O Duelo à Meia-Noite



Havia um mês que as aulas em Hogwarts tinham começado. Há um mês atrás Harry e Ash diriam que Dudley era o ser mais detestável do Universo. Agora o garoto gordinho tinha três concorrentes sérios.


Destes concorrentes, o menos pior de todos era Argus Filch, o zelador, e sua gata. Era incrível como ele SEMPRE aparecia na hora certa e no local exato para repreender feitiços nos corredores, casais namorando ou alguma traquinagem qualquer. Ele sempre pegava todos e não perdoava ninguém, parecia conhecer todas as passagens secretas da escola, talvez perdendo apenas para Fred e Jorge, e quando você pensava em fugir para se esconder, ele já estava no fim do corredor esperando para lhe pegar.


Em segundo lugar, vinha Snape. Além de ajudar sempre a Sonserina e prejudicar a Grifinória em tudo que era possível, ele era um puxa saco de primeira mão do Draco e fazia tudo o que podia para ferrar com os alunos da Grifinória, especialmente Harry e Ash. Se tratando destes dois então, parecia haver algum tipo de rixa pessoal, embora ela parecia ter começado antes mesmo que os gêmeos conhecessem o professor.


Mas sem dúvidas, o primeiro lugar e posto de mais chato ia para Draco Malfoy. Ele sempre andava pelos corredores com seus guarda-costas Crabbe e Goyle, e era perseguido e assediado por Pansy Parkinson, Mila Bulstrode e Dafne Greengrass. As três eram tão coladas como poderiam ser, e tão irritantes quanto Crabbe e Goyle. Mas Draco... Nossa, como ele sabia ser chato! Conseguira um amigo chamado Blás Zabini e então quando os sete sonserinos se encontravam tampavam o corredor inteiro: Zabini comentando alguma jogada fantástica de quadribol, Malfoy conversando com ele, as três meninas se pendurando no loiro e os dois armários dos lados.


Felizmente, os alunos da Grifínória do primeiro ano só tinham que suportar os Sonserinos na aula de poções. Ou pelo menos era assim, até o aviso das aulas de voo aparecer no mural da sala comunal, dizendo que a Grifinória faria as aulas exatamente com a Sonserina, começando dali uma semana.


Foi uma semana muito tensa.


Draco Malfoy não parava de se gabar de que voava perfeitamente bem, fazendo as "Siamesas", como Ashley apelidara as três nojentinhas, babarem ainda mais. Mas Draco não era o único. Zabini também se gabava horrores, chegando a ser ainda mais irritante que Draco.


E tudo estaria até bem se fosse assim, mas Simas se gabava igualmente, apesar de ser de maneira menos irritante, assim como Rony, que chegara a comentar que jogava no quintal de casa. Simas e Dino, que já eram amigos quase inseparáveis, chegaram a discutir sobre o que era mais divertido: Quadribol ou Futebol americano.


Assim como haviam todos estes para se gabar, Neville insistia que era um desastre com os pés no chão, então nem queria tentar tirá-los. Hermione e Ashley bem que tentaram encontrar um livro sobre dicas de voo, mas o melhor deles, Quadribol Através dos Séculos, falava mais sobre o jogo em si do que sobre voar. A única diferença era que Hermione estava se queimando em nervosismo tanto quanto Neville, mas Ash, assim como Harry, estava relativamente tranquila.


Na manhã das aulas de voo, pelo café da manhã, o correio entrou normalmente. Para variar, Draco abriu mais uma enorme entrega de doces vinda de sua casa, fazendo estardalhaço na mesa da Sonserina.


- Mauricinho metido. - comentou Rony, com a boca cheia de ovos e salsicha - Aposto como não come nem metade disso tudo, fica só exibindo pra todo mundo ver.


