Os Fins Justificam os Meios -P



Capítulo 13:Os fins justificam os meios –Parte II

N/A: Em primeiro lugar, eu quero pedir desculpas pela demora, mas eu realmente não pude atualizar antes. Eu tentei dar o melhor de mim pra escrever esse capítulo, espero que vocês apreciem. Deslculpem se tiver muitos erros, não tive tempo de revisar o capítulo inteiro, é muito longo e levaria um bom tempo. Quero agradecer a todos os leitores. Mais ainda por aqueles que me cobram por sentirem falta da fic. Vou dedicar esse capítulo à Carol Brisola como presente de aniversário. PARABÉNS CAROL!

Mais de dois meses haviam se passado desde que Draco, Virgínia e Evelyn tinham voltado de Marselha. Ao voltar, a Weasley havia recebido uma bronca quilométrica de Gui e Fleur. Os dois criticaram-na por estar trabalhando para o Malfoy e ainda mais por levar a Eve numa viagem na companhia do próprio. Disseram ser irresponsabilidade dela por não perceber o homem perigoso com que estava lidando e ainda mais por fazer Eve ter contato com ele. Quase que a proibiram de continuar vendo a sobrinha, mas isso Gina disse que não permitiria, afirmou incisivamente que se preocupava com a garota tanto quanto eles e o casal não pôde deixar de acreditar no que ela dizia.
Estava agora sentada à sua mesa, em sua sala, na M Corporation. Pousou a pena sobre o pergaminho e seus pensamentos foram para o dia em que contara a Mione sobre a viagem à Marselha.

***Flashback***

Estava ansiosa quando bateu à porta de sua cunhada, sabia que Rony não estaria lá naquele horário. Após alguns instantes, Hermione apareceu na porta. Abriu um grande e sincero sorriso ao ver a amiga. As duas abraçaram-se:
-Que bons ventos a trazem aqui, Gina?
-Ai, nem tão bons assim...Mas não se preocupe que eu vou contar daqui a pouco. Mas então, como vai a futura mamãe?
-Vou bem, futura madrinha. –respondeu alegremente –Entra, temos que colocar os assuntos em dia, não é mesmo?
-Com certeza. –a ruiva respondeu, cúmplice.
Sentaram-se no sofá uma de frente para a outra. Hermione estava ansiosa:
-Vamos, diga logo. Onde foi que você esteve esses dias? Eu fui te procurar no seu apartamento, mas a sua empregada só podia estar brincando.
-Por quê? –perguntou curiosamente –O que a Adelina disse?
-Disse que você tinha ido viajar a trabalho com o Malfoy e levou a Eve junto.
-Bem, isso é verdade...
-O quê? –a morena chacoalhou a amiga pelos ombros –Gina! Você ficou louca?!?
-Calma, Mione! Se você não me soltar, eu não te conto. –fez pose.
Hermione soltou-a, fazendo cara de quem iria se comportar:
-Pronto. Estou esperando.
-Lúcio Malfoy andou sonegando impostos e o Draco me escalou para defender o pai dele.
-Draco?!? Já estão tão íntimos assim?
-Hermione, cala a boca e me deixa falar, sim? Não é nada disso. É só que para você saber de qual Malfoy eu vou estar falando.
-Mas você precisava viajar para cuidar do assunto?
-Sim, o Lúcio e a Narcisa moram em Marselha...
Foi cortada por uma exclamação entusiasmada da medibruxa:
-Wow! Você foi pra França! Eu vivo dizendo para o Rony que queria que fizéssemos uma segunda lua-de-mel por lá, mas ele nunca me ouve... –pareceu um pouco chateada.
-Como o meu irmão tem te tratado? Ele tá sendo menos cabeça-dura?
-Por incrível que pareça a gente tá brigando menos ultimamente. Ele ficou todo bobo por causa da minha gravidez. Já vi que vai ser um pai coruja... –suspirou –Mas essa nem é a pior parte.
-Então qual é? Você tá enjoando muito? –perguntou preocupada.
-Com uma certa freqüência, mas não é esse o problema. O Rony agora deu pra querer trabalhar o tempo todo. Parece que depois que soube que seria pai ficou obcecado pelo trabalho.
-Mas isso é bom, Mione!
A morena revirou os olhos, Gina era outra obcecada por trabalho, e suspirou:
-Olha Gina, eu sinto falta do St. Mungus, sabe? –a ruiva fez uma cara surpresa –Sim, o seu querido irmão me fez pedir licença desde já. Mas tudo bem, eu pensei que teríamos mais tempo para ficarmos juntos. Mas ele só fala de trabalho, respira trabalho. Ultimamente é bem difícil eu conseguir uma transa com ele e o cabeça-dura não tem o mínimo semancol. Eu só estou grávida, não estou morta! Esses hormônios estão me levando à loucura, eu tenho muito desejo...Não dá pra ficar quieta apenas observando ele examinar os papéis que costuma trazer do Ministério. Ai, Gina, qualquer dia eu vou acabar estuprando o seu irmão. –Hermione finalizou e as duas caíram na gargalhada.
Após se recompor, a ruiva disse:
-Calma Mione. Você quer que eu fale com o Rony?
A medibruxa enrubesceu:
-Ai, Gina, assim eu vou ficar sem graça...
-Então façamos assim: eu vou apenas dar um toque de que ele não deve ficar tão obcecado pelo trabalho, ok?
-Tá bom. Mas e sobre você? Desculpa, eu acabei interrompendo o que você tava me contando.
-Não faz mal não. Onde eu parei? –fez cara de pensativa –Ah, já sei! Então, eu fui pra Marselha. A casa dos Malfoy é linda. O mordomo também era, mas depois descobri que ele não prestava. Acredita que ele me chantageou?
-Que tipo de chantagem?
-Foi assim. Eu não conseguia dormir. –disse antes que a amiga interrompesse –Depois eu te conto o porquê de não conseguir dormir. Mas o fato é que eu resolvi dar uma volta pela casa, de noite. Aí eu encontrei a porta do escritório do Draco entreaberta. Ele tava lá, fumando e escrevendo. É, não sabia que ele fumava, mas eu só o vi fumando daquela vez, mas isso não vem ao caso. O fato é que ele estava muito concentrado. Eu estava espiando pela fresta da porta quando o mordomo, Henri, tapou a minha boca e me tirou dali. Ele veio com um papo de que o Draco não gostava de ser espionado e também insinuou que se contasse para ele, eu seria despedida. Sim, ele disse se. Eu perguntei qual era o preço dele e adivinha? Ele queria me levar pra cama, vê se pode. Eu fingi ceder à chantagem dele. Fomos pro quarto dele e enquanto ele tava no banho eu dei um jeito de aparatar no meu quarto e pegar um falso cigarro com pó estuporante e uma cápsula do atordoamento. A cápsula eu coloquei dentro da bebida dele, mas ele percebeu que havia algo errado e não tomou. Então eu pedi para ele acender o falso cigarro, e soprei o conteúdo na cara dele. Daí ele desmaiou, eu fiz um feitiço da memória nele e aparatei de volta pro meu quarto.
-Nossa, que sufoco. Mas e então? Qual era a razão da sua insônia?
-Puxa, Hermione, você não deixa passar uma...
-Você disse que contaria...
-Tá. É que assim, eu tinha saído para jantar mais cedo naquele dia com o Draco. Assim, era para o pai dele estar lá também, mas eu ouvi ele desmarcar com o pai dele. Ele queria sair sozinho comigo. –ela ficou vermelha.
-Opa! –a morena sorriu –Você tá vermelha, Gina! Alguma coisa aconteceu. Me conta. Você bebeu demais e dormiu com o Malfoy?
A ruiva ficou mais vermelha ainda ao murmurar automaticamente:
-Não, isso foi de outra vez...
Foi prontamente interrompida pela medibruxa:
-CONTA!!! –ordenou –Por favor, Gina!
-Primeiro deixa eu terminar o que estava falando. Hum, fomos na limusine do Draco para o restaurante do Lúcio. Só que na limusine eu estava tentando tirar algumas informações dele, mas ele é tão fechado! Eu queria descobrir se ele estava armado, então eu fingi chorar e o abracei e comecei dizer que sentia falta do Harry e etc. Sim, eu fiz uma coisa dessas. Aí ele disse que eu tinha que esquecer o Harry e que era pro meu próprio bem. Só que aí eu comecei a chorar de verdade e o soltei. Então quando eu menos esperei, ele limpou as minhas lágrimas e disse que eu podia contar com ele pra qualquer coisa. Aquilo me derreteu. Você não adivinha o que eu fiz...
-Você...beijou ele.
-Ah, sua cdf sabe-tudo. –ela reclamou, fingindo indignação –Tá, mas eu me sinto morta de vergonha em admitir que beijei Draco Malfoy.
-E como foi?
-Tá, já que eu tava mesmo beijando ele, eu resolvi aproveitar. Comecei a apalpá-lo...
-Uh, sua safada! E então, o Malfoy é gostoso? –perguntou entusiasmada.
“Eu acho que essa gravidez tá fazendo mal para o cérebro dela...” a ruiva pensou, percebendo que realmente a amiga andava pensando muito em sexo.
-Hermione Jane Granger Weasley, querida. –disse com calma forçada –Eu apalpei o Malfoy por motivos profissionais, está bem? Eu queria descobrir se ele estava armado, lembra-se?
-Ah é? E o beijo também faz parte dessa sua empreitada profissional? –perguntou, claramente com vontade de rir.
Gina bufou:
-Hunf! Eu beijei o Malfoy porque estava carente, droga. Sabe que sem querer eu encostei a mão no ‘instrumento’ dele? –e olhou para baixo, querendo ser um avestruz para enfiar a cabeça debaixo da terra ao lembrar de tão constrangedora cena.
Hermione riu:
-Ahhahahaha. Você é mesmo hilária, Gina. Como é que você foi fazer isso? Será que foi mesmo acidentalmente?
-Mas é claro que foi! Eu estava de olhos fechados enquanto o apalpava. Eu beijo de olhos fechados, você não? –não esperou resposta –Mas eu realmente encontrei armas. O Malfoy tava com uma adaga e uma arma trouxa além da varinha dele.
-E era grande?
-Era uma pistola semi-automática.
-Eu não estou falando disso. –Hermione explicou e Gina fez cara de que não estava entendendo –Eu estou falando da “varinha” do Malfoy... –falou com um sorriso maroto e fazendo as aspas com as mãos –E então? O que me diz?
-Eu tenho mesmo que responder isso? –a ruiva tentou livrar-se.
Não adiantou:
-Sim, você tem.
Gina ficou mais vermelha ainda, mas esforçou-se para mirar a amiga nos olhos:
-Olha, na verdade eu não reparei no tamanho. –Mione fez cara de descrença –É sério. Eu só reparei que ele estava excitado.
-Ahn, e quando foi que você dormiu com ele? Eu achava que te conhecia... Gina, você disse que iria trabalhar pra ele apenas como pretexto para colocá-lo atrás das grades e não debaixo dos seus lençóis.
-Hermione! Eu não fiz nada com ele! – a ruiva indignou-se.
-Então foi ele quem fez com você, foi? Sem o seu consentimento é que não deve ter sido.
-Eu desisto! –Gina ficou brava –Eu vou embora. –anunciou, fazendo menção de se levantar, mas a medibruxa a segurou pelo braço –Hermione, me solta. Você fica dizendo essas coisas absurdas. Você realmente pensa que eu seria capaz de ir pra cama com aquele criminoso-mafioso-cruel-despedaçador-de-corações?
-Ah, Gina. Você disse que dormiu com ele. O que queria que eu pensasse? –a morena tentou defender-se.
A advobruxa respirou fundo e desistiu de sair de lá:
-Não foi dormir no sentido que você está pensando. Eu vou explicar. O advobruxo que estava acusando Lúcio Malfoy chamava-se William Scott Burgoux. Ele era lindo, mas também não prestava. Eu tinha acabado de jantar com ele e...
-Jantar? Com o advobruxo?
-Sim. E antes que você pergunte, eu não dormi com ele. Eu tinha tomado uma poção para ficar resistente à bebida, mas eu fingi para o Malfoy que estava bêbada, pra ver se ele deixava escapar algo. Ele aparatou junto comigo para o iate dele. Bebemos mais, sim, eu já tinha bebido no jantar com Burgoux. Ele ficou meio alto, mas acontece que eu bebi tanto que a mistura excessiva de bebidas com a poção não fez bem. Eu desmaiei. Quando acordei estava morrendo de dor-de-cabeça. Tateei a cama e senti um corpo de homem, eu o abracei ainda de olhos fechados. Primeiro pensei que era o Harry, mas lembrei que ele tá nos EUA. Então pensei no Burgoux, mas me lembrei que com ele foram apenas alguns beijos. Então eu resolvi abrir os olhos e era o Malfoy. Eu levei um susto e dei um grito. Aí ele acordou de mau-humor. Eu não lembrava de nada, mas ele me garantiu que só me colocou na cama para dormir.
-E você acreditou?
-Por incrível que pareça, sim. Eu preciso acreditar que sim, Mione.
-Hum, o Rony ficou sabendo que está trabalhando para o Malfoy, o Gui contou.
-Linguarudo. –a ruiva murmurou, cerrando os dentes –Caramba! O que o Rony disse?
-Que você deveria ser internada na ala psiquiátrica do St. Mungus.
-Mione, eu não estou louca! Por acaso lutar para que a justiça seja feita é ser louca? –perguntou com um brilho fervoroso passando por seus olhos.
-Mas Gina, você está se arriscando muito.
-Mas é o único jeito, Mione.
-Já pensou se o Malfoy descobre as suas verdadeiras intenções?
-Bem, pelo menos vocês poderão contar aos seus filhos e netos que eu morri tentando fazer justiça.
-Gina, eu já disse que você é obcecada pelo seu trabalho?
-Sim, muitas vezes.
-E você já pensou que isso pode prejudicar você?
-Que prejudicar, Hermione! –fez pouco caso –Eu estou bem.
-Gina, se enterrar no trabalho não vai fazer com que você esqueça o Harry. Você pode empurrar o tópico para o fundo da sua mente, mas não mais que isso. Por que você não sai com alguém? O Olívio por exemplo, ele parece gostar tanto de você.
-Mas só como amigo. Talvez ele até sinta algo mais, mas não faz nada porque sabe que ainda amo o Harry.
-Hum... –a morena murmurou e o silêncio estabeleceu-se.
-O que me diz de um chá? –a ruiva perguntou após algum tempo e sem esperar conjurou um bule e xícaras, ao que a medibruxa apenas sorriu.

