Epílogo



Epílogo

"Nisto (...) é que consiste a monstruosidade do amor: em ser infinita a vontade e limitada a execução; em serem ilimitados os desejos, e o ato, escravo do limite". [Shakespeare]

2 anos depois...

-É essa a sua idéia de presente de aniversário, Draco Malfoy? –Gina perguntou, um tanto aborrecida, e como se não esperasse resposta, continuou a falar –Faz horas que eu estou vendada! –reclamou, enquanto Draco a ajudava a descer as escadas de seu jato.
A advobruxa não pôde ver o sorriso de remoque surgindo nos lábios do loiro, antes que ele respondesse:
-A curiosidade matou a fada mordente. –ao que ela bufou –Um pouco menos de impaciência não faria mal a você, sabia? –falou em tom de quem sabe das coisas.
-Oh, isso vindo do rei da paciência. –retrucou maldosamente.
Draco revirou os olhos à ironia dela:
-Não falta muito, Virginia. –ele assegurou.
-Haha, não é a primeira vez que você quer saber para onde estamos indo. Eu já disse que não vou contar. –foi incisivo.
-Nem vai me dizer se já estive no lugar antes? –insistiu, tentando convencê-lo a dar-lhe alguma informação, por mínima que fosse.
Porém, antes que o Malfoy pudesse responder, Alex, que estava seguro em um dos braços do pai, estendeu as mãozinhas na direção de Gina e disse:
-Quero mamãe.
Ao ouvir a voz do garotinho, a ruiva já foi dizendo:
-Draco, deixa eu tirar a venda e carregar o nosso filho, vai? Larga de ser caprichoso. –resmungou, já começando a ficar farta daquela situação.
-Não, assim vai estragar a surpresa. –teimou -Além do mais, estamos perto do táxi. Lá você pode segurar o Alex. –assegurou.
Poucos momentos depois eles entraram no carro e o loiro entregou para o motorista o endereço escrito em um papel. Como anteriormente prometido, Draco passou o filho para a mãe.
-Quem é o garotinho do papai? –perguntou num tom babão e começou a fazer diversas caras.
A criança se aconchegou melhor contra a mãe, segurando com firmeza:
-Draco, quantas vezes eu tenho que te dizer para não assustar o Alex fazendo caretas? -reclamou ao sentir o gesto do filho.
-Ele tem que ser forte, Virginia. –justificou-se, acariciando uma das mãos do loirinho de maneira carinhosa.
-Nós temos visões diferentes sobre como educar o Alex, eu não vou ter essa conversa com você novamente. Você sabe que acaba em briga. –comentou, em tom definitivo.
-O que eu menos quero é brigar com você. –ele deu o assunto por encerrado e inclinou-se na direção da mulher para beijar-lhe os lábios de forma casta.
O pequeno Alex pareceu curioso ao observar o contato dos pais, estendendo as mãozinhas para tocar o rosto dos dois. Draco riu e fingiu que ia morder o dedo do filho, o que fez com que Alex também risse.
Não demorou muito e chegaram ao destino. Draco pegou Alexander no colo após pagar ao motorista. Em seguida, auxiliou Gina a sair do carro.
-Posso tirar a venda? –perguntou com má contida excitação e curiosidade.
-Sim, pode. –respondeu, misterioso.
A ruiva logo satisfez a necessidade de poder enxergar novamente. Em um primeiro instante a claridade do dia feriu seus olhos castanhos, mas a seguir pôde tomar consciência de onde estava e das lembranças que aquele lugar trazia a ela: San Andres.
Encontrava-se naquele instante em frente à mesma casa de veraneio que outrora se hospedara e não conseguia esconder o quanto a surpresa a deixara boquiaberta.
-O que você achou? –ouviu, a sua esquerda, Draco perguntar numa voz aparentemente neutra.
-Ah, Draco, se você não estivesse segurando o Alex, eu te daria um beijo de tirar o fôlego. –confessou.
Ele sorriu, presunçoso:
-Pode apostar que eu vou cobrar mais tarde, ruivinha. –respondeu, deixando transparecer suas segundas intenções.
-Olha só, ele dormiu. –Gina comentou, mudando o assunto, antes que o loiro tivesse mais chances de se gabar.
Draco afagou os cabelos loiros do menino:
-Ele deve estar cansado da viagem. –soou compreensivo –Vamos entrar e colocá-lo no berço.
-Você mandou colocarem um berço? –perguntou, uma vez que não se lembrava de ter visto um na casa anteriormente.
-Sim. –respondeu, puxando Gina pela mão para que adentrassem a casa.
Os empregados não estavam à vista e Draco não poderia altear sua voz para chamá-los, pois o filho estava dormindo.
-Vamos até o quarto do Alex para colocá-lo no berço. –ele disse à guisa de sugestão.
Gina, que estivera observando os móveis, indagou preocupadamente:
-Quarto do Alex? Eu pensei que ele ficaria no nosso quarto. Aqui é um lugar desconhecido para ele. E se ele tiver medo?
-Mas que mãe coruja que você é. O quarto é ao lado do nosso. Qualquer coisa nós ouviremos. –garantiu em um tom que transmitia segurança, a fim de convencê-la.
