Recomeço




Lily não podia acreditar na reviravolta que sua vida havia dado nos últimos meses. Depois de conhecer a felicidade graças a James, Marlene e Sirius, ela agora fizera as pazes com o pai. E essa fora a maior surpresa.


Ela tinha conseguido conversar com ele, fazê-lo desabafar e, de quebra, ainda o convenceu a limpar a biblioteca. Não fora fácil, mas tinham conseguido mesmo assim.


O Sr. Evans parecia meio relutante no início. Não queria se desfazer da maioria dos artigos, dos prêmios, dos diplomas, das histórias... não queria se desfazer de nada. Mas Lily acabou por convencê-lo a guardar numa caixa no sótão algumas fotos e os papéis. As fotografias mais importantes, como as do casamento e as de Lizzie com Lily nos braços, foram separadas para ocuparem lugares nos quartos e na sala. As roupas foram quase todas dadas para a caridade – Lily conseguiu ficar com alguns vestidos que não estavam fora de moda – e os quadros foram retirados de lá.


 - Você acha isso certo mesmo? – o Sr. Evans perguntara vez após outra. – Quero dizer, Marion não vai se importar com as fotos e os quadros na sala?


Lily apenas sorria e repetia a resposta que vinha lhe dando desde o início.


- Marion vai achar normal, pai, afinal, essa casa já foi da minha mãe e ninguém pode ocupar o lugar dela. Ela se importaria se entrasse aqui para ler um livro e desse de cara com um santuário para sua falecida esposa. Isso sim seria errado.


E desse modo eles conseguiram arrumar a biblioteca. Lily estava bem orgulhosa, mais até do que poderia dizer. Sentia que a relação deles estava entrando nos eixos e que seu pai estava realmente disposto a superar as mágoas do passado, principalmente depois de vê-lo ir em frente no plano de se casar com Marion.


O Sr. Evans pediu para a Sra. Phillip organizar um jantar de noivado na mansão. Marion só soube que aquele não era um jantar comum quando eles chegaram à sobremesa. O Sr. Evans se levantou com um sorrisinho nervoso e pigarreou, calando a animada conversa entre Lily e Marion. Elas o fitaram, Lily com um sorriso encorajador e Marion com educada curiosidade, e esperaram que ele resolvesse abrir a boca.


- Hm, Marion, eu... – começou, tão nervoso que parecia um adolescente convidando a menina de quem gostava para sair pela primeira vez.


Lily quase interveio para mencionar que ele já tinha pedido Marion em casamento antes, mas se segurou porque sabia que, da primeira vez, seu pai não estava realmente levando a sério, mas estava agora. E a certeza que ele tinha de que queria seguir adiante com aquilo lhe trouxe o medo de ser rejeitado. Lily compreendia e, por isso, fez um pequeno aceno com a cabeça, encorajando-o a continuar. O Sr. Evans suspirou pesadamente e recomeçou a falar, sua voz firme e grave.


- Primeiro, eu quero lhe pedir desculpas.


- Desculpas pelo que? – Marion perguntou, genuinamente confusa.


- Por ter começado tudo isso pelas razões erradas. Não houve sinceridade, amor ou companheirismo. Não foi... verdadeiro. E foi um erro pedi-la em casamento tão rápido, porque eu sentia que estava firmando um compromisso com o meu braço direito nos negócios e não com a mulher com quem eu gostaria de passar o resto da minha vida. E eu acho que você também sentia isso porque não protestou quando eu desmanchei nosso noivado. Eu não estava pronto para... seguir em frente, para finalmente deixar para trás a morte da Lizzie. Mas eu estou pronto agora. Eu quero recomeçar e quero que você esteja ao meu lado. Porque eu adoro você e acho que podemos tentar ser felizes juntos.


- John... – disse Marion, surpresa. – John, não precisa...


- Preciso, Marion. Você é adorável, muito inteligente e me faz rir. É uma grande companheira e uma grande mulher. E eu quero que seja minha esposa. Pretendo fazer isso do jeito certo. – o Sr. Evans saiu do seu lugar e se ajoelhou aos pés de Marion, que o fitava com os olhos cheios de lágrimas, estendendo a ela uma caixinha de veludo preto – Marion Smith, você aceita se casar comigo?


O Sr. Evans e Lily a olharam com expectativa e a cada segundo que passava, o peso do silêncio de Marion parecia esmagá-los. Depois do que pareceram muitos minutos olhando para os olhos do Sr. Evans, Marion começou a sacudir a cabeça freneticamente enquanto as lágrimas desciam em cascatas pelo seu rosto bonito.


- Eu aceito, John. – ela falou baixo, com um sorriso por entre as lágrimas, e jogou os braços ao redor do pescoço dele, antes de lhe dar um beijo casto nos lábios. Ele colocou o grande anel de brilhantes no dedo dela e beijou sua mão.


Os dois se levantaram e receberam os abraços de Lily, que estava verdadeiramente emocionada e orgulhosa.


- Seja bem vinda à família, Marion! – ela disse quando abraçou a futura madrasta. E depois acrescentou para o pai, sorrindo. – Parabéns, papai.


- Obrigado. – ele respondeu baixo, também sorrindo. Pegou uma garrafa de champagne e cinco taças antes de gritar – Sra. Phillip! Charles! – os dois apareceram num piscar de olhos e o Sr. Evans estendeu duas das taças a eles, que o encararam surpresos. – Vamos comemorar! Eu e Marion vamos casar!


- Oh, Sr. Evans, que ótima notícia! – disse a Sra. Phillip, percebendo a felicidade que pouco a pouco se instalava ali.