***Fim do Flashback***


O IB tocou, tirando a ruiva de seus pensamentos. Ela apertou um botão e ouviu a voz de Draco:
-Virgínia, venha imediatamente até a minha sala.
A advobruxa suspirou:
-Ok, já estou indo. –e desligou.
Levantou-se de sua cadeira executiva girável e dirigiu-se para a porta conjugada de seu escritório com o de Malfoy. Girou a mão sobre a maçaneta e entrou, fechando-a em seguida. Parou em pé, em frente à mesa do chefe. Draco lançou um olhar apreciativo. Como ele não disse nada, ela perguntou:
-O que deseja, Sr. Malfoy?
Ele franziu o cenho:
-Sente-se. –falou descontraidamente e ela o fez –Estamos á sós, não precisa ser tão formal.
-Eu tinha esquecido. –respondeu, sem dar importância –Mas então, tem um novo trabalho para a melhor, como você mesmo diz? –perguntou, com um sorriso que continha um leve trejeito de desdém.
Draco devolveu a ela, em resposta, um sorriso do mesmo tipo.
Naqueles meses, trabalho era o que não faltava para Virginia Weasley. Por duas vezes acompanhou Draco em viagens até a Escócia e o interior da Inglaterra. Viagens a negócios, obviamente. Mas não era apenas em viagens que ela trabalhava. O Décimo Tribunal do Ministério da Magia Inglês tinha constantemente a sua presença.
Considerava o tribunal como um palco, uma espécie de arena em que ela travava um duelo de inteligência com o melhor que a oposição podia apresentar. O tribunal era sua escola, o lugar onde aprendia cada vez mais sobre advobruxia. Um julgamento era um jogo que obedecia a determinadas regras rígidas, no qual vencia o melhor jogador. Amargara demais aquela sua singular derrota, e por isso estava determinada a ser a melhor jogadora, e assim, nunca mais perder.
As reinquirições de Gina tornaram-se eventos teatrais, com velocidade, ritmo e tempo perfeitamente calculados. Identificava o líder do júri e concentrava-se nele, sabendo que este poderia influenciar os outros. Aprendeu que os sapatos de um homem poderiam dizer algo a respeito de seu caráter. Virginia passou a procurar os jurados que usavam sapatos confortáveis, porque tendiam a ser condescendentes. Pesquisou tudo sobre estratégias, o plano global de um julgamento, e aperfeiçoou táticas. Tornou-se perita em conseguir juízes amistosos para os seus casos. Costumava passar horas intermináveis preparando cada caso e memorizava o nome de cada jurado. Passou a ler a linguagem corporal com mais atenção. Quando uma testemunha estava mentindo, era comum haver indícios que a denunciavam, como afagar o queixo, comprimir os lábios, cobrir a boca, puxar os lóbulos das orelhas ou ajeitar os cabelos. Virginia tornou-se versada na interpretação desses indícios e assim que os percebia, preparava-se para o golpe de misericórdia. Preparava meticulosamente suas próprias argumentações, mas também elaborava as possíveis argumentações adversárias. Quando era designada a cuidar de um caso pensava na estratégia do oponente, no que faria se estivesse do outro lado, em como poderia surpreender. Por vezes pensava em si como um general, planejando cuidadosamente os dois lados de uma batalha que poderia ser letal ao menor deslize.
-Na verdade tenho mesmo. –o loiro informou.
-E o que seria?
-Alorromora. –o Malfoy abriu uma das gavetas de sua escrivaninha e retirou de lá uma pasta, colocando-a a sua frente –Pretendo fechar um negócio, Virginia.
-Que tipo de negócio? –quis saber na mesma hora.
-Já ouviu falar que a China é um país com elevado crescimento econômico anual? –perguntou, informal.
-Sim. A economia da chinesa cresceu cerca de 9,7% no último ano. Os trouxas investem lá há algum tempo, mas agora os bruxos também perceberam que podem obter bons lucros por lá. Parece que a comunidade bruxa está descobrindo o significado de “negócio da China”. –falou um tanto divertida, mas em seguida continuou séria –Você pretende investir lá, é perceptível. Mas me pergunto qual investimento será esse.
-Vou fazer sociedade com Yu Tao Yong, ele é dono de uma cadeia de hotéis muito freqüentados pelos principais executivos do mundo. O que acha disso?
A ruiva surpreendeu-se. Pelo tom de voz dele, era importante saber a opinião dela. Antes, Draco costumava mandá-la fazer o trabalho e estava acabado. Não que fosse a primeira vez que ele pedisse sua opinião, mas era a primeira vez que ele o fazia dessa forma. Das outras poucas vezes, ele apenas perguntava por educação e não esperava pela resposta dela.
Gina sorriu ao ver que ele realmente esperava pela resposta.
“Definitivamente isso é um progresso.” Pensou, animada.
-Hum, você já analisou o balanço patrimonial desses hotéis? Sabe se realmente os ativos superam em larga margem os passivos?
-Sim. A parte econômica eu analisei muito bem, a contabilidade deles é impecável há uma década. –ele informou e ela demonstrou certa surpresa –Sim, eu analisei tudo sobre o que aconteceu nessa rede de hotéis nos últimos dez anos.
-Então no que eu posso ser útil? Você parece ter resolvido tudo.
“Você não imagina como pode ser útil, Virginia... Para muitas coisas...” pensou, sorrindo internamente.
-Eu sei que será algo lucrativo. É que não entendo muitos termos jurídicos. Não sou formado em advobruxia, ao contrário de você.
-Sim. Eu e mais cerca de cinqüenta pessoas que trabalham nessa empresa. –respondeu, tentando em vão conter uma certa frieza na voz.
-Acha que estou te dando mais trabalho do que pode realizar? –perguntou, impassível.
-Não, eu posso muito bem realizar o que você me designa. Não é essa a questão. Mas Draco, por que eu?
-É muito importante para mim que você faça isso. Estou certo de que fará isso muito bem, sei que dirá se encontrar algo suspeito no contrato.
-Mas e o Zabini? Ele não é de sua inteira confiança?
-É, mas isso não vem ao caso. Ele está cuidando de outra coisa para mim. –disse misterioso.
Virginia nem ouviu a última parte do que ele falara, estava concentrada demais na primeira.
“Ele admitiu que confia no Zabini! Eu sabia que em alguém ele tinha que confiar.”
-Ok. –concordou –Para quando tenho que terminar de ler?
-Hum, hoje é segunda-feira. Consegue até a próxima segunda?
-Creio que sim. Era só isso o que queria? –perguntou, pegando a pasta com o contrato.
-Agora é quase meio-dia. Quer almoçar comigo? –disse após olhar seu rolex.
Não era a primeira vez que Draco a convidava para almoçarem juntos, mas Gina recusava sempre. Decididamente não queria que pensassem coisas sobre ela e o Malfoy.
-Hum, desculpa, mas não vai dar...
-E qual é a desculpa de hoje? –cortou-a com um tom seco.
-Eu vou almoçar em casa, tenho que fazer algumas recomendações a Adelina.
-Quantas vezes mais você vai negar almoçar comigo? –perguntou, aborrecido –Não tem nada demais.
-Só se for pra você. As más línguas podem inventar histórias e eu não quero isso.
Ele suspirou:
-Você liga demais para o que os outros dizem. Às vezes você parece ser uma mulher independente que sabe o que quer e que não tem medo do que os outros pensem por isso. Mas também tem vezes que você parece insegura, dependente e tem medo da opinião alheia. Afinal, quem é você, Virginia Weasley?
Ela empertigou-se:
-E quanto a você? Procura parecer o Sr. Perfeito em tudo, mas é frio, se esconde dentro de uma carapaça e não quer deixar ninguém penetrar. Eu posso ter medo da opinião alheia, mas você tem medo de si mesmo! Quem é você, Draco Malfoy?!?
Draco ficou possesso. Como aquela mulher tinha coragem de se dirigir a ele daquela maneira. O que ela sabia da vida dele para julgá-lo?
Forçou calma em sua voz, mas seus olhos eram duas ameaçadoras fendas acinzentadas:
-Saia da minha sala, Weasley. Agora. –e apontou a porta da qual ela viera.
Sem uma palavra, ela obedeceu. Draco assistiu-a sair, trancou a porta e colocou nela um feitiço de imperturbabilidade. Sentou-se em sua confortável cadeira atrás da escrivaninha. Respirou fundo, tentando acalmar-se, enquanto passava as mãos por seus cabelos. Quando se sentiu mais controlado, pegou o IB e teclou o número da sala do Consiglieri.
Não demorou para que o vice atendesse:
-Fala, Draco. –disse despreocupadamente.
-Eu preciso que você venha aqui imediatamente.
-O que aconteceu, Draco? Quando a sua voz está assim é calma forçada...
-Não questione. –cortou-o –Não demore, é sério. –não esperou uma resposta do outro e desligou.
Em menos de um minuto, Blás bateu à porta e entrou, fechando-a em seguida.
-Sente-se. –convidou –Precisamos conversar.
O advobruxo aceitou o convite e sentou-se:
-Olha, Draco, se for por causa da Katie....Eu dei um tempo com ela, você tinha razão, realmente estava me tomando muito tempo e...
-Não, não é sobre isso. Lembra que eu pedi para você colocar alguém de confiança atrás de...
-Ah, é isso. –Blás cortou-o –Sim, eu me lembro. Você vai finalmente me contar o que pretende e por quê?
-Sim, eu irei. É um plano que eu já tinha em mente há algum tempo.
-Um plano para quê? –perguntou com curiosidade.
-Um infalível. Eu vou conquistar a Weasley de uma vez por todas. –Draco falou e seus olhos brilhavam perigosamente.
Ao ver aquele brilho obsessivo e o tom de constatação com que o loiro havia falado, Blás, mesmo sem ainda saber qual era o plano, acreditou nele. Conhecia o amigo bem demais para saber que aquilo já havia virado uma questão de honra e que a Weasley não escaparia impune. O que Draco queria, ele conseguia. E se queria Virginia Weasley a seus pés e dócil às suas vontades, era isso o que ele teria.
-Ok. Tenho certeza que deve ser um plano muito engenhoso para você estar tão convicto de que vai dar certo.
-Tão exato quanto um mais um são dois. A Weasley vai ser minha. O plano é o seguinte. –declarou e começou a contar para o Consiglieri que ficou francamente espantado a cada palavra que Malfoy dizia.

***

Já em sua sala, Gina não estava nem ligando por ter sido convidada a se retirar da sala do chefe. Agora acreditava que ele não a convidaria para almoçar por um bom tempo e sentiu-se satisfeita, era isso o que queria.
O tempo todo procurava ignorar, a agora admitida, atração que sentia pelo Malfoy. Não deixaria levar-se por uma coisa tão instintiva, era mais forte do que isso. Começou a pensar em Olívio Wood. Agora tinham uma amizade colorida. Ocasionalmente se beijavam, mas não passava muito disso. Gostava de Olívio, ele era uma boa companhia e um ótimo amigo. Sempre escutava atentamente seus desabafos sobre Harry e esforçava-se para fazer com que se sentisse melhor. Além disso, se virava muito bem na cozinha, como ela descobrira. Ela também não negava que ele era muito bonito e que ela sentia uma pontinha de atração por ele. Porém, não conseguia entender porque sua atração por Draco era maior. O que é que ele tinha demais?
“Nossa, imagina só...Ele não tem nada demais. Apenas lindos cabelos sedosos que brilham ao sol, os olhos mais misteriosos que já vi, com aquela cor cinza que hipnotiza. Corpo atlético, ele fica muito gostoso com qualquer roupa. Pele perfumada e um beijo de tirar o fôlego. Não, ele não tem nada demais.” Pensou com ironia extrema.
Começava a perguntar-se se não se sentia atraída pelo perigo. Porque cada vez que chagava perto dele, era como se um alarme em sua mente soasse “Cuidado, homem perigoso!”. Mas pouco tempo ouvindo a voz tipicamente arrastada dele, que há muito considerava sedutora, e já não pensava que ele era tão perigoso assim.
Nem por isso esquecera o real motivo de estar trabalhando por ele. Procurava colher dados. Já tinha começado um rascunho. Iria fazer um dossiê sobre Draco e tudo que estivesse relacionado a ele. Queria ver ele conseguir livrar-se de ir para Azkaban quando o dossiê estivesse pronto.
“Impossível. Ele vai mesmo para a cadeia, não tem a mínima chance de escapar da sentença. É realmente um desperdício um monumento daqueles acabar numa cela escura e úmida de Azkaban...Mas vai ser muito bem feito! Quem mandou fazer coisas sórdidas? Merece mesmo!” pensou, sorrindo superior por ser a pessoa que iria conseguir tamanha façanha.
Usou seu horário de almoço para ir até seu apartamento. Almoçou lá com Adelina e recomendou que a empregada guardasse as poções novas no mesmo lugar que os antigos fracos estavam na geladeira.
Voltando a sua sala, sentou-se confortavelmente em sua cadeira e abriu a pasta que Draco havia entregado há pouco. Começou a ler com calma, não poderia deixar passar uma vírgula que fosse, quem sabe ali houvesse algo de grande valia para o dossiê. Sorriu. Tudo estava caminhando bem. Nada atrapalharia o andamento de seus planos, podia apostar nisso. Apenas não poderia imaginar que na sala ao lado, Draco gabava-se da mesma coisa.

