O sumiço da taça das casas



Nos dias seguintes a euforia da Grifinória com o desempenho de Alvo era imensa. Até alunos de outras Casas o cumprimentavam. Alvo não gostava de toda aquela atenção; principalmente quando garotas simplesmente o agarravam no corredor. Nessas horas Rose e Escórpio o deixavam sozinho e riam muito quando o garoto aparecia todo vermelho e com as roupas amassadas. Quando não estava treinando com o time Alvo passava o tempo treinando com Escórpio e Rose na vassoura escondida no jardim. Voavam baixo, mas o bastante para Alvo apanhar maças e pedras enfeitiçadas por Rose e arremessadas por Escórpio. Alvo entendeu a vontade de Escórpio em ser batedor; o garoto tinha um canhão no braço direito.
 
Hagrid os observava de longe; como não permitiu Escórpio entrar em sua casa nem Alvo e Rose não voltaram para visitá-lo. Alguns minutos depois de entrar em sua cabana bateram a porta. Era Rose.
 
–          Aconteceu alguma coisa? – perguntou Hagrid.
 
–          Não Hagrid; eu só estava pensando se podia...
 
–          Pode claro. Entre.
 
Hagrid não sorriu, embora quisesse, e saiu da frente para a menina passar.
 
–          Onde estão os meninos? Eles não querem usar o banheiro também?
 
–          Ah, eles se viram por lá mesmo.
 
A menina saiu do banheiro com uma expressão bem mais leve.
 
–          Obrigada Hagrid. Onde está Grope?
 
–          Na floresta; já deve chegar.
 
–          Diga oi a ele por mim. Tenho que ir!
 
–          Já?
 
–          Estão me esperando tenho que correr!
 
–          O que andam fazendo?
 
–          Estamos estudando.
 
–          Estão brincando isso sim! – Hagrid disse tentando se manter sério.
 
–          Ah, também.
 
Rose saiu correndo e Hagrid resolveu procurar pelo irmão. Grope estava perto da cabana e trazia amarradas em seu corpo algumas árvores.
 
–          Para que trouxe essas árvores para cá? Você não pode arrancá-las assim Grope!
 
Grope apontava para os galhos e folhas, mas Hagrid o interrompeu.
 
–          Sabe quem veio me visitar? Rose!
 
O gigante abriu um grande sorriso.
 
–          Pequena Hermi!
 
–          Ela mesma Grope!
 
–          Pequeno Arry?
 
–          Eles estão brincando perto das árvores. Ei! Grope aonde vai?
 
O gigante disparou na direção das crianças e Hagrid o seguiu.
 
Por pouco não levaram uma pedrada rebatida por Escórpio. O garoto ficou parado admirado com Grope, mas Rose e Alvo correram sorrindo até gigante.
 
Hagrid colocou Rose sobre seus ombros.
 
–          Traga os outros dois Grope e vamos pra casa. – mandou Hagrid.
 
Num segundo Grope pegou Alvo e Escórpio e colocou um em cada ombro.
 
–          Grope é tão seguro quanto uma vassoura. – disse Alvo para Escórpio.
 
Depois de alguns passos Escórpio começou a gostar da carona.
 
 –         Acho que já estou pegando o jeito. – disse Escórpio se arrumando melhor no ombro de Grope.
 
–          Ótimo! Corra Grope! Corra! – gritou Alvo.
 
Grope passou por Hagrid e Rose com os dois meninos chacoalhando em seus ombros.
 
Como as Casas ficavam separadas nas salas de aulas Escórpio, Rose e Alvo trocavam bilhetes durante as aulas que tinham juntos; logo pegaram o jeito de como fazer os bilhetes atravessarem a sala por de baixo das carteiras.
 
A aula de Herbologia era a mais fácil porque ficavam em pé e a bancada mais alta.
 
Neville explicava que as Flores Astrais ficariam em redomas para evitar o contato humano.
 
–          O que acontece se forem tocadas durante o dia? – perguntou uma garota da Grifinória chamada Cinthia Oleson vizinha de cama de Rose no dormitório.
 
–          Podem inclusive matar, mas se a pessoa ingerir uma poção com apenas uma pétala pode se curar de inúmeras doenças. É a ironia da natureza. – respondeu Neville.

–          As cores fazem diferenças professor? – continuou a garota.
 
–          Cores claras são eficazes para gripes, crises de asma,...
 
–          Já pensou alguém morrer de dor de barriga? – Alvo comentou com Rose.
 
–          Essa Cinthia se tocar uma flor dessas vai morrer de convencimento. – Rose respondeu enquanto lia um bilhete de Escórpio.
 
–          Achei que vocês seriam amigas.
 
–          Ela falou comigo depois da cerimônia de seleção; queria ser minha amiga porque juntas seriamos as melhores da turma. É uma imbecil.
 
–          Ela deve ficar bem zangada porque os professores a ignoram e sempre fazem perguntas a você.
 
–          Não sou a única que pode responder como preparar a poção do morto-vivo. Não me importo dela saber as respostas e me importaria menos ainda se os professores me ignorassem por causa da inteligência suprema dessa garota.
 
–          Até o prof. Kassin?
 
–          Ele não tem preferência entre os alunos.
 
Escórpio mandou outro bilhete para Alvo e Rose dizendo que mais uma vez Helgie o estava perturbando; a garota começou a empurrá-lo cada vez mais para a ponta da bancada e reparou quando Escórpio recebeu o bilhete com a resposta de Rose. Levantou a mão na mesma hora e num tom choroso disse que Escórpio a estava a atrapalhando rindo baixinho de alguma coisa que escondia nas vestes. Neville foi até o garoto, pegou os bilhetes e os queimou na frente do garoto sem se quer olhar.
 
–          Obviamente o senhor Malfoy deve saber muita coisa sobre Flores Astrais para se dar o luxo de não prestar atenção na aula, sabe?
 
–          Bem professor...
 
–          Fique de pé, por favor. – mandou Neville com rispidez.
 
Alunos da Grifinória e Sonserina davam risadinhas pelas costas de Neville.
 
Alvo levantou a mão, mas Neville o ignorou.
 
–          De onde vêm estas flores Sr. Malfoy?
 
–          Peru, da Amazônia peruana senhor. – Escórpio respondeu corando levemente.
 
–          Quem as descobriu?
 
–          Um bruxo chamado Luján.
 
–          Em que ano?
 
–          Há relatos desde 1800 sobre elas, mas Luján as chamou de Flores Astrais oficialmente em 1848.
 
–          Quantas cores as pétalas podem formar?
 
–          A quantidade é infinita.
 
–          Diga-me três cores e pra que servem?
 
–          Prof. Longbottom?
 
O professor Kassin estava na porta da estufa.
 
–          Um momento Kassin. Então Sr. Malfoy em quantas...
 
–          Neville... – o prof. Kassin insistiu – a sineta acabou de tocar.
 
A profª Duggan se juntou a Kassin a espera de Neville.
 
–          Cinco pontos a menos para Sonserina. Dispensados.
 
A turma saiu rápido; Rose e Alvo aguardavam Escórpio na porta ao lado dos professores.
 
Neville saiu afobado da sala.
 
–          Esse garoto é igual ao pai! – disse zangado aos colegas quando se afastaram do grupo de alunos.
 
–          Chega a dar arrepios. – respondeu Kassin.
 
–          Você conhece Draco Malfoy? – Neville perguntou surpreso.
 
–          Já o vi. – respondeu Kassin observando Escórpio, Rose e Alvo saírem olhando para trás.
 
–          O que ele faz na companhia dos filhos de Harry, Hermione e Rony? Vocês já os tinham vistos juntos? – perguntou Neville.
 
–          Já os vi conversando. – disse Elizabeth parecendo surpresa com reação de Neville.
 
–          Eles estão bem, vamos almoçar. – Kassin disse aos dois, mas os deixou no meio do caminho do Salão Principal.
 
