Almoço com os Weasley



Karina regressou a casa no dia seguinte e muito bem acompanhada. Draco e Ian pareciam duas melgas atrás da sua presa.

- Não queres comer nada? Está tudo bem contigo? – perguntou Draco atenciosamente.

- Se quiseres posso cozinhar alguma coisa. – informou Ian. – É só dizeres e está feito.

- Não quero nada, muito obrigado. – agradeceu Karina. – Aos dois.

Nesse momento tocaram à campainha.

- Eu vou abrir. – voluntariou-se Ian e saiu da sala.

- Porquê que não o mandas embora? – perguntou Draco.

- Porque ele é meu amigo. – respondeu Karina.

- Oh... está bem. – murmurou Draco fazendo beicinho.

- Não fiques assim lindo. – riu-se Karina dando-lhe um beijo na cara.

- Só isso? Vou ficar a pensar que não gostas de mim. – disse Draco em tom amuado.

- É claro que gosto de ti, eu amo-te muito, muito, muito!!! – disse Karina dando-lhe desta vez um beijo na boca.

Draco abraçou-a contra si, num beijo apaixonado.

- Desculpem interromper, mas está aqui o Ron. – informou Ian azedamente, não tinha gostado mesmo nada daquela cena.

Draco e Karina largaram-se muito corados.

- Ah... Ron, que bom ver-te por aqui! – disse Karina coçando a cabeça embaraçada.

- Também acho. – respondeu Ron. – A minha mãe mandou perguntar se queres ir lá almoçar, correcção, se gostariam de ir lá almoçar. É um convite.

Draco abriu a boca para dizer alguma coisa.

- O que foi? – perguntou Karina.

- Eu... não posso ir, já tenho umas coisas combinadas com os meus pais. – disse Draco tristemente.

Karina tinha a certeza que a tristeza de Draco não era devida a não poder comparecer no jantar, havia algo por de trás de tudo.

- É uma pena não poderes ir. – disse Ron ironicamente.

Karina olhou para o amigo friamente.

- Eu vou amanhã almoçar a tua casa. – murmurou ao ouvido de Draco. – Se quiseres, é claro.

- Claro que quero. – disse Draco animando-se. – Então vai lá para casa do Weasley. Se te tratarem mal diz.

- Ai sim? Vais bater-nos, é? – inquiriu Ron sarcasticamente.

- Não, digo ao pai dela. – respondeu Draco sorrindo maliciosamente.

- E nós temos um medo do Quem-Nós-Sabemos...

- Se não tivessem tratavam-no pelo nome, Lord Voldemort. – afirmou Draco cruzando as pernas.

Ron ficou sem resposta durante uns segundos.

- Já é do hábito. – disse completamente corado.

- Desculpas!

- Meninos, parem. – pediu Karina. – Ou fico com dores de cabeça.

- E se isso acontecer alguém vai pagar bem caro. – avisou Ian.

Ron e Draco calaram-se, cada um mais chateado que outro.

- Então, vamos? – inquiriu Ron cruzando os braços e abanando o pé.

- Bora lá! Não quero que fiques muito impaciente ou sabe-se lá o que poderá acontecer. – declarou Karina levantando-se.

Dirigiram-se os quatro para a porta.

- Adeus ‘mor. – despediu-se Draco dando-lhe um beijo na boca.

- Xauxau e até amanhã. – disse Karina.

Draco materializou-se e os outros três dirigiram-se para “A Toca”, onde já estavam todos à espera deles na cozinha, com um ar impaciente.

- Olá Karina, tudo bem? – perguntou Bill levantando-se e foi cumprimentá-la.

Bill era o irmão mais velho de Ron, era ruivo como todos os Weasleys, alto e com um estilo bastante radical. Cabelo comprido, brincos de dentes de serpente e botas de Cowboy feitas com pele de Dragão. Na opinião de Karina ele era super simpático, e uma das melhores pessoas que ela conhecia.

- Está tudo bem Bill, e contigo? – perguntou Karina batendo-lhe nas costas na brincadeira.

Aquela família era um espectáculo, eram todos de uma amabilidade extrema.

- Comigo também. – disse Bill dando-lhe um beijo na testa. – Esta é a minha segunda irmã. – comentou.

Karina riu-se.

- Vocês são todos fantásticos.

- Pois somos, mas ficamos muito aborrecidos quando temos fome. – disse George.