-Hum. –ela murmurou, meio conformada.
Não tardou para que chegassem ao quarto do menino. As paredes estavam pintadas de cor azul-bebê, os móveis – inclusive o berço – eram de cor clara. O ambiente era arejado e do meio do teto pendia um móbile com mini-vassouras.
-Eu gostei. –a advobruxa confessou e Draco sorriu.
A seguir, ele depositou o filho no berço e Gina o cobriu. Ambos se apoiaram na beirada do móvel e observaram seu bebê dormir. Draco passou uma mão pela cintura de Gina e ela tombou a cabeça contra ele:
-Ele é a coisa mais inda que eu já fiz na minha vida. –Draco comentou.
Gina abriu um radiante e enorme sorriso:
-Que nós já fizemos. –ela o corrigiu.
Draco abriu a boca para responder, mas no último segundo optou pelo silêncio. Após alguns momentos mais, Gina sugeriu:
-Acho melhor deixarmos nossas malas no nosso quarto.
Draco prontamente concordou e os dois seguiram para o cômodo ao lado. Eles colocaram as malas no chão, próximas às portas do guarda-roupa:
-Enfim sós. – o loiro comentou em provocação, com um brilho malicioso perpassando seus olhos acinzentados.
-Obrigada pelo presente de aniversário. –ela agradeceu, enlaçando o pescoço dele.
Ele sorriu, enquanto a puxava mais em sua direção pela cintura:
-Isso não é tudo, querida. –disse, enigmático, contra os lábios dela antes de iniciar um beijo.
O tempo tinha passado e apesar disso, ela ainda amava aquele homem. A convivência entre eles não era sempre um mar-de-rosas, mas o fato de terem um filho parecia de certa forma tê-los amadurecido. Ainda assim, Gina mantinha suas exigências de dois anos atrás...
A boca de Draco sobre a dela ainda fazia mágica com seus sentidos. Permanecia freqüente a quantidade de vezes em que ele fazia as pernas da advobruxa se assemelharem à geléia. Por sua vez, Malfoy sentia-se completo e seguro ao tê-la em seus braços. A sensação de uma felicidade a qual ele estava tão acostumado que julgava não mais conseguir viver sem.
Provavelmente teriam ido até o fim na ânsia de darem total vazão ao que sentiam um pelo outro, no entanto, um “toc-toc” na porta os impediu. Afastaram-se e Draco disse:
-Entre!
Era Graciela, a empregada:
-i Hola! Bienvenidos de nuevo...
Draco logo a interrompeu:
-Em inglês, por favor. A Virginia não fala espanhol, lembra?
-Ah, desculpem-me. Na verdade, apenas presumi que tivessem chegado quando vi fechada a porta desse quarto. Por isso não fui recebê-los na entrada. Se precisarem de algo é só chamar a mim, meu marido ou minha mãe. Mas devo lembrar à Sra. Malfoy que minha mãe só fala espanhol.
-Srta. Weasley. –a ruiva a corrigiu.
-Ainda?!? Mas já era tempo de terem se casado! –a empregada respondeu, espontânea.
Gina exibiu um sorriso constrangido, enquanto Draco disse:
-Não é por minha culpa que ela ainda não seja a Sra. Malfoy.
Virginia revirou os olhos e respondeu seriamente:
-Eu não quero falar sobre isso.
Foi a vez do semblante de Draco demonstrar seriedade e um clima desconfortável pairou no ar. Graciela, percebendo, logo se despediu dos dois.
O loiro sentou-se em uma das beiradas da cama e olhou fixamente a sua frente, com cara de poucos amigos. Gina sabia que no mínimo ele estava aborrecido, assim como todas às vezes que aquele assunto era trazido à tona. Então, a advobruxa sentou-se no colo de Draco e sussurrou em seu ouvido, enquanto acariciava os cabelos dele:
-Eu te amo, Draco.
-Eu às vezes tenho sérias dúvidas sobre a veracidade do que você diz, Virginia. –retrucou friamente.
Ela olhou profundamente nos olhos dele:
-Nós sabemos como acaba essa conversa. É isso o que você quer? –perguntou com a voz o mais suave possível.
Ele respirou profundamente:
-Você é intransigente demais. Do que você tem medo, Virginia?
Imediatamente ela levantou-se do colo dele:
-Eu vou dar uma volta, preciso de um tempo sozinha. –anunciou.
-Gata arisca. –ele riu, sem emoção, ao que ela indagou levantando uma sobrancelha –Eu toquei no seu ponto fraco, então você quer fugir. –explicou.
A ruiva engoliu o gosto amargo daquela verdade, mas não daria o braço a torcer:
-Eu não estou fugindo. –negou –Apenas quero ficar sozinha. Por acaso é algum crime? –tentou fazer a pergunta soar casual e descrente.
-Ótimo. –disse a contragosto e ela sabia que significava exatamente o oposto do que ele queria dizer –O que te fizer dormir melhor. –e saiu do quarto.
“Droga! Odeio quando ele faz com que me sinta culpada.” maldisse mentalmente, saindo do quarto e alguns momentos depois, da casa.
Andou pelos arredores, revivendo em sua mente a primeira vez que recusou um pedido de casamento de Draco.