–          Você está bem Neville? – Elizabeth perguntou.
 
–          Sim, só fiquei um pouco... não sei. Estou um pouco...
 
–          Deprimido? Por causa de sua avó?
 
Neville não respondeu nem sabia o que responder; em parte era verdade, mas também se sentia humilhado pelo filho de Draco.
 
–          Eu também fui criada por parentes que também já... se foram. – disse a professora.
 
Neville sabia que a colega não conheceu o pai e que só vira a mãe uma vez. Ouvira alguns professores comentando sobre o caso quando Elizabeth ainda era aluna.
 
–          Nada será como antes; por isso decidi ficar em Hogwarts. – disse Neville.
 
–          Eu também decidi ficar aqui. – disse Elizabeth. – Depois que terminei a escola não demorei muito para voltar; percebi que tinha pouca coisa lá fora pra mim.
 
–          Hogwarts sempre acolhera os que a ela recorrerem. Alvo Dumbledore dizia isso.
 
–          Não podia ser mais verdade. – disse a professora segurando a mão de Neville.

A aula de Transfiguração era a única que Rose, Alvo e Escórpio faziam questão de sentarem nas primeiras carteiras. O professor Kassin andava pela enorme sala e a maioria das garotas os seguia com o olhar; Rose era uma delas. Kassin tinha um porte elegante, alto de cabelos castanhos escuros; costumava usar um colete azul combinado com a calça, camisa branca com as mangas enroladas.

–          Hoje além de transfigurar objetos o faremos funcionar. Um objeto é transfigurado pode ser útil durante algum tempo, mas nunca deixa de ser um objeto transfigurado. Por isso concentração é tudo.

Dizendo isso Kassin conjurou uma caixa de maças e as distribuiu para a turma toda.
 
–          Peguem as varinhas. Na aula anterior transformamos as maças em penas. Agora vocês irão transformá-las em penas de repetição. O feitiço que vou passar a vocês faz o objeto transfigurado funcionar corretamente. Primeiro transformem as maças como na aula anterior. Se concentrem na maça a sua frente; visualizem a pena, a cor, e o tamanho. Todos posicionaram as varinhas.
 
A maioria das maças se transformou em penas, mas nenhuma totalmente branca como Kassin pedira.
 
Alvo mostrou a pena para Escórpio do outro lado da sala. A de Escórpio tinha ficado com a ponta vermelha.
 
–          Muito bem pessoal. Agora ela deve funcionar, ou seja, deve escrever tudo o que vocês disserem. Vamos lá repitam comigo: Utilius.
 
Os alunos formaram um coro.
 
–          Utilius!           
 
–          Agora apontem a varinha para pena e concentração no que desejam! Vamos!
 
–          Utilius!
 
A grande maioria das penas ficou na posição correta para escrever.
 
–          Muito bem agora ditem para sua pena alguma coisa. Qualquer coisa. Num tom baixo para não atrapalhar o colega ao lado.
 
Rose disse o nome da mãe; no pergaminho com uma letra de criança se formou Hermione Weasley.
 
–          Funciona? – perguntou Kassin observando a menina escrever o nome do pai e do irmão.
 
–          Sim professor. – respondeu Rose sentindo o rosto corar.
 
–          Olhe para o pergaminho agora.
 
Sobre o pergaminho a pena voltara a ser uma maça.
 
–          Concentração Srta. Weasley. Concentração é tudo em magia. – disse Kassin gentilmente à menina. – Tente de novo, ficou muito boa da primeira vez.
 
–          Obrigada.
 
–          Continuem, está muito bom. – Kassin disse aos alunos.
 
O restante da aula as penas de repetição da turma foram melhorando e escrevendo mais e mais.
 
–          Continuem praticando. Logo a letra sairá igual a de próprio punho, mas não se esqueçam...
 
–          Concentração! – repetiu a sala em coro.
 
Quando sineta tocou os alunos lotaram o corredor. Alvo e Rose esperavam Escórpio sair da massa verde da Sonserina.
 
–          Legal, não? Acho que peguei o jeito mais para o final. – disse Escórpio quando conseguiu chegar até eles.
 
–          Eu também. – disse Rose. – Não vejo a hora de poder transfigurar algum animal.
 
–          Rose vai transformar todas as aranhas do mundo em gatos. – disse Alvo.
 
–          Eu transformaria todos os gatos em Hipogrifos. – disse Escórpio.
 
Os garotos foram se espremendo entre os alunos das outras Casas que saiam e outros que chegavam para assistir a aula. Rose conseguiu sair da multidão e quando olhou pra trás a procura dos amigos viu que eles estavam parados rodeados por um grupo de alunos da Sonserina.
 
Rose reconheceu o grupo; eram os mesmos que cercaram Escórpio na biblioteca.
 
–          Você anda se escondendo de nós Malfoy. Tem dormido embaixo da cama? – disse o garoto mais alto chamado Neff.
 
O grupo riu e Escórpio cutucou Alvo pra que continuassem a andar para tentar saírem dali, mas Neff o puxou pelo ombro.
 
–          Você se acha grande coisa Malfoy; se acha importante demais.
 
–          Comparado a você? Definitivamente sim.
 
–          Ah é? – o garoto o soltou, mas empurrou Alvo que caiu no chão entre risadas da turma da Sonserina.
 
–          Deixem-nos em paz! – disse Escórpio para o grupo e estendeu a mão para ajudar Alvo a levantar.
 
Tiago veio com um grupo da Grifinória para a aula de Transfiguração e quando viu Alvo no chão sendo seguro por Escórpio correu até os dois.
 
–          Tire as mãos do meu irmão Malfoy! – gritou atirando Escórpio contra a parede.
 
–          Muito bem Malfoy acaba com o Potter! – disse o Neff.
 
–          Tiago pare! – gritou Alvo ficando de pé.
 
–          Não foi ele que empurrou Alvo! – gritou Rose ao chegar ao grupo. – Escórpio é nosso amigo!
 
–          O que? O que está dizendo?
 
–          Pois é Tiago, você não tem cuidado bem do seu irmão. – disse Neff.
 
–          É verdade? – Tiago perguntou ao irmão.
 
–          Escórpio é nosso amigo. – confirmou Alvo.
 
–          Ele é um Malfoy! Filho de Draco Malfoy... da Sonserina! O que você está dizendo Alvo? Rose?
 
–          Talvez eles queiram fundar uma Casa só pra eles já que se acham bons demais para as que estão no momento.
 
–          Cale a boca Neffasto! – disse Tiago puxando a varinha e Neff também apontou para ele, mas o professor Kassin desarmou os garotos.
 
–          Nada de magia nos corredores. – disse tranqüilamente.
 
Neville Longbottom abriu caminho entre o grupo de alunos.
 
–          O que está acontecendo?
 
–          Uma desavença entre esses cavalheiros. Dez pontos a menos para Sonserina.
 
–          Muito bem Kassin. – alegrou-se Neville.
 
–          Dez a menos para Grifinória.
 
–          Eles empurraram meu irmão. – disse Tiago ao prof. Kassin.
 
–          Tiago empurrou Escórpio também! – respondeu Neff.
 
–          Pare de agir como se Escórpio tivesse feito alguma coisa! – gritou Rose para Neff. – Escórpio não fez nada. Eu já lhe disse Tiago! Escórpio é nosso amigo.
 
–          O que? – perguntou Neville como se também não tivesse ouvido claramente.
 
–          É verdade professor. – Rose tornou a dizer e Alvo confirmou.
 
–          Você está dizendo que vocês são amigos desse garoto? – exclamou Neville. – Saiba que ele toma chá sobre a masmorra que sua mãe foi torturada?!
 
Alvo e Escórpio saíram correndo em direções opostas. Rose ficou parada encarando Neville.
 
–          Vocês já terminaram? – Kassin disse apontando para a turma do primeiro ano. – Então vão andando. E vocês entrem, agora!
 
