Visita no Halloween



Com o passar dos dias os garotos começaram a sentir mais a vontade em Hogwarts. Passavam a maior parte do tempo livre na Sala Particular estudando e praticando. A amizade de Alvo e Rose com Escórpio também ganhava novos contornos a medida que se conheciam melhor.


Devido não conseguir tirar o cheiro estranho da sua poltrona Alvo passou a deitar nas almofadas para ler ou simplesmente ficar de bobeira. Nessas horas pensava desde achar uma maneira de provar que Neff era protegido de Slughorn, até nas historia que os fantasmas que os visitavam com freqüência contavam. Também observava Escórpio e Rose conversando; os dois pareciam nunca esgotar uma conversa.


–        Vocês acham que Guily e sua turma esperavam morrer do jeito que morreram? – perguntou numa noite de repente a Escórpio e Rose.


–        Não sei acho que não, acho ninguém espera. – respondeu Rose.


–        Será que eles fizeram tudo o que gostariam de fazer quando estavam vivos?


–        O que foi Alvo? – perguntou Escórpio.


–        Não sei...  isso me veio à cabeça. Tem tantas coisas que eu gostaria de fazer e não tive chance ainda. E vocês?


–        Eu gostaria de voar num hipogrifo! – respondeu Escórpio.


–        Quero ir para Florença; meus pais dizem que é lindo por lá. – disse Rose.


–        Eu quero beijar uma garota. Meu irmão disse que a melhor coisa do mundo. O que você acha Escórpio? – perguntou Alvo.


–        Bem... – Escórpio fez uma pausa.


Rose começou a rir.


–        O que? – perguntou Escórpio.


–        Nada. – respondeu Rose obviamente segurando a risada.


–        Você está subestimando nosso amigo. – disse Alvo piscando para Escórpio. – Ele tem muita experiência.


–        Certo...


–        Você precisa me dar algumas instruções sobre garotas. Quando eu conhecer alguma estarei preparado.


–        E eu sou o que? Um gorila?


–        Você é minha prima! Se fosse um gorila não faria diferença pra mim. Não acredito Escórpio! Você não contou a Rose sobre sua namorada?


Rose riu ainda mais.


–        Você não acredita? Ele tem a foto; os dois de mãos dadas não é Escórpio?!


–        Sério? – perguntou Rose sem graça.


–        Tenho a foto. – respondeu Escórpio começando a corar, mas tentando se mostrar orgulhoso.


–        Estou dizendo!


–        Ah, é? Como é sua namorada?


–        Como assim?


–        Qual a idade dela? Onde ela estuda? Ela tem nome?


–        O nome dela é Agnetha e estuda em Beauxbatons. – respondeu Escórpio fingindo estar ofendido. – Você está duvidando? Pois vou escrever para minha mãe mandar a foto.


–        Certo! Vou pedir algumas para minha mãe; peça algumas você também Alvo.


–        Tudo bem. Preciso mesmo de peças de xadrez novas; senão nunca vou vencer nenhum de vocês.


Dias depois além das fotos chegaram também às novas peças de xadrez de Alvo.


Alvo tomou a foto da mão de Escórpio.


–        Ela é mesmo bonita. – disse Alvo passando a foto para Rose.


Rose olhou a foto curiosa; a garota era realmente bonita e sorria de mãos dadas com Escórpio.


–        Bom, tenho que ir para sala do profº Kassin. – disse Rose devolvendo a foto e saindo da sala. – Ah, e vou direto para o dormitório; vou procurar meu broche.


Assim que Rose saiu Alvo caiu na gargalhada.


–        Viu a cara que ela fez?


–        Quem mandou rir de nós?


–        Como se ela tivesse muuuita experiência. O único cara que chegou perto dela o bastante foi o Neffasto!


–        Depois você conta a verdade pra ela, certo? – perguntou Escórpio.


