Do meu jeito




"Nem todos os caminhos para a redenção são pacíficos."


 


Já era noite na mansão e John bateu na porta do quarto de seus pais. Ouviu sua mãe autorizá-lo a entrar e entrou, fechando a porta ao passar. Thereza estava sentada na penteadeira, de frente ao espelho, colocando um par de brincos e lhe sorriu, John retribuiu.


 


- Uau, a senhora está linda! – ele disse se aproximando e beijando-a na testa – Qual a ocasião especial?


 


Ela riu e se levantou, ficando de frente para ele.


 


- Não seja bobo, eu não estou tão arrumada assim. – ela disse – É só um jantar especial, pra comemorar enfim a contratação de Olívio para o cargo de presidente da Se7en em Nova York.


 


- Fiquei sabendo. – o garoto disse – Tio Harry conseguiu mesmo, não é?


 


- Seu tio sempre consegue tudo o que quer filho. – disse Thereza voltando a olhar para o espelho – Um mês tentando convencer Olívio a aceitar a oferta... ele não desistiu enquanto não ouviu um “sim”.


 


John assentiu com um sorriso. Seu tio era mesmo implacável, apesar de não concordar com algumas coisas que ele fazia o admirava, apesar de nunca admitir isso em voz alta.


 


- É mesmo uma pena eu não poder ficar. – ele disse, já esperando a reação da mãe


 


Thereza se virou vagarosamente para ele, com uma expressão confusa.


 


- Como assim? Aonde você vai? – ela perguntou


 


John suspirou, se preparando.


 


- Vou sair com a London. – informou à ela


 


Thereza adquiriu uma expressão de irritação. Estava cansada de tentá-lo afastar de London, estava simplesmente casada.


 


- Eu não acredito John Weasley! – ela quase gritou – Não acredito que você vai trocar uma ocasião tão importante para nós como essa, pra se encontrar com aquela garota.


 


- London, mamãe. – ele disse mantendo a calma – O nome dela é London. E sim, eu vou sair com ela hoje. – Thereza abriu a boca, mas ele a cortou – Eu já conversei com tio Olívio e ele não se importou. Também já pedi ao papai e ele autorizou.


 


Thereza balançou a cabeça em sinal negativo.


 


- Quando se trata dessa garota... – disse dando ênfase nas última palavra, só para irritá-lo – Você nunca quer saber minha opinião.


 


- Eu já sei sua opinião mãe. – ele a confrontou – Não preciso ficar ouvindo-a toda hora, até porque não concordo com ela.


 


Eles ficaram em silêncio e John suspirou indo abraçá-la. Thereza retribuiu, não qeuria v6e-lo sofrer, mas precisava afastá-lo de London.


 


- Eu tenho que ir mãe. – ele disse carinhoso – Amo a senhora. Até mais tarde.


 


John a olhou uma última vez antes de sair e lhe sorriu, mas ela não retribuiu, dando-lhe as costas. John riu mais uma vez e deixou o quarto. Queria muito que sua mãe parasse com aquela implicância com London, um dia ele iria se casar com ela e sua mãe teria que aceitar.


 


*********


Harry saiu do banheiro apenas de calça e com uma toalha nos ombros, com os cabelos negros molhados. O quarto estava vazio e ele se sentou em frente ao espelho, na beirada da cama, suspirando. Sentia-se tão cansado de tudo, e aquela droga de comemoração pelos nove anos da vitória sobre Dolohov o deixava ainda mais exausto. Quanto mais tentava esquecer-se de Dolohov e do que ele fizera, mais aquilo parecia persegui-lo. Olhou sua imagem refletida no espelho e sentiu nojo de si mesmo. Ouviu a porta ser aberta e ser fechada novamente, mas não precisou olhar para saber que era Hermione. Nunca permitia que ela lhe visse vulnerável, mas naquele momento não tinha tanta força para se fazer de durão.


