Condições



O homem estava parado do outro lado da calçada, olhando o galpão abandonado a sua frente.


Já estava cansado de ficar ali. Tinha medo de entrar no galpão, que na verdade era o Saint Mungus. Alguma coisa simplesmente dizia a ele para esperar ali. Em algum momento a mulher apareceria.


Ela gostava de andar, essa era a razão de sempre sair do serviço pala porta da frente do hospital, ao invés de simplesmente aparatar.  Achava agradável a solidão por alguns minutos. Então agora estava ele ali, no bairro trouxa esperando a mulher aparecer.


Quem não estava gostando nada de ficar ali era Blásio. Que tipo de mulher o fazia ficar mais de duas horas parado, em pé, vestido com trajes trouxas e a esperando? Ele sabia a resposta para aquilo: aquela mulher.


O tipo Hermione se ser.


Havia passado pouco mais de quinze horas desde a última vez que vira a mulher, em seu apartamento, alguns quarteirões dali. Na verdade, muitos.


O homem pensou bastante. Sentira-se um idiota por deixar a mulher, como ele fizera. Estava claro para ele, agora, que o que sentia por ela não se resumia apenas ao desejo.


Hermione era realmente bela. O corpo perfeito, com curvas perfeitas. Cabelo perfeito. Sorriso perfeito. E o cheiro. Ela cheirava tão bem…


No tempo que se manteve afastado nunca esquecera o calor de sua pele. Hermione era tão quente! Nos momentos mais importunos ela estava lá: pegando fogo. Chegava a ser inconveniente.


O gosto da garota nunca se perdera em seu inconsciente. A sua forma delicada de beijá-lo, mesmo quando o garoto era possessivo ao fazê-lo. Ela sempre foi paciente.


Interrompeu as próprias lembranças e decidiu que iria esperá-la em seu apartamento. Pressentiu que talvez a mulher rejeitasse-o ali fora. Olhou para os lados e aparatou ali mesmo, sem se preocupar muito em ser visto ou não.


Olhou a sala que continuava do mesmo jeito. Achou que seria mais recomendável sentar ali mesmo, em algum sofá. Com magia, conferiu que não tinha ninguém em casa e sentou-se calmamente.


Riu de si mesmo. Estava agindo como um idiota apaixonado e era realmente aquilo que o homem havia se tornado. Ele estava ali agora, pronto para implorar a mulher que o recebesse de volta. Pedir perdão de joelhos caso ela se recusasse e usasse a desculpa de que estava noiva.


Não demorou muito e a mulher apareceu com um estalido alto.


Suspirou e olhou para o volume que tinha no sofá.


Blásio estava ali, olhando-a, sentado em seu sofá como se fosse algo normal.


_Como entrou aqui? – pediu estática.


_Aparatando. – ele respondeu baixo. Não tinha ânimo naquele momento, nem para fazer alguma piada com ela.


_O que está fazendo aqui? – ela disse ainda parada.


Estava cansada e confusa. O que o homem queria ali?


No dia anterior mesmo, ele saíra deixando-a falando com as paredes. Tudo bem, ele tinha acabado de se declarar a ela, que o desprezara, mas não havia razão para ele voltar. Achou que estivesse tudo certo agora.


_Vim me… me desculpar. – ele sentia o rosto queimar.


Sempre achou que era vantagem sua ter a pele escura, afinal, quando se sentia envergonhado – situação que ocorria naquele momento – ninguém podia notar. Suas bochechas não se avermelhavam. E se o faziam, ninguém via.


A mulher deu uma risada seca se encaminhando para a pia da cozinha. Encheu um copo de água e a bebeu em um só gole. Voltou a olhar o homem, que agora se escorava na bancada da cozinha.


Escorou-se também em sua frente de forma casual.


_Então você acha que pode simplesmente sair depois de passarmos a noite juntos e aparecer em minha casa como se nada tivesse acontecido?


_Eu não estou aparecendo dessa forma. – ele a interrompeu em protesto. – Com toda a certeza aconteceram muitas coisas ontem. – disse fazendo-a corar.


_Eu…


_Esqueça qualquer coisa que eu tenha dito ontem. Sobre te amar e tudo o mais. Esqueça. Vamos começar do zero.