Rose saiu correndo para os jardins a procura dos amigos e acabou matando a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas. De volta a Salão Comunal da Grifinória encontrou Tiago e tentou convencê-lo a consultar o Mapa do Maroto a procura de Alvo, mas ele se recusou e subiu pra o dormitório lançando um olhar zangado e ao mesmo tempo sentido para a prima. A garota foi até a biblioteca para uma ultima olhada; um grupo de garotas da Grifinória cochichava e apontava para ela. De volta aos corredores encontrou Kassin; o professor sorriu para ela e Rose sentiu mais uma vez o rosto esquentar.
 
–          Srta. Weasley, já localizou seu primo e seu amigo?
 
–          Ainda não.
 
–          Hogwarts é imensa; eles devem estar esfriando a cabeça em algum lugar.
 
–          Não sei por que o prof. Longbottom foi dizer aquelas coisas horríveis. – Rose disse de repente.
 
–          Provavelmente nem ele. Olhe, eles devem aparecer até a hora do jantar. Não mate mais aula está bem? Isso só piora as coisas. – Kassin recomendou a garota.
 
De volta ao Salão Comunal da Grifinória Rose finalmente encontrou Alvo.
 
–          Onde você esteve?
 
–          Andando por ai. – Alvo respondeu aborrecido.
 
–          E Escórpio?
 
–          Não sei, não o vi.
 
–          Estava preocupada com vocês.
 
–          Não precisava Rose, estou bem. Vamos procurar Escórpio?
 
Tiago desceu as escadas do dormitório dos garotos com um grupo de amigos e Victorie.
 
–          Precisamos conversar. Se papai souber... nem sei o que fará... – Tiago disse ao irmão.
 
–          E se ele souber que você pretendia trapacear nos testes para apanhador?
 
Tiago olhou para o grupo que o cercava.
 
–          Sobre isso eu posso explicar.
 
–          Você anda com quem você quiser Tiago e eu com quem eu quero.
 
–          Eu estava brincando quando falei que você poderia ir para Sonserina. Você é um de nós, vocês dois! – Tiago acrescentou para Rose. – Vamos deixar isso pra trás.
 
–          Vamos cuidar de vocês mais de perto a partir de agora. Vocês terão amigos da sua própria Casa. – disse Victorie.
 
–          Vamos Rose, vamos encontrar Escórpio. – disse Alvo puxando a prima.
 
–          Os deixe ir Tiago! – o grupo da Grifinória começou a dizer.
 
A diretora McGonagall entrou no Salão Comunal acompanhada de Neville, a profª Duggan e Kassin.
 
–          Sr. Potter, o senhor faltou deliberadamente a duas aulas. Está suspenso do jogo inicial da temporada. – disse a diretora com firmeza.
 
Houve um silêncio incômodo.
 
–          Tudo bem, você não se importa não é mesmo? – disse Tiago virando as costas para o irmão.
 
–          Por favor, vocês dois nos acompanhe. – pediu a diretora McGonagall apontando para Rose também.
 
O grupo saiu da torre da Grifinória. Assim que entraram na sala da diretora Filch apareceu segurando Escórpio pelo pescoço.
 
–          Acabei de encontrá-lo. Ele pegou! Foi ele!
 
–          Solte-o Filch. – ordenou a diretora McGonagall. – Pegou o que?
 
–          Acabou de acontecer! Um roubo em Hogwarts. Venham comigo.
 
Na Sala de Troféus o zelador apontou para o lugar onde deveria estar a Taça da Grifinória. O vidro estava aberto e o espaço vazio.
 
–          Não pequei nada diretora! – disse Escórpio.
 
–          Eu o vi rodeando a sala.
 
–          Eu estava passando e pensando em entrar, só isso!
 
–          Silêncio Filch! Óbvio que a taça não está com Sr. Malfoy nesse momento. – disse McGonagall impaciente.
 
–          Ele escondeu!
 
–          Não escondi nada! Eu estava só passando.
 
–          Ele estava comigo. – disse Alvo. – Demos uma volta pela escola e eu resolvi voltar à torre da Grifinória.
 
–          Eu vi você também! – berrou Filch. – E estava sozinho garoto Potter!
 
–          Escórpio tinha ido ao banheiro.
 
–          Vamos dar um busca na sala da Sonserina. – disse Neville
 
–          Espere Neville. – pediu a diretora.
 
–          Estou dizendo a verdade diretora. – insistiu Escórpio. – Por que eu faria isso?
 
–          Posso pensar em centenas de motivos. – disse Neville encarando o menino. – Um deles é que tiramos essa taça das mãos da Sonserina.
 
–          Vocês farão uma busca no Salão Comunal da Sonserina. Filch vá chamar Horácio; como diretor da Casa ele deve estar presente.
 
–          Diretora, se mandar fazer uma busca e Escórpio Malfoy estiver falando verdade, ele será hostilizado por parte dos colegas de sua Casa. – disse Kassin.
 
–          Por que você o está defendendo Kassin? – perguntou Neville.
 
–          A questão é por que você o está acusando? Não há provas que o garoto tenha feito essa besteira.
 
–          Você disse que conheceu Draco. Explique melhor.
 
–          Eu o vi assim como já vi Harry Potter e Hermione Granger uma vez.
 
–          Parem os dois! – mandou a diretora.
 
–          Se o prof. Longbottom vai acusar Escórpio terá que me acusar também porque estávamos todo esse tempo juntos! – Alvo disse aos professores.
 
Slughorn chegou acompanhado do prof. Flitwick, diretor da Corvinal.
 
–          Que idéia de revistar o Salão Comunal da Sonserina?
 
–          A escola toda será revistada. Vamos achar a taça! – avisou McGonagall
 
–          A sala de troféus não é protegida? – perguntou a profª Duggan.
 
–          É uma sala de exibição Elizabeth. Só é protegida contra feitiços simples. – explicou McGonagall.
 
–          Mesmo assim esses garotos não têm conhecimento para burlá-los – disse Slughorn olhando o relógio. – Isso vai levar a noite toda Minerva.
 
–          Se for preciso levará. Podem ir meninos, Kassin os acompanhe.
 
Kassin fez sinal para que o seguissem, mas foram em direção a Ala Hospitalar.
 
–          O senhor acredita neles não é? – perguntou Rose ansiosa olhando o primo. Alvo acabara de contar a ela que não havia visto Escórpio.
 
–          Acredito que vocês terão problemas quando essa historia vier à tona. Por isso vou convencer Madame Pomfrey a deixar vocês dois passaram a noite na ala hospitalar.
 
Kassin conversou em particular com a enfermeira e para surpresa dos garotos ela foi pegar pijamas e preparar duas camas.
 
–          Disse a ela que vocês não estão passando bem do estômago porque comeram muitos doces. Ela vai trazer algumas vitaminas. Não são tão ruins como parecem, então tomem tudo. Não pensem que isso os livra de terem matado aula. Srta. Weasley, vou acompanhá-la até a torre da Grifinória.
 
Escórpio e Alvo se despediram de Rose e foram para a cama que Madame Pomfrey indicou.
 
–          O senhor conhece minha mãe? – Rose perguntou quando saiu com o professor para o corredor.
 
–          A vi uma vez. Li todos os livros que ela escreveu. Diga-me Rose vocês tem tido problemas em suas Casas?
 
–          Mais ou menos. Só me procuram para falar deveres e Alvo nem queria fazer o teste para apanhador. Mas não é nada comparado com que Escórpio vem passando ultimamente.
 
–          E os professores?
 
–          Bem, em algumas aulas mesmo que alguém esteja de mão levantada eu acabo sempre tendo que responder. Eu gosto de estudar, mas mamãe disse para eu não me concentrar só nos estudos.
 
–          Ela tem razão. – disse Kassin sorrindo.
 
–          Mamãe só se esqueceu de dizer isso pro resto da escola. Tudo mundo acha que eu tenho a resposta certa na ponta a língua. Que já nasci sabendo ou sei lá...
 
