Saiam do meu pé!



Os passos apressados subindo as escadas ecoavam por todo o aposento. Lá dentro, o homem contou mentalmente: "Um... Dois... Três."

A porta se abriu.

- Já aqui? Muito bem, sleve. Pontual. Gostei de ver. Agora saia da frente para que possa me sentar.

Sleeve deu dois passos para o lado, em silêncio. Lucius olhou com frieza para o sofá embolorado e resolveu ficar em pé.

- Vou ser direto e rápido. Tenho um plano para trazer Sarah Malfoy para o nosso lado.

Sleeve piscou.

- Isso é... excelente, senhor. Desde o fim do ano que eu estou aconselhando-o a usar a maldição Imperius, dessa forma nós a teremos...

Sleeve foi cortado pela risada de Lucius.

- Maldição Imperius? De forma alguma. Você ainda não entendeu que Sarah tem poderes extremamente fortes? Não sabemos como ela vai reagir à maldição. E se ela vencê-la, colocamos em risco sua identidade para nada. Não, essa não é a melhor maneira.

- Então...?

Lucius abriu um sorriso sádico.

- Temos que fazer com que ela venha para o nosso lado de livre e espontânea vontade.

Se a presença de Lucius não fosse tão intimidadora, Sleeve teria se permitido rir. Mas ele se segurou, apenas encarando o homem, incrédulo.

- O senhor não está falando sério... Como espera que a filha de Draco Malfoy venha para o nosso lado e nos ajude por sua livre e espontânea vontade? Draco está ao lado de Potter agora, ela não aceitará trai-los.

- Aceitará, se estiver muito decepcionada com todos eles e se você mostrar a ela o nosso lado da história. Ela está acostumada com aquele papo de vilões, heróis, bem e mal. Quando enxergar que o mundo não se resume apenas nisso, entenderá nossos motivos.

- Não imagino como pretende convencê-la, senhor - Sleeve balançou a cabeça, ainda não acreditando. - Vai ser muito difícil, realmente impossível...

- Não, Sleeve, eu não vou convencê-la a nada. Vocêvai.

Pela segunda vez, Sleeve pestanejou.

- Quer que eu... Eu a convença? Como?

- Isso será problema seu. Vá atrás dela, tente se aproximar, seduza-a, se preciso. Deixe-a loucamente apaixonada a ponto de fazer tudo o que você quiser. Não será nenhum sacrifício, ela tem a magnífica beleza de um Malfoy.

- Mas, senhor... Ela tem 14 anos, é uma criança...

- Não é como se você a achasse sem atrativos por causa da idade, não é? Sei que não.

- Mas, senhor...

- Sem mais, Sleeve! Está combinado, você vai cumprir minhas ordens, vai seduzir Sarah Malfoy e trazê-la para o nosso lado de uma vez por todas!

O som abafado de algo se quebrando do lado de fora atraiu a atenção dos dois homens. Lucius ergueu a varinha e devagar, fazendo um sinal de silêncio para Sleve, caminhou até a porta de madeira da espelunca.

- Droga! - murmurou o rapaz do lado de fora, assistindo os destroços do que outrora fora uma belíssima máquina fotográfica. Ouviu passos do lado de dentro e no instante seguinte, desapareceu.

- Tem alguém aí? - Sleve perguntou para Lucius, que olhava atento para fora.

-Tinha Veja só.

Apoiando-se na bengala, Lucius se abaixou e recolheu um objeto do chão, mostrando-o para o homem.

- Uma máquina fotográfica? - sleve ergueu as sobrancelhas. - Mas quem...

O rosto de Lucius estava impassível.

- Aparentemente, alguém sabe de nossos planos. - Ele deu as costas, preparando-se para descer as escadas. - Cuide disso, Sleve.

♥______________________♥


- Lucas, onde você estava na noite passada?

O rapaz de um metro e oitenta e cinco centímetros pareceu se encolher com o tom aborrecido da amiga, vinte centímetros menor, diga-se de passagem.

- Ah... Sarah. Que bom ver você também.

- Não mude de assunto, Lucas! Diga logo porque você sumiu de repente?

Lucas suspirou, olhou ao redor e fez um sinal para que Sarah o acompanhasse até uma poltrona. Ainda era cedo, no domingo todos dormiam até mais tarde, porém, havia umas poucas pessoas presentes no salão que os encarava de forma divertida por causa dos gritos da garota.

