Nicolau Flamel



As férias de final de ano infelizmente chegaram ao fim e o castelo já voltava a sua normalidade. No dia seguinte ao Natal, Rony percebeu que Harry não tocou mais no assunto do espelho, e melhorou significativamente seu humor.  Hermione retornou um dia antes das aulas começar, sedenta por novidades de Nicolau Flamel, e ficou profundamente aborrecida pelos meninos não terem passado uma vezinha sequer na biblioteca e ainda por cima ficarem perambulando no castelo atrás de um espelho maluco.



Aquela era uma noite fria e chuvosa, e o salão comunal da Grifinória estava bastante cheio. Harry estava no treino de Quadribol pois teria jogo no dia seguinte, enquanto Rony e Hermione jogavam xadrez a pelo menos umas duas horas, depois de incontáveis partidas, todas vencidas por Rony. Ela chegou dizendo que havia treinado jogadas nas férias com um primo trouxa que era particularmente bom e disse que estava pronta para vencê-lo. Bem, não podia negar que ela veio com umas estratégias boas, e por duas vezes ele teve que parar para pensar com mais cuidado para não se complicar, mas ela ainda não era páreo para ele. Rony até poderia pegar um pouco mais leve e deixa-la vencer uma vez só para vê-la feliz, mas a verdade é que não ser a melhor em alguma coisa fazia muito bem a Hermione.



Mesmo perdendo, estavam se divertindo bastante, enquanto a garota contava a Rony sobre suas férias com a família.



— ...e quando meus pais dormiram eu fiquei vendo um filme sobre bruxos na televisão. É incrível como os trouxas não fazem a menor ideia do que são bruxos de verdade.



— O que isso faz? — Rony questionou, movendo seu cavalo.



— O que?



— A tevelisão, isso faz o que?



— É televisão! — Hermione riu — É um objeto retangular, com vidro na parte da frente. Ela serve para mostrar imagens e sons como nos filmes.



Rony balançou a cabeça, confuso. O que ela falava não tinha o menor sentido, era como se falasse outra língua.



— E o que isso faz? Quero dizer, esse tal de filme.



— Bem... — Hermione coçou a cabeça. — Filmes são histórias, como livros, mas ao invés de ler nós assistimos pessoas interpretando essas histórias como se fosse na vida real.



— Isso deve ser bem legal! — Rony exclamou, interessado — Você trouxe alguma tevelisão para Hogwarts?



Hermione riu alto.



— Televisões são grandes, Rony! Não cabem em um malão. Além do mais precisa de energia elétrica para funcionar. E não existe energia elétrica em Hogwarts.



— Energia eclética? E o que é isso? Já ouvi meu pai comentar sobre o assunto mas nunca vi nenhuma. O que isso tem a ver com a tevelisão e com o filmes?



— Ai, ai Rony... – Hermione suspirou balançando a cabeça – Não tem como explicar desse jeito. Te convido para ir à minha casa um dia, daí eu te mostro todas essas coisas, o que são e como funcionam, então você vai entender.



Rony achou melhor não perguntar mais nada. Talvez nem mesmo Hermione sabia ao certo o que tudo isso significava. Os trouxas eram na verdade muito estranhos, produziam tanta coisa para tentar se virar sem magia mas no final das contas não sabiam sua verdadeira utilidade.



— Esqueci de agradecer o suéter que sua mãe me mandou no natal, foi muita bondade dela. Gosto da cor rosa.



— Não foi nada! — Disse Rony envergonhado. — Agora vamos voltar ao jogo, ainda estou esperando sua reação para me ganhar.



— Preciso admitir, você é bom nisso. — Hermione falou quando Rony destruiu sua torre.



Rony estufou o peito com o elogio.



— Você também é boa. Já fez eu quebrar minha cabeça em alguns momentos. Eu ensinei ao Harry a mais tempo e até agora ele não fez nem cócegas. Aliás, agora mesmo você me deixou em maus lençóis.



Ela sorriu e voltou-se para o jogo, interessada. Rony não ia dizer a ela que já tinha pensado algumas jogadas a frente que o levaria a vitória, deixaria ela pensar que teria chance. Porém, pela primeira vez, ela fez uma jogada que ele não esperava, e por pouco não o encurralou.



