Black Dragons



Estava frio, muito frio, no local onde Karina apareceu. Estava de frente para uma grande fortaleza, uma fortaleza que por sinal era bastante sombria.

- Há quanto tempo não ponho aqui os pés... – murmurou olhando em volta.

Avançou para o enorme portão aberto, por entre a neve que lhe começava a gelar os pés, pois as botas que trazia não eram muito isoladoras. Ao atravessar o portão fez de contas que ignorava os guardas que a olhavam muito desconfiados, era raro aparecer alguém por aquelas bandas, principalmente uma jovem que entrava sem autorização de ninguém.

- Onde pensa que vai? – inquiriu um dos guardas.

Karina continuou em frente sem olhar para os lados. Não era um guardazito de segunda categoria que a iria parar. Quando estava a chegar à porta principal formou-se um círculo de guardas à sua volta.

- Não avança mais – declarou um deles.

- E é o senhor que mais vai impedir? – inquiriu Karina sarcasticamente. – Saia-me da frente imediatamente, se não se quiser magoar.

- A menina pensa que é muito inteligente, é? Duvido que consiga passar por nós, e se tentar pode sair ferida – avisou o guarda.

- Agradeço a sua preocupação, mas tenho uns assuntos para resolver. – disse Karina cinicamente.

- O que se passa aqui?! – gritou a voz de alguém. – Porque não estão nos vossos postos?

O tipo que tinha falado com Karina voltou-se para trás e fez uma vénia a um homem que tinha acabado de chegar. Era alto e muito moreno, não parecia ser da Rússia.

- Senhor, esta jovem entrou na fortaleza sem mais nem menos e ainda nos desafiou...

O homem que tinha chegado olhou Karina penetrantemente e Karina fez o mesmo com ele.

- Façam o favor de dispersar, desta jovem trato eu – declarou friamente.

- Sim senhor – disse o guarda com uma vénia.

Depois de todos se terem afastado o homem aproximou-se de Karina.

- Siga-me – ordenou o homem friamente.

Karina fez o que ele disse.

Levou Karina por corredores e corredores até que começou a falar.

- O que fazes aqui Karina? – murmurou depois de se ter certificado que não havia ninguém nas redondezas.

- Vim resolver uns assuntos com o teu chefe, Toni – respondeu Karina.

- Não devias ter vindo, já não é o Dimitri que cá está – declarou Toni.

- Eu sei isso perfeitamente. Esse tal de Alexander mandou uma “sombra negra” a minha casa em Inglaterra – informou Karina.

- O quê? Mas porquê? – perguntou Toni abrindo uma porta e fazendo um gesto para Karina entrar.

- Foi isso que vim saber. O Alexander diz que eu tenho que devolver uma coisa qualquer – murmurou Karina entrando num escritório.

Toni fechou a porta e olhou Karina seriamente.

- Há alguma coisa de muito cruel no Alexander – declarou Toni.

- Mas eu não sou nenhuma santinha – afirmou Karina sorrindo sarcasticamente.

- Eu sei que não, conheci-te logo. – disse Toni soltando uma gargalhada. – Só uma maluca como tu desafiava assim os guardas da nossa fortaleza.

- Mas o que aconteceu ao Dimitri? – perguntou Karina pensativamente.

- Ninguém sabe, desapareceu sem deixar rasto. – respondeu Toni batendo com o punho numa secretária.

Karina lembrou-se do que Ian dissera quando ela o apanhou a espiá-la, que tinha sido enviado por Dimitri...

- Isto é muito estranho. – murmurou Karina cruzando os braços.

- Estás igualzinha. – comentou Toni ao fim de um tempo. – Não mudaste nada.

- Eu não tinha tanta certeza. – riu-se Karina. – As aparências iludem.

- Isso também é verdade. – concordou Toni.

*


Ian saiu do bar e foi à procura de Karina, ela já tinha saído há tempo demais, sabe-se lá o que poderia ter feito.

Deu voltas e voltas e fez perguntas e perguntas às pessoas que passavam.

- Mas que raios... onde é que se meteu a miúda? – inquiriu coçando a cabeça.

- Eu vi a menina que procura. – disse uma velha aproximando-se de Ian. – Ela materializou-se.

- Materializou-se? – perguntou-se Ian batendo na testa. – Mas para onde terá ido? Será que foi atrás do estúpido do Malfoy, ou será que... Ó Meu Deus! Como pude ser tão parvo?! Porquê que eu a deixei sozinha, porquê que não fui atrás dela? O que vou fazer?

*


Karina estava muito bem a falar com Toni quando a porta do escritório foi aberta.

- Antoni! – chamou um homem entrando no escritório.

