Sete Filhos Part 5



Chapter Three – Sete Filhos [Part 5

Então julho chegou, mas muito diferente dos últimos quinze julho’s anteriores. Desta vez em vez de trazer o costumeiro calor do inicio de verão, com ele veio um clima abafado durante os dias e um nevoa gélida durante a noite.

Para a maioria das pessoas, os trouxas, era só uma crise climática, havia acontecido algo assim dezesseis anos atrás e era normal voltar a acontecer. Mas para os bruxos isso tinha uma explicação muito obvia: Lord Voldemort.

Desde a noite fatídica de junho em que o ministério da magia havia sido invadido e tinha sido testemunha de uma luta de dois órgãos que a maioria dos bruxos achavam estar extintos. A ordem da fênix e os comensais da morte.

Molly Weasley suspirou e voltou sua atenção ao jantar. Tinha muita coisa para se preocupar nunca se vira tão sobrecarregada de deveres, isso porque a ordem estava em um “recesso” para a segurança dos membros. O pior é que tal recesso não aumentara muito a segurança dos membros da ordem, e agora mais do que nunca ela temia pelos seus filhos.

É claro que desde a volta de Voldemort há um ano, ela estava nervosa pelos filhos, porem agora que ele saíra do esconderijo isso tornara duas vezes mais riscos que seus filhos corriam. E o pior é que agora só havia dois filhos freqüentando Hogwarts sob a proteção de Albus Dumbledore, e se é que a situação poderia ser ainda pior, ela era. Dos seus cinco filhos mais velhos, quatro participavam da ordem da fênix e o outro que por acaso estava ainda brigado com a família por um motivo idiota, pertencia ao primeiro escalão do ministério que mudara na ultima semana e agora confrontava Voldemort de um jeito mais ofensivo do que a própria ordem da fênix.

Agora alem dos comensais da morte atrás dos membros da ordem da fênix e agora eles sabiam o nome de vários por causa do confronto no ministério, o próprio ministério estava atrás dos membros de tal organização. No começo Rufus Scrimgeour queria unir forças com a ordem, porém por causa de um desentendimento com Dumbledore ele tratava tal pessoas como um grupo de resistência que não tinha justificativa, afinal o pais ainda estava na mão deles e não de Voldemort, e evitava falar sobre tal grupo.

Acontece que na ultima semana de junho Cornélius Fudge, até então ministro da magia, foi obrigado pela população bruxa a entregar o seu cargo. Ele tentou de varias maneiras mostrar a população que ainda era digno de tal cargo, dizendo que o tal ataque de gigantes a costa oeste ainda não havia sido comprovado e que o ataque aos trouxas não poderia ter sido evitado por nenhum bruxo. Porém quando Madame Bones, chefe do departamento de execução das leis mágicas foi encontrada assassinada depois de ter sido violentamente torturada, Fudge não teve escolha senão abdicar do seu cargo, mas antes que o fizesse outro assassinato brutal foi descoberto o de Emelina Vance, uma bruxa que por acaso participava da ordem da fênix.

Dumbledore que andara sumido nos últimos dias apareceu e convocou uma reunião extraordinária na casa de Kingsley Shacklebolt. Lá ele deu uma explicação simples sobre eles fazerem feitiços Fidelius em suas casas e para sempre andarem com a varinha em mãos, pois agora estavam enfrentando também os dementadores que haviam abandonado Azkaban e se juntado a causa de Voldemort. Era importante também que eles conseguissem o maior numero de informações possíveis e que as guardassem até a próxima reunião que ocorreria no dia primeiro de setembro após o jantar de boas vindas dos alunos.

Bill que já não morava n’A Toca, o problema para Molly foi que foi num primeiro de julho, depois de voltar de três dias na França. Bill que estava promovendo um jantar na casa dos pais para sua até então namorada Fleur Dellacour, declarou que eles estavam noivos e que iriam se casar no agosto do ano seguinte. A noticia foi como um choque e todos na mesa, inclusive Charlie que havia vindo a pedido de Bill se viraram para ver a reação de Molly.

Não que ela odiasse a “noiva” de Bill. Só que ela não a suportava. Sua arrogância era digna de uma família de sangue-puro rica e esnobe como os Malfoy. E o pior nem ela nem Bill pareciam notar isso, na verdade Molly percebera que só Ginny percebera isso.

Então como Bill não poderia ficar morando na casa dos pais, já que ficaria muito incomodo voltar para a casa dos pais depois de sair dela, continuou a morar em seu pequeno apartamento em Londres, porém Fleur ficara n’A Toca a pedido de Molly. E toda vez que Bill aparecia, pelo menos uma vez por dia, ela arrumava um jeito de encontrá-lo com Tonks.

Certo ela era um pouco mais velha que Bill, porém Molly achava que seria um nora perfeita.

-Mãe... O que está tentando fazer trazendo a Tonks para almoçar e jantar todos os dias aqui? – Bill perguntou assim que Fleur disse que ia tomar banho deixando Molly e Bill a sós na cozinha.

-Nada filho, eu só gosto muito dela e a acho uma mulher incrível. Alem de ser uma jovem auror ela é incrivelmente bela e...

-Mãe! – ela virou-se para o filho e viu uma expressão zangada, era muito difícil ver tal expressão no rosto de seu primogênito – a senhora não está tentando fazer o que acho que está tentando está?

-Eu... Er... O que?

-A senhora está trazendo a Tonks aqui em todas as refeições possíveis para juntá-la comigo... Para que eu fique com ela e chute a Fleur para fora daqui...

-Não seria uma má idéia...

-Mãe!

-Escute filho – Molly passou a mão no rosto do filho – não estou dizendo que a Fleur é uma garota má, mas veja só... Ela é arrogante...

-Ela é francesa mãe. – Bill falou calmamente.

-Certo, mas não deixa de ser arrogante certo? Bem... Ela nem ao menos fala inglês direito...

-Eu falo francês fluentemente mãe... Esqueceu que trabalhei no Egito? Lá tem mais bruxos franceses do que ingleses...

-Certo, mas veja... A Tonks é metamorphus... Poderia ficar linda de um jeito diferente para você todos os dias...

-A Fleur é descendente direta de uma veela mãe...

-Veja só! Não quero meu filho se misturando com criaturas estranhas...

-A senhora que está sendo arrogante agora Molly Weasley, está agindo como a Umbridge... – Molly ficou um pouco vermelha com o ultimo comentário – olha só mãe eu entendo a sua preocupação, afinal eu sou seu filho mais velho e o primeiro a assumir um compromisso serio, embora ache que o Ron será o próximo depois do Percy – ele deu um sorriso – mas o que a senhora está tendo é uma crise de ciúmes comum...