 


- O jantar vai ser servido daqui uma hora. – ela disse, sem o costumeiro tom frio que usava com ele, sabia que ele não estava em seus melhores dias


 


- Obrigado. – ele disse quase sem voz


 


Harry a viu se aproximar pelo espelho e se ajoelhar na cama ao lado dele. Eles se encararam pelo espelho por alguns instantes, Hermione pegou a toalha dos ombros do marido e gentilmente passou a secar-lhe os cabelos. Harry fechou os olhos, sem protestar contra o gesto dela. Eles não costumavam ter momentos como aquele, ele não se permitia estar com ela daquela forma há muito tempo, mesmo sabendo que ela nunca entenderia seus motivos. Harry apenas se permitiu sentir os dedos dela deslizarem por seus cabelos, enquanto uma das mãos segurava seu rosto, de forma delicada. Hermione parou o que estava fazendo e devolveu a toalha a ele. Harry abriu os olhos e novamente eles se encararam.


 


- Obrigado. – agradeceu novamente


 


Hermione sentia vontade de abraçá-lo como há muito não sentia, vê-lo daquela forma a fazia lembrar-se do homem que amava e que um dia ele fora. Mas ela não o fez, desviou seu olhar do dele e assentiu, descendo da cama.


 


- Te espero lá embaixo. – ela disse e ele concordou


 


Quando ela saiu Harry enterrou o rosto entre as mãos, se sentindo bem melhor só pelo simples fato de saber que ela ainda estava ali para quando ele precisasse. Mas se arrependeu no minuto seguinte por se sentir daquela forma e por deixar aquilo acontecer, ele tinha que ser forte. Levantou-se se amaldiçoando internamente e socando a porta do guarda-roupa. Olhou-se no espelho com aquela expressão sombria e fria que o acompanhava a toda parte, ele não podia mudar quem ele era.


 


*********


David estava sozinho no porão, deitado sobre as almofadas, tocando violão apenas. Estava exausto, o treinamento havia sido puxado, mas ele entendia que se quisesse ser o melhor tinha que treinar, e muito.


 


- Blackbird singing in the dead of night, take these broken wings and learn to fly – ele cantou um pequeno trecho da música e parou, sequer tinha forças para cantar direito


 


David suspirou e pôs o violão de lado. Ele ficou olhando para o teto, pensando em várias coisas, até a porta se abrir. Ele levantou a cabeça para ver Lizzie entrando e lhe sorriu. Ela se deitou ao lado dele, apoiando a cabeça na mão, para encará-lo.


 


- Está cansado? – ela perguntou e ele assentiu – Quer uma massagem?


 


David riu gostosamente e Lizzie o olhou fingindo não entender a graça.


 


- Pede logo o que você quer Elizabeth. – ele brincou


 


- Credo, não posso nem oferecer uma massagem pro meu primo preferido? – perguntou se fazendo de vítima e David riu ainda mais


 


- Como você é falsa! – a acusou em tom divertido – Fala o que você quer?


 


Lizzie balançou a cabeça e fez careta para ele.


 


- Chato! – ela disse tentando não rir – Eu só quero um pouco de carinho.


 


David se ajeitou sobre as almofadas para abraçá-la.


 


- O que aconteceu? – ele perguntou abraçado a ela


 


David a apertou mais em seu abraço, ele estava preocupado, ela andava um pouco triste.


 


- Não é nada, só estou carente. – disse com a voz rouca


 


David se afastou para beijar-lhe a bochecha e a encarou.


 


- Já faz algum tempo que venho te achando estranha, mas ando tão ocupado e cansado com os treinos... – ele se justificou – Eu sinto muito.


 


Lizzie deu um pequeno sorriso.


 


- Não sinta primo, não é sua culpa. – ela disse – Eu não sei o que está acontecendo comigo, só ando me sentindo um pouco triste.


 


- Todo mundo se sente triste em algum momento Lizzie. – ele disse – Você não tem que sorrir o tempo inteiro.


 


- É só que juntou muita coisa ao mesmo tempo. – ela confessou – Essa história do John, tio Olívio indo embora logo e...


 


Ela pausou, corando levemente. David olhou para ela.


 


- E? – David a incentivou


 


- Promete que não vai rir da minha cara? – ela perguntou incerta e David lhe deu um olhar reprovador – Ta bom desculpa. É só que, o que aconteceu com o Adam, me deixou um pouco abalada.


 


- Abalada em que sentido? – ele quis saber, temendo a resposta


 


- Não é nada disso que você está pensando. – ela tratou de dizer – Eu não estou afim do Adam, por Merlin!