Nesse mesmo momento, viu Harry chegar e sentar-se próximo a eles.



— Não fale comigo agora — Rony antecipou, vendo o amigo abrir a boca — Preciso me concentrar.



— O que aconteceu com você? Está com uma cara horrível. – Hermione observou.



— Eu estou ferrado! — Harry choramingou — Snape vai apitar a próxima partida de quadribol!



O susto de Rony e Hermione foi tão grande que derrubaram as peças do jogo no chão.



— Como é? — Hermione perguntou com os olhos arregalados



— A madame Hooch está acamada e não vai poder apitar o próximo jogo, então Snape prontamente se ofereceu para ficar no lugar dela. Não sei o que fazer!



— Não faça nada! — Rony exclamou.



— Não jogue — disse Hermione.



— Diga que está doente — aconselhou Rony.



— Finja que quebrou a perna — sugeriu Hermione.



— Quebre a perna de verdade — insistiu Rony.



— Não posso — respondeu Harry — Não temos apanhador de reserva. Se eu fujo, Grifinória não vai poder jogar.



Se Snape apitar a partida com certeza Harry sairia do campo no mínimo em coma. O professor queria uma chance de pegá-lo, e essa era perfeita; estavam entregando a ovelha nas garras do lobo!



Naquele mesmo instante, a entrada da sala comunal abriu e um Neville com as bochechas vermelhas e afobado entrou aos pulos. Suas pernas estavam grudadas pelo feitiço Locomotor Mortis, ou Feitiço da Perna Presa. Ele veio saltando sob uma chuva de risadas. Rony e Harry até tentaram segurar, mas acabaram soltando umas risadinhas, e receberam um olhar feio de repreensão de Hermione. O garoto estava ofegante, deve ter precisado andar aos pulos como um coelho até chegar à torre da Grifinória.



Por fim, Hermione levantou-se, aborrecida, e fez o contra feitiço em Neville, que teve as pernas soltas na mesma hora. O garoto fungou, trêmulo.



— Que aconteceu? — perguntou Hermione, levando-o para se sentar com Rony e Harry.



— Malfoy — disse Neville com a voz embargada. — Encontrei-o na saída da biblioteca. Ele disse que estava procurando alguém em quem praticar o feitiço.



— Vá procurar a Professora Minerva! — sugeriu Hermione. — Dê parte dele!



Neville sacudiu a cabeça.



— Não quero mais confusão — murmurou.



Rony sentiu seu rosto esquentar.



— Você tem de enfrentá-lo, Neville! — disse segurando nos ombros do menino. A cada momento suportava menos Draco Malfoy — Ele está acostumado a pisar nas pessoas, mas não há razão para você se deitar aos pés dele para facilitar.



— Não precisa me dizer que não sou bastante corajoso para pertencer a Grifinória. Draco já fez isso — disse Neville, agora caindo no choro.



Harry meteu a mão no bolso e tirou um sapo de chocolate, entregando a Neville.



— Você vale doze Dracos — disse Harry. — O Chapéu Seletor escolheu você para Grifinória, não foi? E onde está Draco? Naquela Sonserina nojenta.



Neville deu um sorriso tímido, secando as lágrimas.



— Obrigado, Harry. Acho que vou para a cama... Você quer o cartão, você coleciona, não é?



Ele entregou o cartão a Harry. Rony já ia pediu que lhe desse caso fosse o Ptolomeu ou Agripa quando o garoto soltou uma exclamação, excitado, olhando para o verso do cartão, levantando de subto.



— Encontrei! — exclamou em voz baixa — Encontrei Flamel! Eu disse a vocês que tinha lido o nome dele em algum lugar. Essa figurinha é do professor Dumbledore, li-o no trem a caminho daqui. Escutem só isso:



O Professor Dumbledore é particularmente famoso por ter derrotado Grindelwald, o bruxo das Trevas, em 1945, e ter descoberto os doze usos do sangue de dragão, e por desenvolver um trabalho de alquimia em parceria com Nicolau Flamel.



