Festa - Parte II



 



“Aqui vai a verdade sobre a verdade: ela machuca. Por isso mentimos.”


 


Ben subiu no palco cautelosamente, se postou atrás do microfone e respirou fundo.


 


- Boa noite a todos. – ele desejou, recebendo a atenção dos presentes – Sejam bem-vindos a sétima Festa de Início do Verão!


 


Todos aplaudiram rapidamente e ele sorriu cordialmente, antes de voltar a falar.


 


- Sabem, eu tinha um discurso pronto há exatamente dez minutos atrás. – ele começou – Mas então, enquanto eu o repassava antes de subir, alguém me ajudou a perceber que ele não era bom o suficiente. E eu percebi que ele não dizia exatamente o que eu queria dizer. Então o discurso deste ano não vai ser apenas um discurso, mas sim uma homenagem.


 


As pessoas ouviam atentamente o que o garoto dizia e ele parecia um pouco nervoso. O que ele dissera era verdade, há alguns minutos ia contar toda a verdade sobre ele e seus primos aos seus pais, na frente de toda a festa. Ia contar sobre John e David sonharem em ser músicos, sobre Peter querer terminar seus estudos na França, sobre Rachel querer ser fotógrafa, e sobre ele próprio odiar a empresa dos Malfoy e sonhar em se tornar um grande jornalista. Mas London abrira seus olhos para erro que iria cometer, contar a verdade daquela forma tornaria tudo pior.


 


- O que seu primo vai aprontar dessa vez? – perguntou Harry irritado a Ann


 


- Não faço a mínima idéia pai. – ela disse receosa


 


Ben pôs as mãos nos bolsos e voltou a falar.


 


- No final desse mês, meu tio Harry vai completar trinta e seis anos. – ele reiniciou e sua voz parecia mais grave – Desses trinta e seis anos, vinte e cinco ele passou servindo o mundo bruxo. Ele passou mais da metade da sua vida se dedicando a salvar pessoas e dar a elas esperança. Isso me faz lembrar algo que ouvi certa vez: Homens realmente grandes, não nascem grandes, tornam-se grandes. – ele pausou – Então eu só queria dizer... Obrigado tio Harry! Obrigado por destruir Voldemort há dezenove anos, obrigado por voltar da morte há dezoito e obrigado por impedir Antonio Dolohov de realizar uma carnificina há nove. Obrigado por ser nosso herói, um grande herói!


 


A festa explodiu em aplausos e todos se viraram para Harry, que olhava estático para o sobrinho em cima do palco. Harry deu um pequeno sorriso e acenou em agradecimento aos convidados. Olhou novamente para Ben, que lhe deu um aceno de cabeça e um sorriso.


 


- Agora, como de costume, eu e meus primos vamos dançar uma música, abrindo a pista de dança para o resto da noite. – ele disse e desceu o palco, ainda sobre aplausos


 


As pessoas abriram espaço e a pista de dança se formou a frente do palco. Eles buscaram seus parceiros e se posicionaram, esperando a música começar. Ben já estava enlaçado a Rachel.


 


- Uau! – disse Rachel provocando-o


 


A música tocou, fazendo-os iniciarem a dança.


 


- Não diga nada Rachel Weasley! – ele disse um pouco tímido – Apenas não diga nada!


 


Ela segurou uma risada e se calou. Duas coisas inéditas vindas de Ben, primeiro aquele discurso e depois ele ficando tímido. Realmente algo havia acontecido.


 


- Ainda vamos ajudar o Peter? – ele perguntou, tentando mudar o assunto e ela assentiu – Mamãe vai ficar uma fera!


 


Ela riu, enquanto eles dançavam naturalmente. Aprenderam a dançar desde cedo e já tinham afinidade um com o outro, dançavam juntos há sete anos.


 


- O que vocês disseram para Ann? – ele quis saber antes de colocar o plano em ação


 


- Que tia Gina tinha mandado. – ela contou – Na verdade sua irmã disse. Você sabe como ela tem o gênio do mal.


 


Os dois riram.


