Detenção



Detenção


Quando saíram da aula de Transfiguração, os três seguiam, silenciosamente, para a sala de Poções, quando Tiago quebrou o silêncio, trazendo à tona, novamente, o assunto da garota apanhadora da Sonserina.


– Sabe... Eu nunca vi essa tal de Claire jogar antes. Na verdade, eu nunca tinha visto essa garota no castelo, mas isso não vem ao caso... Alguém sabe se ela é boa apanhadora? Eu preciso saber, porque o Stabler era péssimo, então eu nem me preocupava muito. – Comentou o moreno, um pouco preocupado.


– Ah! Pontas! Não nos envergonhe, por favor! – exclamou Sirius, fingindo se esconder de vergonha – Você não pode estar com medo de jogar contra uma garota! Ela - está - jogando - quadribol! – disse o garoto, bem devagar, como se explicasse algo a uma criança – Que garota faz isso bem? É óbvio que nós vamos vencer! Sem dúvida nenhuma. – Completou.


Depois de rir bastante, Tiago concordou com a cabeça, parecendo acreditar no que o amigo falava.


– Tiago e Sirius, eu tenho, bem... uma coisa pra contar pra vocês dois. Não me matem, por favor, ok? – começou Remo, abruptamente parando de andar, aparentemente com medo da reação dos amigos ao que falaria.


– Fala Remo! Pelo amor de Merlin! Eu odeio esse mistério... – respondeu Tiago, aflito.


Aluado deu uma gargalhada e olhou para os amigos que estavam tensos à sua frente.


– Bem... Eu sei o motivo de vocês não conhecerem a Claire. É porque... bem, ela foi transferida para Hogwarts esta semana.  – Deu uma pausa para observar as expressões atônitas dos dois amigos – Ela morava na França, mas fala inglês fluentemente por causa da mãe. E, certo...


Remo achou muito engraçada a cara dos dois sem saber quem ela era e dava gargalhadas, enquanto Sirius e Tiago se seguravam para não quebrá-lo ao meio, o que era bem possível, visto o porte físico dos dois jogadores de quadribol. Os amigos continuavam olhando para Remo, espumando, mas foi Sirius quem falou.


– E eu posso saber como o Senhor Aluado tem tantas informações da garota nova e, pior, por que não nos contou nada?


– Ah! Gente... eu só me esqueci, tá bem? E eu sei disso tudo porque ela é monitora, e o Professor Dumbledore pediu para que eu explicasse as normas do colégio pra ela assim que chegou. Ela conseguiu a monitoria, pois tinha um ótimo histórico escolar, de onde veio. Entenderam ou ainda vou receber outra sabatina? E... cara! Vocês... tinham... que ver... as suas... caras... – o garoto falava em meio às risadas.


_Chega. Vamos embora, que já estamos atrasados pra outra aula. Depois nós conversamos. – Tiago finalizou, puxando Sirius um tanto irritado com ele, e lançando um olhar sério, seguido de uma risada, a um Aluado risonho que ficava para trás.


Entraram na masmorra onde o Professor Slughorn dava aulas, sentado em sua mesa, lendo alguns papéis. Para que o professor não lhes desse muita atenção, os garotos esgueiraram-se para as últimas carteiras da classe. Como a aula era com os alunos da Sonserina, nunca seria uma aula pacífica, principalmente porque estavam às vésperas de um jogo decisivo de quadribol.


Sirius, Tiago e Remo estavam no fim da poção do morto-vivo que, por sinal e pela bela inteligência dos três garotos, tinha atingido o tom exato que o livro pedia, o que os fez sorrir. Sim, os três eram marotos e aprontavam todas no colégio. Eram a praga dos inimigos e deixavam os professores de cabelos brancos. Entretanto, eram aqueles alunos que deixariam saudade, porque suas brincadeiras nunca eram de mal gosto. Até os mestres se acabavam de rir, depois de liberá-los de um sermão. Outra característica curiosa dos três amigos: extremamente espertos e inteligentes, a ponto de não fazer diferença se estudavam ou não, com exceção de Remo, que estudava muito.


Slughorn passou na mesa dos três e deu-lhes parabéns pelo trabalho bem feito. Quando o professor se virou para voltar à mesa, um pergaminho amassado caiu na carteira. Sirius desdobrou o papel e o leu com Tiago.


“Com medo do jogo, “Marotos”? Nós teríamos, se fôssemos vocês. Tomem cuidado, não perderemos a Taça outra vez.”


Tiago e Sirius sentiram o sangue subir queimar-lhes as orelhas, quando viram Lucio Malfoy e Severo Snape olhando-os e rindo com desdém. Tiago tentava controlar-se, mas o difícil era segurar Sirius, que já pulava a mesa para avançar nos dois.


