Entre sorrisos e amores



Não foi exatamente um vôo agradável para Lyra. Estava muito frio e no final do vôo a noite já caía. Em certo ponto do caminho ela não agüentou mais ser chicoteada pelo próprio cabelo balançando com o vento e o prendeu em um rabo de cavalo. O que não foi uma boa idéia, uma vez que o vento frio passou a acertar seu pescoço descoberto e, principalmente, porque o estúpido Sirius Black lhe deu um beijo na nuca.


-SIRIUS?! O que você está pensando?! Honestamente, até para você, já está passando dos limites. –Ela falou virando-se para trás com os olhos negros e uma expressão realmente repressora.


-Hã... Desculpe? –Perguntou ele percebendo o que tinha feito. Apesar de estar decidido a conquistar Lyra nessa ‘aventura’, ela tinha razão, havia limites.


-Argh... Só não faça de novo. Nunca mais.


-Só quando você estiver comigo. Prometo. –Respondeu ele sorrindo para ela.


-O que você quer dizer com isso Black?


-Não se faça de boba, você entendeu. Quando estiver ficando comigo, aí eu posso fazer.


-Você é tão pretensioso que chega a ser arrogante. Se toca Sirius. –Disse Lyra com um sorriso desdenhoso virando-se para frente.


-Você está duvidando? Vai ver... Ainda vai namorar comigo.


-Espera um minutinho... Eu realmente ouvi você, Sirius Black, falando de namorar? Uau. Eu realmente devo estar mexendo com você.


-Eu não quis dizer... Ah. Você entendeu. –Falou Sirius percebendo o que tinha dito e corando.


-Claro, claro. –Concordou ela sorrindo.


-É sério, você entendeu. Tira esse sorriso da cara e marque as minhas  palavras: você ainda vai ser minha. –Ao dizer isso Sirius deslizou as mãos na cintura de Lyra de forma que pudesse abraçá-la ainda mais. Ela não disse nada por um tempo, até que voltou a olhar para ele e disse:


-Sabe Sirius, você me confunde. Quando fala assim parece que eu sou apenas um desafio pra você e nada mais. Mas às vezes, só às vezes, eu olho dentro dos seus olhos e posso dizer que não é só isso que você quer. E isso me deixa realmente irritada, porque como se já não fosse ruim o suficiente eu ter que lidar com o Sirius cafajeste de sempre que desliza a mão na minha cintura e acha que eu não vou perceber, eu ainda tenho que lidar com um Sirius que eu não conheço. O pior de tudo é, na verdade, saber que nenhum desses dois Sirius têm chance, porque no geral você continua o mesmo idiota.


Agora era a vez de Sirius ficar calado. Ele baixou as mãos da cintura de Lyra, voltando para onde estavam antes daquele discurso desestabilizador.


-Eu posso dizer o mesmo sobre você, Lyra. Não suporto quando esse seu lado frio e arrogante começa a me xingar sem nenhuma razão específica e sobre coisas que você nem sabe. Porque, sinceramente Lyra, você age como se me conhecesse tão bem quando na verdade não tem a menor idéia de quem eu sou. E o outro lado, o lado incrível e brilhante, que é aquele lado carinhoso, gentil, inteligente e divertido que eu consigo ver todos os dias em você. E, às vezes, esse lado consegue ficar ainda mais perfeito quando eu olho dentro dos seus olhos, tão azuis que chegam a ser violeta, e tenho certeza de que com essa garota eu namoraria. Mas nada disso importa; pelo que deu pra perceber eu não vou encontrar com esse lado por um tempo.


Ele esperou. Pelo que? Ora, por um pedido de desculpas! Se ele estivesse no lugar de Lyra, mesmo sendo orgulhoso como era ele teria pedido desculpas por ter sido tão arrogante como ela havia sido. Mas aparentemente ela era mais orgulhosa que ele, pois nem sequer olhou para ele depois daquilo.


Ele se sentia bem por ter finalmente mostrado para ela o quanto aquelas suas “tiradas” poderiam machucar. Também se sentia aliviado por admitir que gostava dela e que namoraria com a menina dos olhos violeta. Porém, se sentia péssimo no silencio desconfortável que se seguiu, mostrando para ele o quanto essas duas semanas poderiam ser terríveis se ele não fizesse alguma coisa.