Então, algo diferente aconteceu. Uma coruja aterrissou na frente de Neville trazendo um pacotinho redondo. O garoto abriu com medo e com as mãos trêmulas como se o pacotinho fosse explodir, e quando finalmente viu do que o presente se tratava, ficou muito escarlate. Era uma bolinha transparente com fumaça branca dentro.


- É um lembrol! - exclamou Hermione. - Serve para te alertar caso você esqueça de alguma coisa. Você tem que apertar ela, se a fumaça ficar vermelha, é porque se esqueceu de algo.


- Vem cá, - sussurrou Rony para Ash e Harry. - como é que essa garota sempre aparece onde deve e onde não deve para se exibir? Parece até que tem um radar que mostra onde ela pode falar um pouco demais.


Os gêmeos abafaram risinhos. Neville apertou o lembrol e ficou meio verde depois, a fumaça se avermelhou instantaneamente.


- Xiii... - desdenhou Hermione, voltando a se perder atrás de Quadribol Através dos Séculos.


- O único problema, - reclamou Neville - é que eu não consigo me lembrar do que foi que eu esqueci! Nem sei se foi algo importante ou...


Os pensamentos de Neville foram interrompidos por um berro do outro lado da mesa da Grifinória:


- COMO ASSIM DOENTE?


- Shhh...! - Angelina tentava acalmar Olívio. Agora todos olhavam para eles tentando entender porque raios Olívio soltara um berro tão escandaloso. - A Alícia pegou uma virose, não é culpa dela. Parece que é grave, alguma coisa com fungos. Ela vai ficar muito tempo no St. Mungus e não vai poder participar do primeiro jogo da temporada.


- Nós já estamos sem apanhador, e agora preciso conseguir um artilheiro também? É nesse ano que a Grifinória vai se massacrada.


- Eu sinto muito Olívio. - disse Angelina, se retirando para o seu lugar na mesa do café. Olívio ficou muito irritado com a situação, juntou suas coisas e saiu do Salão.


- Quem é esse? - perguntou Harry.


- Capitão do time de quadribol da Grifinória. - respondeu Rony. - Pelo que meus irmãos contaram, a Grifinória vai ser massacrada mesmo. Estamos ferrados.


Ninguém reparara que no meio da confusão com Olívio, Draco e seus guarda-costas se aproximaram.


- Bolinha legal, Longbottom. - Draco disse, tomando o Lembrol das mãos dele.


- É meu, me devolve! - Rony, Harry e Ash se levantaram imediatamente.


- Ohohoooooo... O lesado tem guarda-costas também é?


- A diferença é que ele não precisa de nós e pode se defender sozinho se precisar. - retrucou Ash. Aquele maldito Malfoy... Nossa, como ele a tirava do sério! Harry e Rony também estavam quase explodindo de raiva.


Então, McGonagall, que tinha um faro e tanto para confusões se materializou atrás do trio de Grifinorianos.


- Posso saber o que está acontecendo aqui?


- Draco tirou meu lembrol, professora!


McGonagall ergueu as sobrancelhas para Malfoy.


- Hmpf. Só estava olhando. - ele tacou o lembrol na frente de Neville. - A gente se esbarra, panaca!


E os três se retiraram às gargalhadas.


- Sinceramente, essa Sonserina, aonde vai parar? - resmungou McGonagall se retirando.


Pela tarde chegou o tão temido, desejado e esperado momento: a aula de voo.


Quando os alunos da Grifinória chegaram, a Sonserina já estava lá. Dados alguns minutos, a tal Madame Hooch apareceu.


- Certo, o que estão esperando? Cada um ao lado de uma vassoura, rápido, rápido!


Os alunos se moveram, posicionando-de ao lado de uma das vassouras espalhadas pelo chão.


- Quero que estendam a mão sobre a vassoura e digam "EM PÉ". Quando eu disser três. Um, dois três.


- EM PÉ! - todos os alunos ordenaram. Este era um comando para que a vassoura subisse direto para a mão de seu dono. A de Harry, e a de Ash obedeceram ao comando imediatamente, mas foram as únicas. As de Simas, Rony e Malfoy levaram algumas duas ou três tentativas a mais para obedecerem. A de Hermione ficara se contorcendo no chão e a de Neville nem se mexera.