- Bom-dia meu senhor. O que deseja? – perguntou Toni fazendo uma vénia.

- Informaram-me que uma jovem entrou à força na fortaleza. – declarou. – E que tu ficaste responsável por ela.

Olhou Karina de lado.

- O senhor é o Alexander Vonisky? – inquiriu Karina friamente.

- O próprio minha senhora, e suponho que foi você que invadiu a minha fortaleza. – observou.

- Eu não invadi absolutamente nada, ou será que já tiraram o meu nome da lista dos Black Dragons? – inquiriu Karina sarcasticamente.

- E posso saber quem é?

- Sou Coronel dos Aurores, Karina Riddle. – informou esta cinicamente.

- Karina Riddle? Ah... – murmurou Alexander olhando-a de cima a baixo. – Estou a ver.

- É bom sinal, não precisa de óculos. – comentou Karina sarcasticamente.

- Pois... Antoni, faça o favor de sair, eu preciso de falar com Miss Riddle a sós. – disse Alexander.

- Sim meu senhor. – disse Toni com uma vénia e saiu da sala.

Karina cruzou os braços e olhou para Alexander seriamente.

- No final de contas o que quer o senhor de mim? – perguntou Karina.

- Bem Miss Riddle... – murmurou Alexander começando a andar à volta de Karina. – O meu pai deu-lhe um colar com o símbolo dos Black Dragons, eu quero-o. – declarou.

Alexander era um rapaz alto, loiro, com os olhos de um azul muito intenso, bonito e com um certo charme.

- Bem, primeiro eu perdi o colar e segundo não lho dava por nada deste mundo. – disse friamente.

- E acha que eu acredito em si? – inquiriu Alexander dando uma gargalhada.

- Se não acredita problema seu. – respondeu Karina friamente. – Se eu soubesse que era por isto não tinha vindo. Passe bem.

- Não se vai já embora. – riu-se Alexander. – Enquanto eu não tiver o colar a menina não sai daqui.

- E é o senhor que me vai impedir? – inquiriu Karina cinicamente. – Não me diga...

- Podes crer que sim. – rosnou-lhe Alexander agarrando-lhe no braço.

- Quero ver. – desafiou Karina.

- Tu pensas que és muito boa, não é? Sempre foste assim, armada em inteligente. – rosnou-lhe Alexander. – O meu pai sempre gostou de ti, eras como a sua filha favorita.

- Se estás com problemas desse género é melhor ires a um psicólogo. – disse Karina azedamente.

- Eu não tenho problema nenhum, mas não posso dizer o mesmo de ti. – comentou Alexander rindo-se.

- Faça favor de me largar. – ordenou Karina puxando o braço.

- Nem penses. Mas com essa educação não arranjas namorado.

- Não me faz falta. – rosnou Karina puxando o braço com toda a força e conseguiu libertar-se.

- Toquei-te num ponto fraco? – perguntou Alexander suavemente. – Não me digas que uma criança tão bonita como tu não consegue arranjar namorado.

- Olha, nem te vou responder. – declarou Karina com vontade de o estripar. – Vou-me embora.

- Não vás. – pediu Alexander pondo-se em frente da porta. – É tão raro ter-se alguém inteligente para se falar...

- Pois é, mas eu tenho trabalho. – disse Karina avançando para a porta.

- Por favor! Tu sentes-te só, eu também... podíamos ser amigos... – murmurou Alexander.

Karina sorriu e olhou para o chão. Como aquele tipo lhe estava a tentar a fazer a cantiga!

- És uma mulher fantástica. Fica só por uns dias. Tu tens que rever os teus amigos... – argumentou Alexander.

- O meu patrão mata-me. – riu-se Karina.

- Não mata nada. – murmurou Alexander. – Tu dás-lhe a volta na boa.

- Ele é meu sobrinho, filho da minha falecida irmã Lilly Potter. – informou Karina sorrindo-lhe.

- Potter? Ele é o Harry Potter? – perguntou Alexander espantado.

- É sim, mas eu tenho que ir. – disse Karina pondo a mão na maçaneta da porta.

- Se insistes... – murmurou Alexander. – Então até qualquer dia.

E deu-lhe um beijo na cara.

- Ah... adeus. – despediu-se Karina e saiu.

- Que raios! – rosnou Alexander. – Ela não se pode ir embora assim sem mais nem menos.

Alexander saiu do escritório e foi atrás de Karina. Ao vê-la ao longe, tirou a varinha e apontou-a para debaixo dos pés de Karina.

- Desaparecium! – murmurou.

Karina ia a andar muito bem, bem até demais, pois espantava-lhe o facto de nada fazerem contra ela, quando sentiu que não tinha chão debaixo dos pés e caiu no vazio.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.