-Eu não estou com ciúmes...

-Os trouxas chamam isso que complexo de Édipo mãe e a senhora vai se acostumar com isso...

-Eu não estou com ciúmes Bill Arthur Weasley! Eu só não quero você infeliz após ter se casado com uma lambisgóia só porque uma guerra está acontecendo por aí... – Molly apontou o dedo para o filho que sorriu novamente, fazendo-a se irritar ainda mais.

-Então é esse o problema? É por que vou me casar rápido?

-É... Não!

-Ora ora... Molly Weasley dando uma lição de moral sobre não casar-se afobadamente...

-Eu não fui afobada!

-Mãe vocês tinham acabado de completar dezoito anos quando eu nasci, e vocês se casaram... – ele apontou o polegar para o peito quando disse o eu.

-Exatamente nós já tínhamos você...

-Então esta dizendo que eu devo fazer um filho com a Fleur o mais rápido possível? Isso sim é afobação...

-Não estou dizendo nada disso! Só estou dizendo que eu e seu pai já tínhamos certeza que éramos perfeitos um para o outro, e tínhamos você como prova... – ela deu um sorriso.

-Mãe... Eu e a Fleur também somos perfeitos um para o outro...

-Não são nada... Você é lindo, educado, humilde, inteligente e um rapaz de bom coração... E ela é só... Uma Fleuma...

-Mãe! – Bill voltou a ter a expressão zangada no rosto – escute... Não quero mais ouvi-la xingar minha noiva! A senhora pode não achar que ela seja perfeita para min, mas eu tenho certeza disso e um dia a senhora também verá isso... Quanto a Tonks a senhora acha ela a nora perfeita agora, mas eu aposto que se eu tivesse com ela a senhora estaria achando vários defeitos para ela...

-Eu não encontraria defeitos na Tonks ela é...

-Uma grande auror jovem e linda, mas muito atrapalhada e estabanada... Se a senhora for comparar ela com a Fleur verá que minha noiva é a perfeição quando se fala de educação e ela não é afobada de jeito nenhum... Alem de todos esses fatores – Bill pausou olhando ao redor – a senhora já deve ter percebido que ela gosta do Remus...

Isso era verdade, Molly já havia notado que Nymphadora Tonks estava perdidamente apaixonada por Remus Lupin, mas ela ainda tinha uma pontinha de esperança que ela esqueceria Remus e se apaixonaria por Bill se continuasse a trazê-la até sua casa, afinal seu filho era muito bonito. O maior problema é que cada vez mais Tonks estava mais “sem-vida” desde o ataque no ministério ela estava desanimada com alguma coisa.

-E anda muito melancólica... – Bill finalizou – agora, eu peço a senhora e também a Merlin que dê juízo a senhora para que possa conviver com minha noiva pacificamente já que foi a senhora que exigiu que ela ficasse aqui e eu como fiel do segredo não posso permanecer aqui... – ele deu um beijinho na testa da mãe – eu sei o que estou fazendo mãe... – ele deu um sorrisinho encorajador – vou me despedir da Fleur e vou embora... É perigoso eu sair daqui muito tarde...

O mês foi se passando vagarosamente e embora Bill tivesse a advertido sobre o humor de Tonks e de que era uma causa perdida tentar juntá-lo a moça, Molly não desistiu e toda vez que ela não estava a trabalho ou vigiando a casa dos tios de Harry a serviço da ordem, Molly a convidava para ir até sua casa e tinha uma pequena esperança que ela se encontrasse com Bill.

O pior é que Molly foi forçada a viver com Fleur, já que ela iria ficar na Inglaterra pelo menos até o dia das bruxas aperfeiçoando o inglês e tomando algumas decisões sobre a cerimônia de casamento. Até lá Molly teria que aturá-la em sua casa.

Além de todos os problemas ela agora mal via os gêmeos, que pareciam ter arrumado um jeito de se alimentar sem ter que recorrer à comida da mãe a todo o momento e isso era muito ruim, pois para vê-los Molly ia ter que ir até o Beco Diagonal que agora era uma viela sombria e vazia, e não era nada prazeroso passear por lá.

Foi ainda na primeira semana de julho que souberam que Olivaras o melhor produtor de varinhas do Reino Unido havia desaparecido e provavelmente tinha sido obra de Voldemort. Quem também sumiu do Beco Diagonal sem deixar vestígios foi Florean Fortescues dono da sorveteria de mesmo nome. Ninguém agora saia de casa com medo de encontrar um comensal da morte na esquina e os panfletos informativos sobre maldições Imperius e poções polissucos não ajudavam muito fazendo o pânico e o medo se espalhar pela comunidade bruxa assim como da outra vez em que Voldemort estivera poderoso. Molly estava achando que o ministério estava ajudando-o involuntariamente.

Hermione Granger amiga de Ron chegou na segunda semana de junho para passar o resto das férias ali, foi também naquela tarde em que Molly tivera mais uma de suas crises de saudades de Percy. Dumbledore aparecera para avisar que Harry chegaria no sábado pela manhã quando a viu chorando.

Era incrível como as palavras tão sabias de Dumbledore soavam tão doce e encorajadoras para Molly, coincidência ou não, depois da visita dele Molly ficou sem chorar por causa de Percy até o natal.

Harry Potter, outro amigo de Ron chegara acompanhado de Dumbledore nas primeiras horas da madrugada, enquanto Molly tentava animar Tonks o máximo possível. Mas uma vez ela se viu frustrada, pois de nada estava adiantando trazer a moça para sua casa pelo menos quatro vezes na semana, e o pior cada vez mais Fleur estava se tornando insuportável, e se poderia haver algo pior é que agora Ginny e Hermione não estavam ajudando Molly com ‘ela’.

O mês de julho foi passando rapidamente sem nenhuma nova noticia de Dumbledore ou de ataques, até que no meio da festa de aniversario de 16 anos de Harry, Remus Lupin chegou com a noticia que Igor Karkaroff, um comensal da morte desertor havia sido encontrado morto. Essa noticia abalou a festa deixando-a muito irritada.

Perto do fim de agosto eles decidiram ir até o Beco Diagonal comprar o material escolar de Ginny, Harry, Hermione e Ron. Foi muito estressante para Molly, pois ela não parava de olhar para os lados com medo que um comensal da morte aparecesse em uma esquina e tentasse matar seus filhos. Na verdade ela estava um pilha de nervos e quando por um momento ela teve a impressão que Harry, Ron e Hermione haviam desaparecido na loja de logros do gêmeos ela quase teve um ataque cardíaco.