–        Claro, claro... – respondeu Alvo ainda rindo muito


Escórpio pegou algumas fotos da pilha de Alvo; Rose aparecia em algumas; acenando ou pulando no lago junto com o irmão. Decididamente ela não parecia em nada com um gorila pensou o garoto.


Na sala do professor Kassin Rose separava deveres para o professor corrigir; Cinthia estava do lado dela mal humorada. O professor parou de arrumar pequenos objetos em cima da lareira e as deixou para conversar com Flitwick; ouviam as vozes e as risadas do dois vindas do corredor. Rose sentia muita raiva de Cinthia; tinha certeza que se estivesse sozinha a situação seria diferente. Depois que terminaram o professor as dispensou mais uma vez muito formal.


Rose acabou seguindo aborrecida para Torre da Grifinória atrás de Cinthia.


–        Agnetha. Que tipo de nome é esse? – murmurou virando o malão sobre a cama.


–        É sueco. – disse Camile às costas dela. – Procurando alguma coisa Rose?


–        Sim, um presente que meus pais me deram. Podia jurar que o trouxe.


–        Quero fazer uma reclamação. – disse Cinthia se juntando a elas. – Uma coberta sumiu da minha mala. Minha avó me deu para o inverno. E não a encontro. Alguém mexeu nas minhas coisas.


–        Estranho. – disse Camile franzindo a testa. – Vocês não são as primeiras a dar falta de algum pertence.


–        Podem ter sido os elfos. – disse Cinthia.


–        Não costumam pegar nada sem autorização. – respondeu Rose.


–        Isso era antes de saberem o valor das coisas. Agora, graças a sua mãe, eles sabem.


–        Não fale da minha mãe! – disse Rose zangada.


–        Parem. – mandou Camile. – Vocês deram falta de suas coisas só agora?


–        Sim, por quê?


–        Porque não são coisas que usamos diariamente, podem ter sumido faz tempo. – Rose respondeu impaciente. – A menos que você se cubra no verão.


–        Vou verificar e aviso vocês. E nada de discussões no dormitório. – disse Camile deixando as duas.


Nos dia seguinte a caminho das aulas de vôo Rose contou aos meninos que o profº Kassin não ficava na sala durante o tempo que ela e Cinthia realizavam suas tarefas.


–        Talvez seja por isso que ele precisasse de uma assistente. Ele quer fazer outras coisas e andava muito ocupado. – respondeu Escórpio.


–        Vocês não acharam mesmo que iam ficar lá conversando com ele o tempo todo acharam? – perguntou Alvo rindo.


–        Não! Claro que não, mas achei que ele estaria mais presente. Se aquela idiota não estivesse lá o tempo todo com a gente...


–        Poderíamos pegar o Pó de Flu e voltar à sala de Slughorn.


–        É, Alvo! É isso exatamente o que Rose tem em mente. – respondeu Escórpio.


Madame Hooch não ligava para a formação dos alunos então podiam ficar juntos e conversar. Estavam aprendendo a pousar a vassoura com segurança.


–        Escórpio, por que não me contou sobre sua namorada? – Rose perguntou quando chegou a vez de Alvo subir na vassoura.


–        Contei para Alvo quando estávamos na enfermaria e...  não é uma coisa que mencione sempre. Pra falar a verdade Rose foi...


–        Eu não ia rir de você; eu riria de Alvo, mas nunca de você.


–        Obrigado.


–        Você pode me contar qualquer coisa... se quiser é claro.


–        Você também. Se não for coisa de garotas, é claro.


–        É claro...não que eu nunca vá rir de você.


–        Eu também não prometo nunca rir de você, mas sempre poderemos rir de Alvo juntos.


–        Combinado. – disse Rose sorrindo.


Na noite do Halloween o Salão Principal estava todo decorado com esqueletos dançantes, caldeirões cheios de ponche de vários sabores, abóboras recheadas de vários tipos de doces. A festa estava animada e prometia continuar no Salão Comunal das Casas noite adentro. Alheios a tudo isso no quarto andar numa sala secreta na Biblioteca três amigos deitados no chão olhavam fotografias.