- Meus parabéns, senhor. – Charles congratulou. Sorriu aquele sorriso luminoso e olhou para Lily ali parada. Ela desviou os olhos no mesmo instante, ainda evitando contato com ele desde o beijo.


- Obrigado, obrigado. – o Sr. Evans disse, alheio ao desconforto momentâneo da filha. Abriu a garrafa de champagne e serviu para cada um. Depois ergueu a sua própria e disse – Brindemos a um novo começo!


- A um novo começo! – todos brindaram, sorrindo. Enquanto estavam ali comemorando, o Sr. Evans abraçava carinhosamente a cintura de Marion, o que atraiu o olhar de Lily. Dona de um bom senso invejável, ela foi até o som e colocou uma música romântica para tocar.


- Bom, - disse ela, com um sorriso divertido. – acho que está na hora de deixarmos os pombinhos comemorarem o noivado em paz. Jane, Charles, vamos deixá-los a sós. – rapidamente, eles concordaram e tiraram a mesa, deixando apenas a garrafa e as taças dos dois. Quando terminaram, desejaram boa noite e desapareceram. Lily deu um último abraço em cada um e se despediu – Eu estou muito feliz por vocês, de verdade. Boa noite.


Tomou direto o rumo do seu quarto e encontrou Charles parado à porta. Ele vinha fazendo isso desde que percebera que Lily estava fugindo dele.


- Ainda me evitando? – perguntou quando ela passou por ele sem olhá-lo.


- Sempre. – Lily respondeu e se trancafiou no quarto, sem prestar atenção na reação dele ante a resposta.


Três meses se passaram e julho chegou, sobrecarregando Lily mais do que ela poderia ser capaz de imaginar que fosse possível. Junto com os preparativos do casamento, no qual ela seria a madrinha e estava às voltas com provas de vestido e outras centenas de coisas, havia também a formatura uma semana depois do casamento, e a apresentação de ballet em pouco menos de um mês. Fora todas as atividades extra-curriculares que fazia e o tempo que tinha que passar com James e Marlene.


Sem contar que ela ainda não havia dito a James sobre o beijo que Charles lhe roubara e isso estava pesando um absurdo em sua consciência. E também havia o fato de que Sirius continuava desacordado, o que era mais um fator de preocupação para ela.


Porém, apesar do amigo ainda estar em coma, Lily sentia que as coisas estavam prestes a melhorar. Marlene parecia um pouco mais alegre e estava ansiosa com a proximidade do nascimento da filha, dali a dois meses. Coisinha seria um bebê agitado, porque, sempre que a mãe lhe falava diretamente, ela chutava com força, como se estivesse lhe respondendo. E chutava com mais vontade ainda quando Marlene falava de Sirius ou colocava a mão dele sobre sua barriga durante as visitas no hospital. Parecia que ela sentia a presença do pai mesmo que ele não estivesse realmente ali e Marlene sentia suas esperanças aumentarem quando isso acontecia.


- Ele vai voltar, Lily. – repetia com um sorriso esperançoso. – Sirius vai voltar e vai ver nossa filha nascer.


Lily apenas concordava, esforçando-se ao máximo para acreditar na amiga. Sabia que, mais do que ninguém, era Marlene quem queria a volta de Sirius e precisava se agarrar a qualquer fiapo de esperança, então Lily não tinha coragem de duvidar das certezas dela e arrancar aquele sorriso dos seus lábios.


O tempo estava quente e bonito naquele verão e estava quase tudo pronto para a cerimônia de casamento do Sr. Evans com Marion. Os vestidos de Lily e Marion estavam prontos, bem como o terno do Sr. Evans, os convites tinham sido enviados e a decoração dos jardins já estava em andamento. Tudo corria às sete maravilhas, como diria a Sra. Phillip.


Na véspera da cerimônia, os Evans receberam alguns convidados para o jantar de ensaio: os pais de Marion haviam chegado de Oxford para ver a única filha se casar e estavam hospedados numa das melhores suítes do hotel; James e Marlene também estavam lá, mais a pedido de Lily do que a convite do Sr. Evans, para fazerem companhia a ela – aliás, Marlene fazia um enorme sucesso entre as mulheres, que não cansavam de questioná-la sobre a gravidez e pedir para acariciar sua barriga –, alguns amigos dos noivos e até a Sra. Phillip e Charles estavam ali como convidados.


Era o mínimo que mereciam que o Sr. Evans lhes desse, já que a Sra. Phillip abdicara à própria vida e ao próprio filho para cuidar da filha dele, e Charles, sem qualquer poder de escolha, aceitara a situação toda muito bem. Então, na verdade, os dois realmente deveriam estar ali como convidados. E de honra.


Mesmo assim, a Sra. Phillip não conseguia ficar sem organizar as coisas e foi só quando Lily lhe deu uma bronca por não ter ido se arrumar que ela parou de dar ordens aos outros empregados e deixou tudo por conta deles.


Foi um jantar agradável. Lily nunca imaginou ver seu pai tão extrovertido e alegre; parecia outra pessoa. Ele conversava com todos os convidados, fazia brincadeiras e vez ou outra fazia um carinho em Marion, que o olhava com extrema admiração.


Mas uma coisa a estava incomodando e ela sabia o que era: James estava sentado ao seu lado e Charles, à sua frente. Os três e Marlene, sentada ao seu outro lado, conversavam com certa frieza e desconfiança. Era a primeira vez desde o seu aniversário, seis meses antes, que estavam todos reunidos e Lily não estava gostando nem um pouco do reencontro.


Por que será? Não é todo dia que estão reunidos na mesma mesa de jantar o seu namorado e o cara que te beijou. Divertido, não?


