Dualismo



Capítulo 14: Dualismo

N/A: Bem, vcs sabem q nda disso me pertence e eu não estou ganhando nada com isso além de experiência em escrever. Como tds devem saber essa história é um pouco baseada em “A Ira dos Anjos”, ótimo livro do Sidney Sheldon. Infelizmente ele morreu no dia 30 de janeiro desse ano, por isso estou dedicando esse capítulo a ele. Se não fosse o livro dele, eu não teria tido a idéia de escrever essa fic. Agora, ao leitura!

Não és bom, nem és mau: és triste e humano...
Vives ansiando, em maldições e preces,
Como se, a arder, no coração tivesses
O tumulto e o clamor de um largo oceano.

Pobre, no bem como no mal, padeces;
E, rolando num vórtice vesano,
Oscilas entre a crença e o desengano,
Entre esperanças e desinteresses.

Capaz de horrores e de ações sublimes,
Não ficas das virtudes satisfeito,
Nem te arrependes, infeliz, dos crimes:

E, no perpétuo ideal que te devora,
Residem juntamente no teu peito
Um demônio que ruge e um deus que chora.

Dualismo – Olavo Bilac

***


Se alguém fosse descrever Draco Malfoy em uma palavra naquela segunda-feira, essa seria: satisfeito.
Ele simplesmente cumprimentou e sorriu para todos os funcionários da M Corporation que encontrou pelo caminho. Seu andar era ainda mais confiante e havia uma aura de poder em volta dele maior que a usual. Todos podiam notar que fosse o que fosse, Malfoy havia conseguido algo que queria há um bom tempo. Assim começaram as especulações do que causaria tal efeito no loiro.
Ao entrar na sala, que dava acesso a sua, a de sua secretária, Samantha Parker, ele não passou reto com apenas um bom dia seco, indiferente e usual. Draco parou em frente escrivaninha dela e olhou-a diretamente:
-Bom dia, Samantha. –ele sorriu –Como foi o seu fim de semana?
A secretária teve vontade de se beliscar para saber se aquilo era um sonho. Afinal, depois de duas transas com ela o chefe havia se tornado distante e isso a magoava e envergonhava, já que o amava. Tudo o que fez foi ajeitar o cabelo negro e responder:
-Bom dia, Sr. Malfoy. O meu fim de semana foi normal, mas pelo visto o seu foi bom.
Draco sorriu enviesado:
-Sim, foi. –e pareceu pensativo –Você parece diferente hoje...hum, você mudou o penteado, não foi?
Ela fez que sim e demonstrou um sorriso verdadeiro.
“Ele está reparando em mim? Oh Merlin! Eu o amo tanto! Queria tanto que ele me amasse também...Pare com isso, Samantha Parker. Ele é casado! Não se esqueça disso. Mas e se ele largasse a mulher dele pra ficar comigo? Ah, mas eu gosto da Parvati...Mas o Draco é o homem da minha vida...” ela pensava, num conflito consigo mesma.
-Sam? –ele perguntou, vendo-a desligada e ela pareceu não notar –SAMANTHA! –levantou bem o tom de voz e tocou a mão dela.
A morena pareceu levar um choque, tirando sua mão da dele e corando loucamente:
-Desculpe-me, Sr. Malfoy. Eu estava desatenta.
-Ok. Eu ia dizer que avisasse que quando o Blás chegar, eu quero que ele vá até a minha sala imediatamente. –explicou pacientemente.
-Ah, isso não será preciso. O Sr. Zabini encontra-se na sua sala nesse exato instante.
-Obrigado, Sam. –ele respondeu e adentrou sua sala.
Ele trancou a porta assim que entrou, e o vice-presidente da M Corporation o encarou com o semblante aborrecido:
-Já era hora, Malfoy.
Draco deu um grande sorriso:
-Bom dia, Blás. Aliás, ótimo dia. E só pra você saber, hoje eu até cheguei mais cedo, você deveria olhar no relógio de vez em quando, sabe? –comentou zombeteiro.
-Haha, muito engraçadinho. Eu quis dizer que já era hora de nos falarmos. Eu não converso com você desde quando resgatamos a sobrinha da Weasley. Quero saber o que aconteceu, homem. Você é mesmo um amigo desnaturado, estou tentando te ligar desde sábado e quase fui pessoalmente na sua casa. –acusou, levantando-se da cadeira em que estivera sentado.
-Pra quê todo esse desespero, Zabini? –e fez um gesto com a mão de pouco caso, o que deixou o outro mais aborrecido ainda.
-Malfoy, você vai me contar agora. Quero saber tudo o que aconteceu. Você realmente foi pra cama com a Weasley ou está sorrindo desse jeito só pra me enganar?
Draco sorriu mais uma vez, o sorriso mais malicioso que conseguiu na hora, sem cair na gargalhada pela irritação e curiosidade do amigo:
-Blás, o que você acha?
O moreno caiu sentado na cadeira e focou seus olhos azuis nos cinzentos:
-O quê? Draco, você não pode estar falando sério. Eu sei que o seu plano era realmente muito bom e que apesar do contratempo, conseguimos salvar a garota, mas daí a dizer que conseguiu dobrar o orgulho e a cabeça-dura de Virginia Weasley e levá-la pra cama...
Draco deu um suspiro e o conjurou dois copos e firewhisky, servindo-os e entregando um copo para o moreno, que passava as mãos pelos cabelos castanhos.
O loiro tomou um gole do próprio copo:
-Estou falando sério. Por que é tão difícil assim acreditar? A Weasley sente atração por mim e eu por ela. Apenas ela não quer admitir.
-Nossa, parabéns, Draco. Mais uma vez conseguiu o que queria e parecia impossível. –e deu uns tapinhas nas costas do amigo -Mas então me conte de uma vez. Foi bom?
-Bom? –o loiro ergueu uma sobrancelha –Não foi bom, foi ótimo. Talvez tenha sido até a melhor transa que já tive.
-Wow! –o moreno exclamou –Draco, eu quero a Weasley também então.
Os olhos do loiro estreitaram-se:
-A Weasley é só minha, entendeu? –falou pausadamente e aparentemente calmo, mas sua voz estava carregada de ameaça.
-Sua? –Blás perguntou com desdém –Draco, por que você acha que vai se repetir? A Weasley deve ter feito isso apenas pra te agradecer por salvar a vida da sobrinha dela...
Malfoy cortou-o:
-É claro que vai se repetir. Posso afirmar com certeza que ela gostou.
-Então me conte em detalhes o que aconteceu.
-E por acaso você me detalha as suas conquistas?
-Você sabe que sim, é o meu melhor amigo.
-Puxa saco. –o loiro resmungou e levantou as mãos rendendo-se –Certo, Blás. Eu irei contar, mas depois não reclame da dor-de-cotovelo, ok?
O outro riu e perguntou:
-Hum, e você vai contar nesse século?
-Tá, apressado. Foi assim. Eu levei a Eve na casa dos pais dela e a Weasley estava lá, daí eu me ofereci pra levar ela pra o apartamento dela e ela aceitou. –e assim o loiro começou a narrar o acontecido.

