Passado e presente



 



 


“Nós até podemos tentar esquecer o passado, mas o passado ainda não se esqueceu de nós.”


 


 


12 de Agosto - Manhã


 


Era uma manhã ensolarada de domingo e pouco mais de um mês se passara desde a Festa. Ann estava sentada à beira da piscina, apenas com os pés dentro da água, observando todos ao seu redor. Peter, John, Ben e Richard jogavam Snap Explosivo em uma mesa próxima, Lizzie estava tomando sol, estirada em uma cadeira e Rachel estava no lado oposto da piscina tirando fotografias a todo instante. Ao longe, sobrevoando o pequeno campo de quadribol que eles tinham na propriedade, estava David, sendo orientado aos berros por seu pai. E às vezes era possível ouvi-lo gritar coisas como “Mantenha o foco David!”, ou “Muito lento, muito lento!”, ou ainda mais comum “Você está uma droga David!”.


 


- Ah, ganhamos! – ouviu Ben gritar, chamando sua atenção


 


- Você está roubando Ben! – acusou-o Richard, sendo apoiado por Peter


 


Uma discussão amistosa começou entre os quatro, fazendo Ann sorrir. Peter e Richard pareciam enfim terem selado a paz. Na verdade muitas coisas haviam mudado desde a festa. John agora era definitivamente o novo goleiro do Cannon’s e dava entrevistas praticamente todos os dias no ultimo mês, além de ser perseguido por torcedores fanáticos do Cannon’s por todos os cantos e garotas enlouquecidas lhe pedirem autógrafos, o que deixava London furiosa. Rachel também tinha mudado, parecia ainda mais distante e triste, se isolando de todos, enquanto Ben parecia ainda mais rebelde, como se estivesse tentando provocar a todos.


 


- Ben, pára com isso! – ouviu Peter gritar – Ficou maluco?!


 


Ann olhou em direção aos garotos e viu Peter se levantando depressa e indo em direção a Ben que, para desespero de Ann, tinha um cigarro na boca e ria cinicamente. Ela também se levantou depressa.


 


- Qual o problema Diggory? É só um cigarro. – ele disse sorrindo, se levantando para se esquivar de Peter


 


- Me dá essa droga Ben! – ele gritou - Não seja idiota.


 


Ben gargalhou e Peter avançou até ele, tentando tomar o cigarro, mas ele mais uma vez se esquivou. Ann se aproximou e Rachel e Lizzie já olhavam a cena assustadas. Peter estava realmente nervoso e aquele sorriso cínico de Ben tiraria qualquer pessoa do sério. Peter se aproximou mais uma vez e Ben que era mais leve e ágil se esquivou de novo, fazendo Peter perder a paciência de vez e lhe empurrar com força. John se levantou e se pôs no meio dos primos.


 


- Não briguem. – pediu John muito sério, agarrando a camisa de Peter – Parem com isso agora!


 


Peter respirou fundo, tentando se aclamar e Ben, ainda sorrindo, guardou o cigarro no maço e abriu os braços.


 


- Pronto. Satisfeito? – perguntou Ben e desmanchou o sorriso – Desculpa, ta certo?


 


John soltou o primo e suspirou. Ben e Peter deram-se as mãos e sorriram. Rachel deu um pequeno sorriso do outro lado da piscina e Lizzie revirou os olhos com tédio, voltando a deitar na cadeira de sol. Ann deu um tapa na cabeça de Ben, que sorriu.


 


- Acabou o jogo pra mim, vou tomar um banho e trocar a roupa. – disse John pegando sua camisa pendurada na cadeira – Vou dar uma entrevista a uma revista irlandesa hoje.


 


John fez cara de desanimo e saiu. Ann se sentou no colo de Richard e lhe deu um breve beijo nos lábios.


 


- Escuta amor. – começou Richard cuidadoso – Já tem um bom tempo que seu pai e seu irmão estão lá, David deve estar morto. Eles costumam treinar tanto tempo assim?