No dia primeiro de setembro, por incrível que pareça eles não se atrasaram para o embarque dos garotos. Foi naquela noite também que Tonks finalmente foi jantar n’A Toca novamente. Ela contou que Harry havia sido petrificado por Draco Malfoy, um primo dela, e que se ela tivesse esperado mais alguns segundos para ir conferir o trem, Harry não estaria em Hogwarts.

Arthur se sobressaltou com o nome de Draco Malfoy, e quando Molly indagou o motivo ele disse que era por causa de Lucius Malfoy, e depois saiu dizendo que havia esquecido de encaminhar algo no trabalho.

-Tonks querida tem certeza que você está bem? – Molly perguntou depois de recolher os pratos.

-Estou sim Molly, obrigada – ela respondeu com um sorriso fraco.

-Não querida você não está – Molly se virou seria para Tonks – eu sei que não sou sua mãe nem nada para dizer isso, mas eu realmente me importo com você... Isso é por causa do Sirius?

Houve uma pausa constrangedora em que Tonks abrira a boca assustada e Molly esperava a resposta.

-Não... – Tonks respondeu passado mais alguns segundos – não é só por causa do Sirius...

-Então o que é querida... Você sabe que a tenho como uma filha não sabe?

-Obrigada Molly... É só que é complicado demais...

-Você pode se abrir para min querida.

-Eu... – Tonks olhou nos olhos dela – certo... É o Remus...

Mais uma pausa constrangedora no qual Tonks abaixou o rosto e Molly ficou estática, então Bill estava certo afinal? Ele supusera muito bem... Realmente Tonks estava sentindo algo por Remus Lupin.

-Como assim querida? – ela perguntou do jeito mais dócil e agradável possível.

-Ele... Nós... – Tonks suspirou profundamente – Ele diz que não devo ficar com ele...

-Como assim querida?

-Er... Vou começar do inicio...

“Logo no começo do outono deste ano, eu tive que passar algumas semanas na sede da ordem porque estava vigiando os arredores do largo Grimmauld... Só que na mesma época o Remus estava lá também, faltava uma semana para a lua cheia...”

“Snape deixara as poções prontas e o Sirius ficaria de entregá-las a ele um hora antes das transformações... Só que de repente eles discutiram... E o Sirius ficou rabugento como sempre, se isolando com o hipogrifo e mal falando conosco... Ficamos praticamente sozinhos naquela casa... E acabou rolando...”

Acabou rolando... Como acabou rolando? Remus tinha a idade da mãe dela, Molly sabia disso... Andrômeda Tonks, ou como na época era chamada Andrômeda Black cursara o mesmo ano de Sirius Black, seu primo; James Potter, o pai de Harry e Remus Lupin. Aquilo era realmente estranho, mas Molly não interrompeu.

-Não foi culpa dele – Tonks acrescentou fazendo Molly sentir-se aliviada, pelo menos isso, pensou Molly. Na verdade ela já suspeitava que Remus Lupin nunca iria dar em cima de uma moça cerca de vinte anos mais nova que ele... – foi minha culpa – uma lágrima escorreu pelo rosto de Tonks.

“Foi depois da terceira noite de lua cheia... Eu fui levar o café da manhã dele... Sirius havia brigado com ele na noite anterior... Eles haviam discutido porque Sirius pedira, na verdade insistira que agora que tinha alguém na casa ele poderia ir até a rua dar uma volta como o Snuffles...”

-Snuffles?

-É como ele chamava sua forma de animagus...

-Certo...

“Bem como o Remus não concordou, eles discutiram e Sirius disse que preferia mil vezes ser um lobisomem, pois assim poderia ir até os outros lobisomens e ficar em liberdade por algum tempo, depois percebeu o que falou e saiu do porão batendo a porta irritado, deixando o Remus arrasado... Naquela noite eu fui levar a poção para ele, e o Remus me fez prometer que não deixaria o Sirius sair... Foi aí que vi o quão lindo ele era”

Tonks deu um pequeno sorrisinho.

“Bem... Na manhã seguinte eu fui levar o café da manhã... E ele ainda estava adormecido no chão... Eu fiquei ali o acariciando... Então ele acordou assustado... Ficamos nos olhando por um tempo e eu me levantei envergonhada e sai dali... Foi no outro dia então quando eu fui novamente entregar o café dele que o vi, com um enorme arranhão no peito... Eu comecei a curá-lo, mas ele acordou e... Bem... Ele disse que eu não devia estar se envolvendo com ele... Era um homem amaldiçoado que não merecia ajuda de ninguém e que já havia quase arruinado a reputação de Dumbledore por confiar nele... Que quase matara Harry e... Eu o beijei...”

Molly olhou para ela assustada. Sabia o quanto Tonks era impulsiva, mas... Não imaginava que ela fosse tanto ao ponto de beijar Remus assim.

“Depois disso ele me afastou assustado e eu saí de lá sem falar nada... No fim da tarde ele conversou com o Sirius novamente...”

-Não voltamos a falar sobre isso até a noite em que fomos ao ministério... – outra lágrima escorreu pelo rosto da moça – e ele disse que eu nunca vou poder ficar com ele, que eu posso arranjar alguém melhor... Como se eu quisesse outra pessoa Molly... Eu só quero o Remus Lupin...

E depois disso Molly a abraçou. Não foi qualquer abraço, mas foi um abraço materno.

-Tonks... Nymphadora querida... – Tonks amarrou a cara ao ouvir seu primeiro nome, mas não protestou – eu realmente queria que você fosse minha nora... Diferente da Fleur você é uma grande mulher, mas eu vejo que é inútil querer isso... Você está perdidamente apaixonada pelo Remus...

-Eu... Molly – ela continuava abraçada a Molly, como estava sentada e Molly em pé, a matriarca Weasley ficou alisando seus cabelos castanhos.

-Não precisa se preocupar... Remus vai ter que ouvir a voz da razão... Ah se vai!

Tonks deu um soluço e depois sorriu, e as duas ficaram assim por um longo tempo. Agora Molly outra coisa a fazer... Colocar juízo também na cabeça de Lupin.

Não que achasse certo que Tonks, uma moça desajeitada na sua opinião... Namorasse um quarentão serio e desanimado como Lupin. Mas isso era o amor, eles se completavam de um jeito tão bonito quanto ela e Arthur. E a partir de agora iria fazer questão de que da próxima vez que o encontrasse ia falar umas boas verdades. Onde já se viu impedir-se de ser feliz só por causa de uma simples complicaçãozinha... Principalmente agora que estavam em guerra, ele não poderia se privar de ser feliz.