Hermione levantou-se num pulo, com aquele olhar de sabe tudo que ela fazia quando sabia uma questão na aula. Correndo como Rony nunca tinha visto em direção às escadas dos dormitórios das meninas.



— Não saiam daqui! — disse de longe, sumindo pelas escadas.



Rony e Harry mal tiveram tempo de trocar um olhar intrigado e ela já estava correndo de volta, com um enorme livro velho nos braços.



— Nunca pensei em olhar aqui — falou excitada. — Tirei-o da biblioteca há semanas para me distrair um pouco.



— Distrair? – Rony exclamou espantado.



— Fica quieto, Rony! — Hermione mandou. Rony bufou e cruzou os braços. Quanto ela assumia a pose de sabe tudo ficava insuportável.



Ela não ligou para ele e continuou a procurar alguma coisa freneticamente folheando as páginas do livro, ansiosa, resmungando para si mesma.



Quando finalmente encontrou, bateu palmas, dando pulinhos na poltrona.



— Eu sabia! Eu sabia!



— Já posso falar? — perguntou Rony de mau humor.



Hermione ignorou mais uma vez.



— Nicolau Flamel — sussurrou ela, tentando causar impacto — é, ao que se sabe, a única pessoa que produziu a Pedra Filosofal.



Rony e Harry continuaram olhando para a garota, sem entender onde ela queria chegar. Inconformada, bufou, rosnando.



— Ah, francamente, vocês dois não lêem? Olhem, leiam isso aqui. — Ela empurrou o livro para os dois:



O antigo estudo da alquimia preocupava-se com a produção da Pedra Filosofal, uma substancia lendária com poderes fantásticos. A pedra pode transformar qualquer metal em ouro puro. Produz também o Elixir da Vida, que torna quem o bebe imortal.



Falou-se muito da Pedra Filosofal durante séculos, mas a única Pedra que existe presentemente pertence ao Sr. Nicolau Flamel o famoso alquimista e amante da opera. O Sr. Flamel que comemorou o seu sexcentésimo sexagésimo quinto aniversário no ano passado, leva uma vida tranquila em Devon, com sua mulher, Perenelle (seiscentos e cinquenta e oito anos).



— Viram? — disse Hermione, quando Rony e Harry terminaram. — O cachorro deve estar guardando a Pedra Filosofal de Flamel! Aposto que ele pediu a Dumbledore que a guardasse em segurança, porque são amigos e ele sabia que alguém andava atrás dela, esse é o motivo por que Dumbledore quis transferir a pedra de Gringotes.



— Uma pedra que produz ouro e não deixa a gente morrer! — exclamou Harry. — Não admira que Snape ande atrás dela! Qualquer um andaria.



— E não admira que não conseguíssemos encontrar Flamel em Estudos aos avanços recentes em magia — concluiu Rony — Ele não é bem recente, se já fez seiscentos e sessenta e cinco anos, não é mesmo?



— E agora que estamos sabendo, o que faremos? — Hermione perguntou.



— Não temos provas ainda que Snape está tentando roubar a pedra — Harry suspirou — Vamos ficar de olho.



Na manhã seguinte, os meninos não falavam de outra coisa a não ser o que fariam caso tivessem a Pedra Filosofal. Mal prestaram atenção no professor Quirrell que falava sobre lobisomens, pois imaginar ser dono de um bairro inteiro ou ter seu próprio time de quadribol era muito mais divertido.



— Eu com certeza compraria o Chudley Canons — Disse Rony convicto — E iria contratar o elenco do Tutshill Tornados, talvez ficasse só com o goleiro, e meu time finalmente ganharia o campeonato nacional.



Hermione, que prestava atenção na aula, virou-se de repente. Rony já esperava a bronca por estar conversando, mas ela virou-se para Harry.



— O jogo de quadribol está se aproximando... — Ela sussurrou — O que vai fazer?



— Eu vou jogar — afirmou Harry, embora não parecesse muito confiante. — Se não fizer isso, o pessoal de Sonserina vai pensar que tenho medo de encarar Snape. Vou mostrar a eles... Vamos tirar aquele sorriso da cara deles se vencermos.



