5 dias

-Bom dia Sirius. –Disse a professora McGonagall na manhã de sábado. Ao entrar Sirius se sentou na cadeira diante da mesa da professora ao lado de Lyra.

-Bom dia Professora.

-Dormiu bem? –Perguntou Lyra com um sorriso simpático.

-Uhum. Você?

-Também.

Sim, Sirius estranhou a simpatia de Lyra, mas na última semana os dois tinham passado muito tempo juntos (com tantos castigos que eles tinham ido acompanhados um do outro mais as discussões e encontros para planejar suas “férias”) e começavam a se aproximar de um jeito positivo: ela confiava mais nele e Sirius nela.

-Sr Black, Srta Dellabatti, tenho ótimas notícias. Apesar de só ter passado um mês desde o incidente no quadribol, os resultados já estão evidentes. Madame Hooch disse que está pronta para começar a treiná-los pessoalmente agora que a teoria já foi aplicada e tenho que admitir que nossos sábados tem sido muito produtivos. Madame Maxime disse que não vê –nem nunca viu- razão para continuar as aulas de boas maneiras, Lyra, e insiste que você é uma das moças mais educadas que ela conhece. Hagrid complementou dizendo que você é delicada demais para matar lesmas, mas que seu trabalho tem sido excelente, quase não há mais lesmas gigantes na horta.

“Quanto a você Sr Black, fico feliz em poder dizer que não foi visto nos corredores da Sonserina assim como lhe foi pedido e que a biblioteca tem ficado impecável. O professor Binns ainda disse que, antes de sua ajuda, a última vez que ele abrira um livro sem espirrar ele ainda era vivo.”

“Portanto, não vejo razão para submetê-los a tantos castigos por mais tempo, principalmente quando precisam de todo o tempo disponível para estudar para os NOM’s. Só continuaram com dois castigos: as aulas de quadribol e as não-idas a Hogsmeade. Estão de acordo?”

-Óbvio! –Exclamou Sirius.

-Obrigada Professora Minerva. –Disse Lyra.

-Excelente! Então estão liberados por hoje. Só mais uma coisa, vão passar o natal aqui em Hogwarts?

-Não. –Disseram os dois ao mesmo tempo.

-Certo. Mais tarde vou passar no salão da Grifinória para pegar os nomes dos alunos que vão ficar. Podem ir.

Sirius se levantou muito satisfeitos de não ter que passar aquela manhã gélida na sala de Minerva. A neve caía branca e deslumbrante do lado de fora e parecia um ótimo momento para uma guerra de bolas de neve. Ele e Lyra saíram da sala preferiram ir para o que costumava ser um gramado de frente à sala da Grifinória. Naquele sábado, estava coberta de uma grossa camada de neve.

Sirius apressou o passo para chegar logo a Tiago e propor uma visita à Hogsmeade, mal dando atenção à Lyra. Até que sentiu uma bola gelada estourar em suas costas. Virou-se para encontrar Lyra com outra bola de neve nas mãos e um sorriso sapeca no rosto.

-Você não fez isso. –Disse Sirius semicerrando os olhos e fingindo estar bravo.

-Uuuuh! Era pra ser uma ameaça? – Desafiou Lyra com um risinho antes de jogar a bola no peitoral de Sirius e soltar uma gargalhada.

-Você não deveria ter feito isso! -Disse Sirius sorrindo e se agachando para formar algumas bolas de neve enquanto Lyra fazia o mesmo às gargalhadas. Ele foi mais rápido e começou um bombardeio na garota que soltava gritinhos e tentava correr enquanto os dois riam. Logo Lyra caiu no chão.

-Ai! –Disse ela parando de rir e segurando o tornozelo.

-Tudo bem? –Perguntou Sirius se aproximando de Lyra e agachando-se ao seu lado para checar o machucado. Ela o puxou pelo calcanhar e riu ao vê-lo estatelado na neve.

-Bobão! –Falou Lyra risonha para Sirius.

-Você está sempre me enganando. –Disse ele deitando na neve como se estivesse si rendendo. Lyra deitou ao seu lado e começou a fazer um anjo ao mexer os braços e as pernas.

-Isso não é verdade. –Falou a garota enquanto seus olhos passavam do preto para o cinza.

-É sim. Ou me manipulando. –Afirmou ele encarando o céu azul, repentinamente sério.

-Porque está falando isso? –Perguntou Lyra se sentando para poder olhar Sirius nos olhos.

-Por Merlin, porque é verdade. E acredite quando eu te digo que é uma das piores sensações acordar com o sentimento de ter sido usado. –Sirius não sabia ao certo porque estava falando isso naquele momento e de onde tinha tirado a coragem para admitir que havia sido usado. Lyra encarava o chão coberto de neve branca como se estivesse arrependida, enquanto Sirius olhava-a nos olhos ao dizer: -Primeiro quando te ajudei na primeira noite de lua cheia, depois no salão comunal quando tentei fazê-la me dizer a verdade, depois nas masmorras quando roubou de mim o Mapa, mais tarde quando aceitou ir comigo ao baile... Sempre com um objetivo por trás das suas ações, não adianta negar. E eu simplesmente detesto isso, porque você me faz de “bobão” o tempo todo. Como eu posso confiar em você?

Lyra não respondeu imediatamente. Olhou Sirius nos olhos e abriu a boca para negar algumas das palavras de Sirius, mas ficou calada.

-Suponho que você não possa confiar em mim. –Disse Lyra tomando impulso com o punho para se levantar. Sirius segurou seu braço e sentou-se ao seu lado.