***

Três dias haviam se passado e já era noite de sexta-feira. Gina tinha jantado fora com Olívio e depois eles tinham ido ao teatro assistir uma peça de Shakespeare, Macbeth. Estavam saindo do teatro quando a ruiva ouviu uma voz dizer:
-Não cumprimenta mais, Weasley?
Mesmo antes de se virar, a ruiva sabia quem era. Não havia como confundir aquela voz irônica:
-Boa noite, Malfoy. –respondeu, virando-se e vendo que havia uma mulher de braço dado com ele, a qual tinha a impressão de já ter visto.
-Boa noite, Weasley, Wood. –Draco cumprimentou, sorrindo cinicamente e logo em seguida ficando sério, continuou –Permitam-me apresentar a minha esposa, Parvati Patil.
Agora Gina reconhecia. Da última vez que a Weasley a tinha visto numa revista bruxa, os cabelos dela ainda estava castanho e completamente lisos. Porém, agora os cabelos dela estavam loiros e levemente ondulados. Não lembrava a grifinória de Hogwarts que Gina tinha conhecido. Estava num vestido vermelho e um tanto ousado e ao lado do Malfoy parecia se achar a rainha do mundo.
-Há quanto tempo não os via! –a loira exclamou, e para a surpresa da ruiva, seu tom era agradável –Ouvi falar de vocês, é claro. Wood é um ótimo goleiro e Virginia Weasley uma advobruxa explêndida. O Draco vive elogiando o seu trabalho. –e ao dizer a última frase, Gina teve impressão de ver um brilho de ciúme passar pelos olhos dela.
-Obrigada. –a ruiva agradeceu, meio sem-graça.
-A conversa está muito boa. –Olívio disse, mas seu olhar e seu tom demonstravam o contrário –Mas eu e a Gina temos que ir.
-Eu gostaria que pudéssemos conversar mais, fomos todos grifinórios. –disse nostálgica –Seria uma idéia maravilhosa que eles fossem jantar na nossa casa, não é Draco, meu amor? –ela finalizou, perguntando para o marido.
O loiro meneou afirmativamente:
-Claro que sim, querida. –respondeu, lançando um discreto, mas cobiçoso olhar para as formas da Weasley delineadas por debaixo da calça e da blusa suavemente decotada –O que acham de terça que vem?
-Ah, por mim tudo bem. E você, Olívio? –perguntou, olhando para o moreno.
Ele revirou os olhos e respondeu a contragosto:
-Marcado então, terça feira.
-Oito horas? –Parvati perguntou e todos fizeram um gesto afirmativo –Então até terça. Foi realmente ótimo encontrar vocês por aqui. –disse despedindo-se de Gina e Olívio com um beijo na bochecha –Que o casal tenha uma boa noite. –disse e o marido não gostou do comentário.
Draco aproximou-se de Gina e tomou-lhe uma mão, levando-a até os lábios:
-Até amanhã no trabalho, Weasley. –beijou as costas da mão dela sem desviar o olhar misterioso que ostentava.
-Até. –Gina respondeu, impressionada com o brilho que os olhos dele pareciam exibir.
-Passar bem, Wood.
-Igualmente, Malfoy. –respondeu, o que pareceu mais com um resmungo.
Virginia e Olívio retiraram-se dali e pegaram um táxi. Já dentro do veículo, a advobruxa comentou em tom casual:
-Sabe, Olívio, eu não pude deixar de reparar. Você parece não simpatizar nem um pouco com o Malfoy.
-Bem, não é preciso ser tão observador para perceber isso. –respondeu, olhando pela janela.
-Hum, e posso saber por quê? –perguntou cautelosamente, sem conter a sua curiosidade.
-É realmente muito óbvio. Eu acredito em todas as acusações que você fez contra ele, Virginia. Sabia que o único voto naquele júri a favor da prisão do Malfoy fui eu quem deu? O que aconteceu? Não me conformo que você tenha esquecido tudo e agora esteja trabalhando pra ele. Eu esperava mais de você, achei que tivesse mais princípios e moral. Faz um bom tempo que queria falar isso pra você.
-Olívio, isso é assunto meu. Tá, eu sei que você é meu amigo e só quer me ajudar, mas eu sei o que estou fazendo. Draco Malfoy não pode ser tão mal assim e eu não faço nenhum trabalho ilegal, ok? Continuo fazendo o que sempre fiz, sou uma advobruxa.
-Não sei não, Gina...Esse cara é perigoso, será que você não vê isso?
-Não vamos falar sobre isso. –ela falou, enlaçando o pescoço dele –Eu não quero brigar com você. –e encostou seus lábios nos dele.
Olívio acolheu o corpo de Gina em seus braços e abriu os lábios para aprofundar o beijo. Porém, aquele beijo não durou muito:
-Hem, hem. –o motorista pigarreou e os dois soltaram-se –Chegamos.
-Então eu vou indo. –ela falou para o goleiro.
-Não quer mesmo que eu a acompanhe?
-Não, não precisa. A Eve está lá. O Gui e a Fleur deixaram ela passar essa noite aqui. Se você subir, vai ter que agüentar um monte de perguntas dela.
-Ah...Eu adoro a sua sobrinha, mas eu acho que essa eu passo. Eu estou com sono. Manda um beijo meu pra ela e diga que ela é uma fã especial, ok?
A ruiva sorriu:
-Ok, eu direi. Tchau.-e despediu-se dele com um breve selinho.
Gina entrou no prédio. O porteiro estava debruçado sobre o balcão de recepção, provavelmente vencido pelo sono.
“Nossa, que estranho. Eu nunca vi o porteiro dormindo. Tá certo que ele boceja bastante, mas daí a estar dormindo...Bem, o cara não é de ferro também. Será que devo acordá-lo? Melhor não. Ah, melhor sim, é perigoso não ter ninguém alerta na portaria.” Pensou e chegou perto do porteiro trouxa.
-Hey! Sr. Fliney, acorde. –chacoalhou-o, mas o homem não queria acordar.
“Meu Deus! Será que ele está morto?”
Juntando coragem, aproximou-se e tocou a mão. Estava fria. Resolveu colocar o dedo indicador e o médio no pescoço igualmente frio do homem. Não havia pulsação, o sujeito realmente estava morto.
“Oh, meu Deus! Oh meu Deus! Oh meu Deus!” pensou, afastando-se de costas, horrorizada “Merlin, me ajude. Quem pode ter feito uma coisa dessas? Acho melhor subir para o meu apartamento e chamar a Scotland Yard ou seja lá o nome que tem a polícia dos trouxas.” Pensou, dirigindo-se para o elevador.
Sacou a varinha, mandando para o inferno as leis que diziam que não poderia usá-la num lugar trouxa. Estava decidida a usá-la se preciso fosse. O Ministério não podia culpá-la se estivesse em situação de legítima defesa. Desceu no 3º andar e caminhou pelo corredor com cautela e decisão. Chegou à frente de sua porta, o número 21. Sempre tinha a mania de girar a maçaneta antes mesmo de fazer um alohomora. Dessa vez assustou-se quando viu que a porta não estava trancada. Respirou fundo com a varinha em punho e escancarou a porta.
Nada.
O apartamento encontrava-se às escuras. Tinha pedido para que Adelina ficasse tomando conta da sobrinha até que ela voltasse, já que quando Eve chegou, estava de saída com Olívio. A luz da cozinha não estava acesa, portanto não havia ninguém lá. Dirigiu-se para o quarto, pensando que talvez Adelina estivesse colocando a garota para dormir. No entanto, o quarto também estava escuro e vazio. Isso a preocupou. Onde diabos Adelina havia se metido com a sua sobrinha?!?
-ADELINA! EVELYN! –gritou numa última esperança.
Eis que ouviu alguns barulhos.
-Lumus. –pronunciou e a luz acendeu-se.
Os barulhos continuaram e a advobruxa percebeu que vinham do guarda-roupa. Abriu as portas do mesmo e encontrou Adelina. A empregada tinha lágrimas nos olhos, a boca amordaçada, os tornozelos e pulsos presos com arame enfarpado e estava caída no chão do guarda-roupa:
-Meu Deus, Adelina! O que fizeram com você? Cadê a Evelyn?!? Quem fez isso?!?
“Me desamarra logo, Weasley, sua vaca!” Adelina pensou com raiva, pela ação letárgica da outra.
Tentando raciocinar mais claramente, a Weasley tirou a mordaça e desamarrou a empregada com dois simples feitiços.
-Pelo amor de Deus, Adelina! O QUE ACONTECEU POR AQUI?!? -Gina estava começando a beirar o desespero.
A empregada andou até onde sua varinha estava e curou os machucados que o arame havia deixado e foi dizendo:
-Eu sinto muito, Virginia. Eu tentei, juro que tentei...
A ruiva virou a mulher morena com força e chacoalhou-a pelos ombros:
-SENTE MUITO PELO QUÊ? TENTOU O QUÊ? CADÊ A EVELYN, ADELINA?!? –a ruiva já esperava o pior.
-Ele entrou aqui e me imobilizou. Disse que ia levar a Eve, eu não pude fazer nada para detê-lo.
-ELE QUEM?!? POR MERLIN, DESEMBUCHA! –as mãos de Gina já tremiam.
-Foi o Nott! –Adelina exclamou e enterrou o rosto nas mãos –E-ele disse que voltou p-pra se v-vin-gar de v-você. –começou a soluçar em meio a lágrimas –D-disse que lev-varia o s-seu tesouro. E-ele v-vai ma-ma...tar a E-eve... FAZ ALGUMA COISA, VIRGINIA!
Gina soltou os ombros da empregada e virou as costas, começando a andar de um lado a outro. Não queria aparentar fraqueza. Tinha que ser forte e não podia chorar ou as lágrimas a impediriam de pensar.
Foi quando olhou para sua cama, onde a sobrinha estaria dormindo se aquele terrível fato não houvesse ocorrido, e viu algo que não tinha visto anteriormente. Lá havia um pedaço de pergaminho. Pegou-o e viu que não estava em branco.

Como se sente, querida advobruxa Weasley? Aposto que não muito bem.
Eu disse que me vingaria, não disse? Você realmente não acreditou na minha palavra, agora sofra as conseqüências. Digo, sofra indireta, mas amargamente; porque quem vai pagar muito caro por cada segundo que eu permaneci em Azkaban será a sua sobrinha.
Tenho certeza de que se lembra de quais crimes fui acusado, claro, você quem me acusou. E eu obviamente neguei. Mas agora confesso que cometi aqueles crimes. Devo dizer que foi mesmo muito prazeroso e não me arrependo de nada. Porém, me vingar de você será ainda mais prazeroso, diria até orgasmático. Eu sei que você sabe que eu não estou brincando. Agora imagine os crimes pelos quais fui parar em Azkaban. Acho que tem o direito de saber que farei dez vezes pior com a sua sobrinha. Ela é realmente uma garotinha muito linda... Mas não se preocupe, o sangue dela ainda estará fresco para ser servido em taças para a imprensa.
Espero que se delicie com as manchetes de amanhã
Até nunca mais Weasley e se martirize pelo resto da vida pelo fim trágico da sua sobrinha

Ao terminar de ler, Gina estava em estado de choque. Aquilo não podia ser verdade! Tinha que ser uma brincadeira de mau gosto. Não conseguia acreditar que a sua sobrinha morreria de forma terrível nas próximas horas. Tinha que impedir aquilo. Mas o que faria? O que poderia fazer numa situação desesperadora daquelas?!?
Não conseguia pensar e isso a estava matando por dentro. Nunca se perdoaria se algo acontecesse a sua sobrinha e parecia que era exatamente isso o que estava prestes a acontecer.
Experimentava um sentimento novo correndo em suas veias. Ódio. Nunca havia odiado tanto alguém, como naquele momento. Se tivesse a chance de ficar cara-a-cara com Nott tinha certeza de que o mataria da maneira mais lenta e dolorosa que conseguisse imaginar na hora.
[N/A: eu sinceramente não sei o primeiro nome dele, então tomei a liberdade de nomeá-lo assim.]
Sabia muito bem que Vladimir Nott era um dos Ex-Comensais preferidos do derrotado Voldemort e sabia que não era à toa. Ele não possuía quaisquer escrúpulos. Era um pedófilo e estuprador, além de assassino sádico. Quando o caso Nott havia sido encaminhado para Virginia, ela se empenhara ao máximo para fazê-lo apodrecer na prisão. Os assassinatos do Ex-Comensal eram sempre concluídos, por isso não havia sobrado nenhuma vítima para depor. Porém, os parentes lhe revelavam quão dolorosa e horrível fora a morte de seus entes queridos, que iam desde crianças até moças incautas que um dia resolveram andar por locais ermos.
Quem olhasse para Vladimir Nott nunca pensaria que ele era realmente o que era. Os cabelos eram negros e salpicados por fios grisalhos. Os olhos de um castanho claro e suave. Aparentava ser um homem de meia-idade educado e refinado, nada que sugerisse o ser desalmado que existia dentro de si.
Não queria nem imaginar o que ele pretendia fazer com uma garota tão graciosa e pura. Precisava impedir que Nott matasse Evelyn, mas tinha apenas algumas horas para evitar que isso acontecesse.
Gina percebeu não estar mais com o bilhete em mãos, Adelina havia pegado para ler e parara de chorar:
-Por favor, Virginia. Faça alguma coisa, a Evelyn não pode morrer. –ela falou, juntando as mãos em frente ao peito, como se rezasse.
-Eu sei, Adelina. Mas não sei o que fazer! Preciso pensar, e rápido.
“Será que eu chamo a polícia trouxa ou o esquadrão de aurores especializado em desaparecimentos?” Pensou, dirigindo-se ao telefone.
Necessitava de ajuda. Para o resgate de Eve ser feito com sucesso, precisava achá-la em poucas horas. Quem conseguiria fazer isso? Quem tinha poder suficiente para revirar Londres inteira se fosse necessário?
Pegou o fone e ainda estava indecisa.
-Virginia, você está bem? Precisa de alguma coisa? Saiba que pode sempre contar comigo.–a empregada perguntou.
As últimas palavras de Adelina ficaram ecoando em sua mente. Gina fez um gesto afirmativo, já havia decidido a quem recorrer. Só não esperava que não fossem os aurores ou a polícia trouxa e sim Draco Malfoy.
O telefone chamou. Uma. Duas. Três vezes.
“Será que ele já está dormindo? Será que eu estou agindo certo em confiar nele? Ah, mas o Malfoy já disse por várias vezes que eu podia contar com ele se algum dia precisasse de algo. Esse dia chegou e agora preciso mais do que nunca. Droga! Odeio a idéia de depender do Malfoy e ficar em dívida com ele.” Pensou e na após a quarta vez em que chamou, ouviu a voz dele, que parecia sonolenta, ao telefone:
-Alô. Quem é que me acordou? –a voz dele parecia sonolenta e incomodada.
-Sou eu, Draco. A Virginia.
-Nossa, que surpresa. A que se deve essa ligação repentina? –perguntou e em sua voz o sono e o incômodo desvaneceram, parecia estar curioso.
-Desculpa por ligar a essa hora, mas é que... –não conseguiu concluir.
-Não faz mal, eu sei que deve ser algo importante. E então, o que é?
-Draco...Ele levou a Evelyn! –disse de uma vez só.
-Ele quem? Levou a Evelyn pra onde?
Gina não pôde mais segurar as lágrimas, elas começaram a rolar livremente por seu rosto:
-Draco, por favor! Me ajuda! Foi o Nott! E-ele levou a Eve e dis-se q-que v-vai mat-tar... Por favor, D-draco.
-Calma, Virginia. Não chore. Eu prometo que vou te ajudar. Agora me diga tudo o que você sabe. O que poderia ajudar?
Gina fez um esforço enorme para parar de chorar e concentrar-se e respirou fundo antes de voltar a falar:
-Quando eu cheguei no meu prédio passei pela portaria e o porteiro estava morto. Cheguei aqui e a porta estava fechada, mas não trancada e eu sempre tranco a porta. A Adelina estava amordaçada e amarrada dentro do meu guarda-roupa. Eu a tirei de lá, desamordacei e desamarrei. Então ela me contou que o Nott tinha entrado aqui e seqüestrado a Eve, dizendo que mataria a Eve para se vingar de mim. Então eu vi um bilhete que ele deixou em cima da minha cama. Pelo que estava escrito dá a entender que ele pretende matá-la no máximo às 8h e pouco da manhã. Draco, por favor, me ajuda. Ele tá falando sério. Eu não quero nem imaginar o que ele vai fazer com a Eve...Por favor, Draco. Você é a minha única esperança. Eu sei que você é poderoso. Ache a Evelyn. Salve a minha sobrinha, eu a amo muito! Eu serei eternamente grata a você.
-Claro, Virginia. Eu também não quero que nada de mal aconteça a ela. Eu adoro a sua sobrinha, de verdade. Farei o impossível para encontrá-la, pode apostar que farei. Fique com o celular por perto, para que eu a mantenha informada.
-Muito, muito obrigada, Draco. –ela agradeceu.
-Só mais uma coisa. O que eu faço se encontrar Nott?
A ruiva nem pensou para responder, foi mais forte que ela:
-Mate-o. -e desligou o fone, antes que se arrependesse.
Em seguida, soltou todas as lágrimas que havia prendido. Jogou-se na cama e chorava compulsivamente, com um desespero de mãe.
-Eu vou preparar um pouco de poção para dormir, Virginia. Você parece que vai precisar.
-Não. O-obrigada, Adelina. Pode ir embora p-pra..snif...sua casa.
-Tem certeza?
-Eu vou...snif...ficar bem. Depois v-vou...snif..quando mais preparada...snif...para casa do Gui. Os pais têm o direito...snif...de saber. Pode ir. – voltou a enterrar a cabeça no travesseiro, enquanto Adelina deixava o apartamento.

