ainda.
-Suponho que o Sr. gostaria de entrar, não? –perguntou algum tempo depois, quando percebeu que tinha um sorriso bobo na boca.
-O Blás está?
-Sim. O Sr. e a Sra. Zabini estão aproveitando o final da tarde na piscina. –ela informou –Quer que eu o anuncie?
-Não, não é necesário. –o loiro negou –Tenho certeza que o Blás não se incomodará pela minha visita.
-Vou então acompanhá-lo até lá.
-Eu sei o caminho. –Draco disse um tanto rudemente, mas depois sorriu –Mas não seria cortês da minha parte negar a companhia de uma dama. –completou de forma galante.
A morena ficou claramente derretida pelo que ele disse e esforçou-se para se recompor:
-Está com muita pressa? –ela perguntou apreensiva.
-Não. Por quê? –indagou, tentando avaliá-la.
-Porque assim podemos passar no meu quarto para o Sr. assinar a minha revista.
-Ok. –Draco concordou, de forma indiferente.
Os dois dirigiram-se aos fundos da casa, ainda no térreo. Não demorou muito e logo estavam em frente ao quarto da empregada. Ela abriu a porta e Draco ficou encostado no batente desta. Logo a morena entregou-lhe a revista:
-Quer que eu assine na capa?
-Sim, no canto inferior direito.
-Qual é o seu nome?
-Rachel Perkins.
De: Draco Malfoy
Para: Minha querida fã, Rachel
Após gravar as palavras com movimentos de sua varinha, o loiro devolveu-lhe a revista:
-Muito obrigada, Sr. Malfoy. –ela agradeceu com um grande sorriso.
-Não foi nada, Rachel. –o loiro respondeu –Agora será que poderia me levar até o Blás? –acrescentou polidamente.
-Claro! –ela bateu uma mão na testa –Como pude esquecer? –e saiu andando na frente, guiando o Malfoy.
“Eu até te responderia que a visão de alguém como eu entorpeceria qualquer mulher, mas simplesmente acho que não teria graça falar isso para você. Provavelmente a sua reação não me divertiria.” O loiro pensou, enquanto a seguia.
Quando chegaram perto da piscina puderam avistar os donos da casa. Lilá Brown Zabini estava numa esteira coberta por um grande guarda-sol, enquanto lia uma revista “Provavelmente de fofocas.” O loiro pensou, revirando os olhos.
Por sua vez, Blás Zabini, nadava craw incansavelmente:
-Hey, Blás! –Draco gritou e o outro, acenou e passou a se dirigir para a borda da piscina a fim de sair.
Porém, antes que pudesse cumprimentar propriamente o amigo, sentiu braços em torno de si. Era Lilá, abraçando-o e dando-lhe um beijo na bochecha:
-Draco! Mas que surpresa! –disse, sorridente e depois soltou-o.
-Oi, Lilá. Como vai? –perguntou educadamente.
-Muito bem. E você?
-Bem. –o loiro deu de ombros.
Nesse instante, Blás chega até eles, enrolado num roupão. O loiro e o moreno apertam as mãos:
-O que faz por aqui, Draco? Achei que teria descanso nesse sábado. –disse brincalhão –Mas pelo visto você não consegue fazer nada sem mim.
-Deixe de gracinhas, Blás. –o loiro reclamou.
-Uh, algum milhonário-eu-sou-o-máximo acordou com o pé esquerdo.
-Zabini. –Malfoy disse em tom de aviso, informando que não estava gostando das brincadeiras do outro –Você bebeu?
-Bem, devo confessar que bebi um pouco sim. –respondeu, mais sorridente que o normal –Mas foi só um pouco, ainda estou bem sóbrio.
-Ah-ham. –Draco murmurou com ironia.
Blás ignorou o tom do loiro e disse a empregada, que só agora Draco percebia que ainda estava ali:
-Rachel, leve duas xícaras de chá no meu escritório.
-Sim, Sr. Com licença. –e retirou-se.
-Ai, já vão me excluir? –Lilá reclamou.
-É um assunto entre homens, querida. –Blás, disse, dando um breve beijo na esposa –Por que você não aproveita e liga pra Parvati e falam mal de nós. Aposto que é isso o que fazem quando não estamos por perto.
-Então é isso o que vocês pensam? –perguntou, indignada, balançando suas longas madeixas loiras.
Os dois homens olhavam para a mulher, esperando ela dizer algo mais. Lilá vestia uma canga florida por cima do biquíni azul e tinha uma expressão de desagrado:
-Se vocês pensam isso, é porque são vocês quem falam mal da gente. Uma completa injustiça. Nós fazemos de tudo por vocês e vocês nunca reconhecem. Ingratos! –exclamou e saiu andando espumando de raiva e sem olhar pra trás.
-Mulheres. –o loiro deu um suspiro cansado.
-Isso é TPM. –Blás disse com um gesto de pouco caso –Logo ela virá até mim dizendo o quanto foi boba e você sabe como isso termina, não é Draco? –perguntou, lançando um sorriso malicioso para o amigo.
Draco fez um aceno concordando:
-Elas sempre voltam com o rabinho entre as pernas e acabam fazendo o que queremos.
Os dois entraram no escritório do consiglieri e acomodaram-se numa espécie divã:
-Então Draco, o que te traz aqui? Como foi o almoço dos Weasley?
-O Potter estava lá. –ele disse com desgosto –E ele ficou agarrando a Virginia o tempo todo, não a deixava nem respirar propriamente.
-Hum, você ficou com ciúme, Draco...
O loiro cortou-o:
-Eu não fiquei com ciúmes. –ele revirou os olhos, como se fosse um absurdo –Até parece que eu ia ficar com ciúmes da Weasley... –resmungou –O Potter Testa-Rachada não chega nem aos meus pés e...
Blás deu uma breve gargalhada e então disse:
-E você está morrendo de ciúmes, Draco. –e viu o outro fechar a cara –Assuma, a Weasley mexe com você.
Draco rolou os olhos:
-É óbvio que ela mexe comigo, Zabini, o gênio. –falou sarcasticamente –Mas isso não quer dizer que eu tenho ciúme. Você sabe que nunca gostei do Eu-sou-metido-a-herói-Potter.
-Hum...A Weasley machucou o seu ego por estar com o Potter depois de estar com você... –falou com cara de pensativo.
Draco estreitou os olhos cinzas:
-Como se eu me preocupasse. Ela não vai conseguir ficar com o Potter sem pensar em mim. –disse em um tom presunçoso –O Potter mora nos EUA agora. Eles terminaram o namoro antes dele se mudar. O Cicatriz é carta fora do baralho.
-Se você diz, Draco...Mas e se eles voltarem?
Draco deu um risinho de escárnio:
-Ah, se isso acontecer, eu garanto que o Potter ganhará uma galhada que combinará perfeitamente com aquela selva que ele chama de cabelo.

***
5 de junho, cerca de um mês depois


Gina acordou com o estridente barulho do despertador ecoando em seus ouvido.
“Ah, ótima maneira de se acordar.” Pensou com ironia.
Ainda estava sonolenta por ter revisado até tarde a papelada do caso que estava defendendo para a M Corporation.
Calçou os chinelos e dirigiu-se para o banheiro. Sabia que estava esquecendo de algo importante, mas não conseguia atinar o que. Entrou no banheiro, despiu-se e enfiou-se debaixo da água morna do chuveiro, ainda tentando descobrir o que estava esqeucendo, mas sua cabeça dava voltas. Tomou um banho rápido e vestiu uma saia social preta e uma camisa branca de manga ¾. Prendeu as mechas dianteiras de seu cabelo na parte detrás e deixou o resto solto. Calçou sapatos pretos e dirigiu-se para a cozinha, bocejando.
-Bom dia, Virginia. –Adelina cumprimentou-a.
-B-bom dia... –deu um bocejo –Adelina. –completou –Será que pode fazer uma xícara de café bem forte para mim?
-Claro. –a outra respondeu, já esquentando água numa chaleira com sua varinha –Você parece mesmo estar precisando. Não vá me dizer que ficou trabalhando atá tarde novamente. –disse em tom de censura.
-Mas a audiência é depois de amanhã. Preciso defender o cliente propriamente. –tentou explicar-se.
-Você é uma workaholic, sabia? Isso vai acabar te prejudicando.
-Haha, pra mim trabalho nunca foi um problema. Não se preocupe. –deu de ombros, enquanto passava geléia em algumas torradas –O único problema é que sinto que estou esquecendo de algo. Eu comentei algo com você sobre o dia de hoje?
-Hum... –fez cara de pensativa –Sei lá, mas hoje é o dia do aniversário do seu patrão, vi um dia desses no Semanário das Bruxas. –comentou.
-Ah! –a ruiva exclamou, havia esquecido completamente –É isso mesmo o que eu estava esquecendo. Obrigada, Adelina.
-Não tem de que. É difícil esquecer o aniversário de um homem daqueles.
Gina revirou os olhos, mas sentiu suas bochechas esquentarem levemente. Pairou um silêncio incômodo por alguns instantes, o qual foi quebrado pela empregada:
-Aqui está o seu café.
Sem uma palavra, Gina tomou o café de uma só vez, fazendo uma careta por estar forte e sem açúcar.
-Bem, se é pra acordar, é melhor sem açúcar. –Adelina defendeu-se.
Gina deu um suspiro, levantou-se e foi até o banheiro escovar os dentes. Depois parou um instante em frente a penteadeira para passar gloss nos lábios e então pegou sua bolsa e maleta, despediundo-se de Adelina e aparatando no Saguão de Entrada do prédio da M Corporation. Gina pensava no que Parvati lhe pedira outro dia, que distraísse o Draco no dia do aniversário dele até pelo menos umas 9h da noite, porque haveria uma festa surpresa na Mansão, para qual a ruiva estava convidada. Chutou-se mentalmente por não ter decidido antes como iria distrair o loiro e por não ter comprado ainda um presente.
“Mas que tipo de presente eu posso comprar para alguém que parece ter tudo?” pensou frustrada.
Cumprimentou os colegas de trabalho e dirigiu-se para sua sala. Ao sentar-se à escrivaninha enterrou a cabeça nas mãos e soltou um longo suspiro. Sentia que aquele seria um longo dia. Pegou a pepelada que estivera revisando há algumas horas atrás e levantou-se, seguindo para a porta que dava acesso a sala do Malfoy. Bateu e ouviu a voz de Draco:
-Entre.
Virginia entrou e olhou para o Malfoy, que estava concentrado mexendo em seu notebook.
-Bom dia, Draco. –ela cumprimentou-o.
-Bom dia, Virginia. –respondeu, mas ainda sem tirar os olhos da tela.
Ela caminhou até a mesa dele:
-Eu trouxe o que me pediu. Preciso que você leia para eu saber se aprova a maneira com que preparei a defesa do cliente. –falou em tom eficiente.
Draco olhou para ela:
-Obrigado por cumprir tão bem os prazos, Virginia, mas não creio que seja necessário eu ler para aprovar. Você é uma advobruxa explêndida, tenho certeza que como sempre deu o melhor de si.
A ruiva não pôde evitar de sorrir com orgulho ao ouvir o elogio do chefe:
-Obrigada, Draco.
-Você fica linda quando sorri, sabia?
“Maldição!” praguejou ao sentir suas bochechas esquentarem e ter a certeza de que estava corada.
Gina mordeu o lábio inferior, antes de mudar de assunto:
-Hoje é seu aniversário, Draco. Parabéns.
Ele deu um meio sorriso:
-Bem, não estou nada mal pra quem fez ¼ de século. –e piscou –O Semanário das Bruxas ainda vai me usar como símbolo sexual por muito tempo. –comentou e viu que a ruiva torcia as mãos, parecendo nervosa ao vê-lo levantar-se e se aproximar –Não vai me dar um abraço? –perguntou inocentemente.
Ela engoliu em seco.
“Não seja idiota, Virginia. É apenas um abraço de feliz aniversário. O que é que tem demais?” perguntou-se, mas no fundo sabia que seria tentação demais.
Ainda hesitante, Gina abriu os braços e Draco a puxou contra si. A ruiva respirou fundo e isso não ajudou em nada, porque só fez com que ela lembrasse de como o perfume caro e importado dele era absurdamente bom. O loiro passou uma mão pelas costas dela, acariciando, enquanto a outra a prendia firmemente pela cintura.
Malfoy não queria admitir, mas estava sentindo-se estranhamente bem tendo a ruiva em seus braços. Podia dizer o quanto Gina sentia-se desconfortável com aquele abraço que já durava muito mais que o tempo necessário, mas ignorava isso e continuava a abraçá-la.
