O destino às vezes me irrita

O destino às vezes me irrita



Pov’s Harry (introdução de capítulo):


 


         Eu só poderia rir da ironia que o destino era. Sempre brincando com a gente, manipulando nossas escolhas, nossa mente. Sempre fazendo a gente parar onde parávamos – no fundo do poço ou no alto de um pódio olímpico, hipoteticamente falando, é claro. Mas eu, bom, parecia que eu era um caso a parte. E eu não sabia se meu caso seria algo para rir depois de vários anos quando tudo isso acabasse.


         Está confuso, né? Tudo bem, me deixe começar de novo.


         Foi assim. Faltavam poucos dias para o Natal, e todo mundo já estava, tipo, pirando, porque ia ter férias de natal e blá, blá, blá. Alicia era mais uma – o que não fiquei surpreso, porque ela realmente parecia alguém, ahn... Entusiasmada.


         Só que ela realmente pirou de vez. Aí, chega a parte em que você diz: “Tem certeza que você não está exagerando?”. Mas, agora me diga, quando sua melhor amiga pára de, misteriosamente, falar contigo, ela não está pirando demais?


         Ainda tá confuso, né? Não esperava outra coisa.



Capítulo 14 – O destino às vezes me irrita.


Pov’s Harry:


 


         Depois de algumas semanas aqui, descobri que, mesmo com a guerra, os jantares em Hogwarts são sempre barulhentos e agitados, com conversas se sobrepondo umas as outras, sons de talheres batendo nos pratos e risadas escandalosas. E, agora que o Natal se aproximava cada vez mais, o ritmo disso só parecia aumentar.


         E eu já estava a ponto de ficar pirado com tudo isso, porque, justo nesse dia, dezessete de Dezembro – o dia do meu juízo final (tudo bem que o de Quadribol também era, mas abafa) – eu estava preste a explodir.


De dor de cabeça!


         Eu, sinceramente, não sei como ela surgiu, mas sei que já está me irritando. Por que aquela maldita luz branca não poderia simplesmente curar isso? Senti algo cutucar com força dentro de minha cabeça quando xinguei “maldita luz branca”. Rá, como se ela tivesse vida... Eu é que não teria mais vida se essa dor de cabeça continuasse.


         Meus amigos próprios conversavam alto e riam animadamente. Será que meus poderes se estendem a estalar os dedos e todo barulho cessar? Ah, deixa pra lá!


- Pontas? Pontas! – gritou Alicia (“Puta merda! Minha cabeça!”) no meu ouvido, para chamar minha atenção.


         Virei meus olhos para ela, perdendo toda concentração em procurar silencio que eu estava procurando.


- Sim, Al? – eu realmente gostava de Alicia, não poderia haver amiga melhor, mas, às vezes, só às vezes, ela me irritava quando berrava como uma grasna – eu nem sei se esse bicho existe, berra ou sei lá. Sei que estou irritado e tentando me concentrar para não descontar em minha melhor amiga.


- Perguntei o que você quer ganhar de Natal – ela riu gostosamente, mas meus ouvidos, minha irritação e minha cabeça só captaram um barulho a mais – É que os Weasleys, os Bones, os Granger, Neville e a avó dele, nossos pais, nós e tio Remo vamos passar o Natal juntos, como fazíamos antigamente.


         Eu vi seus olhos tornaram-se nebulosos a menção de “antigamente”, mas estava tão irritadiço que não conseguiria confortar a ninguém, nem mesmo Alicia, hoje à noite. Eu mal me conseguia me manter lúcido!


         Ia responder que não queria nada, quando Dumbledore levantou, erguendo a mão e imediatamente instaurando o silencio no Salão – amém, amém! Quando você morrer, Dumbledore, eu vou ser o primeiro a lamentar! (não que eu queira que tal coisa aconteça, mas, você me entendeu).


- Para acalmar os ânimos – começou o diretor – eu e os professores decidimos realizar um Baile de Máscaras no Dia dos Namorados. Deverão vir de roupas de gala e máscaras, onde todos devem convidar um par.


         Quando ele sentou-se novamente, cochichos e conversas animadas preencheram o local, com mais força do que antes (“Eu não tenho roupa!” “Preciso comprar um sapato!” “Ei, quer ir ao baile comigo, Kimberly?!”). Lembra aquela história do lamento, morte e Dumbledore? Esqueça.