***

Do outro lado da cidade, Virginia Weasley era acordada por sua empregada, Adelina Vance:
-Virginia, acorde. –e chacoalhou um pouco o corpo da Weasley.
-Mamãe, deixa eu dormir mais um pouco. –a ruiva murmurou em meio ao sono.
Adelina então foi arrumar algumas coisas para o café-da-manhã e voltou cinco minutos depois:
-VIRGINIA!!! –ela gritou e a ruiva levantou de um salto.
-Ai, o que foi? Assim você me mata de susto!
-Você está atrasada pro trabalho. Normalmente quando chego você está pelo menos acordada.
-Ai, meu Deus! Você tem razão. –a ruiva disse e partiu “voando” para o banheiro.
Adelina bateu na porta do banheiro:
-Virginia. Você está bem? Eu vi as olheiras que você tem. Por quê não dormiu direito?
“Por causa daquele maldito do Malfoy!” a ruiva pensou ao ouvir a voz de Adelina.
-Não é nada! –a ruiva respondeu –Apenas problemas no trabalho.
Gina fez um feitiço para sumirem as olheiras sob seus olhos e se trocou em velocidade recorde. Comeu umas duas torradas e tomou um copo de suco, para depois voltar correndo ao banheiro para escovar os dentes. Ao guardar a escova, encarou-se no espelho e decidiu passar um batom rosa bem clarinho. Depois pegou sua maleta e aparatou no saguão do prédio da M Corporation. Pegou o elevador, olhando para o relógio e desejando que não notassem seu atraso de 15 minutos.
Cumprimentou alguns colegas de trabalho e foi direto para sua sala, sentando em sua cadeira e fechando os olhos.
Descrever Virginia Weasley naquela segunda-feira era dizer que ela parecia cansada, preocupada e sob extremo estresse. Ela respirou profundamente. Pelo menos o sentimento de vergonha ela conseguira esconder bem até agora. Mas o fato é que ela ainda não havia visto Draco Malfoy após “A Ocasião” como ela referia-se mentalmente ao fato de ter se deixado levar e ter transado com ele.
“Vai ser realmente muito embaraçoso encarar o Malfoy agora. Sim, eu estava grata, mas eu não deveria ter ido pra cama com ele. Putz, eu transei com ele. Eu que apenas fazia amor...Que decadência! Por que aquele maldito tem que ser tão sexy, sedutor e bom de cama? Ai, agora ele me tira o sono. Aquele assassino, criminoso inescrupuloso. Eu não posso pensar nele desse jeito inapropriado e com conotação sexual. Eu tenho é que fazer aquele dossiê e entregar para o Ministério da Magia. Ele merece apodrecer na cadeia. E eu não mereço perder o sono pensando nas coisas que fizemos...Merlin, me ajude. Eu o odeio, como pude...?” seus pensamentos foram cortados por um “pi” feito pelo IB e pela voz de Draco.
-Virginia? Você já chegou? Se sim, quero que venha agora até a minha sala.
A ruiva mordeu o lábio inferior ao ouvir a voz dele, lembrando-se do loiro gemendo em seu ouvido. E agora? O que seria de si? Como se comportaria na frente dele?
Gina amaldiçoou-se por estar pensando e agindo como uma estúpida adolescente. Respirou fundo e maldisse também a saia que estava usando, já que fora a primeira que achara e ela era um tanto curta. Levantou-se da cadeira e usou a porta que dava acesso direto a sala dele. Bateu e entrou, fechando a porta atrás de si. Seus olhos castanhos encontraram os acinzentados dele. Decidiu que tinha que ser forte e não se mostrar submissa. De cabeça erguida e com aparente confiança, foi andando até a mesa dele. Pareceu a caminhada mais longa de sua vida e sentiu-se como se estivesse desfilando, apesar de não estar. Ficou em pé em frente à mesa do chefe e disse:
-Bom dia, Draco. –lembrou-se que ele a corrigiria se dissesse Malfoy –Eu ouvi a sua mensagem no IB e aqui estou.
-Bom dia, Virginia. Como está a Eve? –perguntou inocentemente.
-Ela está bem e o Gui e a Fleur vão fazer um almoço no sábado e pediram que eu o convidasse. Será na casa deles mesmo. –ela falou, escondendo o desgosto por ele ter sido convidado.
-Será um prazer comparecer. –respondeu –E você? Como está? –perguntou, lançando seu sorriso mais quente.
Gina corou na mesma hora:
-E-eu estou b-bem. –disse num tom não muito convincente, torcendo as mãos em sinal de nervosismo.
Draco levantou-se e contornou a escrivaninha, posicionando-se atrás da ruiva, que parecia perdida em pensamentos e não percebera que ele se movera. Malfoy beijou a curva do pescoço da Weasley, fazendo-a arrepiar-se. Ela virou-se imediatamente de frente pra ele e disse:
-Não faça isso. Nunca mais. Fui clara?
-Não deveria deixar que a sua boca falasse palavras das quais o seu corpo discorda. –disse como quem comenta o tempo.
-Você não sabe do que está falando. –ela contrapôs e ele foi se inclinando sobre ela, deixando-a sem saída com a escrivaninha as suas costas.
Não. Era o que ela queria dizer, mas o perfume dele e aqueles orbes cinza gelo não a deixavam pensar direito. Ele foi se aproximando ainda mais e quando estava prestes a beijá-la, ouviu batidas a porta. Afastou-se de Gina e murmurou calmamente:
-Entre.
-Com, licença, Sr. Malfoy. –era Samantha –Bom dia, Virginia.
-Bom dia, Samantha. –a ruiva respondeu sem-graça e com o rosto corado.
-Vim perguntar se queria chá ou café, já que é um costume e hoje não pediu.
-Ah, sim. Pode trazer duas xícaras de chá? –o loiro perguntou.
-Não precisa, Malfoy. Eu já estou de saída. –Gina disse.
-Então apenas uma xícara de chá, Samantha. Pode se retirar.
-Sim, senhor.
Logo que Samantha saiu, Gina perguntou:
-Por quê me chamou aqui?
-Não se lembra do contrato que eu pedi que analisasse e me trouxesse hoje?
Gina sentiu-se um lixo, é óbvio que já tinha analisado e estava tudo nos tramites, mas esqueceu-se que tinha que entregar hoje. Estava em sua maleta em sua sala. Como pudera esquecer disso?
-Eu já analisei. Está tudo bem, você pode assinar. O único problema é que deixei na minha sala. Quer que eu vá pegar?
-Não, não precisa. Mais tarde eu passo na sua sala e você me entrega, ok? –ele perguntou e a ruiva fez que sim –Então pode ir. Até mais, Virginia.
-Até. –ela respondeu, voltando para sua sala e agradecendo que ele não tentou beijá-la novamente.
Durante o resto da manhã Draco fez algumas ligações, ameaçou umas pessoas, recompensou outras e fez movimentações bancárias. De fato o dia estava rendendo e ele encontrava-se de bom-humor. Quando faltavam dez minutos para o meio dia, ele foi até a sala da Weasley. Não bateu para entrar, afinal ele era o chefe e achava que isso era coisa de subordinados. Gina nem percebeu a presença dele, lia algo numa pasta compenetradamente:
-Hem, hem. –ele fez e conseguiu a atenção dela –Olá, Virginia. Vim buscar o contrato.
A ruiva abriu uma gaveta e tirou-o de lá, entregando na mão do Malfoy. Draco abriu a porta pela qual havia saído e com um vingardium leviosa o relatório foi parar em cima da mesa dele. Em seguida fechou a porta novamente.
-Vamos almoçar. –ele disse e aquilo não era um pedido.
-O meu horário de almoço começa meio-dia. Ainda faltam alguns minutos. –ela desconversou.
-Eu sou o seu chefe e eu digo que você pode sair pra almoçar agora. –estendeu a mão para que ela levantasse.
Gina ignorou a mão estendida dele e levantou-se sozinha:
-Vou almoçar então, até a volta.
Porém, Draco segurou-a pelo braço:
-Você vai comigo, Virginia.
-Você não pode me obrigar, Draco. –ela frisou o nome dele.
Malfoy soltou o braço dela:
-Tem razão, obrigar eu não posso. Mas eu preciso falar com você. Então estou pedindo, não ordenando, que você vá almoçar comigo. –disse o mais humildemente que pôde, o que ficava estranho num Malfoy.
Gina suspirou:
-Está bem, eu irei.
“Mas só porque preciso deixar umas coisas bem claras pra você.” Acrescentou em pensamento.
Draco sorriu e deu passagem para a ruiva que agradeceu. Entraram na limusine e durante o trajeto não conversaram muito. Foram até um restaurante trouxa requintado, mas discreto. Não seria bom se eles fossem vistos juntos.
Gina deixou que o loiro fizesse os pedidos. Não podia negar que ele tinha bom gosto.
-Virginia. –ele pousou a mão sobre a dela, mas a ruiva tirou sua mão dali –Sobre o que aconteceu entre nós...
Ela cortou-o:
-Não vai mais acontecer.
Ele pareceu chocado. Como ela podia dizer isso assim para ele? Ela não podia dispensá-lo dessa maneira. Nenhuma mulher nunca fizera isso.
-Mas você gostou. –ele afirmou –Eu sei que sim.
-Independentemente do que você possa achar...
-Eu sei quando uma mulher está sentindo prazer ou não. Você não fingiu orgasmo, Virginia.
Ela suspirou:
-Ok, eu não fingi. Mas o que você tem que entender é que é errado. Você é casado e é meu chefe. Não quero que as pessoas falem que eu sou mais uma de suas amantes. Aliás, eu não quero ser amante de homem nenhum. Além do mais, eu me deixei levar porque você me fez um favor enorme. Eu queria retribuir de alguma maneira, então você sabe o que aconteceu... –ela ficou vermelha.
-Você não pode estar me dizendo que foi apenas uma transa de gratidão. Eu tenho cara de um homem que precisa desse tipo de coisa? As mulheres vão pra cama comigo por atração e porque sabem o prazer que eu posso proporcionar.
Gina ficou vermelha ao mesmo tempo de raiva e vergonha:
-Eu não sou qualquer uma, Malfoy.
Ele respirou fundo, tentando não perder o controle:
-Eu sei que não. Ir pra cama comigo não te faz uma qualquer.
-Oh, faz sim! –ela contrapôs –Por isso que não quero mais. Não quero mais me sentir uma qualquer. Ao contrário da sua, a minha família me ensinou princípios e eu pretendo seguí-los.
-Você não está sendo sincera consigo mesma, Virginia. Nós dois gostamos e por isso...
-Não é razão para continuar, Draco. –ela tentava convencê-lo –Como eu olharia na cara da Parvati? Ela não merece isso.
-Você quer dizer como você irá olhar, não é mesmo? Ou será que já esqueceu do jantar de amanhã? –ele questionou.
A Weasley bateu com a mão na testa, sentindo-se o mais inútil dos seres. O que estava acontecendo consigo? Primeiro pensava demais no que tinha acontecido entre ela e Malfoy, depois perdia horas de sono por isso e ainda esquecera da data para devolver o contrato que ele havia pedido que ela checasse. Agora se dava conta de que também tinha esquecido do jantar.
-Sim, eu tinha esquecido. –ela confessou, enterrando a cara nas mãos.
-Mas você e o jogador de quadribol irão, não é mesmo? Não fariam essa desfeita para a Parvati, ela ficaria muito chateada.
Gina bufou:
-Eu disse que iria. Então eu vou. Agora vou avisando, se você continuar a dar em cima de mim, eu pedirei demissão.
-Você não seria capaz. –ele sorriu para ela.
-Não me venha dizer do que sou capaz ou não. –ela retrucou.
-Não, você não entendeu. O contrato que assinou de emprego é de permanecer nele por pelo menos um ano ou terá que me indenizar, lembra-se?
Mais uma vez a ruiva teve vontade de bater em si mesma, e também no loiro a sua frente que exibia um sorriso realmente irritante.
-Draco Malfoy, você foi um cretino fazendo essa cláusula. –disse entre dentes.
-Obrigado. –ele sorriu, cínico.
-Mas isso não te dá o direito de macular a minha integridade. –indignou-se.
-Mas me dá o direito de ter você trabalhando pra mim por mais cerca de 7 meses. Sabe que faz um ótimo trabalho e eu odiaria te perder.
Antes que Gina pudesse responder qualquer coisa, a comida foi trazida. Eles fizeram a refeição em silêncio, cada um concentrado em seus próprios pensamentos.
“Espero que daqui pra frente o Malfoy não tente me seduzir. Tomara que ele tenha entendido o recado e me deixe em paz. Eu não posso ir pra cama de novo com ele. Estava apenas agradecendo pela vida da Evelyn, não sei o que faria sem a Eve...Mas por que ele tinha que ser tão gostoso e bom de cama?!? Droga, no que estou pensando? Preciso esquecer o que aconteceu ou ficarei louca. Tenho que me concentrar no dossiê. Farei o Malfoy pagar por tudo, inclusive por me deixar louca de desejo...Merda! De novo estou pensando besteiras. O que há comigo? Antes eu podia achar o Malfoy atraente, mas era suportável. No entanto, agora... O que mudou? Eu não posso ficar perto dele que é como se eu sentisse uma enorme força querendo me puxar na direção dele. Algo mais forte que eu e que quer controlar meus pensamentos e ações. Algo que diz que eu deveria jogar todas as convenções e receios para o alto e ficar com ele. Ai, mas isso definitivamente é estupidez, uma tremenda insensatez. Além de eu saber que o Malfoy é um assassino, galinha, mafioso e tudo o mais de ruim, ele nunca largaria a Parvati para ficar com nenhuma amante. E eu não posso largar as minhas convicções do que é certo e errado. Lembre-se do que aconteceu com a Chang, Gina. Você não pode se deixar corromper pela fala mansa de um homem que é o lobo na pele de cordeiro. Deve esquecer essa sua atração e trancafiá-lo em Azkaban.” A mente de Gina trabalhava freneticamente.
“Quem a Weasley pensa que é pra me dispensar desse jeito? Ela não pode fazer isso! Eu vou tentá-la tanto que ela cederá e comerá do fruto proibido. E daí que eu sou casado? A Parvati sempre soube que tenho amantes. E daí que sou o chefe dela? A Weasley deveria é se aproveitar desse fato. Mas não, é uma Weasley mesmo. Honesta e certinha. Ah, mas eu irei corrompê-la nem que seja a última coisa que eu faça. A Weasley será minha amante. Eu preciso transar com ela novamente. Foi simplesmente demais da última vez, eu não posso perder uma transa dessas. Tenho que usá-la para o meu prazer e quando enjoar irei humilhá-la e descartá-la como ao pior lixo. Quero que ela me ame e somente a mim. Que esqueça o Potter e me pertença de corpo e alma. Eu sei que ela se sente atraída por mim, tudo o que preciso é driblar esse senso de certo e errado que ela tem. Ela é tão gostosa que eu fico despindo-a com o meu olhar mais vezes do que posso contar. Por que ela tem que ser tão teimosa e não assumir que a melhor coisa é saciar os desejos carnais que nutrimos um pelo outro? É isso, o que você deve fazer, Draco. Convencer a Weasley de que devem ser amantes.” Eram os pensamentos do Malfoy.
Ambos comiam mecanicamente, afinal, tentavam bolar planos. Gina para esquecer o ocorrido com o chefe e conseguir mais informações para o dossiê. Draco para tornar a advobruxa sua amante.
Eram planos opostos os que possuíam, travando sem terem conhecimento uma espécie de duelo de Titãns. Estavam medindo suas forças de persuasão e o resultado era uma incógnita.
Após o almoço, encontravam-se na defensiva, ainda pensando em qual seria a melhor maneira de agirem para conseguirem o que queriam. Por isso, pouco falaram no trajeto de volta a M Corporation.

