Fim de Jogo



A mulher chegou ao próprio apartamento sentando-se na poltrona em frente a cozinha. Passou alguns minutos com a cabeça enterrada entre as mãos em um choro silencioso, até se levantar e começar a tirar o vestido, jogando-o aos próprios pés enquanto voltava a se sentar.


Olhou-o por alguns segundos, perdeu-se na quantidade de panos enquanto jogava a cabeça para trás, retirando do cabelo os grampos que começavam a incomodar.


_Quando as coisas saíram do lugar? – pediu em um sussurro melancólico.


Limpou um último rastro de lágrima que havia em seu rosto e deu um leve sorriso apoiando os pés na mesa de centro. Aquela era uma pergunta que não precisava de resposta.


A questão era o porquê da mulher ter tanta resistência em si.


O que estava sendo tão difícil para ela perceber? Ela vacilara no altar, não conseguira desviar a atenção de Blásio Zabini enquanto segurava as mãos de Rony Weasley e o juíz iniciava a cerimônia. Parecia tudo tão relativamente fácil de compreender. Nenhuma mulher colocaria-se em dúvida naquela ocasião. Era um momento especial.


Ou deveria ser.


Hermione não percebera que intecionalmente, ou não, seus pensamentos giravam em torno de Blásio. Suas atitudes passaram a ser baseados no que ele acharia e nada disso acontecia com Rony. Com o ruivo era tudo tão calmo, previsível e entediante. O outro homem, de alguma forma, a entretia com pequenas coisas, irritava-a de forma impensável e amava-a incondicionalmente, mas ela bloqueava essa ideia de uma forma tão intensa, que nem mesmo conseguia enxergar.


O que ela queria que acontecesse era que Blásio sumisse de sua mente e ela pudesse viver calmamente com Rony. Isso era o que ela queria porque o homem era sua paixão adolescente e era com ele que ela desejava ter filhos, levá-los à casa de Harry e Gina, que seriam os padrinhos…


Havia quantos anos que guardava aqueles pensamentos? Eram definitivamente o suficiente para deixá-la atormentada em ver que nada saíra como o esperado. As coisas realmente haviam saído do controle.


Mas é exatamente assim que a vida se comporta: de forma imprevisível. Não adianta planos, eles não servem de nada comparado ao que está reservado a cada um. De uma forma ou de outra, tudo já está definido em algum ponto. Quando se foge a isso, as coisas podem dar certo ou não.


Às vezes, faz-se simplesmente uma confusão com as próprias escolhas.


Não é necessário dizer quantas horas a mulher passou sentada no mesmo sofá, na mesma posição e com os olhos fechados. Qualquer coisa que se passasse em sua cabeça era somente dela. Análises próprias, sentimentos íntimos e com um único objetivo.


Ignorou por algum tempo as batidas na porta do apartamento. Levantou-se no escuro quando ouviu a voz angustiada da mãe do lado de fora. De qualquer forma precisava acalmá-la dizendo que estava bem.


Apertou o interruptor, olhou-se rapidamente vendo que não estava em condição alguma de abrir a porta e não o fez. Por uma fresta olhou as expressões chorosas dos pais. Remoeu-se praguejando por não ter tomada uma escolha antes.


_Hermione… - começou a Sra. Granger.


_Eu não quero falar sobre isso agora. – ela a interrompeu.


A mulher olhou insegura para o marido, voltando rapidamente a atenção para a filha.


_Está tudo bem? – pediu avaliando a filha até onde podia, não tirando boas conclusões do que viu. – O que…


_Mãe, por favor. Eu prometo explicar tudo o que aconteceu, mas não hoje. Podem compreender isso? – a mulher, que estava com o cabelo mais desgranhado do que o possível para uma pessoa que estivera prestes a se casar, terminou a frase com os olhos grudados no pai.


Hermione sabia que o Sr. Granger seria mais fácil de persuadir do que a esposa. E não estava errada.


O homem puxou a esposa pelo braço delicadamente e ela o seguiu com alguma relutância.


