O Noivado



~ Capítulo 1 ~ O Noivado ~


Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo.
Mal de te amar neste lugar de imperfeições
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa.

- Sophia de Mello Breiner Andersen


O carro verde-limão desceu a Sloane Street e parou silenciosamente em frente ao número 15. Era fim da tarde de domingo e crianças andavam para cima e para baixo na rua com suas bicicletas enquanto algumas pessoas voltavam de passeios com cachorros e um grupo de senhoras de meia idade se comunicava por cima dos muros para comentar os acontecimentos do fim de semana.

Do carro saltou uma moça de cabelos loiros vestindo uma estranha combinação de vestido de bolinhas vermelhas e chapéu amarelo que se confundia com o cabelo. Pela outra porta saiu um homem atarracado, alto e com um promissora barriga. Os bigodes compridos e ensebados se enrolavam nas pontas, rendendo-lhe uma aparência cômica. Ambos se olharam desgostosos, enquanto ela pegava um embrulho no banco traseiro do automóvel. Logo em seguida, ele trancou a porta e, após verificar a porta da mulher, puxou-a com ele para a calçada que conduzia à varanda do número 15.

Antes que tocassem a campainha, a porta foi aberta por um jovem de cabelos castanhos e olhos fundos e cansados. Apesar do sorriso divertido, sua face estava pálida como se há anos não visse a luz do sol. Não aparentava doença e sim que se recuperava de uma longa enfermidade. Mas mais incomum que sua aparência eram suas roupas. Vestia uma capa azul-escura por cima de calça e camisa desbotadas e cerzidas em vários pontos – tudo incoerente com o sol e o calor de verão.

Por um momento, o rapaz olhou atônito para o casal parado à porta sem saber muito bem como agir, enquanto era observado pelos dois com expressões de crescente repudio.

- Ah, Remo... – disse uma voz feminina atrás dele – essa é minha irmã, Petúnia, e seu marido, Valter. Acho que já falei deles pra você.

A garota, ruiva e com olhos de um intenso verde-esmeralda, puxou Remo para o lado, abrindo espaço para sua irmã e o marido entrarem. Mas eles não pareciam dispostos a isso. A julgar pelas expressões em seus rostos, o que eles mais queriam era voltar para o carro e ir embora dali o mais rápido possível. Agora era possível ver que havia mais gente na sala. Uma mulher loira na casa dos vinte anos estava sentada no sofá mais próximo e conversava com um rapaz mais novo, baixinho, de feições finas e cabelos claros e finos. Próxima aos dois, uma menina que devia ter por volta de seis anos brincava com um jovem de cabelos compridos e sorriso sarcástico. A criança usava um vestido de verão de tecido fino que a fazia parecer a mais normal ali, à despeito de seus cabelos cor-de-rosa, exatamente no mesmo tom do vestido. Mais dois jovens e uma mulher mais velha estavam sentados na sala. Todos vestiam capas escuras e compridas em pleno verão, inclusive a garota ruiva que apresentara o casal.

- Como é, vão ficar aí fora até quando? – perguntou ela, subitamente de mal-humor.

Valter respirava ruidosamente, parecendo profundamente alterado pela visão daquelas pessoas. Já Petúnia parecia à beira de um ataque de nervos, com direito a violência física e gritos de indignação. Ela respirou profundamente três vezes antes de segurar o braço do marido e puxá-lo para dentro da casa. Seguiu com ele direto para a cozinha, sem nem mesmo cumprimentar os que estavam na sala.

- Não falei pra você? – perguntou a ruiva a Remo, assim que a irmã fechou a porta da cozinha.

Remo se limitou a sorrir sem graça para a amiga e então examinou o relógio.

- Ainda temos um tempinho para ele chegar – comentou o rapaz, mais para si próprio que para a amiga.

- Ele disse que ia chegar cedo – disse ela, cruzando os braços e lançando um olhar à janela como se esperasse ver alguém cruzando o jardim.

- Lílian, não tem que se preocupar, ele vai vir.

Lílian voltou-se para Remo com um olhar inquisidor.

