Um jogo de xadrez e ...



Capítulo VI:
Um jogo de xadrez e uma amizade colorida.

Sírius não era tolo. Soube no momento em que o pai lhe falara da reunião que algo de muito errado estava acontecendo. Perigos muito complexos já aconteceram no dia 31 de julho e mesmo assim, nunca tiraram o pai de sua folga de aniversário para uma reunião urgente.

Tiraria isso a limpo quando os dois chegassem.

Estava tão certo de que alguma coisa acontecerta que não viu mais sentidos em fazer uma nova festa de aniversário. Aliás, não era mais uma criancinha para ficar fazendo festas, já era um rapaz de 14 anos, tinha até barba! Claro que eram apenas uns fiozinhos espalhados pelo rosto que, ele tão feliz tirou com a navalha e o creme de barbear do pai, mas já era alguma coisa. Sendo asism, escreveu a uns colegas que chamara, lamentando, mas que precisava cancelar. E aos mais íntimos, escreveu dizendo que não haveria mais festa, só que os convidava a visitá-lo mais tarde.

Afinal, adoraria a presença dos amigos num dia tão importante pra ele.

Depois de meia hora brincando com o pomo que ganhara de Lucas, Sírius reconheceu que precisava de uma opinião a mais sobre a saída dos pais. A irmã mais velha era a única opção no atual momento.

Encontrou-a no escritório geral, olhando reflexiva para um tabuleiro de xadrez.

- Lily? - chamou à porta.

- Agora não, Sírius. Estou prestes a dar um xeque-mate.

Ele girou os olhos.

- Em você mesma?

Lily lançou-lhe um olhar de censura.

- Fazer o quê? Tenho um irmão tão burro que não sabe nem jogar xadrez!

- Eu sei jogar xadrez! - Sírius indignou-se, mas depois percebeu, pelo sorriso da ruiva, que caíra numa armadilha.

- Ótimo! - exclamou ela, indo até ele e o empurrando até a mesinha. - Venha jogar uma partida comigo, então. Não tem graça saber a armadilha que eu mesma me preparei.

- Porque você quer tanto jogar isso daqui? Há dias que você não desgruda desse tabuleiro!

Enquanto fazia as peças voltarem a seus lugares com um aceno de varinha, Lily respondeu:

- Fiz uma aposta com Robert. Ele duvida que eu ganharia dele no xadrez, só porque ele se acha muito bom.

Sírius teve que se esforçar para não girar os olhos outra vez.

- Ele é bom, Lily! Você vai se dar mal nessa aposta. Aliás, o que apostaram?

- Bobagens, Sírius. Tio Rony quem me ensinou também, estaremos quites. Agora, comece primeiro.

Sírius reparou que ela evitara responder a última pergunta, assim como evitara encará-lo nos olhos, mas deixou quieto e moveu o seu peão duas casas.

- Escute, Lily. Porque você acha que chamaram o papai para uma reunião logo hoje?

A garota mexeu o seu próprio peão antes de responder.

- Não sei. Também achou estranho?

Ele moveu seu bispo.

- Sem dúvida. Eles sempre ganham folga no aniversário dos dois. Deve ter sido algo urgente, você não acha?

Lily deu de ombros movendo outro peão.

- Se não fosse, eles não teriam chamado.

Sem prestar muita atenção no que fazia enquanto refletia, Sírius colocou o seu peão mais avançado na mira do de Lily, que o capturou.

- Péssima jogada, mano. Agora, se eu fosse você eu não me preocuva tanto.

- Com os dois ou com o meu peão?

Lily deu-lhe um tapa na cabeça.

- Com eles, né, mané! Embora um pouquinho de atenção no jogo também não vá te fazer mal.

- Porque diz isso?

- Ora, xadrez é um jogo que requer reflexão e...

Sírius teve vontade de mandar o seu cavalo dar um coice na irmã. Mas se conteve.

- Estou falando dos dois! Porque diz que não devo me preocupar?

- Ah! Eles já enfrentaram perigos maiores do que você imagina.