         Acho que estou com sinusite, porque toda a parte frontal da minha cabeça está parecendo que vai rachar de tanta dor. Que, que isso?! Não é ilegal sentir tanta dor assim?! Não é ilegal ser tão idiota, como eu sou?...


         Merda – eu tinha, realmente, que parar com essa mania de falar palavrões quando me irrito.


         Quando acabamos de jantar, levantamos e caminhamos pelos corredores em direção a Torre da Grifinória. Por alguns instantes, me senti tentado a dizer que ia ao banheiro, chamar Akemi e ir para Harmony, só pra perguntar para Mestre Dimitri se essa dor de cabeça tinha algo haver com minha memória. Mas, suspirando, desisti. Ninguem prestou atenção em mim enquanto divagava.


         Eu não sei como, mas eu continuei sentado no sofá ao lado de Susana, enquanto ficava uma barulheira infernal no Salão Comunal. As pessoas jogando Snap Explosivo, e os barulhos de explosão. Pessoas conversavam, jogavam maçãs – que tiraram de sabe-se lá onde – para lá e para cá. Brincavam, riam, estudavam. Até o barulho da pena no pergaminho era horrível. Sei lá, parecia que eu ouvia mais coisas do que deveria, como os ouvidos de um animal.


         Os minutos foram passando, e as pessoas foram indo dormir. Eu comecei a conversar com Al, tentando esquecer essa dor de cabeça e tentando reprimir as caretas que queriam sair para extravasar a dor. Não sei com exatidão que horas eram quando só restou eu e Al no Salão Comunal, sei que era tarde e minha cabeça doía mais do que antes.


         Fechei os olhos, tentando me concentrar para parar a dor de cabeça.


- Harry? – chamou Alicia preocupada.


         Vi olhos vermelhos brilhando sob minhas pálpebras e a escuridão me engoliu.


 


         Abri os olhos e fitei o teto. Era o teto do dormitório. Ai, passei a mão na cabeça, que latejara por alguns instantes, e... Parou. Estranho. Pelo menos, não dói mais.


         Tomei um banho demorado, aproveitando que não sentia dor. Mas, a questão mais importante só chegou à minha mente quando já tinha trocado de roupa: Como cheguei ao dormitório ontem?


         Eu não me lembrava de levantar e vir deitar, nem de colocar o pijama, ou de dizer boa noite a Al, com quem eu estava no Salão Comunal. Era mesmo uma coisa estranha.


         Desci as escadas do dormitório masculino para chegar ao Salão Comunal e encontrar uma cabeleira ruiva sentada no sofá, fitando doentemente a lareira.


- Al? – chamei, depois de reconhecer a pessoa. Sentei na poltrona mais próxima ao lado do sofá que ela estava.


         Seus cabelos ruivos estavam muito bagunçados, como se ela tivesse mexido nele inquietamente. Sob os olhos azuis, opacos, tinham olheiras. Sua pele parecia querer não colaborar, como se ela estivesse infeliz. Alicia inteira parecia mal.


- Al? – chamei de novo e ela pareceu despertar de um transe.


         Para minha grande surpresa, me olhou com uma raiva que eu nunca tinha visto sair dos olhos dela – pelo menos, não direcionada para mim.


- O que quer, Potter? – ela perguntou, levantando enquanto caminhava em direção a escada de seu dormitório, provavelvemente para trocar de roupa, pois ainda vestia um robe rosa.


         Mas com isso pouco me importei. Potter?


- Ora, saber por que você está assim, não sou seu amigo? – mas acho que só piorei tudo falando “seu amigo”, porque ela parecia querer chutar algo quando eu disse isso.


- Não, você não é não mais! – ela quase berrou, virando-se para subir as escadas, mas segurei seu braço.


- Mas o que eu fiz? – perguntei. Qual era o motivo para esse comportamento? Eu não conseguia entender nada.


- Você sabe bem o que você fez – ela rosnou de volta.


- Não sei, não – e não sabia, mas Al não ligou. Virou as costas, os cabelos ruivos esvoaçando, e subiu, pisando duro, a escada.


         Depois de refletir com muito cuidado, conclui que de nada entendera daquela conversa. Somente que Alicia não era – não mais – minha amiga, por opção dela, e que agora eu era “Potter”.


