As nossas lembranças



Pov’s Alicia (introdução de capítulo):


         E se eu te dissesse que seus sonhos podem virar realidade, você acreditaria em mim?... E se eu te dissesse que seus piores pesadelos também?


         Nunca lutei realmente com Lord Voldemort, só sabia que o odiava, muito e profundamente, por tudo que ele fez e por tudo que ele ainda faz.


         Mas... De certa forma, eu deveria me sentir grata, por mais estúpido que isso possa soar.


         Afinal, não é irônico que seu melhor sonho e seu pior desejo, além de terem acontecido ao mesmo tempo, tenham vindo da dor que seu maior inimigo causou ao seu melhor amigo?


 


Capítulo 16 – As nossas lembranças


Pov’s Harry:


 


         Coisas pesadas apertavam meus pulsos. Puxavam-nos contra o chão e eu me sentia estranhamente fraco. Tentei me mexer e meus músculos gritaram em protesto.


         Um gemido de dor escapou da minha boca, mas parecia não haver ninguém ali. O que era totalmente o contrário. Quando abri lentamente os olhos, vi que estava em uma câmara. Era escura e sombria, e parecia muito com as masmorras de Snape.


         Não tinha janelas, somente luzes verdes escuras brilhando no teto – me perguntei se era um lugar trouxa ou bruxo. Um trono negro estava em cima de uma espécie de rocha. Tinha uma escada que levava até o trono, mas, entre a escada, como que para “enfeitar” tinham mãos – como se pedissem socorro – saindo. Quase podia ouvir um grito estrangulado ali embaixo.


         Juntando todas as minhas forças, olhei para o lado e a visão me chocou. Al estava esparramada no chão, os cabelos ruivos chocavam contra o chão indiferente. Ela estava pálida e parecia inconsciente. Seus pulsos e pés estavam presos por grilhões, e estes presos por uma corrente ao chão.


         Reparei que eu também, mas eu conseguira sentar, desajeitada e dolorosamente.


- Ah, Harry Potter – essa voz parecia deliciada com a visão que estava tendo, eu preso.


         Não precisei me virar para saber quem era. A pessoa veio andando de uma porta dupla lateral, acompanhado por mais três pessoas.


         Uma era uma mulher – Belatriz, dissera Mestre Drake – de cabelos pretos e para cima, dando-lhe um ar de loucura. Os olhos eram azuis e continham uma felicidade cínica, junto com o sorriso e os risinhos que soltava.


         O outro, eu me lembrava bem, era Lúcio “Malafoy”. Os cabelos loiros platinados, os olhos cinzentos e nebulosos e, para completar a imagem, um sorriso arrogante – Draco Malfoy era muito parecido, só que, por mais que soe estranho admitir, não possuía esse sorriso com escárnio.


         E o último, eu não fazia a mínima idéia. Era baixinho e gorducho, parecia um rato. Tinha cabelos, os poucos que lhe restavam, que eram de uma cor areia. Os olhos eram pretos e amedrontados. Ele parecia querer sumir, mas era tão gordo que a possibilidade parecia ridícula.


         Mas, quem realmente ligava para essas pessoas quando Lord Voldemort estava ali?


         Eu não precisava de ninguém para me apontar que aquele era Lord Qualquer-Droga, dava para saber. E minha cabeça estava ardendo muito, bem na região da cicatriz – me perguntei mentalmente por que.


         Ele parecia, basicamente, uma cobra. Fendas no lugar do nariz e uma pele estranhamente esverdeada. Seus olhos, com pupilas verticais, tinham uma íris vermelha como fogo. Ele usava um manto negro e segurava, na mão direita, uma varinha, que tinha um aspecto de osso – como tudo mais morto por aqui. Lembrei-me de Al falando que “a varinha de Voldemort era feita do mesmo núcleo que há minha”. O dia que ela me falara isso parecia tão distante...


- O-Menino-Que-Sobreviveu está prestes a morrer, poderia ser mais divertido? – ele parecia decididamente encantado com o fato.