— Desde que a gente não acabe tirando você desacordado da quadra — Hermione suspirou.



Havia passado alguns dias e agora faltava muito pouco para o jogo. Era final da tarde e Harry já estava no treino. Olívio Wood estava pegando pesado com os jogadores e Harry mal tinha tempo para os deveres naquela semana. Na verdade, nem mesmo Hermione estava preocupada com os deveres, a perspectiva de Harry ser massacrado por Snape durante a partida não deixava Rony e Hermione em paz.



Desde que Harry decidiu que iria mesmo jogar, Hermione não descansou até conseguir um jeito de poder dar cobertura caso o professor tentasse algo. Usando o que aconteceu com Neville como inspiração resolveu estudar e aprender por conta própria o feitiço Locomotor Mortis, que unia as pernas da vítima, impedindo-a de andar normalmente. Sabiam que num combate corpo a corpo não teriam a menor chance contra Snape. Mas ele não esperava que três alunos soubessem de seus planos, e se o pegassem de surpresa os outros professores talvez tivessem tempo de prendê-lo antes que fugisse.



Era o terceiro treino que ele e Hermione faziam em uma sala de aula vazia. No primeiro dia, Hermione precisou de pouco mais que dois minutos para prender suas pernas sem chance de soltar. Já Rony não teve a mesma facilidade, hora conseguia fazer perfeitamente, hora Hermione se soltava com tanta facilidade quanto se tivesse a amarrado com uma linha de costura. Porém com o passar dos dias, Rony já estava conseguindo ser mais consistente no feitiço.



— Vamos lá, Rony. — Hermione incentivou — Me ataca sem pena.



— Eu não estou com pena! — brigou, e não estava mesmo. Tinha ciência que a maior probabilidade era de que ela o machucasse.



— Então vai!



Rony suspirou, se concentrado. Mirou Hermione, brandindo a varinha:



— Locomotor Mortis!



Dessa vez o feitiço saiu com perfeição, e Hermione caiu para o lado, tombando em um baque surdo. Rony correu para desfazer o feitiço e ajudá-la a levantar.



— Você melhorou muito. — Hermione elogiou, massageando a cabeça, que bateu no chão quando caiu.



— Duvidou que eu seria capaz? — perguntou emburrado.



— Não seja bobo! — ela bradou — Estou dizendo que você aprendeu.



Rony cruzou os braços, chateado. As vezes se perguntava se era tão notoriamente inferior, ao ponto de ninguém colocar fé nele e acabar surpreendido quando fazia algo certo. Era como se ninguém esperasse que ele fosse capaz.



— Você acha que Snape pode fazer algo contra Harry de novo a essa altura? — Hermione perguntou enquanto saíam da sala — Da última vez, quando azarou a vassoura, ninguém esperava algo assim, mas agora os professores estão de olho em Harry, para não deixar que se repita.



— Eu não duvido, Snape é bastante talentoso. Além do mais, os professores estarão prestando atenção em Harry e não em quem vai tentar ataca-lo. O melhor e que nós fiquemos de olho no professor, qualquer movimento em falso, nós já sabemos como defender.



Foram dias tortuosos até o jogo, em que o professor Snape pegava mais do que nunca no pé dos três, principalmente de Harry. Fazia parecer que realmente queria que o garoto desistisse de jogar, mas ele se manteve firme e no dia do jogo foi para o vestiário de cabeça erguida; tremendo de medo e muito pálido, mas não deu o braço a torcer. Rony e Hermione tinham encontrado um lugar nas arquibancadas junto a Neville, que não conseguia entender por que eles estavam tão sérios e muito menos o motivo de terem trazido as varinhas para o jogo.



— Agora não esqueça, é Locomotor Mortis — cochichou Hermione enquanto Rony escondia a varinha na manga.



— Eu sei. — Rony respondeu com grosseria. Mais uma vez ela estava subestimando-o. — Não enche!



— Seja mais educado, Rony. Estou querendo ajudar. — Disse magoada.



Se pelo menos ela o levasse um pouco a sério ele não seria tão grosseiro.