James e Charles trocavam alfinetadas leves e em tons de brincadeira, mas Lily conseguia ver que os dois estavam apenas esperando um bom motivo para começarem uma briga e ela mesma podia dá-lo, assim que contasse a James sobre o beijo. E, para completar, Marlene a olhava com irritação e era possível ler em seu semblante a ordem para contar a verdade a James. Ou ela mesma contaria.


Lily duvidava que Marlene fizesse isso, mas sabia que a ameaça servia para incentivá-la a contar o que acontecera. Ela só não sabia como faria isso.


Mas a oportunidade se apresentou sozinha. Ao fim do jantar, os convidados estavam se despedindo e os quatro continuavam a conversar um pouco mais afastados dos adultos. E então, quando James relembrou a noite da boate, dizendo que havia sido divertida, Charles disse, em tom leve e despreocupado, como quem comenta do tempo:


- Sim, sim, aquela noite foi realmente divertida. – Lily arregalou os olhos e James o olhou sem entender. – Eu acho que nós nos esbarramos por lá, não é mesmo, Lily?


 Ela olhou para Charles, com aquele sorriso insuportavelmente bonito, e o odiou no mesmo segundo. Quem ele pensava que era? Nervosa, Lily tentou ignorar o olhar desconfiado de James.


- Do que ele está falando, Lily? – perguntou. Charles deu um sorrisinho e apontou para as escadas.


- Bom, tenho que dormir porque amanhã o dia será cheio. Vou deixá-los conversarem. Boa noite, pessoal. – e se retirou, sabendo muito bem que poderia ter acabado de começar uma crise no namoro de Lily.


- Lily, do que esse cara estava falando? Ele estava na boate aquele dia? – James tornou a perguntar, olhando-a incisivamente; ela engoliu em seco, nervosa. Sem que os dois percebessem, Marlene saiu de fininho e tomou o mesmo rumo que Charles.


- Estava. – Lily respondeu. Puxou James para o sofá da sala de estar, fazendo-o perceber que não ia gostar do que estava prestes a ouvir. Ela respirou fundo e continuou – Você se lembra daquela hora em que eu resolvi ir ao banheiro e disse que tinha demorado por causa da fila?


- Lembro.


- Não tinha fila. Eu saí do banheiro rápido, mas, quando estava atravessando o corredor, fui agarrada por alguém. – James não era burro e somou dois mais dois. Lily percebeu que ele tinha deduzido tudo certo. – É, era ele. Charles me segurou e me pediu um beijo, mesmo que eu tivesse dito que estava acompanhada, e ficou me provocando. Parecia que ele estava só brincando comigo, mas não me soltou e disse que ia me beijar à força. Mas então, Sirius chegou bem na hora e o socou. Perguntou se era para te contar e eu disse que não, porque você ia voltar e arranjar confusão, e Sirius concordou. A última coisa que nós precisávamos era uma queixa por agressão. No dia seguinte, eu soube que o cara da boate era Charles Phillip, o filho da Jane.


- Filho da p... – James começou, furioso, mas Lily fez sinal para que ele parasse.


- Charles me disse, naquele dia, que pretendia me agarrar até o momento em que me reconheceu. Jane lhe mandava fotos nossas e ele percebeu aquela menina era eu. Disse que, quando viu quem eu era, passou apenas a brincar comigo. Ele não podia agarrar a filha do homem que o hospedaria.


- Eu sabia! Eu sabia, Lily, que esse cara não prestava! – James exclamou. – E eu te disse que ele gostava de você, que sentia alguma coisa diferente, mas você não queria acreditar... eu soube desde o início que Charles ia nos trazer problemas, eu disse que ele gosta de você, será que você não percebe...


- Você está certo. – Lily o interrompeu. James se calou ante o tom angustiado dela. – Charles gosta de mim, James, e eu devia ter percebido antes. Mas eu deixei levar e...


- E? – Lily baixou os olhos e James fez força para não levantar a voz. Não podia chamar a atenção dos outros. – E o que, Lily?


- Três meses atrás, eu encontrei Charles no meu quarto, vendo o álbum que você me deu de Natal. Perguntei o que ele estava fazendo ali e ele disse que sentia minha falta. E se declarou para mim e... me pediu um beijo.


James soltou o ar pelo nariz, parecendo mais furioso do que Lily jamais o tinha visto, mas não disse nada e deixou que ela continuasse.


- Eu o afastei e disse que amava você. Charles pareceu desistir, mas, quando eu achei que isso tinha acontecido, ele me pegou de surpresa e...


- Te beijou. – James completou em voz baixa. Lily confirmou, os olhos verdes se enchendo de lágrimas. Ela estava se preparando para pedir desculpas quando ele completou, a voz dura e inflexível – Você o correspondeu?      


- Não! James, eu juro que não correspondi! Admito que deixei as coisas irem longe demais, mas eu nunca quis nada com Charles. – ao ouvir essas palavras, James se levantou do sofá e afastou as mãos dela. – Não, James, espera! Eu amo você!


- Certo. – ele respondeu, parecendo confuso, decepcionado e furioso, tudo ao mesmo tempo. – Eu preciso ir, Lily. Falo com você depois. – e virou as costas, indo para a porta de saída. Marlene, que já tinha descido as escadas novamente, estava parada ali perto e seguiu James até o carro, dando um aceno para Lily, mas ela estava muito distraída para retribuir.


- James! – chamou Lily, com um desespero que ela não conhecia ameaçando engolfá-la, mas ele não se virou para olhá-la. Despediu-se do Sr. Evans e foi embora. Lily ficou olhando para onde ele tinha ido, desejando que voltasse. James não poderia ter ido embora de vez, certo? Ele a amava e ela era louca por ele, não podia acabar assim. Não ia acabar assim, não é?


