A vez de Ronald Weasley



ATENÇÃO!!! FIC SENDO REPOSTADA!!

Olá, queridos amigos. Depois de 3 anos voltei para dar uma satisfação e uma boa notícia, eu acho. rs.. Minha vida ficou uma loucura esses últimos anos e meu projeto foi engavetado e sinceramente não sabia se iria voltar um dia.

Pois bem, voltei!

Decidi reler o que já tinha escrito e descobri que não gostava mais! hahaha. Então, decidi reescrever TUDO!! Mas se acalmem, dessa vez postarei até o fim. A pedra filosofal está pronta, e a câmara Secreta está mais da metade pronta também, então 2 livros eu garanto! rs. 
Espero que vocês ainda estejam dispostos a acompanhar e que ainda acreditem em mim, Juro que está bom! rsrs

Vou postar uma vez por semana!

Sem mais delongas, fiquem com o capítulo 1!



------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

CAPÍTULO UM


 A vez de Rony Weasley


 


A movimentação do lado de fora do seu quarto fez com que Rony acordasse sobressaltado naquela manhã agradável de 1º de setembro. Na realidade, não conseguiu dormir muito aquela noite, tentando imaginar o que estava por vir. Passou toda sua vida aguardando ansiosamente por esse dia, viu cada um dos seus irmãos mais velhos passarem por essa experiência e agora que chegou sua vez estava tão ansioso que parecia que diabretes resolveram dar uma festa em seu estômago; mas não era para menos, hoje era seu primeiro dia na tão sonhada Escola de Magia e Bruxaria Hogwarts.


Ir para Hogwarts era o sonho de toda criança, e a melhor experiência na vida de um bruxo. Era uma instituição milenar, formada pelos quatro maiores bruxos de sua época: Salazar Slytherin, Godric Griffindor, Helga Hufflepuff e Rowena Revenclaw. A escola era um internato, dirigido pelo melhor e mais forte bruxo da atualidade: Alvo Dumbledore, o qual seus irmãos e seus pais não se cansavam de elogiar; além de ter grandes bruxos como professores. Ali, o aluno entrava aos onze anos e saía aos dezessete; aprendia a controlar sua magia, a lidar com plantas e animais mágicos, a fazer poções, a se defender com magia e a se virar no mundo bruxo.


Sim, Rony era um bruxo, assim como toda sua família, e fazia parte de uma das famílias mais tradicionais do mundo bruxo: os Weasleys. Seu pai, Arthur, trabalhava no departamento de Mau Uso dos Artefatos dos Trouxas, o departamento mais monótono e com um dos piores salários do Ministério da Magia, que trata de feitiços lançados em objetos trouxas. Arthur era um homem inteligente e de grande potencial, não conseguia entender como podia perder tempo em coisas idiotas de trouxas. Mas não adiantava, ele tinha um fascínio imenso pela vida dos não-bruxos, e fazia seu trabalho por amor. O grande problema nisso tudo é que para sustentar sua grande família, esse amor não era o suficiente, então quase sempre estavam em um perrengue financeiro.


Rony tem seis irmãos, sendo cinco deles homens e apenas uma menina. Gui era o mais velho, com dezenove anos. Era um bruxo muito talentoso e de uma inteligência invejável, além de ser o mais bonito dos irmãos, segundo ouvia falar. Na escola tinha as melhores notas, tinha sido monitor e monitor chefe, e assim que se formou recebeu uma série de convites para fazer estágios e trabalhos. Dentre esses, escolheu trabalhar no banco dos bruxos, o Gringotes, e logo na primeira semana foi para a África para ser o representante do banco naquele lugar, onde estava há dois anos. Carlinhos era um ano mais novo que Gui e igualmente talentoso; na escola havia sido monitor e capitão do time de quadribol. Aliás, jogava quadribol como ninguém e chegou a ser chamado para jogar profissionalmente, convite negado, pois ao mesmo tempo recebeu um segundo e mais atraente convite a seu ver: trabalhar com dragões. Seu irmão era fissurado em animais mágicos, e quando foi convidado para trabalhar com esses animais não pensou duas vezes: se mudou para a Romênia e lá estava se dedicando à sua paixão.


