Verde e Vermelho



Verde e Vermelho


Quando Sirius chegou ao dormitório naquela noite, Tiago ainda estava acordado. Na verdade, nem ele sabia como chegara ali, pois havia ficado preso em certos cachos negros.


– Cara! Onde você se meteu? Tô te esperando há umas duas horas! Desde que eu voltei da biblioteca com a Lily. E a detenção, como foi? – perguntou o amigo sentado na cama.


– Foi... – ele procurava uma palavra para descrever aquela noite – Foi maravilhoso! – disse sorrindo.


– Maravilhoso? Ih... coitado. Enlouqueceu de vez, é? Quem foi que ficou com você lá? – Tiago perguntou, descrente da sanidade do amigo.


– Srta. Claire Debussy. – Respondeu Sirius, com um sorriso maior impossível.


– Ah! Agora eu entendo o porquê de tanta felicidade! Com uma menina linda daquelas, né? – Tiago riu, tirando sarro da cara do outro.


– É... mas o senhor trate de sossegar, ou eu conto pra Ruiva. – ele respondeu.


Era melhor ocultar o que estava sentindo, por enquanto, mesmo porque ainda não tinha certeza do que era aquele sentimento. Deu um “boa noite” ao amigo e foi trocar de roupa para dormir. Mas não foi nem um pouco fácil pegar no sono aquela noite. Sua cabeça girava a mil, enquanto ele tentava entender o que estava acontecendo. Com certeza,  Remo tinha razão. Claire era mesmo muito legal, além de linda. Mas não era só isso. Tinha algo mais.


Naquela noite, Sirius sonhou com Claire: com aquele sorriso, com aquela boca vermelha e com aqueles olhos verdes. Ela corando, e desviando o olhar... Cada mínimo detalhe da menina aparecia no sonho, até o jeito como prendia os cabelos ou como mordia o lábio... Coisas que ele percebera, mas pelas quais nunca se interessara quando saía com outras garotas de Hogwarts. Isso porque nenhuma delas tinha realmente mexido com ele como Claire havia feito.


Na segunda, quando o despertador trouxa de Lupin o acordou, Sirius teve vontade de jogar a cama inteira em cima do objeto. Que mania as pessoas (e agora os objetos inanimados) tinham de o acordar sempre no melhor do sonho! Pelo menos ele sabia que, dali a doze horas, estaria com Claire novamente. Tiago notou que ele estava estranho, mas Sirius insistia em dizer que estava apenas com sono.


Os dois tiveram um dia mais calmo na segunda, pois não havia nenhuma aula com a Sonserina, mas isso não impediu pequenas confusões entre os Leões e as Serpentes, nos corredores. Quando, no fim do dia, os dois Marotos estavam voltando com Lílian para a Torre da Grifinória, viram uma movimentação nos corredores e, quando chegaram, um quartanista da Sonserina não parava de rir, e um terceiranista da Grifinória estava petrificado. Madame Pomfrey foi chegando e adentrando a roda de alunos que cercava os dois meninos.


– Vamos, garotos. Se vocês ficarem aqui, é provável que acabem brigando com algum deles. Além disso, o Sirius já está atrasado para a detenção. São cinco horas, é melhor você correr.


Sirius saiu correndo para a Torre Da Grifinória o mais rápido que pôde. Ele tinha perdido a noção do tempo. Chegou ao dormitório dos meninos e entrou no chuveiro mais que rápido. Tentou impedir a aparição Claire em seus pensamentos, porque, se isso acontecesse, com certeza, perderia a hora, e alguns minutos perto dela.


Trocou-se o mais rapidamente que podia, colocando uma blusa azul e uma calça jeans escura. Antes de sair, olhou-se no espelho e desceu as escadas correndo. A cada passo que ele dava, seu coração disparava, mas Sirius forçava-se a acreditar que era tudo por causa da corrida. Chegando à porta, deu duas batidas.


– Olá, Sirius. Entre. – disse uma voz linda, com um leve sotaque francês.


– Oi, Claire. Tudo bem? Passou bem a noite? – ele perguntou, sentando-se.


–Muito bem. Obrigada por perguntar. E você? – indagou ela, sempre sorrindo.


–Muito bem também, obrigado. E... ontem eu esqueci de perguntar: você tem algum parente chamado Alfred? – perguntou o garoto, com o cenho franzido.


A menina riu.


–Alfred é meu pai. Você o conhece? – perguntou intrigada.


– Não, na verdade. Mas já ouvi o nome dele. Na minha casa, quer dizer, na mansão dos meus pais.


–Ok. O que quer fazer primeiro? – perguntou, após alguns segundos em silêncio e com a voz um pouco falha.


Sirius era capaz de jurar que a menina tinha ficado um pouco abalada quando ele disse que tinha ouvido o sobrenome dela na casa dos Black. Podia até se arriscar a dizer que os olhos verdes dela tinham ficado um pouco marejados, mas, como a garota tentou mudar o assunto, ele não impediu.


– Bem... eu gostaria de conversar com você a noite toda, mas acho que McGonagall ficaria muito nervosa se eu não fizesse absolutamente nada nas estantes dela... então vou catalogar uns... vinte livros, e depois me sento aí, pode ser?


– Claro, como preferir. – Respondeu ela, com um sorriso encantador.