***

Draco sorriu ao desligar o fone, a advobruxa estava confiando nele seriamente pela primeira vez. Olhou para Parvati, profundamente adormecida por ter tomado uma profunda poção do sono em seu chá da noite. Levantou-se da cama e convocou a roupa pré-selecionada (calças, camisa, gravata e terno pretos). Colocou meias e sapatos também pretos. Seu plano começava a funcionar e ele sentia-se exultante por isso.
Partiu para seu escritório com um bom-humor que não sentia há um bom tempo. Começou a fazer ligações. Intimou alguns de seus principais capo-regimes e o consiglieri a comparecerem imediatamente em sua Mansão. Após alguns minutos de espera, eles vieram. Eram Percy Weasley, Marcus Flint, Adriano Pucey, Terêncio Higgs e naturalmente, Blás Zabini. O loiro não convidou nenhum dos homens a se sentar.
-Sei que devem estar se perguntando o porquê de ter chamado vocês aqui a essa hora. Mas sabem também que eu não o faria se não fosse importante. –os presentes concordaram com ele –Virginia Weasley ligou-me minutos atrás e me pediu ajuda. A sobrinha dela, Evelyn Delacour Weasley foi seqüestrada por Vladimir Nott.
-Como é que é? –o ruivo perguntou, não querendo acreditar naquilo –Ela é um anjinho e nunca fez mal a ninguém.
-Eu sei que você é tio dela, Weasley, mas mantenha a cabeça fria. Weasley, você tem alguma foto da Evelyn?–Draco disse e Percy fez que sim –Então tire cópias e quanto a foto do seqüestrador, peguem no Profeta Diário. É só falarem ao Diretor que eu os mandei lá. Mostrem essas fotos a quem acharem que pode ajudar. Demais táticas, deixarei com vocês. Nott quer matar a garota. –informou e olhou no relógio da parede após lembrar-se que não havia colocado o seu relógio de pulso -É meia-noite. Estou lhes dando oito horas para descobrirem Nott. Não quero que aconteça coisa alguma a menina. Mantenham-me em contato. Estarei esperando.
Draco abriu a porta com um gesto de sua varinha:
-Você fica, Zabini.
Ficou observando os capo-regimes partirem. O último fechou a porta e logo após isso, o cosiglieri começou a bater palmas:
-Parabéns, Draco. Se eu não soubesse que está envolvido nisso, eu nunca imaginaria, quanto mais a Weasley imaginará. Seu plano está saindo perfeitamente bem. E agora, qual será o próximo passo?
Draco sorriu:
-Eu vou ligar para o Nott e combinar o horário e lugar em que ele me entregará a Eve. –disse e pegou o telefone em sua mesa e começou a discar.

***

Após uma meia hora chorando, Gina sentiu que precisava levantar daquela cama. Foi até o banheiro e olhou no espelho. Uma lástima. Seu rosto estava inchado e os cabelos ruivos apontavam em todas as direções. Resolveu tomar um banho, para se recompor. Durante o banho sua cabeça estava cheia de pensamentos que não a ajudavam nem um pouco a se acalmar e ser positiva.
Queria acreditar que tinha feito o certo ao falar com Draco, que ele era realmente a pessoa mais indicada para ajudá-la naquele momento, que passar por cima de seu orgulho tinha sido a melhor escolha e que se Draco Malfoy não conseguisse trazer Evelyn de volta ninguém conseguiria. Seu coração queria acreditar cegamente que ele faria tudo que estivesse ao seu alcance para trazer Eve de volta e que ele realmente gostava e se importava com a garota. Contudo, sua mente tinha dúvidas e custava a acreditar no Malfoy.
Por fim saiu do chuveiro. Pegou uma toalha branca e secou-se rapidamente, em seguida enrolando-se na mesma. Foi até o quarto. Lá abriu o guarda roupa e escolheu os primeiros trajes que viu (uma saia xadrez, uma blusinha branca e uma leve jaqueta jeans). Depois calçou um tamanco de salto plataforma. Realmente não se importava se estava combinando ou não. Penteou os cabelos o mais rápido que conseguiu e enquanto fazia isso, seus olhos foram atraídos para um objeto em cima de sua penteadeira. A rosa negra dentro da redoma de vidro. Fazia mais de dois meses que a flor flutuava dentro da redoma, tão bela e fascinante quanto antes. Por várias vezes, Gina pensava que aquela rosa tinha o poder de hipnotizá-la. A advobruxa podia ficar observando aquela rosa por horas e não se cansaria. Simplesmente não conseguia explicar o poder que aquela flor ímpar exercia sobre si. Bem que o jardineiro da casa de Malfoy em Marselha lhe dissera que aquela flor era especial, que o “jovem patrão” havia criado e posto toda a sua “alma” nela.
Voltou a si, pegou sua varinha e uma bolsa. Após um último olhar para a rosa, aparatou em frente do portão da casa de Fleur e Gui. Era um lugar não muito distante do centro trouxa de Londres. Tocou o interfone por várias vezes, já que sabia que àquela hora, os dois deveriam estar dormindo e por isso precisaria acordá-los. Demorou um bom tempo até que a voz sonolenta de Gui se fizesse ouvir pelo aparelho:
-Quem é? –o ruivo perguntou vagamente.
-Sou eu, a Gina.
-Gina?!? Mas o que é que você está fazendo aqui a essa hora? Aconteceu alguma coisa com a Eve?
Ao ouvir a voz preocupada do irmão, a ruiva sentiu um nó na garganta.
-Vai me deixar aqui fora? –perguntou, não tendo coragem de responder à última pergunta do ruivo.
-Não, é claro que não.
Gina ouviu um clique no portão, então se adiantou. Entrou e fechou-o em seguida. Atravessou o quintal de cabeça baixa, tentando se preparar para o que teria que revelar. A caminhada foi mais curta do que gostaria e logo se encontrava em frente à porta. Bateu por três vezes e em seguida girou a maçaneta. Passou pela soleira da porta, que se fechou atrás de si com um clique gracioso.
Conseguiu observar que havia uma luz acesa e sabia que era a da sala de estar. Foi para lá.
Fleur e Gui estavam sentados no sofá lado a lado, com robes e expressões preocupadas.
-Boa noite. –Gina disse, inexpressiva e os dois continuaram calados –Eu tenho algo para dizer e é algo muito grave. –fez uma pausa e suspirou profundamente, como que tentando tomar coragem –A Evelyn foi seqüestrada.
-O QUÊ?!? –Fleur se alterou.
-Gina, isso é uma brincadeira de péssimo gosto, você não devia...
Gina cortou o irmão:
-Gui, por acaso você acha que eu seria capaz de brincar com um assunto tão sério? Eu também fiquei chocada, mas tive que aceitar, é a verdade.
-Gina, eu quero a minha filha de volta! –Fleur disse, jogando os cabelos para trás em indignação e fingindo que seus olhos não estavam marejados.
-Calma, Fleur, eu também quero. Você sabe como eu amo a Eve! Vou contar o que aconteceu. Quando vocês deixaram-na no meu apartamento hoje, vocês viram que eu estava de saída. Mas vocês ouviram eu pedir que a Adelina tomasse conta da Eve enquanto eu não voltasse. Quando eu voltei, o porteiro estava morto. A minha porta não estava trancada e a Adelina estava amarrada dentro do meu guarda-roupa. Ela disse que não conseguiu evitar que o Nott levasse a Evelyn. Sim, foi o Nott quem a seqüestrou. Ele quer se vingar de mim por fazê-lo ir pra Azkaban. Eu sinto muito por ter metido a Eve nisso. –a ruiva falou, tentando manter-se calma.
-Gina, mas você fez alguma coisa, não fez? –Gui perguntou, consolando Fleur que deitara a cabeça sobre seu peito.
A advobruxa acenou afirmativamente:
-O Nott deixou uma carta. Ele disse que vai...matar a Eve. –Gina falou, algumas lágrimas já escorrendo por sua face ao lembrar do assassino prometer uma morte dolorosa para sua sobrinha.
-Você chamou o Ministério, não foi Gina? A essa hora eles já devem estar em ação, não é mesmo? –Gui perguntou, preocupado e tentando se mostrar forte diante das duas mulheres.
-Não, Gui. Eu não chamei o Ministério.
-Você chamou a polícia trouxa? –Fleur perguntou indignada –Eles são muito lerdos! A minha filha vai morrer desse jeito e a culpa vai ser toda sua! –Fleur acusou com o rosto vermelho, fora de si e segurada por Gui.
-Eu não chamei os trouxas, Fleur! –Gina sobrepôs sua voz a da cunhada.
-Então o que você fez, Gina?!? –Gui cobrou, sério.
A ruiva respirou fundo e então revelou:
-Eu pedi ajuda ao Malfoy.
Houve um momento de silêncio e então ao mesmo tempo, Fleur e Gui perguntaram:
-Você o quê?!?
-Vocês ouviram o que eu disse. Por que parecem tão espantados?
-Gina, como você se atreve a colocar a vida da Evelyn nas mãos do Malfoy? –o ruivo questionou, completamente indignado com atitude da irmã.
-É mesmo! –Fleur apoiou o marido –Aquele homem é um assassino, um corrupto sem coração! Ele vai deixar a minha filha morrer! –disse e desabou no sofá chorando copiosamente.
Gina teve dó de Fleur. De certa forma a compreendia, também estava sentindo a dor e a incerteza da situação. Mas se a advobruxa não pudesse confiar em Draco para trazer Evelyn de volta, em quem mais poderia?
Respirou fundo, antes de recomeçar a falar:
-Olha, eu entendo a desconfiança de vocês, mas entendam que eu fiz a melhor escolha. Vocês sabem o quanto o Malfoy é influente. Ele gosta da Evelyn e me garantiu que vai fazer de tudo para encontrá-la.
-Você confia no Malfoy, Gina? –Gui perguntou, descrente –Depois de acusá-lo com tanta convicção?
-Eu estou confiando agora, Gui. –ela confessou –Eu preciso confiar nele ou...Não quero nem pensar. Vocês vão ver, a Eve vai voltar sã e salva. –tentou ser otimista.
Fleur continuava a chorar e parecia incapaz de falar. O marido falou por ela:
-Calma, querida. Vai dar tudo certo. Lembre-se que não pode passar nervoso ou pode perder o bebê. Fique calma. –Gui disse a esposa, abraçando-a, em seguida virou seu rosto para Gina e apenas mexeu os lábios, para que Fleur não ouvisse -Espero que esteja certa, Virginia. –falou seriamente e a ruiva engoliu em seco, há muito tempo o irmão não a tratava pelo nome de batismo.

***

Uma. Duas. Três vezes o telefone chamou antes que Draco ouvisse a voz de Nott do outro lado da linha:
-Boa noite, Malfoy.
-Uma ótima noite eu deveria dizer. –falou agradavelmente –Para onde você levou a Evelyn?
-Ah, para um lugarzinho bonitinho. Ela não é uma garotinha adorável?
-Sim, ela é. –o loiro respondeu –Agora me diga: O que quer dizer por lugar bonitinho?
-Um lugar no qual não irão me achar, é claro.
-E que lugar é esse? Eu preciso te achar, Nott, esqueceu-se disso?
-Não, eu me lembro perfeitamente. –respondeu polidamente.
-E então? Estou esperando e o meu tempo é muito precioso. –Draco tentava manter a calma.
-Tudo bem. Não vou fazer com que perca o seu tempo. Vou direto ao assunto. Tenho novidades para você, Malfoy. Eu estou quebrando o nosso acordo. Decidi que assustar aquela puta não é o suficiente, ela tem que sofrer. Vou matar a garota.
-O QUÊ?!? –Draco gritou ao telefone, ficando pálido –Você não pode fazer isso! O combinado era que você não tocaria um só fio de cabelo da Evelyn. Eu já te dei um adiantamento, você não pode fazer isso. Tem que seguir com o acordo.
-Ah, você é mesmo muito engraçado, Malfoy. Você realmente acreditou que a minha sede de vingança seria satisfeita tão facilmente? –silêncio, ao que Nott riu sarcasticamente antes de continuar -Pelo visto acreditou...Vai ter que dar adeus para a linda ruivinha. Mas não se preocupe, eu mandarei lembranças suas a ela antes que morra, percebi que você tem um certo apego por ela e ela também tem por você. Depois do pai dela, você é o melhor cara do mundo para ela. Coitadinha, vai morrer sabendo que o “Tio Draco” não é tão bonzinho assim.
-Nott, não se atreva! -avisou.
-Ah, sim, eu me atrevo. –o assassino zombou.
-Seu filho da puta, você vai se arrepender disso! –Draco disse com raiva e bateu o telefone com violência.

***

“Ingênuo! Hum, eu consegui passar a perna no Malfoy. Isso é um GRANDE feito. Pelo visto ele vai ter que arranjar outra forma de conseguir traçar aquela piranha.” Nott pensou, desligando também o telefone e vendo Evelyn voltar do banheiro.
-Eu quero a minha Tia Gina. –Evelyn falou –O senhô disse que ela ia tá aqui. Ela não tá não. O senhô mentiu pra mim. O Tio Draco sempre diz onde tá a Tia Gina. –Evelyn disse, cruzando os braços e fazendo um beicinho.
-Calminha. É que ela ainda não chegou. –ele mentiu –A sua Tia Gina é muito ocupada. Ela não trabalha para o seu Tio Draco? –e a ruiva fez que sim –Então, é isso. Quando ela terminar o trabalho virá te buscar. Faremos uma surpresa para ela e você verá como ela ficará feliz.
-E na surpresa vai ter bolo?
-Sim, claro. Os entregadores trarão um bolo gigantesco.
-De morango?
-Sim, de morango.
-Oba! –Eve comemorou e então se sentou no sofá –Hum, mas tô com fome agora.
-Espere um pouco então. Irei até a cozinha e farei um ótimo lanche para você, ok?
Evelyn acenou afirmativamente e assistiu ao estranho sair para cozinha. Não se sentia muito confortável com aquele homem e não sabia explicar o porquê. E não conseguia chamá-lo de tio, havia algo sobre ele que não inspirava confiança, apesar da aparência demonstrar o contrário.