 


- Nunca dancei com outra pessoa antes Rach, o que vou fazer? – ele perguntou fazendo uma carinha fofa


 


Rachel o beijou na face.


 


- Vamos descobrir em... – ela disse e começou a contar – Três, dois, um.


 


Como em um passe de mágica os casais foram trocados, em um movimento elegante, como se tivesse sido ensaiado centenas de vezes. Ben ficou de frente para sua nova parceira e bufou quando descobriu que era Samantha Patrow.


 


- Essa vai ser uma noite maravilhosa. – ele ironizou puxando-a sem a mínima delicadeza e voltando a dançar


 


- Que azar. – ela murmurou contrariada, mas ele ouviu


 


- Não pense que eu estou gostando disso Patrow. – ele disse arrogante – Eu sou demais pra você! Você devia estar feliz por ter uma oportunidade de dançar comigo.


 


Samantha o encarou com desprezo.


 


- Exatamente por você ser assim que eu te odeio. – ela disse – Como você pode ser tão convencido? Você não é melhor do que ninguém Malfoy!


 


Ele riu sarcástico.


 


- Não é o que as pessoas vivem me dizendo, principalmente as mulheres. – ele a provocou e ela revirou os olhos


 


- Que tal fazermos isso em silêncio? Vai tornar tudo menos desagradável. – ela sugeriu irritada


 


Ele deu de ombros e ambos fizeram silêncio.


 


**********


Quando estava chegando o momento de trocar os pares, Ann deu um rápido beijo no namorado e lhe sorriu.


 


- O que você disse aos jornalistas, sobre estar apaixonada, é verdade? – Richard perguntou a encarando profundamente


 


Ann suspirou. Sabia que ele estava querendo fazer aquela pergunta há algum tempo e tinha medo do que ele poderia pensar, tinha medo de que não fosse correspondida.


 


- Sim. – ela disse e se afastou dele, para a troca de pares


 


Ann ainda teve tempo de vê-lo abrir um largo sorriso, antes de alguém a enlaçar pela cintura e voltar a dançar. O movimento a obrigou a desviar os olhos do namorado e encarar seu novo parceiro de dança.


 


- Oi. – disse Peter marotamente


 


Ela o encarou incrédula e só então percebeu a armação, afastando seus pensamentos de Richard.


 


- Foi você quem armou tudo isso não foi? – ela o acusou – Como eu fui idiota em cair nessa!


 


Ele riu, enquanto dançavam.


 


- Estava sentindo sua falta. – ele disse sincero – Não agüentava mais essa distância entre nós dois.


 


Ann balançou a cabeça, reprovando-o. Mas por dentro já havia amolecido com as palavras dele, também havia sentido falta do primo.


 


- Nós nos vemos vinte e quatro horas por dia Peter. – ela disse, se fazendo de durona – Não sei como você pode ter sentindo saudade.


 


Peter a encarou com tristeza.


 


- Não faz isso Ann. – ele pediu – Eu errei, fui um idiota e te magoei, mas me perdoa. Eu estou arrependido e disposto a mudar.


 


Ela o encarou. Os olhos verdes dela nos castanhos dele. Era como se eles pudessem ler a mente um do outro através do olhar. Sem entender o porquê, Peter sentiu seu coração disparar e sua respiração se tornar ofegante. Talvez fosse a dança, apenas o esforço da dança. Ele a puxou um pouco mais para si e continuou a encará-la, seu coração batendo ainda mais rápido. O que diabos estava acontecendo com ele?


 


- Nunca brigamos desse jeito antes. – ele disse com a voz grave – E eu odiei ficar sem falar com você. Eu prometo que a partir de hoje vou tratar o Richard de forma diferente, prometo que nunca mais vou te magoar.


 


Ann suspirou. Amava seu primo, ele era como um irmão para ela, era seu melhor amigo, e ela também odiava aquela distância que tinha se formado entre eles. Antes que pudesse responder os casais voltaram a se trocar, em outro movimento elegante e perfeito. Ann voltou para os braços do namorado, mas seu sentido ainda estava em Peter.