O retrato da mulher gorda girou e Tiago apareceu. Kassin se despediu e os primos entraram no Salão Comunal da Grifinória.
 
Rose começou a contar o que tinha acontecido e onde Alvo iria passar a noite, mas o primo ouviu por ouvir e foi se deitar em silêncio. Rose passou a noite pensando se Alvo ou Escórpio, zangados como ficaram pelo que Neville disse, poderiam ter feito a idiotice de pegar a Taça.
 
Na sala da diretora McGonagall; Neville Longbottom e Horácio Slughorn continuavam a discutir.
 
–          Estamos falando do filho de Draco Malfoy! – Neville disse zangado. – Draco fez um Armário Sumidouro funcionar e encheu a escola de Comensais da Morte pelo amor de Deus. Se encontrarem a taça no dormitório da Sonserina eu vou...
 
–          Já chega! – disse a diretora com firmeza. – Ah Kassin! Por favor, entre; vamos nos revezar na busca.
 
–          Não achamos nada no dormitório da Corvinal e Lufa-Lufa. – disse Flitwick entrando na sala.
 
–          Vamos para o da Grifinória então.  Alguma objeção Neville? – perguntou Slughorn nervoso.
 
–          Acompanhem-me. – respondeu Neville com rispidez.
 
Kassin ia saindo com os outros quando a diretora McGonagall pediu que ficasse mais um minuto.
 
–          Recebi um recado de Madame Pomfrey. Foi uma boa idéia mantê-los afastados de suas Casas no momento.
 
–          Creio que eles já estão afastados delas há muito tempo diretora. – respondeu Kassin deixando a sala e a diretora sem olhar para trás.
 
Na ala hospitalar Escórpio e Alvo conversavam baixinho. As vitaminas que Madame Pomfrey lhes deu foram jogadas na pia do banheiro. Os dois acabaram comendo as maças da aula de transfiguração que guardavam nas mochilas.
 
–          Se a maçã se transformar em pena nas nossas barrigas? – perguntou Escórpio rindo.
 
–          E nos matar de cócegas? Se acontecer já estamos na ala hospitalar mesmo. – respondeu Alvo.
 
Escórpio baixou a voz
 
–          Alvo, por que disse que estava comigo?
 
–          Já estava encrencado mesmo e você também.
 
–          Não peguei a tal taça... eu nunca sequer a vi. Você acredita em mim?
 
–          Você não faria uma coisa burra dessas Escórpio. E a propósito eu também não peguei nada. – respondeu Alvo se ajeitando na cama. – Você também ficou com raiva do Filch e do Longbottom?
 
–          Fiquei com raiva do Neff, o nefasto.
 
–          E do meu irmão? – perguntou Alvo. – Tudo bem se ficar, eu estou com raiva dele agora.
 
–          Fiquei com mais raiva do Neff. Gostaria de poder dar um soco bem no meio da cara dele.
 
–          E transformá-lo num verme!
 
–          E dar de comida para as corujas!
 
–          Escórpio, você já desejou não ser um Malfoy?
 
–          Quando Longbottom disse aquilo sobre a mãe de Rose eu desejei. E você? Já desejou não ser um Potter.
 
–          Só quando me comparam com meu pai e querem que eu seja como ele. Sabe, eu tinha medo do Chapéu Seletor me mandar pra Sonserina, mas se eu tivesse ido seriamos amigos há mais tempo.
 
–          É, seria ótimo. Pelo menos Neffasto nos deu uma idéia: vamos fundar nossa própria casa em Hogwarts! Nossa mascote será um hipogrifo.
 
–          E só teremos aulas com o Kassin. E talvez com a profª Duggan. Sem Historia da Magia, por favor!
 
–          Rose pode entrar para nossa Casa? – perguntou Escórpio.
 
–          Se passar pela iniciação pode.
 
–          Qual é a iniciação? – perguntou Escórpio rindo.
 
–          Não sei... vou pensar em alguma coisa bem nojenta!
 
Os dois ficaram rindo das próprias idéias até pegarem no sono.
 
Pela manha Madame Pomfrey serviu chá com torradas para os dois. Rose chegou e ficou aliviada em saber que nenhum dos dois tinha mesmo pego a tal taça. Enquanto os garotos terminavam de comer; a garota começou a organizar as aulas do dia para Escórpio.
 
–          Temos DCAT e você Feitiços. Depois teremos Transfiguração e Herbologia juntos.
 
–          Preciso dos meus livros. – disse Escórpio comendo a última torrada do prato.
 
Madame Pomfrey apareceu acompanhada da monitora da Grifinória que impediu um bando de estudantes alcançarem Rose para seu grupo de estudos dias atrás.
 
–          Crianças você serão acompanhadas a sua primeira aula pela monitora da Grifinória, Camile.
 
A garota se apresentou; morena bem clara de cabelos crespos castanhos escuros iguais aos olhos.
 
–          Escórpio estava falando em pegar os livros no dormitório da Sonserina. – disse Rose sorrindo para Camile.
 
–          Daremos um jeito. – ela respondeu.
 
–          E a taça? – perguntou Rose. – Acharam?
 
–          Ainda não, mas deve aparecer logo; não existe magia em Hogwarts que McGonagall não possa detectar. Provavelmente foi uma brincadeira; e quem fez isso logo será descoberto.
 
–          Espero que sim... – disse Escórpio chateado.
 
–          Se já terminaram vamos andando.
 
Os quatro saíram da Ala Hospitalar por um corredor lateral.
 
–          Vamos dar a volta; o corredor até a sala de DCAT é caminho pra outras salas; deve estar lotado.
 
Caminhavam por um corredor mais longo meio vazio. Poucas pessoas passaram por eles, mas o bastante para soltarem piadas ou insultos a Alvo e Escórpio.
 
–          Não liguem pra isso. – disse Rose séria. – São as mesmas pessoas que no começo do ano nos convidavam para sentar a mesa com eles.
 
–          Rose tem razão. – confirmou Camile. – Sempre vão existir pessoas assim.
 
Na entrada da sala de aula a profª Elizabeth Duggan acompanhava a entrada da turma da Grifinória e Corvinal. Sorriu quando Alvo e Rose entraram.
 
–          Tenham um bom dia. – disse Camile quando se afastou com Escórpio.
 
–          Até mais tarde. – disse Escórpio.
 
–          Agora vamos falar Slughorn, ele pode pegar seus livros.
 
–          Você pode usar um feitiço para isso. – disse Escórpio
 
–          Posso, mas se o diretor da Casa for pessoalmente pode intimidar aqueles idiotas. – respondeu Camile e Escórpio acabou concordando.
 
Slughorn pediu que esperassem do lado de fora de sua sala enquanto foi, via Pó de Flu, buscar os livros das matérias do dia para Escórpio.
 
–          Ele podia ter nos deixado esperar lá dento. – reclamou Escórpio cansado de ficar de pé.
 
–          Slughorn não deixa nem outros professores sozinho na sala dele. Tive que praticamente implorar para que fosse pessoalmente buscar seu material.
 
–          Desculpe todo esse trabalho.
 
–          Tudo bem Escórpio, sou monitora. É o meu trabalho.
 
–          Monitora da Grifinória. Não é sua obrigação me ajudar.
 
–          Por que não disse aos monitores da sua Casa que tinha alunos te perturbando?
 
–          Na Sonserina não entregamos uns aos outros.
 
–          Os monitores estão nessa também, não é? Não precisa ser todos basta um: o monitor chefe.
 
Escórpio não respondeu e Camile continuou a falar.
 
–          Um dos favoritos de Slughorn; Neffasto. É quase impossível Slughorn puni-lo. – admitiu Camile.
 
–          O Neffasto é sobrinho de Don Lancey amigo intimo de Slughorn. – comentou Escórpio.
 