***

De pálido, a coloração no rosto de Draco havia mudado para vermelha e Blás sabia que quando isso acontecia não era bom sinal. O Malfoy deveria estar espumando de raiva:
-Draco, o que aconteceu? –perguntou cautelosamente.
-Aquele desgraçado! –Draco exclamou –Eu vou matar o Nott! Vou matar com as minhas próprias mãos, quero ver o corpo dele tombar no chão, sem vida. –disse sombriamente, tentando conter sua raiva.
-Mas você sabe onde ele está?
-Não sei, mas vou descobrir. Nem que eu morra tentando. É uma questão de honra, eu tenho que me vingar. Ele vai pagar muito caro. Com Draco Malfoy não se brinca.
-Hum, mas o que o Nott falou ao telefone com você?
-Aquele canalha disse que vai matar a Eve! Ela não pode morrer, vai ser minha culpa se isso acontecer e...
-Você não poderia viver carregando essa culpa?
-Sim, eu não poderia...Hey, espera aí, claro que eu poderia. Mas eu não quero viver com essa culpa. –falou, parecendo incomodado.
-Você gosta mesmo da sobrinha da Weasley não é?
-Hum...Sim, eu gosto. A garota me adora, o amor dela por mim é puro. Ela é uma criança tão inocente e adorável, ainda não sabe nada da vida. Não posso deixá-la morrer. –falou enterrando a cabeça nas mãos.
-E essa é uma daquelas horas em que você está se perguntando “O que eu fui fazer?”, Draco?
-Droga, às vezes acho que você me conhece bem demais. –ele murmurou e finalmente levantou a cabeça –O que eu faço, Blás?
-Como assim o que você faz? Com relação a quê?
-O fato de agora a Evelyn realmente estar correndo perigo de vida por minha culpa. Eu realmente não estou com cabeça para pensar racionalmente sobre a situação.
Nesse instante o telefone tocou, Draco atendeu de primeira:
-Alô.
-Capo, eu descobri que assim que fugiu, Nott ficou em um hotel na periferia da Londres trouxa, o nome do hotel é Quick Stand. Mas ele só ficou lá por 4 dias e depois ninguém de lá sabe para onde ele foi.
-Foda-se essa droga! Você chama isso de informação? É insuficiente, Higgs. Quero saber onde ele está agora! E só me ligue de novo se tiver algo relevante, entendeu?
-Sim. –o outro respondeu e Draco desligou o telefone.
-Draco, você tem que se acalmar. –Blás recomendou.
-Me acalmar? Isso é um jogo de vida ou morte.
-Eu sei, Draco. E é por isso mesmo que você tem que manter a calma. Você e o Nott fizeram o acordo apenas falado? Não assinaram nada?
-Ah, sim. Assinamos um contrato empenhando nossa palavra. Por quê? Você acha que funcionaria...? –Draco perguntou, começando a entender a idéia do amigo.
-Não sei, podemos tentar. Onde está o contrato?
-Está aqui. –Draco disse e conjurou uma chave especial, com a qual abriu a primeira gaveta de sua escrivaninha.
-Deixe-me dar uma olhada. –e começou a analisar o contrato –Tem magia aqui, pode dar certo. E mesmo que ele tenha protegido o local com feitiços anti-rastreamento, com esse contrato você pode pelo menos ter uma noção de onde ele está.
-Vou tentar. –Draco disse, pegando o pergaminho de volta, concentrou-se e apontou sua varinha para a assinatura de Nott –Locus Revelium.
O Malfoy fechou os olhos para aumentar a concentração, visto estar difícil a localização. Forçou a mente o máximo que pôde, mas não conseguiu obter a localização exata. Abriu os olhos novamente:
-E então? –Blás perguntou.
-Ele usou feitiço de anti-rastreamento. Mas eu sei que ele está num tipo de chalé, daqueles que tem em áreas montanhosas. Quero que você se encarregue de descobrir quais são os imóveis do Nott e de toda a família dele, por mais distante que seja o parentesco. Pode fazer isso agora?
-Claro, Draco. Vou aparatar na minha casa e ligar de lá, ok? Assim evito que seu telefone fique ocupado.
-Tudo bem. –Draco concordou, balançando a cabeça afirmativamente –Só não demore demais, sabe que a garota corre real perigo de vida. –deixou claro.
-Pode deixar. –foi o que o Consiglieri respondeu antes de se retirar do escritório de Malfoy.


***

Na casa dos pais da garota, Gina estava agora na cozinha. Preparando um chá calmante e uma torta de atum, já que sua cunhada tivera o repentino desejo de comer uma.
Olhou para o relógio na parede, era um igual àquele que havia na Toca. O ponteiro de Gui e Fleur estava em casa, mas o de Eve estava em perigo mortal. Sabia que eram quase três da manhã, pois olhara no relógio normal da sala antes de entrar na cozinha.
Engoliu em seco. Pensava no que poderia estar acontecendo a sua sobrinha naquele momento e sentia-se terrivelmente mal com isso. Tentava não pensar no pior, mas era inevitável. Ser advobruxa havia mostrado-lhe que os seres humanos podiam ser torpes, vis, corruptos, e muito mais. Gina então deixara de crer em contos de fadas. Passou a viver a realidade do mundo que estava a sua volta e não a realidade que pensava existir.
Refletia que cada segundo que se passava era um segundo a menos para que sua sobrinha pudesse sair com vida daquele seqüestro. O rosto de Evelyn surgiu na mente da ruiva. Lembrou de como Eve sorria, de como seus olhos brilhavam quando estava feliz, de como ela adorava Draco...
“Espero que a adoração que a Evelyn tem pelo Malfoy seja recíproca.” Pensou, meio descrente “Deus, por favor. Eu sei que eu não sou do tipo muito religiosa, mas por favor me ajude. A Evelyn é apenas uma criança, merece poder aproveitar a vida. A Eve é tudo pra mim. Por favor, Deus. Eu faço qualquer coisa para ter a minha sobrinha de volta sã e salva.” Juntou as mãos em frente ao peito e orou silenciosamente.
Suspirou e colocou na bandeja um prato com a torta, um bule e um jogo de chá. Sentia-se inquieta e impaciente. Queria receber notícias de Evelyn e notícias boas. Sabia que sua alma só teria paz no instante em que pousasse seus olhos em sua sobrinha sorrindo para si.

***

Já era 4h da manhã quando Nott voltou da cozinha do chalé, trazendo consigo uma bandeja com um sanduíche de ovos e bacon e um suco de laranja.
Normalmente, a essa hora, Evelyn estaria dormindo profundamente. Porém, apesar de cansada, não conseguia dormir. Estava preocupada, até agora sua tia não tinha chegado, como Nott prometera. Ao avistar o anfitrião, Evelyn cobrou:
-E a minha tia? A Tia Gina não ficaria trabalhando até tão tarde.
-Ah, deve ter sido o trânsito. Mas não se preocupe, daqui a pouco ela deve chegar. –disse em tom compreensivo –Agora coma o lanchinho que fiz pra você.
Evelyn lançou um olhar desconfiado ao homem e respondeu lentamente:
-Acho que vou esperar a Tia Gina chegar pra comer.
-Mas não disse que estava com fome? –perguntou, estreitando os olhos e a garota não respondeu –Eu fui até a cozinha e fiz especialmente para você, seria muita ingratidão da sua parte recusar. –Ainda assim, Evelyn não respondeu –Seja uma boa garotinha e coma.
A ruivinha olhou para o estranho, que tinha um estranho brilho nos olhos. Engoliu em seco, mas resolveu comer. Ela tinha um certo medo de irritá-lo. Avistou a bandeja que ele havia trazido e não pôde deixar de passar a língua pelos lábios, realmente estava faminta. Resolveu então ceder e estendeu a mão para o copo de suco. Bebericou um pouco e colocou-o de volta, pegando em seguida o sanduíche. Abocanhou com vontade e achou que estava muito gostoso.
Vladimir Nott observava a garota atentamente. Em seus olhos havia um brilho sádico, um olhar de um lobo que encurralou a presa e está pronto para sacrificá-la. Porém, Evelyn nada percebeu. Estava ocupada por demais na refeição.
Não demorou muito e na bandeja, em cima da mesinha de centro, restaram apenas migalhas e um copo vazio. A garota sentiu-se satisfeita, apesar de experimentar uma súbita moleza.
Levantou-se, mas caiu sentada novamente no sofá. Sentiu uma espécie de vertigem:
-Eu não tô bem... –murmurou, levando uma das mãos à cabeça.
Nott deu um sorriso mau, o que contrastava com seu semblante de bom moço. Aproximou-se de Evelyn e puxou bruscamente o rosto dela contra o seu. Nos olhos azuis da garota havia medo e ele adorou constatar isso. Sentiu-se superior e poderoso naquele instante. Tinha a garota em suas mãos para fazer o que melhor lhe conviesse. E de fato já sabia o que fazer...
Rasgou a frente da blusa do pijama rosa dela. A garota se debateu:
-ME SOLTA! –gritou, mas era inútil, ele era ainda mais forte com ela meio grogue –EU VOU CONTAR PRA TIA GINA!
-Não adianta gritar, ninguém vai vir te socorrer. –respondeu tranqüilamente.
Evelyn se debateu mais ainda e gritou:
-TIO DRACO!!!!! –com todas as forças que tinha.
-Muito menos ele. –respondeu venenosamente e desferiu um tapa com força contra o rosto da garota, o que a fez cair desacordada –Assim é melhor.