***

Era 8h da noite e Hermione Weasley estava entediada. Encontrava-se sentada no sofá com os pés apoiados na mesinha de centro e com uma das mãos sobre sua barriga de seis meses e meio de gestação. Assistia à televisão, mas aquele programa culinário estava realmente chato e ela já dera muitos suspiros por tanta monotonia. Era mais um dia em que o marido faria hora extra no Ministério e chegaria tarde e ela simplesmente odiava isso. Quando ouviu a campainha tocar, abriu um grande sorriso, sentiu que o tédio estava com seus segundos contados.
Com alguma dificuldade a morena levantou-se do sofá, calçou seus chinelos e seguiu até a porta da entrada, abrindo-a em seguida. Ao ver a amiga ruiva, exclamou feliz:
-Gina, você é minha heroína!
-Nossa, Mione. Não é pra tanto, o que...
-Sim, é. –ela interrompeu a outra –Eu não agüentava mais ver como se fazia um pudim de Yorkshire na televisão. Realmente muito chato. Que bom que veio, amiga. Entra.
Gina beijou a bochecha da morena e passou a mão na barriga dela:
-Como vai o meu sobrinho? –perguntou e sentiu algo –Ele chutou? –perguntou animada.
-Sim! –a futura mamãe exclamou feliz –E é realmente raro ele fazer isso. Acho que até o Ed ficou feliz por você chegar. Se calhar, não gosta de monotonia e puxará os gêmeos.
Ao entrar, a ruiva fechou a porta:
-Vai mesmo chamá-lo Edward?
-Sim, por quê? Você não gosta?
-Gosto. –a ruiva respondeu sinceramente –Mas e o Rony, ele concordou? Pensei que ele queria Robert.
-Ah, nem me fale. Tive muito trabalho para convencê-lo de que Edward seria melhor. –ela suspirou –Mas então, Gina. Como vai você? –perguntou assim que se sentaram no sofá –Quer comer algo?
-Não, obrigada, Mione, estou sem fome. Eu vou mais ou menos.
-Por quê? –os olhos de Hermione brilharam de curiosidade.
-Primeiro me responda. A que horas o Rony chega?
-Hoje só pelas onze da noite. Ele ta fazendo hora extra no Ministério. –falou, demonstrando como o fato a desagradava –Mas por quê? Veio contar outro segredo, srta. Complicada Weasley?
A ruiva mordeu o lábio inferior:
-Na verdade sim. Você lembra quando eu te liguei e contei que a Eve tinha sido seqüestrada e que o Malfoy a salvou?
-Sim, claro que lembro. Por quê?
-Hum...Bem, é que eu não fui completamente sincera. Eu omiti que...eu e o Malfoy, bem, a gente...
-Não! Gina me diz que vocês não transaram! –ela exclamou espantada.
-Eu não posso dizer isso, Mione. –ela murmurou, toda corada –Aconteceu.
-Mas como?!? Ele te obrigou?
-Não. Eu queria retribuir o que ele havia feito, por ter salvado a Eve, então quando ele me beijou, eu me deixei levar.
-Ele te beijou?!? –Hermione tentava absorver as recentes e intrigantes informações.
-Sim. Quando chegamos ao meu apartamento ele entrou. E eu mais uma vez comecei a dizer a ele o quanto era agradecida por ele ter salvado a Eve e que eu devia tanto a ele que não sabia como algum dia poderia retribuir. Foi aí que ele me beijou.
-E o que você achou o beijo dele? –a morena estava curiosa.
-Ah, Mione. Você sabe que eu já tinha beijado o Malfoy de uma vez, naquela na limusine dele na França e também tem daquela vez que eu tinha tomado Polissuco para me passar pela secretária dele.
-É, mas de acordo com você aquilo foi conseqüência da sua carência. E da outra vez porque você estava atuando como outra pessoa. E agora, qual será a sua desculpa?
-Eu já disse que foi pela Eve. –Gina replicou, um tanto aborrecida –Ou será que você acha que fui pra cama com ele por que queria?
-Mas se você não quisesse, não teria ido. Você mesma disse que ele não te obrigou a nada. –e a ruiva odiou o ar de sabe-tudo dela.
Virginia ficou vermelha e tentou argumentar:
-E-eu...e-ele. Ai, Hermione! Assim você me complica. –passou a mão pelos cabelos de maneira nervosa e deu um suspiro –Ok, talvez seja também porque me sinto atraída por ele. Mas eu não devia. Eu só fazia amor, Mione, e era com o Harry. Com o Malfoy não houve amor. Foi tudo movido por desejo e atração. Além do mais, agora eu não paro de pensar no que aconteceu e é horrível e constrangedor ficar na presença dele.
-Hum. Se isso te incomoda tanto, por que não se demite? Eu disse que não daria boa coisa você trabalhar para o Malfoy. –comentou seriamente.
-Hermione Jane Granger Weasley! Não me venha agora com esse papo de eu-bem-que-te-avisei, ok? É a última coisa de que preciso nesse momento. Já me sinto culpada o suficiente por ter me envolvido com ele dessa forma nem que seja por uma única vez. Mas eu não posso me demitir. Além do fato de que ainda não terminei o dossiê, o Malfoy me lembrou hoje que no contrato de emprego que eu assinei, eu deveria trabalhar para ele por pelo menos 1 ano ou pagaria uma indenização a ele. E pagar tudo isso me deixaria praticamente falida.
-Amiga, viu no que se meteu? –ao receber um olhar fuzilador de reprovação de Gina, Hermione mudou de assunto –Quero dizer...Hum, pelo menos você gostou? Como o Malfoy é na cama?
Se antes Virginia Weasley encontrava-se corada, não se comparava em nada a coloração de agora. A ruiva não duvidava se a morena conseguisse sentir o calor que seu corpo emanava naquele instante:
-Mione! –exclamou indignada –Não me pergunte esse tipo de coisa!
Hermione deu um sorriso malicioso:
-Isso quer dizer que você adorou e não tem coragem de assumir, não é mesmo? Conheço você muito bem, Gina. –Mione disse e a ruiva nada disse –Vamos, Gina. Me conte! Estamos entre amigas e você sabe que eu vou guardar seus segredos, assim como você guarda os meus. Inclusive aquele quando eu e o Rony sumimos no casamento da Fleur e do Gui. –ela piscou.
A advobruxa respirou fundo:
-O que você quer saber? –forçou-se a perguntar.
Outro sorriso malicioso passou pelo rosto de Hermione:
-Agora você não tem como dizer que não viu o tamanho da “varinha” dele ,não é mesmo?
-O quê? Você quer saber? –e a morena fez que sim.
Gina mais uma vez respirou fundo, como se naquele ato conseguisse expurgar a vergonha de si. Ela usou as duas mãos para demonstrar o tamanho com o espaço entre elas.
-Parece ter o mesmo tamanho que o do Rony. –ela comentou, dando de ombros –Ótimo tamanho, aliás.
-Hermione! –Gina exclamou –Eu não quero saber dessas coisas do meu irmão.
-Tá bom, tá bom. Mas agora me diga, o que vocês fizeram?
-Transamos. –a ruiva respondeu como se fosse óbvio –Quer que eu desenhe? –perguntou com ironia.
Hermione riu:
-Não, bobinha. Quero saber o que aconteceu desde que ele te colocou na cama.
-Você sabe que eu fico sem graça. –Gina enrubesceu novamente.
-Sim, mas você é minha melhor amiga. E do Harry você contava.
-Correção. Em detalhes eu contei apenas a primeira vez.
-Mas então, foi a sua primeira vez com o Malfoy. Hum, ele e o Harry são diferentes na cama, não? –e recebeu um gesto afirmativo de Gina –Então, diga algo que o Malfoy fez de diferente. Algo que você e o Harry não faziam.
Gina olhou para o chão e murmurou rapidamente:
-Sexo oral.
-O quê? Não deu pra entender. –ela respondeu sinceramente.
Gina olhou para a amiga e apenas mexeu os lábios, mas claramente repetindo o que murmurava anteriormente.
-Ah, isso. –murmurou como se não fosse nenhuma novidade para ela –Quem fez? Ele, você ou os dois?
-Ele.
-O que achou?
-Será que você tem um prazer sádico de me fazer ficar envergonhada? –a ruiva perguntou indignada.
-Tá, tá. É óbvio que você gostou. Ele quer transar de novo com você?
-Sim, ele quer. –respondeu aborrecida.
-Olha a Gina. Você satisfez um dos homens mais cobiçados do mundo mágico. Essa é a minha amiga.
-Hermione, isso não é motivo pra se orgulhar. Eu não quero. Esqueceu quem ele é? Esqueceu que ele é casado?
-É mesmo. Então não transe com ele novamente. Ele é Draco Malfoy, merece ser deixado na vontade, a cobiçar algo que não terá. –e deu um sorrisinho perverso, imaginando Draco aos pés de Gina, implorando.
-Mas não é tão fácil assim. Justamente porque ele é Draco Malfoy. Tem ótima lábia. Você sabe que quando quer, parece um anjo. Mas não dá pra esconder que ele tem um corpo do diabo, que parece ter sido feito sob medida para as mulheres caírem em tentação. Aquela maçã do Éden ambulante! –reclamou –E eu não consigo parar de pensar no que aconteceu entre a gente e nos beijos, nos toques, nos gemidos. É Hermione, eu fiz o Malfoy gemer, eu nunca tinha imaginado que alguém com tanto controle de emoções como ele fosse capaz disso. É sério, por muitas vezes ele fica inexpressivo e nubla aqueles olhos dele e você não sabe dizer o que ele pode estar pensando.
-Bem, realmente ele é um pedaço de mau caminho. –ela teve que concordar –Mas não presta. Amiga, se você quer manter a sua sanidade, guarde esse seu coraçãozinho antes de brincar com o Malfoy.
-O que você está insinuando, Mione?
-Que ele realmente é muito bonito e é complicado. Duas coisas que te atraem num homem. Mas a última coisa que deve acontecer é você se apaixonar por ele. Então tome cuidado, Gina. Eu não quero ver você sofrendo por ele. Sabe que ele quebra corações sem dó.
-Eu sei, Hermione. Longe de mim me apaixonar pelo Malfoy. –ela garantiu –É só que eu nunca tinha experimentado algo assim, acho que por isso que não paro de pensar nisso. Você por acaso já teve uma transa casual?
-Você sabe que sim. Aquela vez que eu e o Rony tínhamos terminado o namoro pela segunda vez.
-Ah, é mesmo. –a ruiva sentiu-se envergonhada por ter se esquecido disso –Mas você não se sentiu envergonhada na frente dele depois? Afinal, ele trabalhava no St. Mungus também, não é mesmo?
-Ainda trabalha. –a morena corrigiu –Mas nunca mais aconteceu nada. Somos até amigos. Mas quando o vi pela primeira vez no St. Mungus após termos transado, eu fiquei envergonhada e mal conseguia olhar para ele, mas com o tempo passou.
-Espero que passe logo. É simplesmente péssimo para a minha concentração. –Gina contou –Pior que amanhã eu e o Olívio temos que ir jantar na casa dele. Como irei encarar a Parvati?
-Conselho. Não deixe que ela descubra o que aconteceu. Nunca duvide do poder de vingança de uma mulher traída.
Gina engoliu em seco e fez que sim. Hermione quebrou o silêncio:
-Já que está aqui vamos jantar. O Rony vai chegar tarde mesmo, meu pequeno Edward diz que a mamãe tem que se alimentar e não pode esperar o papai para fazer isso.
A ruiva sorriu. Talvez o único sorriso verdadeiro do dia. A idéia de ter um sobrinho lhe agradava. Aliás, ela achava que quando tivesse um filho seria uma ótima mãe. Bem, talvez nem tanto, por sua tendência a mimar crianças. Sempre pensou que não demoraria muito a ter uma criança. Mas pelo visto demoraria, já que Harry encontrava-se trabalhando em outro país e ela não conseguia imaginar outro pai para seus filhos que não fosse Harry Potter.
Virginia suspirou e ajudou a amiga a levantar-se e depois as duas foram para a cozinha.