– O que foi, Black? Está com medo da Debussy? – provocou Snape.


– Francamente, você envergonha o nome de sua família, Black. – Disse Lúcio com um sorriso cínico.


– Calem a boca, seus idiotas. Se perderam a taça no ano passado foi por falta de talento, porque isso não pode ser comprado. – Praticamente cuspiu a última palavra.


– Sirius, se controla, cara! Você vai pegar detenção desse jeito! Vai com calma! – mas não adiantava que Tiago ou Remo falassem, Sirius não ouvia.


Ele avançou para cima de Snape e deu-lhe um belo soco no olho. Enquanto isso, Tiago avançava para Malfoy, afinal, ele não era menino de deixar o amigo brigar sozinho. Enquanto o professor tentava aproximar-se para aplacar a confusão, Snape já estava com um belo olho roxo, e Malfoy estava com as roupas desfeitas e o nariz sangrando. Tiago machucou a cabeça e recebeu um corte superficial, na altura da sobrancelha, mas nada grave. Como Tiago, ao contrário dos outros, Sirius, tinha um pequeno corte na boca, nada preocupante. Alguns alunos haviam segurado os quatro, entre eles um pálido Remo, por isso, quando Slughorn chegou ao round, os cães bravos já estavam mais controlados.


– Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui? – berrava o professor bastante alterado. – Não posso acreditar! Uma briga em plena sala de aula?


Cada aluno, envolvidos e não-envolvidos na confusão, começou a contar sua própria versão sobre o ocorrido. Contidos pelos alunos de suas respectivas casas,Tiago, Sirius, Lúcio e Severo, não paravam  de xingar e apontar os culpados da briga, que eram, claramente, os sonserinos.


– Menos cem pontos para a Grifinória, e menos cem para a Sonserina! – Disse o professor, fazendo com que a baderna formada parasse no mesmo instante – Agora, se não se importam, eu quero Potter e Black na sala da Professora McGonagall. Vou levá-los até lá para que ela decida o que fará com vocês, pois cabe a ela resolver o destino dos alunos de sua Casa. Malfoy e Snape, me esperem aqui. E os outros estão dispensados.


Lentamente, e em meio a cochichos, os alunos saíram da sala de aula e foram subindo as escadas para o castelo. Antes de sair, Remo murmurou para os amigos: ‘espero vocês no Salão Principal’. Tiago e Sirius tinham experiência o bastante para saber o que uma briga em plena aula significava: detenção.


– Black, Potter, me acompanhem. Vocês dois me esperem aqui. – Slughorn disse, com expressão severa.


O professor saiu da sala, sem olhar para trás, acompanhado por Tiago e Sirius. Os três caminharam até a sala da professora McGonagall. Lá chegando, Slughorn explicou tudo à professora Minerva, que ficou muito irritada. O professor retirou-se, deixando que a diretora da Grifinória decidisse o que fazer com os garotos.


– O que mais eu posso fazer com os senhores, Potter e Black? Arrumar briga dentro da sala de aula? – elaq disse de costas para os alunos, assentados nas poltronas da sala da professora.


– Professora... – começou Sirius – não nego que fui eu quem bati primeiro, mas a primeira provocação veio do Ranho... Snape. Eu tenho um bilhete que ele me mandou para provar.


Dizendo isso, estendeu a mão para Minerva, que pegou o pequeno pedaço de papel que Sirius lhe entregava. Ela examinou o pergaminho, e os garotos notaram as narinas dela se estufarem. McGonagall gostava tanto dos sonserinos quanto eles.


– Eu não ia brigar. Mas não deixaria que Sirius entrasse naquela sozinha, não é? Seriam dois contra um, professora! – exclamou Tiago.


– Sinto muito, meninos. Não há o que eu possa fazer por vocês. Por mais que eu saiba que Snape e Malfoy procuravam briga, vocês têm que receber uma detenção por terem cedido às provocações. Sinto muito. Mas fiquem sossegados, que vou tratar de garantir que Slughorn dê a eles os devidos castigos.


Os alunos sentiram-se mais aliviados. Era melhor assim, dos males o menor, pelo menos não seriam castigados sozinhos.


 – Mas então... o que vai ser? A detenção? – Tiago perguntou aflito.


– Para o senhor, Potter, quero dez pergaminhos sobre... deixe-me ver... animagia. Até segunda-feira, na minha mesa. E o senhor, Black, pode ajudar a catalogar todos os livros da minha sala. Creio que sejam necessárias, no mínimo, três noites, já que não são poucos livros. Bem... comece no domingo, de seis às dez, por causa dos exames. Não poderei acompanhá-lo nessa tarefa, mas pedirei a um monitor que o auxilie. A propósito, tudo sem magia, por favor.