–          Lancey? Da Lancey & Twain? A loja de ingredientes para poções em Hogsmeade?
 
–          Eu e papai vimos Slughorn lá no feriado de natal ano passado; cheio de pacotes conversando com Don Lancey.
 
–          Hogwarts tem todo o tipo de ingredientes... por que Slughorn iria comprá-los fora? Ainda mais numa loja quase falida?
 
Escórpio encolheu os ombros; tinha outras preocupações naquele momento:
 
–          Camile, você não vai contar sobre Neff, vai? Quando estiver mais experiente em magia resolverei isso sozinho.
 
A porta atrás deles se abriu e Slughorn entregou os livros de Escórpio. O professor parecia um pouco agitado. Ao fundo na sala Camile e Escórpio viram uma sombra.
 
–          Mais alguma coisa? – perguntou Slughorn impaciente.
 
–          Não senhor, obrigada... – Camile disse em resposta ao olhar de Escórpio. Slughorn dispensou os dois e tornou a fechar a porta.
 
A caminho da aula de Transfiguração, já acompanhado de Rose e Alvo, Escórpio comentavam sobre Neff.
 
–          Se eu tivesse que apostar ele estaria no topo da minha lista pra afanar a taça. Ele odeia o pessoal da Grifinória.
 
–          Tudo bem, nós o odiamos também. – respondeu Rose.
 
–          Como foi a aula de vocês com a Srta. Duggan?
 
–          Tirando as caras feias e uns cochichos nada de divertido aconteceu. – respondeu Alvo. – E você?
 
–          Flitwick evitou feitiços em duplas. Acho que os professores estão preocupados com a gente.
 
–          Uma pouco tarde pra isso. – Alvo disse zangado. – Afinal já estamos na escola há quase dois meses! Nunca repararam que não temos outros amigos ou que todo mundo se aproxima de nós é por algum interesse? O que você acha Rose?
 
Rose observava o prof. Kassin do lado de fora da sala cumprimentando os alunos.

–          Você ouviu o que estamos falando? – perguntou Escórpio.
 
–          Ouvi e concordo. Sabiam que Kassin é um nome árabe? – comentou Rose quando passaram pelo professor e entraram na sala.
 
–          As chances dela entrar para nossa casa diminuíram bastante agora. – disse Alvo para Escórpio fazendo uma careta.
 
–          Até mais. – disse Escórpio indo se sentar na fileira que o pessoal Sonserina costumava ocupar na sala. Parou por um instante e chamou os amigos:
 
–          Esperem. Vou sentar com vocês. Quer dizer tudo bem se eu fizer isso?
 
–          Claro, mas tente não distrair mais Rose. – disse Alvo
 
–          Cala boca Alvo! – respondeu Rose corando.
 
Escórpio sentou do lado de Rose. A maioria da turma da Sonserina olhava feio para o garoto. Kassin reparou na mudança de lugar.
 
–          Muito bem Sr. Malfoy. Aposto que muitos de vocês têm amigos em outras Casas. Se quiserem mudar de lugar fiquem a vontade.
 
Houve um minuto de comentários e olhares entre os alunos. E quando alguns alunos da Lufa-Lufa se levantaram e passaram para o lado da Corvinal Rose sorriu para Escórpio que parecia surpreso.
 
–          Já é um começo. – disse animada.
 
–          Muito bem. – começou Kassin. – Hoje vamos transformar objetos que sofreram alguma alteração em objetos inteiros, perfeitos e funcionando. Quantos de vocês comeram as maças?
 
Metade da classe levantou a mão.
 
–          Vocês comeram? – Rose perguntou aos meninos
 
–          Na ala hospitalar. – respondeu Alvo rindo.
 
–          Olhem embaixo das carteiras. – pediu Kassin.
 
Embaixo das carteiras surgiram maças vermelhas e Kassin pediu que todos as mordessem. Passaram a aula transfigurando as maças mordidas em penas perfeitas. Nem todos conseguiram de primeira.
 
–          Concentração pessoal! Tentem de novo. E não mordam a maça novamente; só vai dificultar a transfiguração nesse ponto.
 
–          Professor pode dar uma olhada aqui? – pediu Cinthia Oleson.
 
Rose acompanhou Kassin com o olhar até a carteira da garota que entregou a pena para o professor analisar.
 
–          A primeira que transfigurei manteve o cheiro da maça, mas agora acho que está perfeita.
 
–          Muito bem Srta. Oleson! Geralmente esse detalhe é o ultimo a ficar perfeito. Parabéns dez pontos para Grifinória.
 
A garota deu um sorriso convencido para Rose que discretamente cheirou sua pena e se desanimou ao perceber que a pena apesar de branca no tamanho e forma correta ainda cheirava levemente a maça.
 
–          Agora escrevam uma redação sobre como uma boa transfiguração pode salvar sua vida. Comecem.
 
Na aula de Herbologia as Flores Astrais já começavam a brotar nas redomas. A turma se juntou perto das bancadas; Rose ficou entre Escórpio e Alvo.
 
–          Por favor, mantenha seus lugares originais. – pediu Neville.
 
Rose levantou a mão.
 
–          Na aula do prof. Kassin pudemos mudar de lugar.
 
–          Não aqui; os lugares estão marcados. Grifinória de um lado Sonserina de outro. – respondeu Neville friamente.
 
–          Vai ser sempre assim? – perguntou Rose.
 
–          Sempre o que Srta. Weasley?
 
–          Essa separação. Vamos sempre conviver juntos sem ficarmos juntos?
 
–          Rose não force. – disse Escórpio se levantando e indo para junto da turma da Sonserina.
 
–          Não haverá mudanças de lugares, mas se houvesse seria feita por mim. Compreendido?
 
Rose desviou o olhar de Neville para as sementes nas redomas.
 
–          Comecem a anotar as pequenas mudanças; nãos são diferentes de uma flor comum. – Neville começou a dizer para os alunos.
 
Rose não disse nada até o final da aula; às vezes olhava para Escórpio do outro lado e sentia um certo vazio. Com exceção de Camile, Hagrid e Kassin ninguém tinha sido gentil com eles em Hogwarts. Seus olhos se encheram de lagrimas, pensou na mãe e na conversa que tiveram em seu quarto na noite anterior ao embarque “Hogwarts será mais que uma escola será seu lar”
 
–          Quero ir pra casa... – murmurou segurando o choro.
 
–          O que? – Alvo perguntou a prima. – Não ouvi o que você disse.
 
–          Nada, não disse nada.
 
–          Rose, você está bem?
 
–          Sim, estou bem. Só me distrai por um instante. Alguma novidade sobre essas flores idiotas?
 
–          Não, continuam idiotas.
 
–          Alvo vamos fugir de Hogwarts?
 
–          Vamos sim! Depois do almoço arrumamos nossas coisas, queimamos os uniformes e fugimos pras montanhas.
 
–          Achei que o prof. Longbottom seria nosso amigo. Ele esteve em nossa casa tantas vezes; parecia tão legal.
 
–          Sabe acho que a culpa foi minha. Mamãe pediu que eu transmitisse afeto a ele e me esqueci. Vai ver ele é um idiota porque não recebeu as lembranças da minha mãe.
 
Alvo sorriu, mas parou; a prima parecia muito triste.
 
–          Rose, as coisas vão melhorar. – tentou consolá-la.
 
–          Ainda temos as montanhas, Escórpio deve ir com a gente.
 
–          Papai passou meses atrás das Horcruxes, podemos sair à procura do campo perfeito de Quadribol.
 
Alvo tentou animar a prima de todas as maneiras durante o resto da aula. Quando se encontraram com Escórpio sugeriu tentar convencer Hagrid a levá-los pra ver o Salgueiro Lutador. Escórpio contou aos amigos sobre Slughorn estar meio agitado quando voltou do Salão Comunal da Sonserina.
 
–          Você acha que Slughorn encobriria se tivesse encontrado a taça da Grifinória lá? – perguntou Alvo.
 
