E agora?

Capitulo XI

- Humph – Scorpius cruzou os braços e deu uma olhada na menina a sua frente. Ela estava com um vestido rodado com um detalhe na cintura preto e o resto vermelho vivo até um palmo antes dos joelhos e com um salto vermelho também. Um rabo encantado com uma flecha na ponta se mexia atrás de Rose, na sua cabeça dois pequenos chifres saiam de seus cabelos ruivos soltos e por baixo da mascara vermelha com detalhes em preto ele podia ver seus olhos castanhos brilhando em divertimento enquanto o analisava também. Na mão segurava um tridente que a ponta era preta, mas os espetos vermelhos.

- Hum – ela soltou uma risadinha. Scorpius estava apenas com um saiote branco que ia até os joelhos, nas suas costas grandes asas pareciam realmente vivas, suas pernas eram torneadas, como a de qualquer um que estude no mínimo dois anos em Hogwarts e nos pés tinha sandálias antigas, seu cabelo estava cacheado como Rose nunca vira, longe do liso que ele sempre usara. Mas o que mais chamou a atenção da menina era um inicio de tanquinho no abdominal do rapaz que fora sempre magro, coisa que Rose nunca o deixava esquecer, seus ombros sempre foram largos, mas aquela característica estava acentuada naquela noite;  uma mascara branca tomava conta de todo o rosto menos a parte da boca e seus olhos cinzas que brilhavam avaliativos para os castanhos por trás da pequena máscara que cobria apenas a região dos olhos e uma parte do nariz que a menina usava.

- Bom – Scorpius pigarreou acabando com o momento – Até mais ver – ele disse e se virou para seguir o caminho para a festa, ela o seguia pois também estava indo pro salão.

Não trocaram uma palavra durante o percurso, mas ao chegar à porta aberta do Salão Principal e olhar por trás da grande abobora que sorria medonhamente para quem chegava, Rose sorriu maravilhada e Scorpius sorriu orgulhoso. O salão estava mais escuro do que quando saíram o que mais chamava atenção era a replica da vila feita de névoa brilhante, as imagens contando uma história na parede que brilhavam coloridas também e a grande frase de espectro que pairava no ar “Noite dos Mistérios”.

A banda tocava musicas bruxas lentas, aquelas que sempre tem uma coreografia distinta e que todos os bruxos filhos de bruxos conheciam. Scorpius as adorava, para ele era a única coisa que comprovava que não eram trouxas, claro, porque parecia que tudo era voltado para eles, não podiam usar roupas normais porque os trouxas iriam estranhar, não podiam fazer seus festivais tradicionais porque eles poderiam notar, não podiam falar de coisas normais como “vassouras voadoras” pois eles podiam estranhar, e a lista de proibições era longa. Mas na musica não, ele se maravilhava vendo mulheres subindo e descendo e homens as carregando, girando, abaixando e estendendo suas mãos.

Lembrava-se da vez que pegara seus pais dançando uma delas em uma noite qualquer, eles sorriam como se aquele momento fosse o mais feliz de todos, até que finalizaram com um beijo, o pequeno Scorpius tampou os olhos pelo nojo daquela cena e quando os destampou novamente seus dois pais estavam sorrindo para ele e o chamaram para aprender a dançar e ele passou aquela e outras noites aprendendo a dançar com os pais muitas músicas.

- Sabe dançar, demôninho! – Scorpius provocou estendendo a mão e saindo de seu transe, mais pela ânsia de dançar que outra coisa.

- Desde os três anos, Projeto de Querubim! – ela disse aceitando o “desafio”.

Assim que chegaram a pista de dança uma musica acabou e uma nova estava começando, alguns casais saíram, mas a maioria ficou. A dança começava com a mão direita do cavalheiro segurando a mão direita da dama, e todos os casais assim fizeram; logo uma dança quase perfeitamente sincronizada começou, claro que muitos não se viraram para ver e continuaram conversando, afinal aquilo era comum, entretanto esse fato não tirava a beleza da coreografia e da melodia.