- Como o seu cavalo? Assumo que foi uma péssima idéia tê-lo tirado da proteção dos seus peões, cara irmã. Teria que ter olhado o meu primeiro que... Estava fácinho para capturar. Acha que ele enfrentaria qualquer coisa?

- Teria enfrentado se você não tivesse... Ah, está falando do papai, não? Sim, ele seria capaz de enfrentar qualquer coisa. Pelo menos por sua coragem.

- Minha coragem?

- A do papai! Além disso, pode ser que não seja algo tão... não, não é arriscado.

Por ter colocado sua torre quase no centro do tabuleiro enquanto falava, Sírius não teve certeza se a última frase fora parte do diálogo ou da jogada.

- Engana-se. É arriscado.

- Não é não! Papai é um grande bruxo, ele sabe se defender!

- Estou falando da sua torre! Colocou ela bem na frente da minha, não percebeu?

- Claro que percebi! O que está esperando para pegá-la?

Desconfiado, Sírius encarou-a. Depois encarou o tabuleiro. Era óbvio, se pegasse a torre, ficaria na mira da dama adversária. Ou a dama ficaria na mira de sua torre? Droga,´precisava ter mais umas aulinhas de xadrez...

Então ele revelou o mistério... A reunião deveria ser sobre algo que acontecera urgentemente, algo que sem dúvida poderia ter saído no profeta e naqueles outros jornais trouxas que seu pai lia, por isso ficara tão quieto durante o café e fora sem se intrigar. E se capturasse a orre e a dama lhe capturasse, ela ficaria na mira de seu cavalo.

Jogou. E aconteceu exatamente o que ele previra, exceto que ela seguiu e capturou um bispo seu e mais umas três peças que estavam no caminho. Parou a duas casas do seu rei e, surpresa, estava sem saída.

- É o fim, aparentemente - Sírius murmurou.

- Não seja melancólico. Seja o que for eles vão sair dessa.

- Não seja tonta, sabe que estou falando do jogo.

Lily sorriu.

- Ah, sim. Esse é o fim, então.

E deu o xeque-mate, ao mesmo tempo que a campanhia tocava.

- Ah, eu queria jogar outra vez! - Lily lamentou.

- Jogue! Eu vou atender a porta, bye!

Agradecido por ter uma desculpa para se livrar, em dois tempos já estava girando o trinco da porta principal de casa.

Um furacão passou por ele tão rápido que ele chegou a pensar numa nevasca, até que recordou-se estarem em pleno verão. Sacudiu a cabeça, ouvindo uma voz conhecida.

- ... eu tava na casa dela quando a sua carta chegou cancelando a festa mas não recebi nada! Aconteceu alguma coisa? Tá todo mundo legal?

Sírius virou-se ainda com a mão na maçaneta. Tinha a expressão abobalhada que foi substituída por um olhar cético quando ele murmurou, fechando a porta.

- Olá, Sarah. Não quer entrar?

Quando virou-se outra vez, encontrou a garota estirada em seu sofá, analisando a caixinha transparente que continha o pomo.

Girou os olhos.

- Esqueci de falar para se sentir em casa, não quero que se reprima.

- Oh! Que gentil da sua parte! - murmurou ela, distraída. - Isso é um pomo?

- Não - respondeu Sírius, dando um tapa em sua perna para que ela as afastasse do sofá e ele pudesse se sentar. - É um balaço. Não está sentindo ele tremer?

Sarah ergueu os olhos para encará-lo, uma mexa lisa e loira de seu cabelo atrapalhando um dos olhos.

- Veio com um bastão também? - perguntou, cética, permitindo que um sorriso doce curvasse seus lábios rosados depois. Sírius desejou que ela não fizesse isso, sempre o desarmava com aquela demonstração de meiguice.

Mas ainda bem que Sarah era um Malfoy e demonstrações de meiguice e doçura não era uma qualidade muito frequente deles. Como agora que ela quebrara o encanto jogando as pernas sobre o seu colo, como se fosse uma almofada gigante e cheia de ossos.

- Estou cansada - murmurou, se espreguiçando.

- Seu pai sabe que você veio aqui?

- É claro que... Deve saber. Porque?

- E sabe que você está vestida assim?