 


David suspirou aliviado e recebeu um tapa dela.


 


- Você me assustou por um minuto. – disse e ambos riram – Mas então o que te deixou abalada?


 


Lizzie ficou séria e enrugou a testa.


 


- Ei Lizzie, sou só eu, você pode confiar em mim prima. – ele a encorajou


 


Lizzie assentiu.


 


- Eu tenho medo Dave, medo de ficar sozinha. – ela confessou a ele, que tinha uma expressão confusa – Eu nunca me apaixonei antes Dave e o pior é que eu nem mesmo quero.


 


David deu um sorriso gentil à prima.


 


- Lizzie, você nunca vai ficar sozinha, eu sempre vou estar com você, mesmo quando estivermos velhinhos. – ele disse – E quanto a se apaixonar, bem...Você não pode escolher não amar, apenas vai acontecer em algum momento.


 


- Como você pode saber? – ela disse desafiadora – Você também nunca se apaixonou.


 


David passou a mão no cabelo.


 


- Pra dizer a verdade, eu acho que... – ele começou tímido – eu acho que estou apaixonado por uma garota.


 


- A garota da boate. – ela disse rapidamente e David riu


 


- Não dá pra esconder nada de você não é mesmo? – ele disse ficando vermelho


 


Lizzie o encarou, admirada.


 


- Eu meio que já sabia, mas precisava confirmar. – ela disse um pouco mais animada – Sério Dave? – voltou a perguntar e ele assentiu – Merlin, você a viu apenas uma vez e conversou com ela apenas alguns minutos, como pode ter se apaixonado?


 


David balançou a cabeça em negativa.


 


- Eu não sei, apenas aconteceu. Ela era tão incrivelmente linda e inteligente. – ele confessou sonhador – E é por isso que te digo que você não pode escolher. Vai acontecer, quando você menos esperar e por quem você menos esperar.


 


Lizzie revirou os olhos.


 


- Acho que esse é meu problema. Não acredito em conto de fadas. – disse ela cética e David deu um pequeno sorriso


 


David voltou a se deitar e a puxou consigo, deitando-a em seu peito.


 


- Você realmente não quer se apaixonar? – ele a questionou curioso


 


Lizzie assentiu.


 


- É a última coisa que quero no mundo!


 


***********


John parou o carro em frente à casa de London, seu pai havia enfim permitido que ele voltasse a dirigir. Ele não iria entrar na casa da namorada, ela odiava quando ele entrava, iria simplesmente esperá-la do lado de fora, ela era sempre pontual. Pouco de dois minutos depois ele a viu saindo pela porta da frente, observou-a se aproximar e entrar no carro.


 


- Boa noite. – London disse, dando um beijo rápido em John


 


- Boa noite amor. – ele retribuiu carinhoso, arrancando o carro em seguida


 


London não parecia muito animada.


 


- Para onde vamos? – ela perguntou


 


- É uma surpresa. – ele respondeu sorrindo


 


London não disse nada, mas tinha certeza que vindo de John aquilo significava um restaurante bruxo, caro e famoso. Restaurantes esses aos quais ela odiava freqüentar, mas o fazia para agradá-lo. Ela soltou um suspiro cansado, retirando algo de dentro da bolsa, ao qual John reconheceu como sendo a mais nova edição do Semanário dos Bruxos.


 


- Você viu? – ela perguntou em tom cansado, encarando-o


 


John deu uma olhada na revista pela segunda vez naquele dia, voltando sua atenção para a rua. Na capa estavam os dois, John a abraçava por trás e vez ou outra lhe dispensava um beijo no rosto e então ambos sorriam. Abaixo da foto havia os seguintes dizeres: “Futura senhora Weasley ou Uma paixão adolescente?”


 


- Eu sinto muito. – lamentou John sincero - Eu sei que você odeia isso, mas eu estou tentando tirar a atenção de mim, juro pra você que estou.


 


London suspirou e jogou a revista no banco de trás do carro, enquanto John dirigia atentamente. Eles ficaram em silêncio por incômodos segundos.