***

Quando Draco chegou em sua mansão parou de fingir que estava tudo bem. Parvati espantou-se por ele chegar em tempo de jantar com ela, mas não reclamou, pelo contrário. Abriu um grande sorriso ao ver o marido:
-Oi, amor. –ela cumprimentou e ele deu um selinho nela –Você tá bem? –perguntou ao vê-lo tão quieto.
Parvati abraçou-o e ele abraçou-a de volta, enterrando a cabeça na curva do pescoço dela:
-Na verdade não tô bem. Estou cansado, foi um dia cheio na M Corporation e isso sem contar os problemas que tive que resolver pelo IB, celular e Internet.
-Tem certeza que é só isso? Você parece um tanto aborrecido com algo.
-Me diga se você não estaria depois de passar por um dia assim. Ás vezes acho que...é tão difícil ser eu. Será que as pessoas têm que deixar que eu resolva tudo? Para que os pago?
Parvati o abraçou com mais força:
-Vai passar, Draco. Foi apenas um dia ruim. Pense em tudo o que tem. Você adora a sua vida, adora ser bajulado. Não te falta nada, meu amor.
Draco soltou-a e deu um suspiro cansado:
-É, você tem razão. Foi apenas um dia ruim. –disse como se quisesse convencer a si mesmo disso.
-Anime-se, Draco. Eu não gosto de te ver assim. Você é forte e poderoso, nunca deixa que os outros te abalem. Não é agora que deixará, não é mesmo?
Ele sorriu para ela:
-Você sempre vê o lado positivo das coisas. De um jeito ou de outro faz com que eu me sinta melhor. Obrigado. –ele segurou as mãos dela e encarou-a profundamente.
-Não precisa me agradecer, querido. Sabe que pode contar comigo. Eu sou sua mulher e sua amiga hoje e sempre. Eu amo você.
Draco encarou a sua mulher (que havia pintado o cabelo de castanho escuro e agora possuía pequenas mexas vermelhas por todo comprimento). Acariciou a face dela e apesar de saber que não era verdade, teve vontade de dizer que a amava também. Aquela mulher sempre esteve ali por Draco. E tudo o que ele sempre fez foi não se fazer presente na vida dela e ser infiel.
O loiro beijou-a carinhosamente por alguns instantes, então separou suas bocas.
-Se você quiser a gente pode ir para a cama. –ela disse.
E assim era a Parvati. Sempre solícita para fazer o que ele quisesse. Draco já ouvira homens reclamando que suas esposas fingiam dores-de-cabeça e darem outras desculpas porque não queriam transar, mas o loiro não conseguia lembrar dela fazendo isso uma única vez. Não transavam sempre, já que Draco tinha amantes, mas era uma quantidade considerável de vezes no mês. Só não o faziam quando ela parava de tomar a poção anticoncepcional e ficava menstruada.
Ao ver que o marido não respondia e parecia perdido em pensamentos, ela chamou:
-Draco. – e ele olhou-a –Eu perguntei se você quer ir pra cama.
-Ah, não. Eu estou cansado. Vou tomar um banho e depois podemos jantar.
-Quer que eu prepare a banheira?
-Não, obrigado. Tomarei banho no chuveiro, é mais rápido. Estou faminto. O que tem no jantar?
-Os elfos fizeram sopa de legumes. Eu pensei que você jantaria fora, Draco. Então se você quiser eu posso ir pra cozinha agora e fazer o que você quiser comer.
O loiro sorriu:
-Bem, eu não sou muito fã de sopas. Faça o que achar melhor, eu sei que o que decidir eu irei aprovar. –e subiu as escadas.
“Nossa, decididamente hoje ele está abatido. Qual trator terá passado por cima dele?” ela perguntou-se antes de dirigir-se a cozinha.
No entanto, a pergunta correta seria: Quem foi que passou um trator por cima do ego de Draco Malfoy? E a resposta a essa pergunta era simples, Virginia Weasley.
Malfoy pensara que por ter transado com ela uma vez, conseguira todas as outras que desejasse. Quebrara a cara quando Gina lhe disse que não aconteceria novamente. Ela tinha ferido o ego de Draco gravemente.
Enquanto tomava banho, o loiro pensava na Weasley.
“Ah, Virginia Weasley. Você aprenderá que com Draco Malfoy não se brinca. Você vai se arrepender de fazer isso comigo, ah se vai.” Decidiu, colocando de volta a máscara do Malfoy frio e confiante.
Porém, por dentro ainda se sentia abalado. Mas precisava se mostrar forte e indiferente quanto a isso. Não era uma mulher que o faria depressivo e inseguro. Afinal, ele era Draco Malfoy e conseguia tudo o que teria, independente de meios e do tempo que levasse.

***

Gina teve um sono profundo, mas conseguiu acordar no horário na terça-feira de manhã. Enquanto tomava café, pensava no jantar que teria naquela noite. A idéia de jantar na casa de seu chefe, que por acaso era um criminoso, que era casado e com quem ela tinha ido pra cama, não lhe era das mais agradáveis. O que tornava a coisa toda suportável é que estaria acompanhada de Olívio. A ruiva não conseguia entender o porquê de não conseguir se apaixonar por Olívio. Ele era muito bonito e atraente. Era um bom amigo, era carinhoso e atencioso.
“Talvez a Hermione esteja certa. Eu só me interesso por caras complicados. O Harry é o herói do mundo bruxo e tal, complicado pra caramba. E agora o Malfoy que é o Chefe da MMVO...Pera aí! EU NÃO ESTOU INTERESSADA NO MALFOY! Ele é vil, cruel, cachorro, lindo, gostoso...Merlin! Eu preciso parar com esses pensamentos contraditórios, ok? Os pensamentos certos são aqueles que são ditados pela minha mente e não pelo meu corpo.” Pensava enquanto pegava suas coisas para aparatar na MCorporation.
Cumprimentou os colegas de trabalho que encontrou pelo caminho. A ruiva achou estranho que Draco não tivesse falado com ela durante o expediente. Naquele dia ela tinha atendido em sua sala alguns clientes da MCorporation, para informá-los de como iam os processos que corriam contra eles.
“Não que eu sinta falta do Malfoy me atormentando, mas é que é realmente estranho ele não ter falado comigo hoje. Será que ele não veio trabalhar?” perguntava-se, enquanto arrumava suas coisas para ir embora de sua sala.
A ruiva guardava alguns papéis nas gavetas e estava distraída, tanto que não percebeu a presença de mais alguém na sala. Encontrava-se de frente para a mesa quando sentiu braços enlaçarem sua cintura. Antes que pudesse ter qualquer reação, ouviu a voz terrivelmente sexy que Draco fazia:
-Pensando em mim, Virginia, querida? –sussurrou no ouvido da advobruxa e roçando os lábios na orelha dela.
O corpo de Gina estremeceu e ela usou de todo o bom senso que tinha para sair do abraço do loiro. Virou-se para ele, séria, escondendo o quanto se sentia abalada por dentro:
-Eu não sou sua, Draco Malfoy. –retrucou.
-Mas estava pensando em mim, não estava? –perguntou, piscando, e por mais cínica que fosse, aquela expressão era incrivelmente sedutora.
Ela respirou fundo, tentando exprimir seu desagrado:
-Sim, eu estava pensando. –assumiu e ele sorriu –Mas não do jeito que está pensando. Eu estava perguntando-me se tinha faltado hoje.
-Isto é por que eu só dei o prazer da minha companhia a você agora? Não sabia que ia sentir tantas saudades de mim. –comentou, presunçoso.
Mais uma vez respirou fundo, tentava controlar a vontade enorme que tinha de estapear aquela “carinha inocente” até que se sentisse satisfeita, o que não seria tão cedo.
-Olha aqui, Draco. –começou com o dedo em riste –Eu não senti a sua falta, está bem? É só que você costuma dar sinal de vida, entende? E por último, mas não menos importante, eu não sou sua querida.
-Que estresse é esse, Virgínia? –passou uma mão pelo rosto dela e ela desviou o olhar.
-Será que você não vai me deixar em paz? –ela perguntou.
-Quer a verdade? –levantou o queixo dela e Gina pousou seu olhar nos olhos cinzentos do Malfoy.
Draco foi se aproximando dos lábios dela, mas quando estavam prestes a se encostar, Gina virou o rosto:
-Acho que isso quer dizer que não. –e afastou-se dele –Mas você, como inteligente homem de negócios que é, deveria perceber que esse seu investimento apenas trará prejuízos. Eu já disse, não quero nada com você.
Draco sorriu de canto de boca:
-Ai, ai. Quando é que vai deixar de ser tão teimosa e assumir que me quer tanto quanto te quero?
Ela bufou:
-No dia em que Merlin ressuscitar vestido de havaiana e dançando cancã com Voldemort. –rolou os olhos -Não acha que é ridículo o papel que está fazendo? Sei que se acha o Don Juan, mas comigo isso não funciona. Pare de se humilhar por mim, não fica bem para o Todo Poderoso Draco Malfoy.
-Eu não estou me humilhando, estou tentando apenas tirar a venda dos seus olhos. Mas não, você continua querendo ser cega sobre a situação. O que você tem de excelente advobruxa tem de irritante, teimosa e gênio insuportável. –ele resmungou –Te vejo hoje na minha casa, aqui está o endereço. –jogou um papel em cima da mesa –Até lá. –e saiu da sala sem olhar pra trás e deixando a Weasley sozinha com seus próprios pensamentos confusos.