Ele apontou para a calça jeans cinza-claro e a camiseta branca, sem estampa.

- Qual o problema com a minha roupa trouxa?

- Nenhum. Exceto esse: É uma roupa trouxa.

- Tsc tsc - fez ela, apontando-lhe um dedo em reprimenda. - Não cai bem para o filho do salvador do mundo bruxo usar este tipo de preconceito contra o mundo trouxa.

- Mas eu não...

- Além disso, já viu como está vestido seu mané hipócrita? E respondendo a sua pergunta, papai não sabe que eu estou vestida assim, como também não sabe que eu peguei dois ônibus trouxas para sair da casa de Lúcia e chegar até aqui. - Ela lhe lançou um olhar profundo e ameaçador. - Como também não vai chegar a saber nunca, entendeu?

Antes que um indignado Sírius pudesse responder alguma coisa, Lily entrou na sala.

- Sírius, quem era na... - Seus olhos depararam-se em Sarah, que não se incomodou nem um pouco com a situação em que fora encontrada na casa dos outros, nem com a clara reprovação nos olhos verdes da ruiva.

- Oi, Liy. Como está?

- Bem, e você?

- Ótima. A propósito, meu irmão lhe mandou um recado.

Lily franziu o nariz em desagrado, mesmo assim, perguntou qual era.

- Ah, deixa eu ver... - nus esforço para se lembrar, Sarah mordeu os lábios e franziu o cenho. Por alguma razão, Sírius se mexeu desconfortável no sofá. - Ah sim, lembrei. Ele diz que sonhou com a beleza de seus olhos verdes, de seu cabelo vermelho como fogo que encendeia o seu coração, e que mais que a terra precisa da água, o céu precisa das Estrelas e a lua, do mar, ele precisa de você e anceia em reencontrá-la. Acho que é só.

As bochechas de Lily estavam tão rubras que pareciam em brasas. Sírius não conseguiu conter o riso, o que piorou ainda mais a situação.

- Diga ao seu irmão que eu... agradeço ao... verso. Mas para ele evitar passar esse tipo de recado por outras pessoas, se não for pedir demais.

- Digo a ele que você corou também ou quer que eu pule essa parte?

Sírius tapou a boca com a mão para abafar o riso.

- Pule - Lily soletrou, baixinho. - Se puder fazer isso. Ficarei agradecida. Agora fique a vontade que eu tenho coisas a resolver.

Quando ela saiu da sala, o garoto não aguentou mais e explodiu em gargalhadas.

- Você viu a cara dela? Isso... Foi... demais!

- Não sei porque - comentou Sarah com um olhar distante. - Mas acho que sua irmã não gosta muito de mim.

Sírius enxugou as lágrimas, tentando se conter.

- Não esquenta. Ela não gosta é do seu irmão... - sacudiu a cabeça, voltando a rir. - Nunca vou esquecer a cara dela! Foi o melhor presente de aniversário do mundo!

Sarah sentou-se depressa.

- Puxa, esqueci a melhor parte do recado! É melhor eu ir atrás dela...

Sírius a puxou pela mão antes.

- Acredite, não é uma boa você entrar lá agora. Qual é o recado?

- Ele recebeu o distintivo. Vai ser monitor da sonserina este ano.

Sírius torceu o nariz.

- Então avise que ele vai ter de receber ordens dela, pois foi elevada ao cargo de monitora chefe.

- Isso é verdade?

- Sim. Ela se gaba disso toda hora.

Houve um minuto de silêncio.

- Nossa, é verdade, amigo, eu ainda não te dei os parabéns!

Dito isto, ela lhe deu um abraço teatral e começou a soltar uma ladainha de "muitas felicicades", "muitos aninhos de vida", "Que papai do céu lhe abençoe com muita saúde, alegria, e futuramente muitos filhinhos", etc.

- Eh, Sarah... Você esté me sufocando - ele avisou, com a cabeça amassada no ombro dela, onde ela o apertava.

- Não seja ingrato, eu estou te parabenizando!

- Seria pedir demais que me deixasse vivo para que outras pessoas também possam fazer o mesmo?