 


- Mas então, a que conclusão eles chegaram? – perguntou John divertido, tentando animá-la, mas não funcionou


 


- O que você acha? – ela perguntou com ironia – Paixão adolescente é claro! Eles me odeiam, por eles terminávamos amanhã, pra você ficar livre para suas fãs e pra render mais notícias.


 


- London... – ele disse tentando confortá-la – É só uma revista idiota meu amor, ninguém liga pra elas de qualquer forma. Você sabe que eu te amo e que você não é apenas uma paixão adolescente, não sabe?


 


- Eu sei John, mas...


 


- Então pronto! – ele a cortou e tirou uma das mãos do volante para segurar a dela – Não interessa o que eles dizem.


 


London balançou a cabeça e retirou sua mão da dele


 


- Estou tão cansada Johnny. – ela confessou com a voz falhando – Estou cansada dessas especulações, cansada de ver meu rosto nas capas de revista, cansada do modo como sua família tenta a todo custo retratar nosso relacionamento como algo sem importância...


 


- Isso não tem nada a ver com minha família London! – protestou John


 


London soltou uma risada e John tentou manter-se atento à direção.


 


- Como não? – ela disse nervosa – Como você acha que essas revistas conseguem essas fotos John?! Fotos íntimas de nós dois!


 


- Ah não London, por Merlin! – ele disse irritado – Essa sua paranóia está começando a me irritar! Você acha o quê? Que minha mãe roubou uma foto nossa e deu para a revista concorrente? Isso é loucura!


 


- Eu não duvido que ela tenha feito isso! – London afirmou


 


John a olhou chocado, voltando rapidamente sua atenção para a rua. Ele parou o carro no primeiro lugar que pôde e se virou para ela.


 


- Eu não admito que você acuse minha mãe de algo que ela não fez, ou mesmo qualquer pessoa da minha família. – ele disse firme


 


London o encarou com mágoa e desviou o olhar, virando o rosto em seguida. No fundo ela entendia o fato de ele não enxergar a verdade, afinal era a família dele e ela não podia provar nada. John suspirou e passou a mão pelos cabelos negros.


 


- Me desculpe. – John pediu – Eu não devia ter falado assim com você, mas estou cansado também. Cansado de brigar com você.


 


London fechou os olhos, também estava cansada de brigar com ele, não suportava a distancia que havia se criado entre eles no último mês e odiava ter que se sujeitar a família dele.


 


- Amor. – ele a chamou, tocando-a o ombro


 


London se virou para ele novamente e pôs uma mão sobre a face do namorado.


 


- Me desculpe também. – ela disse por fim – Eu não devia ter falado assim da sua mãe.


 


John assentiu e a beijou, suspirando contra seus lábios, aprofundando o beijo de forma lenta e ao mesmo tempo desesperada. London retribuiu na mesma intensidade, deixando-se esquecer por alguns instantes de como estava sofrendo com aquilo tudo. Eles se afastaram ofegantes e John colou seus lábios mais uma vez por breves segundos, encarando-a em seguida.


 


- Vamos nos esquecer da imprensa, dessas reportagens e principalmente da minha família, só por essa noite. – ele disse suplicante – E só o que eu te peço.


 


London assentiu.


 


- Tudo bem amor, você tem razão. – ela concordou


 


- Eu amo você, e eu peço todos os dias pra que esse pesadelo termine logo. – ele confessou, colando sua testa a dela – Não vejo a hora de voltarmos para Hogwarts. Lá seremos apenas eu e você, sem nada nem ninguém pra nos atrapalhar.


 


London deixou uma lágrima escapar.


 


- Eu também te amo. – ela retribuiu fungando


 


John limpou as lágrimas dela e a encarou.


 


- Escuta o que vou te dizer. – ele pediu sério – Nós vamos pra Hogwarts, terminamos os estudos e quando voltarmos... – ele pausou, correndo os dedos pelo colar no pescoço dela, que pendurava um anel de prata e depois retirando a corrente dele de dentro da blusa, que continha o mesmo anel, porém mais largo – Nos casamos, certo? Do jeito como nós combinamos.


 


London sorriu pela primeira vez na noite e o beijou, fazendo-o sorrir também. Era tudo o que eles queriam e haviam planejado no último ano. Haviam trocado alianças de noivado em segredo, ninguém mais sabia. Eles se soltaram ainda sorrindo.


