Pancadaria



O vento soprou e sacudiu os cabelos ruivos de Lilian. Um mês tinha se passado e o natal se aproximava. Ela tentava evitar ao máximo esse pensamento, pois sabia o que aconteceria nessa data, sabia da estupidez que Lyra faria e, pior de tudo, sabia que não havia nada que ela pudesse fazer para impedir. Mas nada disso importava nesse momento, pois ela estava ali, ao lado de Tiago, pronta para o seu primeiro jogo de quadribol.


Madame Hooch anunciou os times, ela subiu na vassoura e saiu voando para o alto do campo ao som dos inúmeros aplausos e berros de Grifinória e Lufa-Lufa, já que Corvinal tinha se unido à Sonserina apara uma vaia bem ensaiada. Ela sorriu.


-Ei, boa sorte no primeiro jogo Lily! –Desejou o goleiro, Franco Longbottom.


-Ah, muito obrigada Longbottom.


-E pra você também Lyra! –Desejou ele.


-Obrigada. –Agradeceu ela sorrindo antes de sentir um sopro ao seu lado e se virar para encontrar Sirius sorrindo para ela.


-É isso aí amor. Boa sorte. –Ele falou com uma piscadela. Lyra revirou os olhos, mas não conseguiu conter um sorriso. Ela admitia que teve de usar toda a sua força de vontade para desviar dele aquele dia no seu quarto, mas era melhor assim. Ela o adorava mais humilde, modesto e sedutor, mas, em novembro ele tinha voltado a ser o convencido e desinteressado de sempre, e ela odiava admitir que mesmo desse jeito ela ainda sentia arrepios de pensar no baile na Mansão Vanish. Ela lançou-lhe um sorriso obviamente falso de agradecimento e o fez rir ainda mais.


-Bem, não se esqueça do nosso plano meu amor: eu fico na defesa dos jogadores e cuidando do Tiago enquanto você...


-Derrubo o time da Sonserina das vassouras, eu lembro.


-Isso vai ser divertido. –Sorriu ele.


-Com certeza. –Concordou ela com um sorriso confiante enquanto seus olhos se tornavam ameaçadoramente negros.


-E O JOGO... COMEÇA! –Anunciou o locutor Caio Jordan. –Espero que Tiago tenha feito uma boa escolha, quer dizer, eu não esperava as duas meninas mais gatas da escola...


-CAIO! –Reprovou a professora McGonagall.


-Desculpe professora, mas é verdade. McNair está com a goles, e passa para Alfred, para McNair denovo, Alf... Quer dizer, Janet pegou a goles! Ela passa para Perseu, ele segue em direção ao gol... NOSSA! Vocês viram esse balaço? Foi por pouco... Ainda bem que o Sirius rebateu... Perseu passa para Lílian, Lílian está com a goles e avança. QUE FINTA RUIVINHA! Ela deixou três pra trás de uma vez só... E ainda desviou de um balaço! E fez o gol! Dez pontos para a Grifinória, parabéns Lílian!


Rabicho deu um berro. Ele era sem dúvida o mais empolgado da torcida da Grifinória, seus olhos chegavam a doer de tão rápido que giravam nas órbitas, ele não queria perder nem um detalhe. Observava Sirius girar o bastão na mão com uma coordenação incrível enquanto aguardava um balaço para rebater e ao mesmo tempo admirava a tranqüilidade de Tiago enquanto circulava o campo. Lílian estava realmente um sucesso e ele adorava vê-la fazer as manobras mais conhecidas como “bico de Falcão”. Ela fez mais quatro gols antes de a goles ficar um pouco mais difícil de recuperar. Aí entrou Lyra, com um balaço na cabeça de Alfred –artilheiro esquerdo da Sonserina- ele perdeu a goles e Janet fez mais um gol. Cinqüenta a zero, este jogo estava incrível, quer dizer, era a Sonserina!


Mas então John Lestrange tomou a goles e ainda deu uma boa cotovelada na boca de Perseu. Ele avançou, passou para Macnair que continuou em direção a Longbottom. Desviou de um balaço rebatido por Lyra e passou de volta para Lestrange, que não hesitou e fez um belo gol. Rabicho estremecia só de ver aqueles garotos.


Então o jogo mudou drasticamente. Nem um dos times fez gol por quase vinte minutos, apenas se confrontando. Quando Sonserina pegava a goles ou alguém de Grifinória a roubava durante um passe ou –o que era mais comum- tomavam um balaço atirado por Lyra e perdiam a goles para os adversários da Grifinória. Mas este por sua vez não teve muita sorte também: apesar das incríveis defesas contra balaços que Sirius fazia, o time da Sonserina não jogava de acordo com as regras então eles tinham que se preocupar mais em não cair da vassoura com as pancadas e agressões da Sonserina do que em fazer um gol. Até que Alfred levou um balaço no estômago e perdeu a goles na cara do gol. Ele olhou para a direção de onde o balaço tinha vindo e encontrou o belo sorriso de satisfação de Lyra.