-Hum, Draco. –ela murmurou, tentando empurrá-lo delicadamente, mas ele não soltava –Eu não comprei nenhum presente para você, eu nem sei do que você gosta e além do mais, você já deve ter tudo.
-Eu não me importo muito com presentes e sim de quem eles vêm. Eu realmente compro tudo que quero, então atribuo valor sentimental aos presentes que recebo. Sabe, eu ficaria satisfeito se você fosse almoçar comigo. –ele sussurrou ao ouvido dela.
A ruiva suspirou, tentando colocar seus pensamentos no eixo, o que era muito difícil. Ele queria passar algum tempo com ela. Poderia usar isso para cumprir o que a Parvati tinha pedido. Era só adiar para depois do expediente e poderia até mesmo aproveitar para comprar um presente para ele na hora do almoço.
-Desculpa, Draco. Eu não posso. Prometi para a minha mãe que passaria na Toca na hora do almoço. –mentiu –Mas o que acha de tomarmos uns drinques após o expediente?
-Ok. –ele concordou.
-Draco, será que você pode me soltar agora?
-Oh, desculpe-me. –disse, soltando-a imediatamente –Eu nem tinha percebido. Estou distraído hoje. –mentiu, sorrindo inocente.
-Hum, eu vou indo então. –a ruiva disse, meio sem jeito, saindo dali o mais rápido que pôde.
Em alguns segundos desabou na cadeira giratória, como se tivesse corrido uma maratona. O tempo parecia demorar a passar e toda hora ela tinha que se policiar para não se perder nas memórias das sensações que tivera tendo o corpo de Malfoy junto ao seu. Deu graças a Merlin quando deu meio-dia e pôde sair para o almoço. Virginia aparatou no Beco Diagonal e teve um rápido almoço no Caldeirão Furado e em seguida pôs-se a observar as vitrines.
“Afinal, o que eu posso comprar para o Malfoy?” ela se perguntava.
Foi então que viu uma caneta que lhe chamou atenção e que estava cercada por penas. Gina adentrou a loja e logo uma senhora de meia-idade perguntou-lhe:
-O que posso fazer por você, querida?
-Bem, eu gostei daquela caneta ali. –e apontou, fazendo a mulher sorri e ir buscá-la –Eu fiquei curiosa ao ver uma caneta, nós bruxos, normalmente usamos penas.
-Essa caneta é especial. Foi feita em série limitada. O cabo da tampa é de ouro puro, o material é uma liga em que são utilizados ossos de dragão e essas pedrinhas na parte superior da tampa que parecem diamantes perolados foram banhadas em sangue de unicórnio. E com relação a tinta, quando acaba, basta fazer um simples feitiço reparo que a tinta volta.
-Nossa, isso deve custar uma fortuna! –a ruiva exclamou.
-Nem tanto querida, custa 500 galeões. Mas para a melhor advobruxa de quem já ouvi falar, eu posso fazer por 400.
“Nossa, mas ainda assim é caro. É a metade do meu salário fixo.” Ela pensou “Mas me lembra tanto o Malfoy essa caneta, acho que ele iria gostar. Será que vale a pena gastar tanto dinheiro assim com ele? Ok, acho que devo comprar. Já que depois o mandarei para Azkaban, assim me sinto mais justa.”
-Eu vou levar. –a ruiva disse, tirando da bolsa um saco com galeões e começando a contá-los e agrupá-los com a ajuda da varinha –Será que pode embulhar para presente?
-Claro, querida. Quer que eu faça um feitiço para que as palavras “Meu amor” fiquem brilhando.
Gina corou:
-Não. Não é um presente para um namorado.
A mulher fez cara de pensativa por alguns instantes e então disse:
-É para Draco Malfoy, não é?
-C-como você sabe?
-É aniversário dele hoje, pombas. Acho que qualquer bruxa que lê O Semanário das Bruxas sabe.
Gina ficou quieta e corou mais ainda.
“Puxa, será que só eu que não lembrei do aniversário dele?”
A ruiva parecia nervosa ao pagar a mulher e pegar o embrulho:
-Não se preocupe, querida. Provavelmente ele vai gostar do seu presente.
Virginia dirigiu um sorriso nervoso a ela e saiu dali. Olhou para o relógio de pulso e descobriu que se não se apressasse chegaria atrasada. Guardou o embrulho em sua bolsa e aparatou novamente no Saguão da M Corporation. Pegou o elevador e encostou-se na parede do mesmo, fechando os olhos. Ouviu o barulho de passos apressados e então o barulho da porta se fechando:
-Olá, Virginia. Teve um bom almoço na casa dos seus pais?
A ruiva abriu os olhos rapidamente, tendo um sobressalto ao ouvir a voz do Malfoy. Os dois estavam sozinhos no elevador. Ela abriu um sorriso confiante, a despeito da insegurança que repentinamente se instalara em si:
-Sim, a comida da minha mãe é realmente deliciosa.
“Não mais que você, ruiva.” Pensou, sorrindo maliciosamente.
Ao receber um olhar de Draco que indicava que ele a estava comendo com os olhos, ela decidiu puxar um assunto:
-Draco, por que você está trabalhando no dia do seu aniversário?
O loiro deu uma pequena risada desdenhosa:
-Tsc, tsc. Pra mim é como se fosse um dia normal. Eu já cheguei até mesmo a trabalhar no natal. Você acha que eu fico sentado fingindo trabalhar o dia inteiro? Se sim, eu tenho novidades. Eu trabalho mais duramente do que alguém possa imaginar. Vejo as olheiras sob seus olhos e reconheço seu mérito porque eu sei o significado disso. –o loiro sacou a varinha e fez um feitiço não verbal, tocando a varinha nas áreas enegrecidas pela falta de horas dormidas.
Em seguida, ele gardou-a e passou uma mão pelo rosto da advobruxa, acariciando.
-Eu não estava te acusando de não trabalhar. –ela defendeu-se.
Malfoy encarou-a seriamente:
-Bom mesmo. Porque você não tem a mínima idéia do quanto me custou para chegar onde estou.
-Quem sabe eu teria se você deixasse claro sobre o que está falando. Quem sabe assim você tiraria a impressão que tenho que tudo sempre foi fácil na sua vida, Draco Malfoy. –devolveu com aspereza e nesse instante o elevador abriu as portas.
Gina saiu rapidamente, mas Draco logo a alcançou, segurando-a pelo braço e fazendo-a virar-se para ele. Os dois se encararam. Olhos cinzentos nebulosos nos castanhos determinados.
-Você realmente não sabe do que está falando. Não brinque com fogo, Virginia, você pode se queimar. –o loiro disse impassivo, mas a ruiva pôde perceber um que de ameaça na voz dele.
-Está me ameaçando, Malfoy?
Ele rolou os olhos:
-Entenda como quiser o meu aviso, Virginia. A gente se vê. –Draco finalizou, entrando em sua sala e deixando a ruiva no corredor.
Gina bufou de exasperação.
“Ai que ódio do Malfoy! Desgraçado! Como ele consegue me aborrecer tanto? Vou obter um prazer sádico vendo-o mofar em Azkaban, ah se vou!” pensou sombriamente, deixando-se dominar pelos sentimentos de raiva e vingança.

***

“O mulherzinha difícil! Tem o prazer de me desafiar, parece tão destemida quando faz isso. Essa coragem dela faz com que a queira ainda mais. Ah, eu domar essa mulher ou não me chamo Draco Malfoy.” O loiro pensou, ao entrar na sua sala de presidente.
Sentou-se em sua confortável cadeira giratória e mais uma vez enterrou-se no notebook. Checava as diversas bolsas de valores, o preço dos barris de petróleo, balanços patrimoniais, folhas de pagamento, lia sobre as tendências da economia mundial, Samantha anunciava possíveis clientes, além de que ele falava freqüentemente ao IB ou ao celular.
Eram tantas coisas que o loiro tinha que fazer que a tarde passou rápida e ele ganhou uma dor-de-cabeça. Foi interrompido uma última vez pela secretária:
-Aqui está o chá de hortelã, Sr. Malfoy. O horário do expediente já acabou, o Sr. parece estar muito cansado.
-Obrigado. Pode ir Samantha.
-Sim, mas antes eu queria entregar o meu presente. –ela murmurou, oferecendo a ele um pacote –É um presente simples, mas é de coração.
Draco pegou-o e abriu. Era uma gravata prata, a qual combinava com seus olhos. O loiro viu que a gravata era Armani:
-Samantha, como você pôde gastar assim comigo? Você sustenta a sua família, como... –Draco falou, sentindo-se culpado por já a ter chantageado.
-Não se preocupe com isso, eu tinha umas economias. Além do mais, o senhor me paga muito bem, de modo que posso fazer umas estravagâncias de vez em quando. –ela corou.
Draco aproximou-se dela e a morena oolhava em expectativa, tendo as bochechas cada vez mais rosadas. O loiro lançou um olhar complacente para ela, mas que ao mesmo tempo dizia que ele não poderia dar o que ela queria. Deu um beijo no rosto dela e abraçou-a:
-Sam, eu sei o que você sente por mim. –ele sussurrou e ela ficou dura nos braços dele.
-C-como? Q-quem contou? –a morena não conseguia impedir que sua voz tremesse.
-Ninguém me contou, no fundo eu sempre soube.
Samantha apertou o abraço:
-Por favor, Sr. Malfoy. Não me demita, eu faço qualquer coisa. Qualquer coisa.
Nesse instante Virginia Weasley entra na sala e surpreende os dois abraçados e Samantha a dizer um tanto desesperada que faria qualquer coisa.
-Estou atrapalhando algo? –a ruiva perguntou numa voz fria e seca, que ela não tinha ensaiado antes de se pronunciar.
Os dois afastaram-se imediatamente. Aos olhos de Gina, Draco parecia preocupado e Samantha tinha os olhos cheio de lágrimas.
-Não atrapalha nada, Virginia. –o loiro respondeu rapidamente e então virou-se para a secretária –Não se preocupe, Samantha. Eu não vou te despedir. E de qualquer forma, obrigado pelo presente.
Samantha apenas mordeu o lábio inferior, mais envergonhada que nunca, e despediu-se dos dois:
-Boa noite. –e saiu dali o mais rápido que pôde, fechando a porta ao passar.
Um clima pesado se instalou entre Malfoy e Weasley. Até que Gina cobrou:
-Você não vai mesmo nem mentir dizendo que o que eu vi não foi nada?
-Mas não foi nada. A Samantha veio aqui e me trouxe chá. –apontou a xícara que jazia esquecida em cima da mesa –Porque eu estou com dor-de-cabeça. Então ela disse que queria me dar um presente. –e mostrou a gravata que ainda tinha em sua mão –Esta gravata é uma Armani. Eu disse que ela não deveria gastar tanto comigo. E ela disse que não era nada. Então eu a abracei e disse pra ela que sabia o que ela sentia por mim. Então ela ficou desesperada achando que eu iria demiti-la. Foi nessa hora que você chegou. –ele finalizou, pegando a xícara e começando a bebericar o chá.
-Hum. –Virginia murmurou –Parece plausível.
-E é. –o loiro respondeu, sentando-se no divã e ainda tomando chá.
Virginia foi até onde ele estava e sentou-se ao lado dele:
-Vai demorar muito com o chá?
-Creio que não. –respondeu indiferente –Mas eu realmente estou com dor-de-cabeça, sabe?
-Pois é isso é realmente horrível. Mas você não é o único que sofre disso. Massagens são ótimas. Eu sempre fazia massagem no Harry quando... –e parou abruptamente parecendo finalmente perceber com quam estava falando.
O loiro ignorou a parte em que ela falava do Potter e perguntou:
-Será que o aniversariante não merece uma massagem?
-Ah, não sei. Eu não sou nenhuma profissional... –a ruiva tentou escapar.
-Ora, Virginia. Por favor, essa dor-de-cabeça realmente está me incomodando. –ele pediu, pousando a xícara numa mesinha.
A ruiva suspirou e ergueu as mãos, sinalizando rendição:
-Ok, ok. Mas só porque é seu aniversário.
Gina fez com que o loiro deitasse a cabeça no braço do divã e sentou num pequeno pedaço do sofá que havia sobrado. Ela inclinou-se sobre Malfoy e afastou os cabelos loiros antes de começar a massagear as têmporas dele. Draco fechou os olhos por alguns instantes ao sentir a suavidade com que as delicadas mãos da ruiva o tocavam. O Malfoy voltou a abrir os olhos e logo a dor-de-cabeça tinha ido embora e ele só conseguia pensar no quanto era bom a massagem que ela fazia.