 


- Por fim você ainda vai rir dessa matéria idiota, futura senhora Weasley. – ele brincou – E vai mandar eles enfiarem a paixão adolescente deles...


 


- John! – ela o repreendeu, tentando ficar séria


 


Os dois riram e John a beijou rapidamente, antes de se afastar para voltar a dirigir. Ele arrancou o carro enquanto eles trocavam olhares e sorrisos.


 


- Eu sei que você está imaginando que vou te levar a um restaurante bruxo sofisticado, mas está muito enganada sabia? – ele a informou, a conhecia bem para saber que ela estava pensando isso


 


London franziu a testa em confusão.


 


- E posso saber aonde o senhor vai me levar? – perguntou desconfiada


 


John deu um sorriso maroto e deu de ombros.


 


- O que a futura senhora Weasley acha de... – ele pausou, fazendo suspense – cinema trouxa?


 


London abriu a boca em surpresa e depois sorriu.


 


- Sério? – ela perguntou animada e ele assentiu, fazendo-a vibrar – Eu te amo, John Weasley!


 


John sorriu, feliz por vê-la feliz, e anotou mentalmente de agradecer sua tia Hermione pelo conselho.


 


**************


Harry estava sentado atrás da mesa em seu escritório, com Draco, Cedrico e Rony a sua frente espalhados pelas poltronas do lugar. O jantar já havia terminado e eles haviam se retirado para uma breve reunião.


 


- Você tem certeza que colocar Olívio como presidente é seguro? – perguntou Rony a Harry


 


- É claro que tenho certeza Rony, jamais me arriscaria se soubesse que não é seguro. – garantiu-lhe o moreno em tom rude


 


Cedrico encarou o cunhado com desconfiança.


 


- O que você está planejando Harry? – perguntou o loiro, sem acreditar nas palavras dele


 


Harry deu ombros e Cedrico não insistiu.


 


- Vamos ao que interessa. – ordenou Harry – Draco?


 


Draco se levantou de onde estava, segurando uma pasta parda em uma das mãos, caminhou até a mesa e jogou a pasta sobre ela. Harry apanhou a pasta e a abriu, passando a analisá-la.


 


- O nome dele Joseph Dolman. – começou Draco – Ele tem vinte e seis anos, solteiro, sem filhos, trabalha na Seção de Controle do Uso Indevido de Magia e mora em um bairro trouxa, cujo endereço está aí.


 


Harry balançou a cabeça em afirmação, ainda analisando a pasta em suas mãos.


 


- Mora sozinho, isso é bom. – observou o moreno – Como você chegou até ele?


 


Harry levantou os olhos para olhar para Draco, esperando sua resposta.


 


- Na semana passada ele deixou passar batido um uso indevido de magia, o Ministério enxergou apenas como uma falha, mas eu achei suspeito e passei a investigá-lo. – contou – Não deu em outra, logo descobri quem ele era. Você sabe que não deixo passar nada.


 


- E de quem era a magia indevida? – perguntou Harry desconfiado


 


Draco hesitou em dizer por um instante, antes de por fim dizer.


 


- Uma Marshall. – disse Draco em tom receoso


 


Harry encarou Draco sem acreditar. Cedrico murmurou algumas palavras inaudíveis e Rony soltou um assobio.


 


- Uma Marshall? – perguntou Harry e o outro assentiu – Não acredito! – exclamou ainda atordoado – E você a encontrou?


 


- Infelizmente não. – respondeu com pesar – A garota desapareceu, não há rastros dela, não a encontro em lugar algum.


 


Harry suspirou, passou uma mão nos cabelos e fechou a pasta.


 


- Continue procurando Draco. – ordenou ele – Não descanse enquanto não descobrir alguma coisa. Agora que enfim temos uma pista dos Marshall precisamos encontrá-los.


 


Draco concordou e Harry se recompôs, passando a olhar para Cedrico e Rony. Ele se demorou sobre os dois.


 


- Cedrico. – disse por fim, estendendo a pasta a ele – Todo seu.


 


Cedrico assentiu e se adiantou para apanhar a pasta da mão de Harry, mas Rony o interrompeu.