         Senti-me incomodado. Eu não sabia quem poderia me explicar o que acontecera com Alicia – porque era obvio que isso não era TPM.


         Transformei-me em fênix e fiz o vôo da fênix em frente ao escritório da minha mãe e do meu pai.


- Ah, por favor, Pontas! – exasperou-se uma voz que eu conhecia bem. Meu padrinho. Provavelmente ele e meu pai preparavam-se para sair.


         Bati na porta. Alguns segundos mais tarde, ela foi aberta por minha madrinha, que pareceu surpresa a me ver.


- Harry, querido? – perguntou ela confusa.


- Oi, madrinha – sorri tristemente para ela, como se dissesse “aí vem bomba” – Posso conversar com vocês?


- Claro. Sempre, Harry, sempre – ela disse apressadamente, me dando passagem para entrar.


         Caminhei até a sala e encontrei meus pais sentados num sofá, enquanto conversavam com meu padrinho.


- Oi, gente – falei, quando olharam para mim, sorrindo alegremente.


         Lene fechou a porta e sentou-se no sofá ao lado de Sirius. Caminhei e sentei no braço de uma poltrona.


- O que foi filho? – perguntou meu pai – Algum problema?


- Na verdade, pai, acho que eu sou o problema – respondi meio resgungado, me afundando definitivamente na poltrona.


- O quê? Por quê? – indagou minha mãe, já se exasperando. Esse era o problema dela, quando o assunto era “eu”, ela já ficava preocupada.


- Alicia está louca – resmunguei.


- E por que o problema é você? – perguntou sem entender Sirius.


- Ah, eu acho que ela tá meio que... Pirando, sei lá – falei, pensando bem, ela não tava “meio”, ela estava completamente louca. O que eu tinha feito de tão ruim assim? – Tipo, ontem ela falava comigo, hoje, não. Piração, né?


         Eles se entreolharam, provavelmente tentando entender.


- Depende... – começou minha mãe delicadamente – O que você fez?


         Então, tudo se resumia a isso: o que eu, exatamente, tinha feito?


- Esse é o problema! Eu não sei o que eu fiz para ela. Logo, o problema sou eu! – eu já estava ficando estressado com tudo isso. Daqui a pouco eu tinha aula, e não saíra do ponto “Potter”.


- Como, não sabe? Pode ter feito algo... Não sei, Harry, querido, meninas se magoam fácil... – minha mãe obviamente pensava que eu tinha deixado algo escapar. Ótimo.


- Não, mãe, eu tenho certeza absoluta que não fiz nada! Ela estava normal comigo antes de ir dormir e... – mas parei. Ela estava preocupada ontem, pouco antes de tudo ficar preto e eu acordar hoje.


         Eu só queria saber: o que tinha acontecido nesse intervalo de tempo em que eu apaguei? Eu nem tivera o sonho com a estrela maluca, se pensar bem...


- É... É complicado – falei – Ontem, praticamente o dia inteiro, eu estava com uma dor de cabeça insuportável... Parecia que ia rachar minha cabeça. Todos já tinham saído, eu estava conversando com Al, quando a dor piorou... Só... Só me lembro de tudo ficar preto e eu acordar no dormitório.


         Agora, sim, eles estavam preocupados.


         É, eu também estava, afinal, qual era meu problema? Porque eu tenho certeza que isso não é, definitivamente, normal. Bom, eu todo era esquisito, tudo bem.


- Vamos falar com Dumbledore – disse minha mãe, já levantando decidida.


         Segurei sua mão delicadamente, fazendo-a sentar de novo. Balancei a cabeça de um lado para o outro.


- Não, mãe, não vamos falar com Dumbledore. Já passou a dor física – falei deprimente.


- A dor física? – meu padrinho tinha tanto tato quanto Rony, nessas coisas tinha que concordar com a Mione. Meu Deus...


         Franzi o cenho, nem mesmo eu entendia direito.


- Não sei... Alicia não falar comigo... Dói, é... É como se algo estivesse errado. – suspirei, enquanto levantava – Não sei o que é isso, vou resolver, não se preocupem. Vejo vocês depois.