- Eu não estou preocupada, Tiago nunca foi um exemplo de pontualidade e eu sei que a rede de flú anda um caos como tudo mais ultimamente. Você é que parece preocupado. Foi correndo abrir a porta assim que ouviu um barulho no jardim, quando nós dois sabemos que ele disse que vinha de pó de flú.

- Eu só pensei que talvez ele pudesse ter vindo voando no final das contas – disse Remo, olhando para o chão e se balançando levemente.

- Nem Tiago seria tão imprudente a ponto de vir voando no meio do dia – falou Lílian, com azedume na voz.

- Não, também acho que não... Que tal você me mostrar aquele livro novo que Dumbledore te mandou? - sugeriu Remo, evasivo.

A garota suspirou e passou as mãos pelos cabelos avermelhados. Francamente, a falta de sinceridade de Remo estava ficando cada vez mais irritante. Ele era um ótimo amigo e conselheiro, mas nunca parecia confiar inteiramente nela. Desde que se conheceram era assim, ele sempre sumindo por causa de parentes doentes ou mortos e voltando com ferimentos misteriosos, sempre com aquele olhar melancólico e triste, como se carregasse uma enorme dor e não pudesse dividi-la com ninguém.

- Está bem – disse ela, descruzando os braços e puxando de um bolso interno da capa a varinha de salgueiro impecavelmente polida. – Accio Antologia – ordenou e, logo em seguida, um grosso livro encadernado em couro marrom veio flutuando do andar de cima direto para as mãos da garota. – É uma edição rara – ela completou, antes de se sentar na poltrona mais próxima. Remo sentou na poltrona ao lado e Lílian começou a virar as páginas, comentando a utilidade de alguns feitiços contidos na antologia.


- Mãe, por que não falou que a Lílian ia convidar esses amigos estranhos dela? – Petúnia estava sentada numa cadeira junto à bancada da cozinha, enquanto Valter se acomodara num banco de três pernas perto da parede, a cor aos poucos voltando ao seu rosto.

- Ora, é normal convidar amigos para um noivado, não é? E ela não convidou só eles. Convidou também Lena e Jeanie... – Clara Evans conversava com a filha enquanto mexia um molho escuro que borbulhava no fogão. Com freqüência, ela provava e acrescentava alguma coisa à mistura. - E seu tio Terry também, mas eles ainda não chegaram. Sabe come ela é, não gosta de aglomerações, só chamou os mais íntimos.

- Normal? Do que você está falando? Aquelas pessoas estão vestindo capas e sobretudos em pleno verão e tem uma garota de cabelo rosa! – resmungou Valter, finalmente voltando a falar.

- Bem, não se pode negar que eles são um pouco excêntricos – disse a mãe, calmamente, abrindo um armário e procurando a travessa que separara para servir as costelas de cordeiro que assavam no forno. – Mas são gentis e a garotinha de cabelo cor-de-rosa é simplesmente um amor. A mãe dela, Andrômeda Tonks, se não me engano, trouxe uma torta de maçã para a sobremesa.

- Eu trouxe um bolo de frutas com calda de vinho – disse Petúnia, lembrando-se subitamente do embrulho que trouxera. – Á propósito, tinha muita gente estranha na sala, mas eu não vi o noivo – completou, seus olhos se estreitando à medida que a voz se tornava mais maliciosa. – Será que ele se atrasou?

Clara demorou para responder pois estava ocupada verificando a comida no forno. Quando terminou, tirou as grossas luvas de proteção e atirou um pano de prato no ombro enquanto desligava o fogo do molho.

- Ele chegará. Lílian disse que ele poderia ter problemas porque as lareiras andam congestionadas ou algo assim... – respondeu, se abaixando para procurar mais travessas no armário embaixo da pia, sem se dar conta da expressão de horror que a filha e o genro faziam.

Petúnia correu e fechou as cortinas da janela. Depois segurou o braço do marido, que quase despencara do banco e tinha o rosto cada vez mais vermelho.

- Não diga essas coisas em voz alta! – sussurrou a moça para a mãe, assim que esta emergiu com uma nova travessa nas mãos.