Os mês de setembro e outubro se passaram lentamente, com varias discussões e irritações diárias com sua nova nora. Molly realmente já não agüentava e foi com muito alivio e prazer que viu Fleur partir com Bill após o jantar do dia das bruxas.

Agora todos os membros da ordem estavam tomando a máxima precaução e os únicos membros que continuavam com suas respectivas missões especiais eram: Remus Lupin, infiltrado entre os lobisomens tentando trazer o maior numero deles para a causa de Dumbledore, ou pelo menos afastá-los da causa de Voldemort; Severus Snape, infiltrado não só entre os comensais da morte, mas dentro do circulo de confiança do Lord das Trevas, essa informação havia sido dada na reunião que ocorrera após o dia das bruxas na qual Dumbledore esclarecera as missões de todos os membros da ordem da fênix, apenas para os membros chaves: Remus Lupin, Arthur Weasley, Severus Snape, Kingsley Shacklebolt e ‘Mad-Eye’ Moody... Arthur claro contara a ela sobre tudo com a concessão de Dumbledore; e por último Dumbledore. Ele continuava em alguma missão misteriosa que não fora revelada a ninguém.

Qualquer missão ou afronta a comensal da morte estava proibida até segunda ordem. Foi assim que a ordem da fênix foi “dissolvida” de uma hora para outra. Embora tivesse havido varias indagações dos membros para Dumbledore do porque “dissolver” a ordem agora que Voldemort estava agindo abertamente, Dumbledore só respondeu que não ajudaria em nada que o ministério acabasse prendendo os membros da ordem por se aliarem a ele, e que também os serviços dos membros não seriam úteis por enquanto, pois ele afirmou que Voldemort estava longe do pais, mais precisamente na Europa Oriental, isso deixou Molly bastante alarmada.

Enfim o mês de novembro e o de dezembro passaram calmamente e dois dias antes do natal Harry, Ron e Ginny chegaram para passar o feriadão n’A Toca, mas antes dela vê-los ela teve que re-ver alguém que não esperava até o próximo julho. Fleur voltara e dessa vez para ficar e organizar de vez a cerimônia de casamento que iria acontecer na casa de Molly na primeira semana de agosto.

Na véspera de natal, ela decidiu fazer uma pequena ceia e além de Harry e Fleur a única pessoa sem ser um Weasley na casa era Lupin. Ele ficou ali o tempo todo olhando para a lareira e Molly o viu conversar com Arthur e Harry por alguns momentos, quando Fleur começou a cantar uma das musicas da cantora favorita de Molly todos começaram a subir para as camas. O olhar mortal de Molly fez Bill puxar sua noiva para fora e quando Molly se virou só viu um Lupin muito abatido olhando para a lareira.

-Remus?

-Hum – ele virou a cabeça e se deparou com a matriarca Weasley – Molly... Ah eu já vou indo...

-Não é isso Remus... Você está bem? – ela deu um olhar de mãe e verificou em como aquele homem que estava chegando a meia-idade estava acabado, mas não perdera seu charme.

-Claro... Só um pouco abatido... Asses do oficio – ele deu um sorrisinho amarelo e se levantou.

-Tem certeza?

-Claro qual outro motivo seria? – ele deu a ela um olhar desconfiado.

-Hum... Nenhum – ela deu um sorrisinho – a não ser quem sabe a Tonks...

Um silencio se instaurou no recinto em que estavam, e Lupin ficou olhando para a mulher com uma mistura de espanto e lamentação no rosto.

-Eu não sei do que está falando Molly... Agora eu tenho que ir – ele se encaminhou para a porta, mas Molly barrou seu avanço.

-Eu sei que não tenho direito de me meter na sua vida, tampouco na sua vida amorosa, ainda lembro do que o Sirius me disse... – ela pausou e viu uma expressão triste forma-se no rosto do homem – Mas Remus o que diabos pensa que esta fazendo?

-Molly eu realmente aprecio o que está tentando fazer, porem eu realmente não quero falar sobre isso...

-Não precisa falar Remus, eu já sei de quase tudo... Eu só quero que você me escute certo?

Ele fez menção de sair da casa, mas ao se deparar com o olhar dela voltou para a poltrona e se sentou calmamente.

-Sou todo ouvidos...

-Como eu já disse não tenho o direito de interferir em nada, mas agradeço a Merlin por você pelo menos me escutar – ela deu um sorrisinho encorajador que não foi correspondido – escute Remus... Você não deveria fazer isso consigo mesmo e com a Tonks...

-Molly eu sei que o que eu fiz foi errado, mas não há outro jeito...

-Lógico que há! Remus ela ama você...

-Não Molly ela não ama... Ela só pensa que ama, e o quanto antes ela se afastar de min vai esquecer essa besteira toda e vai tocar sua vida em frente...

-Remus abra os olhos para a razão! Ela te ama, e você também a ama! Dá pra ver no jeito em que vocês falam um do outro... Não se impeça de ser feliz... Não nesses tempos em que a felicidade é tão rara, nesses tempos em que o amor é tudo que não pode ser roubado de nós...

-É por isso Molly – ele pausou e deu uma longa respirada – não quero que ela se preocupe comigo, eu posso não estar vivo amanhã...

-Você e todos nós...

-É diferente Molly... Eu sou... Eu sou um lobisomem! – havia uma angustia na expressão dele – você acha que eu gosto disso Molly? Você acha que realmente não queria ser uma pessoa normal? Você realmente acha que eu não queria estar ao lado dela?

-Remus... Isso não impede vocês de ficarem juntos... – Molly sentiu lágrimas no seu rosto – não se impeça de ser feliz Remus, você não acha que já se fez infeliz demais não? Se culpando pelo ódio entre o James, o Sirius e o Severus... Se culpando pelo desfalecimento do seu pai... Logo após saber que você havia se tornado um lobisomem... Se culpando por não ter se candidatado ao fiel do segredo dos Potter... Se culpando por não controlar Sirius quando ele tentou matar Pettigrew... Por ter esquecido de tomar a poção Acônito na noite em que quase prenderam Pettigrew e provariam a inocência de Sirius... Por não ter conseguido impedir a morte de Sirius... – ela soluçou ao enumerar tantos fatos ingfelizes na vida de um homem – você tem que tentar ser feliz Remus... Uma vez na vida...

-Eu não devo... Estaria passando minha infelicidade para ela...

-Tenho certeza que o James e o Sirius iriam fazer questão que vocês ficassem juntos... Eles sempre quiseram isso... Que você se sentisse normal e que fosse feliz...

Mais uma longa pausa em que ele ficou engolindo em seco e absorvendo cada palavra de Molly.

-Molly eu não posso... Estaria colocando-a em perigo... – ele falou com a voz rouca, parecia estar segurando um choro.