-Virginia, você tem mãos de fada. Morgana deve realmente ter te abençoado com esse dom.
A ruiva sorriu meio sem graça:
-Já passou?
-Ainda não. –ele mentiu –Mas tá melhorando.
-Hum. –ela murmurou, na falta de algo melhor pra dizer.
-Virginia. –ele chamou e ela olhou nos olhos dele, ficando corada ao perceber que os rostos estavam bem próximos –Eu não sei como o Potter te deixou escapar.
-Ah, então você leu a matéria de capa do Profeta Diário na semana passada, não foi? –perguntou, visivelmente incomodada.
-Sim, todos leram. Eu sinto muito. Deve ter sido humilhante ter a vida exposta dessa maneira.
-Eu já superei. Mais cedo ou mais tarde encontrarei alguém. –e corou mais ainda ao perceber que tinha falado a última parte em voz alta.
Apesar da vergonha que sentia, a advobruxa não queria demonstrar fraqueza, então encarou o loiro. Draco sustentou o olhar por alguns segundos, mas então levantou um pouco a cabeça e tocou os lábios de Gina com os seus. O Malfoy não deu a mínima chance para que ela fugisse. Puxou o corpo dela contra o seu e em seguida virou o jogo, ficando por cima dela. Ele tomava a boca dela com desejo e luxúria. Quando menos esperava, a Weasley sentiu a língua do Malfoy acariciar a sua numa dança lasciva. A ruiva se derretia pelos beijos de Draco, mas preferia ter que dividir a cama com o cão babão de Hagrid, Canino, do que admitir que Draco Malfoy tinha os melhores beijos que ela jamais havia experimentado. Contudo, ela logo lembrou-se o quão imprópria era aquela situação e empurrou-o para longe de si:
-Pára, Draco! O que você estava pensando? –perguntou, levantando-se e pondo-se a alisar a roupa para tirar o amassado.
-Eu não pude resistir ter você tão perto de mim, Virginia. –respondeu sinceramente, também levantando-se.
-Pois trate de resistir. Guarde esses...esses seus beijos para a sua mulher. –respondeu, incomodada.
O loiro deu um suspiro cansado:
-O nosso drique ainda está de pé?
A Weasley tinha vontade de responder que não, mas então lembrou-se que era sua tarefa distrair o Malfoy.
-Está. Vamos indo?
-Claro. –concordou.
Os dois foram até um pub próximo da M Corporation.
-O que quer beber, Virginia?
-Um mojito.
-Ok. Rum e mojito. –o loiro pediu ao barman.
Draco revirou os olhos ao ver que Gina estava em silêncio e tentava evitar encará-lo:
-Ainda está incomodada pelo que aconteceu na...?
-Pára. –ela cortou-o –Não mencione isso, ok? –perguntou, aborrecida e voltando os olhos para os dele.
-Ah, então é assim? Você acha que vai resolver tudo fugindo do assunto? Esperava mais de uma grifinória. –disse com descaso.
Gina olhou feio para ele:
-Malfoy, não há nada para ser resolvido. Não se esqueça que é casado. Não quero as pessoas falando mais do que já falam. Há boatos sobre nós, sabia?
-Veja a enorme injustiça disso. Eu levo a fama, mas não levo o prêmio. O que acha de unir o útil ao agradável, Virginia? –perguntou cinicamente.
-Nem pense nisso. Os fofoqueiros falam demais, mas isso não quer dizer que tornarei o que eles dizem realidade. –respondeu com franca indignação.
Nesse instante as bebidas chegaram e a ruiva rapidamente deu um grande gole na sua:
-Isso tudo é irritação, Virginia? –Draco perguntou, com um típico sorriso de remoque brincando em seus lábios.
“Merlin, haja paciência! Até quando eu vou agüentar isso?” a ruiva perguntou-se.
-Draco. –disse pausadamente e com forçada calma –Não vamos falar sobre algo que não existe e nem vai existir, ok?
“Você é que acha, Weasley. Ainda vou te convencer do contrário.” Pensou com superioridade e exibiu um sorriso falso para a ruiva.
-Do que você quer falar? –indagou, fingindo cortesia e ela deu de ombros –Porque pelo que me consta, você não quer falar sobre a grande e incontrolável atração que sente por mim... –acrescentou, sorrindo com prazer ao ver a cara de Gina.
A ruiva arregalou os olhos, abrindo e fechando a boca por umas duas vezes antes de dizer:
-Eu não sei do que você está falando. Não há nenhuma atração. –falou seriamente –Pelo menos não da minha parte. -provocou-o –Eu acho que você sofre de narcisismo crônico.
Draco ofereceu-lhe um sorriso debochado de canto de boca:
-Pelo menos o meu ego não me impede de enxergar certas coisas, já o seu... –deixou no ar.
Virginia fuzilou-o com seus olhos castanhos e terminou sua bebida:
-Você sabe como ser intragável, Draco. –disse num tom de quem sabe das coisas.
O loiro ignorou o comentário dela e perguntou:
-Quer outra coisa pra beber?
-Não, obrigada. –a Weasley respondeu educadamente –Eu ainda não jantei, beber de estômago vazio vai com certeza me deixar facilmente bêbada.
Um meio sorriso apareceu nos lábios dele e Gina fez uma cara de indagação, ao que ele respondeu:
-Pelo que me lembro você é muito interessante quando bêbada, Virginia. Lembra-se daquela vez no meu iate na França?
Imediatamente o rubor assomou as faces pálidas da Weasley e fê-la lembrar-se que havia acordado nos braços dele e depois lembrou-se de quando haviam transado, o que só piorou seu constrangimento. De repente sentiu-se mal. Era como se houvesse um batalhão de sensações dentro de si querendo se sobrepor uma à outra, mas havia tanta confusão que isso parecia impossível. Virginia então levantou-se sem dar qualquer satisfação ao Malfoy e foi dirigindo-se à saída.
-Virginia, aonde está...? –ele ainda tentou, mas foi em vão.
Draco então terminou sua bebida rapidamente, colocou dinheiro sobre o balcão e não fez questão de troco, dando meia volta e seguindo por onde sabia que a advobruxa passara. Logo que chegou ao lado de fora, encontrou o que procurava, ou melhor, quem.
Virginia Weasley estava com uma mão apoiada na parede e estava de costas para o loiro. Ele aproximou-se dela, um tanto incerto.
-O que aconteceu, Virginia? Você não está passando bem? –perguntou, colocando uma mão sobre o ombro dela.
A Weasley virou-se e o loiro depositou suas duas mãos sobre os ombros dela, como se quisesse ter a certeza de que ela estava segura caso desmaiasse de repente, o que não parecia muito difícil de acontecer. A ruiva, que antes estava corada, agora estava branca como um fantasma. Ela respirava profundamente e sua pele estava arrepiada, reação esta que ela não sabia dizer se era devido a brisa outonal de início de noite ou se era pelo contato que as mãos geladas do loiro estavam fazendo por cima da camisa dela.
-Não sei. Acho que apenas precisava de respirar um pouco de ar puro.
-Se é que você pode chamar o ar da urbanizada Londres de puro. –Malfoy desdenhou –Quer dar uma volta no Hyde Park? –perguntou a ela –E se quiser podemos jantar por lá também. O que me diz?
-Aceito a volta, mas acho que o jantar é desnecessário. –ela respondeu.
-Vamos então. –e puxou-a pelo braço até a limusine.
Após estarem devidamente acomodados na parte traseira do veículo, Draco disse ao motorista:
-Para o Hyde Park, Ewan.
-Draco, você tem água por aqui?
O loiro acenou afirmativamente e tirou uma garrafa de água mineral do compartimento em que estavam guardadas as bebidas.
-Aqui está. –ele entregou a garrafa à ruiva.
Ela bebeu com gosto quase metade do conteúdo da garrafa. Depois Draco bebeu o resto.
-Sabe, a Eve perguntou de você. –Gina comentou, querendo quebrar o silêncio –Ela também mandou um recado.
-Qual? –Draco indagou, deixando transparecer a sua curiosidade.
-Ela disse “Tia Gina, diz pro Tio Draco que eu adoro ele e que mandei um beijo.”
Draco sorriu, ao imaginar a ruivinha dizendo aquilo.
-Eu não a vejo desde aquele almoço. –comentou pesaroso –Será que o seu irmão e a sua cunhada me deixariam levá-la a um parque de diversões por exemplo?
Virginia surpreendeu-se pela pergunta dele, mas sorriu:
-Bem, suponho que sim. Afinal, você salvou a vida dela, Draco.
O loiro desviou o olhar do dela e murmurou:
-É.
-O que foi? –perguntou ao vê-lo pensativo.
-Você gostaria de sair comigo e a Evelyn? Porque eu tenho que assumir que estou te dando trabalho de mais e...
-Não estou trabalhando em excesso. –ele retrucou, mas no fundo sabia que ele tinha razão.
-Virginia, você é uma workaholic. Já te disseram que isso faz mal?
A ruiva lançou a ele um sorriso irônico:
-Vejam só, o sujo falando do mal lavado. Me diga, Draco, qual foi a última vez que você viajou sem ser a negócios? –ele ficou quieto, já nem lembrava-se –Além do mais, eu já vi a luz do seu escritório acesa bem depois do expediente. Você quase não desgruda do notebook e não consegue deixar o seu celular desligado.
Ele deu um suspiro cansado:
-Ok, Virginia, você está certa. Mas pelo menos eu arrumo um pouco de tempo para a minha vida pessoal. Você raramente vai nos almoços da sua família, não tem um namorado e não sai com os amigos. Aliás, você quase não usa as folgas a que tem direito.
Gina bufou de indignação:
-Olha, não é da sua conta a minha vida pessoal. E como você pode saber se eu tenho namorado ou não?
Ele revirou os olhos e disse impacientemente:
-Mas isso é óbvio. Você não sai e não deixa os caras se aproximarem de você. Já ouvi boatos a seu respeito na M Corporation. Quer dizer que você deu um fora no O’Connell, hein?
-Bando de fofoqueiros. –a ruiva resmungou.
-Então é verdade. –o loiro murmurou em constatação ao notar o jeito aborrecido dela –O O’Connell é um bom advobruxo e é bem cotado entre as mulheres. Estou curioso para saber o porquê dispensou-o. –disse, mal escondendo a satisfação em saber que a advobruxa não quisera o homem.
-Eu não estou afim dele. –ela respondeu e Draco levantou as sobrancelhas –Não que eu esteja afim de outro, mas o O’Connell é egocêntrico e arrogante demais.
-Oh, Virginia, pare de me descrever. –o loiro riu em remoque.
Ela sorriu:
-Ele consegue ser mais que você. Mas tenho que admitir que nos tribunais o O’Connell é muito bom.
-Não melhor que a Dama Ruiva dos Tribunais, mas se eu não soubesse que aquele filho da mãe é muito bom no que faz, eu não o teria contratado.
Nesse instante, a limosine parou e Draco saiu primeiro, fazendo questão de abrir a porta e estendendo a mão para a advobruxa.
-Obrigada. –Gina agradeceu, aceitando a mão dele, porém, assim que saiu do carro, soltou-a.
Passaram a andar lado a lado, mas Gina tentava manter uma certa distância entre os dois e apesar disso suas mãos roçavam ocasionalmente. Falaram sobre assuntos amenos e quando a ruiva olhou em seu relógio pela segunda vez viu que já era 9h da noite.
-Draco, você não acha que já é hora de irmos embora? –indagou, mas antes que qualquer resposta pudesse ser dada, o celular dele tocou.
-Só um instante. –disse antes de atender –Alô. Oi, Parvati. Olha, eu sei que já deveria estar em casa, mas...Hum. Jantar de aniversário? Eu não acho que...Tá. Tá bom então. Beijo. Tchau. –e desligou.
-Era a Parvati, não é?
-Sim. Ela disse que ia dar um pequeno jantar de aniversário em casa esta noite. Falou que tinha convidado a Lilá, o Blaise, a Padma e o marido dela e pediu para que eu te convidasse...
-Você não precisa me convidar só porque a Parvati disse. –a ruiva cortou-o.
-Não, Virginia. Eu estou convidando porque eu quero. –falou seriamente –Ou será que você tem um encontro secreto com o O’Connell? –perguntou zombeteiro.
-Haha, muito engraçadinho. –disse ironicamente.
-Você vai recusar? –e ela fez cara de pensativa –Não faça uma desfeita dessas, Virginia. –reprendeu-a, como se estivesse ensinando bons modos –É o meu aniversário.