 


Ann passou a mão pelos cabelos dele e lhe deu outro beijo.


 


- Meu pai exagera um pouco às vezes. Você não quer ir lá ver como ele está? – perguntou, quase que um pedido


 


Richard deu um pequeno sorriso a ela, como sinal de que tinha entendido. Ele lhe beijou mais uma vez e ela se levantou do colo do namorado.


 


- Obrigada. – ela disse vendo-o levantar-se também – Eu vou subir, pra falar com minha mãe.


 


Ele assentiu e chamou Ben e Peter para ir com ele, mas eles não quiseram e Richard chamou Rachel, que se levantou e o seguiu. Ann começou seu caminho até o quarto de seus pais, onde sabia que sua mãe estava. Na última semana os jornais tinham espaço para apenas uma matéria: exatos nove anos desde que o caso Dolohov chegara ao fim. Matérias relembrando os fatos que ocorreram na época, contando a vida da sua família e outras coisas que traziam a ela vagas lembranças da época.


 


- Mãe? – chamou Ann, batendo na porta


 


- Entra filha. – respondeu Hermione


 


Ann entrou e sorriu ao ver a mãe debruçada sobre vários papéis na cama. Hermione retribuiu o sorriso e juntou os papéis, fazendo sinal para que a filha se sentasse.


 


- Aconteceu alguma coisa? – perguntou Hermione a filha, já sentada ao seu lado


 


- Não. – ela disse incerta – Quero dizer, mais ou menos. É sobre o papai.


 


Hermione enrugou a testa.


 


- Algo que ele fez? – ela perguntou preocupada


 


Ann balançou a cabeça em negativa.


 


- Não, é sobre algumas lembranças minhas. – ela contou à mãe – Lembranças de quando eu tinha seis ou sete anos. Acho que por causa dessa história de nove anos do caso Dolohov... é amanhã certo?


 


Hermione suspirou.


 


- Sim, amanhã. – confirmou em tom cansado – Mas quais são as lembranças que te incomodam meu amor? Eu no hospital?


 


Ann maneou a cabeça.


 


- Também, mas mais exatamente sobre o papai, sobre como ele ficou na época, sobre como ele era antes do que aconteceu... – ela fez uma pausa – Às vezes eu acho que não podem ser mesmo lembranças, talvez fantasias de criança, eu era tão nova.


 


Hermione segurou a mão da filha entre a sua.


 


- Ann, o que está te preocupando filha? – ela perguntou


 


Ann desviou os olhos do da mãe por um instante e voltou a encará-la segundos depois.


 


- Papai era carinhoso, não era? – ela perguntou com a voz falhando – Quero dizer, tenho lembranças dele comigo no colo, distribuindo beijos e sorrindo. Dele ensinando David a jogar xadrez, se divertindo ao nosso lado. Me lembro de vê-lo chorar com nós dois no colo quando a senhora estava no hospital... – ela pausou, com os olhos úmidos – Me lembro de como vocês dois eram, de como se amavam... Não são apenas fantasias não é mamãe?


 


Hermione abraçou a garota, estava com o coração apertado.


 


- Não filha, não são fantasias. – ela disse se afastando para olhar a garota e deu um meio sorriso – Seu pai era... diferente de como é hoje.


 


Hermione secou uma lágrima que caíra dos olhos de Ann.


 


- Porque ele mudou mamãe? – ela perguntou triste – Eu amo o papai, mas queria saber o que aconteceu pra ele mudar tanto.


 


Hermione abriu a boca, mas a fechou novamente, com um longo suspiro.


 


- Muitas coisas aconteceram Ann, coisas que você nunca vai entender, e seu pai se culpou por muitas delas, mas não é só isso. – Hermione pausou – Apenas aconteceu.


 


Ann ficou calada, pensativa.


 


- Mãe, a senhora ainda o ama? – ela perguntou num sussurro


 


Hermione deu um pequeno sorriso para a filha e assentiu.