-Não... Não estaria... Ela pode aprender a preparar a poção Acônito e você não será perigoso... Ela é uma garota esperta Remus... E o mais importante ela te ama...

-Ela é jovem... – ele desviou o olhar e Molly teve certeza de ver uma lágrima deslizar pelo seu rosto – vai encontrar alguém melhor...

-Não existe alguém melhor para ela Remus... Ela te ama...

-Molly eu carrego uma maldição!

-Tenho certeza que ela adoraria ajudá-lo a carregar essa maldição... Por favor, Remus não deixe que a felicidade fuja de você... Poucos são os afortunados que tem a chance de ficar junto da pessoa que ama...

Lupin nada disse ele só se encaminhou até a porta e desta vez Molly o deixou passar, ela imaginou ter ouvido um obrigado, quando eles estava saindo da área do encanto fidelius Molly gritou.

-REMUS! – ele se virou para olhá-la – apareça amanhã... Nós gostaríamos da sua companhia aqui...

-Certo – e ele desaparatou.

Molly dormiu assim que caiu na cama, se acordou subitamente achando que estava atrasada, tinha que colocar os presentes em todos os quartos. Arthur já estava levantado e a ajudou a mover os presentes para cada quarto, quando ela voltou a sua cama se deparou com uma pilha de presentes muito maior do que as anteriores. Normalmente só recebia presente de Bill, Charlie e Arthur, às vezes umas lembrancinhas de Ron, Ginny, Fred e George. Havia agora presentes de Bill, Charlie, Arthur, Remus, Nymphadora, Harry, Fred e George, os últimos dois eram um chapéu azul com alguns diamantes e um colar de ouro.

Ela desceu contente já vestida com seu suéter e preparou o café da manhã, aos poucos as pessoas foram descendo e outras aparecendo.

Era mais um café da manhã normal, só que quando ela viu Fleur dando comida na boca de Bill, uma raiva súbita apareceu. A raiva que tinha de Remus retornou, não que fosse culpa dele de Fleur estar dando comida na boca de Bill, só que ela achava que Tonks não estava com Bill por causa de Remus e subitamente a conversa que tivera com Remus na noite anterior se apagou de sua memória. A raiva estava consumindo até que ela olhou para o jardim de relance e viu uma pequena cabeleira cor de fogo.

Ela olhou de novo e não reconheceu quem era a principio. Não podia ser Charlie, ele mandara uma carta dizendo estar indo até a Hungria conter alguns Rabo-cornéos... Só restava então...

-Arthur! – ela falou ao se dar conta dos óculos de tartaruga refletindo o sol – Arthur... É o Percy!

Ela colocou a mão no peito, pois sentira uma forte pontada ali, porem logo percebeu que ele não estava sozinho, estava acompanhado.

-Arthur ele está... Está com o ministro!

Todos tiveram uma reação diferente, porem Molly não reparou em nenhuma delas. Percy e o ministro da magia Rufus Scrimgeour adentraram a cozinha e Percy tinha expressão contrariada, mas sem nenhuma emoção contida no rosto.

-Feliz natal mamãe – ele disse formalmente.

-Ah Percy! – ela não conseguiu mais conter-se e se jogou nos braços de Percy dando lhe um abraço quebra costelas. O ministro falou alguma coisa, mas ela não conseguiu absorver, ali estava o melhor presente de natal que ela poderia querer e todo o resto era... Resto...

Então quando finalmente largou Percy, ele endireitou os óculos e deu um sorrisinho para a mãe, ela olhou ao redor e viu que todos estavam muito sérios, principalmente Arthur, Fred e George. Ela finalmente percebeu a falta de cordialidade com o ministro da magia.

-Por favor entre ministro, sente! – ela tentou endireitar seu chapéu, depois ofereceu-lhe suco e comida, mas por alguma razão ela não estava conseguindo falar direito e pequenos soluços de alegria saiam de sua boca.

O ministro disse que não queria incomodar e que só estava ali porque estavam passando pela vizinhança e Percy pedira para ir visitá-los. Depois disso ela não prestou atenção em mais nada e agarrou Percy novamente só para ter certeza que ele não iria fugir.

Depois de um longo abraço ela notou que o ministro saíra do aposento com Harry e caminhavam pelo jardim.

-Percy... – Bill o cumprimentou sem qualquer sinal de afeição e estendeu a mão para ele.

-Bill... – os dois apertaram as mãos e o silencio continuou.

Remus deu um aceno com a cabeça que foi correspondido com um olhar por Percy. Molly percebendo a atmosfera ruim que cercava a mesa da cozinha virou-se para Percy.

-Percy querido como você está? Tem se alimentado direito... Coma um peru... Coloque um pouco de purê... Tem suco aqui, como está a Penélope? – ela fazia perguntas frenéticas enquanto servia um prato para Percy que sentou numa cadeira, e não parava de dar olhares furtivos para o jardim. Remus também olhava para lá sem piscar.

-Esta tudo sob controle mamãe... – ele falou e colocou uma garfada na boca, uma pequena quantidade de purê bateu em seus óculos, ele se virou bruscamente para ver de onde vinha e Fred e George o encaravam com uma cara cínica no rosto. Ele os ignorou até receber outra quantidade razoável de purê no rosto, ele limpou a cara e dessa vez ignorou Ginny. – ela está na Itália...

-Porque tão longe? Vocês ainda estão...

-Sim... Estamos bem, ela está lá a trabalho, vai ficar por lá durante três anos... – ele voltou a colocar o garfo na boca e olhou de relance para Arthur que estava olhando para ele muito serio, mas sem nenhuma reação aparente.

-Três anos? Mais filho... – ela parou de falar ao ver que ele não estava prestando muita atenção nela – Percy eu...

Todos agora estavam olhando furtivamente para o jardim, às vezes se viravam por ouvirem o barulho do purê batendo na cara de Percy, todos exceto Molly.

-Percy querido... – ela falou com lagrimas nos olhos e começou a entender o motivo da visita – eu estou muito feliz que esteja aqui...

Harry entrou na cozinha rapidamente e deu uma olhada em Percy enquanto se dirigia para a sala, todos se levantaram. Percy limpou o rosto uma ultima vez e se dirigiu a porta.

-Percy! – Molly já ia atrás dele, mas sentiu uma mão em seu ombro, era Arthur como o mesmo olhar serio, eles viram Percy se reunir a Scrimgeour e os dois desapareceram com o crack.

O resto do feriado de natal foi horrível para Molly, ela passou quase todos dias chorando por causa de Percy. Ela realmente achara que ele tinha voltado para se desculpar, ela iria tentar falar com ele, mas Arthur a impediu lembrando das palavras de Dumbledore.