***Flashback***

Hospital St. Mungus, 2 anos atrás

-Virginia Molly Weasley, aceita se casar comigo? –perguntou, ansioso e com expectativa.
A ruiva não sorriu e ele poderia não saber, mas ela esforçava-se para manter o rosto vazio de expressões:
-Não.
Dentro dela ocorria uma ferrenha batalha de sentimentos e sensações. As quais poderiam ser sintetizadas em duas principais: Por um lado, ela estava pulando de alegria por ele querer casar consigo. Porém, por outro lado...sua mente a alertava de que dizer “sim” seria precipitado e insensato.
Foram momentos tensos. Draco não podia acreditar que ela havia dito “não”. Tinha que ser uma peça pregada em conjunto por seus ouvidos e mente:
-Você não pode estar falando sério, Virginia. Eu amo você, eu não quero e não vou te perder.
-Eu também te amo, Draco. Mas não dá.
-Como você pode me amar se diz “não” para o meu pedido de casamento? Deve ser o efeito de alguma poção que te deram porque você não está sendo coerente.
-Eu estou completamente lúcida, Draco. Mas será que você esqueceu que eu estou aqui por sua causa?
-Mas você disse que me perdoava! –reivindicou.
-Sim, eu perdoei. Mas eu não posso esquecer, Draco. Não posso esquecer com quem estou lidando. Você é possessivo, ciumento, instável, desconfiado demais, burla a lei de n formas. Foi um erro enorme eu me envolver com você.
-Foi realmente um grande erro. –ele concordou –Tudo o que eu queria era me vingar de você, mas eu caí na minha própria armadilha. Você não é a pessoa certa pra mim porque você é teimosa demais, certinha demais, entre outras coisas. Mas você é a pessoa certa pra mim porque eu aceitei tolerar o que me incomoda em você, porque eu amo você e percebi que viver sem você seria viver num eterno e neutro tom de cinza e eu não quero isso. Eu quero a montanha-russa de preto no branco que é estar com você.
A ruiva engoliu em seco, antes de argumentar:
-Draco, eu também não quero você fora da minha vida. Eu totalmente não deveria sentir o que sinto por você, mas eu sinto e eu sei o que é ficar longe de você. Não pense que há falta de amor da minha parte, mas eu não sou mais uma garotinha sonhadora. Eu não estou esperando que um cavaleiro de armadura brilhante venha me buscar. Eu não sou uma princesa indefesa que precisa ser resgatada. Portanto, eu não estou te cobrando que seja o cavaleiro de armadura brilhante. Estou dizendo que amor não é o suficiente para manter um casamento, sejamos realistas. Desde que eu me apaixonei por você eu tenho deixado de lado várias das minhas convicções. Eu estou me perdendo. Daqui a pouco não saberei mais quem eu sou. Eu tenho a necessidade de não perder a minha essência.
Malfoy encarou-a seriamente:
-O que você quer que eu faça, Virginia? Se você me ama e não quer que eu seja um cavaleiro de armadura brilhante...o que você quer de mim?
-Bem, eu não sei exatamente...Mas eu realmente abomino o fato de você realizar atividades ilegais.-disse claramente.
-Hum...Isso faz parte de um voto perpétuo que eu realizei há muitos anos, mas eu não posso entrar em detalhes sobre ele...
-Eu sei que você era o espião-X. –ela interrompeu-o.
-Sabe? –perguntou, surpreso, e ela fez que sim –Ainda assim não posso entrar em detalhes. Foi para algo bom, você vai ter que confiar em mim. No entanto, eu acabei deturpando o propósito e tirando vantagens financeiras desse voto perpétuo. Eu sei que foi errado...mas eu sempre gostei de dinheiro e poder.
-É, só que agora nós temos um filho e você tem que pensar nele. Atualmente você não é um bom exemplo de pai, eu não poderia deixar que o Alex se espelhasse em você e fosse também um criminoso.
Ele respirou profundamente, a cabeça cheia de pensamentos em disparada:
-Eu posso parar de tirar vantagens do voto perpétuo. –ele prometeu, após alguns momentos –Meus negócios lícitos fornecem dinheiro mais que suficiente.
-Sério? –indagou, um tanto cética.
-Sim. As minhas prioridades na vida mudaram. Assim como eu acabei te influenciando, você também me influenciou.
-E sobre a sua instabilidade emocional? –ela questionou.
-Vem desde que eu era criança, não nego que fui muito mimado, mas...eu posso tentar me controlar. A última coisa que eu quero é machucar você. –ele garantiu –Agora você casa comigo?
-Não, Draco. Eu sempre sonhei em me casar, mas eu prefiro ver a decisão de um casamento como um equilíbrio entre emocional e racional. Eu acho que a gente deveria ir devagar e ver no que dá. Um passo de cada vez.
Ele respirou profundamente:
-Tá, é melhor que nada. –concordou –Mas quando é que você e o Alex vão se mudar pra minha mansão?
-Eu disse para irmos devagar. –ela lembrou-o –Morarmos juntos não está incluído no primeiro passo.
Ele revirou os olhos:
-Qual é o primeiro passo então? Não me diga que vamos começar sendo amigos porque daí você estaria abusando do seu sadismo pra cima de mim.
Ela riu do que ele havia dito:
-Para um relacionamento estável nós temos que ser amigos. Temos que ter um diálogo franco e aberto. Também é necessário confiança de ambas as partes. Mas calma, nós podemos começar como namorados. –acrescentou ao final, ao ver a cara de cão-sem-dono que ele já estava fazendo.
-Bom saber que não tem tanta maldade assim nesse seu coração. Decididamente você teria um lugar reservado no inferno se me privasse dos seus beijos. –disse de forma veemente.