 


- Sim, eu o amo. – ela disse a filha, sem entrar em detalhes – Tente não se preocupar com isso filha, às vezes pode não parecer, mas nós estamos bem, eu te prometo.


 


Ann sorriu para ela e a abraçou novamente.


 


- Eu te amo mãe, não quero que a senhora sofra. – ela disse


 


- Eu sei meu amor. Eu te amo muito também, não se preocupe conosco. – disse mais uma vez a ela


 


Ann se afastou e beijou a face da mãe, antes de se levantar.


 


- Vou descer.


 


Hermione sorriu e assentiu. Elas se despediram e Ann deixou o quarto, fechando a porta. Hermione desfez o sorriso e suspirou pesadamente, esfregando os olhos em sinal de cansaço. Harry era tão diferente, e se Ann sentia falta de como ele era, imagine ela como não se sentia. Uma lembrança, das muitas que povoavam sua mente desde que as homenagens começaram, lhe veio.


 


[Início do Flash Back]


 


Harry e Hermione entraram juntos pela porta da frente da antiga casa. Harry bateu a porta atrás de si e Hermione fez menção de se dirigir direto para a cozinha, da onde vinha barulho de conversa, mas Harry a segurou pelo braço e ela se virou para encará-lo. Ela podia ver o desespero e temor nos olhos dele.


 


- Não vou deixar nada acontecer a você. – ele prometeu com a voz carregada


 


Hermione acabou com a mínima distância entre eles e o abraçou.


 


- Amor, eu vou ficar bem, eu prometo! – ela disse tentando parecer confiante


 


Harry a abraçou forte e beijou-lhe o ombro. Eles se afastaram para se encararem e deram um beijo rápido, sem dizer mais nada um ao outro, e caminharam de mãos dadas até a cozinha. Os amigos estavam todos ali e pararam a conversa para olhá-los.


 


- E então, o que aconteceu? – perguntou Cedrico preocupado


Harry e Hermione tinham acabado de voltar do Sta. Mungos, onde mais um caso de internação misteriosa tinha acontecido.


 


- Décimo caso, mesmos sintomas: vômito, febre, dores intensas de cabeça e sangramento nasal. – contou Harry com pesar – O Ministério não sabe mais o que fazer, todas as poções já foram testadas e nada funciona.


 


- Ainda não descobriram quem está por trás disso? – perguntou Gina


 


Harry balançou a cabeça negando e o lugar caiu no mais completo silêncio. Há umas duas semanas uma misteriosa virose tinha se espalhado entre os bruxos, dez casos de pessoas com os mesmo sintomas e que pareciam não ter cura, sintomas que se agravavam com o tempo e que levaram o primeiro paciente a entrar em coma e o segundo estava no mesmo caminho.


 


- O que vamos fazer Harry? – perguntou Rony


 


- Eu não sei. – ele admitiu, passando uma mão pelo rosto – Estou cansado, amanhã conversamos mais sobre isso.


 


Harry estava bastante abatido, mais do que de costume.


 


- Claro maninho, vá se deitar um pouco. – sugeriu Mônica


 


Harry assentiu.


 


- Papai. – ouviram alguém chamar


 


Todos se viraram para a porta que dava para a sala e viram um pequeno garotinho de sete anos, com cabelos castanhos como os da mãe, parado a porta de pijama e com os pés descalça. Harry sorriu para o filho.


 


- Oi campeão, o que aconteceu? – perguntou indo até ele


 


- Não to conseguindo dormir papai. – ele disse manhoso, esfregando os olhos


 


Harry o pegou no colo e deitou a cabeça dele em seu ombro, se virando para Hermione, que sorria amavelmente.


 


- Vou colocá-lo pra dormir. – ele disse baixinho e Hermione assentiu


 


Harry deu boa noite a todos e saiu com o pequeno David no colo. Assim que ele se afastou Rony voltou a falar.