-Hum, ok. Mas com uma condição. –a ruiva concedeu;
-Qual? –perguntou automaticamente.
-Primeiro passamos na minha casa para eu pelo menos trocar de roupa. Prometo que vai ser rapidinho.
Foi a vez do loiro fazer cara de pensativo.
-Tá. –concordou após um tempo –Mas saiba que você está muito bem assim. –e seguiu na direção de onde tinham vindo.
Gina foi atrás dele, sentindo-se um pouco desconfortável pelo comentário dele.
“E essa é mais uma das indiretas.” Suspirou “Mas o pior foi hoje na sala dele. Eu não deveria ter correspondido aquele beijo...” sua consciência pesava.
Pararam ao lado da limusine e Draco abriu a porta para que a Weasley entrasse, mas ela ficou parada. O loiro então percebeu o olhar perdido e distante que ela ostentava. Aproximou-se mais dela e sussurrou no ouvido da mesma:
-100 galeões pelos seus pensamentos, Virginia.
A advobruxa deu um pulo para longe do loiro:
-Por Merlin, Malfoy! –ela exclamou indignada –Você me assustou!
Ele fez cara de inocente:
-Não tenho culpa se estava perdida em pensamentos. Acontece que você deve entrar no carro e não entrou até agora.
A ruiva bufou e então entrou. O Malfoy fechou a porta e deu a volta, sentando-se do outro lado. Ewan, o motorista bonitão, encarava Gina pelo retrovisor, perguntando-se o porquê da expressão aborrecida dela.
-Para o apartamento da Virginia, Ewan. –Draco ordenou, não parecendo gostar de como ele estava olhando a ruiva.
O choffer fez um gesto afirmativo e deu partida no carro. De repente a ruiva lembrou que ainda não havia entregado seu presente ao loiro.
-Hum, Draco. Eu tenho algo pra você. –disse, meio incerta –Um presente de aniversário. –acrescentou ao ver os olhos dele brilhando maliciosamente.
-Não precisava se incomodar, Virginia. –falou sinceramente, mesmo sua mente negando que havia ficado feliz por receber um presente dela.
A ruiva abriu a bolsa e tirou de lá um pequeno embrulho, o qual entregou ao chefe:
-Espero que goste.
Draco abriu cuidadosamente a caixinha e ficou boquiaberto:
-Isso deve ter custado uma fortuna. –falou, tirando o objeto da caixinha e o observando melhor contra a luz –Decididamente você não deveria gastar tanto. Quer competir com a Samantha pra ver quem dá o presente mais caro ou o que?
Gina ficou sem graça, corando bastante:
-Eu...apenas pensei que era a sua cara e você gostaria.
Ele ergueu o queixo dela e fez com que ela o encarasse:
-Eu só estava brincando. –e deu um sorriso genuíno –Bem, mas essa é a opnião que tem de mim? Ostensivo, incomum, complicado e belo?
-É...por aí. –ela assumiu e ele mais uma vez sorriu.
-Ok, tenho que assumir que é um presente que combina comigo. Agradeço muito. Será a minha caneta da sorte.
-Não sabia que era surpersticioso. –disse com surpresa.
-Ah, acho que todos somos um pouco. -deu de ombros.
-Você deveria sorrir mais assim. –Gina comentou.
-Assim como? –ele perguntou, confuso.
-Do jeito que estava sorrindo agora a pouco.
-Bem, é o jeito que eu sorrio quando estou feliz. –confessou.
-É o mesmo jeito que você sorri quando vê a Evelyn. –foi a vez de Gina sorrir –Parece que a Eve conquistou o coração de um certo marmanjo. –comentou, divertida.
As bochechas do Malfoy adquiriram uma leve coloração rosada. Falar sobre seus próprios sentimentos sempre fora incômodo para ele. Aliás, Draco pensava que quanto menos as pessoas soubessem sobre seus sentimentos, melhor seria.
-Não quero falar de mim. –O Malfoy declarou.
-Ora, Draco. Você é o aniversariante. –disse, parecendo se divertir imensamente ao usar o argumento que ele tinha usado para que conseguisse a massagem.
-Espertinha. –disse com um sorrisinho cínico –Então você quer saber de mim, é?
“Aí vem coisa...” foi tudo o que a ruiva pôde pensar antes que Malfoy encostasse os lábios em sua orelha.
-Malfoy, o que...?
-Eu vou falar de mim pra você, Virginia, não era isso o que queria? –sussurrou no ouvido dela –Draco Malfoy, 25 anos, casado, empresário. Exigente, misterioso e vingativo. Um sonserino de ponta a ponta. Bom de cama, cavalheiro e trabalhador.
-Pára. –disse numa voz fraca.
O loiro afastou-se dela, sorrindo sonsamente:
-Mas o que foi que eu fiz de errado?
-Cínico! –ela resmungou –Não finja que não sabe. –cruzou os braços e passou a olhar para o outro lado.
Draco então conjurou uma rosa vermelha sem espinhos e ofereceu à ruiva.
-Acha que vai me comprar assim? –perguntou, com fingida indignação, escondendo que aquele gesto a havia derretido.
-É apenas um gesto singelo para que você não fique brava com o pobre aniversariante.
-Pobre? –perguntou, rindo em seguida.
-Tá, foi só força de expressão. –ele deu de ombros –Será que agora dá para parar de rir? –perguntou já um pouco incomodado.
Virginia aceitou a flor e levou-a até os lábios, sentindo a textura das pétalas e inspirando o cheiro de recém colhida apesar de ter sido conjurada. Draco engoliu seco ao vê-la roçar os lábios nas pétalas da rosa. Teve uma vontade imensa de beijá-la e estava segurando-se para não fazê-lo.
-Prefiro jasmim. –a ruiva falou de repente, tirando Malfoy de seus devaneios luxuriosos.
-Como? –perguntou.
-Eu disse que prefiro jasmim. –disse com simplicidade.
O loiro passou a ponta de sua língua pelos finos lábios e deu um sorrisinho malicioso:
-Jasmim, é?
-Sim, por quê? –indagou desafiadoramente.
-O jasmim significa volúpia, sensualidade. É considerada uma das flores mais afrodisíacas.
Gina ficou vermelha:
-Também gosto de tulipas.
-De que cor?
-Hum...vermelhas.
-Significam declaração de amor.
-Como é que você pode saber essas coisas?
-Sou dono de uma floricultura, esqueceu?
-Ah é... –murmurou, acariciando a flor distraidamente.
Logo chegaram em frente ao prédio em que ficava o apartamento de Virginia:
-Volto logo. –o loiro anunciou ao motorista e saiu do carro.
-Não precisa me acompanhar, Draco. –Gina falou quando o loiro estendeu a mão para tirá-la do carro.
-Não precisa ter medo, não vou fazer nada que você não queira. –falou e ganhou um olhar desconfiado da ruiva –Nem nada que você ache que não queira. –completou.
Gina bufou, mas acabou por concordar. Andou o mais depressa que pôde. Ficar na companhia do Malfoy era ao mesmo tempo tentador e incômodo. Mas no elevador ela não podia tentar manter uma distância andando rápido. Para seu desespero, ele apoiava uma mão na parede e estava próximo o suficiente, de modo que ela podia enxergar as diferentes matizes dos olhos acinzentados. Respirou profundamente, antes de dizer:
-Draco, estamos só nós dois nesse elevador. Tem espaço do outro lado também, sabia?
Ele deu um sorriso sarcástico e sexy, que fez a advobruxa engolir em seco.
-Eu te perturbo tanto assim, Virginia? –perguntou, num tom arrastando e um tanto rouco.
“MERLIN!” o cérebro dela implorou “Eu não sou de ferro, Merlin! Até quando vou agüentar?” a respiração dela já estava falha, mas então ouviram a porta do elevador abrindo-se.
Malfoy afastou-se dela com uma expressão satisfeita e saiu do elevador, seguindo pelo corredor. Gina foi atrás dele e abriu a porta de seu apartamento.
-Posso entrar? –o loiro perguntou educadamente.
-Claro, já veio até aqui mesmo. –a ruiva deu de ombros –Só não fique reparando pela minha casa não ter o luxo que a sua tem.
-Não me importo. Eu gosto do seu apartamento, é confortável. Principalmente o quarto e a cama... –insinuou.
Gina abriu um meio sorriso mecânico e disse:
-Mas você vai ficar quietinho, sentado no sofá da sala. E eu vou para o quarto, sozinha. –disse e o empurrou para o sofá –Eu não demoro.
Draco observou a ruiva girar nos calcanhares e o cabelo longo dela girar junto. Depois ele concentrou-se nos movimentos que os quadris dela faziam contra o tecido da saia preta.
“Merlin, que mulher!” o loiro pensou, abrindo os primeiros botões de sua camisa e afrouxando um pouco a gravata “Ela tá me pondo louco...”
A ruiva demorou apenas cerca de 10 minutos, nos quais Draco pensava em uma desculpa mais esfarrapada que a anterior para entrar no quarto dela sem sofrer uma morte lenta e dolorosa. Porém, antes que Draco encontrasse a desculpa perfeita, Virginia voltou para a sala e percebeu que Draco estava perdido em pensamentos:
-Hem, hem. –a ruiva fez-se notar.
Por alguns instantes, Draco Malfoy não conseguiu esconder sua expressão embasbacada ao mirá-la. Gina vestia o mesmo vestido vermelho que usara quando dançara tango com Draco. Ele não sabia se olhava a perna dela que aparecia pela fenda do vestido ou se olhava o topo dos seios que o generoso decote deixava aparecer. Porém, logo recompôs-se, levantando do sofá e dizendo um medido:
-Você está muito bem, Virginia.
A Weasley deu um sorriso superior:
-Eu sei que você quer dizer mais que isso, Draco. Mas eu me contento em ler seus pensamentos pela cara de babaca que você fez agora há pouco.
-Hey, eu não fiz cara de babaca! –ele defendeu-se.
-Ah, se você tivesse um espelho... –deixou no ar, enquanto apanhava uma bolsa vermelha pra combinar com o vestido e em seguida dirigindo-se para a porta.
Olhou para trás e viu que ele permanecia parado:
-Vai ficar aí parado pensando nas coisas que não pode ter ou vai sair desse transe e ir para o seu jantar de aniversário? –ela provocou-o.
O loiro teve vontade de responder “Nenhum dos dois, porque eu quero te ter e eu vou te ter agora.”, mas tudo o que fez foi sair do apartamento da ruiva.
Na limusine, Gina sentou-se o mais distante que pôde do Malfoy. Em partes ele achou bom, pois estava se controlando para não agarrá-la e fazê-la sua ali mesmo. Os dois ficaram perdidos em seus próprios pensamentos durante o trajeto, não se atrevendo a externá-los. Ao chegarem em frente a Mansão do Malfoy, Virginia saiu do carro sem esperar por Draco. Ele alcançou-a, segurando-a pelo braço:
-O que foi que eu te fiz, Virginia?
-Nada. –forçou-se a encará-lo –A Parvati está nos esperando. –mudou de assunto e então ele soltou-a, dirigindo-se a porta de entrada.
-Que estranho. –o loiro comentou –As luzes parecem estar todas apagadas. O que a Parvati está aprontando?
-Não sei... –a ruiva respondeu vagamente, com um sorriso de “eu-sei-algo-que-você-não-sabe.”
Draco resolveu abrir a porta de uma vez por todas. Nesse momento as luzes acenderam-se todas ao mesmo tempo e ouviu-se um coro de vozes:
-Feliz aniversário, Draco!
O loiro olhou para as muitas pessoas vestidas em trajes de gala e em seguida para Gina que sustentava no rosto um sorriso de superioridade que dizia que ela sabia o tempo todo.
-Você...
-Sim, eu sabia. –ela cortou-o –Entra, Draco. –ela falou, ao ver que ele continuava parado no batente da porta.
O Malfoy então virou-se para os convidados e deu um sorriso um tanto falso:
-Vocês realmente me enganaram, hein? –disse e logo Parvati estava pendurada no braço dele, como que a lembrar que Draco Malfoy era seu marido -Sejam bem-vindos à minha festa de aniversário surpresa. Divirtam-se.
Gina observou Parvati dar um selinho no loiro e as pessoas adiantarem-se para desejar parabéns.
“Bando de puxa-saco! O Draco tem razão, tudo o que gira em torno de dinheiro e poder é falso.” A ruiva não pôde deixar de pensar.