Sem se despedir do pai e da futura madrasta, Lily foi para o quarto e se jogou na cama, afundando a cara no travesseiro. Era tudo culpa do Charles, tudo culpa do Charles, tudo culpa do Charles, tudo culpa do...


- Ei.


... Charles. Ela ergueu a cabeça e o viu ali, encostado ao batente da porta. Seus olhos faiscavam de raiva quando ela se levantou e se jogou contra ele, esmurrando cada pedacinho do corpo dele que conseguia alcançar.


- Seu desgraçado! – gritou, furiosa. – É sua culpa! James foi embora por sua culpa e vou te matar se ele não voltar, Charles!


- Ai, ai, Lily! Pare com isso, ai, pare de me bater! – ele pediu, tentando segurá-la.


- Não vou parar! Eu gostava de você, Charles, você era meu amigo, mas agora eu só consigo te odiar por ter afastado James de mim. – Lily lhe deu mais uns murros e depois parou, ofegante. Deixou mais uma lágrima cair. – Você venceu, Charles, conseguiu o que queria. Espero que esteja feliz.


- Não estou. Lily, eu vim aqui me desculpar.


- É o mínimo que você pode fazer por ter arruinado meu namoro. – ela respondeu, irritada.


- Eu não arruinei seu namoro, Lily. Potter te ama e sabe que não foi sua culpa. Ele vai voltar. – Charles suspirou e enxugou uma lágrima que escorria pelo rosto de Lily. – Eu não queria te machucar, só queria que gostasse de mim tanto quanto eu gosto de você. Só tentei separá-la do Potter para que você pudesse ficar comigo. Mas não a esse custo, não se tivesse que vê-la chorar. Prefiro não tê-la do que saber que você estaria comigo pensando nele o tempo todo.


Lily fitou seus olhos azuis e quase sentiu pena dele. Sabia que Charles falava a verdade sobre o que sentia e sabia também que ele tinha um modo um tanto deturpado de mostrar isso.


- Escute, Charles. – começou. – Você mexeu comigo e nós poderíamos ter ficado juntos, você tem algo que me puxa para perto, não sei explicar. Mas eu amo James, mais do que eu posso colocar em palavras, e sei que ninguém pode me fazer sentir o que ele faz. Ele chegou primeiro, Charles, e é insubstituível. Se eu não o tivesse conhecido, eu e você teríamos ficado juntos, acredite. Mas era James quem estava no meu caminho, não você. E eu espero, sinceramente, que você tenha entendido isso de uma vez por todas, porque se as coisas derem certo entre mim e James, e você tentar se intrometer de novo, eu juro que nunca mais olho na sua cara. E farei questão de contar à Jane as coisas que o filho dela, tão maravilhoso, fez para me magoar. Estamos entendidos? – terminou, o dedo apontado para o peito dele. Não chorava mais e parecia segura do que dizia. Charles estava orgulhoso, embora não deixasse transparecer: nem de longe ela parecia aquela menina que saíra chorando do quarto do pai meses antes.


- Não se preocupe, eu cumpro minha palavra. Falei que tiraria meu time de campo e vou tirar. Não vou mais atrapalhar você e Potter. – prometeu e sorriu fracamente. – E, se eu tentasse, sua amiga Marlene me mataria, como ela mesma me disse quando veio atrás de mim. Ameaçou me matar da forma mais dolorosa que ela pudesse imaginar, arrancando pedacinho por pedacinho do meu corpo. Mulheres grávidas podem ser bem perigosas quando querem.


Lily não segurou uma risada. Era bem a cara de Marlene fazer esse tipo de coisa.


- Nunca duvide de uma mulher com os hormônios à flor da pele. – disse, considerando essa observação como a última da noite. Charles percebeu, mas não disse nada. Ela deu um aceno de cabeça e entrou no quarto. – Boa noite, Charles. – e fechou a porta, deixando a ele, e com sorte, aquele assunto para trás.


O dia do casamento amanheceu tão ensolarado que nem parecia a Londres de sempre. Era como se até o clima quisesse contribuir para que aquele dia fosse especial. A manhã estava tão bonita que Lily acordou ouvindo o canto dos passarinhos e, de alguma forma, sentiu-se bem. Estava feliz, apesar dos acontecimentos da noite anterior. Seu namoro estava em crise e vários sentimentos a tomavam. Estava angustiada e com medo de perder James, mas também estava feliz e esperançosa por causa do casamento do pai. Como se a união do Sr. Evans com Marion lhe desse forças para acreditar em recomeços.


A cerimônia estava marcada para o fim de tarde, porque Marion amava o pôr-do-sol e o considerava a hora mais bonita do dia. Assim, um altar foi montado no jardim do hotel, as cadeiras foram dispostas, o tapete dourado foi estirado, as flores foram colocadas e a tenda onde aconteceria a festa foi montada e decorada. Estava tudo pronto.


Às cinco da tarde, Lily já estava pronta: vestia um longo verde com sobreposição de renda e um laçarote de fita, também verde, abaixo do busto; os cabelos ruivos estavam presos num coque trançado e os olhos, realçados pelo tom do vestido, estavam bem maquiados. Os brincos de brilhante iluminavam ainda mais o rosto dela.


- Você está tão bonita, querida! – disse Marion, quando Lily entrou na suíte reservada da noiva para ver se ela precisava de ajuda. A Sra. Smith estava dando os últimos retoques no vestido da filha. Era um longo branco, com decote canoa, que acompanhava a silhueta do corpo de Marion. O único detalhe do vestido era uma fita de cetim na cintura. Lily o considerou muito sóbrio e uma ótima escolha, já que Marion tinha mais de quarenta anos. Os cabelos castanhos dela estavam presos num coque baixo e enfeitados com uma fitinha branca.