- Por isso era melhor sentares-te, ou queres sentir a nossa cólera? – perguntou Fred ameaçadoramente. – Vá, depressa!

Karina fez o que o rapaz disse e sentou-se rapidamente.

O almoço estava uma delicia, como tudo o que Mrs. Weasley cozinhava.

- Quando é que vocês passam lá pelo Egipto para me irem visitar? – perguntou Bill sorrindo-lhes. – Aquilo por lá é bastante bonito, deviam gostar de ver. Já foste ao Egipto, Karina?

- Por acaso não, mas um dia hei-de lá ir! Está garantido. Levo o Harry e esta malta toda. – respondeu Karina.

- O Malfoy não vai, pois não? – perguntou Ron.

- Vocês têm um problema com o Draco... Que mal é que ele vos fez? – perguntou Karina desanimada. – Estão sempre a embirrar com ele! OK, eu sei que ele também tem culpa. – disse Karina vendo o olhar que eles lhe deitavam. – Mas ele não é assim tão má pessoa e talvez se vocês não passassem a vida a picá-lo por tudo e por nada...

- Isso é pura e simplesmente impossível. – declarou Ron.

- Não, não é. E o Harry pode confirmar isso. Diz lá, desde quando é que o Draco não discute contigo? – perguntou Karina.

- Não me lembro... – murmurou Harry. – Mas eu sou chefe dele...

- Não investes desculpas. Eu sei perfeitamente que o Draco não gosta do Harry nem do Ron... Mas ele discute com o Ron, mas com o Harry não, e isso é porque o Ron faz questão de se meter com ele, não é verdade?

- Eu não me meto com ele! – protestou Ron indignado. – Ele é que se mete comigo!

- E tu respondes, ajuda para a confusão. – disse Hermione. – Eu concordo com a Karina, ele na escola chamava-me Sangue de Lama e essas coisas todas, mas agora não faz isso e já há anos que não discute comigo!

- Malta, o Malfoy é o Malfoy, nunca irá mudar! – disse Ron.

- Nisso tens todo o nosso apoio maninho. – declarou Fred e George concordou.

- Eu penso que até certo ponto a Karina tem razão. – declarou Bill.

- E tu que não concordasses com a Karina, vocês parecem irmãos! – disse Ron começando a ficar de mau humor.

- Nós somos irmãos. – corrigiu Bill pondo um braço sobre os ombros de Karina. – Desde que nos conhecemos.

- Mas irmãos ou não ninguém me tira da cabeça que o Malfoy não passa de um rapazote mimado, mal-educado, vaidoso, egoísta e interceiro. – declarou Ron. – Quem concorda comigo?

Fred e George levantaram a mão, mas mais ninguém o fez.

- Bem, parece que a Karina tem a maioria. Agora podemos acabar de comer sossegados? – perguntou Mrs. Weasley. – Ou vocês vão continuar a discutir por causa do Malfoy?

- Acho que não, ou ainda ficamos é com uma bruta de uma indigestão. – riu-se Harry.

Quando acabaram de comer Harry e Phillipa levantaram-se.

- Desculpem, mas nós vamos dar uma volta pelo jardim, precisamos de ter uma conversinha, se não se importarem. – Informou Harry arrumando a cadeira.

- Claro que não Harry, está descansado. – afirmou Mr. Weasley, o pai de Ron.

Karina e Hermione entreolharam-se. Phillipa tinha contado o assunto também a Hermione, e esta por sua vez mandara uma carta a Karina para conferenciarem.

As duas levantaram-se e foram ter com Ginny.

- Nós podemos dar-te uma palavrinha? – perguntou Hermione.

- O que se passa? – perguntou Ginny franzindo as sobrancelhas.

- Nós preferíamos falar contigo a sós, no teu quarto por exemplo. – murmurou Karina. – É sobre o Harry.

- Ah... dêem-nos licença. – pediu Ginny levantando-se também e foram para o quarto da irmã de Ron.

No jardim da casa de Ron, Phillipa e Harry sentaram-se no muro e Phillipa fez o que Karina lhe aconselhou, contou tudo a Harry.

- Harry, eu preciso de falar contigo, é um assunto sério. – declarou Phillipa.

- Podes dizer.

- Harry, eu gosto muito de ti, tu sabes isso, mas... algo entre nós mudou... e eu já não te amo como te amava antes... – disse Phillipa em tom muito baixinho.