Percy era o mais velho dos irmãos em casa naquele momento. Tinha quinze anos, mas poderia dizer que tinha trinta. Era chato, turrão, mandão e sério demais. Mas também muito focado e tão ou mais inteligente quanto os irmãos mais velhos, e todos os professores o amavam. Nesse mesmo ano havia merecidamente sido nomeado monitor da sua casa em Hogwarts, e seus pais estavam radiantes, pois ele seguia o mesmo caminho de sucesso de Carlinhos e Gui. Diferente de Fred e Jorge, os gêmeos de treze anos que deixavam a família de cabelo em pé. Viviam metidos em confusão e de castigo na escola. Entretanto eram realmente engraçados e corajosos, e apesar de marotos, isso não prejudicava suas notas, que eram realmente altas. Os dois viviam inventando coisas para pregar peças nas pessoas. Aliás, geralmente quando inventavam algo testavam em Rony; eles amavam metê-lo em suas confusões.


Ainda tinha Gina, a princesinha dos Weasleys, a tão sonhada menina. Segundo seus irmãos mais velhos, era o sonho de sua mãe ter uma filha para paparicar, e que a partir de Percy, todos os outros meninos foram tentativas frustradas de vir uma filha. A caçula da família tinha apenas dez anos – um ano mais nova que Rony. Se enganava quem achava que aquele sorriso largo e olhar angelical mostravam uma menina meiga e frágil. Gina era corajosa, geniosa e altruísta. Ter sido criada no meio de tantos homens a deixou durona, e na maioria das vezes era mais corajosa até mesmo que Rony, e por inúmeras vezes ela o defendeu das peraltices dos gêmeos.


Já Rony, bom, era apenas Rony. O menino de onze anos, alto para sua idade e um pouco desengonçado, sem nada de interessante para ser citado. Não era inteligente como Carlinhos, Gui e Percy, nem engraçado como os gêmeos, e ainda era menos corajoso que sua irmã caçula. Já estava acostumado a nunca se destacar na família, assim como a ter todas as suas coisas de segunda mão. Porém prestes a entrar na escola, pensava que finalmente deveria encontrar algo que o destacasse e mostrasse que podia ser tão bom quanto seus irmãos sem ser no xadrez. Ah o xadrez, nisso ele era bom de verdade. Nenhum dos seus irmãos era capaz de vencê-lo. Mas um jogo de tabuleiro não era o suficiente para mostrar seu potencial, se é que tinha algum.  


Sentou-se na cama e olhou em volta, tentando lembrar se esqueceu de guardar alguma coisa em seu malão. Sua mãe tinha vindo checar sua arrumação na noite anterior, pois ela sabia que ele acabaria esquecendo de algo importante que teria que mandar depois. Pensou em pegar um dos seus posters dos Chudley Cannons, seu time favorito de quadribol, que estavam colados na parede de seu pequeno quarto no sótão, mas não sabia se teria onde pôr. Olhou para cima da sua mesinha de cabeceira, onde estava a miniatura de um goleiro de quadribol defendendo as balizas que ganhara no seu último aniversário de seu pai, mas não adiantava levar, talvez não tivesse tempo para ele. Por mais que seus irmãos tentassem explicar, era difícil imaginar Hogwarts ou o que faria lá.


Ao lado da miniatura de goleiro, estava sua varinha e Rony não conseguiu conter um sorriso. Era a varinha antiga de Carlinhos, estava meio lascada e com o pelo de unicórnio saindo. As varinhas eram feitas de madeira, tendo uma parte de algum animal mágico em seu núcleo. Em sua maioria eram feitas de pelo de unicórnio ou fio de coração de dragão. Mas também tinham algumas bem raras, como as de pena de fênix. Seus pais não puderam lhe comprar uma nova, como geralmente era feito com as crianças assim que entravam em Hogwarts, pois Percy havia sido nomeado monitor e ganhado uniforme e uma coruja nova. Seus pais tiveram que escolher entre presentear a nomeação de Percy ou sua varinha e bem, ser nomeado monitor era algo grande e de motivo de orgulho. Ele era o sexto filho indo para a escola, não era novidade. Mas não ia reclamar, pelo menos tinha uma varinha.