Os garotos concordaram com a cabeça, afinal, não adiantaria nada discutir. Era aquilo e ponto. Pelo menos não seriam obrigados a fazer nada na companhia de Lúcio Malfoy e Severo Snape. É provável que a professora tenha percebido que, se isso acontecesse, novas brigas seriam geradas, portanto os garotos foram salvos.


Os dois andaram pelos corredores e foram se encontrar com Lupin, no Salão Principal, para o almoço, já que a conversa com McGonagall tomara quase toda a manhã. Ansioso, o amigo os esperava na ponta de um dos bancos da mesa da Grifinória. Tiago e Sirius sentaram ao lado de Remo e contaram a eles tudo o que havia acontecido. Ele ouviu, calado, até que Sirius exclamou:


– Hei! Não tinha percebido uma coisa! Minha detenção vai ser supervisionada por um monitor. Isso significa que deve ser com você, Aluado, o monitor-chefe. – Disse entusiasmado.


– Receio que não, Sirius. Lua cheia, lembra? Acho que vou passar a maior parte da semana na enfermaria. Sinto muito. – O outro respondeu tristemente.


– Nossa, Aluado! Que pena! Não poderemos passar com você desta vez. Me desculpe. – Tiago comentou colocando uma das mãos no ombro do amigo lobisomem.


 – Sério, cara. Foi mal mesmo! Nem posso acreditar! Quem vai me supervisionar se não for você? – Sirius repetiu o gesto de Tiago com a mesma expressão de pesar.


– Não precisam se desculpar, garotos. Eu entendo. – Remo disse resignado, dando fim ao assunto.


Os três se levantaram e foram para a aula de História da Magia, em dois tempos seguidos, ótima ocasião para fazer qualquer coisa que não fosse prestar atenção na aula. Sentaram-se numa carteira, ao fundo da sala, e esperaram que o professor fantasma resolvesse aparecer. Como Sirius e Tiago formaram uma muralha de livros para se esconderem, somente Remo prestava atenção na aula, enquanto os outros dois dormiam profundamente, afinal, as aulas do professor Binns serviam justamente para isso. Até Lupin admitia.


Como aquela voz monótona de um fantasma que não sabia que morreu era realmente um sonífero, saíram da aula com mais sono que antes. Finalmente podiam voltar para o Salão Comunal, depois daquele dia atribulado. Quando chegaram, logo sentaram-se nas poltronas, em frente à lareira. Remo estava lendo algo sobre trouxas, enquanto os outros dois conversavam sobre o jogo do dia seguinte, quando Lily chegou.


– Olá, flor do dia! Como passou a sua tarde, minha doce Lily? – Tiago perguntou pomposo, indo abraçar a namorada.


– Tiago, não é porque estamos namorando que você tem que me tratar feito cristal! – disse ela, desvencilhando-se do abraço e mandando um beijo no ar para o namorado, enquanto subia para o dormitório com um sorriso vitorioso nos lábios.


– Isso é que é mulher difícil, meu Merlin. Que ruivinha mais esquentada! – Tiago exclamava, colocando uma mão na nuca e, com cara de criança que teve o pirulito roubado, um bico enorme.


– Calma, Pontas. Isso tudo é amor transbordando! Vou ser padrinho, ok? – disse Sirius. Ele e Remo caíram na risada, pois sabiam que tudo o que o amigo não queria era casar, mas, sendo com a Lily, ele podia até mudar de ideia, pensavam os marotos, inclusive Potter.


– Eu quero saber é se eu vou ser padrinho do seu casamento, Sirius, isso sim. – Tiago revidou com um sorriso maroto.


– Eu? Casar? Faça-me um favor, Tiago! Você me conhece o tempo suficiente para saber que eu não cometo um crime desses! O que seriam das pobres coitadas das minhas fãs? Ia ser uma onda de garotas em depressão! Eu tenho amor à humanidade, não seria capaz de partir tantos corações de uma vez. – Respondeu, cheio de si e provocando gargalhadas em todos.


Os três subiram para o dormitório, ainda dando risadas da teoria do fim do mundo de Sirius. Segundo ele, no dia em que ele se apaixonasse de verdade, era sinal de que o Apocalipse estava bem próximo.


O que ele não sabia era que o amor nasce onde e quando menos se espera. Essa é uma das maiores belezas desse sentimento.


 


 N/a: E aí????? Preciso muito saber o que estão achando, gente, comentem, por favoooor!


Beijo! *-*


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 

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