***

Era 4 horas da manhã e Draco estava dentro de um de seus carros, uma BMW preta. Ele dirigia, o que era realmente raro, e Blás estava no banco do carona. O consiglieri olhava apreensivo para o velocímetro, o qual marcava cerca de 200km/h.
-Draco, eu sei que estamos numa estrada e que o seu carro corre, mas...Por acaso você tá querendo nos matar?
-Não seja idiota, Blás. Você sabe que eu quero salvar a Evelyn. –ele murmurou, concentrado na estrada a sua frente.
-Mas se continuar correndo que nem maluco, podemos não chegar lá.
-Não faça tempestade num cálice de suco de abóbora. Se não chegarmos a tempo, aquele anormal pode fazer algo a mais antes de matá-la, entendeu?
Blás resolveu não contrariá-lo. O loiro estava no volante e o consliglieri tinha amor a sua vida. Os nós dos dedos de Malfoy estavam brancos, o que demonstrava a força com que apertava o volante. Diversas coisas passavam por sua mente naquele instante. Apesar de saber o tempo todo que para seu plano dar certo, teria que bancar o herói, agora se sentia preocupado por ter realmente que ser o herói. Sua intenção não era colocar a vida da sobrinha da Weasley em perigo. Seu elevado ego, não deixou que pensasse que Nott poderia ter a coragem de traí-lo.
-Tem certeza que sabe pra onde está indo? –Blás atreveu-se a perguntar, mas com certa cautela.
-Sim, eu tenho. Sei onde fica a propriedade que está em nome dele. Já fui até lá nos tempos de Voldemort. Não sei como não me lembrei daquele chalé antes.
-Talvez por que você estivesse surpreso demais com a ousadia dele? –o moreno arriscou.
-Pois é, mas foi muito idiota da parte dele não ter pensado que eu descobriria logo.
-Falta muito pra chegar?
-Não, daqui alguns poucos segundos estaremos lá. –e ao dizer isso, ouviu seu celular tocando –Atenda no viva-voz. –Draco pediu e Blás o fez.
-Alô, Draco Malfoy falando.
-Nós já chegamos. –a voz de Percy anunciou, referindo-se a ele, Higgs, Flint e Pucey –Tem certeza que não quer que a gente acabe com ele?
-Você é surdo ou o quê, Weasley? Eu já disse que não é para fazer nada, apenas não deixem-no perceber que estão aí.
Percy suspirou:
-Mas Draco, ela é minha sobrinha. Não posso deixar que...
Draco cortou-o:
-Estarei aí em dois minutos, faça o que mandei. –e desligou.
O loiro parecia agora mais sério ainda. Fizeram o resto do trajeto em silêncio e em pouco mais de dois minutos, Draco estacionou o carro. Ele e Blás desabotoaram os cintos de segurança quase ao mesmo tempo. Contaram até três e fecharam as portas ao mesmo tempo, o mais silenciosamente que puderam.
Draco vislumbrou o chalé e por alguns instantes, memórias invadiram seus pensamentos, aquelas de quando era um Comensal da Morte. No entanto, não foram apenas por meros segundos. Logo avistou Percy, Terêncio, Marcus e Adriano. Foi até eles com passos largos e decididos, seguido de Zabini.
Como esperado, Percy foi o primeiro a se pronunciar:
-O que vai fazer agora que chegou Malfoy? Seja o que for, salve logo a minha sobrinha.
-Não se preocupe, Weasley. –Draco tentou tranqüilizar o ruivo –O Nott vai se arrepender amargamente.
Foram se aproximando da casa, Draco na dianteira.
-Vocês podem ficar aqui fora me esperando. Eu posso lidar sozinho com o Nott. –falou seriamente e ninguém ousou contrariá-lo, podia-se ver um brilho perverso em seus olhos acinzentados.
Mal tinha dito aos homens para ficarem do lado de fora, escutou a voz de Evelyn:
- ME SOLTA! EU VOU CONTAR PRA TIA GINA!
Prontamente, Draco deu meia volta e ficou de frente para a porta do chalé:
-Alorromora. –murmurou e abriu a porta.
Ficou estupefato com a cena que viu. Era óbvio que Nott estava a caminho de estuprar a sobrinha da Weasley. De alguma forma Evelyn viu-o ali ao olhar de relance para a porta, tentando imaginar uma forma de escape. Então gritou com todas as forças:
-TIO DRACO!!! –era um grito desesperado, o loiro percebeu.
-Muito menos ele. –ouviu Nott falar com convicção e em seguida desferir um tapa violento contra o rosto da garota, fazendo-a cair desacordada –Assim é melhor. –e parecia muito satisfeito consigo mesmo ao admirar sua vítima.
Draco ferveu de fúria ao ver o que o desgraçado havia feito com Eve. Sem perder tempo e aproveitando-se da distração e de que ele não estava em posse da varinha, bradou:
-ACCIO VARINHA! –e a varinha de Nott, que estava esquecida em cima da mesinha de centro, voou até ele.
Imediatamente Nott saiu de cima da garota, levantou-se e olhou incrédulo para o Malfoy. Deu uns dois passos em direção ao loiro que sacudiu a cabeça:
-Não, não. Locomotor mortis. –e as pernas de Nott ficaram duras e pararam de funcionar, deixando-o parado no mesmo lugar –Eu diria que do meu jeito é melhor.
-O que você quer, Malfoy? –o sujeito perguntou rispidamente, tentando não se mostrar intimidado, apesar de sua óbvia desvantagem –Não viu que eu estava ocupado? –questionou, zombando.
Um brilho cruel passou pelos olhos de Draco e sua boca se curvou num sorriso de desdém, enquanto o outro engolia em seco:
-Vladimir Nott. –começou aparentemente tranqüilo, mas era apenas aparentemente –Você ousou me desobedecer e desafiar, está ciente disso, não? –Nott permaneceu em silêncio –Eu fiz uma pergunta, maldito. Responda! –e havia ódio em cada sílaba que Draco pronunciava.
-Sim, eu sei. –respondeu, olhando desejosamente para o bolso interno do sobretudo onde havia visto Draco guardar sua varinha, se pudesse pegá-la de volta...
-Eu disse que você se arrependeria disso. Achou mesmo que podia me fazer de idiota?!? –perguntou, aproximando-se de Nott –NINGUÉM FAZ DRACO MALFOY DE IDIOTA! -gritou e deu um soco na cara de Nott, que não esperava por isso e por falta de equilíbrio caiu no chão –Você não vai sair vivo daqui para contar isso seja para quem for. –sibilou venenosamente e Vladimir tentou usar os cotovelos para se arrastar para longe do Malfoy, a procura de algo que servisse de arma contra o loiro –Ah, mas não vai não. –Draco sorriu, pisando com força em cima da barriga dele e impossibilitando que se movesse –Ainda acha que valeu a pena não honrar o nosso acordo? Acha, filho da puta?
Nott não respondera, ao invés disso, dava murros na perna de Draco que estava sobre a barriga dele, o que fez Draco dar um pisão forte, fazendo o seqüestrador ficar sem ar.
–Isso foi incômodo. –Malfoy comentou, como quem comenta o tempo –Encarcerous. –e cordas prenderam os pulsos de Vladimir.
Aliviou a pressão sobre o outro para possibilitar que ele respirasse melhor:
-O que fez com a Evelyn? –questionou.
-Nada.
-Como nada? Fale de uma vez, antes que eu perca o que me resta de paciência.
-Eu coloquei uma poção para deixá-la fraca no suco que ela tomou e dei um tapa nela, para que parasse de lutar contra mim. –respondeu como se fosse algo comum.
-Você me enoja. –Draco disse, o rosto contorcido de desprezo.
Nott gargalhou brevemente antes de dizer:
-Claro, porque você tem muita moral para estar falando isso, não é mesmo, Malfoy? –ironizou -Sabemos que você não é nenhum santinho como quer parecer.
-Que bom que você sabe que não. Quero ver medo nos seus olhos.
-É disso o que você gosta, Malfoy. Sentir-se no poder. Quer ver o mesmo medo que viu nos olhos daquelas crianças trouxas que você matou sem a mínima piedade? Parabéns, Malfoy, realmente muito nobre da sua parte o que fez. Quer saber o que penso realmente de você? –o loiro ficou em silêncio e Nott tomou isso como um sim –Você é um frouxo. Deixa eu terminar. Quando você fazia algum serviço mais...hum, digamos emocionante para o Lord, você ficava vários dias sem dormir direito. Aposto que se sentia culpado. Pensa que eu não reparava nas suas olheiras? Aprenda comigo, Malfoy. Eu faço e não me arrependo. Assim como não me arrependeria de ter fodido essa garotinha aí. Seria tão sublime. Queria ver a cara daquela puta se me visse fazendo isso com a sobrinha dela. Ela... Uh! –exclamou ao final, com dor, quando Draco mais uma vez deu um forte pisão.
-Você é realmente muito atrevido, Nott. Está nas minhas mãos... Ops, melhor, nos meus pés. E ainda tem a pachorra de falar isso? Eu nunca deixaria que você fizesse mal para a Evelyn.
-Pensa que eu não sei que quer bancar o heróizinho para a Weasley? Você sempre teve inveja do Potter, Malfoy. O que é ridículo, já que Potter é ainda mais frouxo que você. Só porque ela dava pro Potter, você também quer? Tsc, tsc, tsc. Você é patético, Malfoy. Quer ficar com as sobras do Potter.
-Vai pro inferno, Nott.
-Achei que seria você a me mandar para lá.
A raiva de Draco só crescia, estava sendo abertamente insultado por um homem que estava sob seu controle. O loiro tirou o pé de cima de Nott, afastou-se um pouco e proferiu:
-Estupefaça. –para que Evelyn continuasse desacordada –Sectumsempra. –para Nott, que começou a sangrar, na altura de onde Draco havia pisado.
O homem fez cara de dor ao sentir o corte profundo que o loiro havia provocado. Se alguém que não soubesse da situação entrasse ali naquele instante, pensaria equivocadamente que Draco era um demônio prestes a matar um homem inocente.
-Não entendo porque está tentando me provocar. –Draco confessou –Isso apenas será pior para você.
-Não me importo. Apenas quero falar o que quiser e observar de camarote a sua reação abismada. Realmente não entendo o porquê de querer tanto a puta da Weasley. Achei que tivesse todas aos seus pés.
-Justamente porque a Weasley não é uma puta.
-Está apaixonado por ela?
-Pergunta errada, Nott. CRUCIO!
O corpo de Nott começou a se contorcer todo, fazendo o corte sangrar mais rapidamente. Ele gritava como nunca e isso era quase música aos ouvidos de Draco. Manteve o feitiço por vários minutos e teve a certeza de que para Nott pareceram séculos de dor insuportável.
-Finite incantatem. –por fim disse.
Nott parecia um trapo. Os cabelos levemente grisalhos estavam grudados em sua testa suada. Os pulsos exibiam cortes pelo excessivo movimento contra a corda que os prendiam. Além de que a frente das vestes dele estavam empapadas de sangue. Abriu os olhos e ao fitar Draco pareceu pedir a morte.
-Avada... –apenas mexeu os lábios, sua voz não saia, de tanto que havia gritado, realmente estava pedindo a morte.
-Vou conceder esse seu último pedido Nott, mas não sem antes esclarecer algo. Não quero que morra com uma idéia errada de mim. –disse e agachou-se próximo ao deplorável Nott –Nunca. Eu não estou apaixonado pela Weasley. Mas ela vai se apaixonar por mim. Ela quase me mandou para Azkaban. Quero usá-la e fazê-la sofrer de todas as formas. Quero apenas vingança. Agora adeus, Nott. As coisas poderiam ter sido diferentes se você tivesse seguido com o combinado, você desafiou alguém mais forte que você e se deu mal. Aprenda comigo: "O mundo é para quem nasce para o conquistar, e não para quem pensa que pode conquistá-lo" Avada kedavra. –disse suavemente e Nott morreu assim que o jato de luz verde acertou seu peito.
Imediatamente Draco levantou-se e pegou Evelyn no colo, tirando-a do sofá. Viu uma marca vermelha no rosto dela e olhou com pena de que ela tivesse que ter passado por aquilo.
-Enervate. –murmurou, mas a garota não acordou e Draco ficou preocupado, acelerando os passos para fora do chalé.
Quando chegaram ao lado de fora, Percy praticamente implorou com os olhos para que pudesse segurar Evelyn. Draco então passou a garota para ele, que a abraçou:
-Draco, o que aconteceu?
-Depois eu conto. A Evelyn pode acordar a qualquer momento. Você vai indo pro meu carro com ela e com o Blás. E Blás, ligue pra o médico da Família no St. Mungus. Teremos que dar uma passada lá para ver se está tudo ok com ela.
Assim que os três se afastaram, Draco virou-se para os restantes: Flint, Pucey e Higgs.
-Dêem um jeito de sumir com aquele corpo e limpem o chalé para não deixar nenhuma pista. –o loiro disse e eles assentiram, tirou a varinha de Nott do bolso –Era a varinha dele, façam o que quiser com ela. –e entregou a Higgs -Qualquer dúvida, liguem para o meu celular. Até mais.
Draco foi andando pensativo até o carro. Não era para as coisas terem ocorrido daquela maneira. Será que o desfecho também seria diferente do que ele esperara?
“É bom que daqui pra frente as coisas saiam exatamente como eu planejei ou eu não sei do que sou capaz.” Pensou e tirou o celular do bolso.
Discou para o celular de Gina. Chamou apenas uma vez, tendo a ruiva logo atendido:
-A-alô. Draco, é mesmo você? –o loiro ouviu a voz dela.
-Sim, sou eu Virginia. –ele respondeu, entrando no carro.
-Você tem alguma notícia da Eve? –perguntou, meio receosa.
-Melhor que isso. Ela está comigo. –Draco disse e colocou o celular em viva-voz, no porta celular que havia em seu carro.
-Sério? –a voz de Gina era alegre e ansiosa –Eu posso falar com ela?
Percy ao ouvir a voz da irmã pelo celular, podia sentir o quanto ela parecia aliviada com a notícia.
-Infelizmente não. –Draco respondeu, enquanto colocava o cinto de segurança –Mas não se preocupe, ela está viva. Acontece que ela está desacordada. O Nott deu uma poção para deixá-la fraca e bateu na Eve. Eu estou levando ela até o St. Mungus. E depois eu a levarei na sua casa.
-Eu estou na casa do Gui e da Fleur. Tem certeza de que não devemos ir até o St. Mungus? Acho que eles vão querer alguém da família para assinar os papéis.
-Não se preocupe, isso não será problema. Não há com o que se preocupar, eu a levarei até a casa dos pais dela, sã e salva.
-Tudo bem. Mas e quanto ao Nott?
Houve alguns momentos de silêncio, antes que Draco respondesse:
-Eu fiz o que você me pediu. Ele não irá mais incomodar você ou alguém da sua família.
-Tem certeza de que isso foi...? Hum, que eu deveria ter pedido isso? Eu... –não conseguiu terminar a frase.
-Foi o melhor a ser feito, confie em mim.
-Eu confio. Obrigada, Draco. Obrigada mesmo.
-Não tem o que agradecer. Eu já disse que gosto da Evelyn e que não poderia deixar que nada de ruim acontecesse a ela. Nos vemos então. Até lá.
-Até. –ela desligou, Draco girou a chave no contato e saiu com o carro.
O silêncio era sepulcral.

***

Estavam na sala Gina, Gui e Fleur. A mesa da sala estava com a bandeja que Gina trouxera anteiormente. Porém, a torta e o chá haviam acabado. Não que a ruiva tivesse forçado o seu estômago a aceitar algo. Os responsáveis por aquilo eram Gui e Fleur. Enquanto eles ficavam famintos por toda aquela preocupação, Gina estranhamente estava sem fome. Estranhamente, porque quando estava nervosa, ansiosa ou preocupada ela costumava descontar na comida.
Todos olhavam para pontos fixos diferentes e estavam perdidos em seus pensamentos. Eis que Gui olha para irmã e percebe o quanto ela parece cansada, tanto fisicamente quanto mentalmente:
-Gina. –chamou, mas ela pareceu não ouvir –GINA!
A ruiva virou-se, meio assustada para o irmão:
-O que foi, Gui?
-Porque você não tenta dormir um pouco?
-Não estou com sono.
-Mas você deve estar cansada, Gina.
-Não, não estou. –a ruiva teimou.
O ruivo suspirou:
-Então pelo menos tome um banho quente pra relaxar, não pode negar que está tensa.
Gina bufou:
-Tá bom, eu vou.
-Tem toalhas dentro do armário do banheiro. Pode usar nosso banheiro. –Fleur disse, se referindo a suíte deles.
A Weasley levantou-se do sofá. Abriu a bolsa e tirou de lá o celular, encaminhando-se em seguida para o banheiro, na parte de cima da casa.
Ao entrar no quarto do irmão e da cunhada, apenas reparou vagamente na cama desfeita. Entrou dentro do banheiro e trancou a porta. O banheiro era espaçoso. Tinha sua decoração em branco e azul claro. Caminhou até o armário. Pegou uma toalha branca de uma das prateleiras internas, fechando o armário em seguida. Deixou o celular em cima da pia do banheiro. Despiu-se, depositando as roupas em cima da tampa do vaso sanitário. Pendurou a toalha, entrou dentro do box e fechou a porta do mesmo, para evitar que a água molhasse as outras partes do banheiro.
Abriu a torneira no chuveiro e sentiu a água morna molhar suas mãos. Entrou completamente debaixo do jato de água, molhando-se por completa e sentindo que a água tinha um certo poder de levar de si a incerteza que havia em seu coração. Não queria pensar que o pior aconteceria a sua sobrinha. Talvez a chave para aquela situação estivesse na palavra confiança, homônima de fé. Se havia depositado sua confiança em Draco, deveria acreditar, nem que fosse apenas por aquela vez, na palavra dele.
Estava tão ocupada pensando sobre o seqüestro de Evelyn e Draco, que quando se deu conta, percebeu que já havia tomado banho e estava passando a esponja pelo corpo pela segunda vez. Bateu a mão na testa, sentindo-se burra e depositou o sabonete na saboneteira junto com a esponja.
Saiu do box e fez um feitiço para secar o interior do mesmo. Em seguida, secou-se e enrolou-se na tolha. Logo que terminou de pentear os cabelos, ouviu seu celular tocando. Deixou tocar apenas uma vez, olhou e viu o número de Draco. Atendeu:
-A-alô. Draco, é mesmo você?
-Sim, sou eu Virginia. –ele respondeu, do outro lado da linha.
-Você tem alguma notícia da Eve? –perguntou, meio receosa.
-Melhor que isso. Ela está comigo. –ouviu a voz do loiro responder.
-Sério? Eu posso falar com ela?
-Infelizmente não. –Draco respondeu, com uma voz que ela classificou como sem emoção –Mas não se preocupe, ela está viva. Acontece que ela está desacordada. O Nott deu uma poção para deixá-la fraca e bateu na Eve. Eu estou levando ela até o St. Mungus. E depois eu a levarei na sua casa.
-Eu estou na casa do Gui e da Fleur. Tem certeza de que não devemos ir até o St. Mungus? Acho que eles vão querer alguém da família para assinar os papéis.
-Não se preocupe, isso não será problema. Não há com o que se preocupar, eu a levarei até a casa dos pais dela, sã e salva.
-Tudo bem. Mas e quanto ao Nott? –ela quis saber, sentindo um nó na garganta ao perguntar.
Houve alguns momentos de silêncio, antes que Draco respondesse:
-Eu fiz o que você me pediu. Ele não irá mais incomodar você ou alguém da sua família.
-Tem certeza de que isso foi...? Hum, que eu deveria ter pedido isso? Eu... –não conseguiu terminar a frase.
-Foi o melhor a ser feito, confie em mim.
-Eu confio. Obrigada, Draco. Obrigada mesmo.
-Não tem o que agradecer. Eu já disse que gosto da Evelyn e que não poderia deixar que nada de ruim acontecesse a ela. Nos vemos então. Até lá.
-Até. –ela desligou.
Colocou suas roupas o mais rápido que pôde. Tinha que contar as novidades para Gui e Fleur.

