Somente AQUELA sonserina



Somente aquela sonserina


Era manhã de domingo, por isso os Marotos acordaram bem mais tarde, às onze e meia, para ser mais exato. Sirius tinha decidido não contar aos amigos sobre o sonho, nem pra Tiago. Era melhor esperar e ver no que aquela história ia dar.


Quando Tiago se levantou, foi quase arrastado por Remo para a biblioteca, já que deveria fazer a redação gigantesca de McGonagall, mesmo o assunto sendo bem propício, já que ele era um animago, assim como Sirius. O maroto de olhos azuis acompanhou-os na jornada até a biblioteca, de forma que, em menos de uma hora, os três estavam fora daquele lugar “claustrofóbico, inútil e cheio de mofo”, como Sirius se referia à biblioteca.


Eles foram almoçar, e se sentaram ao lado de Lily.


– Posso saber por onde o senhor andava, Potter?  –  perguntou ela, batendo o pé em sinal de impaciência.


– Que namorada ciumenta que eu fui arranjar, né? Eu tava na biblioteca! E te procurei na torre, mas você já tinha saído, senhorita. – Respondeu ele, apertando a bochecha de Lily para irritá-la – Irritadinha, mas linda...


– Idiota! – retrucou ela, sorrindo e dando um tapa no braço do namorado – Não é ciúme. Mas como eu quis saber onde você tava... – continuou, fazendo bico.


– Eu sei que você me ama, Lily! Não precisa demonstrar tudo de uma vez só. – Tiago riu.


– E o pior é que esse convencido tá certo... – ela para Remo e Sirius, apontando Tiago.


Todos na mesa riram. Os garotos tinham ido almoçar muito tarde, por isso, quando terminaram, já eram mais de quatro e meia da tarde. Resolveram, então, acompanhar Remo até a ala hospitalar, onde ele se prepararia para a transformação. Depois disso, voltaram para a torre da Grifinória. Tiago e Lílian ficaram no salão comunal, durante mais algum tempo.


Sirius subiu para o dormitório para tomar banho e se arrumar para a detenção. Enquanto a água escorria pelo seu rosto, ele fechou os olhos e novamente se viu lembrando de Claire Debussy e de seu sonho. A imagem daquela garota não saía de sua cabeça. Ela parecia incrivelmente delicada, principalmente quando se encontrava no meio daqueles sonserinos. O moreno nunca acreditou que acontecesse algo ‘à primeira vista’, principalmente porque nunca se apaixonara, mas tinha que admitir que, desde o momento em que ele e Claire se olharam, alguma coisa diferente e nova estava acontecendo no seu interior. E novamente, a mesma pergunta: por que diabos ela tem que ser da Sonserina? Mas, pela primeira vez, houve uma resposta: Será que não está na hora de esquecer os preconceitos?


Sirius percebeu que havia passado tanto tempo e tantas perguntas novas, que ele perdera a hora. Já eram quinze para as seis e, se não apressasse, atrasaria para a detenção, o que não seria muito bom para o seu, já bem sujo, histórico escolar. Saiu do chuveiro e vestiu as roupas quase correndo. Para não perder o hábito, olhou-se no espelho, encarando aquele garoto moreno. Deu uma balançada na franja, deixando-a cair sobre os olhos, como sempre fazia, e saiu do quarto, sem olhar para trás.


Quando chegou ao Salão Comunal, Tiago e Lílian estavam quase se beijando. Ele não podia deixar a oportunidade passar, então parou atrás dos dois segurando o riso e gritou:


– TCHAU, PONTAS! TCHAU RUIVA! CURTAM O FIM DO DIA DE VOCÊS E AGRADEÇAM POR NÃO TEREM DETENÇÃO! OU MELHOR, A LILY, NÉ? PORQUE O TIAGO AINDA PRECISA ESCREVER MAIS QUATRO PERGAMINHOS!