 


- Qual é Harry! – disse o ruivo com indignação – Já é o quarto seguido que você dá a Cedrico. Sei que ele fica com 90% dos casos, mas estou precisando ocupar a cabeça e desde que aconteceu aquilo com o Swan no mês passado você não me dá mais nenhum.


 


Harry olhava sem emoção para Rony, enquanto ele aguardava sua decisão. Harry se mexeu visivelmente incomodado com o questionamento de Rony e Draco fez uma careta.


 


- Em primeiro lugar Rony. – começou Harry um pouco irritado – Eu sempre designei Cedrico para a maioria dos casos, por que ele é o melhor, ele não deixa rastros e nem falhas, ao contrário de você, que vive enfiando os pés pelas mãos! – vociferou – E em segundo lugar, eu ainda não te desculpei por ter dado ao Swan motivos pra nos ameaçar!


 


- Eu já pedi desculpas Harry. – Rony se defendeu – E foi só uma vez, não vai acontecer de novo. Draco tem monitorado o Swan e ele não se lembra nem mesmo do que aconteceu no ano passado, quem dirá o que aconteceu há um mês!


 


Harry suspirou.


 


- Tudo bem Rony, não quero discutir agora. – Harry disse – O caso é do Cedrico, mas prometo que o próximo será seu.


 


Rony assentiu um pouco contrariado, mas não voltou a insistir. Cedrico pegou enfim a pasta das mãos de Harry.


 


- Você sabe o que fazer. – disse o moreno friamente – Faça parecer um acidente, você é o especialista nisso.


 


Cedrico assentiu.


 


- Pode deixar. – disse Cedrico com naturalidade – Te informo o que você vai publicar em uma nota amanhã no jornal.


 


- Não se esqueça. – pediu Harry – E não se esqueça também de que Mônica deve pensar que você vai sair no meio da noite para outras coisas.


 


Cedrico pensou em suspirar, mas não era de se lamentar, esse era seu jeito de fazer as coisas. Faria Mônica acreditar que a estava traindo, como a fazia acreditar nos últimos anos, mesmo sem nunca ter sequer encostado em outra mulher, mas era melhor do que ela desconfiar que ele estivesse indo acabar com a vida de alguém que ele sequer conhecia.


 


- Agora vamos. – disse Draco – Amanhã será um longo dia.


 


***********


Gina estava sentada em um dos degraus da escada que levava aos jardins da mansão. Estava com o olhar perdido sobre os fundos da propriedade, olhando para além dos jardins, das árvores que se estendiam, para além dos altos muros.


 


- Posso me sentar com você? – perguntou Olívio assustando-a


 


Ela se virou para encará-lo e sorriu.


 


- Claro que pode Oli. – ela disse e ele se sentou ao seu lado


 


Olívio suspirou, virando o rosto para encará-la.


 


- Você está tão diferente. – Olívio disse com voz mansa


 


- Diferente de dois anos atrás? – ela perguntou, se referindo ao período ao qual ele se ausentou


 


Ele sacudiu a cabeça.


 


- Não, de quinze anos atrás. – ele disse e ela deu um pequeno sorriso – Você se lembra de como era? Sempre alegre, divertida e companheira, para todas as horas.


 


Gina desviou seu olhar do dele, voltado a olhar para o jardim à frente.


 


- Foi há muito tempo. – ela disse passando a mão entre os cabelos ruivos


 


- Sinto falta daquela Gina. – ele confessou – Aliás, sinto falta daquele tempo, onde não nos escondíamos atrás de trabalho, poder, maquiagem...


 


Gina não disse nada e Olívio resmungou algo.


 


- Vamos Gina, o que aconteceu conosco? – ele perguntou um pouco irritado – O que aconteceu com você? Me diga, converse comigo, faça alguma coisa! – ele disse agitado – Pare de agir feito uma mulher fútil, por trás dessa maquiagem, dessas roupas caras, essa não é você.


 


Gina balançou a cabeça, reprovando o comportamento dele.