No dia da partida de Harry, Ron e Ginny ela estava realmente arrasada e as lágrimas não paravam de escorrer pelo seu rosto.

Janeiro se passou entre varias crises de choro de Molly e discussões com Fleur por coisas bobas. Antes ela fazia questão de evitá-las, mas desde a visita de Percy estava com os nervos a flor da pele, e quando não estava chorando com certeza estava discutindo com Fleur, esse foi um dos motivos de Bill ter levado sua noiva para morar com ele provisoriamente até que ela melhorasse.

Foi só na segunda quinzena de fevereiro que ela finalmente superou a partida brusca de Percy, graças em grande parte aos gêmeos que não paravam de aparecer n’A Toca para tentar animá-la. Ela foi até ver como era o apartamento dos dois em cima da loja deles no Beco Diagonal enquanto comprava o presente de aniversário de Ron.

Ela era bem mais arrumada do que o quarto deles jamais fora. Eles rapidamente justificaram o motivo, haviam contratado a elfa domestica do caldeirão furado para ir fazer uma faxina geral duas vezes por semana no pequeno apartamento.

Estava terminando de fazer os ovos de páscoas desse ano quando o seu relógio que agora estava em cima da pia começou a vibrar freneticamente, o ponteiro de Ron estava saindo de ‘perigo mortal’ para um local preto, em que ela sabia o que era, mas não tivera coragem de deixar tal palavra no relógio, ela ficou paralisada ao notar tal mudança. Então o ponteiro parou. Bem na divisória entre ‘perigo mortal’ e o local preto.

Lágrimas começaram a escorrer pela sua face ela não sabia o que fazer. Ron deveria estar em Hogwarts agora, ainda eram oito horas da manhã... E era o aniversário dele!

Molly colocou qualquer roupa pegou o relógio no colo e aparatou do saguão do ministério da magia. Ela seguiu apressada para a sala de Arthur, ignorando o guarda que pesava as varinhas, ao chegar lá encontrou o marido com expressão total de surpresa ao ver sua mulher no seu trabalho segurando um grande relógio e com lagrimas no rosto.

Antes que ela dissesse qualquer coisa ele viu o ponteiro de Ron e ficou branco, mas quando ele pareceu recuperar a fala uma cabeça surgiu na lareira. Era Albus Dumbledore.

-Arthur! – ele olhou ao redor e viu Molly – Molly... Não achei que você chegasse aqui tão depressa... O relógio! – ele olhou para o objeto nos braços dela – eu tenho uma noticia desagradável para lhes dar – sua expressão estava muito séria.

-OH! Meu Ron! – as lágrimas caíram como uma cachoeira pelo rosto de Molly e Arthur engasgou-se.

-Acalmem-se! Ele vai ficar bem, Papoula já esta cuidando dele... – ele deu um sorrisinho encorajador. Molly aliviou-se.

-O que aconteceu? – Arthur falou.

-Ele foi envenenado.

-Como? – Molly olhava para a cabeça de Dumbledore perplexa enquanto Arthur um pouco mais calmo falava.

-Eu ainda não soube os detalhes, mas eles estavam na sala do Horácio tomando um hidromel envelhecido quando foi envenenado... Papoula, Minerva e eu fomos avisados agora a pouco, elas devem estar tomando as medidas provisórias para que ele fique bem...

-Albus... Eu... – ela respirou mais uma vez – eu preciso ver meu roniquinho...

-Não Molly! – Arthur interrompeu-a – não podemos ir para Hogwarts na manhã de um sábado... Dumbledore iria ter problemas se descobrissem que um aluno foi envenenado... O ministério iria querer saber de todos os detalhes...

-Mas Arthur...

-Iremos assim que meu turno acabar. Não tem problemas os pais irem visitar seu filho no seu aniversário de dezessete anos não é Albus? – ele tentou forçar um sorriso para a cabeça de Dumbledore.

-Obrigado Arthur... Estarei esperando vocês as sete e lhes darei todos os detalhes.

A cabeça dele desapareceu. Molly olhou para Arthur confusa. Como ele poderia tentar impedi-la de ver seu filho?

-Veja Molly ele está melhorando... – ele apontou para o ponteiro do relógio que começava a voltar para a posição inicial de ‘perigo mortal’ – me desculpe Molly, mas não esqueça que não podemos trazer mais problemas para Dumbledore...

Ela ainda estava muito nervosa e acabou concordando com a cabeça.

-Eu farei o possível para chegar o mais cedo possível em casa e nós partiremos para Hogwarts assim que chegarmos... – ele a encaminhou para uma lareira especialmente grande onde as pessoas usavam a rede de floo para se transportar. Jogou um punhado de areia verde na chamas e Molly falou “A Toca” desanimadamente.

O resto do dia se passou vagarosamente e ela não parava de imaginar em como seria se tivesse acontecido algo ao seu filho. Não estava preparada para perdê-lo, na verdade nunca estaria preparada para perder nenhum de seus filhos.

Ao chegarem em Hogwarts eles foram recebido por Dumbledore e seguiram imediatamente para a ala hospitalar ao chegarem as portas duplas ela viu Harry, Hermione e Ginny como olhares apreensivos. Ginny correu e a abraçou, depois que ela largou a filha deu uma espiada rápida nos dois amigos de Ron. Harry parecia abalado, mas estava com uma expressão confiante, mas Hermione... Ela parecia estar mais abalada que qualquer um... Até mesmo mais que Molly, os olhos dela estavam vermelhos e sem vida e quando Molly finalmente entrou na ala hospitalar não pode deixar de sentir um aperto no peito.

Ali estava Ron com uma cara de bobo e uma expressão tranqüila dormindo. Ela correu e abraçou o filho que pareceu não sentir nada, e depois eles seguiram em silencio para a sala de Dumbledore.

Lá ele explicou cada detalhe do que acontecera a Ron e de como ele havia ingerido caldeirões de chocolate que continham uma poção do amor fortíssima. Depois que ele fora levado por Harry até a sala de Slughorn e que depois de tomar o antídoto, Slughorn proporá um brinde de hidromel para comemorar o aniversario do rapaz, assim que Ron ingeriu o liquido começou a se contorcer e graças a uma reação rápida de Harry em que ele levara o bezoar a boca de Ron, o filho deles estava a salvo.

Depois disso Dumbledore explicou a Arthur os motivos da garrafa de hidromel estar envenenada e que Slughorn contara a Dumbledore que ganhara a garrafa de hidromel para dá-las de presente de natal a o próprio Dumbledore, mas acabara ficando para si mesmo.