— Rony, olha! Dumbledore! — Ela já tinha esquecido o desentendimento e apontava animada para as arquibancadas. O diretor estava sentado junto a outros professores para acompanhar a partida.



Rony sentiu um enorme alívio. Agora Snape não vai poder fazer mais nada, e ele sabia disso, pois não estava nem um pouco contente; estava no centro do campo de cara amarrada.



— Nunca vi Snape com uma cara tão feia — disse a Hermione — Começou o jogo! Ai!



Alguém cutucara Rony na cabeça. Era Draco. Rony observou que haviam outras dezenas de lugares para o sonserino e seus amigos sentarem, porém certamente não perderiam a oportunidade de provocar.



— Ah, desculpe, Weasley, não vi você aí. — Draco deu um largo sorriso para Crabbe e Goyle. — Quanto tempo será que Potter vai se aguentar na vassoura desta vez? Alguém quer apostar? E você, Weasley?



Rony não respondeu, ia tentar ignorar Draco até quando pudesse. Não podia ceder a essas provocações, não quando um professor poderia matar seu amigo. Snape acabara de achar uma penalidade na Grifinória porque Jorge mandara um balaço nele. Hermione, que mantinha todos os dedos cruzados no colo, apertava os olhos fixos em Harry, que circulava sobre os jogadores como um falcão, à procura do pomo.



— Sabe como eu acho que eles escolhem jogadores para o time da Grifinória? — disse Draco bem alto alguns minutos depois, quando Snape aplicou nova penalidade em Grifinória sem a menor razão. — Escolhem as pessoas que dão pena. Vê só, o Potter, que não tem pais, depois os Weasley, que não tem dinheiro. Você também devia estar no time, Longbottom, você não tem miolos.



Rony respirou fundo para não acertar Draco ali mesmo. Neville ficou muito vermelho, mas se virou para encarar o loiro.



— Eu valho doze Dracos, Malfoy — gaguejou ele.



Draco, Crabbe e Goyle rolaram de rir, mas Rony, deu tapinhas em seus ombros o incentivando, dizendo:



— Isso mesmo, responda a ele, Neville.



— Longbottom, se miolos fossem ouro, você seria mais pobre do que Weasley e isso já é muita coisa.



O coração de Rony estava acelerado. Draco estava, pouco a pouco, tirando-o do sério. Precisava resistir, era a vida de Harry que estava em jogo. Mas estava difícil ignorar.



— Estou lhe avisando, Draco... Mais uma palavra... — Advertiu.



— Rony! — disse Hermione de repente. — Harry!



— Quê? Onde?



Rony só teve tempo de ver Harry descer como um raio em direção ao chão. Todos se levantaram nas arquibancadas, empolgados, gritando feito loucos.Se Harry pegasse o pomo ali, acabava a partida, e consequentemente a tensão se Snape o mataria ou não.



— Você está com sorte, Weasley, — a voz de Draco chamou sua atenção — Potter com certeza localizou dinheiro no chão!



Aquela foi a gota d’água e Rony reagiu antes que Draco conseguisse perceber. Sem dó, partiu para cima do loiro, derrubando-o no chão e acertando-lhe um soco bem dado no nariz. Neville hesitou, depois pulou o encosto da cadeira para ajudar.



— Vamos, Harry! — Hermione gritou, sem se dar conta que Draco e Rony estavam embolados em baixo de sua cadeira, nem nos pés arrastados e gritos que saiam do redemoinho de socos que era Neville, Crabbe e Goyle.



Era como um sonho se realizando. Cada golpe que acertava em Draco era como uma libertação, um alívio, uma alegria sem tamanho. O sonserino parecia tão assustado com a fúria de Rony que não conseguia reagir. Disparava socos e joelhadas com toda a força que podia, e ele apenas tentava se defender com os braços. O ruivo era maior, mais forte, e havia crescido com cinco irmãos. Se tem uma coisa que ele aprendeu bem foi a brigar.