***

“Weasley, Weasley. Não me provoque. Você está brincando com fogo, depois não reclame quando sair queimada.” O Malfoy pensou ao deixar a sala dela.
Quem a Weasley pensava que era pra dispensá-lo daquela maneira e ainda por cima insinuar que ele estava se humilhando por ela? Não, Draco Malfoy não se humilha por ninguém. Draco Malfoy humilha os outros e mal podia esperar para fazer o mesmo com Virginia Weasley.
O loiro tinha feito de propósito em não conversar com ela durante o dia. Estava dando um gelo nela, pela punhalada que ela tinha dado no ego dele no dia anterior. Mas agora além de apunhalado, seu ego estava sendo pisado. Ele não podia e não iria permitir isso!
Draco chegou em sua mansão. Deu boa noite para a governanta da casa. Era uma mulher na faixa dos cinqüenta anos chamada Amélie Jones. Era elegante, mas não tinha atrativos.
-Boa noite, Jones. A que pé anda o jantar?
-Tudo conforme o esperado, Sr. Malfoy –respondeu, eficiente.
-Ok. Onde está a Parvati?
-A Sra. Malfoy está em seus aposentos.
-Obrigado. –o loiro murmurou e subiu as escadas do saguão de entrada.
Draco virou um corredor e seguiu até o fim deste, abrindo uma porta de madeira trabalhada. Parvati encontrava-se de frente para a penteadeira, arrumando-se, mas no instante em que ouviu a porta sabia que era Draco. Então levantou-se, indo até o marido e plantando um beijo leve em seus lábios:
-Oi, amor. Como foi o seu dia? –ela perguntou, sorrindo pra ele.
O loiro deu de ombros:
-Normal. E você?
-Ansiosa pra que você chegasse. –falou, ainda nos braços dele.
Malfoy sorriu:
-Vou tomar banho. Termine de se arrumar. Sei como é vaidosa, Parvati.
A morena abraçou-o, levando os lábios aos dele. Ao estar beijando sua mulher, os pensamentos de Draco voaram involuntariamente para a advobruxa Virginia Weasley. Teve raiva de si mesmo por pensar na Weasley e por ela ser tão teimosa. Puxou com mais força Parvati contra si, o que fez com que ela se afastasse:
-Assim não, Draco. Vai amassar todo o meu vestido. –reclamou, pegando a varinha e arrumando-o.
O Malfoy deu um suspiro cansado. Virou-se e seguiu para o banheiro. Tomou um banho que serviu para relaxar um pouco. A água quente corria por seu corpo, mas vez ou outra o pensamento obsessivo de possuir a Weasley cruzava sua mente. Deu um suspiro, afastando os pensamentos indevidos.
Ao sair do chuveiro, o loiro olhou-se no espelho e secou um pouco os cabelos antes de enrolar a toalha branca ao redor da cintura. Saiu então assim do banheiro. Parvati já estava completamente arrumada. Usava um vestido longo vinho e frente única, o qual mostrava parte de seus seios fartos num decote um tanto insinuante e delineava as curvas de seu corpo. As sandálias eram pretas e o cabelo estava preso num elegante coque com alguns fios estrategicamente soltos. Os olhos negros dela estavam destacados com rímel e lápis preto, enquanto nos volumosos lábios havia um batom da mesma cor do vestido.
A morena levantou-se e ficou admirando o marido e Draco não se intimidou por isso, parecia estar acostumado à situação. Algumas gotas de água remanescentes traçavam caminho pelo peitoral definido e não era apenas o peitoral. Qualquer uma diria que ele tinha um corpo perfeito. Parvati amava tudo naquele corpo. Seus olhos passaram pelos ombros largos, tórax e barriga tanquinho. Ela foi até ele e passou a mão pelo abdômen dele. Draco riu e ficou de frente para Parvati:
-Draco, isso é uma tortura! –ela reclamou –Só não te agarro agora porque já me arrumei toda e daqui a pouco os convidados chegam. Ah, mas depois você não me escapa. –ela piscou, desenrolando a toalha do corpo do loiro e dando um leve aperto na bunda dele.
-Safada! –ele falou com um sorriso malicioso, enquanto começava a se trocar.
-Vou estar na sala de visita esperando os convidados, querido. Não demore. –e saiu do quarto com a toalha que ele outrora usara.
Draco vestiu uma cueca cinza e meias de mesma cor. Em seguida enfiou-se um uma calça preta e calçou sapatos também pretos. Olhou-se por um instante no espelho da penteadeira, então penteou os cabelos após passar um pouco de seu perfume Calvin Klein. Vestiu uma camisa branca, deixando aberto os primeiros botões e arregaçando as mangas na altura dos cotovelos, o que lhe dava um ar despojado.
Saiu do quarto satisfeito e com seu ar de “Eu sou o bom e posso” de sempre.