         E sai dali às pressas, simplesmente virando fênix e aparecendo no jardim, antes mesmo deles poderem dizer “tchau”.


         Os jardins estavam vazios, mas cheios de neve fofa, deixando pegadas por onde eu passava. Quando vi Hagrid perto de sua cabana, cortando árvores, fui até ele.


- Olá, Hagrid – eu disse.


- Algum problema, Harry? – Hagrid era um bom amigo, e Su e Al logo me apresentaram ele, às vezes íamos visitá-lo. Ele se quer saber, era um bom conselheiro.


- Sim, tenho um, na verdade. Al parou de falar comigo e nem ao menos sei por que – ou pelo menos, não lembro, quase completei, mas engoli essa parte da minha fala.


         Hagrid deu um sorriso triste por entre seu emaranhado de cabelos.


- Ah, garotas são complicadas, Harr. Quando você pensa que pode entendê-las, é quando você fica mais confuso – ele deu um riso nervoso.


         Você não sabe como está certo, Hagrid. Mas, ao invés disso, eu falei:


 - É, pois é. Bom, vejo você depois Hagrid – ele acenou e eu saí andando novamente.


         Depois de amanhã voltaremos para casa e eu vou passar o natal brigado com Alicia. Essa expectativa me deixou ainda mais desanimado.


         Ouvi galhos seco se quebrando e minha cabeça virou-se automaticamente para a Floresta. Eu caminhava a orla dela, ouvindo os animais piando ou voando por entre as árvores.


         O som de galho quebrando parou. Devia ser só algum bicho – era disso que eu tentava me convencer.


         Voltei a caminhar. Mais galhos se quebrando.


         Bufei de impaciência, enquanto começava a voltar para o castelo. Mas, nesse momento, Comensais da Morte apareceram.


         Eu nunca tinha visto eles de perto, somente em fotos no Profeta e, sinceramente, era tão idiotas quanto nas fotos. Usavam mantos pretos e mascaras prateadas de caveira. Ãh-dã.


- Renda-se, Potter! – não identifiquei a voz da pessoa escondida por trás da máscara.


         Eram dez Comensais ao todo. Senti vontade estalar os dedos, como quem diz “manda ver”.


         Nem ousei pegar minha varinha enquanto duelava, eu sempre me virei bem sem ela, sempre me viraria. Meus feitiços eram silenciosos, e eu não emitia expressão alguma enquanto disparava feitiço atrás de feitiço.


         Quando um “Crucio!” passou quase raspando pelo meu rosto – que eu virara de lado bem na hora certa – bolas de fogo brotaram em minhas mãos. Eu nunca me sentira tão poderoso.


         Taquei as bolas de fogo como se fossem de neve neles, que desviaram assustados de repente.


- Harry! – ouvi o grito ao longe, enquanto lançava um “Estupore!” num Comensal baixinho e desajeitado.


         Por um instante fugaz, virei a cabeça. Vi Alicia parada ali, com Susana, Gina e Hermione. Não sei como, mas ouvi Al dizendo: - Chamem os adultos, rápido!


         Esse momento de olhadela me custou caro, um Comensal me atingiu com um feitiço do corte. Sangue escorreu por meu braço.


         Al chegou do meu lado, esbaforida. Os Comensais nos cercavam, eu estava de costas para Alicia que também sem varinha, posicionava-se para a luta.


         Nós lutávamos bem, sim, mas, mais Comensais surgiam como se tivesse uma frota inteira deles. Eu estava ficando cansado. Alicia respirava-se pesadamente atrás de mim.


         Fazendo um movimento de mãos, um vento forte jogou os Comensais longe – era como se eu controlasse o ar. E isso me fazia sentir muito bem.


         Será que...? Mais um movimento de mãos – que eu não fazia idéia de como sabia – e um anel de água girava em torno de mim e Al.


- Rápido! – gritou um dos Comensais.


         Ele jogou um feitiço negro em Alicia, que parecia distraída por alguns instantes enquanto desviava um feitiço da confusão. O feitiço a acertou, e Al caiu na neve. A neve enchia-se de uma cor profunda de sangue rápido demais.


         Eu senti o feitiço “Estupefaça!” vindo pelas minhas costas, mas simplesmente não dei atenção. O anel de água a minha volta já se dissolvia na neve.