         Só o encarei. Morrer? Bom, se Alicia saísse dali com vida, morreria vinte vezes, se fosse possível, e preciso.


- Mas, antes, que tal você me contar a profecia? – Voldemort só falou isso depois de estar devidamente sentado em seu trono e me encarando.


         Lúcio, Belatriz e o “Rato” estavam próximos, ao lado dos primeiros degraus.


         Profecia, profecia. De novo profecias. Farllen me falara que um dia, na hora certa, eu descobriria o que era essa tal “profecia”. Mas, se eu não sabia, por que Voldemort perguntava a mim?


         Aí, me veio a idéia que ele não fazia a mínima idéia de que eu tinha perdido a memória, devia pensar que eu sabia dessa profecia desde criança e agora... Queria ela.


         Só tinha um problema: eu não a possuía.


         Agora, como se conta para um louco maníaco que você não tem o que ele quer?


- Eu não tenho a profecia – ok, abordagem direta. Quase pensei em rir, eu estava conversando comigo mesmo, enquanto estava prestes a ser morto.


         Não era ridículo?


- Milorde, talvez uma dose de dor o faça abrir o bico – sussurrou no ápice de sua loucura, Belatriz Lestrange.


         Voldemort não pareceu nem parar para pensar na idéia – e isso me fez questionar se hoje ele estava impaciente, ou se ele era assim naturalmente (provavelmente a opção dois). Apontou a varinha para mim e berrou “Crucio!”.


         Eu precisei de todo meu autocontrole para não berrar. Era agonizante. Como se mil facas passassem por meu corpo, perfurando minha pele e retalhando minha consciente – lutei para ficar acordado.


         Claro, em Harmony estudara maldições e, acredite, Crucio, Imperius e Avada Kedavra eram leves comparadas as outras. Mas, não deixavam de serem horríveis. Só que Crucio era, na verdade, uma dor que nossa mente pensava atingir nosso corpo. Era preciso, somente, ser um bom Oclumente.


         Eu era razoavelmente bom nisso, mas, eu parecia ter esquecido todos os meus ensinamentos.


- Não-possuo-a-profecia – eu falei entredentes, tentando não berrar no processo.


- Ah, possue sim, Harry, possue sim, só não quer me contar – riu-se Voldemort, ou o que quer que pareça essa “risada”.


         Os Comensais riram com ele. Belatriz riu de um jeito exagerado e estridente, como um... Bebê malvado (?).


- Crucio! – disse Voldemort, numa voz sussurada e maléfica.


         Mais facas.


         Os risos já pareciam ficar distantes, sentia que a qualquer momento entraria na inconsciência – e isso era tudo que eu mais queria, mas não podia abandonar Alicia.


- Ah, rá, rá, rá, rá, rá, rá – eu escutava risadas estridentes e agudas ao longe, e percebi logo que Belatriz ria da minha dor, como se fosse uma fonte de energia para ela.


         Algo em meu cérebro parecia ser forçado para sair.


         Um gemido escapou da minha boca – um grito – um berro.


Não ouse tocar suas mãos maléficas em meu filhinho inocente!... Ele é a cara do Pontas mesmo... Ele acordou... É minha aliança Harry...


         Gritei novamente. Mais risos.


         Uma parede de tijolos parecia ser construída onde havia o branco vazio do meu passado. Alguns tijolos apareceram.


Sonho? O que você sonhou?... Ainda parado aí Harry?... Sou sua aura, quem mais seria?... Bombarda!... Harry!... Mate-me no lugar dele!


         Outros tijolos se juntaram a esses. Mais dor. Meu cérebro parecia rodar, parecia ser forçado por algo. Berrei novamente, alguém parecia ter cutucado-o com uma agulha.


         Berro. Crucio. Tijolos.


Avada Kedavra... Estou realmente chocado que Rabicho seja o traidor... Harry é um caso sério de poder... Vocês sabiam que toda pessoa tem uma aura?... Expecto Aurorium...