Ela virou para dentro do apartamento escorando-se na porta enquanto escorregava o corpo até o chão. Pensou um pouco mais.


Já estava decidida, ou assim pensava. Rony não era o caminho, mas será que ela teria coragem de encarar os pais e dizer que já havia outro noivo em mente? Como poderia? E a família Weasley? A essa altura, todos já deveriam estar sabendo.


Não, não por Ron, o homem não sairia contando por aí os erros do casal, mas Gina, não com a intenção de fazer fofoca, mas simplesmente para todos entenderem o acontecido, falaria. Tinha suas dúvidas, mas era quase certo que a ruiva não seguraria a língua.


Mesmo que Blásio aparecesse e ela dissesse “Ei, eu quero ficar com você”, quando teria coragem de admitir para todos o relacionamento? É claro que ninguém precisaria saber de onde ele surgiu, mentiras não eram tão ruins, afinal.


Estava se levantando para tomar um banho quando ouviu um barulho alto do outro lado da porta. Parou onde estava esperando alguma reação do outro lado. Alguns segundos se passaram e a campainha tocou. Será que era Blásio?


Não, era Harry. Estava cabisbaixo. Ela pediu ainda sem abrir a porta, que ele esperasse um pouco. Projetou em cima da mesa de centro a primeira coisa que lhe veio a cabeça: uma saia jeans quatro dedos acima do joelho. Vestiu-a rapidamente e abriu a porta do apartamento.


_Entra. – ela disse ao homem que entrou sem encará-la


Logo percebeu que as coisas não seriam fáceis com ele também.


_Har…


_Não, eu não quero saber. – ele a interrompeu, pela primeira vez a encarando. – Não vou mentir, estou chateado, Rony é meu amigo. Mas… bem, você já fez. Palavras não vão mudar nada, não é? – o silêncio pesou na sala. A mulher não pode deixar de enrubescer com as palavras do amigo.


_Se não veio me recriminar, o que está fazendo aqui? – ela não pode impedir as palavras de saírem de sua boca.


_Eu sou seu amigo,Mione. – ele deu um sorriso sincero. – Tinha que ver se precisava de alguma coisa, sabe?


_Mas Rony… - a mulher começou, mas foi interrompida novamente pelo amigo que a abraçou.


_Ron está bem. Quando saí de lá, ele estava limpando o quintal com Gina.


_A senhora Weasley…


_Hermione, ninguém vai morrer pelo fim de um casamento. – disse divertido se afastando e olhando-a nos olhos.


_Desculpe, só fico preocupada.


Harry não disse nada, e seguindo a mulher, sentou-se no sofá confortável.


_Você quem o convidou para o casamento? – a mulher estivera distante alguns segundos, repetiu as palavras do amigo lentamente em sua cabeça e virou-se espantada pra ele.


_Claro que não. Não teria coragem de fazer isso, Harry.


_Certo, só queria saber. – a mulher entendeu a frase com um complemento: ele só queria saber se ainda a conhecia.


_Eu fiz besteira com tudo isso, eu sei. – ela disse baixo e percebeu que Harry estava ali apenas para ouvir. – Quero dizer, é Rony. Perfeito. Carinhoso. Amável. Mas simplesmente Blásio desperta algo mais em mim e eu realmente não sei o que é. É como se ele tivesse um imã, que sempre me puxa em sua direção. Me faz ficar insana, sabe? Minhas pernas literalmente tremem ao lado dele. – a mulher não pôde evitar sorrir ao dizer isso. O homem a encarava curioso, decidido a não fazer julgamentos. – Sabe quando sua garganta fica seca? Não demonstro, mas fico com medo de abrir a boca e falar alguma besteira, então simplesmente fica rígida quando ele está perto demais. Ele é incrivelmente bom em me chatear e me amar. E eu o acho simplesmente bom demais pra mim.