Um barulho na porta tirou Rony de seus devaneios. Era seu pai que estava com o rosto para dentro do quarto com seu típico óculos torto e sustentando um sorriso bobo. Arthur fazia aquela cara de bobo geralmente quando os filhos faziam algo que ele aprovava, e Rony se perguntava se fazia a mesma expressão. Todos diziam que era parecido com o pai, e era mesmo; era indiscutível. Era alto e magro como ele, tinham o mesmo nariz comprido e lábios finos e os mesmos olhos grandes e azuis. Dos sete filhos somente ele e Percy haviam puxado seus olhos, todos os outros irmãos tinham a coloração castanha de sua mãe. Além de ser igualmente ruivo, mas isso não era algo raro, toda a sua família era ruiva, sem exceção.


Arthur era um homem bondoso, paciente e gentil. Passava grande parte do tempo livre enfeitiçando objetos trouxas, mesmo sabendo que isso era ilegal. Para falar a verdade o departamento do ministério que comandava, controlava justamente essa atividade, e grande parte das leis que impediam bruxos de mexer com objetos trouxas eram escritas por ele próprio. Nos últimos dias aparecera com um carro trouxa velho e azul, que ele jurara para sua mãe que não iria enfeitiça-lo, que só queria ver como funcionava.


Rony sorriu fraco para o pai. Não queria demonstrar o quanto estava nervoso com a expectativa de ir para Hogwarts, mas seu pai o conhecia muito bem para notar que estava com os nervos a flor da pele. Era o sexto filho passando por isso, além dele próprio já ter ido, portanto sabia o quanto todos ficavam nervosos na primeira vez. Arthur entrou no quarto de Rony, fechou a porta e sentou-se ao lado do filho.


— Não fique assim, Rony. Hogwarts é o melhor lugar do mundo! Posso dizer que a melhor experiência da vida de um bruxo, tirando a hora que ele se torna pai.


Rony suspirou, inquieto.


— Mas e se eu não me adaptar? Se não conseguir controlar a magia? E se ninguém lá for com a minha cara?


— Você vai conseguir tudo isso e muito mais, meu filho! — Arthur falou bagunçando seus cabelos — Você é um Weasley, todos ainda vão falar de você.


O garoto balançou a cabeça, incrédulo.


— Papai, eu não tenho nenhuma habilidade especial. Carlinhos era ótimo no quadribol, Gui era super inteligente, Percy é tão inteligente quanto Gui e foi até nomeado monitor, Fred e Jorge são engraçados e também conseguem ir bem os estudos, mas e eu? Parece que todas as qualidades foram para meus irmãos e não sobrou nada para mim.


— Não diga isso, Rony! — Arthur bradou — Você é tão inteligente, esperto e engraçado quanto seus irmãos. Para falar a verdade você possui muitas qualidades que seus irmãos não têm. Você é dos cinco é o mais leal aos amigos, e de todos nós, é, inclusive eu, você é o mais corajoso.


Rony deu um riso irônico. De todos os irmãos, na verdade, ele era o mais covarde. É o que todos sempre diziam, fora o seu medo incontestável de aranhas. Odiava aranhas, por vezes seus irmãos armaram para que ele ficasse em apuros com esses insetos e, por incrível que pareça, quem sempre o salvava era sua irmã mais nova.


— Não estou brincando. Você tem um espírito protetor que nenhum de nós temos. Como quando aquele bruxo falou que meu trabalho era bobo e você o acertou um soco no nariz mesmo ele sendo bem maior que você. Ou quando Gina correu para o cercado de Hipogrifos quando fomos visitar sua tia Muriel e você paralisou todos eles por reflexo para tirar sua irmã de lá, enquanto os outros apenas gritavam. — Arthur falou sorrindo — Não se menospreze meu filho, você é tão bom quanto seus irmãos!


Arthur afagou os cabelos de Rony e saiu em direção a porta.


— Mas papai, — Rony chamou — E se eu não for para a Grifinória?


Finalmente Rony tocou em um ponto que realmente o assustava. Hogwarts dividia os alunos em quatro casas. Grifinória, onde habitavam os mais bravios e corajosos; Lufa-Lufa, onde habitavam as pessoas mais pacientes, justas e leais; Sonserina, casa dos mais astutos e ambiciosos, sedentos de poder e também a casa de onde saiu mais bruxos das trevas; e Corvinal, onde habitavam os bruxos mais inteligentes e perspicazes, ainda que misteriosos. Seus pais e todos os seus irmãos pertenceram a Grifinória, ir para a casa de Goddric Griffindor, seu fundador, sempre foi motivo de orgulho para a família, mas não sabia se era digno de pertencer a uma casa tão renomada e especial. Não era corajoso, nem audacioso, nem astuto e nem mesmo inteligente. O máximo que conseguiria seria ir para a Lufa-Lufa já que diziam que apenas os panacas iam para lá, isso se não fosse expulso antes mesmo de entrar por não ter afinidade com nenhuma casa.