- Não grite mais, Sarah, minha cabeça está doendo.

- Você só chegou agora? Onde estava? Porque você sumiu? Lucas, eu estive te procurando por todo lugar e não te achei! Não pode sumir assim.

- Calma, Sarah. Desculpa não ter te avisado. Não sumo mais.

Sarah olhou desconfiada para Lucas. Este desviou os olhos.

- Não vai me dizer onde estava?

- Hum...

- Lucas...

- Ah, olha só... Prefiro deixar isso quieto...

- Lucas, o que é isso no seu pescoço? Você se machucou?

Antes que o garoto percebesse Sarah estava ao lado dele, empurrando seu pescoço para trás para poder ver o grande arranhão que tinha ali.

- Não... eu... Ai, ai, Sarah...

- Desculpa... Senhor Lucas, o que andou fazendo na noite passada, heim? Isso tá me parecendo uma arranhada de unha feminina... Quando Maggie souber vai ficar decepcionada.

Lucas corou.

- Não seja boba, Sarah. Eu apenas me machuquei ao fazer a barba.

- A barba? - Sarah riu. - Você já faz a barba? Não tem nem pêlo no rosto!

Lucas corou ainda mais.

- Claro que tenho! E já faço a barba desde antes do natal! Nunca percebeu as marcas?

Sarah riu, vendo o garoto mostrar-lhe os sinais da barba feita recentemente.

Percebendo isso, Lucas fechou a cara.

- Não ria de mim.

- Tá. Parei. Há!

- Sarah!

- Tudo bem! Parei!

- Certo. Agora, quanto ao que você falou sobre a Maggie... Bem, eu... Sarah, eu preciso de um favor seu.

- O que é? Na boa, Lucas, não acho que você precise da minha ajuda, a Maggie sempre foi caidinha por você, é só chegar nela e...

- Eu preciso que você a convença a ficar com outra pessoa, Sarah. A me esquecer.

Sarah parou de falar, olhando incrédula para Lucas, como se tivesse entendido errado.

- Você não está... Não pode estar falando sério, Lucas... Vocês sempre... Como pode...

- É sério, Sarah. Lamento muito, mas... é isso. - Lucas parecia realmente arrasado.

- Lucas... Você tem certeza? Olha, vou te deixar pensar direito, não sei o que te deu pra tomar essa decisão assim mas está na sua cara que não é o que vc realmente quer..

- Não, Sarah, não complique as coisas, não me deixe pensar... Você tem que fazer isso... Tem que convencê-la... Por favor...

Sarah não entendeu nada. Apenas não podia prometer aquilo, era um absurdo.

De queixo caído, Sarah preparava uma resposta que ainda não tinha quando ouviram passos e a garota ruiva de chuchinhas apareceu descendo as escadas do dormitório. Parou, quando viu os dois e abriu um sorriso.

- Oi, Sarah. Oi Lucas. Já de pé?

- Ah, oi, Maggie. Já, a gente tava conversando aqui..

- Ah, então. Eu vou dar uma volta, garotas... A gente se vê por aí...

Maggie olhou decepcionada para o quadro quando este se fechou atrás de Lucas.

- O que deu nele?

- Ah... não liga não, ele tá meio esquisito... Vamos tomar café? Estava esperando você.


As garotas desceram as escadas para o Salão Principal, a essa hora quase vazio. Sentaram-se lado a lado e Sarah puxou um prato de torradas para perto de si.

- De repente me deu uma fome... - E arrancou o pote de geléia de morango das mãos da amiga.

- Quando você não está com fome, Sarah? Acho que conviveu demais com o Sírius... Hei! - exclamou Maggie, quando uma torrada foi jogada na sua cabeça. - Ainda bem que não estava com geléia, se não você ia ver - Ela se fez de brava.

Sarah riu.

- Não ia nem dá pra ver no seu cabelo. É da mesma cor.

- Ha, Ha! Engraçadinha...

Menos de dois minutos haviam se passado quando um murmurinho pareceu passar pela salão na velocidade do vento, apesar dos poucos que estavam lá. Sarah e Maggie voltaram-se para a porta. A faquinha caiu das mãos de Maggie.

- Fecha a boca, Maggie e para de olhar - Sarah repreendeu, voltando a atenção para o prato.

- Mas... Mas eles são... Dois garotos...