- Devem ser como os cavalos. - sussurrou Harry para a irmã. - Vai ver sabem quando a pessoa está com medo.


Depois de muito tempo nestas tentativas, Madame Hooch declarou que quem não tinha conseguido ainda simplesmente não tinha aptidão para a coisa e podia pegar a vassoura do chão. Então ela mostrou o jeito certo de se subir na vassoura e começou a andar de volta corrigindo. Harry, Ash e Rony riram ao ouvir Hooch dizer a Draco que ele segurava a vassoura do jeito errado a anos.


- Certo! Agora, quando eu apitar três, quero que deem um impulso suave com os pés, para sair do chão apenas por alguns minutos, certo? Quando eu apitar, um, dois...


- AAAAAAH NAAAAAAAAO! - Neville já estava no ar. Sua vassoura se contorcia loucamente de um lado para o outro.


- DESÇA! DESÇA GAROTO, JÁ!


Mas Neville continuava dançando de um lado para o outro na vassoura, até que o objeto se cansou e atirou Neville no chão.


Hooch correu até ele e ficou um tempo examinando.


- Pulso quebrado. - ela informou. - Vou levar este menino até a enfermaria. Se quando eu voltar qualquer um de vocês estiver com os pés a meio centímetro do chão, serão expulsos antes que consigam dizer "quadribol".


Ela foi levando Neville para dentro do castelo.


- Ih, olha lá! - exclamou Malfoy, indo com a vassoura até um ponto na grama. - É aquela porcaria do panaca. - ele se abaixou e depois estava segurando o lembrol. - Como é que alguém pode ser tão idiota assim, eu nunca vou saber!


- DEIXA ELE EM PAZ! - estourou Ashley.


- Ah, eu não sabia que você gostava de manteiguinhas derretidas, Potter. - disse Pansy.


- Antes isso que ficar me pendurando que nem uma oferecida em um garoto só porque ele é rico.


Uma ovação do tamanho do mundo surgiu do lado da Grifinória.

- Está tão desesperada assim atrás de dinheiro pra suportar uma coisa nojenta dessas, Parkinson? E depois são os Weasley que tem problemas...


Mais uma vez a ovação.


- Vai pagar por isso, Potter! - disse Malfoy se aproximando. - Conversaremos depois. - ele disse, com a expressão de raiva encarando Ashley. - Mas antes... Vou deixar isso aqui em algum lugar para o Longbottom pegar depois. Algum lugar alto.


E ele subiu na vassoura e foi se dirigindo para cima.


- ISSO NÃO É SEU MALFOY! - berrou Harry.


- Ah, é? Vem pegar então!


Harry subiu na vassoura. Ele ia dar um impulso quando uma mão segurou a sua.


- Harry, não. - era Ash. - Você vai ser expulso, não é melhor dedar ele depois e deixar que ele se ferre sozinho?


- Você não vai fazer isso Harry Potter! Vai tirar mais pontos da Grifinória! - reclamou Hermione.


- Calem a boca. - disse Harry dando um impulso.


- Harry! HARRY! VOLTA JÁ AQUI! HARRY POTTER! - Ash chamava mas não dava resultado.


Harry percebeu imediatamente que voar era ridiculamente fácil. E muito divertido. Percebeu também que Draco não mentira, sabia sim voar muito bem, mesmo segurando a vassoura do jeito errado.


Bem, é como um lápis. Muita gente no mundo segura o lápis do jeito mais errado possível e tem uma letra maravilhosa.


- Esse Harry, ninguém merece. - Ash se deu conta de que se quisesse que seu irmão descesse, teria que ir buscá-lo pessoalmente. Ela subiu na vassoura.


- Você também não vai... - começou Hermione.