         Antes de cair na inconsciência do feitiço, ouvi:


- Prepare uma chave de portal, o Lorde das Trevas vai ficar feliz em saber que capturamos Potter!


         E então eu não sei o que aconteceu.


 


Especial pov’s Lílian:


         Eu estava preocupada com Harry, ele saíra muito rapidamente na minha sala, antes que pudéssemos dizer qualquer coisa.


         Suspirei, tentando parecer calma, o que era bem difícil.


- Vamos tomar café, eles são adolescentes, mesmo em guerra, é normal brigarem às vezes – eu disse.


         Os três assentiram e caminhamos em direção ao Salão Principal.


         Muitos alunos já comiam seu café da manhã, meio sonolentos meio conversando sobre as férias. Comprimentei Remo, e sentei-me ao seu lado.


         O café estava muito calmo. Calmo demais. Balancei a cabeça, era só uma sensação ruim.


         Olhei para as mesas. Os Grifinória riam e sorriam, como sempre. Os Corvinais, alguns, tinham livros em cima das mesas, e discutiam sobre isso. Os Lufos riam mais alto que todos. E os Sonserinos... Sorriam? Isso não era bom.


         E não era mesmo.


         Rony e Neville comiam na mesa da Grifinória. Mas os outros Marotos não estavam lá.


         E eu logo soube por que.


         Susana, Gina e Hermione entraram correndo no Salão Principal, chamando a atenção das pessoas, mas elas ignoraram. Correram em direção a mesa dos professores e Susana quase berrou:


- Comensais da Morte nos jardins, estão atacando Harry e Alicia!


         Nós, os professores, levantamos tão rápido e em tão sincronia que seria engraçado, se não fosse trágido.


         Dumbledore tinha um olhar sério e andava mais rápido do que todos, que dizer, corria mais rápido do que todos. E parecia irritado que tivessem conseguido entrar em Hogwarts, “a impenetrável”.


         Quando chegamos às grandes portas duplas, vimos pelo menos trinta Comensais cercando Harry e Alicia. Mas, quando tentamos passar pelas portas, algo nos prendia.


         Dumbledore, eu, Tiago, todos, tentamos lançar um feitiço que rompesse isso. Mas não conseguíamos. Senti-me desmoronando no chão, enquanto via a luta. Tiago abaixou-se a meu lado, e me abraçou pelos ombros, como se dissesse que sentia o mesmo.


         Parecia demais com a noite que ele “morrera”, tentando lutar. Eu não estava pronta para isso de novo.


         Harry fez uma série de movimentos de mão, que não entendi nada, e a neve em volta deles transformou-se em água circulando eles, como se os protegesse.


         Vi um Comensal, baixinho e gorducho – que me trouxe muitas más lembranças – lançar um feitiço azul escuro, um feitiço da confusão.


         Al o desviou em outra direção, mas não a tempo de ver um feixe de luz negra voar em sua direção acertá-la e ela cair. Lene gritou de dor ao meu lado, como se fosse com ela mesma a dor de ser acertada por aquilo.


         Alicia caiu na neve, sangrava demais. Harry, o rosto banhado de lágrimas, ajoelhou-se ao seu lado, puxou o corpo dela para seus braços.


         Não desviou quando um feitiço de luz vermelha veio pelas suas costas e o acertou. Ele caiu na neve vermelha, Alicia ainda em seus braços. Os dois inconscientes.


- Prepare uma chave de portal, o Lorde das Trevas vai ficar feliz em saber que capturamos Potter! – um Comensal da Morte alto e musculoso por sobre o manto gritou.


         Um Comensal tirou do manto uma espécie de taça com uma cobra em volta. Ela brilhou azul e apagou-se. Uma chave.


- NÃO! – gritei, com todas as minhas forças, dando socos desesperados na barreira que me impedia de avançar e estapear todos aqueles monstros asquerosos.       


         Mas ela nem mesmo rachou.


         Senti-me impotente quando um Comensal chutou Harry e Alicia em direção a chave de portal. Senti-me impotente quando os Comensais pegaram a chave juntos e sumiram com meu filho e minha afilhada.


         Senti-me impotente quando cai no chão do corredor, com o rosto pingando tantas lágrimas que eu parecia me afogar em mim mesma.


         Eu falhara, novamente, em proteger meu filho.

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