 


- Eu também estou apaixonado por você. – Richard disse no instante em que a tomou nos braços


 


Ann o encarou, perdendo Peter de visão dessa vez, prestando atenção ao que Richard dizia.


 


- Como? – ela perguntou, não tinha escutado o que ele havia dito


 


Richard sorriu e a beijou, fazendo-a perder a razão e fazendo-os parar de dançar. Ele nunca havia beijado-a daquela forma, com tanta paixão e intensidade. Ele parou o beijo e eles se encararam.


 


- Eu te amo Ann Potter. – ele disse com a voz rouca – Estou perdidamente apaixonado por você.


 


Ann abriu um largo sorriso e seu coração parecia querer sair pela boca. Mas tinha que admitir, por um instante se questionou se sentia o mesmo. Apaixonada ela sabia que estava, mas amor? Ele continuava parado esperando ela dizer algo e ela simplesmente disse.


 


- Eu também te amo. – ela retribuiu e foi o mais sincera que pôde


 


Ambos sorriam abertamente e trocaram outro longo beijo. Quando se afastaram perceberam que a música havia parado. Ann corou e Richard também. Palavras ditas no microfone fizeram todos virarem a atenção para o palco.


 


- Antes de qualquer outra coisa gostaria de dizer algo. – era Rony, que estava mais eufórico e agitado do que o normal


 


Harry olhou severamente para Cedrico e Draco e, como se recebessem uma ordem, os dois começaram a caminhar apressadamente até o palco. O estado do ruivo denunciava o que ele já havia feito. Cedrico e Draco se postaram ao lado do palco, esperando a melhor oportunidade de tirar Rony de lá.


 


 


- Há três semanas o melhor time de quadribol da Grã Bretanha contratou para daqui duas temporadas o melhor goleiro do século! – ele disse estufando o peito, se sentindo poderoso – Eu gostaria de chamar ao palco o mais novo goleiro do Chudley Cannons...


 


Rony estendeu um uniforme laranja, escrito em letras garrafais nas costas: Weasley.


 


- John Weasley! – gritou Rony no microfone e o salão explodiu em aplausos


 


John ficou parado no meio da pista de dança, enquanto um holofote o iluminava. Ele não sabia o que estava sentindo, se felicidade ou tristeza. Seu pai continuava com um enorme sorriso no rosto e o uniforme com seu nome nas mãos, enquanto os aplausos ainda soavam em seus ouvidos.


 


- Venha até aqui receber sua camisa filho! – pediu Rony um pouco impaciente com a hesitação do filho


 


- Por Merlin, vá até lá John! – London disse em desespero, empurrando-o


 


John caminhou lentamente até o palco, desnorteado. Seu pai não podia ter feito aquilo com ele. Ele subiu no palco e foi abraçado por seu pai.


 


- Parabéns! – ele desejou com lágrimas nos olhos lhe entregando a camisa – Você está realizando um sonho. Está feliz filho?


 


John se afastou para encará-lo. Realmente estava realizando um sonho, mas não era o seu sonho e sim o sonho de seu pai.


 


- Sim papai, estou muito feliz. – ele mentiu e sua voz saiu fraca. Seu pai sorriu eufórico, ele estava um pouco estranho


 


 John mal terminara de falar e Draco subiu no palco, puxando Rony de lá. John ficou sozinho, com o uniforme nas mãos, as pessoas esperando que ele dissesse algo.


 


- Eu... não sei o que dizer. – ele disse ainda desnorteado – Apenas... Obrigado! Será uma honra defender o melhor time de quadribol da Grã Bretanha.


 


Mais aplausos soaram e ele desceu do palco rapidamente. As pessoas invadiram a pista de dança quando a banda voltou a tocar. John passou por entre elas, recebendo cumprimentos aos quais ele se livrava com pressa, ele estava arrasado, o que faria agora? Ele caminhava com raiva, queria encontrar o pai.


 


- John! – disse alguém o segurando


 


Ele viu que era Peter.


 


- Onde ele está? – gritou o garoto exaltado


 


- Tio Draco o levou pra algum lugar. Fica calmo! – disse o primo preocupado


 


John logo viu David e Ben se aproximarem também.