 


- O que mais aconteceu Mione? – ele perguntou a mulher – Nunca vi Harry desse jeito antes.


 


Hermione encarou os amigos e suspirou.


 


- Descobrimos algo em comum entre os pacientes. – ela disse em tom de pesar


 


- O quê? – perguntou Thereza


 


Ela hesitou por alguns instantes.


 


- Todos são nascidos trouxas. – contou de uma vez, deixando-os chocados


 


- Merlin! – exclamou Draco enterrando o rosto nas mãos – Isso deve ser um pesadelo!


 


Hermione assentiu e viu Rony andar até ela apressadamente e a abraçar.


 


- Promete que você vai ficar bem. – ele pediu em desespero, abraçado a ela – Por favor, me promete!


 


Hermione deixou uma lágrima escapar. Harry não estava ali, então ela podia ser frágil.


 


- Eu estou com tanto medo Ron! – ela admitiu rouca – Não por mim, mas pelas crianças.


 


Ela ouviu os outros amigos se levantarem e a abraçarem também, todos de uma vez.


 


- Não vai te acontecer nada, eu tenho certeza. – disse Gina


 


- Obrigada pessoal, muito obrigada. – ela agradeceu, se acalmando um pouco mais – Não contem ao Harry que eu disse isso, ele já está preocupado o suficiente.


 


Os amigos concordaram e a soltaram.


 


- Eu vou subir também. – disse Hermione, secando uma lágrima – Nina, obrigada por tomar conta das crianças.


 


- Não precisa agradecer Mione, quantas vezes você já cuidou do Peter pra mim? – ela disse gentil – E nós somos uma família, estamos aqui pra isso.


 


Hermione lhe sorriu e assentiu. Ela se despediu dos amigos e subiu em direção ao quarto dela e de Harry. Abriu a porta com cuidado e sorriu ao ver o marido e os dois filhos na cama, as crianças já dormiam.


 


- Oi. – Harry disse baixinho ao vê-la entrar – Ele queria dormir aqui e eu deixei, e trouxe a Ann também. Queria dormir com eles essa noite.


 


Hermione se aproximou da cama e se deitou atrás de Harry, abraçando-o e deitando a cabeça em seu braço, admirando os filhos dormirem do outro lado dele. Ela esticou a mão e acariciou a face deles, deixando um suspiro escapar.


 


- Você tenta se fazer de forte, mas eu sei o quanto você está com medo e assustada. – Harry disse


 


Hermione não respondeu, apenas beijou-lhe o braço e voltou a deitar a cabeça ali.


 


- Eu nunca te vi assim antes. – ele confessou com preocupação – E eu sei que é por causa das crianças. Era menos complicado enfrentar tudo isso quando não tínhamos que nos preocupar com elas. – ele disse, fazendo carinho nos filhos


 


Hermione continuou em silêncio e ele se soltou do abraço de David e da mão de Ann para se virar para a esposa, ficando de frente para ela. Harry viu que ela tinha lágrimas pela face e a abraçou, enterrando o rosto dela em seu peito.


 


- Diz alguma coisa. – Harry pediu


 


Ela se afastou um pouco para encará-lo e o beijou desesperadamente nos lábios.


 


- Eu te amo. – ela disse com a voz falhando


 


Harry também deixou uma lágrima escapar.


 


- Eu também te amo tanto! – ele disse em tom de angustia, acariciando a face dela, limpando algumas lágrimas – Se algo acontecer a você... – as palavras engasgaram e ele apertou os olhos - ...eu e as crianças não vamos agüentar!


 


Ela beijou-lhe novamente, com necessidade e chorou.


 


- Eu sei e eu jamais iria me perdoar. – confessou ela – David e Ann sempre vêm em primeiro lugar na nossa vida e eu não quero que eles sofram.


 


Harry passou a mão pelos cabelos macios dela.


 


- Isso quer dizer que eu não vou precisar te convencer a se afastar desse caso? – ele perguntou esperançoso


 


Hermione fechou os olhos com pesar e assentiu, sentindo os lábios dele tocarem os seus ternamente em seguida.