***Fim do Flashback***

Não fora tão difícil assim daquela vez convencê-lo de que não deveriam se casar. No entanto, ela tinha certeza que ele pensara que logo a convenceria, o que não havia acontecido... A despeito das diversas tentativas do Malfoy.
Ele estava cumprindo a parte dele, controlando-se melhor e parando de financiar práticas ilegais, além de ser um pai atencioso. Definitivamente aqueles dois anos haviam produzido mudanças benéficas em Draco Malfoy. Mas seriam elas para sempre? Gina tinha medo que ele voltasse ao seu velho eu assim que se casassem. Justo ela que tinha falado sobre confiança...
“O Draco tem razão, eu estou com medo. Casar me parece algo tão imutável...Eu tenho medo de não dar certo. Se um dia eu for me casar com ele, eu terei que ter certeza de estar fazendo a escolha certa. Será que eu ainda não confio inteiramente nele?” pensou, confusa.
Depois de caminhar por umas 2 horas resolveu voltar e procurar por Draco, não queria que ele continuasse bravo consigo. Entrou novamente na casa. Ele não estava na sala de estar e tampouco no quarto deles ou de Alex (que continuava adormecido). Resolveu então procurar em outros cômodos. Encontrou-o na sala de piano. Draco estava sentado à frente do mesmo, mas não tocava, apenas olhava fixamente para as teclas. Gina fechou cuidadosamente a porta atrás de si e chamou de forma cautelosa:
-Draco?
Ele virou a cabeça para ela e os dois mantiveram contato visual:
-Senta aqui do meu lado. –ele disse por fim.
A ruiva aproximou-se silenciosamente e atendeu ao pedido dele.
-Hum... –começou, incerta, colocando uma mão sobre a dele que estava mais próxima –Me perdoa?
Draco focou-se nos olhos castanhos dela, percebendo o quanto Virginia estava desarmada e apreensiva, esperando a reação dele. A vontade do loiro era abraçá-la e beijá-la, mas não pensava que aquele era um caso de perdão subentendido e sem palavras. Não, mais do que conceder perdão, ele precisava fazer com que ela soubesse como ele a via e como ela se fazia importante na vida dele. Mostraria que ela não tinha motivos para estar insegura daquela maneira. Portanto, teve uma idéia. Tirou sua mão de debaixo da dela e olhou para o piano por alguns momentos antes de começar a tocar e cantar:
-She may be the face I can’t forget. A trace of pleasure or regret. May be my treasure or the price I have to pay. She may be the song that summer sings. May be the chill that autumn brings, may be a hundred different things within the measure of a day. She may be the beauty or the beast. May be the famine or the feast. May turn each day into a heaven or a hell. She may be the mirror of my dreams, the smile reflected in a stream. She may not be what she may seem inside her shell. She who always seems so happy in a crowd. Whose eyes can be so private and proud. No one’s allowed to see them when they cry. She may be the love that cannot hope to last, may come to me from shadows of the past that I’ll remember until the day I die. She may be the reason I survive, the way wherefore I’m alive. The one I’l care for through the rough and ready years. Me I’l take her laughter and her tears and make them all my souvenirs. For where she goes I’ve got to be, the meaning of my life is she. She. Oh, oh, she.
Gina ficou maravilhada tanto pela melodia quanto pela voz grave dele cantando frases de declaração tão lindas como aquelas. Ela sabia que ele não costumava ser romântico, mas quando resolvia ser...tinha que assumir que ele a derretia. Sendo assim, logo que Draco terminou a canção, a ruiva abraçou-o fortemente:
-Draco, isso foi lindo! Você se aproveita da minha queda por piano. –acusou-o.
-Me aproveito um pouco. –ele riu.
-Que tipo de sonserino você seria se não fizesse isso. –ela comentou e sentou-se no colo do namorado, de frente para ele –Poxa, eu não tenho nenhum talento musical para apresentar pra você. –acrescentou, manhosa.
-Ah, mas esteja certa que eu aprecio os talentos que você tem. –sorriu e piscou um olho.
-Ah é? -ela sorriu de volta –E quais seriam eles?
-Nem preciso falar do talento profissional, você deve ouvir isso o tempo todo. Bom, mas eu adoro o seu talento em fazer o Alex parar de chorar, em dançar...adoro quando você faz strip-tease pra mim, o seu dom persuasivo...que foi muito útil em fazer a sua família me aceitar, o jeito que você me satisfaz na cama...
-Só na cama, é? –ela riu, interrompendo-o, e antes que ele pudesse responder, beijou-o.
O Malfoy segurou-a contra si pela cintura, mordiscando o lábio inferior dela antes de sussurrar:
-Diz que você é minha. –demandou e passou a distribuir beijos estratégicos pelo pescoço dela como que a incentivá-la a dizer o que ele queria ouvir.
-Só se você disser que é meu. –ela provocou, mal contendo um gemido quando ele alcançou o ponto fraco dela naquela região.
-Eu sou totalmente seu, Virginia Possessiva Weasley. –ele murmurou.
Ela riu e Draco sentiu em seus lábios a vibração das cordas vocais da ruiva:
-Eu sou sua, Draco Aproveitador Malfoy. –ela declarou e ele a segurou mais forte enquanto a tombava para ter mais acesso no caminho para os seios dela.
A advobruxa tentava abrir a camisa dele e ficou surpresa quando Draco finalizou a sessão de beijos e deixou estática a mão que anteriormente acariciava a coxa dela. Ela olhou-o interrogativamente por um instante, no qual Draco aproveitou para segurar as mãos da ruiva nas suas. Fitou-a profundamente:
-Na verdade, tem um motivo especial de eu ter te trazido para San Andres. Eu me lembro que nós vimos um casamento na praia e você gostou...
“Ah não, de novo não...” ela pensou, triste de que eles mais uma vez acabariam brigando.
-Draco, eu...
O loiro cortou-a:
-Deixa eu terminar, Virginia. Depois você fala. Faz dois anos que eu te pedi em casamento pela primeira vez. Você me disse “não” por cinco vezes e ainda assim eu não desanimei de querer ficar com você. O que já fez com que eu me perguntasse o quão idiota eu poderia estar sendo. Mas o fato é que você tem medo, não adianta querer negar isso e eu estou aqui tentando te ajudar e te entender. Você disse para irmos devagar, mas se você parar para observar, nós não estamos subindo degrau nenhum. Ainda somos namorados que moram em casas separadas. Eu entendi que pra você o casamento é o último passo e parece uma espécie de tabu. –e ele tirou uma caixinha do bolso –Por isso, hoje eu não estou te pedindo em casamento, mas sim para ser a minha noiva que continua não morando comigo. Eu sei que o aniversário é seu e que um “sim” seu seria um presente para mim. Mas a questão é que foram dois anos estáveis! Eu preciso ver que não estou lutando numa batalha perdida. Eu quero um futuro para nós e eu estou fazendo o meu máximo para ser compreensivo com o medo de casamento que você tem. Seria ótimo que você fosse oficialmente a Sra. Malfoy perante a sociedade, mas não é para ostentar uma linda esposa e um filho fruto de uma união perfeita. Eu sei que não somos perfeitos, mas a nossa imperfeição é para mim fonte de felicidade. Eu amo você e o Alex. E é justamente por isso que eu te peço para ser a minha noiva.