A noite já havia caído há um tempo e as estrelas brilhavam intensamente, apesar de ofuscadas pela lua minguante parecendo um sorriso macabro. Uma faísca vermelha cortou o céu a esquerda de Thiago e ambas as vassouras flutuaram no céu enquanto ele tirava o espelho de dois lados do bolso. Desceram em silêncio, aterrissando próximos a uma pequeno lago (ou uma grande poça) congelado. Lyra desceu da vassoura com pressa e Sirius a acompanhou, segurando seu pulso quando ela virou de costas para ir embora.


-Ei, ta tudo bem entre agente? –Perguntou ele. Que pergunta estúpida, óbvio que não estava. Ela olhou pra ele por alguns segundos, bem nos olhos, decidindo o que dizer.


-Sim. –Ela sorriu. Sirius sorriu de volta e involuntariamente a puxou para um abraço, esperando levar um tapa na cara, quando percebeu que ela também o abraçava e murmurava algo como ‘desculpas’.


-Esse frio só pode estar mexendo com a cabeça de vocês. –Comentou Lílian batendo os dentes e encarando o casal. Os três (Lupin, Lílian e Danielle) já haviam montado as barracas e acendido uma fogueira. Ao ouvir a voz da amiga Lyra rapidamente se afastou de Sirius e se juntou a Evans. Black olhou para trás para checar a expressão de Pontas e o viu com um sorriso e um ‘dedão positivo’ discreto para Almofadinhas.


-Deu tudo certo aqui embaixo? –Perguntou a morena tentando mudar de assunto.


-Quase, uns diabretes começaram a nos seguir e quase levaram o Azulzinho, mas Remo deu um jeito neles. –Respondeu Dany dando um sorriso pro namorado, que olhava rancorosamente para a fogueira.


Comeram algumas costelas que foram aquecidas na fogueira, conversaram, riram e logo Pettigrew estava dormindo no chão com um sorriso satisfeito e um ronronar barulhento. Decidiram que Lílian seria a primeira nos turnos de vigia, seguida por Thiago. Lyra desejou boa noite a todos e foi a primeira a entrar na barraca, após Sirius soltar ansiosamente um ‘bons sonhos’. Lupin também se despediu educadamente e foi dormir na outra barraca, seguido por Danielle (na mesma barraca que Lyra) e Sirius (que arrastou Pettigrew consigo para a barraca masculina com Lupin).


-Pode ir dormir, eu te chamo quando for seu turno. –Disse Lílian para Thiago, que continuava imóvel de frente a fogueira.


-Não precisa, vou ficar aqui com você até seu turno acabar e já emendo.


-Potter, isso é totalmente desnecessário.


-Evans, eu insisto.


Ficaram em silêncio no começo, enquanto Thiago observava o reflexo do fogo dançando nas mechas ruivas levemente cacheadas de Lílian. Quando ela percebeu se sentiu desconfortável e juntou o cabelo, torcendo-o e colocando sobre um dos ombros. Ela perguntou se tudo tinha corrido bem nas vassouras, esse assunto levou a outro, que levou a outro, outro e outro. Falaram de vassouras, quadribol, trouxas e muito mais. Lílian também passou o turno de Thiago ali, inicialmente sem perceber, mas depois por vontade própria. Freqüentemente o mesmo pensamento vinha a sua mente: ‘o que estou fazendo aqui com esse idiota?’, mas logo ela se esquecia e voltava a rir com o maroto.


A felicidade de Thiago naquele momento era exorbitante. O sorriso em seus lábios era muito maior que o sorriso de Sirius quando Lyra o abraçou. Estava estonteado de alegria por Lily finalmente tê-lo deixado conversar com ela, só conversar. Ela começou a tremer e ele tirou um dos agasalhos e a cobriu, aproveitando para sentar ao seu lado.  Ela sorria de suas piadas e ele quase gargalhava em retribuição. Estava em êxtase.