Tiago lhe lançou um olhar de fúria. Motivos não faltavam ao pobre Pontas. Primeiro: Sirius o tinha atrapalhado com a ruivinha; segundo: tinha irritado a Lily; e terceiro: ela faria o namorado descer para biblioteca com ela para fazer a redação.


Sirius saiu da Torre quase rolando de rir, e rolando escada abaixo, já que Tiago havia acertado uma almofada em sua nuca que, por pouco, não o fez cair. Ele desceu as escadas e foi andando em direção à sala da McGonagall. “Passar três noites catalogando livros velhos! É realmente uma tarefa encantadora pra quem tem rinite” – pensava irritado. “Se ao menos o Aluado estivesse aqui... Que droga!”


O moreno chegou à porta da sala da diretora da Grifinória e bateu duas vezes no mogno. Uma voz feminina atendeu.


– Entre. A porta está aberta. – Disse a voz doce.


Quando Sirius entrou na sala, mal conseguiu disfarçar a expressão de choque. A monitora que o supervisionaria era ninguém mais, ninguém menos, que Claire Debussy.


– Olá! Você deve ser o Black, não? – ela disse sorrindo e estendendo a mão para ele.


– Sou. E você é Debussy, certo? – respondeu ele, ainda desconcertado.


–Me chame de Claire, por favor. – disse sorrindo – Sem formalidades.


– Se me chamar de Sirius... – ele respondeu com um daqueles sorrisos que derretiam qualquer geleira.


Claire demonstrou ter sido afetada pelo sorriso do moreno, mas recompôs a expressão rapidamente. Cada vez mais, o rosto dela parecia um ímã para os olhos de Sirius, cujo olhar era incapaz de desviar-se daqueles olhos verdes ou daqueles cabelos cuja beleza era proporcional à cor do ébano. Notando, a menina baixou os olhos que antes o encaravam, e encarou o chão, corando levemente, e logo voltando a observá-lo com a mesma expressão segura de antes.


– Vamos... começar? Os livros te esperam. – Ela disse sorrindo.


“Como pode ser tão linda parecer tão inocente?”, pensava Sirius.


“Ele é muito lindo, meu Merlin! Por que é que tem que ser assim? Eu não posso fazer isso! Mas ser amiga dele não tem problema, certo? Mas só amiga...”, a mente de Claire latejava de tantas indagações.


Sirius encaminhou para a estante que havia no fim da sala, mas sua cabeça ainda estava presa à garota sentada na mesa, atrás dele.


Sirius sorriu e se dirigiu até ela. Até seu leve sotaque francês lhe dava um toque especial. Ela era realmente diferente. Mas era uma sonserina. Isso não mudaria... Infelizmente. O moreno entregou-lhe a varinha, mas demorou um pouco a largá-la, de modo que ficassem mais tempo perto um do outro. Novamente ela estava sem graça. Isso deixava Debussy intrigada, e Sirius vitorioso. Mas, mesmo assim ele ainda não sabia como lidar com aquele sentimento. Como podia sentir algo forte assim por uma garota que havia conhecido há um dia? E que diabos de sentimento era aquele que não o deixava tirar os olhos dela?


Ele continuava trabalhando nos livros, sentado de frente para Claire, que fazia de tudo para não encará-lo. Sirius não aguentava mais aquele silêncio, então decidiu puxar assunto com a garota.


– Então... você veio da França, não foi? – começou, com a voz um pouco rouca, arrepiando-a.


A garota pareceu assustar-se, mas logo respondeu.


– Sim, eu vim de lá. Como sabe? – perguntou franzindo o cenho.


Sirius riu, e Claire estremeceu ao som da risada dele, sendo impossível não sorrir também.


– Remo Lupin. Ele é um dos meus melhores amigos. – Esclareceu o garoto.


– Ah, sim. Ele é muito gentil. Monitor, certo? – ela recordou-se do colega de monitoria.


– Você tem parentes que já frequentaram Hogwarts antes? – Sirius perguntou, após concordar com a cabeça.