_Blásio… eu realmente te peço pra que me deixe em paz.


_Olha, eu não vou te deixar em paz, porque você não quer que eu te deixe em paz. – ele puxou a mulher pelo pescoço em sua direção com força. – Estou errado?


_Esse é exatamente o problema.


_Tem certeza de que é um problema? – ele pediu passando os lábios por sua pele.


_Tenho. – sua resposta foi baixa.


Ele a soltou alguns segundos, apenas para pular o balcão e poder puxar a mulher em sua direção com firmeza.


_Hermione… - ele sussurrou antes de beijá-la.


Hermione sabia que era apenas questão de segundos o homem a ter nos braços. Era sempre assim. Por mais que depois ela se afastasse, ela tinha que senti-lo próximo por tempo o bastante.


_Espera, espera. – a mulher pulou de seus braços.


Blásio ficou quieto no mesmo lugar.


O que ela estava fazendo? Ele pensou que já tivessem superado todas as fases.


A fase do “estou traindo meu namorado” – noivo naquele momento, mas ele não se importava com os pequenos detalhes. Aquela coisa da diferença de Casas em Hogwarts. Todas. Até mesmo a de ela ser virgem. Os dois já haviam tido de tudo, então por que exatamente ela estava fazendo aquilo?


Sério. Eles já haviam passado da fase de “eu sou difícil” de Hermione, se é que ela havia existido algum segundo sequer de sua vida.


_Olha só, tenho uma condição para continuar me encontrando com você.


O homem juntou os braços na frente do peito esperando a sentença da mulher. Mesmo que ela o rejeitasse, ele tentaria seduzi-la. Em algum momento ela cederia.


Se tinha uma coisa que a volta de Blásio a Londres servira, fora mostrar a ele que nunca esquecera aquela mulher, porque a amava.


Ele descobriu que seria capaz de qualquer coisa para tê-la em seus braços. Orgulho era uma palavra que não existia mais para ele, se pra ter aquela mulher ele tivesse que abdicar de si, ele o faria.


Se tivesse que abdicar de seus próprios sentimentos, ele o faria.


_Antes de qualquer coisa, quando você vai embora?


Ele já havia se cansado daquela pergunta. A todo o momento ela a fazia, era melhor responder logo.


_Eu tirei licença. – a mulher o olhou alarmada. – Não faço ideia de quando volto.


_Como assim tirou licença? No meio do ano, do nada, você resolve tirar licença? – ele balançou os braços. – Ok. – ela disse insegura.


_Quais as condições?


_Ah. Bem, só vamos nos encontrar aqui. – ele concordou. – E você não pode aparatar aqui do nada. Rony pode vir aqui de surpresa e, sei lá, te ver aqui. Eu não quero que meu noivado acabe. Eu te aviso quando puder vir.


_Como vai fazer isso?


Ela se aproximou puxando a varinha da veste. Puxou o braço do homem e no começo do antebraço, marcou um H minúsculo com a varinha. Ele arqueou as sobrancelhas.


_Quando ela queimar, saberá que poderá vir.


_Acho que conviveu demais com as histórias do Lorde das Trevas.


Ela riu.


_Talvez.


_E Blásio! – ela disse quando o homem a puxava em sua direção.


_Hum?


_O mais importante. Eu não quero nada sério com você. Nós não vamos passar de horas de encontros, tudo bem?


Ele se admirou por suas palavras.


_Tudo bem. – falou baixo.


Ele sabia que não estava tudo bem, mas o que importava era tê-la.


Ela viu que não estava tudo bem. Mas o que podia fazer?


Jurou a si mesma que quando Rony dissesse algo sobre marcar a data do casamento, ela terminaria tudo com o homem. E internamente, pediu que isso não acontecesse tão cedo.



N/A: Então né, o capítulo ta meio curto assim, mas acontece. Sei lá, não consegui fazê-lo ficar maior :o enfim, espero que gostem.
Ah Miriam, deixa ela fazer um pouco de idiotice. nós fazemos as vezes, imagine ela...
caroline, nós nunca conseguimos enxergar quem nos ama completamente, você bem sabe UHUAHSUAHSUA
Tomara que continuem gostando e acompanhando. espero mais comentários.

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Comentários (1)

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