Sarah deu uma cotovelada na amiga quando o casal que ela reconhecia do dia anterior passou de mãos dadas perto das duas. Um sorriso se formou nos lábios da garota.

- Bom... pelo menos aquilo serviu para alguma coisa... Agora eles não ficam se negando mais.

- Desculpa... O que você dise, Sarah?

- Nada não. Estava pensando alto.

Sarah voltou a se distrair com a comida, mas não foi muito longe. Aquela velha sensação começou a incomodá-la... Tinha olhos presos sobre ela... E não era apenas de uma pessoa.

Ela quase ergueu os olhos, mas se segurou. Tinha outras cartas na manga, lembrou com um sorriso.

Fechou os olhos. Descobrira esse poder havia pouco. Seguiu a sensação como se navegasse por um túnel, até que encontrou o olhar insistente de Blaize sobre ela. Há alguns metros dele o outro dono daquela pertubação, ou melhor, a dona, era a auxiliar da enfermeira. Edilaine.

Com raiva por ser observada um terceiro olhar quase passou despercebido por ela. Quando o notou, a concentração acabou e ela se virou com tudo para a mesa dos professores.

Collin acenou para ela.

- Ah... oi - Ela falou baixinho, apenas para que ele lesse seus lábios.

Ele sorriu e voltou a conversar com a diretora, sentada ao seu lado.

- O que ele está fazendo aqui? - Maggie que observara a troca de olhares comentou.

- Não faço idéia. Mas é bom vê-lo de novo.

Maggie mordeu os lábios. Não queria comentar o que Sírius acharia ao vê-la com Collin outra vez.

- Eu estou vendo sua cara. Faça me o favor, Maggie.

- Ah... Eu não...!

- Oi, prima. Oi, Sarah. Levantaram faz muito tempo?

Sírius jogou-se no banco de frente para as garotas. Sarah estava ocupada demais em rir de Collin, que derrubara a colher de mingau em cima de Ronald Weasley, para reparar que não respondera ao cumprimento do amigo e que isso acarretou numa careta.

- O que ele está fazendo aqui de novo? - perguntou, num tom não muito agradável.

Sarah ergueu as sobrancelhas.

- Não sei, mas posso perguntar daqui a pouco se você quiser.

Sírius bufou, mal humorado, e puxou um prato de seu cereal favorito para perto de si.

- Teve uma época - começou, misturando leite na tigela - em que era proibido qualquer tipo de enxeção de saco desses jornalistas aqui na escola. McGonagal deveria proibir isso.

Sarah sentiu sua raiva começar a aumentar. Odiava ficar na compania de Sírius porque ultimamente ele pegava tanto no seu pé e a aborrecia demais.

- VOcê só está dizendo isso porque não gosta dele - defendeu. - Devia aprender a conhecer as pessoas antes de julgá-las.

Sírius deu uma risadinha de escárnio.

- Conhecer? Esse cara perseguiu a minha família desde que eu me conheço por gente. Com aquela máquina fotográfica irritante dele! Tenho motivo suficiente para ter raiva desse cara e querer ele bem longe de você.

Foi a gota d'água para Sarah. O cereal molhado de leite pulou para o rosto e cabelo de Sírius quando seu prato explodiu. Todos que estavam no Salão Principal fizeram silêncio enquanto assistiam Sarah se levantar abruptadamente e se retirar a passos largos e uma cara nada receptiva.

- Sarah... - Lucas a encontrou na porta.

- Sai da frente!

Na mesa dos professores, Collin e Zabini se levantaram no mesmo instante. Olharam-se, fechando a cara.

- Eu cuido disso - Zabini falou, rispidamente, dando as costas para Collin. Revoltado, este voltou a se sentar. Mas saiu logo que o outro desapareceu de vista.

No outro lado da mesa, Edilaine Forrester suspirou. "Vão arrumar confusão", pensou, antes de se levantar discretamente e sair pela porta lateral.

- Sarah! Espere, quero falar com você!

Sarah parou apenas por falta de opção. Não era a primeira vez que Zabini tentava interceptá-la nos corredores. E sinceramente, não estava com humor para conversar com ele.

- Você sabe que não pode chamar a atenção para os seus poderes assim, Sarah. Com a excessão do grupo de aurores ninguém deveria saber dessa sua... habilidade especial. Pode acabar em perigo se...

- Cair na boca de gente errada? - Ela não cosneguiu impedir o tom ríspido. - Desculpa, mas acho que já é tarde demais pra isso.