- Não dizer o que?

- Essa coisas anormais, você não pensa no que as outras pessoas podem achar se ouvirem? – Petúnia ia aumentando gradativamente o tom de voz enquanto o rosto de Valter agora se aproximava da tonalidade roxa, como se ele estivesse prendendo a respiração em protesto.

- As pessoas vão achar que, ao contrário da irmã mais velha, que sai de casa sem a bênção da família para ir morar com o noivo antes do casamento, Lílian está me ouvindo – respondeu Clara, com uma nota de mágoa na voz. Ela sempre defendera Petúnia perante os professores e o próprio marido acreditando que o comportamento da filha melhoraria com a idade, que o problema era a imaturidade e o ciúme bobo da irmã mais nova.

Era Petúnia que ela sempre sonhara vestir com um lindo vestido branco e fazer uma bonita festa ao ar livre com arranjos de mesa e lanternas de jardim.

Lílian nunca lhe parecera ter jeito para esse tipo de coisa. Clara Evans sempre tivera a idéia de que a filha mais nova fora talhada para os livros, assim como o pai. Mas Petúnia repudiara a própria família para casar com o namorado sem se importar com nada disso.

- Não é de mim que estamos falando – reclamou Petúnia, passando as mãos pelos cabelos amarelados e contraindo os lábios. Quase nunca aparecia em casa quando o pai ainda estava vivo, e menos ainda, agora que ele morrera. Sentia-se injustiçada por a mãe não aprovar seu casamento com Valter, mas aprovar o de Lílian com um moleque anormal que nunca penteava os cabelos.

- Que tal mudarmos de assunto? – sugeriu Valter, com a voz ainda rouca. – O que a senhora sugere que compremos para dar de presente de casamento?

- Não sei – respondeu Clara, empilhando pratos para levar para a sala de jantar. – É difícil pensar em algo. Coisas de cozinha não seriam úteis, já que Lílian não tem o menor jeito pra cozinhar. Eu pensei em um aspirador de pó, mas acho que não precisam de um tendo aquelas varinhas... – e antes que Petúnia começasse a reclamar de novo, a senhora Évans sugeriu: - Por que não se ajudam a arrumar a mesa?

- Oito horas.

- Li...

- Não, Remo, pare de tentar me acalmar.

Lílian fechou o livro com um estrondo e aparatou da sala. Segundos depois, descia as escadas vestindo uma capa de viagem e com um vaso de flores cheio de pó na mão. A conversa cessou subitamente na sala e todos olharam para ela.

- Lílian, o que você está fazendo? – perguntou uma mulher que vestia uma capa verde-escura. Parecia ser a mais velha presente, a julgar pelas mechas prateadas espalhadas pelo cabelo escuro.

- Eu vou buscar o Tiago, Arabela – disse Lílian, andando até a lareira.

- Lílian, não adianta perder a cabeça, o Tiago disse que vinha e vai vir. Daqui a pouco ele está chegando – tentou Remo, gesticulando como quem explicava uma coisa óbvia.

- Está certo, eu espero mais um pouco – respondeu Lílian. Por alguns instantes, Remo sorriu aliviado, mas ela logo completou: - se você me disser o que está acontecendo.

- Lílian, não há o que contar, a rede de flú...

- O Tiago ia aparatar se a rede de flú estivesse assim tão congestionada, não importa o que Dumbledore dissesse! – nesse ponto Lílian já falava tão alto que Clara Evans, Petúnia e Valter vieram ver o que acontecia da porta da cozinha.

Sírius deixou a garotinha de cabelos cor-de-rosa com quem brincava e se aproximou dos dois.

- Conte de uma vez, é melhor que ela ficar gritando desse jeito – disse Sírius, num tom desdenhoso, como quem não se importava realmente com o que acontecia, embora seu gesto de colocar a mão no ombro de Lílian revelasse bem o contrário.

- Mas Dumbledore...

- Dumbledore é um covarde – cortou Sírius.

- E Tiago...

- Tiago não está aqui! E aposto que ele ia contar de qualquer forma, então não vai fazer diferença.