***

Após cerca de uma dupla de horas na estrada, chegaram ao St. Mungus. Os três entraram no hospital bruxo e não demoraram nem um pouco a serem atendidos. Afinal, não é todo dia que se vê Draco Malfoy entrando no St. Mungus, ainda mais depois que Cho Chang foi presa. Além do mais, o hospital devia muito a Draco pelas doações que ele costumava fazer.
O medibruxo com que Blás havia falado anteriormente pelo telefone, um tipo alto, moreno e bem apessoado, adiantou-se e apertou a mão de Draco:
-Boa noite, Sr. Malfoy. –soltou a mão do loiro –Creio que essa seja a garota em questão. –olhou para Evelyn, que repousava, ainda desacordada, nos braços do tio –É parente da garota? –perguntou para Percy, ao notar uma certa semelhança na cor dos cabelos.
-Sim, sou tio dela.
-Hum, é recomendável que a paciente tenha apenas um acompanhante na bateria de exames que realizarei. Poderia ser o senhor...
-Weasley. –Percy completou.
-Sr. Weasley. Se o Sr. Malfoy não se importar, o Sr. pode ser o acompanhante. –o médico disse e olhou para Draco.
Draco aquiesceu, com um gesto afirmativo de sua cabeça:
-Tudo bem. Mas vai demorar muito?
-Serei o mais breve possível. –o medibruxo prometeu e saiu na companhia de Percy, que continuava a carregar a sobrinha em seus braços.
O loiro virou-se para o consiglieri:
-Se quiser, pode ir para sua casa descansar. Eu ficarei aqui esperando e depois levarei a Evelyn para a casa dos pais dela.
-Tem certeza?
-Claro, claro. Obrigado. –agradeceu, dando uns tapinhas amigáveis nas costas do outro –Tenha um boa noite, Blás. –disse ironicamente, visto passar das 6h da manhã.
-Igualmente, Draco. –o moreno murmurou com um sorriso cansado, após um bocejo –Depois me conte o que aconteceu, ok? –disse e o loiro fez um gesto afirmativo.
Zabine então aparatou. Malfoy sentou-se no sofá da sala de espera. Notou uma mesinha com jornais e revistas bruxos. Resolveu pegar o jornal Financial World Wizard para ver como ia a economia. Estava entretido nos balanços patrimoniais de algumas empresas, quando ouviu uma voz feminina:
-O senhor gostaria de algo para beber?
Draco levantou a cabeça para ver quem se dirigia a ele. Era uma curandeira loira, de cabelos cacheados e um belo sorriso. Malfoy também percebeu curvas por debaixo do vestido branco padrão que a mulher usava.
-Como disse? –perguntou, encontrando os olhos esverdeados dela.
-Perguntei se gostaria de algo para beber. –repetiu de bom grado.
-Um chá com cafeína. –respondeu e a curandeira se retirou.
O loiro deu um suspiro antes de voltar a ler o jornal. Era realmente raro uma curandeira prestar esse tipo de serviço a quem estava na sala de espera, já que normalmente elas estavam muito ocupadas assessorando os medibruxos.
“Bem...Ou ela sabe quem eu sou ou estava dando em cima de mim.” Sorriu ligeiramente, virando a página do jornal.
Cerca de uma dupla de minutos depois a curandeira voltou, trazendo-lhe uma xícara de chá:
-Obrigado. –Draco agradeceu, com um sorriso quente, que fez a curandeira corar.
-Com licença. –disse, parecendo encabulada e retirando-se dali.
Draco riu-se por dentro por ter causado o encabulamento na moça e começou a tomar o chá, com o pensamento longe. Na verdade, nem tão longe assim...
Pensava nos últimos acontecimentos. Não lhe passara nem longinquamente pela cabeça que Nott poderia ousar desobedecê-lo e assim Draco colocaria a vida de Evelyn em perigo. Mas acontecera. Apesar de não planejado, aquilo acontecera. E ele soube naquele instante que tinha que consertar a inesperada situação. Soube que iria até o inferno se fosse preciso para conseguir. Agora, sentado na sala de espera do St. Mungus, pensava que conseguira salvar Evelyn e que logo ela estaria de volta, com um belo e inocente sorriso no rosto, o chamando de Tio Draco. Sorriu com esse pensamento. Realmente a garotinha o cativara. Porém, sua expressão facial tornou-se dura ao pensar na conversa que tivera com Nott quando este estava para morrer. Nott fê-lo lembrar de seus serviços como Comensal da Morte. O outro estava realmente certo, Draco ficava com olheiras por ter insônia quando se sentia culpado. Naquele tempo o loiro fazia o serviço sujo. Passou a desejar ter o poder, assim poderia mandar que outros fizessem por ele. E assim fora. Desde de que Draco tinha deixado de ser Comensal, não havia feito nada sórdido com as próprias mãos. Não havia mais matado, torturado. Apenas mandava que isso fosse feito, exceto por aquela noite. Além de ser desafiado abertamente por Nott, Virginia havia lhe pedido claramente que matasse Nott. Era um pedido direto dela. Era algo a mais que ela deveria a ele. Era algo a mais que com certeza Draco saberia que a nobreza grifinória da Weasley não deixaria que ela esquecesse.
Ficou por um tempo com a mente repleta de pensamentos, até que avistou Percy voltando com Evelyn e o medibruxo:
-Tio Draco! –Evelyn exclamou com um sorriso genuíno em sua face, correndo para abraçá-lo.
Ele ainda estava sentado quando a garotinha pulou em seu colo. Abraçou-a de volta:
-Você está bem, Eve? –perguntou demonstrando um carinho que desconhecia.
-Sim. Obrigada por me salvar, Tio Draco. Eu tive medo. –e algumas lágrimas passaram a rolar por sua face, enquanto abraçava o loiro ainda mais fortemente.
-Calma, calma. Já passou. –ele sussurrou no ouvido dela e olhou para o medibruxo, pedindo explicação.
Carl Hitterfield, o medibruxo, dirigiu-se ao Malfoy:
-A garota está bem, apenas parece um pouco abalada. Revertemos o efeito da poção que a estava enfraquecendo e tiramos o hematoma do rosto dela. O Sr. Weasley me informou que ela foi seqüestrada. Já fizeram o B.O. no Ministério?
-Não, agora já está tudo resolvido. E eu prefiro não falar sobre o assunto. –Draco foi incisivo.
-Ok. –Carl murmurou.
-Podemos ir agora? –o loiro quis saber, já estava ficando impaciente.
-Não sem antes de assinar aqui. –mostrou uns papéis numa prancheta –Teria a bondade Sr. Weasley?
Percy logo assinou e eles partiram do hospital com Evelyn no colo de Draco, abraçando-o como se não houvesse amanhã:
-Agora vai ficar tudo bem, Eve. –Malfoy tentou tranquilizá-la –Vou levá-la para a casa dos seus pais. E a propósito, sua Tia Gina também está lá. –Evelyn sorriu –Pode ir para sua casa, Weasley. Já fez muito por hoje, merece descansar. Pode deixar que eu levo a garota. Não acha melhor?
O ruivo fez que sim:
-Se cuida ruivinha. O Tio Percy ficou muito preocupado com você. –e deu um beijo numa bochecha da sobrinha –Até mais, Malfoy. –apertou uma mão de Draco.
-Até. –o loiro respondeu e observou o Weasley aparatar.