– Não. Meus pais estudaram na Breauxbatons, na França. Eu... não sei porque estou na Sonserina, sinceramente. As pessoas de lá não são parecidas comigo, são tão simpáticas... – ela disse, irônica.


Sirius riu do sarcasmo da menina, que mantinha as feições angelicais, fazendo com que ele risse ainda mais.


– Eles são assim mesmo. Esse seu sarcasmo e essa veia irônica devem ter contribuído. – Disse ele, fazendo com que Claire risse – Brincadeira... mas você deve ter entrado lá por causa de seu sangue. Tem sangue puro?


Ela acenou afirmativamente com a cabeça, mas parecia querer mudar de assunto.


– Tenho, mas... não concordo com os ideais da minha família. Eles são bastante primitivos com relação a essa coisa de sangue puro. Eu, particularmente, não ligo a mínima pra isso. É ridículo! – ela disse exasperada.


– Vejo que temos bastante em comum, então. Minha família também segue esses ideais de pureza... Digamos que sou a ovelha branca da família... – ele disse, e Claire riu – Você não faz ideia de como foi entrar para a Grifinória, depois de gerações inteiras que só tiveram sonserinos, ou quando saí de casa para morar com os Potter.


– Sabe... eu queria ter a sua coragem. Coragem de largar tudo pra fazer o que eu acho certo. – Ela disse, após pesar as palavras de Sirius – Deve ser por isso que não sou grifinória. – Completou tristemente, revelando o desejo que tinha de ter entrado para a mesma casa que o moreno.


– Nem eu sei de onde tirei coragem pra fazer tudo isso, Claire. Mas depois da primeira vez que eu disse ‘não’ a algo que eles impunham, percebi que era melhor assim. Que eles podiam ter raiva de mim, mas que eu estaria bem comigo mesmo, sabe? – Sirius completou, deixando-a pensativa.


– Quem sabe, um dia, eu não tenha coragem de dizer “não”, não é mesmo? – ela perguntou, depois de pensar sobre as últimas imposições da família. Sirius respondeu-lhe com um sorriso, voltando a escrever.


– Black, você já terminou?  - Claire questionou espantada quando o menino parou de fazer o trabalho.


– Não... – disse rindo – Mas a Minerva disse que eu teria que vir aqui durante três dias, então prefiro conversar com você. Depois eu termino isso. – Completou ele, espreguiçando-se na cadeira.


Ela baixou os olhos, corando novamente. Ao mesmo tempo em que era muito alta e desenvolvida para estar no sexto ano, Claire era muito tímida, o que lhe dava uma inocência que deixava Sirius mais encantado. Aquele sentimento era realmente estranho.


– Meu Merlin! – exclamou ela de repente, colocando a mão sobre a boca.


– O que foi? – ele se levantou sobressaltado.


– Já são onze e meia! A professora Minerva vai chegar! Temos que ir!  – disse ela, levantando-se da mesa.


Os dois saíram da sala, mas, quando viraram a curva do corredor, depararam-se com a professora entrando. Dessa vez tinha sido por pouco.


– Você... quer que... eu te leve até as masmorras? – perguntou Sirius, pela primeira vez na vida, incerto.


– Não precisa! A direção é totalmente oposta à torre da Grifinória... – respondeu a garota, sem querer incomodar.


– Você não pode sair por aí tão tarde sozinha. Eu levo você.  – Disse como se fosse um ultimato.


– Obrigada, então... – ela disse sorrindo.


Calados, eles foram andando para as masmorras da Sonserina. Era incrível como os dois ficavam sem palavras na presença um do outro.


– Boa noite, Claire. Até amanhã. – Despediram-se quando chegaram à porta do Salão Comunal da Sonserina.


– Boa noite, Sirius. – respondeu ela com um sorriso com o qual ele sonharia a noite toda.


 


 


 N/a: Não é porque eu sou a autora, mas eu amo tanto o Six com a Claire! *0*


Queria ele pra mim!!!!!!!


BeijooooO! E lembrem-se de comentar, porque faltam só dois capítulos pro fim!


:D

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Comentários (1)

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