–          Não sei, mas é estranho, não?
 
–          Segundo Camile não tem como escapar de McGonagall por muito tempo. – disse Rose quando iam direção aos jardins.
 
–          Segundo meu pai nem Dumbledore sabia todos os segredos de Hogwarts, mas se um professor tão talentoso quanto Dumbledore e McGonagall tivessem escondido a taça demoraria mais para achar não é? – perguntou Alvo.
 
–          Pode ser, mas Slughorn arriscaria o pescoço assim?
 
–          Ele é o diretor da Sonserina e você disse que conhece o tal Neffasto. Será coincidência esse cara ser monitor chefe?
 
–          Não, com certeza não. – admitiu Escórpio.
 
Quando estavam pra cruzar a porta Camile surgiu à frente deles pregando um baita susto nos três.
 
–          Camile! Quase nos mata do coração! – disse Rose ofegante.
 
–          A profª Duggan está atrás de vocês para entregar suas detenções. Voltem para o Salão Principal, senão ela vai querer saber pra onde vocês estão indo. Vão!
 
Os garotos deram meia volta e encontraram a professora carregando três envelopes.
 
–          Estava mesmo indo procurar vocês. Aqui estão suas detenções. Estejam na biblioteca amanha às nove horas.
 
Camile apareceu assim que ela saiu.
 
–          Muito ruim?
 
–          Péssimo! Sábado e domingo enfiados na biblioteca! – reclamou Alvo.
 
–          Metade da escola vai para Hogsmeade, anteciparam a primeira visita devido ao calor. Quem não for vai ficar o dia todo nos jardins da escola. – disse Camile aos garotos desanimados. – Ah, vamos pessoal! Apesar da detenção vocês ainda podem ter um final de semana tranqüilo.
 
No sábado de manha a profª Duggan mostrou aos garotos uma pilha de livros
 
–          Sem usar magia vocês vão colocá-los nas prateleiras indicadas em ordem alfabética. Muito simples.
 
–          Deve ter uns mil livros aí.
 
–          Mil e sete para ser exata Sr. Malfoy. Não abram os livros, principalmente os novos; não chamem Madame Pince em hipótese nenhuma; ao meio dia podem sair para almoçar. Virei liberá-los às seis horas. Entendido?
 
–          Sim professora. – disseram juntos.
 
Os garotos se olharam deprimidos; o céu estava azul perfeito para voar. Duas horas depois nem cinqüenta livros tinham sido colocados no lugar; alguns simplesmente não aceitavam serem postos nas prateleiras fazendo com que os garotos perdessem muito tempo andando pela biblioteca labirintesca para recuperá-los.
 
–          Enquanto a escola toda se forma estaremos aqui. – disse Alvo saindo de trás de uma das prateleiras.
 
–          Depois do almoço podemos jogar uma partida de xadrez. – disse Rose.
 
–          É. Provavelmente será a coisa mais emocionante que faremos hoje. – respondeu Alvo.
 
–          No Salão Comunal da Sonserina tem uma grande mesa de xadrez, mas eu nunca a usei.
 
Talvez fosse a naturalidade de Escórpio ao contar esse detalhe ou talvez porque Rose e Alvo passassem o menos tempo possível em seu próprio Salão Comunal os primos trocaram olhares deprimidos.
 
–          Já é quase meio dia; vamos almoçar e depois jogar xadrez no Salão Comunal da Sonserina. – disse Alvo.
 
–          Não é quase meio dia Alvo! Ainda falta uma hora. – respondeu Rose.
 
–          Concordo com Alvo, é quase meio dia. – Escórpio disse largando os livros que segurava em cima da mesa.
 
–          E Madame Pince? – perguntou Rose.
 
–          Tenho uma idéia; meu irmão me ensinou uma coisa.
 
Os três fizeram uma muralha de livros e enfeitiçaram os livros pra ficarem se movendo da mesa onde estavam até as prateleiras. Mesmo sendo o mesmo movimento e os mesmos livros acharam que pelo menos por algum tempo daria certo. Poderiam sair para almoçar rapidamente e fazer um pouco de hora no jardim. Talvez até dar uma volta na vassoura escondida entre os arbustos. Madame Pince, enfiada em uma pilha de livros nem notou a saída dos garotos.
 
Foram até as masmorras e seguiram por um longo corredor; quando chegaram numa parede Escórpio disse a senha (carranca); a parede deslizou e ele, cordialmente, convidou Rose e Alvo a conhecerem o Salão Comunal da Sonserina.
 
–          Nossa! É muito bonito Escórpio! – disse Rose admirada com o luxo da decoração da sala.
 
–          E o melhor! Está vazia! – respondeu Escórpio.
 
–          Nem tudo é bonito. – Alvo apontou uma estátua no canto da sala. Um dragão coberto de espinhos montado por uma mulher segurando um espelho.
 
–          O que é isso Escórpio?
 
–          E uma das peças mais valiosas do salão: O Dragão da Babilônia e sua dona. Meu pai disse que todo mundo gosta de pendurar casacos nesses espinhos no inverno.
 
Rose e Alvo acharam muita graça. Escórpio mostrou a mesa de xadrez feita de mármore; a superfície nas cores preto e verde claro.
 
–          Eu tenho as peças. Venham ver o dormitório.
 
No dormitório Alvo e Rose sentaram na cama de Escórpio enquanto o garoto procurava no malão as peças de xadrez de bruxo.
 
–          Camile tinha razão. Slughorn vir buscar meus livros fez a diferença! – disse Escórpio animado. – Não preciso mais esconder minhas coisas.
 
–          Ela é legal, a Camile. – respondeu Rose.
 
–          Guardei as peças bem no fundo do malão Fiquei com medo que alguém as pegasse; papai me deu de presente. Vejam novinhas!
 
–          Belas peças Escórpio. Essa rainha tem uma cara bem severa, não? Vamos chamá-la de rainha McGonagall. – disse Alvo.
 
–          Legal. – respondeu Escórpio rindo.
 
Rose sentou do lado do primo e Escórpio iniciou a partida.
 
–          Uma covardia esse pessoal do Neffasto. Tem caras iguais a ele na Grifinória. – Alvo comentou.
 
–          Aquela Cinthia Oleson vive tentando chamar a atenção do professor Kassin.
 
–          Isso é horrível ainda mais quando sabemos que ele só tem olhos pra você!
 
–          Ah, cala a boca Alvo. – disse Rose.
 
–          Agora o pessoal do Neffasto não vem mais aqui; descobriram o pessoal do segundo ano. Eles estão evoluindo! – disse Escórpio rindo.
 
Rose riu.
 
–          Esses são seus pais? – a garota perguntou apontando para um retrato no fundo da caixa onde as peças estavam guardadas.
 
–          Sim, Draco e Astoria Malfoy. – Escórpio respondeu.
 
Os pais acenavam para Escórpio. Rose se demorou observando o rosto de Draco. Sempre ouvira falar dele, mas não o imaginava daquele jeito; abraçado a esposa, muito bonita por sinal, sorrindo e acenando para o filho. Rose reparou que ele tinha o mesmo sorriso melancólico de Escórpio.
 
Escórpio venceu Alvo.
 
–          Minha vez! – disse Rose trocando de lugar com o Alvo.
 
–          Não espere nenhuma moleza Escórpio, aliás, não espere vencer. Rose é campeã da família só perde para o tio Rony e suas peças adestradas.
 
–          Só agora você me avisa! Que tipo de amigo você é?
 
–          Ah, não fique envergonhado. Alvo perde pra mim o tempo todo!
 
Rose realmente herdara o talento do pai para o xadrez e derrotara os dois. Entre Alvo e Escórpio o jogo era mais equilibrado. As peças novas não os atendiam; era preciso repetir várias vezes para que avançassem. Um peão em particular resistia ao máximo às ordens de Alvo.
 