Um pouco de cor sumiu do rosto de Blaize, mas ele forçou-se a sorrir.

- Sarah, não fale assim. Sabe que eu...

- Olha, professor, não precisa ficar me agradando, não, tá legal? Com todo respeito, hoje eu não estou muito paciente, prefiro ficar sozinha, se não se importa.

Zabini jogou o peso do corpo para a perna direita, e desta para esquerda, desconfortável. Pareceu fazer um imenso esforço para falar alguma coisa.

- Sarah... Eu queria te dizer...

- Sarah?

Collin apareceu ao lado da garota, Zabini fechou a cara na hora.

- Não disse que era pra você ficar lá que eu resolvia isso?

Collin corou, mas se manteu firme.

- Desculpe, professor, mas estou vendo como está resolvendo... Acho que... Se Sarah quer ficar sozinha, deveria escutá-la. Não é muito sensato para um professor incomodar uma aluna quando esta não está fazendo nada de mal. Pode parecer que por algum motivo você esteja... Perseguindo-a.

Os olhos de Collin diminuiram, observando os gesto do outro homem. Sarah nunca o tinha visto enfrentando ninguém. Parecia incapaz de algo assim. "Ah, não", pensou sorrindo, quando ele pôs a mão sobre seu ombro. "Não é bem um gesto de coragem, o coitado está tremendo que nem vara verde".

- E-eu - também nunca vira Zabini gaguejar. - Eu não... Não acho que seja de seu interesse o que é sensato ou não para um educador desta escola, onde, se não estou enganado, você nada mais é do que um mero recrutado para serviços temporários.

Collin não tinha argumentos contra isso, então nada disse. Os dois manteram um olhar incomodo até que uma nova participante resolveu entrar na conversa.

- Blaize? Sr. Creevey? Que tal deixarem a jovem Sarah descansar um pouco, ela não me parece muito satisfeita em ter que assistir a uma rincha antiga entre vocês dois.

Sarah olhou agradecida para Edilaine. Collin permaneceu impassível e Zabini ofendido.

- Ed... Eu só estava...

Com um olhar ela o fez calar.

- Você está bem, Sarah? - perguntou para a garota, observando a mão do Jornalista sobre o ombro dela. Franziu o cenho e o encarou.

Collin retirou a mão e deu um passo para trás, intimidado.

- Estou. Quer dizer não. Quer dizer... Eu...

- Acho que é melhor você vir a enfermaria tomar alguma coisa, Sarah. Eu te acompanho até lá...

- Mas... - Sarah olhou para Collin, buscando auxílio. - Eu tinha algumas coisas para conversar com o Sr. Creevey...

- Você terá tempo - Edilaine continuou sem pestanejar. - Collin Creevey frequentará Hogwarts diariamente agora, contratado por Clark, meu irmão, em algum trabalho especial que... Nenhum de nós sabe qual é. - Ela olhou com frieza para o homem. - Agora vamos para a Enfermaria...

- Mas eu não quero...

- Ed...

Não apenas Edilaine mas Collin e Sarah olharam para Zabini com estranheza. O olhar que ele lançava para a namorada era estranho.

- Ed, eu precisava] ter uma conversa com Sarah...

- Não acho bom que ela fique aqui com vocês dois, Blaize. Não estão vendo que a estão incomodando? Outra hora você pode conversar com ela...

- Acredito que Sarah não quer ir para a enfermaria - Zabini insistiu. - E eu estou querendo conversar com ela já faz um tempo...

- Mas...

- Também acho que Sarah não deva ir a enfermaria - Collin se intrometeu. - Mas ela vai ficar comigo, outra hora você a procura, [i]Profº[/i] Zabini.

Os três começaram a discutir. As vozes começaram a irritar ainda mais a garota.

- MAS QUE DROGA! - falou em voz alta. Os três a olharam, confusos. - Eu estou aqui! Dá licença! Eu escolho o que quero fazer ou com quem quero falar! Vocês dois! - disse, apontando para o casal. - É com ela que você tem que conversar e não comigo, professor! E Collin - ela olhou desanimada para o jornalista. - Outra hora a gente conversa, tá legal? Quero ficar sozinha agora. E por favor, SAIAM DO MEU PÉ!

Com essa última exclamação quase gritada, Sarah saiu correndo para uma direção qualquer, deixando os três sozinhos, trocando olhares frios e raivosos entre eles.

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