 


- Você sempre insiste no mesmo assunto não é Olívio? – ela despejou contra ele – Eu vou te contar uma história, talvez você tenha se esquecido dela. – ela disse com cinismo – Há quase dezoito anos atrás um grupo de amigos libertou um assassino e nove anos depois ele voltou. Esse assassino espalhou um vírus que matou 107 pessoas e deixou outras tantas com seqüelas, e você sabe porque ele fez isso Olívio?


 


- Porque ele era um maluco. – ele disse óbvio


 


Gina deu um sorriso amargo.


 


- Sem dúvida Oli, ele era um maluco e nós sempre soubemos disso, não é verdade? – ela perguntou e ele abaixou a cabeça – Nós sempre soubemos e ele mesmo disse que voltou para nos provar que erramos, para nos mostrar que não éramos bons o suficiente. – ela disse com a voz trêmula – Irônico não? – ela pausou – Então foi isso o que aconteceu Wood. Somos o reflexo de nossa culpa.


 


Olívio respirou fundo e soltou o ar de uma vez.


 


- Não foi nossa culpa Gi. Não foi. – Olívio disse quase como suplicando


 


- Eu realmente não acredito que você pense assim, mesmo que você repita isso há nove anos. – ela o acusou, mas ele nada disse – E nós ainda somos covardes o suficiente para não contarmos a verdade ao mundo bruxo.


 


Olívio se calou por um instante, mas voltou a falar.


 


- E isso significa que vocês precisam ser infelizes? – ele perguntou por fim – Precisam fingir ser quem não são?


 


Gina o encarou profundamente.


 


- E dá pra ser feliz depois de tudo isso? – ela devolveu a pergunta – Dá pra voltar a ser quem você era depois de 107 mortes na sua consciência? Você acha que toda noite quando colocamos a cabeça no travesseiro escolhemos não dormir pensando em tudo o que aconteceu? Você acha que Harry algum dia vai se perdoar por ter matado Kingsley?


 


Olívio se assustou por ela tocar no nome de Kingsley, há muito tempo não falavam nele e no que aconteceu, e no fundo no fundo, ele próprio não queria falar. Ele queria poder dizer sim a todas aquelas perguntas, mas sabia que não poderia. Tentou achar outra saída.


 


- Seus filhos precisam que vocês se perdoem. – ele tentou sua última cartada


 


Gina se retraiu com o argumento dele e virou o rosto voltando a encarar o nada.


 


- As crianças estão bem Olívio, todas elas estão. – ela disse, tentando convencer a si mesma – Elas têm tudo o que querem.


 


Foi a vez de Olívio rir com ironia.


 


- Aquelas crianças estão infelizes Gina! – ele afirmou – Será que você não percebe? Elas só querem os pais de volta, é só o que elas querem!


 


Gina voltou a encará-lo irritada.


 


- Eu sou a mesma Gina, mas agora estou pagando pelos meus erros. – ela disse num sussurro – Eu preciso pagar por eles, de um jeito ou de outro. Você devia começar a pagar pelos seus.


 


- E por que você acha que aceitei essa droga de presidência? – ele se defendeu


 


Gina balançou a cabeça.


 


- Isso, ache o seu próprio caminho para a redenção Olívio. Esse é meu! – Gina acrescentou e ele assentiu, entendendo-a de alguma forma


 


A ruiva se levantou e entrou na casa, batendo a porta atrás de si. Olívio queria que eles esquecessem o que aconteceu há nove anos, mas como podia pedir isso a eles se nem mesmo ele havia esquecido? Como pedir para que eles voltassem a viver, se ele próprio não conseguia dormir a noite, se martirizando por uma decisão tomada há dezoito anos? Uma decisão que os perseguiria para o resto da vida. Pensou em Kingsley, em como ele havia se sacrificado para que mais de centenas de pessoas se salvassem, e de como Harry precisou de sangue frio para fazer o que teve de fazer. Afinal, será que ele podia julgar Harry por ser o que era agora?


 


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Pessoal, espero que vocês comentem!


Estou um pouco desanimada em seguir com essa fic a diante, a faculdade está me desesperando.


Espero que tenham gostado!!


Amanda A. - Obrigada pelo coments!


Enrico - Deu pra clarear um pouco mais? Continue acompanhando a fic e logo você verá o que realmente aconteceu.


 


Obrigada aos que acompanham a fic!


Beijos!!


 

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