- Do que vocês estão falando? – perguntou Lílian, agora com lágrimas rolando pelo rosto, sem que ela soubesse se eram de medo ou de raiva.

- Se você não contar, eu conto – disse Sírius, olhando Remo nos olhos. Remo suspirou, mas seu suspiro saiu mais como um uivo.

- Está bem – disse Remo, calmamente, após uma longa pausa em que permanecera de olhos fechados, como se quisesse reencontrar a sua paz de espírito. Então tirou o vazo da mão de Lílian e a fez sentar na mesma poltrona em que estivera há poucos instantes. Ela parecia já ter se recuperado e que não ia mais gritar, embora o rosto ainda estivesse vermelho e os olhos verdes ainda tivesse um brilho anormal. – Tiago não esteve na escola de aurores.

Lílian mordeu o lábio inferior e olhou para o carpete. Tinha um péssimo pressentimento sobre o que viria a seguir.

- Desde a formatura, Tiago esteve com Dumbledore. Comigo, Pedro, Sírius, Frank... Nós estamos... preparando uma resistência. Reunindo gente de confiança. O Ministério da Magia está completamente perdido e desestruturado.

- Eu sei disso! Você acha que eu acredito no que o Profeta Diário diz, que os aurores estão perto de pegar quem atacou a casa dos Bones e dos Priuet? Eu leio jornais trouxas, sei das mortes estranhas que estão acontecendo e sei que o Departamento de Execução das Leis da Magia está há um passo de ser fechado por falta funcionários. – Lílian não gritava nem chorava mais, mas seu tom de voz era tão desgostoso que Remo achou que seria melhor se ela gritasse e chorasse como há pouco.

- É por isso que, como eu já disse, Dumbledore está organizando uma resistência. E hoje à tarde Tiago e Dumbledore iam se reunir com Alastor Moody e umas pessoas que ele recrutou para prepararem a sede da ordem - Remo falava andando de um lado para o outro e sem olhar para a amiga.

- Que ordem? – Lílian ainda falava friamente, mas parecia aos poucos perder o controle de novo.

- É como Dumbledore nos chama. A Ordem da Fênix.

- Então aconteceu alguma coisa com eles... – disse Lílian. Sua voz soava firme, apesar de distante e grossas lágrimas voltaram a correr pelo seu rosto.

- Andrômeda, - cochichou Arabela para a moça loira – é melhor levar Nymphadora para o jardim. E Pedro, talvez você deva ir ver se a senhora Evans precisa de ajuda na cozinha.

- Não, estou bem aqui – respondeu Pedro.

- Sim, mais eu tenho certeza que a senhora Evans precisa de alguém forte para carregar as coisas – insistiu Arabela, empurrando Pedro para a cozinha e depois saindo pela porta da frente com Andrômeda e a Nyphandora.

Lílian, Sírius e Remo ficaram sozinhos na sala, em meio a um incômodo silêncio.

- Não é que ele tenha mentido pra você ou algo assim – começou Sírius enquanto observava displicentemente os objetos sobre um aparador. – Ele só achou melhor não contar. Dumbledore disse que não devíamos contar a ninguém.

- Tenho certeza que eles iam te contar assim que as coisas ficassem mais estáveis... – completou Remo.

- Mas Arabela sabia – murmurou Lílian, ainda olhando para o chão. – Ou, pelo menos, ela não pareceu nem um pouco surpresa.

- Dumbledore contou a ela há menos de uma semana. Logo depois do pai dela ter aparecido morto. Ele diz que foi obra de Voldermot e de seus seguidores – Remo respondeu, ainda andando de um lado para o outro da sala. - Entenda que, como aborto e vivendo com os trouxas, ela é um alvo em potencial.

- E Andrômeda? Ela sabia?

- Minha prima renegada pela família Black é o contato de Dumbledore com os trouxas – disse Sírius, apanhando um dos porta-retratos do aparador para examinar mais de perto.