– A varinha. – Sirius disse, estendendo a mão para ela.


– A varinha. – Ela pegou o objeto parecendo levemente sem graça e desconcertada.


Ele se virou e foi em direção aos livros. Fez tudo o mais rápido que pôde, mas a professora certamente não aceitaria um trabalho mal feito, então ele terminou quando eram mais ou menos oito e meia.


– Acho que está bom, por hoje. – Ele disse quando já estava perto dela, assustando-a.


– C-claro. Sente-se. – Claire apontou a cadeira à sua frente.


– Então, sobre o que quer conversar? – Sirius perguntou despreocupado.


– Sabe... na verdade que queria te dizer uma coisa. É que... você é muito diferente do que dizem que é. – Disse ela, com um meio sorriso.


– E isso é bom ou ruim?


– Bom.


– E o que dizem de mim? – ele perguntou, com as sobrancelhas levemente arqueadas.


– Bem... que você era um tanto... egocêntrico e... conquistador, e que não levava nada a sério.


– E o que você está achando de mim?


– Eu? – ela pareceu confusa, mas abrandou a expressão logo em seguida. – Acho você um cara muito legal, que tem assunto, engraçado e... ah! Não sei! Mas é interessante como gostei de você, desde a primeira vez que o vi com o Potter, no jogo. Aliás, você um ótimo batedor.


– Eu... também gostei muito de você, desde aquele dia. – Respondeu ele, inexplicavelmente desconcertado.


– Ah! A propósito, tenho que te agradecer! Eu vi que você poderia ter me acertado com o balaço inúmeras vezes, mas não fez isso. Obrigada.  – ela sorriu marota.


– Bem, pelo menos alguém ficou feliz com isso. Os outros jogadores quase me mataram, mas não precisa agradecer. Eu nem sei por que não fiz aquilo... – Sirius também sorriu.


Ela baixou os olhos, novamente corando.


– São nove e quarenta e cinco. Você quer ir? – ela perguntou.


– Pode ser. Eu te levo até a torre. – concluiu.


– Obrigada. Você é muito gentil, sabia?


Os dois riram e saíram em direção às masmorras da Sonserina. Andavam novamente sem falar, mas logo já estavam parados à porta de onde ela ficaria. Lentamente, como se estivesse testando se ela permitiria, Six aproximou-se da garota e beijou-lhe rosto. A menina congelou, mas sorriu. Ele sorriu também, olhando em seus olhos.


– Boa noite, Claire. Durma bem. – disse, sem desviar o olhar.


– Boa noite, Sirius. Até amanhã. – ela concordou, encarando-o também.


Ele esperou que a menina entrasse no salão comunal, mas não podia nem imaginar que, do outro lado da porta, ela estava tão feliz quanto ele. Sirius voltou para a Torre da Grifinória e resolveu que tinha que contar aquilo para alguém. Tiago? Bem, ele era seu melhor amigo, então era a melhor opção, até porque Remo estava na enfermaria, e o garoto não sabia se aguentaria esperar até que ele voltasse de lá. Entrou no dormitório e esperou que Tiago acabasse de escovar os dentes.


– Pontas... eu tenho que te falar uma coisa. Eu não sei o que está acontecendo comigo... – começou nervoso.


– O que houve, Almofadinhas? – perguntou o amigo, preocupado.


– Como você se sentiu quando se apaixonou pela ruiva? – perguntou Sirius, achando que era melhor ter certeza do que sentia, antes de mais nada.


– Ah! Eu pensava nela o tempo todo, contava os minutos para encontrá-la, mas, ao mesmo tempo, não era igual ao que acontecia com todas as meninas, eu ficava meio... sem fala perto dela. Mas por que está me perguntando? – Tiago concluiu intrigado com a pergunta de Sirius.


– Eu... eu estou apaixonado. – Concluiu o outro. Era isso, não havia margem para dúvida.


– O quê? Você, Sirius? - Tiago perguntou, rindo.


– É. Pelo menos eu estou exatamente como você disse que ficou.


– Mas... quem é a menina? Aquela loira da Corvinal? – Tiago perguntou curioso.


– Não, idiota! Claire Debussy. – Respondeu de supetão, fazendo o amigo perder a fala.


 – Mas... ela é sonserina! – disse Tiago chocado.


– Eu sei o que ela é, Tiago. E garanto a você que ninguém tem mais horror de sonserinos que eu, mas o que eu posso fazer? Não é questão do que é mais racional! Eu estou apaixonado por ela! Sabe... é estranho, mas quando estou perto da Claire, não quero que o tempo passe. Enquanto que, com as outras meninas, eu contava cada segundo para me livrar daquelas conversas chatas. – Disse Sirius, diante de Tiago, totalmente surpreso.


– Eu... não sei o que dizer. Mas pode contar comigo, cara, pra qualquer coisa. – Disse ao amigo, após alguns segundos


– Eu não esperava que você tivesse algo a dizer, nem eu sei o que pensar... Só precisava contar para alguém. Obrigado, Pontas, boa noite.


Ele se dirigiu para sua cama e rapidamente adormeceu. Em seus sonhos? Um certo par de olhos verdes, contrastando perfeitamente com uma boca muito vermelha. Verde e vermelho. Grifinória e Sonserina. Como aqueles dois.


 


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