 


- Como ele pôde fazer isso comigo? – disse com os olhos úmidos – Eu deveria ter envergonhado ele na frente de todo mundo!


 


John quase gritava, começando a chamar atenção de algumas pessoas. Peter olhou para os lados, apreensivo.


 


- Vamos sair daqui, vem! – disse puxando-o – Vocês dois ficam, pra não chamar mais atenção ainda.


 


David e Ben concordaram e os outros dois saíram.


 


*******


Hermione viu Draco passar com Rony e os olhou preocupada, enquanto Thereza fingia não se importar.


 


- Vou atrás deles. – Hermione informou a outra, que deu de ombros


 


- Você não vai a lugar algum. – disse Harry parando a sua frente – Vamos dançar, agora!


 


Hermione encarou-o desafiadora, mas ele a segurou pelo braço e a puxou para a pista de dança. Ela o seguiu sem resistência, não queria um escândalo. Eles pararam no meio da pista e Harry a enlaçou pela cintura, tomando uma das mãos dela com a sua, enquanto ela colocava a mão livre em seu ombro.


 


- As pessoas iriam reparar se não dançássemos. – ele disse sem emoção, começando a guiá-la


 


Hermione nada disse. Viu Mônica e Cedrico entrarem na pista também e se aproximar dos dois.


 


- Vamos agir como se nada estivesse acontecendo. – Cedrico sussurrou para o outro casal


 


Ambos assentiram e Cedrico e Mônica passaram a dançar um pouco mais afastados. Hermione não conseguia encarar Harry, olhava pra qualquer outra coisa por cima do ombro dele.


 


- Vocês o deixaram sozinho? – ela perguntou num sussurro em tom de acusação


 


- Eu tinha negócios a resolver, não posso ficar de olho em Rony o tempo inteiro, não sou a babá dele! – Harry disse ríspido, mas baixo – Não é minha culpa ele estar usando essa porcaria. – ele pausou – Droga Hermione, olhe pra mim quando eu estiver falando com você!


 


Hermione virou o rosto lentamente e seu olhar recaiu sobre o dele. Os olhos dele ainda tinham a mesma cor, mas não eram mais os mesmo. O olhar carinhoso e amoroso que ele lhe dirigira por tantas e tantas vezes, agora era duro e frio. O brilho de esperança e felicidade que um dia aqueles olhos tiveram, foram substituídos por um brilho de amargura e tristeza. Os olhos dela se encheram de lágrimas ao constatar aquela mudança mais uma vez, nunca se acostumaria com o que aqueles olhos agora refletiam.


 


- Não quero você e as crianças envolvidas nisso. – ele disse duramente – Fui claro?


 


Hermione engoliu a vontade de chorar e o encarou.


 


- Mais claro impossível! – ela disse com rancor


 


Ele balançou a cabeça e mudou de assunto.


 


- Eu vi você com Olívio mais cedo. – ele a informou – Não gosto que você fique sozinha com ele. Não confio nele perto de você.


 


Hermione soltou uma risada nervosa.


 


- Você é inacreditável! – ela disse afetada – Como você ainda pode fingir ter ciúmes de mim?!


 


Harry não alterou sua expressão, continuava a encarando com frieza. Ele a puxou mais para si e apertou sua mão na cintura dela.


 


- Não importa o que aconteça, você ainda é minha esposa e me deve respeito. – Harry disse


 


- Assim como você me respeita? – ela despejou irônica


 


Hermione viu os olhos dele brilharem, mas não soube o porque.


 


- Eu nunca te traí e jamais te trairei. – ele disse com a voz carregada – Você sabe disso!


 


Hermione sentiu um nó na garganta. Ela queria tanto acreditar que aquilo era verdade, mas duvidava que ele pudesse ficar tanto tempo sem o calor de uma mulher, já que entre os dois não havia mais nada há alguns anos. Uma lágrima teimosa caiu de seus olhos e ela se odiou por aquilo, odiava por deixá-lo vê-la tão vulnerável. A música acabou e eles pararam de dançar. Harry sem dizer mais nada afastou-se e saiu da pista de dança, deixando-a sozinha.