- Obrigada, Marion. Você também está linda. – disse Lily, sorrindo. Sentou-se na beirada da cama e ficou admirando sua futura madrasta.


- Acha que seu pai vai gostar? – Marion perguntou, subitamente insegura. Lily abriu um sorriso encorajador.


- Ele vai adorar, fique tranqüila.


Marion sorriu e se olhou no espelho, conferindo o resultado final. Parecia emocionada. Então, através do reflexo no espelho, viu Lily olhando o nada. Franziu a testa, preocupada.


- Lily, meu bem, que cara é essa?


Lily desviou os olhos para ela, piscando enquanto tentava rearrumar os pensamentos.


- Ahn... nada, só estou distraída. – respondeu, mas Marion não se convenceu. Suspirando, Lily decidiu compartilhar o que a incomodava. Podia ser o primeiro de muitos momentos de amizade entre elas. – Meu namoro pode estar em crise. Na verdade, está.


- Por quê? – intrometeu-se a Sra. Smith, curiosa.


- Charles me beijou três meses atrás e eu contei ontem ao James. – respondeu.


Marion arregalou os olhos, surpresa.


- Charles, filho da Sra. Phillip?


- Ele mesmo.


- Aquele rapaz que estava ontem no jantar? O dos olhos azuis? – perguntou a Sra. Smith e Lily assentiu. A senhora deu um sorrisinho divertido. – Ele é muito bonito, você devia ficar feliz por ele ter te beijado.


- Mamãe! – Marion repreendeu, mas Lily não conseguiu evitar uma risada.


- O quê? – perguntou a mãe, fingindo não entender porque tinha sido repreendida. – Ela é jovem, tem que aproveitar a vida! Não é sempre que um rapaz lindo como aquele aparece e lhe rouba um beijo. Querida, - acrescentou para Lily – você é nova demais para se prender a alguém, aproveite enquanto pode. Namoricos na sua idade nunca duram, esqueça seu namoradinho.


- MÃE! – exclamou Marion, indignada. – Ignore-a, Lily, ela não sabe o que fala.


- Tudo bem. – disse Lily, com um sorriso constrangido. – Obrigada pelos conselhos, Sra. Smith, mas acontece que eu amo o James.


A Sra. Smith deu um muxoxo.


- Balela. – disse, abanando a mão como se descartasse aquela ideia de amor. – Ninguém ama na sua idade. Os adolescentes tem casinhos, apenas. Amar? Não, você é jovem demais para saber o que é isso.


Marion esfregou as têmporas, envergonhada, e olhou para futura enteada, pedindo desculpas pela atitude da mãe. Mas Lily não ligou para as palavras da senhora. Na verdade, estava achando graça. Pelo menos, ela se distraiu um pouco.


- Lily, - disse Marion, com a voz suave. – não se preocupe. Eu tenho certeza de que James vai te perdoar, porque ele te ama. – a Sra. Smith soltou outro muxoxo, mas Marion e Lily a ignoraram. – Eu vejo nos olhos dele, vejo como brilham quando ele te olha. E se ele não te perdoar, algo de que eu duvido de verdade, significa que ele não te merece. Todos cometem erros e você é uma menina muito especial. Se James não for o seu futuro, outro rapaz será.


Lily enxugou uma lágrima fujona e olhou agradecida para Marion.


- É James quem está no meu caminho. Eu sei disso, é o que eu sinto. – disse e Marion sorriu, compreensiva.


- Então, não fique sentada esperando por ele. Vá atrás, mostre como você se sente. Você tem que tomar as rédeas da própria vida e não ficar esperando que ela aconteça por si só.


   Quando Lily ia responder, ouviu-se uma batida ritmada na porta e a Sra. Phillip entrou.


- Com licença. Lily, querida, já está na hora. Você tem que descer para levar seu pai ao altar. – disse ela. – Srta. Smith, se já estiver pronta, é melhor descer e esperar o momento de ir para o jardim. Seu pai já está à sua espera lá no saguão.


- Obrigada, Sra. Phillip, já estamos todas prontas e vamos descer num instante. – disse Marion, sorrindo. Parecia ansiosa.


- Obrigada, Jane. – disse Lily, levantando-se. Aproximou-se de Marion e lhe deu um abraço de agradecimento. – Obrigada. – sussurrou. Marion sorriu e fez um carinho na bochecha dela.


- Não precisa agradecer, querida. – respondeu. - Agora, desça e leve seu pai para o altar, antes que ele mude de ideia novamente. – acrescentou, ansiosa. Lily percebeu que ela temia isso desde que o Sr. Evans a pedira em casamento pela segunda vez.


- Ele não vai mudar, não se preocupe. E se ele tentar desistir, eu o arrasto à força. Eu não posso perder minha madrasta. – Lily falou sorrindo e Marion lhe deu outro abraço. – Vejo você daqui a pouco.


 Desceu acompanhada da Sra. Phillip, debatendo com ela sobre o casamento. Encontrou seu pai conversando com o Sr. Smith no saguão, enquanto todos os (muitos) convidados tomavam seus lugares no jardim. A Sra. Phillip cumprimentou a todos, disse que Marion já estava descendo e que, assim, poderiam começar, e depois seguiu para seu lugar na primeira fileira de convidados. O Sr. Evans apertou a mão do futuro sogro e tomou Lily pelo braço.