Com uma expressão de riso e fingindo contrariedade, ela o soltou.

sírius passou a massagear o pescoço vigorosamente.

- Por Merlim, para uma garota você é muito forte!

- Não zombe da fragilidade de uma donzela indefeza, Síx - ela gracejou, com aquele sorriso que o fez se esquecer da dor no pescoço.

- Mas tão rápido quanto apareceu o sorriso sumiu. Tão repentinamente que Sírius se assutou, ela ficou séria.

- Mas, Sírius, agora vamos conversar sério. Eu te conheço desde sempre pra saber que você adora festas de aniversário. O que aconteceu para que cancelasse?

Suspirando, Sírius decidiu não economizar palavras para explicar-lhe tudo. Desde os fatos mais concretos aos seus receios.

Além de ouvir em silêncio e prestar atenção em cada detalhe como a boa amiga que era, Sarah ainda compartilhou da mesma opinião e o aconselhou a tentar descobrir mais tarde, quando os pais chegasem. Antes, porém, era bobagem manter-se preocupado.

- Além disso, por enquanto é apenas uma reunião. O que pode acontecer dentro de uma sala do ministerio?

- Ei, vocês dois! - veio a voz de Lily da cozinha. - Se quiserem comer alguma coisa é bom virem me ajudar!

Sírius olhou para Sarah, sorrindo agradecido.

- Já almoçou?

- Não - ela respondeu, sincera. - Eu teria almoçado na Lúcia, mas sua carta...

- Vocês vão vir ou não?!?!?!?!

Ambos estremeceram com o grito agudo.

- Da próxma vez que meu irmão mandar um recado - Sarah disse - Lembre-me de como ela grita e eu permanecerei calada.




- Agora sim, acho que eu poderia dormir, estou de estômago cheio e morrendo de sono! Sai pra lá!

Sírius que acabara de se jogar no sofá, foi obrigado a se levantar com os cutucões em sua costela.

- Esse é o meu sofá! - exclamou indignado. - O meu sofá favorito!

- Sempre achei que o se sofá favorito fosse aquele lá - ela apontou para o que estava bem perto da lareira.

- No inverno sim, mas no verão esse aqui é melhor, é do lado da janela...

Sarah girou os olhos.

- Vamos dividar então. Se ajeite aí.

Apesar de tudo, Sírius ainda era um cavalheiro e uma pessoa solidária, então apenas negou.

- Pode deitar, você parece mesmo cansada.

Satisfeita com a gentileza, Sarah lhe deu um beijo estalado na bochecha e se acomodou no sofá, enquanto tagalerava sem parar.

- ... Imagine! Corujas em plena madrugada! Claro que em consideração à mamãe, papai deve ter prefirido ficar on escritório, mas acontece que o escritório é ao lado do meu quarto! Bem, pelo menos o particular dele, porque há mais dois... Bem, mas enfim, acabou que eu não consegui dormir direito, ora escutando coruja piar e bater no vidro, ora escutando os passoas dele pra lá e pra cá, pra lá e... Sírius? A propósito, será que você não poderia mandar uma carta ao papai dizendo que eu... Sírius?!

- Hãm???
- Você estava me ouvindo? Parecia no mundo da lua!

- Eu... Estou bem. Só me perdi no que você estava falando. Uma carta, né? Vou pegar papel e caneta.

Claro que ele nunca assumiria para Sarah que suas pernas perderam o movimento, a garganta secara e sua mente esvaziara-se quando constatou tão perto de seus lábios aquele beijo chegou. Sacudiu a cabeça, voltando para a sala com o material na mão. Isso nunca tinha acontecido antes e nem voltaria a acontecer, foi apenas uma reação... normal. E estranha - muito estranha - que não se repetiria.

- Aqui está, o que quer que eu... - Calou-se, pois percebeu que ela dormira nos poucos segundos em que inha saído.

Sorrindo, sírius tirou um livro da prateleira e acomodou-se na poltrona a sua frente. Velaria pelo sono dela, leria um livro e ficaria alerta à chegada dos pais,

Embora ele se esquecesse das duas últimas opções a cada cinco minutos.


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Taí, desculpem a demora, espero que curtam ae. E comentem... XD

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