Gina fez um social por algum tempo, mas depois pegou sua taça com firewhisky e partiu na procura de um lugar em que pudesse ficar sozinha. Não agüentava mais ficar no meio daquelas pessoas fúteis e interesseiras. Além de que estava dando foras em diversos homens, muitos dos quais bêbados. Ela estava cansada daquilo. Precisava se livrar daquele ambiente nem que fosse por alguns minutos. A música estava alta e as pessoas dançavam, bebiam e conversavam no espaço do Saguão de Entrada.
“Provavelmente estão muito ocupados para prestarem atenção em mim.”
Gina subiu o mais rapidamente que pôde a escada principal e virou a direita, andando pelo corredor. Escolheu entrar na última porta, já que era onde estaria mais distante do barulho. Era uma porta bonita, de madeira trabalhada. Tentou abri-la, mas esta estava trancada. Tirou a varinha de sua bolsa e tentou um simples alorromora, o qual não resultou. Respirou fundo, aquilo decididamente não seria uma coisas das mais lícitas a se fazer, mas naquele instante agradeceu a Merlin por ser irmã de Fred e Jorge. Seus irmãos tinham inventado um feitiço arrombador de fechaduras que era muito prático e não causava nenhum estrago. Sem mais considerações, a ruiva realizou o feitiço, entrando rapidamente e fechando a porta atrás de si. Reparou que estava em um quarto luxuoso e logo percebeu ser o quarto de Draco ao sentir o cheiro do perfume dele. Ela tinha que dar o braço a torcer e assumir que aquele perfume era delicioso. Olhou para a elegante penteadeira, vendo diversos produtos cosméticos, que obviamente pertenciam a Parvati. Em seguida seu ohar recaiu sobre o grande guarda-roupa e perguntou-se onde Draco guardaria suas cuecas...
“Você definitivamente perdeu todo o juízo, Virginia Molly Weasley.” Uma voz gritou em sua mente.
Seus olhos então voltaram-se para a ampla cama que ali havia. Caminhou até ali e sentou-se no lado direito dela. O perfume masculino de Draco intensificou-se. Gina pegou o travesseiro e apertou-o contra seu próprio corpo, inalando aquele cheiro. Tirou suas sandálias e deitou-se na cama, com a cabeça apoiada no travesseiro. Sentia-se cansada e sonolenta. Fechou os olhos, querendo esquecer tudo a sua volta e pensando que ninguém a encontraria ali. Mal sabia que tinha sido vista...

***

Draco estava entediado. Estava num daqueles dias que se enjoava facilmente de ser paparicado pelos interesseiros. Malfoy conversava com Blás Zabini e um funcionário do Ministério da Magia. Aliás, os outros dois é que conversavam e o loiro apenas fingia prestar atenção.Perguntava-se aonde estaria Virginia e procurava-a constantemente com os olhos.
“Pelo menos eu teria conversas mais interessantes.” Respirou profundamente, ensaiando dar mais um gole em seu copo com firewhisky, mas algo chamou-lhe a atenção.
Finalmente Draco viu a Weasley. Ela estava ao pé da escada principal e logo subiu por ela. Assim que ela sumiu da vista dele, disse os dois homens:
-Estou com uma dor-de-cabeça que realmente está me incomando. Vou tomar uma poção e já volto.
Draco estava pouco se importando muito se algum bisbilhoteiro de plantão tinha visto a Weasley subir as escadas e agora ele. Seguiu por onde sabia que ela tinha ido e foi abrindo as portas pelo caminho, vasculhando os cômodos. Até que restou apenas o seu quarto. O loiro deu um sorriso malicioso e girou a maçaneta. Abriu a porta o mais silenciosamente que pôde e espiou. Assim que viu Gina deitada em sua cama, tratou de fechar a porta cuidadosamente e trancando-a com um feitiço não verbal para que ela não percebesse sua presença. Aproximou-se a passos largos e lentos e observou-a. Não ficou muito tempo a contemplá-la, pois na sua opinião aquilo seria coisa de um apaixonado babão, coisa que certamente ele não era. Cobiçou os lábios rosados e se deixou levar pela vontade de possui-los. Abaixou-se, aproximando os rostos e quando estava a milímetros da boca dela, a ruiva abriu os olhos:
-Malfoy! –ela exclamou, assustada, tentando levantar-se.
Draco segurou-a e colou os lábios aos dela. Gina lutou, tentando empurrá-lo de cima de si, mas ele não deixava brecha para que ela escapasse. Estava tudo errado! Ele era um criminoso, era casado. Eles estavam no quarto e na cama que ele dormia com Parvati. Ela não conseguia –ou pelo menos não queria –entender porque aquele homem a atraía tanto. Sentia o corpo quente dele contra o seu e tinha vontade de mandar tudo ás favas. Ele a incitava a cometer loucuras, ceder a desejos...Coisas, que uma vozinha teimava em dizer que ela não deveria fazer. Logo já não conseguia mais lutar contra a assombrosa vontade que tinha de sentir os beijos fogosos dele. Acabou por sucumbir. Entreabriu os lábios e procurou pela língua dele, antes que o loiro o fizesse. Passou as mãos por trás do pescoço dele, segurando o loiro o mais perto que conseguia. Foi um beijo repleto de desejo reprimido e luxúria. Porém, antes que pudessem aprofundar as carícias ouviram um barulho. Era a voz de Parvati:
-Draco, meu amor, posso entrar? O Blás me disse que você está com dor-de-cabeça.
Malfoy saiu imediatamente de cima da Weasley, a qual parecia envergonhada e arrependida:
-E agora? –ela sussurrou.
-Se esconde no guarda-roupa. –ele sibilou de volta, já se encaminhando para o móvel –É grande o suficiente.
A ruiva bufou, mas não era hora para discussões, então fez o que Draco propôs.
-Espera só um pouco, Parvati. –o loiro disse em bom som, chutando as sandálias de Gina para debaixo da cama e desfazendo o feitiço com que havia trancado a porta, a qual logo se abriu.
-Draco, você tá bem? –ela perguntou e então voltou seu olhar para a cama desarrumada e em seguida para seu marido com os cabelos um tanto bagunçados e as roupas meio amarrotadas.
-Não muito. Eu estava deitado na cama. Tomei a poção para dor-de-cabeça e estava esperando passar. Daqui a pouco, quando eu estiver melhor, eu desço. Faça sala para os convidados enquanto isso, está bem?
A morena passou uma mão pelo rosto dele:
-Tem certeza de que vai ficar bem, Draco? Quando você tem as suas crises de enchaqueca...
-Eu não preciso ir até o St. Mungus se é o que está pensando. Eu só preciso ficar um pouco sozinho, ok? –disse um tanto rudemente.
-Também não precisava ser grosso, Draco. –ela reclamou, fazendo bico.
Malfoy deu um selinho nela:
-Ok, desculpe. Agora vá. Não quer que apareça uma matéria dizendo que você é má anfitriã, quer?
Pronto. Draco havia tocado no ponto certo, a importância que Parvati atribuía ao que os meios sociais falavam dela:
-Estou indo. Mas não demore. –ela disse, saindo rapidamente do cômodo.
Assim que Parvati fechou a porta, Draco respirou aliviado, mas não deixou de checar se ela tinha realmente ido embora. Após obter essa certeza, dirigiu-se até o guarda-roupa e abriu as portas. Gina estava com uma mão apoiada num dos lados internos do móvel e a cabeça baixa, enterrada na outra mão:
-Virginia? –o loiro chamou, um tanto incerto.
Por um momento, Draco pensou que a ruiva iria continuar imóvel e ignorá-lo, mas não foi isso o que aconteceu:
-No que você estava pensando, Malfoy? –perguntou em tom baixo, mas que demonstrava toda a sua frustração com a situação –A sua mulher quase nos pegou aos beijos. Você pode não ligar, mas eu ligo. A Parvati não merece isso, eu não mereço isso. Será que você não percebe que as coisas não devem ser assim?
Draco respirou profundamente e puxou a advobruxa de lá, envolvendo-a em seus braços:
-Eu quero você, Virginia. -murmurou no ouvido dela, o que a fez afastar a cabeça.
A ruiva sentiu-se desmoronar por dentro naquele instante. Foi como se suas todas as suas certezas tivessem ruído junto de suas fortalezas. Ela se sentia fraca, vulnerável. Seus olhos ameaçavam parar de conter o mar de sentimentos controversos dentro dela. Arrependeu-se imensamente ao fixar seu olhar nos olhos cinzentos. Algumas lágrimas caíram de seus olhos castanhos:
-Não, não me tente mais. Por favor. –ela murmurou como uma garotinha acuada.
Draco Malfoy arregalou levemente os olhos diante da repentina fragilidade dela. O loiro tinha pela primeira vez conseguido deixá-la assim e no entanto, isso não lhe dava prazer. Ao contrário, o perturbava. Preferia muito mais a Virginia Weasley teimosa e desafiadora. Não sabia que era culpa o que sentia por vê-la nesse estado. Sem parar para pensar, Draco limpou as poucas lágrimas dela.
-Você acha que para mim é fácil? Eu já disse que te quero, mas você coloca um monte de obstáculos entre nós.
Ela fuzilou-o com o olhar, nem parecia que estava completamente desprotegida e confusa há instantes atrás:
-Eu não vou discutir isso com você, entendeu Draco Malfoy? Nem hoje, nem nunca. Me deixe em paz, ok? Você sempre se satisfez com as suas vagabundas, vá atrás delas e não me procure mais para nada que tenha a ver com a sua libido sexual, fui clara?
-Ok. Vá embora, Weasley. –disse com raiva –Vá e veja se consegue esquecer o que aconteceu. Veja se consegue esquecer nossos beijos ou aquele dia no seu apartamento. –cuspiu as palavras maldosamente.
-Você é um estúpido, Malfoy. Eu desprezo o seu egocentrismo. –foram as últimas coisas ditas por ela antes de deixar aquele quarto e aquela casa.

***

11 de agosto, jato particular de Draco Malfoy

Virginia não podia acreditar que Malfoy tinha decidido fazer uma viagem de negócios justo no dia de seu aniversário. Não que ela ligasse dele ter que viajar nesse dia. O que a deixava irritada é que ela precisava viajar com ele.
Depois do ocorrido no aniversário dele, os dois passaram a agir muito mais friamente um com o outro. A única exceção que Gina abriu foi quando foi com Evelyn e Draco ao parque de diversões, deixando claro para o loiro que fazia aquilo pela sobrinha.
Draco não tinha mais tentado beijar Gina e nem tinha feito insinuações, mas de vez em quando ela o flagava olhando para si ou vice-versa.
Malfoy estava sentado ao seu lado fingindo ler um jornal e ela fingia ler uma revista. A situação entre os dois estava altamente desconfortável:
-Não sabia que você conseguia ler uma revista de ponta cabeça, Virginia. –ele comentou com escárnio.
Gina encarou-o e assumiu:
-Ok, eu não estava lendo. Estou entediada. Por que você foi inventar de fazer essa viagem justo hoje? Minha mãe ficou muito brava comigo quando contei. Todos os anos ela faz uma reunião familiar para comemorar o meu aniversário.
-Sinto pelos seus problemas familiares, mas eu tenho negócios inadiáveis.
-Ahan. –disse ironicamente –Negócios inadiáveis em Las Vegas...
O loiro revirou os olhos:
-Quero me tornar sócio do cassino de um hotel.
-E por que eu preciso estar presente?
-Porque você tratará dos trâmites jurídicos. –falou em tom óbvio.
-Eu não estava falando disso. Chamasse outro advobruxo.
-Pare de reclamar, Virginia. Eu prometo que terá algum tempo para se divertir, está bem? –ela ficou quieta –Você já esteve em Vegas?
-Não. –ela confessou –Pra falar a verdade eu sempre quis viajar pra lá. –deu um sorriso tímido.
-Viu? Acabou ganhando um bom presente de aniversário do seu chefe.
-O quê? Você fez de propósito? Me escolheu por que é meu aniversário? –indagou.
-Hum...Pra falar a verdade, sim. Eu queria retribuir o presente que você me deu, então...
-Obrigada. –ela agradeceu –Eu nem achei que você fosse se lembrar do meu aniversário. Nós estávamos tão distantes, sei lá...
-Assim como eu não esqueço do que as pessoas fizeram de ruim para mim, também não esqueço o que me fizeram de bom. –disse e fez com que a advobruxa ficasse pensativa.
Após algum tempo de silêncio, ela resolveu fazer uma pergunta que a estava deixando curiosa desde que ele disse para onde iriam.
-Draco, onde vamos nos hospedar? –perguntou e deu um gole no copo de água que segurava.