 


- Você sabe o quanto está sendo difícil tomar essa decisão. – ela afirmou – Mas eu tenho que admitir que é perigoso demais pra mim e que, pelos meninos, não posso correr esse risco.


 


- Eu sei meu amor, eu sei. – ele a tranqüilizou – E acredite você está sendo muito mais corajosa por desistir do que se continuasse.


 


Hermione deu um pequeno sorriso para ele e acariciou a face alva dele, enquanto o encarava docemente.


 


- Não fique preocupado comigo, eu vou tentar me cuidar. - ela disse preocupada – Você precisa se concentrar nisso agora, descobrir quem está por trás desses casos...


 


Ele concordou e a puxou um pouco mais para si, beijando-lhe com carinho a face.


 


- Eu vou descobrir quem está fazendo isso e o mais rápido possível. – ele disse confiante


 


Eles deram um pequeno sorriso um para o outro e Harry colou sua testa a dela, ambos fechando os olhos. Eles ficaram assim por algum tempo, sentindo a respiração e o toque um do outro.


 


- Eu vou me deitar do outro lado da cama, pros garotos ficarem no meio. – ela disse


 


Harry a beijou mais uma vez, um beijo carinhoso, mas urgente. Eles se soltaram e Hermione se levantou, vestiu uma roupa mais confortável e se deitou do outro lado da cama, ao lado de Ann. Harry e ela deram as mãos, abraçaram os filhos e por fim adormeceram.


 


[Fim do Flash Back]


 


Hermione deu um triste sorriso ao se lembrar daquilo, parecia que tinha acontecido em outra vida. Ela se lembrava do quanto eles tinham sido felizes antes de tudo aquilo acontecer e parecia ter sido a vida de outra pessoa que ela vivera, porque já não fazia mais sentido para ela. Hermione suspirou, odiava ficar se prendendo ao passado daquele jeito, se levantou e saiu do quarto, precisava ocupar a mente. Ela encontrou John no caminho, ele estava tomado banho e arrumado.


 


- Vai aonde bonito desse jeito? – brincou com o sobrinho


 


Ele deu de ombros, desanimado.


 


- Dar uma entrevista. – contou ele a tia


 


Hermione o abraçou, dando-lhe um beijo no rosto e se afastando para encará-lo.


 


- Eu sinto muito que você tenha que passar por isso. – ela disse sincera – Mas esse é o preço pra você realizar seu sonho.


 


John sorriu para ela, afinal não era culpa dela.


 


- Obrigado tia. – ele agradeceu – Mas tem outra coisa que está me preocupando e a senhora como mulher pode me ajudar. Não posso falar disso com a mamãe, nem com tia Gina, porque elas não gostam muito da London. E tia Mônica, bem é sempre difícil falar com ela. E depois a senhora é em quem eu mais confio quando se trata da London.


 


- Fico feliz em saber disso Johnny. – disse a mulher – Eu gosto muito da London e quero te ajudar no que for possível.


 


John assentiu. Hermione o puxou para se sentarem em um sofá, que servia como decoração, no segundo andar da casa, próximo onde eles estavam. Os dois se sentaram e John começou.


 


- Eu a amo tia, muito. – ele disse sério – Mas as coisas não estão indo muito bem entre nós dois. Desde que virei jogador do Cannon’s, mesmo que isso só vá acontecer daqui um ano, nós dois temos nos afastado. Ela parece... – ele suspirou - Eu não sei explicar, como se tudo estivesse dando errado pra nós dois.


 


Hermione olhou pesarosa para o sobrinho. Queria muito poder ajudá-lo, poder dizer a ele que aquele era exatamente o que sua mãe estava tentando fazer, mas não podia. Podia apenas tentar orientá-lo de alguma forma, sem que ele desconfiasse da verdade.