Sorrindo para o pai, que parecia um adolescente ansioso, Lily tentou lhe passar confiança. Ele sorriu de volta e apertou a mão dela. Respirando fundo, passou o braço dela pelo seu e caminhou para a entrada do jardim. Juntos, pai e filha atravessaram o tapete dourado em direção ao altar, onde o celebrante já esperava, diante de centenas de olhares. Quando chegaram, Lily beijou sua bochecha e murmurou em seu ouvido:


- Estou orgulhosa de você, papai. – e tomou sua posição de madrinha ao lado dele. Pouquíssimos minutos depois, a marcha nupcial começou e todos se levantaram para ver Marion surgir, de braço dado com seu pai, na ponta do tapete. Ela estava ainda mais bonita ali, atravessando o corredor, do que antes no quarto. Lily conseguiu ouvir a baixa exclamação de contentamento que seu pai soltou, e não conseguiu evitar um sorriso. O sol começava a se pôr, colorindo o céu de laranja e azul, deixando o ambiente com um ar ainda mais romântico.  


O Sr. Smith entregou Marion ao Sr. Evans e os dois apertaram as mãos, sorrindo calorosamente um para o outro. Marion entregou seu pequeno buquê à Lily e deu as mãos ao noivo. Um segundo antes do celebrante começar a cerimônia, ela deu uma olhada nos convidados e abriu um sorriso: fez um sinal discreto para Lily e apontou, com a cabeça, para a entrada do jardim. Lily olhou para o lugar assinalado e sentiu seu coração dar uma cambalhota dentro do peito.


Caminhando por entre as fileiras, da forma mais discreta possível, estavam James e Marlene, ele mais bonito do que ela jamais o tinha visto. E, melhor ainda, estava sorrindo para ela. Ele e Marlene, chamando atenção por causa da barriga bastante saliente num vestido estampado, tomaram assentos na terceira fileira e acenaram com a cabeça, ele como se dissesse “Está tudo bem”. Lily teve que se conter para não dar pulinhos de felicidade ali mesmo e olhou para Marion, que sorria abertamente para ela.


Finalmente, o celebrante começou a cerimônia, que foi realizada com rapidez e concluída com o tradicional “Pode beijar a noiva”. Os noivos deram seu beijo, assinaram os papéis e encararam a platéia pela primeira vez como Sr. e Sra. Evans. Atravessaram o corredor sob a chuva de aplausos e todos se encaminharam para a tenda luxuosamente montada ali mesmo. A banda contratada subiu ao palco e a festa começou.


Mas Lily não acompanhou o cortejo até a tenda. James a esperava no meio do tapete dourado e ela caminhou devagar em direção a ele; jogou os braços ao redor do namorado e o abraçou com força. Ele correspondeu na mesma intensidade e deu um beijo na testa dela.


- Me desculpe. – Lily pediu em voz baixa, agarrando-o com toda a força que tinha, com medo de que ele fosse embora de novo.


- Tudo bem, vamos deixar isso para trás. Não tocaremos mais no assunto. – disse James. – Só me prometa que não deixará nada assim acontecer de novo.


- Nunca. Nada mais vai interferir no nosso namoro, James, eu te prometo. – ela subiu na ponta dos pés e plantou um beijo na boca dele. – Eu te amo demais e tive tanto medo de que você me deixasse.


- Eu não vou a lugar nenhum. Vai precisar de muito, muito mais do que um cara qualquer para nos afastar. Você é minha, Lily, só minha.


Sorrindo, mais feliz do que era capaz de imaginar, ela o beijou, com um pouco mais de avidez do que era necessário. Tanto que James começou a rir e a empurrou gentilmente.


- Não me faça te levar para testar a qualidade dos quartos do hotel do seu pai. – brincou. Lily sorriu divertida.


Estava tudo bem entre eles.


- Eu acho que ele perceberia minha ausência.


James riu e estudou o rosto dela. Conhecia cada expressão que havia ali. Arqueou as sobrancelhas, desconfiado.


- Espere aí, você está considerando a ideia! – não era uma pergunta. E ele estava certo, ela estava considerando a ideia.


- Não fique muito entusiasmado, James, mas, sim, eu estou considerando. Não será hoje ou amanhã, mas... – ela respondeu, com um sorrisinho maroto.


- Ok, mas eu espero que não seja aqui, não no hotel do seu pai. Eu teria a sensação de estar sendo vigiado.


- Podemos pensar nisso depois. – riu e lhe deu mais um beijo. Então, pareceu se lembrar – Onde está Marlene?


- Foi ver se conseguia lugar na mesma mesa que a Sra. Phillip, porque é a única pessoa, além de nós, que ela conhece aqui. E precisava sentar logo, porque a barriga já está pesando e ela não consegue ficar de pé muito tempo. – ele explicou. – Não acredito que Marlene terá um bebê em dois meses. E que Sirius pode não estar aqui para ver.


Lily sentiu a angústia nas palavras dele e assentiu.


- Eu também sinto a falta dele. Mas, de alguma forma, eu sinto que as coisas vão melhorar, sinto isso há dias. E você sabe que essas minhas sensações, na falta de palavra melhor, tendem a ser bastante...


- Corretas. – James acrescentou, pensando na noite do acidente. – É, eu sei. Vou acreditar em você, preciso acreditar em alguma coisa. – deu um beijo na testa dela. – Ande, vamos para a festa, seu pai deve estar te procurando.


Ela concordou, porém, quando estavam dando meia volta para seguir para a tenda, deram de cara com Charles, parado a alguns metros deles, como se estivesse vigiando-os durante todo aquele tempo. James soltou a mão de Lily e o encarou, mas não parecia com raiva – ou pelo menos não deixava transparecer e Lily achava essa opção mais viável. Charles endireitou o corpo e encarou James como se o desafiasse. Lily teve que admitir que ele tinha coragem.


Ou talvez fosse só falta de vergonha na cara mesmo.