***

Ding Dong. Era o barulho da campainha no apartamento de Virgínia. Adelina já tinha ido embora e como não faltavam muitos minutos para as 8h da noite, previa ser Olívio:
-Já vai! –gritou, terminando de passar um gloss nos lábios.
A ruiva pegou a bolsa e foi até a porta, abrindo-a à maneira trouxa, já que sua varinha se encontrava num dos bolsos internos de seu sobretudo.
-Boa noite, Olívio. –ela cumprimentou-o, sorrindo.
O moreno usava uma calça branca. Sapatos e camisa pretos. E por cima uma jaqueta de seu time de quadribol. Ele deu um breve selinho e sorriu de volta:
-Boa noite, Gina. Você está linda! –Olívio disse mirando-a.
A Weasley vestia um sobretudo preto que estava aberto e deixava à mostra seu vestido preto que ia até o joelho, o decote era quadrado e discreto. As sandálias eram pretas com detalhes em prata e tinham um salto fino e alto. Em seu pescoço estava uma delicada corrente com um pingente em forma de gota que combinava com seus brincos. O cabelo rubro estava preso num alto rabo de cavalo e duas mechas pendiam, uma de cada lado, em sua face.
-Podemos ir? –perguntou e ele saiu de seu transe.
-Claro. –e ofereceu o braço para ela, que aceitou.
Após a ruiva trancar a porta do apartamento, os dois andaram pelo corredor e pegaram o elevador para sair no saguão e assim chegar à saída. Lá fora havia um táxi esperando-os. Ao adentrarem o veículo, Gina leu o endereço no papel em que Draco tinha escrito. Logo o motorista deu a partida.
Olívio perguntou:
-Como foram esses dias em que não te vi?
-Ah. A Eve foi seqüestrada. –a ruiva contou.
-Nossa, por quem? Ela está bem? –fez uma cara surpresa e preocupada.
-Nott. E sim, a Evelyn está bem e está de volta, graças ao Malfoy.
-Ah... –murmurou com imenso desagrado.
-Olívio por mais que você não goste do Malfoy tem que reconhecer que se não fosse por ele a Evelyn não estaria viva.
-Tá bom, Gina. Mas não vamos falar do Malfoy, eu já vou ter que ver ele...
-Tá bom, Olívio. Mas que implicância! –ela reclamou –Então me fala o que você andou fazendo.
-Nada de interessante. Mas logo as minhas férias vão acabar, Gina. Aliás, tenho que voltar a treinar no fim de semana. Sim, o meu treinador é um carrasco. –falou dramaticamente –Mas o que posso fazer? Eu amo quadribol.
Gina sorriu, ao perceber que os olhos dele brilharam ao falar que amava quadribol. A ruiva compreendia porque também amava o que fazia, amava a justiça. Apenas amargava ter tido que se afastar da profissão de aurora, mas era por uma boa causa que agora estava se dedicando apenas à advobruxia.
“Eu vou pegar o Malfoy...” ela pensou, mas logo percebeu o duplo sentido daquilo “Pegar no sentido de enrrascá-lo e mandá-lo pra Azkaban. É, é isso.” Explicou para si mesma.
-Vou sentir sua falta, Olívio.
Ele sorriu:
-Eu também, Gina. Mas não quero perder sua amizade.
-Eu também não. Promete que vai me escrever?
-Prometo. –disse e passou uma mão pelos dois ombros dela.
Ficaram assim pelo resto do trajeto, o que não foi muito tempo, posto que logo o táxi estacionou em frente aos portões de uma imponente Mansão.
Olívio pagou ao taxista. Aquele era um bairro trouxa, porém claramente luxuoso. Adiantaram-se para o grande portão preto e do lado de dentro havia dois seguranças.
-Com licença, mas somos convidados do Sr. Malfoy. –Gina disse para o segurança que estava mais próximo.
-Seus nomes, por favor.
-Virginia Molly Weasley. –a ruiva falou.
-Olívio Frederick Wood. –o moreno disse.
O segurança abriu o portão para que eles entrassem, fechando-o logo em seguida:
-Vão por esse caminho. –o outro segurança recomendou –A Sra. Malfoy odeia que pisem na grama do jardim.
Os dois acenaram positivamente e seguiram em silêncio o caminho sugerido. Quando se aproximaram da majestosa porta branca da entrada, esta se abriu e revelou um mordomo. O homem tinha cerca de 50 anos. Parecia sério e elegante, vestindo trajes típicos de sua função:
-Boa noite Sr. Wood e Srta. Weasley. Permitam-me pegar seus casacos.
Olívio tirou seu casaco e entregou ao homem, que tirou o sobretudo de Virginia. Uma mulher que eles não haviam notado antes, pronunciou-se:
-Boa noite. Sou a Sra. Jones, a governanta. Os patrões estão na sala de visitas. Irei acompanhá-los até lá.
A ruiva reparou numa grande escada no Saguão de Entrada, mas eles não foram conduzidos ao andar superior e sim contornaram e foram pela esquerda. Andaram por um corredor em que havia diversos quadros nas paredes. Viraram à direita e então avistaram a sala de visitas. Era um cômodo luxuoso e bem decorado. Um lustre majestoso pendia do centro do teto. As cortinas eram brancas com detalhes dourados e estavam afastadas, de modo a mostrar a paisagem de uma parte do jardim através da janela. Recobrindo o piso de mármore havia um tapete branco e felpudo. Os diversos móveis que ali havia eram de mogno. Uma bela lareira ficava de frente para um dos sofás de couro branco.
-O Sr. Wood e a Srta. Weasley. –a governanta anunciou –Com licença. –e retirou-se.
Draco e Parvati levantaram-se para saldar os convidados. A morena foi a primeira a se adiantar. Deu um beijo no rosto da Weasley e outro no de Wood. A seguir foi a vez de Draco. Estendeu a mão para o moreno:
-Wood. –murmurou e apertou a mão dele.
Quando virou-se para Virgínia. Tinha um trejeito de sorriso zombeteiro nos lábios e seus olhos brilhavam em malícia.
-Weasley. –disse com a voz um tanto rouca e desdenhosa, enquanto tocava seus lábios numa mão dela que ele mesmo havia levantado.
Gina sentiu suas faces esquentarem e sentiu-se incomodada pelo olhar dele, como se a estivesse despindo a bel prazer. Assim que pôde tirou sua mão da dele, mas a sensação de desconforto permaneceu. Para seu alívio, Parvati quebrou o silêncio que havia se instalado entre os quatro.
-Fico muito grata que tenham vindo. –a morena sorriu para os convidados, que sorriram de volta.
Logo que a anfitriã tinha dito isso, uma empregada entrou com uma bandeja com dois bules, algumas xícaras com colherinhas, guardanapos e um açucareiro. A empregada serviu chá a eles como era do gosto de cada um. Gina não pôde deixar de reparar que apenas ela e Draco não tinham leite nem uma grande quantidade de açúcar em seus chás. Apenas ergueu momentaneamente as sobrancelhas ao perceber a coincidência em seus gostos. Por um instante, o Malfoy lançou-lhe um olhar no mínimo quente e ela encarou-o de volta em desafio. Porém, o loiro logo desviou o olhar, com receio que sua mulher percebesse. Tudo o que ele menos precisava era um ataque histérico e ciumento de Parvati.
Após todos terem terminado o chá, Draco propôs:
-O que acham irmos para a sala de jantar?
A proposta do loiro foi aceita e os quatros levantaram-se. Os anfitriões seguiam a frente dos convidados, como que os guiando pelo caminho. Não demoraram a chegar na sala de jantar, a qual era finamente decorada. Havia uma grande mesa no centro, com diversas badejas, travessas, pratos, talheres, taças e tudo mais que era necessário a uma mesa requintada.
A ruiva não pôde reclamar da comida nem da bebida que foram servidos no jantar, mas não podia dizer o mesmo do comportamento de Draco Malfoy. De um lado sentaram o loiro e sua esposa e do outro Gina com Olívio. A Weasley estava de frente para o Malfoy e não imaginava o que ele poderia fazer que a desconcertasse e desconcentrasse. Mas ela teve que assumir que ele conseguiu.
Virginia comia calmamente quando sentiu pela primeira vez algo roçar em seu pé e subir até um pouco acima de seu tornozelo. Logo notou que era o Malfoy quem estava fazendo isso. Olhou para ele com cara de poucos amigos e ele ergueu uma sobrancelha e exibiu um meio sorriso malicioso antes de colocar a expressão mais inocente em sua face. A advobruxa ficou vermelha de raiva, e depois de vergonha, quando ele continuou roçando nela.
-...certo, Gina? –foi o que ouviu Parvati dizer e imediatamente olhou para ela, com cara confusa.
A essa altura já tinham terminado a refeição, mas permaneciam na mesa. A morena parecia esperar uma resposta da ruiva e ela teve que admitir que não ouvira a pergunta:
-Desculpe, Parvati. Eu estava distraída. O que dizia?
-Estava comentando como você tem ao seu lado um dos melhores partidos da Inglaterra. –disse pacientemente –Acho que vocês formam um belo casal.
Gina ficou sem-graça pelo comentário dela. Olívio disse:
-Ah, que isso, Parvati. Eu não estou com toda essa bola.
-Não é o que o Semanário das Bruxas pensa... –falou, sorrindo para ele.
-Além do mais eu e a Gina somos apenas bons amigos, não é? –disse, olhando para a Weasley.
-Sim. Apenas bons amigos. –ela confirmou.
-Eu torço para o União de Pludmere. –ela declarou –O Draco também.
-Então somos todos. –Olívio respondeu a ela –A Gina também torce.
-Eu tenho uma camisa do time, Olívio. –a morena contou –Será que poderia me fazer o grande favor de autografar pra mim e pedir que seus companheiros de time façam o mesmo? –fez uma cara de criança inocente que merecia presente de natal, o que era estranho, porque ela não tinha nada de inocente, estando bem sexy em seu modelito vinho.
-Ah, claro. –o moreno disse, num tom de quem estava apenas sendo gentil.
Parvati levantou-se:
-Draco, você não se importaria se eu levasse o Olívio até a sala de quadribol, certo? –perguntou, meio incerta, como quem pede autorização.
O loiro deu de ombros:
-Não, pode ir. A Weasley me fará companhia. –respondeu e Gina o fuzilou com o olhar, enquanto assistia Olívio levantar-se e sair com Parvati.
Draco fez um gesto com a cabeça para que a governanta seguisse os dois e ela obedeceu. Gina não pôde deixar de comentar ironicamente:
-Nossa, é incrível como você confia na sua esposa.
Malfoy deu seu sorrisinho sarcástico:
-É realmente uma dáviva essa que eu tenho, confiar nas pessoas. –comentou em motejo –Ah, você sabe, Virginia. Nunca se perde por ser cauteloso.
-Claro, porque desconfiar até da própria sombra é algo totalmente produtivo.
Draco ficou sério, seu rosto inexpressivo e seus olhos um tanto apertados:
-Acredite ou não, Virginia. Foi desconfiar até da própria sombra que me manteve vivo e onde estou até hoje.
A Weasley reparou que havia um tom confessional na voz arrastada dele e resolveu tentar aproveitar-se disso:
-Não vejo como alguém possa encontrar algo que não te agrade nessa sua vidinha perfeita. –falou, olhando profunda e desafiadoramente nos olhos azuis acinzentados, escondendo a curiosidade de sua voz.
Os olhos do Malfoy relampejaram por um instante:
-Ah, Virginia, engana-se se pensa que é fácil ser Draco Malfoy. A minha vida não é um mar-de-rosas. Eu tenho uma vida de luxo, é claro. Mas dinheiro não é tudo...
A ruiva arregalou os olhos, interrompendo-o na mesma hora:
-Eu não pensei que viveria para ver o dia em que Draco Malfoy diria que dinheiro não é tudo. –disse impressionada.
Ele rolou os olhos antes de responder:
-Não é tudo, mas é muito importante. O que eu quis dizer é que não adianta ter dinheiro se você não souber se impôr. E ainda assim eu poderia dizer que 90% das pessoas a minha volta, isso se não for mais, são falsas. Posso dizer que sou respeitado, mas isso é porque sou temido. E você pode achar que eu não faço nada, mas não é verdade. O dia inteiro eu estou trabalhando. De dentro da minha sala eu controlo tudo. Todos meus investimentos, patrimônios, contas bancárias. Isso é realmente cansativo. Uma das únicas pessoas que demonstram afeto por mim é a Parvati. Ela não vem com puxa-saquismo. Tá certo que ela sempre me obedece e faz minhas vontades, mas isso é porque me ama. Acho que é a única pessoa que me ama como homem, sabe?
“No que fui me meter? Vou virar conselheira do Malfoy agora, é?” perguntou-se surpresa pelo que ele estava dizendo “A Samantha ama o Draco, mas isso eu não posso dizer. Eu prometi a ela que não contaria.”
-A Cho Chang te amou e no entanto...
Os olhos de Draco ficaram mais frios e cinzentos assim que a oriental foi mencionada:
-O que está insinuando, Virginia? –perguntou desconfiado.
-Não estou insinuando nada, Draco. Larga de ser paranóico! Você fica aí reclamando que ninguém te ama? Aff, o que aconteceu com o Malfoy que eu conhecia?
-Ele ainda está aqui. Apenas precisa de alguém com cérebro e esperto para auxiliá-lo em certos dilemas de sua vida.
-Está me pedindo ajuda? –ele não negou nem afirmou –Por que a sua mulher não pode te ouvir?
O loiro suspirou:
-A Parvati não sabe me consolar. Não com palavras, sabe? Ela ia já partir pra cima de mim, tirando as roupas e...
-Tá, tá. –a ruiva cortou-o, sentindo-se quente de repente –Eu não preciso desse tipo de detalhes, já entendi. –falou e ele deu um sorriso malicioso, o que fê-la lembrar de novo de como ele era na cama... –Mas e a Samantha ou o Zabini?
-Hum, a Samantha é mais uma das secretárias que é apaixonada por mim. Eu não gostaria de falar com ela sobre certas coisas. O Blás é um bom amigo, bom negociador, advobruxo, mas tem a sensibilidade de uma colher de chá. Não saberia me aconselhar em muitas coisas e iria rir de mim se eu viesse com certos assuntos. Você é perfeita, Virginia. –e quando ele disse isso, a ruiva corou –É inteligente, esperta e corajosa. Além de ser uma mulher, ou seja, ter a noção emocional que falta no Blás. Você é desafiadora, Virginia e podemos conversar de igual pra igual, não acha?
A Weasley abriu um grande sorriso. Estaria finalmente penetrando a fortaleza que Draco Malfoy tinha a sua volta?
-Claro, Draco. Sobre o que você quer conversar? Desde que não seja sobre o que queria dizer com aquele gesto que você estava fazendo durante o jantar... –disse, espreitando os olhos dele para captar sua reação.
Por eles passou um brilho de divertimento e tornaram-se mais azuis. Um meio sorriso surgiu em seus lábios finos, ao dizer:
-Ora, aquilo foi apenas para ver a sua reação e foi realmente divertido.
Gina mordeu o lábio inferior, controlando-se para não voar no pescoço dele o estrangulando até a morte.
-Então você não queria...?
-Queria...? –ele perguntou, arqueando as sobrancelhas e incentivando-a a completar a pergunta.
-Insinuar que queria dormir comigo. –falou baixinho, quase que só movanedo os lábios.
E foi graças a leitura labial que ele pôde entender o que a ruiva quisera dizer e seu sorriso alargou-se:
-Entenda como quiser. –disse com a voz rouca e arrastada, e Gina tinha certeza que ele tinha feito isso para que ela achasse sexy, mas o pior era que tinha funcionado.
-Hum, posso te perguntar algo? –a ruiva questionou cautelosamente.
-Além dessa pergunta que já fez? –era visível o deleite do loiro.