Gina olhou do anel de brilhantes para Draco. Ele aguardava com ansiedade a resposta dela, a própria advobruxa conseguia perceber:
-Eu realmente tenho medo. –ela confessou após alguns segundos –Você já foi casado, Draco, e não era um bom exemplo de marido. E se você começasse a me tratar com descaso e sair com outras como você fazia com a Parvati?
-Eu não faria isso. Eu nunca amei a Parvati. –tentou se explicar.
-Mas e se você deixar de me amar? E se por isso você quiser se livrar de mim? –perguntou, não freando o que lhe vinha na mente.
-Me entristece que você tenha essa opinião sobre mim ainda. Se eu por um acaso deixar de te amar e estivermos casados, podemos nos separar. Eu nunca faria mal à mãe do meu filho. Por que você não confia em mim, Virginia?
-Eu te acuso de ser desconfiado, mas eu sou mais. Eu preciso de tempo para ampliar a minha confiança e descartar as minhas incertezas. Eu conheço o que o seu pior lado pode fazer, estou tentando me acostumar com o seu melhor lado. Eu sinto muito por ainda ser contra a idéia de nos casarmos. –ela murmurou, olhando para o chão.
Draco segurou as mãos dela entre as suas:
-Virginia, você sabe que não é do meu feitio ser paciente, mas eu estou me esforçando. Será que você não pode se esforçar um pouco também? De que vale o amor se não pudermos caminhar juntos? Já é tempo de subirmos um degrau, pense bem em tudo o que eu falei. Se quiser, não precisa responder agora.
A ruiva encarou-o, juntando toda a coragem grifinória que conseguiu no momento:
-Eu não preciso responder depois. Você está certo. Draco, você está sendo compreensivo comigo, mas eu não estou sendo com você. Não estamos caminhando juntos como casal que somos. Eu vejo duas saídas para esse impasse. Na primeira eu digo “sim” a esse seu pedido mais moderado e subimos esse degrau. A segunda é eu jogar a toalha e desistir da existência de um “nós”. –ela expôs e a essa altura Draco quis interrompê-la, o que ela não permitiu –É minha vez de falar até o final. Eu já fiz a minha escolha. –e respirou fundo –Draco, eu aceito ser sua noiva e continuar morando no meu apartamento. Hoje eu me sinto segura para dizer “sim” a esse pedido, você me fez ver isso. Mas tem uma coisa que eu devo dizer...daqui a algum tempo eu posso estar preparada para me casar com você ou talvez eu nunca esteja. Eu não posso pro...
-Shiu! –ele cortou-a, colocando o indicador sobre os lábios dela –Um passo de cada vez, lembra? Hoje eu estou feliz por você ter aceitado ser minha noiva. –e colocou o anel no dedo anelar direito dela, em seguida dando-lhe um beijo apaixonado –Por enquanto, isso é o bastante. Feliz aniversário de 25 anos, Virginia. –disse e fez um feitiço para que todas as portas da sala de piano se abrissem.
Dessas portas saíram vários empregados trazendo enfeites, mesa, bolo e outros quitutes. Mas o que mais impressionou a advobruxa foi ver a família dela também adentrar o cômodo. Lançou um olhar indagador para o loiro:
-Paguei vôos comerciais para todos eles. –respondeu, com cara de inocente –Achei que você ficaria feliz com a surpresa.
-Eu te amo, Draco Mafoy, meu noivo.
Ele sorriu presunçosamente e respondeu:
-A recíproca é verdadeira, minha noiva. –e os dois foram recepcionar os convidados da festa e contar a novidade.