Por mais bela que ela fosse –e acredite, ela parecia ainda mais com as vestes vermelhas coladas ao corpo e o cabelo sacudindo com o vento- a batedora o levara ao limite. Ele ignorou a briga pela goles e foi até o batedor de seu time –Jackson. Pegou o bastão do colega e, ao ver o balaço, rebateu-o com toda a força em direção a garota, que agora distraía-se com o outro balaço. A bola voou a toda velocidade em sua direção e quando estava a menos de um metro, ela foi rebatida. Por Sirius.


-Acho que você deveria estar atrás da goles Alfred, ou não sabe nem a sua tarefa no time?


-Cala a boca Black. Você não sabe com quem está se metendo.


Sirius sorriu e se aproximou, também ignorando o resto do jogo e todos os gritos da torcida.


-Ah, eu sei exatamente com quem estou me metendo. Com um franguinho que fica nervosinho só porque levou um balaço. –Sirius começou a fazer uma vozinha fina e cara de preocupado. –Oh, está doendo meu bem? Machucou é? Tadinho.


-Vai pro inferno. –Disse Alfred avançando em Sirius com o bastão de Jackson (que nem tentou impedir). Mas antes de acertar o bastão na cara de Sirius, ele recebeu um belo balaço no rosto, soltou um berro e sentiu o nariz sangrar. Sem dúvida tinha quebrado. –Quem...?


Lyra tinha acabado de lançar aquele balaço e soltou uma deliciosa gargalhada ao ver a cara ensangüentada de Alfred.


-Se toca garoto. –Falou ela.


-Ei ei ei, o que é que está acontecendo aqui? –Perguntou Macnair olhando o amigo ensangüentado. Jackson, Alfred, Walden Macnair, Sirius e Lyra não estavam nem aí para o quanto a torcida berrava e as descrições de Caio Jordan. –Não acha que passou dos limites minha linda? –Sugeriu Macnair.


-Ta querendo quebrar o nariz também Walden? –Perguntou Sirius antes que Lyra pudesse responder.


-Só se for quebrar o seu nariz Black. O que seria um prazer. –Disse ele antes de avançar com a vassoura e o punho estendido, pronto para um soco. Sirius girou a vassoura e deixou o garoto acertar o ar, em seguida, arregaçou as mangas, entregou o bastão para Lyra e meteu um belo murro na cara de Walden.


-Uau. –Surpreendeu-se Lyra. O apito soava metros abaixo, mas nenhum dos presentes se importava com o significado do som. Todos partiram para a porrada. Ou melhor, Jackson (com o seu bastão de volta as mãos) e seus outros dois amiguinhos ensangüentados partiram para cima de Sirius (talvez porque Lyra era uma garota). Mas ela não queria ficar de fora, por isso batia o seu bastão e o de Sirius em cada membro que algum dos três adversários estendia para tentar surrar Sirius.


O “crack” dos ossos que ela estava quebrando, somados aos gritinhos de surpresa da platéia, aos apitos de Madame Hooch e à locução de Caio Jordan não impediu nenhum deles de parar a briga, o que impediu foi Tiago segurando Sirius, Janet e Lílian se metendo na frente dos bastões que Lyra segurava para impedi-la de quebrar mais alguma coisa, Longbottom segurando Jackson e Perseu segurando Alfred e Walden (o que não era muito difícil já que eles não estavam em condições nem de se manter na vassoura).


-Sirius você ta louco? –Perguntou Tiago completamente chocado fazendo o amigo maroto se controlar.


-LYRA LARGA ESSES BASTÕES AGORA! –Exigiu Lílian tão alto que toda a platéia pode escutar com bastante clareza. Isso despertou todos os que estavam metidos na briga pra merda que eles tinham acabado de fazer.


-Ah... Claro. –Disse Lyra soltando os bastões que ela anteriormente tentava impedir de serem tomados da mão dela por Janet. Então Madame Hooch chegou a eles com uma Cleansweep.


-Sirius, Lyra, Alfred, Walden e Jackson. Os da Sonserina podem ir à enfermaria antes, mas quero vocês na sala cinco em vinte minutos. Eu e o diretor de suas casas estaremos lá e, se possível, o diretor também. Se eu pudesse tomar alguma atitude sem eles, vocês já estariam expulsos.

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