 


- Querido, eu sei do amor que vocês sentem um pelo outro e acho isso lindo na idade de vocês. Mas você tem que admitir que vocês vivem em mundos completamente diferentes. – ela explicou a ele, gentilmente


 


- Mas isso sempre existiu tia, porque só agora isso parece ser um empecilho? – ele a questionou


 


- Porque agora o abismo entre o seu mundo e o dela aumentou um pouco mais. – Hermione disse por fim – Querido, a verdade é que quase dobrou de tamanho. Agora sua realidade parece ainda mais distante da dela.


 


John abaixou a cabeça, balançando-a em negação.


 


- Isso não é justo tia Mione! – ele disse com tristeza – E por isso eu devo desistir dela?


 


Hermione negou.


 


- Não meu amor, claro que não. – disse apressadamente – Você precisa achar um jeito de diminuir essa distância entre o mundo de vocês. E eu não digo trazer ela para o seu mundo John, ela conhece o seu mundo e não me parece que ela queira se encaixar perfeitamente nele. Eu também não estou dizendo pra você viver no mundo dela, isso seria ainda mais impossível.


 


- Então o que eu faço? –ele perguntou em desespero


 


- Crie um mundo que seja de vocês dois Johnny, um mundo de vocês. – Hermione o aconselhou – Não o mundo dos seus pais e nem o mundo da família dela, mas sim o mundão qual vocês dois vão pertencer, você me entende?


 


John enrugou a testa e ficou calado por alguns instantes.


 


- Não vai ser simples John, mas ninguém nunca disse que amar é fácil querido. – ela disse carinhosamente – Se vocês se amam de verdade, vão achar um jeito de criar esse mundo. Mas você precisa querer isso John, ela não pode abrir mão de tudo sozinha, ou então ela estaria entrando no seu mundo, você também vai precisar abrir mão de algumas coisas pra construir um mundo com ela.


 


John assentiu pensativo.


 


- Obrigado tia Mione, eu vou pensar em tudo isso. – ele disse – Eu sabia que podia contar com a senhora.


 


Hermione sorriu para ele e o abraçou novamente. Queria poder dizer a ele do que ele teria que abrir mão, mas isso ele deveria descobrir sozinho e decidir se estaria pronto para abrir mão disso. Eles se soltaram e passou a mão no cabelo dele, arrumando alguns fios.


 


- Você está mesmo lindo. – ela o elogiou – Vamos descer?


 


Ele concordou e os dois se levantaram, descendo as escadas juntos. Encontraram Rony na sala, sentado com um copo de whisky na mão. Hermione caminhou até ele e tomou o copo da mão dele antes que ele pudesse reagir.


 


- Hei Hermione, me devolva isso. – ele pediu nervoso


 


Hermione balançou a cabeça, repousando o copo sobre uma mesinha. Sabia que ele devia estar em abstinência há algum tempo, pois estava irritado e com uma cara péssima.


 


- Está muito cedo pra você beber Rony. – ela o repreendeu – E depois, John tem uma entrevista hoje, se lembra?


 


Rony então enxergou o filho parado a porta e rapidamente tentou controlar a irritação.


 


- Ah, oi filho. – ele o cumprimentou e John retribuiu – Claro que me lembro, só estava bebendo um pouco pra relaxar, odeio entrevistas.


 


Rony deu uma risada nervosa e se levantou da poltrona em que estava sentado.


 


- Eles devem estar chegando pai. – disse John um pouco preocupado


 


Rony assentiu e passou por ele.


 


- Vou só tomar um banho e desço em dez minutos. – ele disse se afastando


 


Hermione tentou sorrir para John.


 


- Seu pai não tem jeito, parece que nunca vai crescer. – brincou, tentando aliviar a tensão


 


John deu um pequeno sorriso e se sentou para esperar.


 


*********


 


Rony subiu as escadas correndo, entrou em seu quarto e correu até o banheiro. Suas mãos estavam um pouco trêmulas e ele abriu o chuveiro e trancou a porta. Rony enfiou a mão no bolso da calça e retirou de lá um pequeno frasco de vidro com um pó branco dentro.