Lílian passou as mãos desajeitadamente pelo rosto e secou as lágrimas. Fechou os olhos e puxou os fios de cabelo que caíam desodernadamente no rosto para trás das orelhas. Então pegou a varinha, que ficara equilibrada esse tempo todo no braço da poltrona, e apontou para a lareira. Murmurou algo como “incendius” e alegres chamas alaranjadas começaram a crepitar sem que houvesse lenha alguma para ser queimada.

- Lílian, o que você vai fazer? – perguntou Remo, parando de andar e encarando-a. Sírius parou de bater na foto com o dedo (tentando fazer as pessoas se mexerem).

- Aconteceu alguma coisa e eu vou buscar o Tiago esteja ele onde estiver – respondeu ela, arrancando o vaso que trouxera das mãos de Remo. Pegou uma pitada do pó e a atirou no fogo, fazendo as chamas ficarem verdes.

- Lílian, nem nós sabemos onde ele está – suplicou Remo. – Você sabe que a rede de flú não funciona se você não souber precisamente aonde quer ir.

- Então eu vou ter que procurar em cada lareira da Inglaterra até encontrar! – Lílian gritou, se dirigindo para a lareira, apesar das tentativas de Remo de fazê-la parar. Mas ela não chegou a entrar no fogo, pois na mesma hora uma coisa emergiu das chamas e caiu por cima dos dois.

Por alguns instantes, Lílian achou que uma espécie de feitiço os atingira e apertou os dedos da mão direita só para constatar, em pânico, que a varinha rolara para longe na queda.

Mas, logo depois, sentiu tudo, raiva, medo e apreensão, desaparecer, cedendo lugar a um enorme alívio:

- Eu disse a você que odeio pó de flú – era a voz de Tiago. Ele foi o primeiro a se levantar e começou a olhar ao redor. – Onde foram parar meus óculos?

- Pois eu gosto muito – falou um homem com barba por fazer metido em uma capa esfarrapada. Só então Lílian percebeu que ele estava por cima dela e a olhava de uma forma assustadora, os cabelos ruivos revoltados em torno do rosto sujo e olhos vermelhos e inchados.

Tiago achou os óculos e, após limpá-los na capa, colocou-os no rosto só para dar de cara com Mundungus Fletcher agarrado com sua inocente namorada.

- Larga ela, sua besta – falou Tiago, empurrando violentamente Mundungous e ajudando Lílian a se levantar.

- Err... Pontas... – começou Sírius, que estivera parado esse tempo todo mais adiante, ileso.

- Depois, Almofadinhas, agora eu tenho que dar umas boas explicações à minha namorada.

Lílian, que até o momento estivera atônita, paralisada de surpresa, assumiu subitamente uma expressão séria, com um sorriso cínico muito parecido com o de Sírius.

- Explicar? Você não precisa explicar nada Tiago. Só o fato de você estar comigo é suficiente – disse ela, colocando as mãos nos ombros do namorado.

- Pontas, você... – tentou Remo, se levantando ao mesmo tempo em que tentava sacudir a fuligem das vestes.

- Depois, Aluado...

- É, depois Remo – completou Lílian, aproximando os lábios dos lábios de Tiago. Ele já tinha fechado os olhos e os outros três achavam que iam presenciar uma sessão de agarramento, quando ela se afastou, tão subitamente que Tiago quase perdeu o equilíbrio e caiu no chão.

- Ow!

- Antes eu tenho que te perguntar uma coisa. Por que eu deveria ficar noiva de um cara que não confia em mim? – sua voz soava profundamente magoada e seus olhos tinham um brilho diferente, como o que apresentavam quando a garota gritara com Lúcio Malfoy, ainda no tempo em que estiveram em Hogwarts.

Tiago olhou de Sírius para Remo e então para Lílian, compreendendo o que acontecera.

- Não podiam ter ficado de bico calado? – resmungou ele, desabando num sofá.

- Ah, eles podiam, e então eu nunca saberia da enorme consideração que você tem por mim – disse Lílian. Ela continuava em pé e parecia se esforçar muito para manter a expressão séria e não começar a gritar.

- Lílian, eu... – começou Tiago, levantando e se aproximando de Lílian.