Com o dia bonito e a visita da maioria dos alunos a Hogsmeade ninguém apareceu para pertubá-los e a hora foi passando.
 
–          Sabe. – disse Alvo se distraindo do jogo. – Essa lareira... Slughorn deve usar para vir aqui. É a lareira principal.
 
–          E? – perguntou Rose.
 
–          Podíamos dar uma olhada na sala dele. Aposto que se pegou a taça aqui do Neffasto a guardou lá.
 
–          Não da pra ir lá sem Pó de Flu e não temos nenhum. – disse Rose observando as peças de xadrez.
 
–          Só professores usam Pó de Flu aqui em Hogwarts? – perguntou Escórpio.
 
–          Funcionários de Hogwarts em geral podem usar. Hagrid deve ter na cabana dele. – disse Alvo animado. – E ele não deve estar lá; ele ia começar a replantar todas aquelas árvores que Grope arrancou. A cabana está vazia! Podemos pegar um pouco e repomos depois, é claro. Só um rápido empréstimo.
 
Escórpio e Rose se olharam por um momento.
 
–          Você e Camile viram que ele voltou daqui agitado e viram que não estava sozinho na sala. Podia ser o Neffasto. – disse Alvo.
 
–          Podia, mas é muito arriscado Alvo. – respondeu Rose.
 
–          O que acha Escórpio?
 
–          Seria legal achar a taça. – disse Escórpio começando a comprar a idéia de Alvo.
 
–          Temos uma boa chance com a escola vazia.
 
–          Por mim tudo bem! – disse Escórpio com firmeza. – Rose?
 
–          Você não precisa participar. – disse Alvo em tom exageradamente compreensivo.
 
–          Engraçadinho, você sabe que eu vou!
 
Foram correndo até a cabana de Hagrid e pela janela localizaram o pote com o Pó de Flu do lado da lareira. Nenhum dos três era bom ainda no feitiço convocatório e derrubaram metade do conteúdo do pote no chão.
 
–          Tudo bem; só teremos que repor um pouco mais do que imaginávamos. – disse Alvo tentando tranqüilizar os amigos.
 
De volta ao castelo encontraram Filch logo no corredor que dava acesso ao Salão Comunal da Sonserina. O zelador os observou entrar; provavelmente nunca vira alguém da Grifinória visitar o lugar. O salão ainda estava vazio; os três entraram na lareira e disseram juntos:
 
–          Sala de Slughorn!
 
Num segundo depois estavam amontoados no centro da sala.
 
–          Tudo bem, não tenham pressa para saírem de cima de mim. – disse Alvo quase sem fôlego.
 
–          Desculpe Alvo. – disse Escórpio ficando de pé e dando a mão para Rose se levantar.
 
–          Vamos começar. – disse Alvo. – Cada um de um lado; se encontrarem alguma coisa muito estranha me chame e eu farei o mesmo.
 
Coisas estranhas não faltavam na sala de Slughorn. Havia uma coisa que se parecia com uma maquina de asas; pergaminhos velhos, livros sobre poções em idiomas que nenhum dos três conhecia. Um armário cheio de capas de guarda chuva e maçanetas de portas. Uma coruja marrom dormiu boa parte do tempo que estavam revirando a sala.
 
–          Onde você esconderia uma taça? – perguntou Escórpio a Rose.
 
–          Talvez a encolhesse!
 
–          Boa idéia! Vamos olhar as gavetas. – disse Escórpio.
 
–          Logo a profª Duggan estará na biblioteca para nos liberar. – disse Rose consultando o relógio.
 
–          Se Madame Pince tivesse notado que saímos Filch teria nos pego quando nos viu. – disse Alvo revirando uma almofada.
 
–          Vocês acham que esse tanto de Pó de Flu é suficientes para nós três? Desperdiçamos muito para entrar aqui. – disse Rose mostrando apenas um punhado para os garotos.
 
–          Deve ter mais por aqui; impossível Slughorn levar tudo com ele. – disse Alvo.
 
–          Acho melhor irmos andando. A sala da Sonserina ainda deve estar vazia! – disse Escórpio conferindo a hora no relógio de Rose.
 
Os três entram na lareira, Alvo jogou o pó e fecharam os olhos. Quando apareceram na lareira no Salão Comunal da Sonserina Escórpio e Alvo olharam para os lados
 
–          Não foi o bastante! – disse Escórpio aflito.
 
Rose ficara pra trás.
 
–          O que faremos? Alvo?
 
–          Vamos até o Hagrid pegar mais Pó de Flu!
 
Muitos alunos já vinham voltando do passeio e paravam para conversar e se sentar no jardim antes de escurecer. Alvo e Escórpio os assustaram quando saltaram sobre eles correndo o mais rápido que podiam em direção cabana de Hagrid.
 
A cabana ainda estava fechada e por nervosismo os garotos não conseguiram fazer nenhum feitiço útil pra a situação. Tentaram abrir a porta e até quebrar as janelas de todo jeito. O Pó de Flu que tanto precisavam estava espalhado pelo chão.
 
–          Tem uma janela na sala de Slughorn! Rose pode sair por ali! – disse Escórpio. – É tão alta que pode não estar enfeitiçada!
 
–          Vou pegar a vassoura! Você corre e diz pra Rose abrir a janela.
 
Escórpio voltou correndo e localizou a janela da sala de Slughorn; jogou pedras pra chamar atenção de Rose. Fez sinal para que abrisse a janela, mas garota respondeu que estava trancada com um cadeado. Não podia quebrá-la, chamaria muita atenção.
 
Do jardim Escórpio viu o grupo de professores chegando e Alvo parou do lado de fora da janela montado na velha vassoura escondida nos jardins.
 
–          Rápido os professores já estão no salão principal! – Escórpio gritou para Alvo. – Em minutos a profª Duggan irá até a biblioteca nos liberar!
 
–          Não tem jeito! Tenho de quebrar o vidro. Afasta-se Rose!
 
–          Espere Alvo tive uma idéia.
 
Rose tocou o trinco da janela com a varinha e o transformou numa pena; abriu a janela e subiu na vassoura com o primo e fez o trinco voltar ao normal.
 
–          Genial Rose!
 
–          Brilhante! – ouviram a voz de Escórpio no chão.
 
–          Vamos direto para a biblioteca. – disse Alvo pousando a frente de Escórpio.
 
Com Alvo carregando a vassoura os três dispararam pelos corredores até chegarem à biblioteca. Deram de cara com Camile.
 
–          Rápido! A profª Duggan está chegando.
 
–          Onde estão os livros? – Escórpio perguntou surpreso. – Deixamos todos aqui!
 
–          Madame Pince deve tê-los recolhido. – disse Rose confusa.
 
–          Estão na prateleira. Sentem-se! – apontou Camile.
 
–          Mas quem foi que os arrumou na prateleira? Foi você Camile? – perguntou Alvo empurrando a vassoura de baixo da mesa.
 
–          Não se anime; não estão todos ai. Vocês ainda terão muito trabalho pela frente. Agora sentem e se acalmem. Não digam a profª Duggan que estou aqui.
 
Camile se escondeu atrás de uma das colunas; quando a profª Duggan entrou ficou satisfeita com o trabalho dos garotos.
 
–          Vejo que souberam se organizar e fazer o tempo render. Podem ir; amanha vocês continuam. Senão fosse uma detenção eu até daria pontos a vocês pelo bom trabalho.
 
Quando a professora saiu os três respiraram aliviados.
 
–          Não acredito que não encontramos nada da sala de Slughorn. – disse Alvo.
 
Escórpio fez sinal para que se calasse; Camile saiu de trás da coluna, mas não tina uma expressão aliviada.
 
–          Obrigado Camile! Salvou nossas vidas. – disse Rose sorrindo.
 
–          Ainda não acabou. Fiquem calmos. – respondeu Camile voltando a se esconder.
 
Na porta da biblioteca Filch acompanhado da diretora McGonagall e Neville apontavam para os garotos.
 