 


*********


Cedrico conduzia a esposa pela pista, dançando em silêncio.


 


- Você está preocupada? – Cedrico perguntou a ela


 


- Estou. – ela admitiu – Ele tem sido tão irresponsável, tão covarde, tão...


 


Mônica suspirou tentando se aclamar. Cedrico deitou a cabeça dela em seu ombro e beijou-lhe o topo da cabeça.


 


- Não o chame de covarde amor, todos nós estamos fugindo. – ele disse com carinho – Cada um a sua maneira, mas todos nós estamos nos escondendo.


 


- Não vamos falar sobre isso. – ela pediu com os olhos fechados


 


- Um dia vamos ter que falar Nina. – ele a advertiu – Nós não podemos evitar isso pra sempre.


 


Ela não disse nada, apenas continuou abraçada a ele, apreciando o momento.


 


- Queria ter mais momentos assim com você. – ele disse a apertando mais contra si – Você está sempre tão ocupada, quase não tem tempo pra nós dois, só pensa no trabalho. – ele a acusou


 


Mônica se afastou um pouco dele, mexendo com as pontas dos dedos na gola da camisa do marido e prestando atenção no local.


 


- Você também anda sempre ocupado. – ela o encarou – Tem uma mancha de batom na sua gola. – ela disse tentando soar natural


 


Cedrico sentiu seu corpo gelar, enquanto os olhos dela o fitavam cautelosamente. Mônica deu de ombros.


 


- Deve ser minha. – ela disse fingindo acreditar em suas próprias palavras – Cada um a sua maneira, não é mesmo?


 


Cedrico apenas assentiu levemente, constrangido, se sentindo o pior homem do mundo. Ela suspirou e ambos pararam de dançar, Mônica deu um rápido beijo nele e o encarou com um pequeno sorriso, que ele retribuiu. Eles se conheciam muito bem, sabiam onde cada um estava se escondendo, mas era mais fácil fingirem não saber de nada.


 


********


Harry e Cedrico caminhavam apressadamente pela festa, indo em direção a cozinha. Entraram e a atravessaram sem olhar para os lados, passando ambos pela porta dos fundos, saindo em um beco escuro. Draco e Rony já estavam lá, o segundo apoiado na parede com a cabeça apoiada em uma das mãos, e Draco parado com os braços cruzados, olhando para algo a frente dele.


 


- Enfim chegaram. – disse o loiro, fazendo Rony levantar a cabeça, os olhos vermelhos


 


Mas eles não estavam sozinhos ali, parados a frente de Draco estavam dois seguranças, cada um prendendo de um lado os braços de um homem. Cedrico se postou ao lado de Draco e Harry foi até Rony, ignorando por alguns instantes a presença dos seguranças com o homem.


 


- Já passou o efeito? – ele perguntou ao amigo


 


- Já. – disse um pouco envergonhado – Me desculpe, não deveria ter usado essa noite.


 


- Você deveria era não usar! – o repreendeu e sussurrou – Isso é cocaína Rony, e é uma droga perigosa.


 


Rony usava cocaína há algum tempo, na verdade há bastante tempo. Desde o caso Dolohov que ele passara a usar, começou com drogas mais leves e parou por uns dois anos quando Thereza parecia não agüentar mais segurar as pontas. Mas então teve uma recaída, e quando passou a usar a cocaína nunca mais conseguira parar, a cada dia as coisas ficavam piores.


 


- Me desculpe. – ele disse novamente, se sentindo triste. Aquela era uma sensação comum quando o efeito passava, sentia-se deprimido e por vezes irritado


 


Rony esfregou o nariz e Harry suspirou se virando para onde os seguranças estavam com o homem. Ele caminhou até eles e olhou para o homem com uma expressão de superioridade e frieza. O homem era razoavelmente alto, com os cabelos castanhos claros e pele também clara, estava sujo e seu nariz sangrava.