- Ai sim? – perguntou Harry não a olhando nos olhos. – E isso começou desde quando?

- Vou ser sincera contigo Harry, tu mereces que não te mintam. Foi desde o dia em que conheci o Ian. – murmurou Phillipa. – Mas eu quero que saibas que eu também gosto muito de ti, mas como...

- Um amigo. – concluiu Harry. – Eu compreendo, acontece com toda a gente. Assim também pudeste ver que não gostavas verdadeiramente de mim.

- É, tens razão. – murmurou Phillipa.

- Então e o Ian gosta de ti? Já falaste com ele? – perguntou Harry tentando mostrar um ar alegre.

- Ainda não. – respondeu Phillipa corando. – Preferi falar contigo primeiro, não queria que tu descobrisses por outra pessoa, era pior.

- Sim, tens razão. – acentiu Harry. – Foi preciso muita coragem da tua parte.

- Pois foi... Ó Harry, perdoa-me, por favor!! – pediu Phillipa e deixou uma lágrima escapar pelo canto dos seus olhos castanhos-esverdeados.

- Não há nada a perdoar, tu não tens culpa de nada, são coisas do coração. – disse Harry limpando a lágrima de Phillipa. – Agora não penses mais nisso e alegra-te, o Ian parece ser um rapaz decente.

- Harry, sinto-me tão culpada por te estar a fazer isto...

- Não tens que te sentir culpada! Daqui a nada fico chateado contigo! Para com essa conversa! – pediu Harry. – Agora vamos voltar para dentro, devem estar à nossa espera ou coisa assim.

- Sim, tens razão. – concordou Phillipa.

*


- Olha Ginny, precisamos de te pedir um favor. – disse Karina sentando-se em cima da cama da Weasley mais nova.

Era uma cama bastante mole, o que fazia pensar que o colchão já devia ter cerca de uns cinquenta anos.

- Podem dizer, sabem que podem contar comigo para tudo e mais alguma coisa. – respondeu Ginny sorrindo às duas alegremente.

- Então nós vamos contar-te uma coisa, mas vais fazer de contas que não sabes nada, OK? – pediu Hermione.

Ginny acenou afirmativamente e olhou-as atentamente, devia ser um assunto sério para as duas querem falar com ela a sós.

- Isto é assim, o Harry e a Phillipa vão acabar tudo hoje, mais precisamente, a Phillipa vai acabar com o Harry, porque gosta do Ian. – afirmou Karina.

- Sim...

- Nós queremos que tu... consoles o Harry. – disse Hermione.

- Vai-lhe saber bem um ombro amigo. – afirmou Karina olhando para as mãos.

- Aonde é que vocês querem chegar? – perguntou Ginny. – Qualquer uma de vocês pode fazer isso.

- Pois é... mas nós somos comprometidas. E tu sabes que o Ron é ciumento. – afirmou Hermione.

- E o Draco nem se fala. – riu-se Karina sarcasticamente.

- Não sei se hei-de acreditar nas vossas boas intenções... – murmurou Ginny desconfiada... – Não sei não...

- Queres que nós sejamos mais directas, é? – perguntou Hermione pondo as mãos na cintura. – Então os factos são estes: tu sempre gostaste do Harry, agora que ele está carente é a tua oportunidade de avançares!

- Bem me parecia que era algo desse género. – riu-se Phillipa sarcasticamente. – Mas o Harry nunca gostou de mim, não é agora que vai começar a gostar.

- Quem disse? Quem não arrisca não petisca. – comentou Karina. – E é uma coisa simples.

- Tens que atacar Ginny. – disse Hermione. – Segue o conselho das tuas amigas que já são bastante experientes.

- Somos? – inquiriu Karina erguendo as sobrancelhas. – Não sabia...

- Está calada. – ordenou Hermione. – Tu és.

- Eu?! – inquiriu Karina embasbacada. – Estás maluca? Desde quando?

- Desculpa lá, mas já conheci uma data de rapazes que gostou de ti. – afirmou Hermione acenando afirmativamente como para se apoiar a si própria.

- Mas eu não fiz nada para que eles gostassem de mim! – observou Karina escandalizada. – Eles gostaram de mim sem eu me atirar a eles ou fazer-lhe olhinhos! E não te atrevas a fazer um comentário desses ao pé do Draco, ou ele ainda me mata!