The End

N/A: A música que o Draco toca e canta é do Elvis Costello e é tema do filme Um Lugar Chamado Notting Hill.
Surpreendentemente esse epílogo saiu muito mais rápido do que eu poderia pensar. Eu estava sem PC, mas ainda assim não conseguia parar de escrever. Foi tudo à mão mesmo, daí passei pro PC agora. Se for pra ser sincera eu estou super apreensiva com as reviews que irei receber pelo fim dessa fic. Eu não queria que terminasse em tragédia, mas também eu não queria que terminasse em uma nuvem cor-de-rosa. A história entre eles foi de altos e baixos e foi complicada. Então depois de refletir eu resolvi terminar de uma maneira mais aberta. Eu não estou garantindo um “e viverão felizes para sempre” e tampouco um cada um pro seu lado desejando que o outro morra. Tanto é possível que eles possam ter se casado e sido felizes quanto é possível que não tenha dado certo entre eles e eles tenham terminado. Espero que tenham apreciado a fic e sou muito grata pelo tempo que despendido para a leitura dela. Foram quase 4 anos da minha vida escrevendo essa fic, eu cresci com ela como escritora e como pessoa ^^ Foi um sentimento agridoce no momento em que acabei. Muitíssimo obrigada a todos os leitores

Compartilhe!

anúncio

Comentários (1)

  • lila cullen

    Adorei. esta história é realmente fantástica. deve ser a 3º vez que a leio e gosto cada vez mais dela, é uma das minhas histórias preferidas. simplesmente amei... *_* 

    2012-06-21
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.