Doce Hogwarts



Capítulo 2 – Doce Hogwarts


(1º de Setembro de 1991)


POV’s Alicia:


 


         O dia lá fora acordara um tanto melancólico. Os vários tons de amarelo, vermelho e laranja já não pareciam dançar vivamente esta manhã, por mais que ela fosse ser, no minímo, especial.


         Levantei da cama, e fui tomar banho. Tomei um banho rápido, porque não queria pensar.


         Isso mesmo. Eu não queria pensar. Ia tentar fazer tudo automaticamente, ia tentar fazer tudo... Ah.


         Vesti uma calça jeans e uma blusa de manga comprida qualquer, só contando para combinar com o sapato. Desci as escadas de minha casa correndo, para chegar a cozinha e encontrar meus pais lá.


- Bom dia – falei, automaticamente.


- Oi, querida, tudo bem? – perguntou minha mãe.


         Não.


- Sim, tudo – menti, enquanto me ocupava em mastigar as salsinhas e o bacon que tinha em minha boca.


         Meu pai sorriu – tinha um pouco de solidariedade – para mim.


- Animada? Garanto que irá se divertir lá, sabe – comentou, com cuidado.


         A questão é que hoje eu iria para Hogwarts hoje, sem ele. Meus pais tiveram mais um dia de férias acrescido, para poder ir me levar na Estação King Cross. Era assim com todos os funcionários que tinham filhos. Tio Pontas e tia Lily não tinham um dia a mais de férias.


Claro que prometo.


         Sacudi com força minha cabeça. Eu queria que tivesse um dia que eu não ouvisse sua voz, um dia que eu não me lembrasse...


- Al? Querida? – chamou minha mãe, preocupada.


         Despertei de meus pensamentos, furiosa.


- Não me chame de Al! – e corri escada acima, esperando que a desculpa de quem ia terminar minha mala fosse o suficiente.


         A porta bateu atrás de mim, com força, mostrando o quanto eu estava nervosa. Minha aura estava descontrolada – eu realmente tinha um controle maior que o dele, mas ainda não tinha o suficiente para não ficar raivosa.


         Ele não iria para Hogwarts, não iria comigo... Ele não estava aqui...


         Sequei as lágrimas que insistiam em cair, e andei até minha escrivaninha, peguei a foto que estava ali.


         Eu e ele, na festa de dia das bruxas no Ministério. Vestíamos fantasias de Lord e Lady Gryffindor. Eu lhe dava um beijo na bochecha e, juntos, acenávamos.


         Agora, não acenaríamos juntos. Não mais.


- Alicia, temos de ir, filha! – gritou meu pai lá debaixo.


         Suspirei. Guardei minha foto no bolso, juntos com minha nova varinha. Com um estalo de dedos, meu malão tornou-se leve e pequeno, e juntei ele no bolso junto ao resto das coisas.


         Aparatamos direto na Estação 9 ¾, e eu pude ver, pela primeira vez, o Expresso de Hogwarts.


         Os alunos iam e viam animados, entravam numa cabine com seus enormes malões, corujas piavam em gaiolas, pai se despediam, mães choravam.


- Ly! – chamou uma voz que eu já conhecia.


         Enquanto Susana vinha em minha direção, eu pensava em como nunca mais gostaria de ser chamada de Al. Fiquei um pouco contente em saber que esse apelido, junto com Almofadinhas, seria esquecido.


         Agora eu era Ly – por mais que não tivesse y em meu nome.


- Como vai? – ela me abraçou, feliz.


         Pelo menos ela conseguia disfarçar a tristeza, a falta. Porque eu sabia que ela também quebrara em mil pedacinhos com a morte dele.


         Não tanto quanto eu.


         Ainda fiquei mais um tempo ouvindo as recomendações de minha mãe – e os discretos pedidos de marotagens do papai. Mas, quando faltava pouco para o trem partir, entrei nele, com Su me seguindo.


- Ei! – gritou alguém, virando, vi Rony e o resto dos Weasleys vindo apressados – Quase não conseguimos chegar.


         Gina olhou para mim com os olhos tristes, mas deu um pequeno sorriso.


- Espero que passem um bom ano lá, só entro ano que vem – e me deu um abraço de despedida e e depois em Susana.


         Era estranha como agora eu não tinha mais “desejos assassinos” em relação a ela.


- Certo, vamos logo – falei ao ouvir o trem apitar.


         Entramos correndo no trem, enquanto via os gêmeos Waesleys tomarem a direção de Lino Jordam e Percy Weasley a direção do vagão dos monitores.


         Procuramos cabines, mas todas pareciam cheias. Até chegarmos em uma, que só tinha uma menina, também parecia do primeiro ano.


- Com liçença -  pedi, abrindo a porta da cabine – As outras cabines estão cheias, podemos ficar nessa?


         Ela desviou os olhos da janela e sorriu para mim.


- Claro.


         Quando Susana e Rony ajeitaram seus grandes malões – o meu ainda diminuído no bolso – sentamos.


- Sou Hermione Granger, prazer – estendeu a mão, a qual apertei.


         Ela bonitos olhos castanhos, além de um cabelo da mesma cor e um tanto armado.


- Sou Alicia Black – me apresentei também.


         Susana sorriu, enquanto também apertava a mão de Hermione.


- Sou Susana Bones – e sorriu.


         Cutuquei Rony e ele pareceu surpreso, e, enquanto lançava um olhar malvado para mim, falou: - Sou Rony, Rony Weasley.


         Hermione parecia aquelas pessoas sedentas por conhecimento, porque logo perguntou animada:


- Vocês são de família bruxa? Porque eu nasci trouxa, sabe, e li alguns livros fora da lista de materiais para poder me atualizar e entender as coisas – começou a tagarelar.


- Sim, somos de famílias bruxas – respondeu Su – e pode perguntar o que quiser.


         A partir daí, foi uma série de perguntas que só foram interrompidas quando Neville entrou na cabine, dizendo um “Finalmente achei vocês!” e quando a moça dos doces passou.


         Eu e Susana compraram montes de doces, e dividimos com todos, principalmente Rony, que comeu tudo como se não houvesse amanhã.


         Quando todos estavam conversando em silêncio, virei minha cabeça para a janela, olhando a paisagem ali fora. Senti a foto no meu bolso esquentar, como que para lembrar que ele não estava ali.


         Mas, mas... Ah, ele deveria estar! Claro que prometo. Queria bater minha cabeça contra parede, queria a voz dele parasse de entrar em meus ouvidos, nunca mais ouví-la, nunca mais lembrar...


         Por que eu me sentia assim? Por que ele não saía de meus pensamentos? Meu melhor amigo, morto...


         A resposta veio como uma luz acendida de repente.


Eu o amava.


         A coisa toda não era, então, difícil. Era simples e fácil, como amar. Eu o amava, gostava dele mais do que na amizade, era amor, não paixonite, tenho certeza.


         E, agora, morto, de nada adianta.


         Mas, eu iria garantir de tentar esquecer, iria tentar guardar só no coração mesmo. Tinha de ser feliz. Ele ia querer isso, não?


         Subitamente, sorri e comecei a conversar animada.


         Tentando fazer com que não fosse puro fingimento.

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Pessoal, para vocês terem uma ideia de como é a Alicia, uma fotinhu! (imaginem olhos azuis, tá?)




Beijinhos! Comentem!

 

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