James, muito calmamente, andou até onde Charles estava parado. E, sem dizer uma palavra ou sequer mudar a expressão facial, desferiu um soco certeiro no queixo dele. Charles cambaleou, mas continuou de pé e em silêncio, sem revidar. Então, James o socou de novo e abriu um corte no lábio dele, que começou a sangrar profusamente. E depois, pela terceira vez, acertou outro soco, agora na bochecha. Charles caiu no chão e mesmo com o rosto machucado, abriu um sorriso que, mesmo cheio de sangue, dava para ver que era de deboche.


- Ok, acho que mereci isso. – ele falou, numa voz baixa. James se agachou e olhou bem para Charles.


- Vou te contar porque te bati agora. Número um, foi por ter tentado agarrar minha namorada na boate. Número dois, foi por ter beijado a minha namorada. E número três, foi porque eu não gosto de você. – falou, a voz tão fria que Lily, que assistia a tudo em silêncio, ficou assustada. – E se você não quiser um quarto soco para estragar esse seu rostinho bonitinho, é melhor ficar bem longe dela. – sem esperar resposta, James se levantou e puxou Lily para longe, de forma bastante delicada, o que a surpreendeu, dada a cena que acabara de presenciar.


Ela sabia que Charles merecia aqueles socos e achava que, talvez, aquilo lhe servisse de lição. Ele não precisava de mais desafetos do que já tinha.


- Sinto muito que você tenha visto isso. – James disse, quando eles já estavam dentro da tenda, procurando Marlene. – Mas era algo que eu precisava fazer e a oportunidade surgiu. Tive que aproveitá-la.


- Eu sei disso e não me importo. Acho até que gostei, ele estava merecendo. – Lily respondeu, dando de ombros. Realmente, não ligava para Charles naquele momento. Ela viu Marlene sentada junto com a Sra. Phillip e apontou para lá. – Ali está ela.


A primeira coisa que fez foi abraçar a melhor amiga, agradecendo baixinho em seu ouvido por ter ido confrontar Charles na noite anterior.


- Não agradeça, eu só fiz o que me cabia naquele momento: ameacei a vida dele por ter colocado seu namoro em risco. – Marlene disse, também sussurrando. Quando se soltaram, ela disse, em voz alta. – Ah, eu adoro essa música, acho que agüento dançá-la! Vamos, Lily. Você também, James!


- Esperem um momentinho. – interrompeu a Sra. Phillip. – Vocês viram o Charles?


Lily e James se entreolharam e não responderam de imediato. Mas Lily usou a saída que sempre funcionava quando Charles estava envolvido.


- Ah, Jane, você conhece seu filho. Ele, provavelmente, já encontrou alguma modelo por aí. Devem estar se conhecendo. – disse, com um sorriso. A Sra. Phillip concordou, meio contrariada.


- É, pode ser. Certo, podem ir se divertir. – quando eles iam se afastando, ela acrescentou gritando – Você nem tanto, Marlene! Volte para cá assim que se sentir cansada!


- Pode deixar! – Marlene gritou de volta, mas ela não agüentou dançar mais do que três músicas mais lentas e logo estava sentada novamente. Lily e James continuaram na pista de dança, mas ficaram fitando Marlene admirar os casais com um olhar perdido. Eles sabiam que aquela atmosfera festiva e romântica não era a ideal, mas ela precisava se manter animada de qualquer jeito e uma festa como aquela não podia ser ignorada. O Sr. Evans tinha feito um grande casamento.


A festa continuou por horas. Lily e James dançaram sem parar até a hora em que o jantar foi servido. Em seguida, foi o momento do brinde. Lily sabia que ela era quem iria fazê-lo, mas não tinha preparado nada. Falaria o que viesse à mente na hora.


- Quatorze anos atrás, - começou ela. – minha mãe faleceu e levou um pedacinho do meu pai com ela. Ele, tanto quanto eu, viveu nas sombras por muito tempo, até que alguém surgisse para puxá-lo de volta para a luz. Marion foi essa pessoa. Foi você, Marion, a responsável por devolver o brilho aos olhos do meu pai e o sorriso aos lábios dele, coisas que eu não via fazia muitos anos. Você trouxe a vida de volta para ele e só eu posso te dizer o quão grata eu sou por você ter entrado no caminho do meu pai. Obrigada, de coração, e seja bem vinda à família. Desejo aos dois toda a felicidade do mundo e que muitos anos maravilhosos estejam os aguardando. Eu amo vocês. – ergueu a taça de champagne e finalizou – A John e Marion!


- A John e Marion! – entoaram todas as centenas de convidados. Lily se sentou, recebendo os cumprimentos do pai e da madrasta, que se levantou e pediu a palavra.


- Eu só quero agradecer pelas suas palavras, Lily, e dizer que você é a menina mais especial que eu já conheci. Obrigada por ter me recebido tão bem. – Marion fez uma pausa e pegou sua própria taça de champagne. – Quero aproveitar para acrescentar que isso aqui, esse momento, é um recomeço. Para John, para Lily e para mim. É o primeiro passo do novo capítulo das nossas vidas. Eu acredito em mudanças, acredito em recomeços. Nada, a não ser a morte, é irreversível e mudanças são necessárias e bem vindas. Isso aqui é o nosso recomeço, então eu quero propor um brinde a ele. Ao recomeço. – ergueu a taça e todos a imitaram, entoando em coro.


- Nada é irreversível. – murmurou Marlene, alguns minutos depois, quando os noivos já tinham cortado o bolo. Lily sorriu de forma compreensiva para a amiga, sabendo do que ela estava falando.