- Cala a boca. - Ash cortou.


Logo os três estavam no ar, ao mesmo nível.


- Devolve. - Harry mandou.


- Tentem pegá-la de mim.


E uma confusão se instaurou. Draco voava de um lado para o outro, escapando dos dois como se fosse um sabonete. Harry e Ash quase trombavam um no outro tentando pegar o Sonserino.


- AAAH! CHEGA ASH! Precisamos de um plano. Vamos fechá-lo pelas diagonais, OK?


- Como assim?


Mas Harry já tinha se movido mais para o alto e para a direita. Ash foi para baixo e para a esquerda, e então os dois foram de uma vez para o centro. Fechavam as direções para onde Draco poderia escapar e...


Conseguiram, o fecharam e ele deixou o lembrol cair, bem na mão de Ash.


- PEGUEI!


- GAROTA EU JURO QUE TE MATO! JÁ É A TERCEIRA VEZ QUE ME TIRA DO SÉRIO SÓ HOJE, VOU ACABAR COM VOCÊ!


E Ash fugiu. Claro. O que mais ela poderia fazer?


E Draco foi atrás. E Harry atrás de Draco.


Ash viu que não ia escapar: tacou o lembrol certeiramente na boca de uma gárgula da parede do castelo.


Draco foi o único que reparou que a janela em cima da gárgula era da sala da McGonagall. Ele mergulhou imediatamente.


- COVARDE! SONSERINO NOJENTO! - provocou Harry. - Eu pego Ash, pode descer.


Ela ia descendo para pousar quando...


O lembrol rolou lentamente e caiu. Simplesmente mergulhou até o chão.


- Ah não... - Harry reclamou. Então, ele se pôs em um mergulho vertical na direção da bolinha. Um mergulho de mais de quinze metros.


Esticou a mão. Ia pegá-la, ia pegá-la, quase lá, quase...


Faltava um metro para atingir o chão quando ele a pegou.


Os gêmeos Potter pousaram com suavidade no campo tomados pela ovação dos alunos da Grifinória que...


... não durou muito tempo.


- POTTER E POTTER, OS DOIS, COMIGO, AGORA!


Era McGonagall. Estavam fritos.


Ela os guiou para dentro do castelo. Depois de subirem por dois andares, Harry tentou explicar o que acontecera mas foi cortado imediatamente.


- Legal, um mês de aula e expulsos. Já estou até vendo a cara dos Dursley.- comentou o garoto.


Eles pararam na frente de uma sala de aula.


- Flitwick, - chamou McGonagall à porta. - pode me emprestar o Wood um pouco?


- Mas é claro!


Wood. O que raios era isso? Um instrumento de tortura?


Mas o que saiu da sala não foi um instrumento, foi um garoto, o mesmo quintanista do berreiro na mesa do café.


- O que aconteceu? - ele perguntou, com o humor irritadiço. McGonagall apenas conduziu os três até uma sala, de onde espantou Pirraça que fazia bagunça e fechou a porta. Ela colocou um braço no ombro de cada um dos gêmeos e Olívio ficou parado do outro lado da sala.


- E então? - o quintanista perguntou.


- Consegui um apanhador e uma artilheira para você.


A expressão irritadiça do garoto ficou imediatamente sorridente.


- É sério? - ele se aproximou e puxou Harry pelo braço. Então começou a examiná-lo. - Magro, ágil, pequeno. O físico perfeito para um apanhador!


- Ele pegou uma bolinha caindo em um mergulho vertical de mais de 15 metros! - disse McGonagall, empolgada, embora tentasse disfarçar.


- É verdade? Caramba, nem o Carlinhos Weasley fez isso!


Harry abriu a mão mostrando o lembrol, que ainda carregava consigo.


- Uau.


- E a garota - começou McGonagall - acertou esta bolinha, deste tamaninho, dentro de uma gárgula enquanto estava em movimento.