- Implore pela morte Potter, implore! – ouvi uma voz gélida berrando, parecendo a décadas de distância.


         Eu mal conseguia me manter lúcido.


Eu sei Harry, eu sou você... Hoje vamos à casa dos Weasleys... NÃO ME CHAME DE REMIE... Voldemort... Desde quando derrotei alguém?...


         Meu cérebro parecia a ponto de romper, como uma sacola em que não cabia mais ar.


Aparatou?... Então, ele não morreu de vez? Pode voltar?... Não hoje... Por ora, tire isso da sua cabeça, Harry... Grávida?...


         Vi um flash de imagem aparecer na minha cabeça. Uma garotinha, pequena e miúda, de cabelos ruivos cobre e olhos azuis.


         Berro de dor.


Quem é Alicia?...Você é engraçado Harry... Vou para a Sonserina!... Ia sugerir... Sermos amigos?...Somos amigos para todo sempre, sempre, sempre, sempre, sempre, sempre, sempre, sempre e sempre!...


         Abri repentinamente os olhos. Minha cabeça ainda doía – Voldemort ainda me lançava um Crucio.


         Os olhos de Alicia estavam abertos, fitandos os meus com desespero e medo. Ela parecia apavorada – por mim, não por ela. Ela se mexeu minimamente, como se quisesse fazer algo.


Não vai me dizer “oi”, Pontas?... É comum as pessoas sonharem a mesma coisa?... Psiu! Quem é você?... Preocupações à toa, são pesos à toa...


         “Harry”. Foi um movimento fraco que vi Alicia fazendo com os lábios. “Harry”, ela chamou novamente.


         Não conseguia ajudá-la.


Aquele dementador era estranho, não?... Eu não gostei do que o dementador me mostra... Por que não me disse antes, Al?... Prometo, prometo...


- Vai contar Potter? – Voldemort parecia não cansar de lançar um Crucio em mim.


         Eu me sentia em uma ponte, entre a loucura e a sanidade. Buscava desesperadamente um jeito de escapar, mas não conseguia impedir a parede de tijolos de se construir.


- Crucio!


... Tenho uma aura, dei o nome de Universo... Olá, Ginevra... Olha a carta!... VOCÊ VAI DORMIR NO SOFÁ HOJE, POTTER!...


         Meus dentes cerraram. Concentração. Expulse a dor de sua mente, Harry!, pensei para mim mesmo, entre todos os outros pensamentos.


Sou Lady Ravenclaw Gryffindor!... Não quer ir ficar com a Gina?... Satis est. Locum Requirement!... E eu ganhei este colar...


         Seus olhos azuis arregalaram.


Jingle Bells, jingle Bells!... Não quero você perto de Gina... Feliz natal, Gin-Gin... Alicia Melanie!... Foi um bom natal…


         Agora, luzes pareciam sair de meus corpos e de Al.


         Eram luzes lindas de se ver, por mais que a situação não fosse nada linda.


Akemi... Vamos jovem Potter, anime-se... Qual seu nome mesmo?... Al?...Vamos para Hogwarts! Vamos para Hogwarts!... Vem comigo...


         Dourado e branco pareciam dançar, entrelançando-se e saindo de nossos corpos, iam para o outro. Os olhos de Alicia mudaram para dourado liquido e nessa cor permaneceram.


Mas a gente cresce um dia, né, mamãe... Podemos ir comprar nossas varinhas?... Esta é sua varinha, ela claramente o escolheu... Eu não existo longe de você... E a solidão é o meu pior castigo...


         Vento voava pelo seu cabelo. Um círculo de fogo circulou a mim e a ela, como se nos protegesse. Com a cabeça ainda no chão, vi água espiralar a nossa volta.


Claro que prometo... Promete que vamos ser amigos para sempre... Deixe todos em paz!... Avada Kedavra!