Infelizmente, tudo que é bom dura pouco e logo (pelo menos, foi o que pareceu aos dois) Lupin estava de pé reclamando seu turno. Lílian desejou boa noite e foi dormir, enquanto Thiago ficou momentaneamente abobado. Remo o conduziu a barraca como se ele tivesse problemas mentais e sorriu com a alegria do amigo.


Logo seu sorriso desapareceu. O fogo baixo começava a se extinguir e a noite ou madrugada, não sabia dizer, estava gelada. Sozinho com os barulhos vindos da floresta ele sentiu uma pontada de medo, até se lembrar que ele provavelmente era o pior monstro dali. Um pensamento pessimista e idiota, uma vez que nessas duas semanas não haveria lua cheia e que ele não era um monstro. Mas sim, ele estava sozinho. Nunca se sentira mais solitário na vida do que quando viu Lyra abraçar Almofadinhas.


Será que ela o abraçava daquele jeito também? Ou era diferente? Como ela poderia ter caído no charme de Sirius? Ou será que não caíra? PORQUE RAIOS ELA O ESTAVA ABRAÇANDO? E PORQUE, POR MERLIM, PORQUE ELE SE IMPORTAVA? Queria gritar. Lyra era boa demais para Sirius. E era boa o suficiente para ele? Que ridículo, Remo era um zero à esquerda de Sirius Black. Sempre pensara isso. Mas nunca o havia incomodado, na verdade, sentia-se feliz por ter amigos como Almofadinhas e Pontas e até mesmo Rabicho. Agora estava perdendo Pontas para Lily, Sirius para Lyra, Lyra para Sirius. Restara-lhe apenas o divertido e tímido Rabicho. Danielle? Não via a hora de terminar. Não a suportava mais, com seus abraços e beijos pegajosos, comentários inúteis e sorrisos imbecis. Ela sim, não era nada comparada a Lyra. ‘PARE DE PENSAR EM LYRA COMO SUA NAMORADA!’, ele exigiu de si mesmo. Ela não era e não seria. Então o que ele faria? Sorrir e fingir que estava tudo bem enquanto não estava?  Brigar com Black? Brigar com Dellabatti? Obviamente não. Poderia manter a amizade de Sirius e tornar sua paixão (ou seria obsessão?) por Lyra nada mais que um carinho amigável.


-Covarde. –Disse para si mesmo. Não iria lutar pela mulher que amava? Então porque estava na Grifinória? Era ou não um homem de honra, caráter e coragem? Sim, ele era. Mas também era receoso. Tinha receio de que essa luta o fizesse perder Lyra ou perder a amizade de Almofadinhas. Talvez perder os dois. Mas ele deveria lutar. Tinha que lutar. E iria o fazer a partir do nascer do sol. Até o fim dessas duas semanas, Lyra seria dele ou a esqueceria de uma vez por todas.


Remo parara de tremer. Estava aquecido por uma onda de adrenalina devido ao novo desafio. Se levantou e olhou o relógio, seu turno havia terminado. Entrou na barraca feminina, encontrou o emaranhado de cabelos negros e brilhantes, afastou-os delicadamente e deu um beijo na bochecha fina, perfeitamente lisa e aquecida de Lyra. Ela remexeu na cama, mas não acordou e ele sorriu. Depois se dirigiu a cama ao lado (a  barraca mágica tinha três camas, uma decoração de cortinas velhas e rústicas demais e estava bem mais aquecida que o exterior) e acordou Danielle sacudindo-a.


-Seu turno começa agora. Bom dia. –Disse ele se retirando com um sorriso e voltando para sua barraca para uma falha tentativa de dormir.

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Comentários (3)

  • Priscila Hamburgo

    mt perfeito. tala louca pra esse capitulo e to louca pro proximo

    2012-05-19
  • Richélita Souza

    Oww n que fofinhoo esse capitulo Remoo é um foffo!! Aguardo o proximo!!! Beijinhoss

    2011-11-13
  • Sah Espósito

    nossa muito bom! Que fofo o Tiago e a Lily! e o Sirius e o Remo tao gamados pela mesmo garota agora ferrou tudo!   Aguardo o proximo!

    2011-08-31
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