–        Essa aqui é a casa dos nossos avós. A Toca – disse Alvo passando uma foto para Escórpio. – Essa é minha mãe e minha irmã. Esse meu pai.


–        Você é mesmo a cara dele! – respondeu Escórpio e apontando uma das fotos na mão de Rose explicou:


–        Esses são meus amigos Alak e Lutz; os pais deles são amigos dos meus. Veja o meu pai; aqui estávamos numa praia na França. Eu tinha uns seis anos.


Na foto Escórpio pulava espirrando água no pai. Rose observou a foto por muito tempo.


–        Esse é meu tio Jorge. – mostrou Rose em outra foto. – Você precisa ir com a gente na Gemialidades Weasley.


–        É o melhor lugar para comprar bombas de bosta de dragão e fogos fedorentos. – disse Alvo.


–        Ah, veja esse somos nós no lago atrás da Toca. – apontou Rose. – Esse é meu irmão Hugo. Ele é completamente doido.


–        E você o adora. – disse Escórpio rindo.


–        Perdida e completamente. Ah, essa é minha mãe. Ela não é linda?


–        Bem bonita sim, me lembro de tê-la visto no dia do embarque.


–        Tia Hermione ficou contente por você ter passado no teste; mandou até penas novas.


–        Acho que ficou mais feliz quando escrevi pedindo as fotos. Eu disse que era para mostrar a um amigo. – disse Rose sorrindo para Escórpio.


–        O que é isso Escórpio? – perguntou Alvo apontando para um bloco dentro da caixa que estavam às fotos.


–        Ah, isso é bem interessante. Você faz um desenho com o nome de uma pessoa e o desenho muda de cor; cada cor representa o que a pessoa está sentindo no momento: felicidade, dor, raiva e por ai vai. Só funciona com pessoas relativamente perto. – explicou Escórpio.


Alvo se encolheu num canto e começou a desenhar; desenhou o tronco, braços, cabelo comprido e colocou o nome da prima embaixo. O desenho ficou vermelho e na tabela do lado significava que a prima estava satisfeita. Escórpio estava verde (curioso). Ele mesmo estava azul (fome). Observando os dois amigos via que as cores de ambos ia mudando conforme a conversa mudava também.


–        Escórpio na tabela não tem a cinza. – perguntou Alvo.


–        Cinza?


–        É, desenhei meu irmão e ele está todo cinza.


Escórpio ficou de pé e pegou o bloco da mão de Alvo e o virou. Na parte de trás estava a tabela de cores que representavam coisas negativas.


–        Cinza significa medo. Temos que achar seu irmão.


Quando chegaram ao Salão Principal correram os olhos para tentar localizar Tiago. Camile veio correndo até eles.


–        Onde vocês estavam? Procuramos vocês por toda a parte?


–        Onde está Tiago? – perguntou Alvo.


–        O salão está vazio. – observou Escórpio. – Por quê?


–        Os monitores estão levando os alunos para os dormitórios; aconteceu alguma coisa nas estufas. Por que querem saber de Tiago?


–        Achamos que ele está em apuros. Você o viu? – perguntou Rose aflita.


–        Ele estava aqui até agora pouco. Perguntou sobre vocês e eu disse que não os tinha visto pelo castelo.


–        Ele está lá fora?! Vamos! – disse Alvo saindo correndo para o jardim acompanhado dos amigos.


–        Alvo espere! – gritou Camile.


Os garotos viram duas criaturas que pareciam uma especie de ratazan de asas lonagas como as de um morcego atacando as estufas. Os professores Flitwick, Kassin e Longbottom tentavam contê-los.


–        O que são essas coisas? – Alvo perguntou quando finalmente Camile os alcançou.


–        Não sabemos é por isso que temos que voltar para o castelo. Vamos voltar!