— Vou ficar tão orgulhoso de você quanto estou agora. — Arthur falou bondoso — Cada uma das casas tem sua história gloriosa e de cada uma delas saíram grandes bruxos. Você é um bruxo, Ron. Não importa para qual casa você vá você continuará sendo quem é. Você pode achar que não tem nada de especial agora, mas um dia vai perceber o quanto é único.


Rony sorriu um pouco mais aliviado. Incrível como seu pai sempre tinha a coisa certa a dizer.


Agora um pouco melhor, saiu do quarto, ajudando seu pai a carregar seu malão para o primeiro andar da casa. A "Toca", como todos chamavam, não levava esse nome à toa. Apesar de ter seis andares – e seu quarto ficava no último – era um pouco apertada e torta (sua mãe dizia que não, mas ele sabia que ela estava de pé por magia) e tinha um enorme quintal, cheio de árvores frutíferas, várias galinhas espalhadas ciscando por todos os lados, e eventualmente gnomos de jardim correndo de um lado para o outro. Não tinha luxo nenhum, mas gostava de morar lá.


Entraram na cozinha para tomar café da manhã, e já estava um caos, como em todo 1º de setembro. Sua mãe preparava os quatro lanches mais o almoço de Arthur, floreando a varinha freneticamente de um lado para o outro. Molly, era uma mulher gorda e de aparência bondosa, extremamente enérgica e ativa. Colocava ordem na casa e tinha um controle sobre os sete filhos que nem mesmo seu pai conseguia ter. Mesmo concentrada fazendo os lanches, ela gritava com os gêmeos, a plenos pulmões, pois os garotos travavam uma guerra de espuma de sabão, fazendo uma enorme sujeira na cozinha. Percy lustrava seu medalhão de monitor conversando com Gina, mas ela não parecia estar interessada no que ele falava e desenhava em um pedaço de pergaminho enquanto mordiscava uma torrada.


— Até que enfim você desceu. Mandei seu pai te buscar a séculos. Você não pode se atrasar é seu primeiro dia. — Rony soltou um muxoxo. Tinha esquecido por um momento do nervoso. — Vá tomar o seu café.


Sentou-se à mesa com seus irmãos. De todos os sete, ele sempre foi o mais faminto. Mas hoje não estava com fome.


— Roniquinho não está com fome? — Fred fez um exagerado tom de surpresa ao ver Rony brincar com os ovos fritos em seu prato — Leve ele ao St Mungus mamãe, o caso é muito grave.


Rony xingou o irmão baixinho e recebeu uma olhar feio do pai.


— Não precisa ficar nervoso. Tirando a parte que você quando você é selecionado para alguma casa em Hogwarts você fica com dor de cabeça por um mês, e também tem que lutar com um trasgo até que ele chore, e que quando faz algo errado o Filtch coloca você de cabeça para baixo na sala dele, Hogwarts não tem nada demais. — Jorge falou sorrindo malicioso para um Rony assustado.


— Tirando também que os primeiranistas não podem enviar nem receber corujas, nem assistir aos jogos de quadribol, e fazer as refeições nas masmorras perto dos morcegos, você vai achar que está em casa! — Fred completou.


Os garotos riam abertamente, cutucando-o.


— Parem já com isso, estão deixando seu irmão assustado! — Molly bradou, embora tivesse um meio sorriso no rosto, e virou-se bondosamente para Rony — É tudo mentira.


Rony voltou a brincar com os ovos fritos. Não sabia nenhum tipo de magia, nenhum feitiço sequer. Seus pais garantiam que feitiços deviam ser ensinados em Hogwarts, já que os bruxos menores de dezessete anos não podiam usar magia fora da escola. Se tivesse realmente que lutar contra um trasgo provavelmente iria ser massacrado.