Quando finalmente terminaram a conversa Molly e Arthur seguiram até a ala hospitalar com Dumbledore acompanhando-os

A primeira coisa que fez foi dar um grande abraço em Harry e agradecer por ele mais uma vez salvar a vida de uma pessoa que ela amava, primeiro Ginny, depois Arthur e agora Ron. Ele realmente era um menino de ouro.

Molly não estava prestando muita atenção aos outros enquanto abraçava o filho adormecido, mas pode escutar o momento em que Arthur disse que tinha sido uma tremenda sorte para os Weasleys quando Ron decidira sentar no vagão de Harry Potter.

Quando finalmente Arthur conseguiu retirá-la do lado de Ron, Molly deu um grande abraço em Ginny e partiu com Fred e George. Ela ainda propusera ao marido para que passassem a noite em Hogsmeade e que fossem visitar Ron no outro dia, mas seu marido lhe lembrou que seria muito suspeito eles ficarem voltando para o castelo quando seu filho estava bem e não precisava ser removido para o St. Mungus.

Ela se sentiu tão só quando voltou para casa que pediu para que Bill trouxesse sua futura nora, mesmo que a contragosto para que fizesse um pouco de companhia a ela durante o dia.

Os dias se passarão lentamente durante aquela primavera e mais ou menos no meio de maio quando Tonks aceitara finalmente ir até sua casa depois de passar uma noite patrulhando Molly ficou sabendo que Remus havia procurado ela.

Eles estavam juntos há alguns dias. Porem uma semana depois quando Molly se encontrou novamente com a jovem auror ela relatou que Remus voltara a seu discurso “Sou perigoso demais, pobre demais, velho demais, você merece coisa melhor...” e eles estavam novamente afastados, mas segundo Tonks, que agora não estava abatida como antes, era só uma questão de tempo até ele finalmente desistir da insistência dela.

Foi também em maio que Bill começou a ir patrulhar Hogwarts quando Dumbledore saía. Por alguma razão que ele não revelou, ele aumentara a segurança e agora toda vez que saia pedia que Tonks, ou qualquer membro da ordem que estivessem em Hogsmeade fosse patrulhar os corredores da escola e não as ruas do vilarejo.

Na segunda vez que Bill voltou de uma dessas patrulhas ele contou que Remus também fora, e que ele começava a achar que Dumbledore estava com medo que algo acontecesse na escola para pedir que três membros da ordem patrulhassem ao mesmo tempo os corredores da mesma.

Era mais uma noite normal de junho, Molly fora se deitar mais uma vez irritada com sua futura inevitável nora, quando Arthur, que chegaria só ao amanhecer apareceu no quarto pasmo com uma expressão de terror no rosto.

-Molly...

-Arthur! – ela olhou assustada para o marido sem compreender a situação.

-Molly...

-O que aconteceu? – ela levantou-se rapidamente percebendo que algo estava errado.

-Comensais da morte em Hogwarts...

Molly ficou paralisada, sabia que hoje era mais uma das patrulhas de Bill em Hogwarts, então alem de Ron e Ginny, Bill também poderia estar em perigo e...

-O que houve?!? – ela falou gritando.

-O Bill...

-MEU BILL? – ela se desesperou.

-U qu tem me Bill – Fleur que estava com um roupão de dormir e com um copo d’água parou na porta do quarto.

-Ele... Minerva me disse que ele foi atacado por Greyback... Ele está vivo, mas...

-Quen ser Gerrback? – Fleur falou agora um pouco amedontrada.

-Fenrir Greyback? – Molly sentiu suas pernas amolecerem e ela caiu na cama, Arthur foi socorrê-la – o lobisomem? – o copo d’água de Fleur caiu no chão espalhando cacos de vidro e água por toda entrada do quarto enquanto ela levava mãos a boca assustada, Molly começou a chorar – Ron... Ginny...

-Estão bem... Vamos Molly precisamos ir para Hogwarts – Arthur falou com um nó na garganta, ele parecia estar se segurando para não se descontrolar.

Molly já estava pronta para usar floo quando Fleur apareceu na escada, vestida e pronta para sair.

-Onde você vai?

-Verr u me noivo! – ela passou na frente de Molly pegou um punhado de floo.

-Ogw... HOGWARTS – ela gritou e desapareceu nas chamas esmeraldas, Molly a seguiu e quando parou de girar se viu na sala de Minerva McGonagall. Fleur já abrira a porta e olhava para que lado deveria seguir no corredor, Arthur chegou logo depois e juntos eles rumaram para a ala hospitalar,

Vários pensamentos passavam pela cabeça de Molly, de como seu filho era jovem, de como ele não merecia tão maldição... Logo agora que ele se apaixonara, logo agora que arrumara uma noiva tão linda... Ela estava tão absorta em seus pensamentos que nem percebeu um canto lindo, mas triste que vinha de algum lugar do castelo, ela nem ao menos prestou atenção nas palavras do fantasma da Humplepuff que estava balbuciando confuso “Dumbledore está morto...”. Ela só pensava no seu filho... Era tão injusto. E agora ela finalmente entendia o motivo de Remus Lupin querer se manter afastado... Ele estava marcado com uma maldição perigosa. E se Bill ficasse com medo de machucar todos ao seu redor assim como Remus... E se ele se afastasse da família... E se ele não quisesse mais vê-los como Percy fizera... E se...

As portas da ala hospitalar se escancararam e ela pode ver. Ali estava seu primogênito deitado na cama. Os cabelos ruivos despenteados e grandes e no seu rosto... Havia marcas que ao vê-las Molly percebeu que seriam incuráveis. Ela tinha certeza que ouvira Minerva falar algo, mas não deu atenção, nada era importante agora... Só seu filho... Só Bill.

Madame Promfey estava passando um ungüento de cheiro acre no rosto dele, mas parou assim que Molly se sentou na cama e ficou olhando para o rosto do filho e depois depositou um beijo na testa dele.

-Você disse que Greyback o atacou? – ela ouviu Arthur balbuciar atrás de si para Minerva – Mas não estava transformado? Que acontecerá ao Bill? – assim que passara por uma imensa janela essa mesma duvida recaíra sobre Molly, ela vira que eles estavam no quarto minguante... Seu filho não poderia ter sido atacado pela forma animal de Greyback... Mas então porque tinha sido atacado?

-Ainda não sabemos... – respondeu Minerva.

-É provável que aja certa contaminação, Arthur – Remus explicou tentando tranqüiliza-lo - É um caso raro, provavelmente único... – ao ouvir isso ela sentiu um aperto no coração – não sabemos qual será o comportamento dele quando acordar... – ao ouvir isso ela tomou sem nenhuma cerimônia o ungüento das mãos da curandeira e começou a colocar em grande quantidade no rosto do filho, se dependesse dela ele ficaria o mais bonito possível... Mas o rosto estava desfigurado...