–        Temos que achar Tiago! Ele deve estar no Hagrid! – disse Alvo.


A cabana de Hagrid estava sendo atacada por mais duas das estranhas criaturas. Grope do lado de fora tentava pegá-los.


–        Tiago está lá dentro com Hagrid! Alvo volte aqui! Escórpio! – Camile gritou para os dois.


–        Vá buscar ajuda Camile! Chame algum professor! – disse Rose disparando atrás dos meninos.


Tiago e Hagrid estavam presos na cabana. Uma das criaturas começou a destruir o telhado. Alvo, Rose e Escórpio surgiram pela porta.


–        Mas que diabos vocês estão fazendo aqui! – perguntou Tiago surpreso.


–        Viemos salvar vocês! – disse Alvo sacando a varinha.


–        Rápido! Entrem na lareira usem o Pó de Flu para voltarem para o castelo. – mandou Hagrid.


–        Não Hagrid! Não vou deixá-lo aqui. – gritou Tiago.


–        Vão!

Hagrid pegou o vasinho onde deixava o Pó de Flu, mas estava quase vazio. Os garotos se olharam extremamente culpados, principalmente Alvo.


A janela do lado de Tiago se estilhaçou e uma das criaturas o mordeu no braço.


Escórpio lançou labaredas nos olhos da criatura. Rose fez o mesmo. Os dentes estavam fincados no braço de Tiago; Grope puxou a cauda da criatura e começou a puxar.


–        Não Grope! Não o puxe senão vai arrancar o braço de Tiago! – gritou Alvo.


–        Minha varinha! Peguem minha varinha! – gritava Tiago.


Rose apanhou a vassoura que deixavam com Hagrid e bateu com toda força na cabeça da criatura. Hagrid segurou a cabeça do bicho.


–        Quando eu mandar vocês dois tiram o braço dele!


Hagrid abriu a bocarra com toda a força. Escórpio e Rose puxaram o braço ensangüentado de Tiago. Grope pode então puxar jogá-lo para longe.


–        Lá vem mais dois!


Ouviram um baque; as criaturas bateram em alguma coisa; Hagrid e os garotos viram Kassin e Neville do lado de fora; os dois lançaram um feitiço escudo em volta da cabana.


–        Hagrid tire as crianças daqui e me entregue o morcego que tem escondido aí. – disse Neville.


–        Edgar? Por quê?


–        Porque é isso que essas coisas comem – disse Kassin – e pensam que vocês têm um estoque deles!


Hagrid localizou o morcego num canto da cabana; o colocou na gaiola e jogou para Neville. Com Tiago sobre os ombros, Hagrid saiu da cabana acompanhado dos garotos.


Neville abriu a gaiola e o morcego se embrenhou na floresta; as criaturas o seguiram e todos sumiram de vista.


Na enfermaria Tiago estava com o braço esquerdo enfaixado. Um grupo de amigos queria noticias, mas Madame Pomfrey permitiu só Rose e Alvo entrarem para vê-lo.


Alvo contou ao irmão sobre o bloco mágico de Escórpio e como o amigo ajudara a salvá-lo. Tiago ficou calado e só depois de Rose insistir muito afirmou que não estava com medo coisa nenhuma.


–        Não fui salvo por um brinquedo. – disse ao irmão e a prima.


Alvo saiu pisando duro sem dizer nada.


–        Vocês são teimosos demais. – comentou Rose.


–        Rose, você pode dizer às pessoas que estão aí fora que estou bem?


–        Claro. Vou dizer.


Quando abriu a cortina Rose viu Camile atrás do grupo de amigos do primo. Parecia muito nervosa e Rose reparou que, enquanto fechava a cortina, a garota acompanhava Tiago com o olhar por cima do grupo como se quisesse aproveitar cada segundo de sua imagem.


–        Ele está bem! – disse Rose passando pelo grupo até chagar em Camile e tranqüilizando a monitora da Grifinória. – Ele está realmente bem.