Scorpius e Rose dançaram três musicas antes de, com um olhar, decidirem se separar seguindo por direções opostas, o jogo estava empatado, ninguém errou o passo. Rose seguiu direto para a mesa de bebidas, a dança tinha tomado seu fôlego. Enquanto tomava prestou atenção na pista de dança, ali ela podia ver que um casal se destacava pela dança perfeita, uma menina morena fantasiada de fada e um menino castanho vestido de um mago pirata, daqueles que cruzavam os oceanos por baixo e eram grandes exploradores. Olhou para eles sorrindo, a menina era meio familiar.

- Olá, já te vi antes? – uma voz a vez virara a cabeça e encarar um príncipe que sorria galante.

- Provavelmente não, príncipes não costumam a chegar perto de mim, são puros de mais – ela disse divertida bebendo um gole de sua bebida.

- Que pecado, uma diabinha tão bela não deveria ser ignorada! – ele disse balançando a cabeça.

- Adoro pecados, sabe – ela disse sorrindo cálida – Pra falar a verdade estou até a procura de alguém para corromper – e ela se virou para a multidão.

- Pois acaba de achar, ouvi dizer que príncipes perfeitinhos como eu são suas vitimas favoritas – ele disse sedutor chegando mais perto de Rose.

- É o que veremos! – ela sorriu se aproximando também, mas então sentiu cheiro de álcool e se afastou instantaneamente – Creio que não vai rolar – ela torceu i nariz e começou a se afastar, mas ele segurou seu pulso.

- Não dê uma de chata, só um beijinho! – ele disse.

- Mas foi você agora mesmo que me dispensou! – ela levantou uma sobrancelha.

- Claro que não...

- Mas foi agora mesmo, você não se lembra? – ela o olhou em duvida.

- Claro que lembro – ele quis sair por cima, estava tonto, Rose conhecia bem os tipos de bêbados, esse era um bêbado-sóbrio, o qual não parece bêbado, é super fácil de confundir – E saia daqui!

- Ok – ela levantou os braços e saiu dali sorrindo divertida, mas então lembrou onde estava e sua cara ficou vermelha. “Quem foi o trasgo que trouxe bebida pra festa?”, ela pensava.

- Ei, cuidado ai ou vai estourar! – uma voz debochada soou às suas costas, ela se virou e viu... Harry Potter? – Tio?

- Quase, primo – disse o menino sorrindo.

- Al? – ela perguntou arregalando os olhos – Nossa, você está igualzinho ao seu pai!

- ‘Tô, não? – ele perguntou dando uma volta – A cicatriz foi a parte mais difícil, mas ficamos idênticos não? Por que você acha que deixei crescer a barba?

- Achei que estava tentando um visual novo – ela deu de ombros – Mas é verdade que estão bem parecidos, exceto... – ela parou de falar.

- Exceto pelo que? – ele perguntou surioso.

- Exceto por essas marcas de batom na sua gola, o resto está tudo igual – Rose comentou maliciosa – Ei, são três cores diferentes? – dessa vez ela o olhou desconfiada, ele apenas deu de ombros.

- Mudando de assunto, por que a senhorita estava parecendo um balão prestes a explodir agora pouco? – dessa vez ele levantou as sobrancelhas.

- Ah sim – ela disse com a raiva voltando – Encontrei um menino que, ou ele bebeu ou estava usando perfume á base de álcool.

- Vixi, acho que alguém vai terminar a noite mais do que encrencado – ele disse assobiando, e ela o olhou com uma sobrancelha levantada – Ei eu não sei de nada, e mesmo se soubesse eu iria contar pra você, morrer com essa idade não é pra mim – o moreno sorriu pra prima levantando as mãos.

- Ok, ok, você está limpo, mas ah se eu descobrir quem foi! – Rose disse cerrando os punhos.

- É, ele está encrencado, dá pra se ver – Albus disse rápido – Mas mudando de assunto...

- Rose! – uma princesa apareceu.

- Nara? – Rose perguntou arregalando os olhos, o cabelo não mudava constantemente de cor agora, nessa noite estava loiro e uma coroa pendia nele, o espartilho afinava sua cintura e o tecido volumoso depois descia até o chão e tinha cor azul, como todos os detalhes principais do vestido, a máscara era branca com pontinhos azuis aqui e ali – Que vestido lindo!