         A luz dourada tornou-se mais forte, não senti mais o chão embaixo de mim. Água e fogo ainda circulavam a mim e Al, numa esfera enorme. Vento brincava com meus cabelos rebeldes e suados.


         Meu corpo bateu fortemente contra o chão.


- Harry! – a voz de Alicia gritou, parecia a anos luz de distancia.


         Eu finalmente poderia relaxar, e cair na deliciosa inconsciência.


         Algo parecia destrancar dentro de meu cérebro.


 


Pov’s Alicia:


 


         Enquanto estávamos na “câmara de Voldemort”, me sentia absurdamente fraca. Como se tivessem me dado uma poção para fraquejar.


         Meus pulsos e meus tornozelos presos não conseguiam se mexer. Eu não conseguia nem raciocinar enquanto via Harry ser brutalmente torturado, por Crucio. Ele devia ter ficado minutos sendo torturado, não sei, o tempo parecia passar devagar e lentamente.


         Tentei falar com ele. “Harry”. Seus olhos verdes só encaravam os meus. Dor. Desespero. Esperança. E... Um pouco de... Reconhecimento?


         Quando luzes começaram a sair de nós, foi difícil não mostrar meu rosto animado e aliviado – Aura e Universo!


         Eu pensava que Universo havia me deixado, ou pelo menos, diminuído sua magia a ponto de nem poder falar mais. Entretanto, ele e Aura estavam ali, estavam presentes! Tá certo, nunca mais saíram de nossos corpos – não desse jeito – e, só isso, foi o suficiente para pensar que estávamos salvos.


         Os olhos de Harry passaram de verde esmeralda para ouro líquido. Fogo circulou-nos, água dançava a nossa volta, como uma dança feroz, e vento brincava com meus cabelos ruivos.


         Senti meu corpo ser tirado do chão, enquanto era completamente envolvido em uma esfera de magia Elemental. Gemi quando minhas costas bateram contra o chão de terra e neve, não estava duro, mas meu corpo estava dolorido.


         Luz dourada e branca me circulou – suspirei aliviada, Uni – e, me sentia renovada. Meus cortes visíveis curaram-se e minhas energias foram repostas.


         Mas, quando olhei para o lado, Harry estava simplesmente caído, de olhos fechados – pelo menos, respirava fracamente, porém respirava! – mas, nenhuma luz, Aura, o circulou. Será que... Ele estava tão mal assim?


- Harry! – ele já estava... Dormindo, espero.


         Sentei-me desesperada ao seu lado. Seu coração batia, ele estava gelado, pálido e respirava. O que isso queria dizer?


Que, se você não levar ele logo para Hogwarts, ele pode morrer, ouvi uma voz dentro de minha cabeça.


Universo!, pensei num suspiro aliviado.


         Vi uma imagem de um Harry feito de luz branca e olhos dourados sorrindo em minha mente.


Depois você vai me explicar direitinho por que sumiu, mocinho, e ri de meus próprios pensamentos.


Imagino que queira ajudar Harry e M... Aura antes?, ele pergunto, mas vi que quando ele ia falar “M...” falou “Aura”. Será que Aura tinha outro nome?


         Assenti, parecia bobagem, já que Universo nem era material, mas sabia que ele saberia – e essa frase foi complicada.


         Fiz um movimento de mãos – um feitiço não verbal de Mobilicorups – e Harry começou a flutuar do meu lado, como se estivesse em uma maca. Aí, eu percebi onde estava.


         No meio da floresta, e eu nem fazia idéia de qual.


 Floresta Proibida, respondeu, aos meus pensamentos, Universo.


         Agradeci mentalmente e comecei a andar. Universo saiu de mim em forma de cachorro – o que me fez lembrar que talvez meu pai estivesse mais histérico que minha mãe – e foi pulando as raízes altas enquanto me guiava. Ele com certeza sabia o caminho.


         Não sei por quanto tempo caminhamo, sei que a cada minuto Harry ficava mais e mais pálido, como se estivesse por um fio de vida. E isso me fez apressar o passo.