Na sala da profª Grubbly-Plank o corpo de uma das criaturas estava pronta para ser examinado.


–        Dois metros de uma asa a outra; essas presas... esse garoto que foi mordido não sabe a sorte que teve.


–        Tiago Potter estava entre essa coisa e seu prato favorito; o tal morcego que veio do Peru. – disse o profº Flitwick.


–        Uma coisa que une trouxas e bruxos é a natureza. – disse a professora Grubbly-Plank ajeitando os óculos. – Quando alguma coisa muda de repente a natureza responde.


–        Os morcegos se alimentam do polém dessas flores e essas ratazanas se alimentam deles? – perguntou Kassin.


–        É isso mesmo. – concordou a professora.


–        Sinto muito Neville, mas você vai ter que se desfazer das Flores Astrais. – disse a diretora McGonagall.


–        Diretora, levei muito tempo pra conseguir as sementes. Essas flores são muito raras e poderosas; vou mudá-las de lugar e aumentar a segurança. – respondeu Neville enxugando a testa nervoso.


–        Estudar sobre essas flores também inclui a o papel delas no meio ambiente. Era o que devia estar fazendo! Se desfaça delas o mais rápido possível! Não vale o risco e o programa de Herbologia já é bem completo! – disse a diretora McGonagall num tom definitivo que Neville conhecia desde criança.


Quando deixaram a sala; a profª Duggan, que se manteve em silêncio até aquele momento, parecia mais zangada que Neville.


–        Não foi sua culpa Neville! McGonagall deixou os morcegos ficarem na estufa; podia tê-los exterminado. Foi uma burrice da parte dela. Se fosse Kassin que pedisse ela daria um jeito! Você arriscou a vida para salvar Tiago Potter hoje. Não foi só Kassin!


–        Foi muito injusto! – disse Neville. – Tinha muitos planos para essas flores.


–        E precisamos dar um jeito de tirar Kassin de perto de McGonagall ou logo ele estará mandando nessa escola!


Neville concordou e Elizabeth passou a mão por seus cabelos e o beijou.


–        Daremos um jeito Neville.


Rose esperou por Camile no Salão Comunal da Grifinória. A garota chegou carregando três livros bem pesados já bem tarde da noite.


–        Você devia estar na cama Rose.


–        Só queria lhe agradecer.


–        Ah, não foi nada os professores estavam nas estufas. – disse Camile sentado numa poltrona.


–        Foi Tiago, não foi? – Rose disse encarando Camile.


–        O que?


–        Pedi a ele que procurasse por Alvo no Mapa do Maroto, mas ele disse não. Já não estava com ele; está com você. Foi assim que nos livramos dos corredores lotados no caminho para aula de DCAT! E quando nos ajudou na detenção; você sabia que não estávamos na biblioteca; viu que a profª Duggan já estava de volta ao castelo e a caminho para nos ver. E hoje você não nos achou no mapa e Tiago saiu para nos procurar na casa de Hagrid.


–        Tiago nunca deixaria alguém tocar naquele mapa.


–        Só se ele confiasse ou gostasse muito desse alguém.


–        Cuidar de vocês é minha obrigação.


Rose leu a capa de um dos livros que Camile segurava.


–        Você cuida muito bem; tanto que vai pesquisar sobre Criaturas da América do Sul. Madame Pomfrey disse que a mordida daquele bicho não é venenosa, mas você tem que ter certeza, não é?


–        Eu e Tiago somos amigos. E você esqueceu da cabana de Hagrid; nós arrumamos a bagunça que fizeram. Se soubessemos que tinham acabado com o Pó de Flu...

Rose corou um pouco. 


–        Desculpe.

–        Por favor, não comente com ninguém.


–        Claro que não! Conheço meu primo e sei que ele pode ser adorável num minuto e no outro...


–        Você tem uma boa intuição Rose.