Neville gritou alto ao lado, na briga com Crabbe e Goyle. Rony gelou; o garoto estava brigando com dois ao mesmo tempo. Nem ele mesmo daria dentro de uma briga com os dois, que dirá Neville. No impulso, Rony parou para olhá-lo e viu que o menino estava quase desmaiando. Aproveitando a distração, Draco, que não parecia muito bem depois da surra que levou, acertou um soco no nariz de Rony, fazendo o garoto cair para o lado contrário. Ainda armou mais um soco que naquela posição seria difícil defender, mas não aconteceu. Draco ficou paralisado, o punho cerrado no ar.  Ao olhar para cima viu Hermione com a varinha estendida apontada para Draco, com cara de poucos amigos.



— Francamente, Rony! — Ela bradou — Você perdeu Harry apanhando o pomo e ganhando a partida para trocar socos com Draco?



Rony levantou-se sem graça, sentindo o sangue escorrer pelo seu nariz. Deu mais um pontapé em Draco, que continuava imóvel no chão. O olho dele estava roxo e inchado e Rony sorriu de satisfação. Hermione girou os olhos.



— Você disse o que? — Só agora Rony entendeu o que Hermione falou — Nós ganhamos?



— Ganhamos. E foi um ótimo jog...



Rony soltou um berro alto a abraçou Hermione, sem pensar muito no que estava fazendo, salpicando a menina de sangue. Quando percebeu o que fez, soltou-a, sem graça.



— T-temos que levar Neville para a enfermaria, ele está desacordado. — ela se recompôs, e estendeu uma toalha pequena para Rony.



— Vamos, limpe seu nariz e me ajude a levar Neville para madame Pomfrey.



Rony e Hermione voltaram para o campo de quadribol para encontrar Harry. Ainda toparam com Fred e Jorge que tentaram arrastar os dois para a sala comunal, dizendo que fariam uma festa para comemorar a vitória, e tiveram trabalho para convencê-los a deixá-los sair. Mas ao chegarem no campo, Harry não estava lá.  



— Será que ele já entrou enquanto fomos levar Neville à enfermeira?



— Nós passamos pelo time inteiro e ele não estava junto — Hermione ponderou — Será que Snape... Olha!



Hermione apontou para o céu no instante que Harry irrompeu com sua Nimbus 2000 vindo da floresta proibida.



— Harry, onde é que você esteve? — perguntou Hermione quando o amigo pousou.



Rony estava empolgado com a vitória, e já tomou a frente, abraçando Harry pelos ombros.



— Vencemos! Você venceu! Nós vencemos! — gritou — E deixei o olho de Draco roxo e Neville tentou enfrentar Crabbe e Goyle sozinho! Ainda está desacordado, mas Madame Pomfrey diz que ele vai ficar bom. Isso é que é mostrar a Sonserina! Todos estão esperando você na sala comunal, estamos dando uma festa, Fred e Jorge roubaram uns bolos e outras coisinhas nas cozinhas...



— Deixem isso para lá agora — disse Harry, e então percebeu que o garoto estava desconsertado. — Preciso contar algo para vocês, mas não aqui. Vamos procurar uma sala vazia.



Eles verificaram se Pirraça não estava na sala antes de fechar a porta.



— Vi Snape e Quirrel conversando na floresta proibida. — disparou — Quirrell sabe que a pedra filosofal está aqui e Snape estava o ameaçando para que dissesse como pega-la. Ele não pareceu estar brincando, disse a Quirrell que não iria querer que fosse seu inimigo. — o garoto estremeceu com a lembrança. — Nós tínhamos razão, é a Pedra Filosofal e Snape está tentando obrigar Quirrell a ajuda-lo a roubar. Ele perguntou se o outro sabia como passar por Fofo, e falou alguma coisa sobre as magiquinhas de Quirrell. Imagino que haja outras coisas protegendo a pedra além de Fofo, uma porção de feitiços, provavelmente, e Quirrell deve ter feito algum contra-feitiço de que Snape precisa para entrar...



— Você quer dizer que a Pedra só está segura enquanto Quirrell resistir a Snape? — perguntou Hermione alarmada.



Harry assentiu e os três soltaram um muxoxo ao mesmo tempo.



— Terça-feira ela terá desaparecido — Rony afirmou.


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