- Uau. - Olívio começou a examiná-la como fizera com Harry. - Magra também, deve ser igualmente ágil. Uma menininha deste tamanho deve escorregar que nem sabão entre os outros artilheiros. Faz uma cara de brava pra mim. - Olívio pediu.


Ash fez cara de irritada, mas só porque estava realmente irritada por ser examinada como um animal de zoológico.


- Caramba, uma cara dessas vai mandar o goleiro adversário pro banheiro com as calças borradas! - comemorou Olívio. - Mas professora, e a regra sobre alunos do primeiro ano?


- Aaaah, não se preocupe, darei um jeitinho. Deus sabe como precisamos ganhar este ano, o Snape está cada dia mais insuportável. E vocês dois, - ela disse se virando para os Potter. - quero ouvir que estão treinando direito, ou mudarei de opinião sobre o castigo que merecem, Ok?


- Ok!


- Ótimo! Dispensados!


- Não acredito! - disse Rony, tempos depois, na mesa do jantar. - Vocês devem ser os jogadores de quadribol mais jovens...


- ... do século. - completou Harry. - Olívio disse.


- Parabéns gêmeos! - disse Fred aparecendo de repente. - Aparentemente, ter um irmão gêmeo te dá ótimos talentos de voo.


- Olívio nos contou. Estamos no time também, batedores. - prosseguiu Jorge.


- Vocês devem ser bons. Ele estava quase dando pulinhos quando nos contou.


- De qualquer forma, a gente se vê por ai.


- Até mais.


E eles se foram.


- Iiiiih... Lá vem confusão. - disse Rony tempos depois, ao ver Malfoy, e o grupinho todo se aproximando.


- Aproveitando a última refeição no castelo, Potters?


- Não sei do que está falando. - resmungou Ash.


- Sinceramente, você não achou que ia se livrar de nós tão facilmente, achou? - disse Harry, mordendo uma coxa de galinha.


Malfoy ficou verde de tanto ódio.


- Ah é. Tenho assuntos não resolvidos com você. - resmungou Malfoy, cheio de ódio, indicando Ashley. - É o seguinte. Pansy e eu desafiamos os dois para um duelo, meia noite, corredor de feitiços.


- Eles aceitam! - se meteu Rony. - Serei o padrinho deles, quem vai ser o seu?


Draco olhou para seus amigos, os medindo.


- Crabbe para mim e Dafne para Pansy. Até de noite. Torçam para que eu não mate vocês.


E ele se retirou com a turma.


- Eiei, que história foi essa de aceitar o duelo por nós? E o que quis dizer com "serei o padrinho deles"?


- Ah, qual é, vocês iam se acovardar? O padrinho te substitui se você morrer, mas isso é só em caso de grandes duelos, com grandes bruxos. O máximo que vocês quatro vão fazer é jogar fagulhas uns nos outros.


- E posso saber porque nós só temos você de padrinho enquanto eles têm dois? - perguntou Ash.


- E faz diferença? De qualquer forma, quem mais você acha que se meteria nessa? O Fred e o Jorge talvez, mas não precisa nem se preocupar com isso. Eu já disse que nem vão precisar dos padrinhos.


- Com licença. - Uma voz soou de trás do livro Hogwarts, uma história e Hermione Granger com os dentes grandes e o cabelo cheio saiu de trás dele. - Eu não pude deixar de ouvir o que disseram...


- Ah, aposto como podia. - resmungou Rony.


- ... mas vocês estão mesmo planejando quebrar outra regra ainda hoje? Não acham que é abusar muito da sorte não? Sem falar nos pontos que poderiam perder para a Grifinória.


- Você poderia por favor ser menos metida e enxerida? - pediu Rony. - Esse assunto não lhe diz respeito.


- Diz sim! E os pontos que eu custei a conseguir na aula de transfigura...


- CALA A BOCA! - berrou Rony dando um murro na mesa.


- Hmpf. Ótimo. Se é assim tomara que sejam expulsos. Os três. - e ela voltou a enfiar a cara atrás do livro.