-Fiz reserva no Bellagio. –disse, calmamente.
Ao ouvir a resposta do loiro a ruiva quase engasgou e deixou o copo cair, quebrando no chão e molhando suas roupas:
-Merda! –praguejou, vendo o estrago que havia feito.
Com um gesto da varinha Draco secou as roupas dela e com outro fez os cacos do copo sumirem:
-O que foi isso, Virginia?
A Weasley ficou extremamente vermelha e perguntou:
-Você disse Bellagio?
-Disse. –e sorriu ao perceber o fascínio nos olhos da ruiva.
-Eu nunca pensei que algum dia fosse me hospedar no Bellagio, foi sempre uma utopia.
-Quer que eu te belisque pra saber s enão está sonhando? –o loiro perguntou em tom divertido.
A mulher deu um pequeno tapa no braço dele:
-Draco! Isso é injusto. Não tire uma com a minha cara. Pra você cheio da grana é algo banal, mas para os meros mortais não. –falou, levemente emburrada.
-Então pra você eu sou um riquinho chato? –perguntou e ela fez um gesto afirmativo, tentando não rir da cara de indignado que ele fez.
-É assim é? –ele indagou e antes que ela pudesse dizer qualquer coisa ele começou a fazer cócegas nela.
-Pa-páraaaaa!!!!!!! Dracoooo...P-por Merlin! –ela gritou, entre risos.
O loiro estava divertindo-se ao vê-la perder a compostura, mas parou após alguns instantes, já que ela estava mais do que vermelha e parecia sem ar. Ela estava com os cabelos um pouco bagunçados e lançou-lhe um olhar mortífero:
-Isso não vai ficar assim. –falou assim que recuperou um pouco do fôlego.
-Eu não tenho cócegas.
-Veremos. –disse antes de partir pra cima dele.
O Malfoy segurou os dois pulsos da Weasley e ela tentava libertá-los, sem sucesso. Gina nem percebeu quando subiu no colo dele, tão ocupada estava em tentar soltar seus pulsos. Mas então ouviram alguém pigarrear e olharam de onde vinha o som. Era Catherine Carter, a comissária de bordo do jato:
-Sr. Malfoy, em breve iremos pousar. Os senhores deveriam sentar em suas devidas poltronas e colocar os cintos.
Foi então que Gina percebeu que estava no colo de Draco.
“Ah não, ela vai achar que eu sou amante do Malfoy.” Ela pensou envergonhada, sentando-se imediatamente no banco onde estivera antes daquele episódio.
Uns 20 minutos depois estavam aterrisando no Aeroporto Internacional McCarran. Draco tinha alugado uma limusine e as malas foram levadas até ela. Durante o trajeto do aeroporto até o hotel, ela ficou admirando as construções faraônicas e imaginando como deveria ser de noite, já que entre outras coisas, Las Vegas era conhecida por sua enorme iluminação. Quando chegaram em frente ao Bellagio, Virginia não pôde evitar que seu queixo caísse. Abriram a porta para que a ruiva saísse e uma mão enluvada foi estendida. Ela aceitou a mão e logo percebeu que era de um dos empregados da portaria e que era muito bonito por sinal.
-Obrigada. –a ruiva agradeceu, sorrindo abertamente para ele.
Quem não pareceu gostar muito foi Draco, que ordenou secamente ao empregado que carregasse as bagagens. Em seguida, o loiro segurou a ruiva pelo braço e guiou-a junto de si em direção às suntuosas portas de entrada.
-Obrigada, mas eu sei andar sozinha. –ela alfinetou, insinuando que a atitude dele estava a incomodá-la.
Draco porém, não deu a mínima para o comentário dela e continuou andando, ao que ela bufou:
-Acho que esqueceu a sua educação em solo britânico, Draco. –murmurou sorrindo falsamente.
-Talvez porque você tenha esquecido como uma dama honrada deve se portar. –devolveu, com um sorriso tão falso quanto o dela.
-O que está insinuando? –perguntou, abandonando o tom cínico.
-Você acha certo dar em cima de um empregadinho qualquer, Virginia? Eu vi como você sorriu pra ele.
-Isso é um absurdo! Eu estava apenas sendo simpática por ele ter me ajudado a descer do carro.
-E eu sou a encarnação de Merlin. –ironizou.
-Você está com ciúmes, Draco? –ela sorriu zombeteira.
-Claro que não. –ele respondeu rapidamente e a ruiva fez sua melhor cara de “você-não-me-convenceu-nem-um-pouco”, o que o fez bufar.
Logo chegaram à recepção. O loiro foi logo dizendo:
-Reserva em nome de Draco Malfoy.
O recepcionista checou no computador e fez um sinal para que um funcionário que estava por ali se aproximasse:
-Acompanhe o Sr. e a Sra. Malfoy até a Suíte Penthouse 8B no 36º andar.
-Sr. Malfoy e Srta. Weasley. –Gina fez questão de corrigir.
-Oh, perdão. -o recepcionista desculpou-se –Pensei que fossem casados, apenas uma suíte foi reservada. –e vendo o olhar mortal da mulher para o loiro, apressou-se em acrescentar –Mas não há problema algum, nossas Suítes Penthouse são grandes, Srta. –garantiu, enquanto entregava a chave para o loiro.
Gina deu um sorriso sem graça e junto com Draco seguiu o funcionário. Cruzaram o grande hall de entrada e a chave que Draco havia recebido foi utilizada para entrarem em um dos elevadores privativos:
-Quero ver o que vai achar de dormir no sofá, Draco. –a ruiva murmurou, venenosa.
-Veremos. –ele respondeu, encarando-a firmemente.
Dessa vez Virginia foi mais discreta em demostrar o quanto aquele lugar a impressionava. Apenas olhou em volta com um ligeiro sorriso. Ser descontrolada não fazia seu estilo. Era conhecida nos tribunais por ser impassível e não desistir facilmente, ela procurava levar isso para sua vida pessoal, embora soubesse que nem sempre dava certo. O funcionário mostrou cada parte da suíte, fornecendo algumas informações e por fim foi embora, após Draco pagar uma generosa gorjeta, dizendo que em breve as bagagens seriam trazidas.
-Enfim sós! –o loiro disse, divertido, com um sorriso cínico e malicioso nos lábios.
Virginia resolveu entrar na brincadeira:
-Claro, querido. Não sabe o quanto esperei por esse momento. –falou aparentemente séria, e a expressão do Malfoy tornou-se surpresa –Você não sabia? Não sabia que eu preciso tanto de você que é um suplício manter toda essa pose distante?
-Virginia, eu...
A ruiva começou a rir:
-Te peguei, Draco! –ela disse e ele ficou confuso –Você achou que eu estava falando sério? –silêncio da parte dele –Ah, ele achou. Tadinho... –e passou a mão pelo rosto dele, com fingida pena –Eu disse que teria troco.
Malfoy manteve a pose ao dizer:
-Alguém alguma vez me disse que 50% de toda brincadeira é verdade. –e olhou siginificamente para a ruiva –Agora me diga, quem pegou quem? –perguntou superiormente.
-Hunf! Isso não muda o fato de que por alguns instantes você acreditou que íamos fazer algo. Tire o seu hipogrifo da chuva, Draco Malfoy, a menos que queira que ele pegue uma pneumonia.
-Quem ri por último, ri melhor, ruiva.
-Quem ri por último, demorou para entender a piada, loiro. –replicou.
“Espere para ver, Weasley.” Pensou, já tentando tramar algo.
-Isso não vai nos levar a nada. –ele disse, aparentemente estendendo a bandeira de paz –Viemos aqui para tratar de negócios.
Ela respirou profundamente:
-Você tem razão. Agora então me conte detalhadamente sobre o que pretende.
Os dois acomodaram-se na sala de estar e Draco começou a contar sobre a sociedade que pretendia obter, a quantidade de dinheiro que investiria e coisas assim, pedindo enfim que a Weasley redigisse um contrato com tudo o que ele tinha estabelecido.
-Desculpe por fazê-la trabalhar no dia do seu aniversário.
-Não tem problema. Se você Poe, por que eu não?
-Ai, Virginia, sempre essa competição...Mas então, eu prometo que para compensar você vai poder se divertir depois, ok?
-Obrigada. –ela sorriu –Fico satisfeita que você não seja mau o suficiente para me trazer aqui e não deixar que eu aproveite a cidade.
-É, não sou mau a esse ponto. –Malfoy concordou –Agora, se me dá licença, vou procurar os meus futuros sócios. Se precisar de mim, ligue no meu celular.
-Sempre convencido... –ela murmurou.
-Confiança é tudo, querida. –foi a última coisa que disse, antes de se retirar.
“Hum e essa frase veio daquele que desconfia de tudo...Eu acho que ele quis dizer auto-confiança.”
A Weasley passou horas redigindo o contrato e nem sinal do Malfoy. Quando finalmente terminou, espreguiçou-se um pouco e viu a porta abrir-se, revelando o homem loiro.
“Parece até que ele adivinhou que terminei agora...”
-Já terminou o contrato? –foi a primeira coisa que perguntou e ela podia notar um certo tom excitado na voz dele.
-Sim, acabei de terminar. Por quê?
-Arrume-se, temos um jantar com os senhores William Giarelli e Eric Costigan. –sorriu.
-Quem?
-Meus futuros sócios, oras.
-Ah, então você conseguiu encontrá-los e já marcou para apresentar a proposta hoje. Mas que eficiência.
O loiro sorriu abertamente:
-Ninguém resiste ao meu poder persuasivo, Virginia. –falou, olhando intensamente nos olhos castanhos.
A ruiva manteve o olhar, mas mudou de assunto:
-Que tipo de roupa devo vestir para esse jantar?
-Algo social, que seja ao mesmo tempo requintado e não muito chamativo.
-Ok. –ela concordou –A que horas é esse jantar?
-Oito e meia.
-Já são sete! –ela exclama, olhando no relógio –Tenho que ir agora tomar banho.
-Por que as mulheres precisam de tanto tempo pra se arrumar? –ele perguntou.
-Porque sim, Draco. No final os homens elogiam, então você não deve reclamar. –falou rapidamente, procurando algumas coisas na mala e ao achá-las, dirigiu-se a seu banheiro.
Draco deu de ombros e encaminhou-se para o banheiro dele, mesmo sabendo que estaria pronto antes da Weasley. E assim foi. Pouco mais de sete e meia Draco estava em frente ao espelho fazendo o nó em sua gravata preta. O loiro trajava um terno preto, assim como os sapatos. Apenas a camisa era branca. O cabelo dele estava graciosamente desalinhado. Prevendo que a Weasley não sairia tão cedo do banheiro, ele pegou seu notebook e conectou-se na internet. Quando era mais ou menos 8h, a ruiva saiu do banheiro.
Antes mesmo de olhar para ela, o loiro desligou o computador e fechou-o. Depois olhou na direção dela e teve que sorrir.
-Você está linda, Virginia. –elogiou.
A Weasley usava um vestido preto de frente única que ia até os joelhos. O moderado decote destacava seus seios sem ser vulgar e como o vestido era um pouco mais largo apenas na parte debaixo, as curvas dela eram perceptíveis. Os fios rubros castateavam por seus ombros e costas, lisos, sedosos e brilhantes. No pescoço ela usava um discreto cordão com uma pérola negra como pingente. Os brincos faziam conjunto com o cordão, mas só apareciam quando ela colocava os cabelos atrás da orelha. As sandálias eram pretas e de salto alto.
Ela sorriu um pouco encabulada ao agradecer:
-Obrigada. Você está muito bem também, Draco.
-Isso merece um brinde.
-Prefiro não beber antes do jantar. –ela se opôs.
-Qual é, Virginia? É seu aniversário. Precisamos brindar.
Ela suspirou, vencida:
-Está bem.
Draco pegou-a pela mão e conduziu-a até o bar. Ao chegar lá, o loiro deu uma olhada nas bebidas que haviam e então escolheu uma garafa de whisky escocês. Pegou dois copos e encheu-os até dois dedos da borda. Em seguida ergueu-o, gesto que a ruiva imitou:
-Ao seu aniversário.
-E ao jantar de negócios. –resolveu aproveitar a deixa.
Encostaram de leve seus copos e beberam de seus conteúdos. Draco normalmente, e Gina com um pouco de dificuldade por não estar acostumada. Após essa rodada, Malfoy ofereceu-lhe outra, a qual a ruiva prontamente negou. Ele então decidiu que estava na hora de descerem para o jantar.