 


- Que merda! – ele praguejou baixinho, passando a mão pelos cabelos


 


Ele andou de um lado para o outro do banheiro, em um nível de ansiedade altíssimo, murmurando palavras inteligíveis e sacudindo o frasco. Rony parou de frente para o espelho do banheiro, o barulho do chuveiro martelando em sua cabeça. Ele colocou o frasco sobre a bancada da pia e apoiou as duas mãos ali, se encarando no espelho.


 


- Não faça isso Ronald, pense no John. – ele disse a si mesmo


 


O barulho do chuveiro e da água caindo sobre o chão se tornavam ainda mais fortes e intensos, ele não conseguia raciocinar direito, tudo parecia fora do lugar. E mais uma vez as vozes e lembranças preenchiam sua mente.


 


“Como você pôde deixá-los fazer um acordo com Dolohov?” dizia Harry prensando-o contra a parede, com as mãos em seu colarinho


 


“Se Hermione e todas essas pessoas morrerem vai ser nossa culpa!” dizia Gina desesperada


 


Rony fechou os olhos com força, tentando fazer aquelas imagens e vozes sumirem.


 


“Parece que tudo relacionado a você e seus amigos acaba em desgraça. Maldita hora que me casei com você!” gritava Thereza chorando


 


“Você também é um herói Ronald Weasley!” dizia seu pai com orgulho


 


Rony abriu os olhos novamente e esfregou a barba com a mão.


 


- Eu não sou um herói. – ele murmurou – Eu não sou um maldito herói!


 


Ele pegou o frasco em cima da bancada e o abriu rapidamente, mas antes que ele pudesse despejar pó branco sobre o lugar, batidas frenéticas na porta o assustaram.


 


- Ron, por favor, me diga que você está lúcido. – pediu Hermione do outro lado da porta – Seu filho está lá embaixo te esperando e ele só está nessa por você. Então, por Merlin, não o decepcione agora.


 


Rony não respondeu, mais  uma vez olhou para o frasco aberto e a vontade de usar parecia consumi-lo. Ele fechou os olhos, já quase podendo sentir o prazer que aquilo iria lhe proporcionar, fazendo-o sair da realidade, esquecer do passado, mesmo que por alguns instantes. Mas novas batidas na porta o despertaram.


 


- Ron, por favor, eu estou te implorando. – ela quase chorou do outro lado


 


Rony pensou em John novamente e como que usando de suas últimas forças fechou o frasco e foi até a porta, abrindo-a para a mulher. Ele estendeu o frasco para ela.


 


- Eu estou lúcido, só vou tomar um banho. – sussurrou ele


 


Hermione pegou o frasco da mão dele, suspirando em seguida e guardando-o em seu bolso.


 


- Te esperamos lá embaixo. – ela disse um pouco mais calma


 


Rony assentiu e voltou a fechar a porta. Ele se escorou na porta e escorregou até o chão, tampando os ouvidos e chorando. Não sabia o que iria matá-lo primeiro, se a cocaína ou a culpa.


 


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Pessoal desculpem a demora, mas estava completamente sem inspiração.


Espero que gostem do cap. e COMENTEM!!


Beijos, muito obrigada aos que estão acompanhando!

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Comentários (1)

  • Lediane Werner

    Muito bom o capitulo.Porem tenho que confessar que cada dia gosto menos do Harry, do Rony e da Mione.Eles parecem fracos e estremamente hipocritas.Apesar do que parece ter acontecido, com o pouco que nos contou até agora, que em vez de se apoiarem e cuidarem dos filhos e Rony virou um viciado e o Harry que enterou o coração e esqueceu de pegar de volta.Nunhum deles leva em consideração os dejesos e sonhos dos filhos somente o deles.Espero que no final eu esteja enganada e todos ainda tenham salvação.Bjus!!!

    2011-09-05
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