Eram onze e meia. Harry e Rony se certificaram de que estavam todos dormindo no seu dormitório, Ash fez o mesmo no seu. Os três desceram as escadas pé ante pé, atentos a qualquer ruído, e ainda usando os pijamas. Mas mesmo com tanta cautela, não adiantou. Já havia alguém parado na porta.


- Não posso deixar que façam isso. - disse Hermione, de camisola, usando um tom mandão.


- Eu não acredito! Pensei que fosse nos deixar em paz! - exclamou Rony.


- Você não vai nos impedir. - disse Harry, andando até o buraco do retrato.


- NÃO! PAREM JÁ COM ISSO!


Os três saíram.


Ou melhor, quatro. Hermione foi no encalço deles. E quanto o quadro se fechou eles repararam que a Mulher Gorda não estava lá, provavelmente tinha ido fofocar com a amiga do quadro vizinho.


- Ótimo! Agora estou presa aqui fora e a culpa é suas! - reclamou a sabe-tudo.


- Nossa? Nossa culpa? Você nos seguiu porque quis! - explodiu Ash. Desta vez, Harry decidiu deixar a irmã descarregar a fúria, Hermione bem que merecia.


- E vou continuar seguindo! Não vou ficara qui sozinha, e se algum professor nos encontrar é só eu dizer a verdade. Digo que estava tentando impedir vocês de quebrar mais uma regra.


- Que cara-de-pau! - exclamou Rony. Ainda assim foram todos andando. Logo na frente do corredor havia uma sombra negra no chão, como um monte de pano.


Se aproximando mais viram que não era um monte de pano. Era Neville.


- Anh... AH!


- Shhhhhhhh...! - os quatro fizeram para o garoto.


- Ah, são vocês! Graças a Deus, eu esqueci a senha para entrar e estou aqui esperando já fazem horas! O Barão Sangrento não para de passar aqui, eu estou ficando com medo! A propósito, qual é mesmo a senha?


- Focinho de porco. - respondeu Harry. - Mas não adianta, a Mulher Gorda não está lá.


- Ah não...


Os quatro voltaram a seguir para o corredor de feitiços.


- Ei! Esperem! Não me deixem aqui!


E Neville foi no encalço deles.


Os cinco continuaram seguindo, atentos a qualquer movimento da sombra de Filch, ou um par de olhos amarelos de Madame Nor-ra, mas incrivelmente nenhum deles apareceu. Logo eles atingiram seu destino, o Corredor de Feitiços.


Os Sonserinos ainda não estavam lá.


- Ei, Hermione. - chamou Ashley. - Você é boa em Defesa Contra as Artes Das Trevas?


- Sou. Óbvio.


- Vai ser minha madrinha. Toma meu lugar no duelo se eu morrer.


- O que disse?


Em um movimento sincronizado, os gêmeos tiraram as varinhas das vestes e as colocaram em punho, no caso de Malfoy aparecer e começar a duelar do nada.


Mas Draco não estava lá. E não ia aparecer, quem apareceu foi...


- Continue farejando minha linda, eles devem estar em qualquer lugar...


Era Filch. Os cinco ficaram estatizados de pavor.


Harry ergueu a mão e fez sinal para que o seguissem. Os quatro foram atrás dele como gatos, sem fazer barulho algum. Harry mesmo não sabia para onde iam, só queria se afastar de Filch e achar o caminho de volta depois.


E ia tudo muito bem, até Neville tropeçar e cair em cima de uma armadura.


O estrépito foi o bastante para acordar o castelo inteiro.


- CORRAM! - Ash berrou, não adiantava mais fazer silêncio.


Foram todos correndo sem rumo, sentindo Filch atrás de si por escadas, portas, corredores e tudo o mais. No fim, se viram em um corredor onde Pirraça flutuava no final.