 


- Onde vocês o encontraram? – perguntou Harry


 


- Na casa dos sogros. – informou um dos seguranças – Estava escondido, feito um covarde.


 


Os dois seguranças riram e Harry continuou a encarar o homem, que estava visivelmente fraco, encarando o chão. Harry segurou o queixo dele com uma das mãos e o fez encará-lo. Harry pôde ver o desespero nos olhos do homem.


 


- Por Merlin Sr. Potter, eu prometo que jamais o incomodarei novamente! – implorou o homem deixando lágrimas caírem


 


Harry riu ironicamente e soltou o rosto dele, se afastando um pouco.


 


- Você é patético Swan! – disse com desprezo – Draco.


 


Harry chamou o loiro e ele se aproximou. Harry tirou o terno preto impecável que usava na festa e o entregou ao loiro. Ele usava uma camisa igualmente preta e arregaçou as mangas dela, se aproximando novamente. Os dois seguranças seguraram com mais força o homem, que olhava para Harry.


 


- Eu não sou muito fã de usar esses métodos trouxas. – começou Harry sarcástico – Mas eu realmente preciso extravasar a raiva que estou sentindo de você Swan.


 


Sem dizer mais nada Harry socou o homem no estômago e sorriu satisfeito ao ouvi-lo gemer de dor, proferido outro soco no mesmo lugar.


 


- É uma pena já terem estragado seu rostinho. – ele disse fazendo Draco rir – Draco, quer fazer as honras também?


 


Draco se aproximou com um sorriso no rosto e devolveu o terno a Harry. O loiro também deu um soco no estômago do homem e quando ele se contorceu deu uma joelhada no rosto dele. O homem gritou de dor e caiu de joelhos no chão. Draco segurou-lhe pelos cabelos e se aproximou do ouvido dele.


 


- Isso é por ter tentado me fazer de idiota. – sussurrou com ódio no ouvido dele, soltando os cabelos do homem


 


Draco se afastou e viu que Harry já estava vestido com seu terno. O moreno deu um tapinha no ombro do amigo ao passar por ele.


 


- Espero que você tenha aprendido a lição Swan. – o alertou Harry – A próxima vez que você me ameaçar não vai sair vivo, me entendeu?


 


O homem assentiu entre o choro. Harry se virou para Cedrico.


 


- Você sabe o que fazer. – disse a ele, que assentiu calmamente


 


Harry foi em direção a Rony e segurou o rosto dele entre as mãos, fazendo-o encará-lo.


 


- E a próxima vez que você me arranjar problemas será a última! – ele disse ao ruivo nervoso – Não vou mais limpar sua sujeira!


 


Rony balançou a cabeça concordando rapidamente. Harry o encarou, como que se certificando de que ele havia entendido.


 


- Eu entendi. – afirmou o ruivo num sussurro – Obrigado mais uma vez!


 


Harry suavizou sua expressão e abraçou Rony, se afastando em seguida.


 


- Cedrico vai dar as instruções a vocês. – disse Harry aos seguranças – Qualquer coisa me avisem.


 


Os dois seguranças assentiram e Harry caminhou em direção a porta, voltando à festa, sendo seguido imediatamente por Draco e Rony.


 


*********


Ann deixou o salão principal, onde a festa acontecia, sozinha. Estava à procura de John e Peter, que haviam sumido há algum tempo. Ela os encontrou exatamente no local que Rachel lhe indicara, em um canto escuro do imenso jardim da propriedade. John estava sentado em um bando, olhando para o uniforme laranja em suas mãos, parecia perdido no tempo, enquanto London passava a mão em suas costas e em seus cabelos, consolando-o. Peter estava em pé de frente para o casal, todos em silêncio.


 


- Johnny, você está bem? – perguntou Ann já próxima a eles


 


Peter se virou para olhar para ela, seus olhares mal se cruzaram e ele desviou, voltando a olhar para John, que levantou os olhos por um momento do uniforme e encarou a prima, seus olhos tinham lágrimas, estavam cheios de tristeza e confusão, notou ela.