-Sim. –e ele concordou –Por que você trai a Parvati? Se ela é tão boa pra você como diz, não deveria traí-la, certo?
Ele suspirou:
-Bem, talvez eu seja um pouco machista. Como eu já te disse, a Parvati sabe que eu a traio, mas ela não tenta me impedir. Acho que ela sabe que se tentasse, eu não deixaria que ela mandasse em mim. Uma mulher mandar em mim? Haha, acho difícil. E como já te disse antes eu não a amo.
-Então se você amasse uma mulher, você seria fiel? –perguntou.
-Você disse que era uma pergunta, Virginia, está abusando da minha boa vontade. –disse educadamente, mas tinha um que de assunto encerrado.
A Weasley ia abrir a boca para replicar, mas Parvati e Olívio voltaram e ela desistiu. O moreno vinha trazendo uma camisa do time de quadribol, cuidadosamente dobrada e sentou-se ao lado da Weasley, no lugar em que estivera anteriormente. Parvati, porém, não se sentou. Ela foi até Gina e disse:
-Tem algo que eu gostaria de te mostrar.
-O quê? –a ruiva não pôde deixar de esconder sua curiosidade e surpresa.
-Minha coleção de jóias. –e estendeu a mão para a advobruxa que aceitou e levantou-se.
Gina, estava meio preocupada em deixar Olívio sozinho com Draco, já que era bem evidente a aversão que ele demonstrava pelo loiro, mas seguiu a colega de Casa. Passaram pelo Saguão de Entrada, subindo as grandes escadas e seguindo para a direita e virando depois à direita também. Quase no fim do corredor tinha uma porta. Parvati sacou sua varinha:
-Alohomora. –e a porta abriu-se –Lumus. –todas as luzes do cômodo acenderam-se.
Era uma salinha confortável. Havia há um canto, uma mesa com cadeiras. No chão havia um tapede verde-musgo e as paredes eram repletas de armários com vitrines iluminadas que permitiam claramente a visão das jóias. No alto, no centro da sala, havia um lustre. A ruiva estava impressionada com a quantidade de jóias que por ali havia. Era até muito possível que o valor daquelas jóias juntas ultrapassassem o valor de seu apartamento.
-O que achou? –Parvati perguntou, ostentando um largo sorriso, como quem se orgulha de algo.
-São realmente lindas. –foi tudo o que Gina disse e era verdade.
A ruiva gostava de jóias. Qual mulher não gostava? Mas não tinha inveja da coleção de Parvati. Na verdade, achava aquilo um exagero. Virginia não era fútil e nem desejava ser. Antes de ter uma grande coleção de belas jóias como aquela, preferia ajudar os outros.
-Hum. –a morena murmurou e seu sorriso sumiu, fazendo Gina perguntar-se se era porque não tinha demosntrado o espanto e inveja que ela esperava –Mas não foi apenas por isso que te chamei aqui. –declarou seriamente.
-Então por que mais seria? –perguntou de forma neutra.
-Bem...Nem sei como te dizer isso, Gina. Você é bem próxima do Draco, né?
Virginia fez que sim, engolindo em seco e ficando vermelha enquanto perguntava-se se Parvati sabia que tinha dormido com o marido dela.
-Você sabe que eu amo o Draco, né, Gina? E cá entre nós, ele não é o que se pode chamar de homem fiel...Então, será que você não poderia ficar de olho nele e me relatar quais são as possíveis amantes dele? –Parvati perguntou torcendo as mãos uma na outra e aparentemente envergonhada de estar pedindo isso a ela –Estudamos na mesma Casa e eu confio em você. Será que pode fazer isso por mim?
Mais uma vez a ruiva engoliu em seco e tentava esconder seu desconforto e culpa ao ouvir o que a outra lhe pedia. Respirou profundamente antes de responder:
-Não sei, Parvati. Não é como se eu tivesse esse tipo de conversa com o Draco, entende? Mas eu posso tentar prestar mais atenção.
A morena deu um abraço repentino em Gina:
-Obrigada, Gina. –agradeceu e aquele gesto fez com que a Weasley se sentisse péssima pelo resto da semana.
Os dias passaram-se com Gina tentando evitar Draco pois ele era uma tentação ambulante e apesar dele não mais falado abertamente, indicava de maneira sutil que ainda a queria. Na sexta-feira, Virginia despedira-se de Olívio com um abraço apertado e um beijo depois dele prometer que escreveria para ela mandando notícias.
No sábado de manhã, era 10h quando a Weasley abriu os olhos preguiçosamente. A semana tinha sido cansativa. Ainda bocejando, dirigiu-se ao banheiro e tomou um banho que despertou-a eficientemente.
Fez algumas panquecas e enquanto as comia lembrou-se de Harry. Antes de viajar, ele havia feito panquecas para ela. Fazia um certo tempo que não tinha notícias de Harry e isso a deixava um tanto triste. Teria ele já se esquecido dela?
A ruiva chacoalhou a cabeça, como que para espantar esses tipos de pensamentos.
“Ele apenas deve estar muito atarefado e não teve tempo para escrever pra mim.”
Ainda questionando-se sobre a possível falta de tempo do ex-namorado, dirigiu-se ao banheiro e escovou os dentes mecanicamente. Precisava se arrumar, pois era o dia do almoço na casa de Gui e Fleur.
Colocou um vestido preto básico que ia até um pouco acima do joelho e tinha alças consideravelmente largas que caiam abaixo de seus ombros alvos e salpicados graciosamente com sardas, deixando-os à mostra. Calçou um par de sandálias pretas com um salto básico de 5cm. Deixou os cabelos rubros soltos, cascateando abaixo de seus ombros. Destacou os olhos com lápis preto e os lábios com um gloss transparente. Após perfumar-se já podia considerar-se pronta. Pegou uma bolsa preta estilo esporte chique e aparatou nos jardins da casa de seu irmão. Deu uma rápida olhada pelo jardim e pôde ver várias cabeças ruivas, mas antes que pudesse reconhecer alguém, ouviu a voz de sua querida sobrinha:
-Tia Gina! –a ruivinha vinha correndo na direção da advobruxa.
Virginia abriu um grande sorriso e tomou a criança nos braços:
-Oi, Eve. Você tá muito lindinha, sabia? –falou observando o vestido azul escuro de passeio que ela utilizava e a tiara de mesma cor que predia a franja da garota.
-Brigada. –agradeceu depositando um beijinho na bochecha de Gina.
Quando soltou Evelyn no chão, ela anunciou que iria brincar com os primos (filhos de Carlinhos e dos gêmeos). A ruiva observou com um sorriso no rosto a sobrinha correndo alegre, mas logo tudo tornou-se preto. Alguém tapou-lhe os olhos. Ela sentiu um perfume que sua memória reconheceu. Mas seria realmente possível? Será que não estava sonhando acordada?
-Não me reconhece mais, Gi? –uma voz disse doce e ao mesmo tempo sensual.
Mandando as favas se estivesse sendo precipitada, o que não mais acreditava após ouvir a voz, gritou animada:
-Harry! –e seus olhos foram destapados.
Gina virou-se de frente para o moreno e deu-lhe um abraço quebra-ossos:
-Eu reconheceria a sua voz em qualquer lugar. Eu senti saudades. –murmurou no ouvido dele.
Harry focou seus olhos verdes no rosto de Virginia. Meses haviam se passado e apesar de tudo, ele sentia-se um total apaixonado por aquela mulher. Seu coração batia rápido, parecendo querer saltar do peito.
“Eu não deveria estar me sentindo assim.” Ele pensou, confuso.
-Também senti saudades, Gina. –declarou e beijou-a repentinamente.
A ruiva prontamente fechou os olhos e correspondeu ao beijo. Harry beijava de forma calma e comedida, não costumava demonstrar muito fogo em seus beijos, mas eles eram muito bons e sempre tiveram o efeito tranqüilizador. Potter tinha uma das mãos enlaçando frouxamente a cintura da Weasley e a outra mão encontrava-se no começo das costas dela, logo abaixo do pescoço. Gina por sua vez tinha uma das mãos contra o tórax de Harry e a outra a passear pelos cabelos negros e macios dele. O perfume de Harry possuía um cheiro que a fazia se sentir em casa. Naquele momento parecia existir somente ela, Harry e o quão reconfortante era estar nos braços dele depois de tanto tempo. No entanto, para sua surpresa, o moreno parou o beijo de repente, como se o que estivessem fazendo fosse errado. Olhou para a cara confusa de Gina e disse:
-Não podemos ficar aos beijos aqui na frente de todos, concorda?
-É, você tem razão. Mas o que está fazendo por aqui, Sr. Harry Potter? E por que não me escreve a tanto tempo? –perguntou em tom autoritário.
-Eu? Bem, eu tenho uma reunião com o ministro inglês. Então passei hoje cedo na Toca e me disseram desse almoço, daí eu vim aqui. Não escrevi antes porque queria te fazer uma surpresa.
-É, posso dizer que eu realmente fiquei surpresa. –ela assumiu –A última pessoa que esperava encontrar por aqui era você.
-Olha, Gina. Mas me disseram que esse almoço era em comemoração porque a Eve foi salva de um seqüestro. Não quiseram me explicar mais que isso, disseram para que eu perguntasse a você.
Pela primeira vez desde que tinha visto Harry ali ela sentiu-se desconfortável. Mais uma vez seus pensamentos foram parar em Draco Malfoy.
-Harry, é verdade. A Evelyn foi seqüestrada. –Harry fez cara de preocupado –Lembra que eu tinha mandado o Nott pra Azkaban e ele tinha jurado vingança? Então, o Nott fugiu da prisão e ele seqüestrou a Eve. Disse que queria matá-la e que faria da pior maneira possível e isso tudo porque queria me atingir, sabia o quanto a Eve significa pra mim. Harry eu não sabia o que fazer, eu fiquei totalmente apavorada e então eu... –engoliu em seco –Pedi ajuda ao Malfoy. Sabe, eu trabalho na empresa dele e ele disse mais de uma vez que podia contar com ele se algum dia precisasse. Foi o que fiz. Pensei que alguém como o Malfoy poderia saber como alguém como Nott pensava e assim achar a Eve mais rápido e com vida. O Malfoy salvou a Evelyn das garras do Nott e eu sou muito grata a ele. A Fleur e o Gui também ficaram muito gratos. Então fizeram esse almoço que tem o Malfoy como convidado de honra.
Harry fez cara de desgosto e em seguida de pensativo:
-Gina, o Malfoy não presta e você sabe disso. Eu nunca concordei realmente com o fato de você trabalhar pra ele... Não acha que o Malfoy poderia ter armado tudo isso?
-O quê?!?
-O seqüestro da Evelyn. –ele esclareceu –Apenas não sei porque ele faria isso.
-Harry, não. O Malfoy não faria uma coisa dessas. Ele realmente gosta da Eve e a Eve gosta dele. Quando ele chegar você verá. – a ruiva disse com veemência.
O moreno não pareceu muito convencido disso, mas não comentou mais nada sobre. Insistu no assunto da ruiva estar trabalhando para o Malfoy:
-Gina, me diga. Por que está trabalhando pro Malfoy? Você decidiu se aproximar dele para conseguir provas para mandá-lo para Azkaban, foi?
A ruiva perguntou-se como ele podia conhecê-la a ponto de acertar uqais eram as intenções dela. Mas lembrou-se de Hermione dizendo que não deveria contar a ninguém, então negou:
-Claro que não, Harry. –mentiu –Nossa, cheguei e nem cumprimentei o pessoal, como sou desleixada. – aruiva bateu a mão na testa e encaminhou-se para onde os adultos estavam.
Cumprimentou Fleur e Gui, seus pais, seus irmãos e as mulheres deles. Durante o tempo em que estava conversando com eles, Harry mantinha uma mão passada pela cintura dela, mas Gina nem tinha percebido. Comentava com Molly sobre os pratos que haviam sido preparados por ela especialmente para o almoço, quando ouviu Evelyn exclamar, feliz:
-Tio Draco!
Involuntariamente, Virginia virou-se para assistir a cena. Draco Malfoy estava perfeito em um sapato e calça azul escura e uma camisa pólo preta. Os cabelos estavam levemente despenteados. Gina não pôde deixar de reparar em como aquela camisa tornava perceptível o belo corpo que tinha por baixo dela e também não pode deixar de reparar no belo sorriso que ele exibiu ao ver Evelyn correndo em sua direção. A ruiva assistia à cena maravilhada. Evelyn pulou no colo de Draco e ele ergueu-a em seus braços. A ruivinha deu um beijo na bochecha dele e murmurou qualquer coisa que fez o loiro sorrir e beijar a bochecha dela também.
Em seguida Draco veio andando até onde Gina e os anfitriões estavam. A ruiva tratou de tirar rapidinho o sorriso bobo que tinha e recompôs-se. Malfoy, após colocar Eve no chão, cumprimentou a todos de maneira educada, beijando a mão das damas (exceto Gina) e apertando a mão dos cavalheiros e também agradeceu a Gui e Fleur o convite. Então dirigiu-se a advobruxa. Deu um beijo no rosto dela:
-Olá, Virginia. –tinha um olhar profundo e um meio sorriso, o que sumiu ao virar-se para Harry –Potter. –disse sem emoção alguma e estendeu a mão ao moreno, que a apertou mais forte que o necessário.
“Potter? Ai, não acredito que tinha esquecido do Harry. Puxa, e olha que ele tá apertanto pra caramba a minha cintura agora.” Ela pensou, não se conformando que Malfoy tinha causado nela tamanho alienamento.
-Olá, Draco. Como vai? – a ruiva perguntou.
-Bem. –respondeu e em sua voz havia ironia.
Harry olhava com cara de descrença:
-Desde quando vocês se tratam pelo primeiro nome?
Draco deu um sorriso debochado:
-Ciúmes, Potter?
-Ora, seu... –Harry disse entredentes –Gui, o deu em você para confraternizar com esse tipo de gente?
Porém, antes que o ruivo pudesse responder, Malfoy o fez:
-Eu sou convidado de honra, se você ainda não sabe, Potter. Agora, o que eu não sei é o que você faz aqui.
-Não é da sua conta. –o moreno respondeu acidamente.
Gina interviu:
-Parem já com isso. –exigiu –Não vão deixar que velhas rixas escolares estraguem o dia, certo? Comportem-se.
Draco respirou profundamente:
-Ok, você tem razão, Virginia. –respondeu e afastou-se para conversar com Percy e Penélope.
-Desde quando o Malfoy te escuta e te dá razão, Gina Weasley?
Ela deu um suspiro cansado:
-O Malfoy tem razão, você está com ciúmes. –declarou.
-E o meu ciúmes tem fundamento?
-Não. –a ruiva respondeu rápido, rápido demais, mas Harry pareceu não perceber.
Durante o almoço Gina e Draco trocaram alguns olhares dissimulados, mas ninguém pareceu perceber. A ruiva sentia-se desconfortável estando num local em que estavam presentes os dois homens para quem ela já havia se entregado. Tentou agir o mais natural possível, o que conseguiu com sucesso, mas tinha custado a ela grande utilização da arte de atuar. Excetuando-se esses poréns, foi um almoço agradável. Fazia tempo que a Weasley não se reunia com sua família para um almoço e ela compreendeu que sentia falta disso. Evitou falar com Draco, não querendo dar margens a supsições que Harry poderia vir a ter. Na verdade, só não pudera evitar falar com ele quando ele viera se despedir. E para o alívio da ruiva dessa vez não houve nenhum contato:
-Até segunda, Virginia. –disse calmamente –Adeus, Potter. –disse ao moreno e seu tom era raivoso.
“Espero nunca mais te ver!” Harry e Draco pensaram ao mesmo tempo.
Quando o loiro desaparatou, Gina pôde respirar aliviada. Despediu-se de sua família e Harry perguntou:
-Gina, posso te levar até o seu apartamento?
Ela fez que sim e os dois aparataram.