Por aqui, já estamos chegando, disse Universo, com a cabeça apontou em direção a algumas árvores.


         De fato, demos mais alguns passos e vi que estávamos nos jardins de Hogwarts. Vi a casa de Hagrid um pouco mais ao longe, saindo fumaça da chaminé. Reparei que nenhum aluno caminhava por aí, e isso também me fez questionar que dia era hoje.


         Entrei pelas portas duplas, as mesmas que eu vira Harry lutando contra vários Comensais, e ninguém caminhava pelos corredores. Continuei levando Harry em direção a enfermaria, afinal, deixaria Poppy cuidando dele, depois, somente depois, falaria com meus pais.


         Mas não foi preciso.


         Quando virei o corredor em frente ao Salão Principal, pelas escadas desciam meus pais, meus padrinhos, tio Aluado, Tonks (que eu conhecera nas férias desse ano, minha prima de terceiro grau) e Dumbledore.


         Todos tinham semblantes preocupados.


- Alicia! – berrou minha mãe, assim que me viu. Correu descabelada pelo resto dos degraus e me abraçava.


         Tentei manter a mão que flutuava Harry sem ser mexida por mamãe, pois esta quase me derrubara no chão.


- Mãe, esqueça a mim, é Harry que precisa de ajuda agora – tia Lílian e tio Pontas já estavam ao lado de Harry.


         A madrinha segurava a mão do Pontas como se sua vida dependesse disso.


- Obrigada Universo – eu cochichei para mim mesma. Uni, na sua forma de cão, balançou positivamente como se disse “de nada” e voltou para dentro de mim. Passeando por meu núcleo mágico, me deixou mais resistente.


         Agora eu percebia como estava realmente cansada.


- Filha... – sussurrou meu pai, enquanto me abraçava, tia Lílian já flutuava Harry em direção a Ala Hospitalar – Não sei o que eu faria sem você...


- Também fiquei com medo, pai – e, depois de muito tempo, me deixei aliviar por tudo que sentia esses anos todos.


         Chorei, lágrimas pingavam do meu queixo encharcando a blusa de meu pai.


         Chorei pela morte de meu melhor amigo. Chorei pelas aflições da guerra, pelo sofrimento que eu passei, pela falta de memória de Harry, por não conseguir dizer o que sinto, por nossa briga, por ter quase matado ele – porque, na realidade, ele não teria ido lá fora, sozinho, se eu não tivesse gritado com ele.


         Eu chorei pela minha culpa. Chorei por tudo.


         Caminhamos abraçados pelos corredores, em direção a Ala Hospitalar.


- Pai... – comecei lentamente – por que os corredores estão vazios?


- Depois que você e Harry foram seqüestrados – explicou meu pai – Dumbledore mandou os alunos mais cedo para casa, queria checar a segurança da escola.


         Ele deu um mínimo sorriso maroto.


- Mas não pense que as aulas vão voltar mais tarde, ainda voltam dia cinco.


         Sorri fracamente: - Que dia é hoje?


- Dezenove – respondeu meu pai silenciosamente.


         O resto do caminho foi silencio e sem mais conversar, ambos nós emergidos em pensamentos. Ou pelo menos, eu.


         Não sei quanto tempo levou para eu e papai chegarmos à Ala Hopistalar, mas tempo suficiente para todos estarem ali. Aparentemente, como o Natal não ia poder ser comemorado na Mansão Potter, as pessoas vieram para cá, Hogwarts – o que era na verdade um lar.


         Senhor e Sra. Weasley, Gui, Carlinhos, Percy – urgh! – e, naturalmente, Fred, Jorge, Rony e Gina. Augusta Longbottom e, claro, Neville. Tia Sheryl e tio Michael, junto com Susana e seu primo Jake, além de seus tios tia Amélia e tio Leonard. Eu, meu pai e minha mãe. Meus padrinhos e Harry – porque ele tem que acordar. Surpreendemente, Luna Lovegood ficara, dizendo que seu pai estava ocupado demais com O Pasquim – ok, né.