- Ah não... - reclamou Neville. Detestava Pirraça, por um motivo ou outro era sempre o alvo das pegadinhas dele.


- Uuuuu... Aluninhos, fora da cama, tão de tardezinha... Eu devia avisar o Filch, a sim, eu devia...


- Não! Não Pirraça, por favor, vai nos meter em confusão! - pediu Harry.


- Ah é? Hum... Vou pensar... Já sei! - ele puxou ar para dentro como quem toma fôlego, inflando-se como um balão. E então: - ALUNOOOOOS! ALUNOS FORA DA CAMA! ALUNOS FORA DA CAMA NO CORREDOR DO TERCEIRO ANDAAAAAAAAAAAR!


Os cinco avançaram pelo corredor quão rápido podiam.


No fim do corredor tinha apenas uma porta fechada. Era isso. O fim.


- Estamos perdidos! Fritos! Minha mãe vai me matar! - reclamou Rony.


- Ah, sai da frente! - empurrou Hermione. - Alorromora!


A porta se abriu, os cinco entraram e a fecharam, escorados, ouvindo.


Aparentemente Filch chegara ao corredor.


- Pirraça! Para onde eles foram?


Alguém puxou a manga de Harry.


- Já vai, espera. - respondeu o garoto.


- Nãaaao sei... E a palavrinha mágica? - Pirraça disse lá fora.


- Vamos Pirraça não desperdice meu tempo!


Alguém puxou a manga dele de novo.


- Já vai! - disse o garoto impaciente.


- Não digo nada se não disse por favor! - disse Pirraça lá fora.


- Está bem, por favor!


- Harry! - Neville sussurrou, puxando a manga dele de novo.


- Espera!


- NADA! - berrou Pirraça. - EU DISSE QUE NÃO DIZIA NADA SE NÃO DISSESSE POR FAVOR! - e a gargalhada sumiu ao longe.


Um espaço de tempo e depois Filch foi embora.


- HARRY! - chamou Neville.


- QUE É?


E Harry finalmente viu o que era. Um cachorro imenso, com três cabeças, ocupava o corredor inteiro do chão ao teto. E encarava os cinco.


- AAAAAAAAAAAAAAAAAH! - Harry berrou, seguido pelos outros. Os cinco nem se importaram mais com Filch ou Pirraça, apenas saíram correndo loucamente em busca do quadro da Mulher Gorda e a entrada para a Sala Comunal.


- Oh! Aí estão vocês! - exclamou a Mulher Gorda quando viu os cinco se aproximarem às pressas. - Onde estiveram? Lhes procurei por todo o...


- Não interessa! Focinho de porco, focinho de porco!


- Humpf. Quanta grosseria. - ela abriu o buraco e os cinco se colocaram para dentro aos tropeços. Ficaram um bom tempo jogados nas poltronas, sofá, ou até no chão, esperando a respiração se acalmar. Quando alguém falou, foi Rony.


- O QUE ELES ESTÃO PENSANDO? MANTENDO UMA COISA DESSAS EM UM CASTELO COM CRIANÇAS?


- Oras, vocês não usam os olhos usam? Não viram do que ele estava em cima? - perguntou a sabichona.


- Quem se importa? - respondeu Rony. - Não fiquei olhando para as patas, estava mais preocupado com as cabeças.


- Ele estava em cima de um alçapão! Guardando alguma coisa! Francamente... Agora eu vou dormir antes que me metam em outro problema. Dá próxima vez, podem nos matar, ou pior, expulsar.


E ela subiu as escadas para o dormitório.


- Honestamente. - disse Rony, ainda meio arfando de cansaço. - Ela precisa redefinir suas prioridades. E aquele merdinha hein? Aposto como nem queria aparecer e mandou o Filch para lá só para pegar a gente.


Harry e Ash nem se importavam se Malfoy queria ferrá-los ou não. O que importava era que aparentemente, já sabiam onde o pacotinho encalombado do cofre 713 tinha ido parar.

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