–        Obrigada. Isso é normal não é? – Rose perguntou preocupada.


–        Ah, é sim. Só é um sinal de que está deixando a infância.


Na companhia de meninos na maioria do tempo; Rose não tinha tido a chance de pensar, muito menos comentar, que começara a se sentir diferente ultimamente.


–        Sinto que alguma coisa vai acontecer... não sei ao certo o que, mas sei que vai.


Camile sorriu. Victorie se juntou a elas.


–        Que festa, não? Esqueletos, doces, criaturas atacando as estufas... – disse sorrindo.


–        Ouvi dizer que as festas Hogwarts eram agitadas, mas não pensei que fossem tanto. Ainda bem que vamos para casa no Natal. – disse Rose bocejando.


Durante a semana Tiago finalmente chamou Alvo para treinar com o time de Quadribol.


–        Não espere pra pegar o pomo. Esse time é muito fraco; ano que vem talvez a gente melhore. Esse ano é da Corvinal sem duvida. Vamos tentar perder de menos possível.


–        E o jogador que me substituiu como apanhador?


–        Ele vai me substituir. Vai demorar pra eu poder voar de novo. Um rato gigante mordeu meu braço sabe?


–        É e eu soube. – disse Alvo rindo.


Os irmãos caminhavam juntos.


–        Então, aquele cara que anda com você e Rose.


–        Escórpio. Diga o nome dele, não é um tabu.


–        Esse cara. Ele vai fazer teste ano que vem para batedor do time da Sonserina?


–        Talvez. Por quê?


–        Só curiosidade. Falando nele...


Escórpio passou com Rose a caminho do Salão Principal.


–        Preciso ir. – disse Alvo com pressa correndo atrás dos dois.


–        Crianças... – comentou Tiago pegando o caminho contrário para aula que deveria assistir. Ao invés disso foi até a entrada do Salão Comunal da Sonserina e pediu a uma aluna que ia entrando para fazer a gentileza de chamar o capitão do time de quadribol Randall Duk.


O garoto veio logo e convidou Tiago para entrar.


–        Eu soube do seu acidente. Tudo bem agora?


–        Estou bem melhor. – respondeu Tiago. – Soube que um batedor vai deixar o time ano que vem.


–        Vai ser transferir para Durmstrang.


–        Escute Rand queria lhe pedir um favor...



–        Ah, Alvo estou tão feliz por você e Tiago terem voltado as boas! – disse Rose ao primo enquanto iam para a cabana de Hagrid.


–        Só estou de volta ao time Rose. Fora isso tudo continua igual.


–        Como pode continuar? Óbvio que ele estava te procurando no Halloween. – disse Escórpio surpreso.


–        A Sala Particular não aparece no Mapa do Maroto. Por isso ele foi até a cabana de Hagrid. – disse Rose. – Tiago estava preocupado com você!


–        Vai começar a chover. – disse Alvo colocando a capa e mudando de assunto. – Hagrid deve estar chateado por causa do Edgar. Quem sabe damos outro morcego pra ele no natal.


–        Um que não atraia monstros pelo menos. – disse Escórpio.


Hagrid estava do lado de fora da cabana na companhia dos professores Flitwick e Kassin. Os três conversavam sobre Grope e tomavam uísque de fogo.


–        Você sabe se gigantes têm uma percepção diferente das coisas Hagrid? – perguntou Kassin enchendo o copo de Flitwick.


–        Acho que não Kassin. Por que teriam?


–        Não sei... curiosidade apenas.


–        Você é uma das poucas pessoas que conheço que tem simpatia por gigantes. – disse Hagrid.


–        Gosto de entender todas as criaturas; menos lobisomens.


–        Vocês acham que essas ratazanas que atacaram as estufas e minha cabana são comida de alguma coisa maior e mais perigosa? – perguntou Hagrid.


–        Estanho – murmurou Alvo – geralmente Hagrid fica feliz da vida quando tem a chance de conhecer uma nova criatura.