         Bom, seria como nos velhos – coloca velhos nisso – tempos.


         A Ala Hospitalar estava um caos. Dumbledore, a madrinha, tio Pontas, tio Remy e mamãe estavam com Poppy examinando Pontas Jr. Mione, Rony, Gina, Nev, Su, Jake, Luna e os gêmeos conversavam esparramados em algumas camas brancas.


         Cumprimentei Carlinhos e Gui quando passei por eles, que conversavam. Acenei desgotosamente para Percy e depois recebi um abraço de urso de tia Molly – ela e seus abraços, tsc, tsc. Tio Arthur também me abraçou, dizendo que bom que eu estava bem e vendo como Harry estava. Dona Augusta só meu cumprimentou severa como sempre.


         Falei com tia Amélia, tia Sheryl, tio Mich e tio Leonard e, finalmente, cheguei aos meus amigos – que me abraçaram todos, principalmente Susana, que parecia querer me enforcar.


- Como você some assim, menina?! – quase berrou no meu ouvido, enquanto quebrava minhas costelas num abraço apertado.


         Dei um sorriso enviesado, para depois ficar desanimada e jogar-me em uma cama ao lado de Gina.


- Estou preocupada com Harry, o que ele passou não foi pouco – comentei tristemente, lembrando de sua cara de dor na câmara de Voldemort.


         Silêncio.


         Susana, como sempre, foi a que decidiu quebrá-lo: - Foi... Muito ruim?


- Muito, Voldemort deve ter ficado bons minutos lançando vários Crucios nele, dava para ver a dor em seu rosto – respondi de cabeça baixa.


         Neville baixou a cabeça, infeliz. Todos sabíamos que seus pais estavam no St. Mungus nos Casos Irrecuperaveis.


         Ninguém falou nada por bons minutos. E os minutos viraram horas. Poppy continuava cuidando de um Harry adormecido. Logo, todos nós, os adolescentes, estávamos amontoados uns em cima dos outros nas camaa da Ala Hospitalar, dormindo a sono solto.


         Sei que demorei muito para dormir, ainda me sentia desperta e querendo saber como Harry estava. Quando finalmente consegui ficar com sono, ouvi um gemido vindo atrás de mim.


         Virei a cabeça rápido demais e meu pescoço pareceu estalar. Enquanto massageava o mesmo – ai! – vi que era Harry.


         Madame Pomfrey não cuidava mais dele, aparentemente, ele tinha de ficar de repouso – eu queria que não fosse a opção “não tem jeito”. Mamãe e Sirius dormiam em uma cama e tio Pontas e tia Lily ao lado de cama de Harry.


         Reparei que Molly, Arthur e todo o resto dos adultos não estavam ali, provavelmente dormindo em um quarto de Hogwarts, numa cama realmente macia. Tudo bem eram mais velhos e deviam ter estourado em preocupação esses dois dias.


         Aproximei-me da cama de meu amigo. Ele respirava lenta e calmamente. Controlei o impulso de estender minha mão e acariciar os seus cabelos pretos e revoltados. Lindos.


         Mais uma vez meu amigo gemeu. Suas sobrancelhas franziram, ele parecia concentrado. Mas... Em quê?


         Suspirei frustrada, eu queria muito fazer alguma coisa. Muito. E era simplesmente frustrante não poder fazer nada.


Ah, mas você pode, disse uma voz. A voz era de Harry e era simplesmente deliciosa de ouvir, depois de tanto tempo, ou pelo menos, depois de tanto tempo para mim. Que bom que fui bem recepcionado.


         E era claro que Universo lia meus pensamentos.


Oi, Uni, isso veio num suspiro chateado.


         Universo saiu de mim em forma de gato, era branco com seus olhos dourados. Aconchegou-se melhor ao lado de Harry, e mesmo assim este não acordou – e isso seria possível, afinal, Universo é bem sólido.