- Quando pretendia me contar, hein? No dia do casamento?

- ... eu não tinha a intenção de mentir...

- Ou quem sabe seria quando nossa casa fosse atacada por comensais?

- ... eu pretendia contar pra você em breve, assim que as coisas se acalmassem...

- Ou talvez, Tiago, eu só descobriria quando me dissessem que você foi seriamente ferido, ou enlouqueceu depois de dias de tortura, ou então morreu e ninguém consegue juntar os pedaços pra enterrar!

Lílian falou tudo isso sem respirar, e agora as lágrimas, vencendo sua força de vontade, rolavam abundantes pelo seu rosto. Tiago a abraçou, não sem um pouco de resistência por parte dela. Mas a jovem acabou aceitando o abraço e chorou por alguns minutos no ombro dele, até que soluços cessarem e ela conseguisse falar novamente.

Sírius fez um gesto para Remo e Mundungus e os três saíram da sala em direção à cozinha, deixando o casal sozinho.

- Eu te amo – falou ele, com uma nota de desespero na voz. – Me perdoe, mas eu não sabia como dizer que ia fazer uma coisa perigosa dessas.

- Eu não ia te impedir, Tiago. Você sabe que não...

- Eu sei. Mas eu sabia que você ia ficar preocupada e eu não quero te fazer sofrer.

- Tiago, eu quero estar com você. Eu vou ser sua mulher, mas antes disso eu sou sua amiga. E eu sofro mais se você não me inclui na sua vida.

- Me perdoe – pela voz, Lílian achou que ele estava prestes a chorar também.

- Só se você prometer... – respondeu ela, após alguns instantes, se afastando para poder olhá-lo nos olhos.

- Err... podemos interromper essa cena meiga? – disse uma voz debochada, fazendo-os saltar.

Da lareira de onde há poucos minutos tinham saído Tiago e Mundungus, agora emergiam um careca com um longo casaco púrpura trazendo na mão uma carola e um velho usando óculos de meia-lua, com um nariz muito comprido e torto, cabelos esvoaçastes e prateados, assim como a longa barba e os bigodes.

- É bom ver jovens assim tão animados – disse o velho.

- Oi, professor Dumbledire, senhor Diggle – cumprimentou Lílian, sem graça.

- Desculpe o atraso – completou uma bruxa, atravessando as chamas da lareira. Seus cabelos estavam presos impecavelmente num coque no alto da cabeça e seu rosto exibia uma feição severa de quem não tolerava brincadeiras.

Nesse momento, a senhora Evans entrou na sala anunciando que já estava tudo pronto. Em poucos minutos, a mesa da sala de jantar dos Evans comportava quase vinte pessoas, rangendo sob o peso de travessas, bandejas, pratos e cálices. O jantar de noivado de Lílian e Tiago teve direito a brindes, troca de alianças e uma chuva de faíscas coloridas como fogos de artifício que dançaram nas paredes da sala de jantar por mais de uma hora (para desgosto de Petúnia e Valter, que permaneceram calados durante toda a refeição). Só quando o último convidado (Mundungus, que ficara bêbado e teve que ser apoiado por Remo) atravessou a lareira Tiago e Lílian voltaram a ficar sozinhos.

Por alguns minutos, se olharam em silêncio. O único som que ouviam era o da senhora Evans arrumando a cozinha.

- Eu prometo que nunca mais escondo coisas de você – disse Tiago, subitamente.

- Não - cortou ela.

- Não?

- Prometa que eu faço parte da sua vida e que vai me chamar para fazer parte da Ordem também.

Tiago a abraçou com força.

- Você é parte da minha vida – murmurou ele, com os lábios roçando nos dela – porque eu simplesmente não posso viver sem você. Tem idéia do quanto foi difícil não contar...

- Então não faça mais isso – respondeu Lílian, beijando-o em seguida.


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essa eh a 1. fic q eu publico, ainda naum terminei d escrever + jah tah bem adiantada.

digam o q axaram (msm q tenham axado ruim ~.~)


Bel_Weasley

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