–          Acompanhem-nos, por favor. – disse a diretora aborrecida.
 
–          De novo? – perguntou Alvo.
 
–          É Sr. Potter! De novo! – respondeu a diretora. – E quantas vezes forem necessárias!
 
Na sala de McGonagall. A profª Duggan, Kassin, Flitwick, Neville e Slughorn os aguardavam.
 
–          A profª Duggan acaba de me dizer que liberou vocês três depois cumprirem boa parte da detenção. – disse a diretora.
 
–          Sim senhora. – responderam juntos.
 
–          No entanto o Sr. Filch os viu andando pelo castelo.
 
–          Indo na direção do Salão Comunal da Sonserina. – Filch disse com um sorriso maldoso.
 
–          Isso é verdade? – perguntou Neville dirigindo a pergunta a Alvo e Rose.
 
–          Estivemos lá sim. – confirmou Alvo.
 
–          Fazendo o que?
 
–          Escórpio nos convidou para conhecermos. – respondeu Rose.
 
–          Vocês por acaso chegaram ver a estátua do Dragão da Babilônia? – perguntou o prof. Flitwick.
 
–          Sim, o dragão montado por uma mulher. – respondeu Alvo.
 
Rose se perguntava quando Slughorn e McGonagall diriam que estavam no mínimo expulsos. Então percebeu que se isso acontece não parecia ser tão ruim aquela altura. Só sentia por Camile que os ajudara.
 
–          Srta. Weasley? – insistiu McGonagall.
 
–          Ah, sim é muito feia aquela estátua.
 
Com exceção de Neville, Filch e Slughorn todos na sala olharam para o chão disfarçando a vontade de rir.
 
–          A beleza da peça não esta em discussão aqui. – Slughorn disse zangado.
 
–          O fato é que ela sumiu. E vocês confirmaram que estiveram lá. – guinchou Filch.
 
–          A que horas estiveram lá? – perguntou a profª Duggan.
 
–          Saímos para almoçar e passamos por lá. – respondeu Alvo.
 
–          Crianças, a profª Duggan nos disse que vocês cumpriram boa parte da detenção, mas sabemos que foram mais de uma vez ao Salão da Sonserina. – disse Flitwick.
 
–          Eles pegaram. – Filch disse novamente agitado.
 
Alvo se lembrava bem da estátua, mas não tinha reparado nela quando voltaram da sala de Slughorn. Escórpio parecia pensar a mesma coisa.
 
–          Os senhores pensam que a pegamos? O que faríamos com ela? – Alvo perguntou a diretora e aos professores.
 
–          A mesma coisa que fizeram a taça da Grifinória! – gritou Filch.
 
–          Diretora é óbvio que a visita de Alvo e Rose ao Salão da Sonserina é influência de Escórpio Malfoy. No mínimo ele queria tirá-los do cumprimento da detenção. – Neville disse olhando desconfiado pra Escórpio.
 
–          Elizabeth, você confirma que eles cumpriram boa parte da detenção?
 
–          Confirmo diretora. – a profª Duggan disse com firmeza.
 
–          E Madame Pince? Ela não deveria estar aqui pra confirmar isso também? – perguntou Neville ainda olhando fixo para Escórpio.
 
–          Madame Pince é mais ligada aos livros do que a pessoas. – respondeu a diretora. – Podem ir. Não contém o que aconteceu para ninguém estão ouvindo? E isso não é um pedido.
 
–          A senhora não vai nem tirar pontos deles? – perguntou Filch surpreso.
 
–          Não por enquanto. Kassin os acompanhe até o Salão Principal. E volte o mais rápido possível.
 
–          Outra busca! – bufou Slughorn.
 
Acompanhados por Kassin os três entraram no Salão Principal cheio de alunos trocando informações sobre a visita a Hogsmeade. Alvo viu Victorie desembrulhando muitos doces e distribuindo para os amigos. Não conseguiu localizar o irmão e nem Camile.
 
–          Sentem-se um minuto. – pediu Kassin.
 
–          Não acredito que suspeitam que pegamos aquela coisa feia! O senhor acredita em nós não é? – Rose perguntou.
 
–          Sim Srta. Weasley, mas aquela coisa feia é uma peça valiosa e está desaparecida junto com a Taça da Grifinória que tem o nome dos seus pais. São peças importantes! No começo até suspeitaram que vocês dois tivessem pego a taça para se vingarem de um dia ruim.
 
–          Mas não conseguiram achar e acabaram mudando de idéia. – disse Rose.
 
–          Vocês não pegaram a taça, pegaram? – perguntou Kassin encarando os meninos.
 
–          Não professor! – respondeu Escórpio. Alvo nem disse nada.
 
–          Viram alguma coisa estranha no Salão Comunal da Sonserina quando estiveram por lá? Escórpio você conhece o salão.
 
–          Passo pouco tempo por lá, mas não.
 
–          Certo. E nos outros lugares do castelo que andaram hoje? Alguma coisa fora do normal?
 
–          Estivemos no Salão Comunal e o resto da tarde na biblioteca professor. – disse Alvo.
 
Kassin arrepiou os cabelos do garoto.
 
–          Ah é? E desde quando quem passa a tarde na biblioteca fica suado desse jeito?
 
Alvo tentou ajeitar os cabelos; gostava que ficassem no lugar.
 
–          Sei que não pegaram a taça, mas também sei não fizeram exatamente o que disseram que fizeram. – disse Kassin sorrindo.
 
Alvo se sentiu culpado. Convenceu os amigos a roubar Pó de Flu de Hagrid e a entrarem na sala de Slughorn e quase foram pegos.
 
Flitwick chamou por Kassin.
 
–          Tomem cuidado. – disse para os garotos antes de sair apressado acompanhando o professor de Feitiços.
 
Camile apareceu depois de algum tempo e os garotos, contrariando as recomendações de McGonagall, contaram o que tinha acontecido. A garota ouviu a tudo em silêncio observando a mesa quase vazia dos professores.
 
–          Deve ter acontecido mais alguma coisa depois que vocês saíram. Prestem atenção no Longbottom e na Srta. Duggan.
 
–          Estão calados e isso não é comum entre eles. – observou Rose.
 
–          Ouvi um boato que os dois se encontraram hoje em Hogsmeade; na pousada Madame Rosmerta. – Camile disse rindo, mas parou diante do olhar confuso dos garotos.
 
–          O que tem isso? – Alvo perguntou.
 
–          Nada... A Srta. Duggan deve ter ficado uma fera quando Longbottom não acreditou que vocês passaram a tarde na biblioteca cumprindo a detenção.
 
–          E vejam Slughorn. – comentou Escórpio. – Ele estava mal humorado na sala, mas agora parece tranqüilo e faminto.
 
–          Slughorn é assim em público; já ouvi mamãe e papai comentando sobre isso. – respondeu Rose.
 
–          Camile, mais uma vez obrigado! Você foi incrível! – disse Alvo. – Se tiver alguma coisa que possamos fazer por você...
 
–          Estejam na biblioteca amanha cedo para continuar a detenção e dessa vez não saiam de lá!

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Comentários (4)

  • Aline Carneiro

    A fic continua excelente, prende muito o leitor, parabéns

    2012-11-08
  • tamires wesley

    adorei..pow mo mancanda ficar tudo acontecendo com eles e o neville?..axei q ele foi mais compreensivo... indo ler o proximo capitulo urgente..\0/

    2012-07-30
  • Nah C.

    É. Nem tanto heheheObrigada

    2011-12-03
  • RoseChaseMalfoy

    Achei incrível esse capitulo! Parece J.K Rowling escrevendo. Tá bem, talvez nem tanto - afinal tia Jô é uma das mentes mais brilhantes que já pisaram no mundo trouxa - , mas é de longe uma das mais bem escritas fics daqui e de muitos outros sites. Parabéns! 

    2011-12-02
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