O que aconteceu com Aura?, conversar mentalmente seria mais seguro, pelo menos não acordaria Pontas.


Ah, está dentro de Harry se é isso que você quer saber, respondeu Uni, mas digamos que quando Harry perdeu a memória, ela perdeu, momentaneamente, suas forças.


Como assim?, perguntei. Eu estava, definitivamente, confusa.


Imagine. Harry estava tão perto da morte, que Akemi teve que levá-lo até a Cidade das Fênix, um lugar que a fênix só leva o dono se este estiver à beira da morte, ou morto, esclareceu Universo.


         Porém, eu ainda não entendera.


O que isso tem haver com Aura?


Aura foi igualmente afetada a Harry, afinal, Aura é Harry e Harry é Aura. Se Harry morrer, Aura morrerá, e vice-versa.


         Minha testa franziu. Ainda não entendo, admiti envergonhada por mim mesma.


Em Harmony, Harry passou um ano em coma mágico, não por sua condição física. Mas porque Aura foi afetada. Aura sempre, sempre, curou Harry, quando Aura foi atingida, não podia curá-lo, então, ele não podia acordar. Está começando a entender?


         Assenti, na vida real e mentalmente, não importava, Uni iria saber.


Quando Harry acordou, sem memória, era porque Aura estava “adormecida” dentro dele.


Como assim?, indaguei em minha própria mente.


Você sabe que Aura e Harry falam-se desde cedo, certo?, quando assenti positivamente ele prosseguiu, então, Aura ficou mais atingida que Harry, apenas uma pequena parte dela liberava um poder mágico, o suficiente para Pontas dizer que era bruxo e para curá-lo caso se cortasse.


“Mas, era como sua identidade. Aura não “acordava”, Harry não tinha memória. E isso fez com que fosse acumulando poder. Acumulando, acumulando, acumulou tanto, que, quando Voldemort lançou Crucios demais, “abriu a porta” e fez Aura despertar com força total.”


         Demorei um tempo para digerir isso. Se Aura tinha despertado, queria dizer que Harry tinha recuperado a memória? Mas por que ele não acordava?


         A pergunta não foi para Uni, mas mesmo assim ele respondeu.


Provavelmente. O poder mágico que acumulou em Aura, quando esta acordou, foi tanto, que fez Harry desmaiar. É por esse motivo que ele está desacordado agora. Seu corpo e sua mente, com a ajuda de Aura, estão se formando, tornando-o mais forte, finalizou Universo.


Como você sabe tudo isso?, perguntei curiosa.


Naquele momento que Aura e eu saímos de seus corpos, estávamos nos conectando, nos comunicando, chame como quiser. Ela me pediu desculpas por ter sumido e explicou os motivos de Harry.


         Ok, isso era novidade. Aura e Universo se conheciam? Bem, isso não era surpresa, eles já tinham saído em forma sólida e podiam conversar como pessoas normais. Mas não deixava de ser estranho.


         Universo continuou como gato, enquanto eu acariciava os cabelos de Harry, que ainda parecia concentrado.


         Esperava que essa concentração toda fosse para sua volta de memória – afinal, ele tem que se lembrar. Ele prometera.


Claro que prometo. Prometera viver, e esperava que essa promessa também fosse para sua memória.


         Em certo momento, enquanto ainda acariciava os cabelos negros de Pontas e via Universo tirar um cochilo, me lembrei deste ultimo falando que o que desencadeou isso fora os Crucios de Voldetititca.


         É, falei para mim mesma, não podia haver mais ironia? Meu maior inimigo aquele que eu desejava vingança por ter matado meu melhor amigo, acabara de me ajudar devolvendo a “vida” de Pontas.


         O destino era mesmo muito irônico comigo.

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Comentários (1)

  • rosana franco

    Finalmente a memória dele voltou,agora quero saber oq aconteceu no dia da briga dos dois,e agora o coitado sofreu demais merece ser mimado um pouco ta.

    2011-03-06
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