Rose fez sinal para se calasse, pois acabara de ouvir seus nomes.


–        Eles apareceram do nada para ajudar! – contava Hagrid. – Alvo é a imagem do pai. E esse garoto Malfoy é uma surpresa e tanto hein?


–        A Srta. Weasley é talentosa como a mãe, mas, não tão esforçada devo dizer. – comentou Flitwick.


–        Ela poderia estar entre uma multidão e ainda assim eu a reconheceria; ela tem os olhos da mãe. – disse Kassin olhando a floresta.


Rose comentou com os meninos quando voltaram para o castelo, sem falarem com Hagrid, que Kassin disse que já tinha visto Hermione uma vez.


–        Deve ter sido uma vez bem longa para ele ter na memória os olhos dela. – disse Alvo baixinho para Escórpio.


Rose passou dias pensando nas palavras do professor. 


–        Ainda não encontraram minha colcha e o seu broche. – disse Cinthia à Rose a noite na sala do professor.

–        Hã?  Não, Camile disse que os elfos não abrem malas ou gavetas.

–        Isso é o que eles falam.

–        Cinthia, você gosta de Hogwarts?

–        Que tipo de pergunta é essa?

–        Uma pergunta simples. Gosta ou não?

–        Claro que gosto.

–        Como achou que seria quando viesse para cá?

–        Achei que seria desse jeito, menos pela sua companhia.

Rose se levantou de repente e decidiu que não queria mais ficar ali. As noites que passou naquela sala na irritante companhia de Cinthia foram só mais uma das muitas coisas irritantes em Hogwarts.

–        Vou embora; tenho coisas mais importantes para fazer.

–        Você não pode sair! Não pode! O professor ainda vai demorar.

–        Que foi? Está com medo de ficar sozinha?

–        Não! – respondeu Cinthia com rispidez. – Pode ir eu digo a ele que você abandonou o cargo.

–        Diga também que...  nada, não diga nada.

Os meninos ficaram surpresos com a decisão de Rose.

–        Você tem certeza disso? – perguntou Alvo.

–        Tenho. O que vocês estão fazendo?

–        Íamos começar uma partidade xadrez; finalmente tenho uma chance com minhas próprias peças.

–        Eu entro na próxima rodada então.

A garota se encolheu num canto. Escórpio e Alvo terminam a partida em silêncio trocando olhares e observando Rose. Quando garota entrou no banheiro Alvo comentou:

–        Os vivos são sujos.

No sábado seguinte o jogo de Quadribol da Grifinória contra Lufa Lufa foi um dos mais feios na história de Hogwarts. Durante o jogo caiu uma tempestade que fez todo mundo sair correndo das arquibancadas. Os jogadores ficaram muito pesados para voar e o jogo simplesmente parou.


–        Pelo amor de Deus Alvo! Ache esse pomo para essa tortura acabar! – gritou Tiago para o irmão.


Voando por perto das arquibancadas Alvo localizou o pomo num cantinho seco. Quando se aproximou o pomo disparou para as laterais do campo. Alvo conseguiu pegá-lo, mas foi direto contra a arquibancada. Bateu de frente e capotou sobre os poucos expectadores. Grifinória ganhou a partida.
Quando ficou de pé Alvo sentiu uma forte dor no braço.

–        Ah, não Ala Hospitalar de novo não...

Madame Pomfrey enfaixava o braço direito de Alvo enquanto Escórpio e Camile comentavam sobre o jogo.

–        Você criou um novo método de captura: pegue o pomo ou se quebre tentando! – disse Escórpio rindo.


–        A verdade é que eu já tinha tudo planejado. – Alvo respondeu rindo também. – Onde está Rose?


–        Ela recebeu uma mensagem para uma reunião na sala de McGonagall. – explicou Escórpio.


–        Rose deixou de ser assistente do professor Kassin e terá de se explicar. Ele ficou muito magoado. – disse Camile.