 


- Não Ann, não. – ele admitiu num sussurro e voltou a baixar o olhar


 


London suspirou e o abraçou. Ann se aproximou dele e beijou-lhe os cabelos negros.


 


- Você precisa dizer a ele que não quer isso pra você, que esse não é o seu sonho. – ela o alertou – Antes que seja tarde demais John!


 


O garoto não disse nada, a verdade é que não sabia se teria coragem para dizer ao pai a verdade, aquilo acabaria com ele. Dizer que jamais sonhou em ser jogador profissional de quadribol, apesar de se sentir feliz pelo reconhecimento, mas seu sonho era outro, era ser músico, ter uma banda e viajar pelo mundo fazendo shows, era isso o que ele queria. Ann suspirou diante do silêncio dele e London lhe deu um sorriso triste.


 


- Cuide dele. – Ann pediu a ela, que assentiu. Ann se virou para Peter. – Posso falar com você?


 


Peter não a encarava, seus sapatos pareciam mais interessantes e seus braços estavam cruzados na altura do peito. Mas mesmo assim ele assentiu e se afastou do casal, sendo seguido por ela. Os dois pararam em baixo de uma árvore, de frente um para o outro. Ann olhava para ele angustiada e ele olhava para todos os lados, menos para ela.


 


- Peter, quer parar de birra e olhar pra mim? – ela disse com firmeza e ele a encarou por fim – O que foi?


 


Ele fechou os olhos e balançou a cabeça de um lado para o outro, suspirando em seguida. Abriu os olhos novamente e a encarou.


 


- Não é nada. – ele disse suavizando suas expressões – É só que você não veio falar comigo depois da dança e eu achei que...você sabe.


 


Ann deu um meio sorriso para o primo, sentindo remorso por tê-lo tratado mal nos últimos dias. Ela se aproximou dele e acariciou sua face. Os olhos dele não desgrudavam dos seus.


 


- Me desculpe. – ela disse carinhosa – Eu fui infantil te tratando desse jeito.


 


Peter sentiu mais uma vez seu coração disparar, como na hora da dança. Não entendia o porque daquilo, da outra vez justificou aquela reação ao esforço de dançar, mas agora não estava dançando e nem fazendo esforço algum. Talvez fosse angustia, alívio, tudo isso por saber que ela o perdoaria.


 


- Você não foi infantil, eu mereci. – ele disse com a voz falhando – Sou eu quem te deve desculpas, eu quem fui infantil, me perdoe.


 


Ann o abraçou e ele retribuiu, apertando-a em seus braços, fechando os olhos e sentindo o perfume invadir-lhe as narinas.


 


- É claro que te perdôo, você é meu primo, meu melhor amigo, não conseguiria ficar mais um dia sem falar com você. – ela confessou – Eu também senti saudade.


 


Ele sorriu e eles se afastaram para se olharem.


 


- Nós nos vemos vinte e quatro horas por dia. Não sei como você pode ter sentindo saudade. – ele disse zombeteiro, repetindo as palavras dela durante a dança


 


Ela sorriu e lhe deu um tapa no braço. Peter a abraçou novamente.


 


- Eu prometo que vou melhorar com o Richard. – ele disse abraçado a ela


 


- Eu sei que vai, confio em você. – ela concordou e beijou-lhe a face, voltando a deitar sua cabeça no ombro dele – Eu te amo primo.


 


Ann notou, sem muita surpresa, que aquelas palavras soaram muito mais sinceras ditas a Peter do que quando ditas a Richard. Era natural que fosse assim, Peter era seu primo, quase um irmão e o amava desde que se entedia por gente. Mas ela nem sequer imaginava que, por algum motivo que Peter desconhecia, aquelas palavras não soaram tão naturais para ele, que sentiu seu coração mais uma vez dar um salto. Mas ele o ignorou, era só a emoção da reconciliação, ele repetiu a si mesmo.


 


- Eu também te amo prima. - ele retribuiu, tentando não se preocupar com suas novas reações


 


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Pessoal, o cap. saiu rapidinho, então por favor COMENTEM!!


Obrigada Gabriella Callado!!


Beijos a todos!!

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