- Nada é irreversível. – Lily repetiu, passando o braço pelo ombro de Marlene, numa espécie de consolo. Deu-se conta, de repente, de que James não estava mais ao seu lado e pediu licença para procurá-lo. Encontrou-o do lado de fora da tenda, falando ao telefone. Assim que ele a viu, fez sinal para que ela se aproximasse e encerrou a ligação. – Quem era?


James a olhou atordoado, como se não a enxergasse direito. Lily percebeu que ele estava pensando em alguma coisa e esperou que dissesse o que o incomodava.


- Você tem algum tipo de dom, Lily. – foi o que ele disse e ela o encarou sem entender.


- O quê? James, do que está falando? Quem era no telefone?


- A Sra. McKinnon. Ela... ela achou melhor ligar para mim, porque não sabia como Marlene reagiria à notícia. – na mesma hora, Lily arregalou os olhos, preocupada. James, porém, abriu um sorriso luminoso. – Você estava certa, Lily! Esses pressentimentos, ou sei lá, estavam certos de novo!


Ela entendeu na hora. Olhou nos olhos de James e murmurou, sem acreditar:


- Sirius acordou. 

_________________________________________________________________________

N/A: Oi, gente bonita! Finalmente saiu o capítulo 12, fresquinho para vocês. Acabei nessa madrugada e estou postando NO TRABALHO, quero só ver se eu for despedida. Enfim, eu curti esse capítulo e vocês? O Sr. Evans pedindo a mão de Marion, Lily contando a James sobre o beijo, o casamento e, por último, mas DEFINITIVAMENTE não menos importante, a notícia que todo mundo vinha esperando: SIRIUS ACORDOU! AE AE AE! Vocês acharam que eu fosse deixá-lo em coma por muito tempo? Óbvio que não, por favor. Sirius é nosso tchutchuco e eu nunca poderia mantê-lo fora da fic - embora meu primeiro pensamento tenha sido matá-lo no acidente, mas minhas diletas amigas me ameaçaram de morte e eu mudei de ideia. E também, pesaria muito na minha consciência a morte dele, então, TCHANÃ, ele está de volta. Uma pequena observação: eu sou terrível descrevendo roupas, então caso vocês não tenham conseguido visualizar os vestidos que Marion e Lily usaram no casamento, aqui vão os links das fotos.

http://i608.photobucket.com/albums/tt162/liviagebran/marion.png - Marion
http://i608.photobucket.com/albums/tt162/liviagebran/vestidolily.png - Lily. Esse vestido aí é azul, mas o da Lily era verde para combinar com os olhos :)

Bom! Espero que tenham gostado, comentem muito muito muito muito para me deixarem feliz.
Amo vocês.
Beijocas estaladas,
Liv 

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Comentários (5)

  • Lana Silva

    OMG \O/ ele acordou \O/ UHU *---------------------------------------* nossa fiquei mega feliz aqui, eu tava até com medo de que ele não tivesse acordado e tal, nossa ahhhhhhhhhhhhhhhh ele acordou, tô muito feliz flr, muito mesmo. Ameiiiiiiiiiiiiiiiiiii o capitulo, sensacional *-------------------------------*beijoos! 

    2012-07-25
  • mariana radcliffe

    MOLIER, ACABEI DE LER, FIQUE FELIZ!!!!!!!!!!!! af, só chorei duas mil vezes lendo. tudo mtmtmtmtmmtmtmt lindo como podeeeeeeeeeeeeeeeeeeee? olha só, sua gorda, quero te dar 1 beijo por ter acordado o Sirius viu, e por não deixar o James ficar com raiva da Lily, senão eu só ia morrer né. a Marion é tão fofinha com a Lily ._. ai olha, ainda to meio beba e super sem criatividade pra comentar etc. mas o capítulo tá lindo de vdd e desculpa por ter enrolado tanto hehe <3

    2011-11-13
  • Sah Espósito

    Heiii depois de acontecimentos desses vc para... saudadinhas da fic... por favor atualiza!

    2011-09-19
  • camila prongs.

    awn, amei esse capítulo!Charles mereceu os socos, bem feito!Amei o momento que a Lily teve com a Marion e as palavras delaE, meu Deus, o Sirius acordou! Melhor coisa do capitulo! Vai dar tempo de ver o filho dele nascer *-* ai que tudo! haha beijos!

    2011-09-01
  • Lívia G.

    MEU REI VOLTOOOOOOOU! AAAAAI QUE LINDO. VOLTOU PRA SER PAPAI *.* EU SABIA QUE O JAMES NÃO IA ACEITAR SER CORNO TÃO FÁCIL, NA BOA. GOSTEI MUITO. MAS COMO EU SOU RANCOROSA, NÃO PODIA DEIXAR DE FALAR QUE ELE CONTINUA SENDO UM ASSHOLE. ELE PERDOU. ELE PERDOU. EU NÃO PERDOAVA. ELE É PERFEITO. A GOSTOSURA DO CHARLES NÃO  CHEGA NEM AOS PÉS DA FOFURA DELE. ENFIM, ELES CONTINUAM LINDOS E MARAVILHOSOS DO MESMO JEITO.  ALIÁS, DIZEM QUE MULHER GRÁVIDA É SENSÍVEL E FRACA? HÃ HÃ.  PORQUE NÃO  CONHECEM MARLENE MCKINNON. AMEI AMEI AMEI. MEU COMENTÁRIO JÁ TÁ BEM CLICHÊ. EU SEMPRE AMO. NINGUÉM MANDOU VOCÊ SER UMA PUTA DE UMA ESCRITORA. É ISSO, BEIJO NO SEU NARIZ LINDO E NOVO. TE AMO! PS: ME DÁ O VESTIDO DA LILY? BJO Camilla Preta.

    2011-08-29
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