- É, não? Ele me faz lembrar tantas coisas – ela disse se perdendo por um minuto nos seus pensamentos, os primos só se olharam estranhando, mas ao final deram de ombros – Olha, acho que são os únicos que não mudaram a cor dos cabelos!

- Talvez, mas acho que assim fica melhor, como todo mundo espera que se mude a cor, não mudar é meio que um disfarce a mais nessa noite de mistérios – Rose piscou.

- Bom, meu personagem tem o cabelo que eu uso mesmo – Albus deu de ombros bem interessado na menina – Já nos conhecemos?

- Bom, a Rose estragou meu disfarce então acho que devo dizer sim, temos Poções, Transfiguração, Trato de Criaturas Mágicas e Defesa Contra as Artes das Trevas – ela disse sorrindo – Mas a primeira e a ultima não contam, os poucos de todas as casas fazem juntos.

- A menina nova? Sabia que já tinha te visto, fizemos dupla em poções uma vez!

- É eu me lembro! – Rose comentou sofrida, nesse dia tinha perdido a quantidade de vezes que Albus falara e perguntara dela, os outros dois a olharam estranhando – Bem esqueçam, vou ali ok! – ela disse apontando para um ponto a frente e andando um pouco mais.

Ficou parada por um momento pensando em onde a bebida proibida deveria estar, mas então outro menino apareceu, dessa vez era um sereiano. “Incrível como aparece gente falando comigo do nada por aqui!”, ela pensou.

- Aproveitando a festa? – ele perguntou com uma voz conhecida.

- Bryan? Você está verde! – ela exclamou sorrindo, “Comentário brilhante!”, ela ironizou em pensamento.

- Faz parte do personagem – ele corou bagunçando seus cabelos verdes – Então resolveu deixar seu cabelo ao natural? – ela assentiu – Seu cabelo combina com sua roupa! – ele comentou.

- É – ela concordou – E quanto a sua primeira pergunta, sim, estou aproveitando, e você?

- Não sei, acabei de chegar pra falar a verdade, tive um pequeno atraso – ele disse sorrindo amarelo, o que significa que não quer falar sobre isso.

- Hum, então aproveite, esse baile eu mesma ajudei a preparar, está um arraso – Rose diz sorrindo pomposa.

- Sabia que tinha um dedo seu na história contada nas paredes – Bryan sorriu.

- Bom, na verdade essa idéia foi do outro monitor chefe, mas eu aceito os créditos – ela sorriu maroto.

- Que coisa fe... ah, esqueci que você é uma diabinha – ele disse sorrindo do mesmo jeito – com o tridente e tudo, não?

- Alguém nessa escola tem que assumir seu lado mau – ela disse mexendo no tridente.

- Lado mau, claro que não, apenas o lado que não dá muita bola pras regras e gosta de se divertir, mesmo que isso signifique, pelo que soube, colocar milhões de pelúcias na sala de um professor – ele disse balançando a cabeça e sorrindo, sorriso no qual Rose contemplou boba por uns instantes.

- Amor, ai está você! – uma menina de cabelos pretos meio esverdeados apareceu abraçando Bryan por trás – Olá... Rose? Uau, você está linda.

- Oh, obrigada! – ela sorriu amarela.

- Você também está uma visão – Bryan disse sedando um beijo na menina, que era sua namorada, e sorrindo. Ela estava de Fada Mordente, só que mais bonita, na verdade ela estava linda.

- Oh, igualmente! – ela sorriu – Agora se Rose me permitir te roubar assim dela, que tal dançarmos? – e os dois olharam para a ruiva.

- Claro, podem sim! – ela disse e os dois sumiram pela pista de dança, ela andou mais um pouco e então encontrou um par de olhos conhecido.

- Huguito? – ela perguntou e o menino vestido de deus grego se virou para ela vermelho.

- Quantas vezes já lhe disse para parar de me chamar disso? – ele perguntou irritado, ao lado dele uma amazona loira ria.

- Você nem sabe quem é “você”! – ela acusou.

- Quem é a única pessoa que me chama de Huguito fora a mamãe, Rose? – ele perguntou – E que tem coragem de vir com um vestido curto desses? – ele fez uma cara feia pro vestido.