O restaurante em que entraram era localizado no hotel. Um local requintado de nome Prime. A cor predominante na decoração era azul, em diversos tons, contrastando formidavelmente com o branco das toalhas. Draco dirigiu-se até uma mesa previamente reservada e a ruiva o seguiu. Lá estavam sentados dois homens. Ambos morenos e aparentando uns 30 anos. Porém um deles tinha olhos azuis encantadores e o outro, olhos castanhos perspicazes. Malfoy apertou as mãos deles:
-Boa noite, senhores. Espero que não estejamos atrasados.
-Não estão. –o homem de olhos azuis disse cordial –Nós chegamos um tanto antes.
Draco sorriu:
-Permitam-me apresentar...
-É a sua esposa? –o de olhos castanhos quis saber e a ruiva corou com a pergunta e o olhar dele.
-Não. –Draco respondeu, num tom que se alguém prestasse atenção veria leve irritação, odiava ser interrompido –Esta é Virginia Weasley, minha advogada e consultora de negócios. –e então Draco apresentou os homens trouxas a ela –William Giarelli. –apontou o de olhos castanhos e um aperto de mão foi trocado –Eric Costigan. –apontou o de olhos azuis e houve outro aperto de mão.
-É um prazer conhecê-los. –Virginia disse após as apresentações.
-Igualmente. –os dois responderam.
Draco então conduziu Gina até o outro lado da mesa e afastou a cadeira para que ela sentasse:
-Obrigada. –a ruiva agradeceu e em seguida Draco sentou-se na cadeira ao lado da dela.
Do lugar onde estavam, Draco e Gina podiam ver do outro lado a janela que mostrava as fontes e luzes de Las Vegas.
-Se importam se escolhermos os pedidos? –William perguntou.
-Não, faça as honras da casa. –Draco disse e olhou para Viginia.
-Tudo bem. –ela disse.
Então os pedidos foram feitos ao maître. Em seguida Draco começou a dizer:
-Hoje à tarde apresentei a minha proposta aos senhores, mas agora a tenho de maneira formal. –e Gina passou para Draco a pasta com o contrato que havia feito.
-Nós vamos analisar. –Eric prometeu, pegando a pasta para si.
Gina interpretou a fala do homem como “Vai depender de como será esse jantar.” A ruiva tentava examinar os dois homens, para tentar agir da maneira mais adequada.
No entanto, a maior parte da conversa ocorreu depois de finalizado o jantar, quando estavam tomando alguns drinques. Quando a ruiva sentiu que começava a ficar alegre e vermelha, parou de beber e apenas fingia bebericar sua bebida. Os assuntos estavam um tanto amenos e piadas eram contadas. Porém, Gina ainda estava sóbria o suficiente para perceber o que Draco começava a fazer. Com uma mão por debaixo da mesa, o loiro passou a acariciar a coxa da Weasley, fazendo subir o vestido dela. Ela sentiu que ficava mais quente ainda e lançou um olhar mortal para Draco:
-O que foi, Virginia? –Draco perguntou cinicamente.
-Você não gostou da minha piada sobre as loiras? Você é loira e pintou o cabelo de ruivo? Se sentiu ofendida? –Eric perguntou.
-Não, não é isso. –ela sorriu adoravelmente para o moreno, o que fez o loiro apertar sua coxa –Eu sou ruiva natural sim, é que de repente eu comecei a ficar com dor-de-cabeça.
-Não está acostumada a beber? –William perguntou.
-Na verdade eu costumo beber bem pouco. Quem bebe mais é o Draco.
Como castigo ao comentário dela, o loiro subiu a mão pela coxa dela, tentando tirar a calcinha dela do meio do caminho:
-Claro que eu bebo mais, agüento mais álcool que ela.
Os outros dois homens riram como se fosse a piada mais engraçada do século, Draco já tinha caído na graça deles. Aproveitando a distração deles, Gina abaixou uma mão para debaixo da mesa e apertou suas unhas com força no braço do loiro, com o objetivo que ele tirasse a mão de onde tão impropriamente estava. Ela apertava as unhas contra o braço dele e sua respiração já estava ficando falha, mas Draco não parecia querer parar. A ruiva tentava pensar, mas a situação não estava ajudando. Por fim, a única solução em que conseguiu pensar foi:
-Eu acho que vou indo. Preciso tomar um remédio para essa dor-de-cabeça horrível. Foi ótimo o jantar. Até mais. Realmente peço desculpas por ter que sair antes. –e finalmente conseguiu com que Draco tirasse a mão de si.
Virginia alisou o vestido, fazendo-o voltar ao lugar certo:
-Você vai ficar bem sozinha, Virginia? –Draco perguntou.
-Absolutamente. Eu não preciso que você me dê uma mãozinha. –e o loiro quase riu ao captar o duplo sentido da frase -Posso perfeitamente tomar um remédio sozinha. Fique quanto tempo precisar. –ela disse num tom falso, mas na verdade queria dizer que Draco Malfoy não perdia por esperar.
Gina levantou-se e apertou as mãos de William e Eric antes de retirar-se.
“Dor-de-cabeça coisa nenhuma! Aquele idiota do Malfoy! Quem ele pensa que eu sou?!? Ele vai me pagar, ah se vai.” Pensou, andando a passos rápidos e pesados em direção à suíte.
Chegando lá, atirou as sandálias em qualquer canto e estava tão frustrada que pegou uma garrafa de rum e encheu um copo e depois outro e mais outro...Ocasionalment dizia desconexas coisas como:
-Malfoy...vingança...pagar...não fica assim...
Foi que Draco chegou e exclamou:
-Por Merlin, Virginia! Pare de beber! –disse arrancando a garrafa da mão dela.
-Devolve! É meu aniversário! –ela falou apontando um dedo na cara dele e sem seguida se desequilibrando.
Draco amparou-a, levando-a até a cama e deixando-a lá:
-Espera que vou pegar uma poção que vai te deixar melhor.
Pouco depois ele voltou com um frasquinho e forçou-a a beber. Agora a ruiva sentia-se melhor, mas ainda encontrava-se incrivelmente alegre. Tinha vontade de rir, mas não sabia do que. Tinha vontade de fazer alguma coisa louca. Alguma coisa que nunca tinha feito.
“É meu aniversário mesmo.” Veio esse pensamento em sua mente.
Draco tinha saído do banheiro com um roupão azul marinho aberto e com uma cueca samba-canção.
“Como ele tá gostoso.”
Gina não conseguia medir seus pensamentos. De repente pareceu perfeitamente normal se ela beijasse Draco. Nem lembrava mais pelo que ele tinha que pagar.
Malfoy sentou-se no sofá e ligou do celular para Blás Zabini:
-Alô. Blás? Sim, sou eu, o Draco. As coisas estão bem, provavelmente eu vou conseguir fechar negócio.
Gina aproximou-se do loiro, mas ele parecia entretido na conversa ao telefone. Ela queria chamar a atenção dele. A ruiva então ajoelhou-se perto de ond ele estava, e passou a mão pela barriga dele, deixando o Malfoy surpreso:
-O que você está fazendo, Virginia? –perguntou apenas mexendo os lábios.
Ela não respondeu, apenas sorriu, descendo as carícias. Até que colocou as mãos por debaixo da samba-canção dele, o que fez o loiro arfar.
-Se eu estou bem, Blás? Claro. Não não estou com falta de ar, foi apenas um suspiro de cansaço.
E Gina quase riu ao ouvi-lo falar isso. Passou a acariciar o membro dele e divertia-se com a reação dele ao telefone. Tinha que se controlar para não gargalhar.
-O quê? Não, claro que estou prestando atenção...Então...Você...hum, você dizia sobre a Lilá. –o loiro tentava se concentrar no telefone, seu amigo tinha tido uma briga com a mulher e sabia que ele queria ser ouvido.
Gina bufou ao ver que Draco provavelmente não largaria do celular tão cedo. Ela queria a atenção dele e teria ou seu nome não era Virginia Molly Weasley. Então ela baixou a cueca de Malfoy, que olhou para ela e sibilou “Não!” com olhos arregalados. Porém, a ruiva deu um sorrisinho perverso e observou o pênis dele com pelos tão dourados quanto seus cabelos. Ao encarar Draco ele parecia um tanto desconcertado e ela podia ver uma leve coloração rosada nas bochechas dele.
“Aposto que ele está preocupado com o que estou achando do Draco Jr. Se bem que nem pode ser chamado de Jr...Homens se preocupam tanto com isso hehe. Hum, será que eu faço? Eu nunca fiz isso antes...Ah, vou tentar. Deve ser divertido fazer Draco Malfoy perder a compostura.” A ruiva pensou, aliás, àquela altura tudo era uma divertida brincadeira.
Ela aproximou sua boca do membro dele e distribuiu beijos leves pela extremidade. Draco arrepiou-se e gaguejou ao telefone:
-Sé-sério que e-ela disse isso? Ga-gago, e-eu? –e respirou fundo, ainda tentando manter o controle –Continue, Blás. –disse com a voz mais firme que conseguiu, enquanto encostava a cabeça contra o sofá.
Gina riu abafadamente, como uma criança escondendo o riso dos pais. As reações de Malfoy a divertiam cada vez mais. Olhou nos olhos dele.
“Para, eu tô no telefone.” Ele apenas mexeu os lábios, mas ela entendeu o que ele queria dizer.
Ela balançou a cabeça negativamente e mais uma vez tocou o membro já ereto dele, no entanto dessa vez pegou mais pesado. Abriu a boca e passou a chupar a parte de cima, ocasionalmente fazendo movimentos com a língua. A respiração de Draco começou a se assemelhar a de um maratonista:
-Não tô correndo, Blás... –tentou falar sem ofegar –Merlin! –exclamou ao sentir mais prazer e sabendo que se ela não parasse em breve iria gozar –Depois, Blás. Tchau. – e desligou o celular.
Gina parou o que estava fazendo e o loiro ajeitou sua cueca:
-Finalmente desligou, hein?
-Virginia você tava me provocando, agora você vai arcar com as conseqüências. –disse, puxando-a bruscamente contra si e em seguida dando um beijo de tirar o fôlego.
Draco arrastou-a até a cama e abriu o zíper do vestido dela, o qual logo estava no chão. Beijava o pescoço dela enquanto desabotoava e arrancava o sutiã. Fez com que ela se deitasse na cama e desceu as mãos pela barriga dela, até chegar na calcinha e puxá-la sem cerimônia alguma:
-Eu acho que a gente não devia fazer isso. –a ruiva murmurou num momento de maior lucidez, apesar de não lembrar-se o porquê de não dever fazer aquilo.
Draco deu uma risada sarcástica:
-Pensasse nisso antes, Gina, querida. Você vai descobrir que Draco Malfoy pode ser mau quando quer. –o loiro murmurou e apanhou sua varinha no bolso do roupão, apontando-a para os pulsos de Gina e para a cabeceira da cama –Incarcerous.-e as mãos dela ficaram amarradas contra a cama.
Ela riu:
-Isso é o melhor que pode fazer?
-Por quê? Você e o Potter brincavam de coisas pervertidas?
-Não exatamente, mas ele já predeu as minhas mãos. Não na cama, então ponto pra você. –ela respondeu e piscou, esquecendo qualquer constrangimento e rindo da cara surpresa que o loiro fazia –Ué? Você não disse que ia fazer alguma coisa? –zombou dele.
-Você tá pedindo, Virginia. Depois não diga que eu não avisei e não vai adiantar pedir por clemência.
-Me chama de Gina, se você quiser. –falou, ignorando a ameaça dele.
-Ok, Gina. –e deu um sorriso angelical –Qual sua fruta favorita?
-Morango, por quê?
-Isso não vem ao caso...Agora. –deu de ombros e então disse –Accio gelo. –e uma travessa com cubinhos de gelo veio até ele.
Draco colocou a travessa em cima da mesa de cabeceira:
-O que você vai fazer? –a ruiva perguntou com curiosidade.
Malfoy deu um sorriso mau e pegou um dos cubinhos. Passou pelos lábios da Weasley e foi descendo pelo queixo, seios e barriga.
-Brrrr. Isso é muito gelado. –ela reclamou, tentando evitar o gelo, mas era impossível, já que ela não podia se mexer muito.
-Eu sei. –Draco respondeu, mas não parou –Confie em mim.
“Vou é ficar gripada...”