-E Dumbledore... – Arthur falou depois de uma pausa em que todos assistiam Molly passar ungüento no rosto de Bill - Minerva, é verdade... Ele realmente...?- ela pausou para ver a resposta e com grande receio percebeu que o que o fantasma estivera balbuciando era a mais pura verdade... – Dumbledore se foi... – Arthur sussurrou. Ela viu finalmente o rosto de Fleur, estava amedrontada e lágrimas silenciosas escorriam pelo seu rosto. Não era culpa dela...

Molly se virou novamente para o filho. Dumbledore tinha morrido... A esperança de vencer aquela guerra maldita tinha acabado... O maior bruxo de todos os tempos se fora. A esperança de que aquilo fosse um pesadelo e que Bill voltaria ao normal na manhã seguinte se desfez... Nenhum pesadelo poderia ser tão cruel... Seu primogênito... Lembranças do seu primeiro bebê começaram a passar pelos olhos dela e sua visão ficou turva com as lágrimas, que começaram a se misturar com o ungüento no rosto de Bill, não podia ser verdade que um garoto apaixonado pudesse ter um fim tão trágico... Logo agora que ia se casar...

-É claro a aparência não conta... Não é r... Realmente importante... Mas ele era um g... Garotinho tão bonito... E ia se... Casar...!

-E qu é qu a senhorr querr dizerr com isse? – Fleur saiu do seu transe fazendo todos se virarem para ela. – qu querr dizerr com “el ia se casarr?”

Molly olhou confusa para a garota de cabelos loiros. Não entendia o que ela estava fazendo. Conhecia o tipo dela, só estava com Bill porque ele era um garoto bonito, muito bonito por sinal, era uma aventura... Ele poderia até gostar dela, mas... Molly nunca realmente achou que Fleur gostasse de Bill de verdade...

-É... Só que...

-A senhorr ache qu Bill vai desistirr de casarr comigue? – ela falou aumentando o tom de voz e ficando com o rosto vermelho fazendo Molly se assustar – A senhorr ache, qu por caûse desses mordides, el non vai me amarr?

-Não, não foi o que eu...

-Porrque el vai! – Fleur balançou seus cabelos loiros ameaçadoramente – Serrá prrrecise mais qu um lobisome parra fazerr Bill deixarr de me amarrr...

-Bem, claro, tenho certeza – Molly não sabia o motivo mais estava se sentindo intimidada pelo olhar daquela garota – mas pensei que talvez... Visto que... Que ele...

-A senhorr pensô qu eu num ia quererr mais casarr com el? U err’ esse a su esperence? – ela agora passava realmente uma expressão assustadora – Qu eu me imporrte a aparênce del? Ache qu sou bastante bonite porr nós dois! Todes essas marrcas mostrram qu me marride é corrajose! E eu qu vou fazerr isse! – Ela falou tomando o ungüento da mão de Molly e começando a aplicar no rosto de Bill.

Seus olhos se encontraram quando a francesa tomou os medicamentos da mão de Molly e ela finalmente teve certeza ao vê-la cuidar do seu filho, que aquela garota realmente amava seu filho, como jamais outra pessoa amaria. Ela recuou para junto do marido e ficou olhando seu filho ser tratado com tanto carinho.

-Nossa tia-avó Muriel... Tem uma linda tiara, feita pelos duendes... E estou segura que posso convencê-la a lhe emprestar para o casamento. Ela gosta muito do Bill,entende, e a tiara ficaria muito bonita em seus cabelos...

-Muito obrrigade – Fleur respondeu sem se virar, mas parecendo realmente agradecida - tan cerrtez de qu ficarrá bonite!

Molly não soube dizer o que lhe aconteceu só que ela de repente estava ali abraçando sua futura nora, e chorando junto com a ela pela fatalidade que ocorrera com Bill. Até que foi desperta por uma voz irritada

-Está vendo, ela ainda quer casar com Bill, mesmo que ele tenha sido mordido! Ela não se incomoda! – Molly se soltou do abraço para ver o que ocorria e viu um olhar suplicante que Tonks dava enquanto segurava a camisa de Lupin.

-É diferente... – Remus falou meio desconcertado de que todos no recinto olhassem para eles, até então era quase um mistério a relação dele com Tonks, mas ultimamente os membros da ordem estavam percebendo o jeito como a relação entre ele e Tonks tinha ficado diferente - Bill não será um lobisomem típico. Os casos são completamente diferentes...

-Mas eu também não me incomodo, nem um pouco. – Tonks encheu as bochechas de ar e fez um biquinho depois de cruzar os braços - Já lhe disse isso um milhão de vezes... -E eu já lhe disse a você um milhão de vezes... Que sou velho demais para você... Pobre demais... – Remus colocou a mão nos ombros da moça e deu um olhar triste e culpado para ela - perigoso demais...

-E tenho lhe dito o tempo todo que essa atitude é ridícula Remus. – Molly se levantou bruscamente e foi até seu marido, até agora tinha aceitado a maioria dos argumentos... Mas perigoso demais? A culpa não era dele de ser um lobisomem e agora havia jeitos de manter um lobisomem sob controle...

-Não estou sendo ridículo... – ele se virou indignado para Molly, será que ela não entendia o quanto ele amava Tonks? Que ele nunca mais queria machucar ninguém que amasse? - Tonks merece alguém jovem e saudável!

-Mas ela quer você... – Arthur deu um sorrisinho mostrando varias rugas e uma expressão cansada, porem ainda tinha uma ponta de divertimento em seu rosto, que fez Remus ver de onde Fred e George tinham puxado seus genes - Afinal de contas, Remus, os homens jovens e saudáveis não permanecem sempre assim... – deu uma olhada para Bill e o pequeno sorriso desapareceu instantaneamente.

-Esse não... – Remus pareceu totalmente desconcertado com o ultimo comentário, agora tinha certeza absoluta que todos olhavam para eles - É o momento certo para discutir o assunto... – será que não havia nada mais importante para se discutir do que sua relação amorosa? - Dumbledore está morto...

-Dumbledore teria se sentido o mais feliz dos homens em pensar que havia um pouco mais de amor no mundo... – Minerva falou sombriamente fazendo todo mundo se calar e Tonks dar uma cotovelada nas costelas de Remus. Ele passou a mão na nuca e reconheceu a derrota, Tonks pulou no pescoço dele dando um grande abraço no bruxo, fazendo a maioria das pessoas dá um pequeno sorrisinho.

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