***

Virginia Weasley estava ansiosa. Suas unhas estariam todas roídas se tivesse esse hábito. Andava de um lado a outro na sala de estar, enquanto Fleur e Gui estavam quase tontos de acompanhá-la com os olhos:
-Pare quieta um instante, sim, Gina? –Gui perguntou um tanto cansado.
-Concordo. –Fleur disse –Você disse que o Malfoy te disse que vai trazer a Eve, não é? –a ruiva acenou positivamente –Então sente um pouco, por favor. Posso acabar ficando enjoada de tanto te acompanhar com os olhos.
Gina aquiesceu a pedido da cunhada, sentando-se no sofá que ficava em frente ao casal. Gui abraçava Fleur pelos ombros e esta tinha a cabeça pendida no ombro do marido. Os dois pareciam muito mais calmos depois da notícia de que Evelyn já tinha sido resgatada. Ao olhar para eles, a ruiva sentiu um tipo de vazio que não soube explicar.
“Que sensação mais incômoda. Estarei eu com inveja? É visível que os dois se amam. Por que no meu caso amor não foi o bastante? O Harry não podia ter me deixado aqui! Primeiro ele me deixou por causa de Voldemort e agora por causa de um estúpido cargo de Ministro da Magia. Não! No que estou pensando? É uma honra para o Harry ser Ministro da Magia dos EUA. Ele merece, eu não tinha o direito de pedir que ele recusasse o cargo e ficasse comigo. Não quando eu também fui e ainda seria incapaz de abandonar o meu trabalho por causa dele. Talvez isso seja apenas uma provação e nós fiquemos juntos no final. A gente já se separou tantas vezes antes...” ela pensava melancolicamente.
Quando ouviu o barulho do interfone, levantou correndo para alcançar o fone:
-Draco, é você? –ela perguntou, esperançosa.
Após um segundo de silêncio, ouviu a voz do Malfoy responder:
-Sou eu sim, Virginia. Pode abrir o portão?
-Claro. –respondeu, pressionando o botão que possibilitava isso e colocou o fone do interfone de volta no bocal.
Em seguida, Gina foi direto para a porta, com Gui e Fleur atrás de si. A ruiva não esperou nem que Draco batesse à porta, já foi girando a chave que estava na maçaneta e abrindo a porta. Viu Malfoy andando de mãos dadas com a ruivinha e abriu um grande sorriso.
-TIA GINA! –disse animada, correndo até a advobruxa, que a levantou, abraçando com força.
Logo foi a vez de Gui e Fleur abraçarem a filha. Gina olhou para os três, felizes. Em seguida dirigiu seu olhar para o loiro. Ele parecia meio deslocado (para não dizer esquecido) naquela situação, mas tinha um semblante de satisfação com o dever cumprido.
Draco retribuiu o olhar de Gina, dizendo:
-Fiz o que me pediu, Virginia. A Evelyn está entregue, sã e salva e o Nott...bem, eu fiz o que você pediu.
-Com as próprias mãos? -forçou-se a fazer a pergunta.
Draco olhou-a profundamente nos olhos, como que a avaliando. Pensava se deveria contar a verdade. Decidiu que sim, ela devia-lhe muito para entregá-lo por assinato. Aliás, assassinato esse do qual ela fora a mandante.
-Sim. –murmurou, mantendo contato visual.
Malfoy esperava que a Weasley lhe lançasse um olhar de reprovação ou nojo, mas não esperava o que aconteceu. Gina atirou-se nos braços dele, abraçando com força. Por um instante ele ficou perplexo, mas depois devolveu o abraço, afagando os cabelos dela.
-Obrigada, Draco. Obrigada mesmo. Você salvou a minha sobrinha. Eu nunca vou esquecer disso. –então, como se tivesse acabado de perceber que o abraçara, soltou-se rapidamente.
Gui adiantou-se, apertando a mão do Malfoy:
-Malfoy, você salvou a minha filha. Serei eternamente grato por isso.
Fleur aproximou-se do loiro e beijou-lhe as duas faces:
-A nossa filhinha está viva graças a você. Muito obrigada. –agradeceu-o – O que a mamãe faria sem você, Evelyn? –a loira perguntou, olhando a filha.
-Mamãe, tô com sono. –Evelyn disse.
-Então se despeça do Malfoy e da sua tia, aí eu te levo pra dormir. -Fleur disse a filha.
-Tchau, Tio Draco. - e deu um beijo no rosto de Draco –Tchau Tia Gina. –e recebeu um abraço quebra-ossos –Assim vô morrer sufocada. –reclamou e a ruiva soltou-a.
-Desculpe, querida. A titia ficou tão preocupada com você.
-O Tio Draco me salvou do homem mau.
Quando ouviu a sobrinha falar isso, lembrou-se que antes ela chamava o Draco de homem mau. Naquela época não imaginava as coisas que iriam acontecer em sua vida.
Após mais agradecimentos e mais despedidas, Draco e Gina caminharam em direção ao portão da casa. A escuridão da noite já havia sido completamente substituída pela claridade do dia. Malfoy quebrou o silêncio:
-Eu te levo pro seu apartamento.
-Não precisa. Eu posso aparatar, obrigada.
-Você está sonolenta, Virginia. Não é recomendável aparatar assim.
-Você também está sonolento. Sabia que não é recomendável dirigir assim? –perguntou, devolvendo na mesma moeda.
Draco sorriu, até com sono a ruiva tinha uma língua afiada:
-Sim, eu sei. Mas a questão é que se você estiver no carro comigo poderá conversar comigo e assim evitar que eu pegue no sono ao volante. Não acha que estou certo?
Ela suspirou:
-Ok. Você me convenceu. Aceitarei a sua carona. –disse isso bem na hora em que chegaram na frente da BMW preta.
Malfoy abriu a porta para que a Weasley entrasse:
-Obrigada pela gentileza. –ela agradeceu.
Draco entrou no carro também:
-Por nada. – murmurou enquanto colocava o cinto de segurança e observava Gina fazer o mesmo.
-Hum, Draco. Quando eu te liguei ontem a noite foi porque você mesmo disse que se eu precisasse eu poderia contar com você. E naquele instante eu estava precisando mais que nunca. Além do mais eu sabia da sua influência, de como teria grandes chances de conseguir resgatar a eve com sucesso...
-Não precisa se explicar, Virginia. –interrompeu-a, dando partida no carro –Você confiou em mim e eu não te decepcionei. Você pode sempre confiar em mim.
Gina não respondeu, apenas pensou.
“Ter confiado em você por uma vez não siginifica que eu vá confiar nas outras, Malfoy.”
Draco entendeu errado o silêncio da parte dela:
-Não precisa ficar encabulada, Virginia. Eu sei que você é uma mulher independente, mas não é pecado precisar de um homem de vez em quando.
Ela revirou os olhos:
-Homens se acham o máximo, não?
Draco deu um sorriso irônico:
-Ah não, nós não vamos começar com a tradicional guerra dos sexos, não é mesmo, Virginia?
A Weasley suspirou:
-Tem razão. Seria algo tolo da nossa parte. Hum.. –tentou arrumar um novo assunto –O que disse para a Parvati quando saiu?
-Não disse nada, ela estava dormindo. E mesmo que acordar não ficará preocupada, já está acostumada a acordar sem mim. –respondeu mecanicamente, como se aquilo fosse um assunto nem um pouco importante.
-Como você faz pouco caso da sua mulher. –ela reclamou –Assim nem parece que você a ama e se importa com ela...
-Eu não a amo. –ele disse, sem hesitar.
-Então por que continua com ela? –a ruiva não pôde deixar de perguntar.
-Porque a Parvati me ama. Eu não quero magoá-la. Apesar de não haver amor da minha parte, eu gosto dela. Me importo e de certa forma me preocupo, sabe?
A boca da advobruxa abriu-se levemente, representando sua surpresa. Estaria realmente tendo esse tipo de conversa com Draco Malfoy ou aquilo seria apenas uma alucinação de sua mente exausta?
Sem saber o que responder, Gina apenas balançou a cabeça, indicando concordância com o que ele falara.
Draco iniciou outro assunto, dessa vez mais ameno, sobre a Liga de Quadribol. Descobriu que a Weasley, assim como ele, torcia pelo União de Puddlemere. Então discutiram o esporte acaloradamente durante o resto do trajeto.
Quando Draco parou o carro na frente do prédio em que a Weasley morava, ela disse:
-Obrigada, Draco. Eu vou indo.
-Que espécie de cavalheiro eu seria se não te acompanhasse até lá em cima? –ele perguntou –Já estou aqui mesmo, não vai me tomar muito mais tempo.
Gina sorriu:
-Ok então, Sr. Cavalheiro Draco Malfoy. –ela concordou.
O loiro saiu da BMW, e abriu a porta do outro lado para que a Weasley saísse. Em seguida pegou um controle e apertou dois botões: Um para trancar as portas e o outro para ligar o alarme.
-Pronto, podemos ir. Com um carro desses é sempre melhor prevenir do que remediar. –comentou, caminhando com a Weasley até a entrada.
-Essa é a primeira vê que te vejo dirigir. E você não é um mau motorista. Por que não costuma dirigir? –ficou curiosa.
-Eu não sou muito fã. Além do mais eu tenho motoristas particulares e sou muito ocupado. Fico incomodado de falar no celular quando estou ao volante e por várias vezes gosto de ler no carro. Se dirigisse não poderia ler, a não ser num engarrafamento.
Logo que entraram no prédio, viram que havia uma grande concentração de pessoas de costas para eles, muitas das quais eram repórteres. Gina lembrou-se do porteiro assassinado e comentou:
-Acho que não conseguiremos passar por eles.
-Venha por aqui então. –Draco sussurrou e puxou-a para um canto em que ninguém os veria, já que estavam ocupados demais com a notícia do assassinato –Vamos aparatar. –ele segurou na mão dela e aparatou os dois bem na sala de estar de Gina –Aqui nenhum trouxa nos veria chegando. –ele explicou.
A ruiva caiu sentada no sofá:
-Acho que a aparatação me deixou um pouco tonta, odeio quando isso acontece. Você nem deixou que eu me concentrasse.
-Desculpe. Eu vou pegar um pouco de água para você. –disse e conjurou um copo de água –Aguamenti. –e jorrou a água de sua varinha para o copo –Aqui está. –e entregou nas mãos dela.
Malfoy sentou-se ao lado dela no sofá, enquanto a assistia tomar alguns goles a água e depositar o copo em cima da mesinha de centro.
-Obrigada. –ela agradeceu.
-Não foi nada. –ele deu de ombros.
-Não me refiro à água. Estou falando do que você fez por mim salvando a Evelyn.
-Já me agradeceu por isso. Apenas fiz o que a minha consciência pediu. –disse e não deixava de ser uma verdade.
-Realmente não tenho palavras. –e fez uma pequena pausa -Eu me sinto em dívida com você, Draco. Uma dívida tão grande que não sei se algum dia conseguirei pagar totalmente, retribuir totalmente o que fez... –não pôde terminar a frase.
Surpreendentemente, ela assistiu-o se aproximar de si, silenciosamente, e tocar seus lábios com os dele. A princípio, seus olhos esbugalharam-se, tentando absorver o que estava acontecendo. Foi capaz de observar um brilho passar pelos olhos cinzentos de Malfoy antes dos lábios roçarem os dela. Fechou os olhos ao mesmo tempo em que ele, aceitando aquele beijo como parte do pagamento.
“É só um beijo, Virginia. Vai acabar nisso. Você só está retribuindo o que ele fez por você. Ele matou por você, ele saiu da cama de madrugada e fez o impossível para resgatar a sua sobrinha. Isso é o mínimo que posso fazer.” Tentava se convencer, enquanto ele aprofundava o beijo.
Gina logo percebeu que diferentemente do beijo de Harry, o de Draco não era calmo. Porém não sabia descrever. Apenas sabia que era algo selvagem, voluptuoso e sôfrego. A língua dele se encontrava com a dela numa dança lasciva que proporcionava arrepios em ambos. Logo Gina percebeu que estivera enganada. Aquilo não iria parar em apenas um beijo.
Draco arrancou a jaqueta jeans dela, atirando em um lugar qualquer. Em seguida soltou-se da Weasley. Ela ficou em silêncio e não teve nem coragem de encará-lo. Malfoy tirou o paletó e colocou-o sobre o sofá. Levantou Gina pela mão e ela ainda assim não o encarava. Ele então a forçou a erguer o queixo e olhar em seus olhos.
As bochechas dela estavam fortemente coradas e ela tentava não pensar. Como a ruiva não disse nada, Draco tomou aquilo como concordância da parte dela. Olhou a advobruxa de cima abaixo. A blusinha branca e a saia xadrez que ela usava estavam um tanto amassadas. Os lábios dela estavam mais volumosos e mais rosados que nunca. Percebeu que ela estava linda e que possuí-la naquele instante era fundamental para manter sua sanidade. Sem mais perder tempo ele beijou-a novamente.
“Não imaginava que a Weasley fosse ceder tão rápido.” Surpreendeu-se.
Gina sentiu-se ser levantada e carregada, seus tamancos caíram pelo caminho. Nem percebeu em que momento suas pernas foram enlaçar a cintura do Malfoy.
Ao chegarem no quarto dela, Draco derrubou-a na cama. Naquele instante percebeu que aqueles dois beijos haviam sido apenas o começo. Ficou em silêncio, olhando para Malfoy e imaginando o que ele faria a seguir. Observou-o sentar-se ao seu lado na cama e tirar os sapatos e meias. Gina então engatinhou para mais perto da cabeceira da cama. O loiro levantou-se e vê-la se afastando de si apenas aumentou o seu apetite.
Draco começou a se desfazer de suas roupas e a despeito de seu desejo pela Weasley, não o fazia muito apressadamente e sim de um jeito sexy. Primeiro tirou o cinto, depois a calça, a gravata e a camisa, ficando apenas com uma cueca preta. Olhou mais uma vez para Virginia e ela parecia hipnotizada ao olhar para ele.
“Poderia dizer que a Weasley está me comendo com os olhos.” Pensou satisfeito, subindo na cama.
“Calma Gina. É só dessa vez. Depois você nunca mais vai precisar deixar o Malfoy encostar em você. É só pra ele não dizer que sou ingrata.” Tentava se convencer, enquanto sentia o toque das mãos dele pelo seu corpo.
A Weasley deixou que Draco deitasse o corpo dela na cama e ficasse por cima de si. O loiro arrancou a blusa que a advobruxa ainda vestia e passou a a beijar a barriga dela.
Gina ficou parada sem fazer nada, olhando para o teto. Pretendia não corresponder. Por alguma antiga lealdade a Harry não achava certo que fizesse isso.
“Se o Malfoy quer o meu corpo, ele terá. Mas eu não vou corresponder. Eu não vou sentir prazer. Isso é apenas sexo para saldar uma dívida.” Pensou, tentando fingir que não sentia a corrente prazerosa que passava por seu corpo cada vez que sentia os toques dele.
“Tentando se fazer de difícil, Weasley? Pois não vai conseguir.” Pensou, confiante, enquanto desabotoava o sutiã de Gina.
Mais uma vez Virginia perguntava-se qual seria o próximo passo de Draco. Em toda sua vida apenas fora para cama com um único homem: Harry Potter. Não sabia o que esperar de Draco e isso de certa forma a deixava desconfortável. Porém, ao sentir os lábios dele massageando seus mamilos esqueceu de todo desconforto. Deixou que um suspiro escapasse sem querer de seus lábios e logo se censurou, controlando-se.
O loiro tentou e tentou, mas Gina estava muito concentrada em fingir que nada sentia, não deixando escapar mais nenhuma evidência de que relutantemente seu corpo parecia gostar daquilo.
“Impossível que a Weasley não sinta nada. Simplesmente impossível. Eu vou fazê-la gemer alto e sentir o prazer de estar com um homem de verdade.” Ele resolveu.
Gina sentiu o Malfoy puxar sua saia e sua calcinha, agora com mais urgência. Deixou que ele fizesse isso, apesar de se sentir muito envergonhada. Tentou novamente tirar a situação do âmbito emocional. Não havia quaisquer sentimentos. Era apenas uma prova de sua gratidão. Não tinha nada a ver com a grande atração que a Weasley sabia sentir por ele ou como ela tentava esconder que os toques dele a incendiavam ou até mesmo com o desejo que ela podia notar nos olhos dele... Ou pelo menos a Weasley pensava assim...
Após terminar de despir a ruiva, Malfoy apreciou a “vítima”. Gina tinha as bochechas fortemente coradas, mas procurava olhar dentro dos olhos dele, olhava como se o desafiando a prosseguir. Draco deu um meio sorriso, erguendo uma das sobrnacelhas por um breve instante. A seguir aproximou-se do ouvido da Weasley:
-Vamos ver por quanto tempo você agüenta fingir que não sente nada, Virgínia. –sussurrou numa voz incrivelmente sexy que fez com que a Weasley se arrepiasse.
A seguir Draco roçou os lábios pelo pescoço dela, demorando-se um pouco ali e descendo gradativamente. Passou pelos seios dela, pela barriga e continuou descendo.
A ruiva percebeu o que ele iria fazer um segundo antes que acontecesse. Ofegou ao sentir a língua dele movimentar-se sobre sua intimidade. Mais uma vez repreendeu-se e mordeu o lábio inferior com força, no entanto isso não foi o suficiente. Logo Gina percebeu que teria que fazer mais que morder o prórprio lábio para não se entregar àquela sensação de prazer que o Malfoy estava lhe proporcionando. Fechou os olhos, tentando pensar em outra coisa, mas parecia impossível pensar em qualquer coisa que fosse. Agarrou com força os lençóis, para refrear a imensa vontade que tinha de embrenhar suas mãos nos cabelos macios do loiro.
Apesar de todo o esforço da advobruxa para aparentar indiferença, sua respiração estava cada vez mais curta e ruidosa e Draco percebia isso. Porém, isso não era suficiente. Ele queria levá-la ao descontrole total. Queria ele possuir todo o poder sobre ela. Queria fazê-la gritar seu nome e implorar por mais e estava decidido a conseguir isso. Iria vencê-la pelo cansaço.
Quando a ruiva quase não podia mais se controlar e estava a caminho de um orgasmo, Malfoy parou. Por um lado ela respirou aliviada, abrindo os olhos. Por outro...não queria que ele tivesse parado.
Draco mais uma vez observou a Weasley. Ela estava com o rosto bem afogueado e suas mãos ainda agarravam os lençóis. Ele sorriu mentalmente, enquanto tirava a única peça remanescente em seu corpo, a cueca preta.
Gina esforçou-se para não olhar enquanto ele fazia isso, mas sua curiosidade prevaleceu. Ela olhou de relance para o membro dele e percebeu claramente que se encontrava ereto. Logo desviou o olhar e quando menos esperava, sentiu os lábios do Malfoy por cima dos seus, num beijo abrasador. E não eram apenas os lábios, o corpo inteiro dele estava por cima do dela. A Weasley sentiu um ligeiro tremor ao sentir algo roçar em um ponto de sua virilha. Soube instantaneamente o que era e podia dizer que esse algo era duro e volumoso.
Ainda beijando Gina, Draco começou a penetrá-la vagarosamente. Era apenas uma penetração supercial e seus movimentos eram propositalmente lentos. O objetivo dele era provocar a Weasley, tinha autocontrole suficiente para fazer isso, apesar de sua respiração não esconder que estava se contendo.
Ela então parou de beijá-la e focou seus olhos acinzentados nos castanhos dela, mantendo contato visual o tempo todo e observando as pequenas mudanças de expressão que ela tinha, quando não conseguia refrear-se totalmente.
Às vezes Draco aumentava a velocidade de seus movimentos e a profundidade da penetração, mas quando percebia que a Weasley estava à beira da satisfação, continha-se e voltava ao patamar anterior.
Após alguns minutos, Gina já não agüentava a tortura a que o Malfoy estava submetendo-a. Aquilo estava a deixá-la louca! Precisava sentir todo o prazer que ele estava prometendo com o corpo dele, mas que não estava concretizando. Sabia que ele fazia isso de propósito. Sabia que ele estava no comando. Sabia quem ele era, mas naquele momento não parecia haver a menor importância. Tudo o que ela queria naquele instante era que ele lhe proporcionasse o prazer sublime que ela sabia que ele podia proporcionar. Esqueceu de seu orgulho Weasley e disse num fiapo de voz:
-Draco, por favor. –e segurou um gemido –Me faça completamente sua. Agora.
O loiro sorriu. Apesar daquilo ser mais uma ordem do que um pedido, era óbvio que ela estava implorando.
“E eu como sou um cavalheiro, irei atender.” Pensou, mais uma vez aumentanto a intensidade de seus movimentos.
Gina não mais se segurava. Gemia alto e junto com o Malfoy. Não era fácil alguém ouvir Draco Malfoy gemendo de prazer, ainda mais em bom som. Fazia tempo que ele não se sentia tão deleitado. E ele sabia que não era por falta de mulheres. Não sabia o porquê, só sabia que com Virgínia estava sendo diferente. Talvez porque teve que agir ao extremo para conseguir isso. Agora que ela havia entregado de fato o poder sobre seu corpo para Draco, ela retribuía suas carícias e demosntrava que estava sentindo o mesmo emaranhado de emoções que ele.
Gina sentia Draco povoar seu corpo com sensações nunca antes experimentadas. Ela não conseguia mais formar um pensamento ou frase decente. Estava sendo extremamente monosilábica ao se comunicar com ele...
Num momento, Malfoy arremetia contra si de maneira mais gentil, para no momento seguinte ser cruel, agressivo, exigente. Essas mudanças deixavam-na completamente rendida, sempre esperando e desejando mais, o que Draco rapidamente atendia.
Virginia Weasley já não era uma mulher pagando uma dívida. Tornara-se escrava de algo que era mais forte que ela.
Draco ficou quatro horas com ela e quando ele se foi, Gina simplesmente sabia que seria impossível esquecer o que tinha acontecido. Aquilo fora uma experiência além de tudo o que jamais sonhara. Harry Potter fizera amor com ela, mas Draco Malfoy a possuíra.
A Weasley ficou deitada na cama, cansada e tentando pensar em tudo o que não pensara antes. Tentava compreender. Como podia ser tão apaixonada por Harry e ser tão subjugada por Draco?
Sabia que fizera isso para demonstrar sua gratidão por ele ter salvado a vida de sua preciosa sobrinha, mas não era somente isso. Havia gratidão, claro, mas ela mesma reconhecia que havia mais. Às vezes sentia um sentimento de profunda solidão e não adiantava mais negar que não se sentia atraída pelo loiro. Draco Malfoy era um homem obviamente atraente. Mas tão perigoso quanto era atraente. Nesse momento ela lembrou-se que ele era casado e do porquê estava trabalhando para ele.
Levantou-se da cama, seguindo para o banheiro com a intenção de tomar um banho para ver se conseguia aliviar a culpa. Deixou que a água quente caísse sobre seu corpo. Como pudera esquecer por aqueles momentos que tipo de homem era Draco Malfoy? Como pudera sucumbir àquela atração que sentia por ele? Como pudera permitir que ele a rendesse e a deixasse tão excitada?
Um sentimento cada vez maior de vergonha invadiu-a:
-Que tipo de mulher eu sou?!? –sua voz ecoou pelas paredes do banheiro.
Não obteve resposta.

N/A: "O mundo é para quem nasce para o conquistar, e não para quem pensa que pode conquistá-lo" Essa frase é de Fernando Pessoa, a menos que eu me engane e eu penso não estar enganada.
N/A2: Não sei se eu já mencionei, mas caso não tenha mencionado. Essa história é um pouco baseada no livro “A Ira Dos Anjos”, escrito por Sidney Sheldon. Então qualquer semelhança, não é apenas uma coincidência.

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