Quando o cubinho estava no fim, Draco colocou-o em sua boca e beijou os lábios de Gina. Descobriu que aquele beijo gelado era ótimo. No entanto, rapidamente o pedaço restante do gelo fora consumido pelo calor de suas línguas. Malfoy terminou o beijo com uma leve mordida no lábio inferior dela e então passou a beijar as áreas molhadas pela água fundida do gelo. A Weasley rapidamente esqueceu o que era sentir frio. Seu corpo pegava fogo com os toques de Draco e ele parecia saber disso, pois intensificava os beijos nas regiões mais sensíveis dela propositalmente. A ruiva queria passar as mãos pelo corpo dele e sentir a textura de cada centímetro da pele dele, mas as amarras a impediam-na.
Draco parou de beijá-la e olhou-a amarrada e indefesa. Poderia fazer o que quisesse com ela. Em outros tempos transaria com ela e depois a mataria à sangua-frio. Mas as coisas haviam mudado. Não sentia-se mais inclinado à matá-la ou pelo menos não enquanto se aproveitasse o suficiente. No entanto, ele empurrava esse pensamento para o fundo de sua mente. A verdade era que já não mais conseguia imaginar-se matando-a ou mandando matá-la. Virginia tinha entrado em sua vida por própria iniciativa dele, mas havia se infiltrado em seus pensamentos como uma erva daninha que vai dominando o jardim silenciosamente e só se percebe realmente a sua presença quando é tarde demais. Malfoy tinha dificuldades em imaginar como seria viver sem ela. Para ele, aquela mulher era uma caixinha de surpresas e isso só o fazia querer desvendar todos os mistérios dela. Não adiantava mais querer cortar o mal pela raiz. As raízes já haviam se fixado profunda e irremediavelmente...
Malfoy passou um dedo pelo vão entre os seios dela e foi descendo até a barriga para depois subir novamente. Ele pegou outro cubinho de gelo e dessa vez colocou direto em sua boca. Beijou os mamilos dela, sentindo-os rijos e excitados aos movimentos de sua língua. Passando as mãos pelos lados do corpo dela, sentindo as curvas, foi descendo a boca. Mordiscava levemente a barriga dela aqui e ali, fazendo-a suspirar.
O loiro deu um sorriso irônico ao passar as mãos pelas coxas de Gina. No jantar ela parecia querer matá-lo por isso, mas agora...
Draco passou a beijar o lado interno das coxas dela, subindo pela virilha até alcançar o local onde traria mais prazer a ela. O loiro conhecia e sabia tocar o corpo de uma mulher como ninguém, mas não era qualquer uma que poderia dizer que Draco Malfoy satisfazia mais do que era satisfeito. O loiro costumava proporcionar prazer o suficiente para que boatos sobre ser bom de cama fosse espalhados, mas procurava sempre satisfazer-se mais. Draco era o tipo de homem que se coloca em primeiro lugar, inclusive na cama. Às exceções a esse comportamento eram Parvati e Virginia. A mulher dele por poucas vezes que podiam ser contadas nos dedos. E Virginia, todas as vezes que ele tivesse a chance. Malfoy costumava ser racional e equilibrado, mas quando o assunto tinha a ver com a advobruxa...Ele simplesmente agia por várias vezes fora de seus padrões normais de comportamento.
Gina arqueou os quadris e tentou soltar seus pulsos. Não conseguia soltar-se de jeito algum e a vontade de acariciar o corpo do loiro só crescia. No entanto, a despeito de ter suas mãos inutilizadas, sentia um prazer inenarrável. Não conseguia conter seus gemidos e suspiros. O gelo fazia a língua de Draco ser fria o suficiente para fazê-la arrepiar-se e quante o suficiente para deixá-la completamente rendida.
O Malfoy não deixou que ela chegasse ao ápice. Olhou-a nos olhos. Gina não conseguia dizer nada, apenas respirava, tentando recuperar o fôlego.
-Você gostou disso, não foi, Gininha? –disse cinicamente.
Uma vontade de falar e ser sincera apoderou-se dela:
-Sim. Você é...muito bom nisso, Draco.
Ele fez uma falsa cara de ofendido:
-Só nisso? Eu sou bom em muitas outras coisas também.
-Prove. –ela murmurou, antes que se arrependesse.
Draco deixou seu roupão cair e despiu sua samba canção. Em seguida ergueu as pernas da ruiva, e apoiou-as sobre seus ombros largos:
-Vamos descobrir se você é fã de ioga ou afins. –disse maliciosamente.
Então ele foi mais para frente, levando as pernas dela junto. Começou então a penetrá-la:
-Passou no teste. Tem elasticidade. –ele comentou ao não vê-la reclamar em como suas pernas estavam sendo empurradas pelos movimentos de vai e vem dele.
-Sempre fiz...alongamento. Quadribol, sabe? –ela falou, com alguma dificuldade, já que era difícil pensar com ele dentro dela a proporcionar prazeres crescentes.
Draco respirava aceleradamente e sentia a tensão sexual crescendo em seu corpo. Alguns segundos depois, Gina estava a lamuriar coisas desconexas e como Draco previu, ela não demorou a ter um orgasmo. O corpo dela tremeu e contraiu-se por alguns segundos em que Draco sentiu o atrito entre seus corpos aumentar, assim como o prazer dele. No entanto, logo o corpo da ruiva relaxou e ela respirava aceleradamente. Malfoy tirou as pernas da Weasley de seus ombros e ela enlaçou-as ao redor da cintura dele. Não muito tempo depois, o prazer foi crescendo novamente no corpo de Gina e ela passou a acompanhar melhor os movimentos de Draco. Apertou suas pernas ao redor dele, a menor distância possível entre eles parecia fator imperativo.
-Draco... –ela murmurou –As minhas mãos... –pediu em meio a suspiros.
Malfoy atendeu ao pedido dela. Assim que teve suas mãos livres, a ruiva não perdeu tempo. Soltou suas pernas e virou o jogo, ficando por cima de Draco. Montada em cima dele, ela continuou os movimentos que ele antes fazia. Acariciava o peito dele, passando os dedos pelos mamilos. Draco colocou as mãos na cintura de Gina, passando a ditar os movimentos dela, os quais se tornaram mais rápidos e profundos.
Tamanha a força que as mãos dele exerciam sobre os quadris da Weasley, ela de bom grado apoiou suas mãos no peitoral definido dele.
Mais uma vez Virginia Weasley arrancava suspiros e gemidos sonoros de Draco Malfoy. Era impossível para eles naquele momento formular qualquer pensamento racional. Estavam por demais concentrados nos efeitos que tinham um sobre o outro, nos toques mais ousados, nos olhares mais significativos.
Gina pôde reparar vagamente que os olhos de Draco estavam mais puxados para azuis e ele enxergou um brilho nos dela. Podiam discutir e discordar muito, mas tinham que assumir que na cama se entendiam perfeitamente. Gozaram juntos como se fossem um. Uma corrente em forma de arrepio passou pelos corpo de ambos, fazendo-so estremecer. Moveram-se por mais alguns instantes e em seguida a ruiva desmontou, caindo deitada ao lado dele. Estavam sem fôlego e suados, mas não cansados o suficiente para simplesmente dormirem. Não, aquele fora apenas o primeiro round de uma noite de prazeres...

***

De volta ao banheiro feminino na Suíte Penthouse do Bellagio.

A água da banheira já estava fria quando a ruiva terminou de repassar os acontecimentos dos últimos quase dois meses. Saiu da banheira e enrolou-se na toalha. Penteou os cabelos lentamente, mirando-se no espelho. A imagem representava uma mulher forte e independente, mas seus olhos não mentiam. Eles refletiam as dúvidas e inseguranças que essa mulher trazia dentro de si.
Vestiu uma calça jeans preta e uma blusinha branca, colocando por cima uma jaqueta leve, porém, continuou de chinelos.
Saiu do banheiro e encontrou Draco encostado contra a cabeceira da cama e parecendo perdio em pensamentos. No entanto, ele logo percebeu a presença dela:
-Mandei que trouxessem nosso café-da manhã, a mesa já está posta. –disse, levantando-se.
-Hum... –ela murmurou, parecendo pouco à vontade.
Draco fez uma cara compreensiva e pegou-a pela mão, puxando-a até a sala de jantar. Os dois sentaram-se e antes que começassem a se servir, o loiro perguntou:
-Pensou sobre o que eu te falei? –Gina balançou a cabeça afirmativamente –E então?
-Eu...E-eu...
Draco deu um suspiro:
-Você ao menos se decidiu?
Gina engoliu em seco:
-É. Eu tomei uma decisão.
-Ok. Virginia, eu ainda não entreguei o seu presente.
-Presente? Que presente? –ela pareceu confusa, achava que ele não tinha comprado nada, não que ela estivesse cobrando.
-O que eu comprei ontem antes de me encontrar com meus futuros sócios. Accio presente.-e em poucos segundos ele tinha uma caixa aveludada em sua mão.
-Draco, não precisava.
-Lógico que precisava. –ele retrucou, abrindo a caixa e mostrando o conteúdo a ela.
Era uma corrente de ouro branco com um pingente de diamante em forma de coração:
-É lindo, Draco. Mas você não deveria...
-Eu queria te dar um presente. Não apenas para retribuir o que você me deu no meu aniversário, mas também porque você merece. Acho que você é uma das pessoas mais sinceras que tenho a minha volta.
Virginia enrubesceu e sentiu o peso da culpa. Esconder que estava reunindo provas na surdina para mandá-lo à Azkaban não é o que poderia ser chamado de sinceridade...
-Obrigada, Draco. Mas se você queria tanto mesmo me presentear poderia me dar um CD autografado das Esquisitonas e não uma jóia da Tiffany.
-Você é fã das Esquisitonas? –ele perguntou surpreso e a ruiva fez que sim –Então você não gostou do presente?
-Não é isso, Draco. Eu apenas não quero que pense que sou interesseira e gosto de ficar ganhando presentes caros. Eu não quero que você fique gastando tanto dinheiro comigo. Esse colar é realmente lindo, mas eu me sinto constrangida em aceitar ao pensar que você deve ter gastado uma fortuna nele.
-Aceite, Virginia. –ele pediu –Pra mim foi um dinheiro bem empregado.
Ela suspirou:
-Está bem. Já que você insiste e não devolveu o presente que eu te dei...Bem, eu não vou te fazer essa desfeita.
O loiro sorriu e adiantou-se para colocar o presente no pescoço dela. Assim que o fez, afastou-se um pouco para admirar e deu um sorriso malicioso.
-Ficou lindo nesse seu pescocinho alvo. Quer que eu faça novas marcas nele? Você já apagou as que eu fiz ontem.
-Talvez mais tarde.
-O quê? –ele perguntou, sem esconder a surpresa.
-Você ouviu. –ela disse, fazendo pouco caso.
-Você aceitou, Virginia? –perguntou, inexpressivo, tentando tirar a ansiedade de sua voz.
A ruiva ficou séria:
-Você jura mesmo que vai se separar da Parvati e que eu vou ser a única mulher na sua vida? –questionou-o com o mesmo tom inflexível que usava nos tribunais.
-Eu juro, Virginia. Palavra de sonserino. –ele disse e ela fez cara feia –Ok, palavra de...
-Palavra de...? –ela incentivou-o.
-Palavra de um homem que quer te fazer feliz. –ele respondeu, o que a fez arregalar levemente os olhos.
“Ou pelo menos eu te farei feliz enquanto você é importante pra mim como é agora.” O loiro acrescentou em pensamento.
Gina sorriu genuinamente. Era bom para ela ter um relacionamento amoroso, não? Apenas teria que tomar cuidado para não se apaixonar e botar tudo a perder. Todos insistiam em dizer que ela era uma workaholic e a própria Hermione dissera que ela precisava se divertir um pouco. Além do mais Evelyn adorava Draco e adoraria saber que os dois estavam namorando.
“Ela só vai ter que esperar que o Draco se separe para saber dessa notícia.” Pensou, já imaginando a cara de felicidade de sua sobrinha.
A ruiva passou a mão pelo rosto de Draco, admirando cada traço:
-Eu também quero te fazer feliz. –“Seus dias em Azkaban serão sombrios, então até lá você pode me ter.” ela pensou –Sabe quem vai adorar quando contarmos? A Eve.
-É. –ele murmurou –Mas você sabe que não podemos contar agora, não é? –perguntou, colando sua testa à dela.
-Sim, eu sei. Mas trate de se separar logo, entendeu? Eu não vou tolerar...
Draco cortou-a com um beijo. Gina enlaçou o pescoço dele, puxando ao máximo o loiro para perto de si. Ele, por sua vez, enlaçava a cintura dela. Deixaram-se perder naquele beijo e em silêncio desejaram que o que sentiam fosse infinito enquanto durasse.

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