— Mamãe, eu não posso mesmo ir para Hogwarts? — sua irmã perguntou, suplicante.


— Como já disse, Gina, você é muito nova. Ano que vem é a sua vez.


— Mas eu quero ir logo, vou ficar sozinha agora sem o Rony. Me deixa ir, por favor. — Insistiu.


— Já disse que não é sua hora! — Molly bradou.


Nos últimos dias Gina estava inconformada e não poder ir a Hogwarts mais cedo e Molly já estava ficando com pouca paciência.


— Alguma notícia do Gringotes, papai? — Percy perguntou antes que Gina voltasse a tocar no assunto.


O Banco Gringotes era o lugar mais seguro do mundo bruxo tirando Hogwarts. Estranhamente havia sido invadido por algum bruxo, e isso deixou todos em pânico.


— Ainda não descobriram quem fez aquilo, mas foi constatado que nada foi roubado, o cofre fora esvaziado pouco antes. Tem de ser alguém muito poderoso para enganar toda a segurança que há naquele lugar. Tenho para mim que é arte das trevas — Arthur disse sombrio, e virou-se para Rony — Coma logo, vai ficar com fome na viagem.


Molly subiu para buscar os uniformes que ficaram separados e Arthur foi para a sala arrumar os malões. Aproveitando que estavam sozinhos, Jorge sentou-se ao lado de Rony.


— Quer aprender um feitiço legal?


— Mamãe vai ficar brava se vir você me ensinando magia. — avisou.


— Ela não vai ver. Está com o Perebas aí? Pega ele, vou te mostrar.


Rony tirou o rato gordo e cinzento que herdara de Percy do bolso um pouco desconfiado. O animal dormia.


— O que você vai fazer com ele?


— Nada, eu vou te ensinar como mudar a cor dele. — Rony sentou-se ereto na cadeira. — Você vai dizer: “Sol margaridas, amarelo maduro, muda para amarelo esse rato velho e burro”.


Rony piscou algumas vezes. Normalmente os feitiços não eram tão longos assim.


— Isso é um feitiço? — Perguntou


— Claro que é! Tenta!


Seu irmão segurava o riso. Rony estranhou a atitude, mas mesmo assim pegou sua varinha; não custava tentar. Limpou a garganta e proferiu:


— Sol margaridas, amarelo maduro, muda para amarelo esse rato velho e burro.


Nada aconteceu.


— Tenta de novo! — Jorge insistiu dando risinhos abafados.


 Porém sua mãe apareceu na cozinha. Rony guardou a varinha de volta.


— Você tenta depois, vamos para fora! — Jorge falou indo para o quintal com Rony a seus calcanhares.


Fred estava sentado à sombra de uma árvore, com uma caixa entre as pernas.


— Não conseguimos tudo... — Falou a Jorge, abrindo a caixa — mas no passeio a Hogsmead compro o restante das coisas.


Hogsmead era o vilarejo bruxo que ficava próximo à escola. Porém somente a partir do terceiro ano eram permitidas as visitas.


— Compramos algumas coisinhas para nos divertirmos durante o ano. — Jorge explicou a Rony com um sorriso malicioso, e tirou um espécie de frasco com spray da caixa. — Esse aqui usamos com algumas pessoas especiais, faz a pessoa soluçar sem parar por horas, não há poção que faça melhorar.


— Esse é um dos meus favoritos. — Fred puxou uma pena. — A principio é inofensiva, parece até feita para escrever; porém quando você escreve, ela solta uma tinta no seu rosto que não sai durante o dia inteiro. É bem engraçado ver a pessoa tentando se livrar da tinta a qualquer custo.


— Legal — Disse Rony, pegando a pena da mão de Fred — Não dá nem para desconfiar... – e tocou a ponta da pena. O objeto esquentou um pouco e Fred deu um tapa em sua mão, fazendo a pena voar longe atirando tinta para todos os lados.


— Ficou louco, Rony? — Gritou irritado — Isso é sensível. Veja só, pingou no seu nariz!


Rony automaticamente esfregou a mão no nariz tentando limpá-lo, em vão.


— Não vai sair. — Jorge falou, analisando a mancha — Terá de ter paciência.


— Não posso ficar assim, é meu primeiro dia! — Desesperou-se, esfregando com força.