- Primeiro: tem gente com vestido menor que o meu e segundo: Lily? – a menina confirmou – Que amazona charmosa! – ela corou. Tudo que seus irmãos tinham de sua mãe, ela tinha de seu pai, era muito tímida às vezes, mas tinha uma ousadia enorme.

- Igualmente diabinha! – ela disse sorrindo, Rose riu.

- Está sumida esse ano – Rose comentou.

- Muitos deveres, os N.O.M.’s são um saco! – ela disse cruzando os braços.

- Espere até chegar ao nível N.I.E.M.’s – Rose riu.

- Ok, mas hoje não é para falarmos de escola, minha irmãzinha organizou essa linda festa e acho que é hora de aproveitarmos! – ele disse sorrindo e apontando para a pista de dança que agora estava mais agitada porque os Kelkes tinham mudado para musicas mais agitadas e atuais.

E o tempo se passou, agora Rose dançava com um menino que ainda não identificara e se divertia, mas então alguém a chamou:

- Hum, Demôninho? Pode me acompanhar? – um anjo perguntou com um sorriso que só podia significar que algo havia acontecido, a menina pediu licença para o seu acompanhante e o seguiu até fora da festa.

- O que foi, Malfoy? Eu estava dançando e...

- Hanna e Rick acabaram de sair de mão dadas, pode não ser nada, mas também pode ser tudo – ele disse simplesmente.

- Hum, então o que estamos fazendo parados aqui, vamos segui-los – ela disse se apressando para a porta e ignorando seu companheiro que já estava dançando com outra. Scorpius apenas revirou os olhos e a seguiu.

- Pra que lado acha que foram?

- Pela direita – ela disse seguindo e os dois foram para lá, mas nada acharam ao final do corredor em uma nova bifurcação.

- E ag...

- Direita – ela disse simplesmente e continuou andando rápido para a direção; andaram até ficarem ofegantes pelo castelo.

- Já chega, você se perdeu! – Scorpius disse parando de repente, as mascaras de ambos já estavam com a face pra cima da testa, assim eles respiravam mais facilmente.

- Não me perdi! – ela exclamou mais ofegante que ele, ela também parou e se virou pro menino apoiando suas mãos nos joelhos – Acontece que eles – uma respiração – estão andando rápido de mais.

- Admita Weasley, você não sabe onde eles estão – ele disse com um sorriso de escárnio.

- Claro que eu sei... eles foram por... – a primeira parada foi para respirar, já a segunda foi interrupção de Scorpius:

- Shhh – ele disse olhando pro lado esquerdo.

- Não, agora você vai ouv... – ela começou mãos ele fez sinal para ela se calar novamente, ela não gostou nada, mas logo seu inicio de irritação deu lugar para a apreensão, alguém estava vindo.

- E agora? – ela disse com os olhos arregalados.

- Vamos voltar devagar – ele disse e os dois conseguiram dar dois passos para trás quando uma voz foi ouvida.

- Você é linda, sabia? – era a voz de Richard, o Sonserino; os dois estancaram.

- E agora? – ela repetiu mais baixo.

- Agora não sei! – ele disse baixo também e a voz da menina agradecendo soou, eles ainda não estavam perto, mas não tardariam a chegar.

- Como não sabe? – ela perguntou irritada aos sussurros.

- Você quer que eles saibam agora ou não? – ele perguntou no mesmo tom.

- Eu não sei! – ela sussurrou exasperada.

- Daí a coisa complica – ele sussurrou, os sonserinos já chegavam perto.

- Ah, jura? – ela ironizou – Achei que a coisa já tinha se complicado quando começamos esse plano.

- Que coisa, não dá para parar de ser chata pelo menos agora? – ele sussurrou irritado.

- Desculpe, estou nervosa – as vozes dele já estavam no corredor a frente.

- E agora? – ele repetiu aos sussurros a pergunta da menina.



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N/a: E agora? Hehe.

Bem, espero que gostem do capitulo.

E Obrigada  Marcela Snape pelos comentários, espero que goste desse cap também :)

Bjs,

Bibi.

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