–        Magoado? Oh, que pena! – respondeu Escórpio sarcástico.


–        Vou me levantar. – disse Alvo.


–        Nem pensar. Você tem que ficar quieto ai! Pelo menos essa noite. – disse Camile o empurrando para se deitar.


Escórpio avisou que ia passar na sala da diretora para buscar Rose pois naquela noite Neff estaria cumprindo uma detenção.


–        Que seus desejos se realizem amigo! E não esqueça de me contar se acontecer... – murmurou para Alvo quando o cumprimentou antes de sair.


Alvo olhou para Camile e se sentiu extremamente inibido. Os dois começaram a conversar e, depois de um tempo, o garoto relaxou. De alguma forma Alvo sabia que Camile não era legal com ele só porque era filho de Harry Potter. Era uma sensação engraçada, mas ao mesmo tempo agradável.

Rose andava pelos corredores observando que a havia mais espaços vazios nas paredes; acabou não percebeu alguém alcançá-la.


–        Neffas... Neff. O que faz aqui?


–        Vi você saindo da sala de McGonagall. Quero conversar com você. Tenho pensado muito em você desde aquele dia no jardim.


–        Verdade?


–        Você é uma garota interessante. E resolvi que posso passar por cima de alguns detalhes assim como o Malfoy faz. Ele não liga que sua mãe não tem sangue puro; ele me disse isso quando tentei bater nele outro dia. No começo eu não entendia, mas agora eu sei o que ele quis dizer.


–        Eu não.


–        Como eu disse você é uma garota interessante. Você quer sair comigo?


–        Sair com você? – perguntou Rose espantada.


–        Eu sei que você é muito jovem.


–        Tenho quase doze anos! – disse Rose se esticando e depois se perguntou por que estava se justificando para um cara nojento como Neff.  – Olhe, eu pretendo continuar solteira por um tempo.


–        Está me dando o fora?


–        Não! Deve ter uma garota por ai de gosto duvidoso que gosta de você.


–        Você acha?


–        Tenho certeza.


–        Que pena eu não me interessar por ninguém no momento. – disse Neff se aproximando.


O garoto sacou a varinha e lançou o feitiço do corpo preso em Rose.


–        Por via das duvidas sabe. Feche os olhos será mais romântico assim.


–        Ah, por favor, não faça isso! Eu serei uma péssima namorada! Sou muito ciumenta! Quando você for intimidar os outros garotos eu vou aparecer perguntado onde você esteve. Vai ser muito chato!


–        Ajuda se você parar de falar! Feche a boca e vire o rosto assim...


Neff se aproximou e Rose fechou os olhos com medo e nojo. Guily e “Mama” Cass apareceram e o atravessaram o deixando paralisado de frio.


–        Mas que... – gritou batendo os dentes.


Refeito do banho frio Neff se virou para Rose com a varinha em punho, mas foi arremessado contra a parede por Escórpio, que também lançou um contra feitiço para Rose poder se mexer.


–        Obrigada pessoal! – disse Rose aos fantasmas


–        Disponha. – responderam “Mama” Cass e Guily sumindo pela parede.


–        Por que não me esperou? Combinamos de você me esperar! – disse Escórpio quando ele e Rose começaram a andar pelo corredor.


–        Eu sei, mas eu precisava sair de lá!


–        O que McGonagall falou?


–        Não sei; não ouvi nenhuma palavra. Ah, espere um momento quase ia me esquecendo.


Rose voltou e acertou Neff em cheio de novo.


–        Agora vou ver Alvo e...


Escórpio segurou Rose pelo braço.


–        Estive com ele até agora pouco e está tudo bem! Ele talvez já tenha até dormido.


–        Você tem razão. Quer dar uma volta por ai?


–        Claro! Vamos!


Escórpio sorriu muito satisfeito quando passaram por Neff; o garoto caminhava devagar, encolhido e tremendo de frio.

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