— Vai ficar muito pior se esfregar. — Fred segurou a mão de Rony. Seu nariz já estava vermelho e a mancha continuava intacta.


— Pensa pelo lado positivo, Rony. Logo no primeiro dia você deve ganhar um apelido! — Jorge provocou. — Pintinha


— Manchinha. — Fred zombou.


— Sujinho.


— Hematoma


— Meninos, venham logo, vamos sair! — Molly chamou os filhos. Fred e Jorge ainda inventaram mais alguns apelidos, para seu desespero, antes de alcançarem sua mãe. Rony ficou realmente preocupado, e esperava com todas as forças que ninguém reparasse em seu nariz.


A família Weasley finalmente estava pronta, reunidos na pequena sala de estar com todos os malões em mãos. Rony procurou não encarar a mãe e o pai para que não notassem a mancha preta no rosto. Arthur apareceu na cozinha com um vaso de flor nas mãos.


— Vamos para o lugar de sempre, a livraria do senhor Ziran, que fica ao lado da estação. Teremos que ir via Flu, é o modo mais rápido de se chegar lá, uma vez que estamos em cima da hora.


Flu era o modo que os bruxos tinham de viajar entre lareiras. Algumas lareiras eram conectadas magicamente, e com a ajuda do pó-de-flu, um pó mágico, o bruxo era rapidamente transportado de um lugar a outro em poucos segundos.


— Por que o senhor Ziran não fica com medo de nós, já que chegamos pela lareira, mamãe? — Gina perguntou


— Porque ele é um aborto, querida. Ele nasceu bruxo, mas não tem magia, então ele conhece nossos meios de transportes e magias e até consegue ver coisas que os trouxas não conseguem. — explicou, gentil — Podemos ir? Rony, primeiro você.


Rony apanhou uma pitada do pó-de-flu no vaso e atirou na lareira. Chamas verde-esmeralda apareceram no lugar da fuligem. Segurando bem o malão, entrou nas chamas.


— Livraria Z! – falou com firmeza


No mesmo instante foi engolido pela incômoda e conhecida sensação da viagem via Flu. Era como se estivesse em um tubo de ar, girando, viajando a vários quilômetros por hora e passando de lareira em lareira com um chiado alto e irritante nos ouvidos. A melhor coisa a se fazer em uma viagem via Flu era ficar abraçado ao próprio corpo e de olhos fechados, porém segurando o malão isso não era possível, então a cada curva Rony batia com os braços e cabeça nos cantos da lareira.


Segundos depois caiu em um baque surdo no tapete vermelho e fofo do senhor Ziran. A loja estava fechada como em todo primeiro de setembro para receber alguns bruxos que optavam por vir via flu. Rony levantou-se, cambaleando, coberto de fuligem, pegando o malão que fora jogado longe e checando se Perebas, o rato, estava bem.


— Olá senhor Weasley! — O senhor baixinho e magrelo, com os dentes da frente um tanto grandes estava sentado em uma cadeira próximo ao balcão da loja — Primeiro dia?


— Sim...  — Respondeu tentando se livrar da fuligem — Finalmente!


— Como queria ter ido para lá... — Senhor Ziran falou triste — Minha irmã foi. Todo natal e férias ela voltava me contando o que aprendera e as aventuras que tinham em Hogwarts. Pena que não tive essa sorte.


— Sinto muito... — falou pesaroso.


Logo seus irmãos e seus pais também chegaram e todos os Weasleys foram para a estação.


— Bem, — Arthur falou quando chegaram à entrada — preciso ir para o ministério, tenho um longo dia pela frente... — Ele abraçou cada um dos filhos. — Tenham um bom ano letivo. — E, girando o corpo em seu próprio eixo, desapareceu da frente de todos, aparatando.


— Vamos, temos pouco tempo! — Molly chamou nervosa.


Seus irmãos seguiram na frente, animados; finalmente estavam prontos. Hogwarts estava cada vez mais perto, e mal podia esperar pelas aventuras que viveria pelos próximos sete anos que estudaria lá. Se bem que do jeito que era azarado, permaneceria com a mesma vida monótona que tinha em casa; faria poucos amigos e aventuras passariam longe...


Ou talvez não. Deixaria que Hogwarts o surpreendesse.


 


 

Compartilhe!

anúncio

Comentários (1)

Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.