Por um momento o homem ficou perdido, sem saber de quem ela falava. Mas organizando a conversa, percebeu que era de Blásio. Estremeceu um pouco pensando se Gina também não teria um amante desde os tempo de Hogwarts. Será que a ruiva o largaria no altar, ou aconteceria como com Ron e Mione? Uma conversa e explicações antes do fim? Pediu que nenhum dos dois.


_Estou nervosa quanto a isso, Harry.


_Isso significa que você e Rony realmente terminaram?


_Nem que eu quisesse, ele me aceitaria. – ela comentou com amargura. Tudo sua culpa. – Eu não deveria ter forçado a barra, eu já sabia que não era o que eu queria. É só que… é difícil assimilar que de alguma forma, eu goste mais de Blásio do que de Ron.


_Não é como se você pudesse escolher quem amar.


A mulher o encarou com um sorriso, enquanto ele a olhava com curiosidade.


_Obrigada.


_Pelo quê? – pediu confuso.


_Por não estar, sabe, me xingando. – encostou o corpo novamente no sofá com um suspiro.


_Ah, não se preocupe, Gina o fará quando te encontrar.


Ela não pôde deixar de dar um sorriso com as palavras do amigo.


_Mione? – ele chamou depois de alguns minutos em que a amiga se perdera em pensamentos. – Não se sinta culpada. Tinha que acontecer. Se você gosta dele, não deve pensar muito, nem fazer considerações. Quero dizer, nós já sabemos que vocês estavam juntos há algum tempo, - Hermione sentiu o rosto esquentar e teve certeza de que seu rosto estava vermelho quando o amigo riu ao olhá-la. – Então não vai ser nenhuma surpresa você aparecer com ele para tomar um café com a gente.


_Ron…


_Mione, relaxa. Eu cuido do Ron. Ele gosta de você, mas é claro que ele vai superar. Só precisa de tempo.


_Então eu não devo ir n’A Toca por enquanto, certo?


_Exato. – o homem segurou a mão da amiga. – Quando ele estiver pronto, virá te ver.


Ele se levantou e a mulher o seguiu até a porta. O homem esperou-a apenas fechar a porta para aparatar.


Antes que se sentasse, a mulher voltou a abrir a porta, como um aviso. Ela tinha uma boa audição, e ouvira o barulho de aparatação seguidamente. Ou Harry tinha voltado, ou…


_Eu só estava… em dúvida se… - o homem não pôde terminar. Hermione simplesmente jogou os braços ao redor do corpo do homem e grudou seus lábios ao dele.


Sem provocação. Foi um beijo simples, uma mensagem que ele compreendera. Esgueirou os braços pelo corpo da mulher ainda sem ter certeza. Não era porque ela o escolhera, que ele tentaria agarrá-la. Apesar de tudo, Rony merecia respeito. Principalmente porque a tentativa de casamento havia sido um desastre.


Quando Hermione o afastou, ele estava com a mão entre o emaranhado de cabelos da mulher.


_Isso é um sim pra mim? – ele pediu cauteloso.


Era Hermione, e a mulher tinha um certo dom em confudí-lo.


_Sim em todas as formas.


N/A: "Bem, foi realmente bom postar novamente e principalmente saber que agradei a alguns. Espero que esse último capítulo tenha agradado tanto quanto os outros. Capítulo curtinho mesmo, mas preferi terminar a fic nesse ponto, achei mais divertido. Enfim, terminamos mais essa juntos e, bem, tenho alguns projetos em mente, mas não sei se saem esse ano. Essa coisa de colégio e tal, não quero me comprometer com algo que não vou poder cuidar o tempo todo. Já tentei fazer antes e a fic saiu uma droga – quem leu Eternamente Unidos bem sabe, afinal, estou reescrevendo-a. De qualquer forma, se não esse ano, nos vemos nas férias. Obrigado por comentarem e espero que tenham gostado bastante do capítulo. Beeijinhos, até a próxima."

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Comentários (1)

  • Artemis Granger

    sim em todas as formasss! finalmente! rsrsrsrsrsrs adoreia  história... e foge da hermione santa q sempre sabe o que quer! parabéns

    2012-05-20
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