- Não faz mal, ninguém ia dar pela falta. – riu-se Ginny.

- Que queridas... – comentou Karina sarcasticamente.

- Mas é melhor descermos, não acham? Penso que será melhor chegarmos antes do Harry e da Phillipa, para ninguém desconfiar. – opinou Hermione.

- Eu tenho impressão que vão desconfiar... – murmurou Karina pensativamente. – Nem toda a gente é parva como vocês....

- Nós dizemos-te quem são as parvas... – disse Ginny mandando-lhe uma almofada à cabeça.

- Não me despenteies, ainda desfazes a minha trança. – disse Karina pegando no cabelo e acarinhando-o.

- Não te preocupes que nós não fazemos nada de mal à tua amada trancinha. – riu--se Hermione. – Agora vamos para baixo ou não?

- É melhor. – murmurou Karina levantando-se espreguiçando-se. – Já dormia aqui uma sesta.

Desceram as escadas, que eram meias tortas até à cozinha onde ainda estavam todos sentados e foram ocupar os seus lugares.

Pouco depois Phillipa e Harry chegaram e, tal como Karina, Ginny e Hermione, foram ocupar os lugares que tinham deixado vazios.

- O que é que vocês as três foram fazer lá para cima? – perguntou Bill num murmúrio a Karina.

- Isso agora ruivinho... – disse Karina olhando para o tecto.

- Vocês são muito suspeitas. – observou Bill.

- Pois somos. – concordou Karina olhando de Phillipa para Harry.

O rapaz parecia normal, mas havia qualquer coisa de muito artificial na sua maneira de ser... parecia estar a representar uma peça teatral com muito empenho, enquanto Phillipa tinha os olhos vermelhos, coisa que não passou despercebido a ninguém.

- A tua amiga teve a chorar. – observou Bill olhando Phillipa atentamente.

- Sim, eu sei. Mas aquilo há-de lhe passar. – murmurou Karina soltando um suspiro. – Acontece quando não gostamos de ferir uma pessoa de quem gostamos muito, mas por vezes é necessário, para se poder viver uma relação saudável. A verdade é o mais importante.

- Sim, tens muita razão no que dizes. – concordou Bill. – Mas o que terá acontecido para ela estar assim?

- Nada de muito importante. Então e tu quando é que pensas arranjar uma namorada e casar? – perguntou Karina para desviar o assunto.

- Eu? Sei lá! – riu-se Bill coçando a cabeça. – Achas que alguma miúda olha para mim, com o modo como me visto?

- O mais importante não são as aparências, é o modo de ser da pessoa. E eu acho o teu estilo muito atractivo. – comentou Karina piscando-lhe o olho. – Um estilo rebelde. De certeza que tens uma data de raparigas aos teus pés, tu é que não sabes, ou não queres saber.

Bill voltou a rir-se corando e não disse nada.

- A mulher de quem eu gostava já é... comprometida. – riu-se Bill.

- Acontece aos melhores. – murmurou Karina batendo-lhe no ombro. – Mas jovens damas descomprometidas é o que não falta por aí, és capaz de arranjar uma bem melhor.

- Não sou não, ela era a melhor. – murmurou Bill.

- Xiii, daqui a nada estás deprimido. – observou Karina. – Ela não te merece, quem é que não gosta de uma coisinha linda como tu? Só uma idiota.

- Não sei. O problema é que não a consigo esquecer. – murmurou Bill. – E quando falo com ela parece ser o momento mais feliz da minha vida.

- Mas se ela não gosta de ti arranjas outra miúda mais bonita, mais simpática, mais... em conclusão, que te adore. – disse Karina sorrindo-lhe.

- Isso é muito difícil, nunca conheci uma pessoa como ela... – murmurou Bill. – Ela é inteligente, culta, generosa, amável, muito bonita, misteriosa...
- Mas não te ama! Por isso não presta. – afirmou Karina.

Charlie, outro dos irmãos Weasley, olhava de Bill para Karina, com cara de quem já percebera tudo. Nunca tinha percebido, mas agora entendera o porquê de ele gostar tanto de Karina.

Ginny não tinha demorado muito a aproximar-se de Harry e nesse momento estavam a ter uma conversa que parecia bastante interessante.

Apesar das ocorrências que aconteceram durante o jantar até foi um serão divertido, em que todos se fartaram de rir, principalmente com as palhaçadas dos gémeos Weasley.

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