-Não fuja. Porque você simplesmente não me fala o que quer de mim? Se ainda não percebeu, eu estou disposto a ajudá-la. Se tivesse me perguntado sobre Aluado, sobre eu ser um animago, sobre o Mapa dos Marotos, sobre o baile... Eu não teria negado. –Falou ele ainda segurando seu braço e olhando-a nos olhos. Ela continuou calada. –Prometa que não vai mais me usar. –Pediu ele.

-Eu...

-Prometa. –Repetiu ele prendendo o olhar de Lyra.

-Eu prometo. –Falou Lyra com um nó na garganta. Ela não queria fazer Sirius sofrer... Nunca quis. E ela iria dizer isso a ele, se não tivesse levado uma bolada de neve na nuca. –Ouch! Quem...?

Logo Sirius levou mais uma bolada no peitoral e os dois olharam para a direção da qual as bolas de neve haviam sido lançadas, encontrando os outros três marotos, Lilian, Danielle e Cameron rindo e armando-se de mais bolas de neve. Lupin era o único que não participava, encarando o casal com certa amargura.

-Estamos interrompendo alguma coisa? –Gritou Tiago ao longe, lançando mais uma bola em Sirius.

-Imagine! –Exclamou Sirius soltando o pulso de Lyra e se levantando para jogar algumas bolas de neve nos amigos. Lyra suspirou frustrada antes de também se levantar.

Uma guerra ferrenha de bolas de neve começou no “gramado”, Sirius, Rabicho e Tiago contra as meninas. Lyra e Lupin se afastaram da luta e sentaram-se lado a lado observando-os. Depois de um certo tempo de silêncio, Lupin não resistiu:

-O que você e o Sirius...

-Por favor, não pergunte. –Pediu Lyra interrompendo-o. –Não pergunte do que eu e Sirius estávamos falando, não pergunte o que eu tenho com ele, não pergunte nada sobre nós dois.

-Porque? –Perguntou Lupin temendo a resposta. Ouvir Lyra dizer que gostava de Sirius era a última coisa que ele esperava no mundo, e não saberia lidar com isso.

-Porque eu não sou o tipo de garota que gosta de conversar sobre o que está sentindo.

-Seria a primeira que eu conheço. –Sorriu Lupin. –Mas eu não posso deixar de perguntar...

-Pode sim. –Interrompeu Lyra novamente. –Esqueça isso Remo. –Disse Lyra sorrindo para ele.

-Ok. –Disse ele, enfim. –Quer um abraço? –Perguntou ele sorrindo.

-Eu não acho que a Danielle iria gostar muito... –Respondeu Lyra também rindo.

-Eu não acho que ela irá perceber. –Riu Lupin enquanto olhava para Lyra. Um sorriso torto formou-se nos lábios avermelhados de Lyra antes dela se virar para o amigo e abraçá-lo, enterrando-se em seus braços carinhosos. Não foi um abraço muito longo, devido à pigarreada de Lílian, que havia se aproximado a pouco sem ser percebida.

-Então... –Disse a ruiva enquanto os dois se separavam desconfortavelmente. –Faltam cinco dias para a nossa “aventura”... Falta muito para planejarmos?

-Não muito, na verdade. Já separamos as duas melhores vassouras, as barracas e alimentos que iremos levar, os livros de feitiços e poções, ungüento, a bolsa com feitiço extensível... Falta alguma coisa? –Perguntou Lyra.

-Um mapa teórico da floresta proibida; -Disse Lupin

-Que vamos conseguir com Hagrid. –Completou Lily.

-O livro das criaturas que vivem lá e como combatê-las; -Seguiu o lobisomem.

-Que Tiago vai pegar hoje na seção restrita. –Completou Lyra.

-E a divisão das duas duplas que vão voando e o trio em solo. –Concluiu ele.

-Ok, então vamos nos livrar da Cameron e resolver isso logo. –Pediu Evans.

-Deixa comigo. –Disse Lyra. Ela tirou a varinha do casaco e apontou-a discretamente para Cameron, que estava caída no chão e coberta de neve. Logo que o encantamento a atingiu ela disse aos marotos que tinha que ir e saiu correndo.

-Que feitiço...?

-Azaração da bexiga cheia. –Sorriu Lyra.

-Ah... Só contra a Dany não tem graça. –Disse Tiago parando de formar bolas de neve. Pettigrew deu uma olhadinha ao seu redor para ter certeza de que não haviam mais garotas antes de parar de se esconder atrás do Armário-Sirius-Black, que tentava equilibrar vinte bolas de neve nos braços e as jogou no chão de mau grado ao escutar Tiago.

-Gente, vem cá! –Chamou Lílian. Tiago venho correndo, seguido por Danielle, que percebeu que Lyra e Remo estavam lado a lado e fez questão de sentar entre os dois. Sirius e Pedro também se aproximaram.

-Faltam cinco dias. –Afirmou Remo. –Só falta dividir os grupos de solo e vassoura.

-Simples: Pettigrew, Remo e Dany no solo e eu, Evans, Sirius e Lyra nas vassouras. Afinal, nós quatro voamos melhor.

-Por um lado é verdade, mas por outro, o time de solo tem que ser mais forte porque estará enfrentando a floresta de frente... Vamos fazer turnos com algumas exceções. –Sugeriu Lyra. –Remo é o melhor em feitiços, então fica no solo o tempo todo. Tiago é o melhor na vassoura então não irá descer.  Black e Dany também ficam nas vassouras e eu, Lily e Pedro variamos. Pode ser?

-Claro. –Disse Remo.

-A Minerva vai passar hoje nos dormitórios. Lembrem se que tem que ser uma coisa imediata, assim que ela enviar as cartas dizendo que iremos para casa, enviaremos outra dizendo que vamos ficar. As cartas já estão escritas? –Perguntou Sirius e todos assentiram. –Excelente.

-Isso vai dar certo. –Disse Lily com um ar confiante, sorrindo para Lyra.

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