***

Draco chegou possesso em sua casa e se trancou em seu escritório. Fez um feitiço de impertubabilidade na porta e só então externou toda sua fúria.
-POTTER DESGRAÇADO! –gritou, bebendo um copo de Firewhisky de uma só vez e em seguida jogando com força o copo na parede –Como se atreve?!? A Virginia é minha! SÓ MINHA! –bateu na mesa com força.
Estava fora de si e sabia que precisava se acalmar. Ficar de cabeça quente não o levaria a lugar algum.
“Cadê seu sangue-frio, Draco?” uma voz irônica em sua cabeça perguntou.
“Ao inferno com o sangue-frio!” outra voz respondeu com revolta.
Draco conjurou outro copo e sentou-se à sua escrivaninha. Pegou a garrafa de Firewhisky e encheu o copo com a bebida. Respirou profundamente enquanto enterrava a cabeça nas mãos.
“O que está acontecendo comigo?!? O que aquela Weasley fez comigo? Eu não posso estar com ciúmes, isso é impossível e inadmisível. Eu apenas não gosto de dividir o que é meu. O que é que o Potter está fazendo por aqui? Não pôde ter saído do cargo e Ministro ou a imprensa noticiaria e eu saberia. Ah, lembrei o Percy disse que ele tinha uma reunião ou algo do tipo com o ministro inglês. Então o Potter não deve se demorar por aqui. Tenho vontade de matar aquele testa rachada, mas não posso. De qualquer forma a Virginia não se entregará a outro homem como se entregou a mim. Não conseguirá transar com outro sem pensar em mim, estou certo disso.” E esse último pensamento deu a ele certo alívio e confiança.
***

A ruiva tinha acabado de trancar a porta do apartamento e virava-se para Potter:
-Olha, Harry, eu... –mas foi cortada por um beijo.
Gina tentou empurrá-lo:
-Harry, me deixa falar.
-Não há nada para ser falado que não possa ser demonstrado. Eu senti muito a sua falta, Gina. –e beijou-a novamente.
Dessa vez a Weasley correspondeu. Ela sentiu que estava andando de costas, mas não sabia para onde, já que estava de olhos fechados. Então caiu na cama e entendeu que estava em seu quarto. Harry Potter estava por cima de si e beijava-lhe o pescoço enquanto descia o zíper nas costas do vestido dela. As mãos do moreno passeavam desejosas pelo corpo dela.
Gina porém não conseguia relaxar com os toques dele. Lembrava de Malfoy e de seu jeito sedutor e selvagem. Queria se bater por estar com quem queria estar há meses e só pensar em outro, ainda mesmo sendo esse outro quem era.
“O que você fez com a minha sanidade, Malfoy!?!” gritou em pensamento.
Não conseguia entender porque seu corpo aquecia-se com os toques de Harry, mas entrava em brasas com os de Draco. Por mais que o Potter demonstrasse paixão em seus beijos, eles não eram ardentes quanto os do loiro.
Harry já havia dispido a si mesmo e a ruiva, mas ela estava ocupada demais revivendo mentalmente os momentos em que estivera na cama com o Malfoy, então só percebeu quando estava sendo penetrada. Harry olhava profundamente os olhos castanhos, mas o que a ruiva queria e não queria ao mesmo tempo era tirar aquele par de olhos cinzentos de sua memória.
Gina fechou os olhos e a imagem de Draco por cima dela apareceu em sua mente como uma foto em frente a suas retinas. Começou a sentir mais prazer depois disso e continuou de olhos fechados. Apenas o cheiro do corpo dele lembrava-lhe que estava ali com Harry potter e não Draco Malfoy. A respiração da ruiva era entrecortada por suspiros, mas não chegava a gemer ao contrário de Harry que parecia estar sentindo mais prazer do que nunca. Após atingir seu limite, Harry saiu de cima da ruiva. Os dois miravam o teto e respiravam aceleradamente.
Gina pensava com um grande peso na consciência como Malfoy a satisfizera mais do Harry. Não entendia como podia ter um desejo sexual tão forte por Draco e amar Harry. Mas será que ela ainda amava Harry?
“Mas é claro que eu amo o Harry! Eu sempre o amei. Não é uma atração pelo Malfoy que vai mudar isso.” Ela pensou, sem reparar que não tinha ficado corada ao vê-lo nem seu coração tinha batido mais rápido.
Harry por sua vez tentava reunir coragem para contar a Gina algo muito sério e importante.
“Oras, Harry Potter. É ou não é um grifinório?”
-Hum, Gina... –mas a ruiva estava distraída em seus próprios pensamentos e não parecia ter escutado –Gina!
-O que foi, Harry?
-Eu tenho algo pra te dizer. –ele parecia embaraçado e não saber por onde começar –Sei que já devia ter falado antes, mas...
-Assim está me assustando, Harry. –disse, mas não se encaravam, os dois continuavam a fitar o teto –Fale de uma vez! –exigiu após um intervalo de silêncio.
-Eu...Gina, me perdoa...Eu...voumecasar.
-O quê?!?
-Eu vou me casar. –disse mais pausadamente.
-Sim, eu já tinha entendido. Foi a surpresa. –e incrivelmente disse isso calmamente e não tinha vontade de derramar uma única lágrima.
Houve um silêncio incômodo, o qual Harry interrompeu:
-Gina, fale alguma coisa. Se você não quiser, eu não me caso. Eu amo você na verdade. Eu só preciso que me peça e então...
-Não, Harry. –falou simplesmente.
-Não quer que me case?
Ela respirou fundo:
-Você deve se casar com essa mulher. Ela deve ser muito especial se fez com que você a pedisse em noivado, coisa que você não me pediu e nós ficamos juntos por anos.
-Mas, Gina. Eu te amo...
A ruiva interrompeu-o:
-Não, Harry. Não ama mais. Case-se e seja feliz.
-Mas eu percebi agora o quanto ainda te amo e...
-Quem é ela?
-Sabrina Stanfield. Ela é filha do Chefe do Departamento de Cooperação Internacional em Magia. Mas isso não vem ao caso, Gina, eu...
-Pára, Harry! Vai embora agora. Eu preciso de um tempo pra pensar. E não pense que irei mudar de idéia e pedir para que não se case. Quero que seja feliz com ela. –disse e ele abriua boca para retrucar –E quero que saia imediatamente do meu apartamento se não quiser perder a minha amizade.
Com um suspiro pesaroso e cansado, Harry levantou-se da cama e começou a vestir-se. Gina fechou os olhos. Seus olhos arderam, mas ela não derramou nenhuma lágrima. Sentiu uma certa dor por dentro. A dor de alguém que perde algo muito importante. Agora Gina não teria mais o conforto dos braços de Harry Potter.
Não sabia o que pensar. Quando ele tinha ido embora para os EUA ela chorara e se sentira muito pior do que estava se sentindo agora e não conseguia entender o porquê. Será que as cartas que ela e Harry trocaram ao longo dos meses em que estiveram distantes um do outro não foram suficientes para manter acesa a chama da paixão? Bem, de Harry ela não podia dizer com certeza. Mas de si suspeitava que aquilo havia sido insuficiente.
Mas se a paixão por Harry Potter havia se apagou de vez do coração de Gina Weasley, estaria o caminho livre para Malfoy ocupar esse lugar?

N/A: Gente, desculpa se o fim do cap não tá bom. Eu tentei fazer o meu melhor, mas estou gripada, morrendo de dor-de-cabeça, com forte dor-de-garganta, espirrando e com sono. Eu não quero aqui justificar a minha incapacidade de escrever algo mais decente, mas queria q tivessem piedade dessa pobre autora q vos fala (escreve) e por favor comentem.

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